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3.

DESENVOLVIMENTO NA
IDADE ESCOLAR
A CRIANÇA
EM IDADE ESCOLAR

DOS 6 A 12 ANOS
A idade escolar...
Os anos intermédios da
infância são
frequentemente designados
por idade escolar.

Nesta fase a escola tem a


máxima importância para o
desenvolvimento físico,
cognitivo e psicossocial da
criança.
Crescimento

Crescem
entre 2,5 cm
e 7,5 cm por
ano e ganham
entre 2,5 a 4
Kg ou mais.
Meninas
Mais tarde neste período, as
raparigas iniciam um surto de
crescimento; aumentam cerca de
5Kg por ano.
As raparigas retêm mais tecido gordo
do que os rapazes.
Os rapazes iniciam o seu surto de
crescimento mais tarde, pelos 13
anos.
Variações no crescimento

Em termos individuais as crianças


apresentam uma grande variação de
crescimento.
O desenvolvimento motor
A coordenação dos movimentos
A força
A rapidez
A precisão
A resistência
Nutrição
Os pais têm geralmente dificuldade em manter a
comida no frigorífico; a maior parte das
crianças nesta idade tem bom apetite.
Precisam das calorias que estão a consumir.
O peso médio corporal duplica e há um grande
desgaste de energia devido ao exercício físico.
Dentição
A primeira dentição começa a cair por
volta dos 6 anos e é substituída pela
dentição adulta, de 32 dentes.
Problema alimentar mais comum

Obesidade
Tornou-se uma
importante questão de
saúde pública

O peso excessivo parece ser causado por uma tendência


hereditária, agravada pelo exercício reduzido e excessos
alimentares.
Imagem corporal

Infelizmente, as crianças que tentam perder


peso nem sempre são as que precisariam de o
fazer.

A preocupação com a imagem corporal começa a


ser importante nesta idade, principalmente
nas raparigas – perigo de perturbações
alimentares.
Imagem corporal
As crianças tendem a desenvolver um desagrado
em relação à obesidade entre os 6 e os 9 anos –
apreensão do significado da magreza como
sinónimo de beleza.

As mães têm uma grande influência na


tendência da criança para querer perder ou
ganhar peso.
Jogo físico
Têm prazer em experimentar tudo o que é actividade
física.

Têm muita tendência para o jogo físico, nomeadamente


o “brincar à luta”.
É um jogo vigoroso que implica lutar, bater, perseguir,
muitas vezes acompanhado de risos e gritaria.

Este tipo de jogo foi descrito pela primeira vez em


macacos e parece ser universal nas crianças humanas –
treino ou preparação
Desportos organizados
Abandonam o jogo físico
e começam a ter gosto
em jogar jogos de
regras.

Dedicam-se a desportos
organizados e
orientados por adultos.
Desenvolvimento cognitivo
Pelos 7 anos, as crianças entram no
estádio das operações concretas.
São menos egocêntricas, conseguem
compreender vários pontos de vista.
São capazes de pensar logicamente.
Avanço nas capacidades cognitivas
Distinguir fantasia e realidade Ex: Sabe que os filmes são ficção e que aquilo que os
polícias fazem na televisão não é como na vida real
Classificação Consegue agrupar formas, cores e tamanhos. Sabe que
o grupo das rosas é menor do que o grupo das flores
Raciocínio indutivo e dedutivo Dedução: do geral para o particular; indução, do
particular para o geral
Se A é B e C é B, então C é A ?
Causa e efeito Ex: Perceber como o comportamento da balança muda
de acordo com os pesos que são colocados
Pensamento espacial Utilização de mapas mentais, avaliar o tempo de
deslocação e a distância
Conservação Reconhecer que a quantidade permanece igual, mesmo
quando o material é modificado, se nada é retirado ou
acrescentado (número, substância, comprimento, área,
peso e volume)
Número e Matemática Contar mentalmente, somar contando a partir de um
número e resolve problemas e situações matemáticas

Seriação Consegue estabelecer ordens segundo o comprimento e


inserir elementos nessa ordem (exemplo dos pauzinhos)
Testando a conservação
Julgamento moral
Segundo Piaget, o desenvolvimento moral
está ligado ao desenvolvimento
cognitivo.

As crianças conseguem fazer juízos mais


correctos quando conseguem ver todas
as perspectivas.
Julgamento moral
Ocorre por etapas, de acordo com os estágios
do desenvolvimento humano.

Para Piaget (1977)


MORAL: um sistema de regras
MORALIDADE é apreciada no respeito que o
indivíduo adquire pelas regras".
Julgamento moral

MORALIDADE HETERÓNOMA, DE COACÇÃO


A criança pensa rigidamente sobre os conceitos
morais. A criança não consegue imaginar mais do que
uma maneira de encarar uma questão moral.
As regras não podem ser alteradas.
Um comportamento é certo ou errado.
Qualquer ofensa deve ser castigada.
Julgamento moral
MORALIDADE AUTÓNOMA, DE COOPERAÇÃO
A criança pensa de forma flexível. À medida que
cresce conhece pessoas que têm pontos de vista
diferentes, alguns contradizendo o que aprendeu em
casa.
Já não consideram haver um padrão único.
Os comportamentos já não são vistos em termos de
certo ou errado, pois a criança consegue ver vários
aspectos a ter em conta.
Consegue considerar a intenção subjacente ao
comportamento.
Piaget, 1932
“Um dia, o Augusto verificou que o tinteiro do
pai estava vazio e decidiu ajudar o pai,
enchendo-o. Quando estava a abrir o frasco,
saltou uma grande quantidade de tinta para a
toalha branca. Júlio, outro rapaz, estava a
brincar com o tinteiro do pai e saltou uma
pequena quantidade de tinta para a roupa.”
QUEM SE PORTOU PIOR E PORQUÊ?
A linguagem da criança em idade
escolar
As capacidades de linguagem desenvolvem-se
bastante no período escolar.

As crianças conseguem compreender e interpretar a


comunicação oral e escrita e fazer-se compreender
melhor.

As crianças desta idade usam uma gramática


complexa e têm um vocabulário constituído por
milhares de palavras, mas precisam ainda de dominar
muitos aspectos particulares da linguagem.
Nos primeiros anos escolares
Ainda não dominam a voz passiva:
“O passeