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ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. 13, N. 18, Ano 2010
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, SP - CEP 13278-181
rc.ipade@aesapar.com
1. INTRODUÇÃO
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) assegura aos educandos a criação
de formas alternativas de acesso à educação para que seja garantida a continuidade do
processo de aprendizagem. Nesse sentido, segundo Esteves (s/d) a criação de classes
hospitalares em hospitais tem como objetivo a integração da criança ou adolescente em
novo modo de vida, tanto quanto possível em um ambiente acolhedor e já conhecido para
eles que é a escola. Além disso,
[...] a classe hospitalar constitui uma necessidade para o hospital, para as crianças, para a
família, para a equipe de profissionais ligados a educação e a saúde. Sua criação é uma
questão social e deve ser vista com seriedade, responsabilidade e principalmente
promover uma melhor Qualidade de Vida. ESTEVES (s/d, p. 1)
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A primeira classe hospitalar, informa Esteves (ibid.), foi criada na França, nos
arredores de Paris, para suprir as deficiências escolares de crianças tuberculosas. Com a
Segunda Guerra Mundial o número de crianças e adolescentes mutilados ou
impossibilitados de ir á escola fez com que houvesse o engajamento de médicos e outros
profissionais da saúde para a criação de classes hospitalares por toda a Europa.
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240 A contribuição da pedagogia hospitalar para crianças e adolescentes internados
Para que o paciente não perca sua rotina de estudo, o Boldrini dispõe de Atendimento
pedagógico que garante à criança e ao adolescente a continuidade do seu processo
educativo. Esse espaço funciona diariamente e conta com pedagogas que sentem
orgulho do trabalho realizado e esforçam-se para viabilizar vários projetos da área
educativa. [....] As pedagogas do Boldrini também coordenam compromissos
acadêmicos em parceria com outras instituições, como: provas do ENEM, SARESP e
vestibulares. Anualmente, mais de 2.000 pacientes são orientados. A atuação
pedagógica-educacional contribui também na prevenção, correção ou minimização dos
problemas decorrentes de possíveis efeitos tardios no desenvolvimento cognitivo do
paciente, garantindo seu direito ao ensino escolar, de acordo com o art. 205 da
Constituição Federal Brasileira, no qual a educação é direito de todos e dever do Estado
e da família. (CENTRO INFANTIL BOLDRINI)
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A educação que se processa, por meio da Pedagogia Hospitalar, não pode ser
identificada como simples instrução (transmissão de alguns conhecimentos
formalizados), é muito mais que isto. É um suporte psico-sóciopedagogico dos mais
importantes, porque não isola o escolar na condição pura de doente, mas sim, o mantém
integrado em suas atividades da escola e da família e apoiado pedagogicamente na sua
condição de doente. (MATOS & MUGIATTI, 2006, apud, MATOS (org), p. 128)
Dessa forma o principal trabalho a ser desenvolvido por uma classe hospitalar é
o de verificar a importância de que seja criado um caminho entre a escola e o hospital
proporcionando ao aluno (enfermo) a continuidade de seus estudos, por meio de
atividades lúdicas, mesmo estando hospitalizado. O ambiente educacional quando é
oferecido em uma unidade hospitalar pode auxiliar as crianças e adolescentes a manterem
contato com a leitura, e a escrita através do desenvolvendo atividades através de
cadernos, dos livros infantis, material didático, e muitas brincadeiras.
Nesse contexto, o pedagogo hospitalar deve estar capacitado para lidar com
diversas situações, oferecendo atividades bem planejadas e adequadas à necessidade de
cada paciente/aluno. Esse educador, portanto, tem importante papel nessa equipe
multidisciplinar, pois, auxilia na interação social, valorizando as aptidões, respeitando o
estado clinico e a história de cada um.
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2. O OBJETIVO:
Objetivo Geral:
Objetivos Específicos:
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa de cunho bibliográfico foi realizada por meio de profunda pesquisa
em livros, artigos e sites que confirmam a importância de que hospitais tenham projetos
educacionais em sua ala pediátrica para que possam atender às crianças e adolescentes
internados durante longos períodos. Os dados foram coletados, a partir das informações
sobre as instituições que possuem projetos de pedagogia hospitalar, desenvolvidos em
classes hospitalares pertencentes a instituições que a possuem, para que dessa forma
pudessem ser analisados quais os benefícios na saúde do paciente/aluno e que atividades
são propostas com a intenção de favorecer o desenvolvimento cognitivo e emocional das
crianças e adolescentes internados. Observou-se também o grau de integração do
pedagogo com as crianças e adolescentes, e qual o perfil do profissional que pode atuar no
segmento da pedagogia hospitalar
4. DESENVOLVIMENTO:
O estudo do “Estado da Arte” realizado por Silva (2008) mostrou que no Brasil, o
atendimento em classes hospitalares tem aumentado e melhorado seu atendimento, o que
faz acreditar que apesar da distância que ainda se tem da abrangência do atendimento
para todas as crianças e jovens hospitalizados em idade escolar, caminha-se efetivamente
para a consolidação deste, em todo o território nacional.
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244 A contribuição da pedagogia hospitalar para crianças e adolescentes internados
Pedagógico), aponta que dado aos avanços científicos que possibilitam tratamentos menos
agressivos aos pacientes portadores de neoplasias e também graças às melhores chances
de cura, se faz necessário pensar na escolarização dessas crianças e, por consequência, na
qualidade de vida desses pacientes temporários. Esse fato “justifica a necessidade de um
atendimento que seja multidisciplinar e que tenha como objetivo preservar / restaurar a
integridade física, social, afetiva, psicológica e cognitiva de seus pacientes, afetando-os o
menos possível nestas esferas” (SILVA, 2008, p. 148).
Silva (2008) informa ainda que o SAP é um espaço integrado aos demais setores e
em especial à Brinquedoteca para que além do trabalho com aspectos cognitivos sejam
também oferecidas atividades lúdicas. O espaço destinado às atividades do SAP é
agradável e colorido com vários materiais didáticos além de jogos, brinquedos revistas,
gibis, livros, computadores. Além disso, os profissionais que atuam no setor pedagógico
têm amplo acesso aos médicos e demais profissionais de forma que essa integração possa
dar melhor suporte à programação das atividades para o paciente-aluno.
Para que se pudesse buscar o perfil adequado aos profissionais que atendem em
classes hospitalares observou-se as pesquisas de Medeiros e Gabardo (2004) que ratificam
a necessidade de se ter um profissional com a formação de educador para que possa
estabelecer um elo “entre a realidade hospitalar e a vida cotidiana da criança internada,
avaliando, acompanhando e intervindo no processo de aprendizagem da mesma” (p. 66).
Destacam também que a classe hospitalar requer professores “com destreza e
discernimento para atuar com planos e programas abertos, móveis, mutantes,
constantemente reorientados pela situação especial e individual de cada criança ou
adolescente sob atendimento”, (CECCIM e FONSECA 1998, p. 35 apud MEDEIROS e
GABARDO, 2004, p. 66)
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Por todo o exposto, infere-se que o perfil adequado do profissional para fazer
esse tipo de atendimento é o de uma pessoa carinhosa, competente e antes de tudo um
educador.
Por todos os estudos realizados infere-se que o perfil do profissional talhado para
atuar nesse segmento, além de sua qualificação profissional, deve ser o de uma pessoa
sensível e preparada para lidar com diversas situações, inclusive o do óbito de seu
aluno/paciente.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Através do presente estudos foi possível analisar qual a importância de que sejam
implantadas classes hospitalares em hospitais que atendem crianças e jovens em longos
períodos de internação, além de identificar o perfil do educador que poderá atuar nesse
segmento profissional. Espera-se com a realização desse trabalho chamar a atenção para a
importância da escolarização hospitalar, tendo como metas possíveis a sensibilização para
unidades hospitalares que não possuam tais projetos educacionais.
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Durante a realização da pesquisa foi possível comprovar, por meio dos relatos
que as crianças e adolescentes que são atendidos em projetos de pedagogia hospitalar,
apresentam melhor aceitação do processo de internação o que auxilia em seu tratamento e
recuperação. Com o desenvolvimento de projetos educacionais em hospitais, torna-se
assim, possível a atenção integral ao paciente aproximando equipe de saúde, equipe
multidisciplinar e familiares, evitando a geração de traumas durante a hospitalização e
alcançando o principal objetivo que é a melhora no estado de saúde de crianças e
adolescentes.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Daniela, P.; SILVA, Ária Teresinha P. Formação e Prática Pedagógica em Classes
Hospitalares: Respeitando a Cidadania de Crianças e Jovens Enfermos. Disponível em
http://www.malhatlantica.pt/ecae-cm/daniela.htm. Acesso em 06/06/2010.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional
de Educação Especial. Brasília, MEC/SEESP, 1994, 66p.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e da Educação Nacional. Lei 9394/96.
1996. Disponível em http://www.portal.mec.gov.br. Acesso em 10/04/2010
BRASIL. Direitos da criança e do adolescente hospitalizados. Diário Oficial, Brasília, 17 out. 1995.
Seção 1, pp. 319-320.
CECCIM, Ricardo B. Classe hospitalar: encontros da educação e da saúde no ambiente hospitalar.
In Revista Pátio, ano 3, n. 10. Agosto/outubro 1999. Disponível em
http://www.cerelepe.faced.ufba.br/arquivos/. Acesso em 10/06/2010
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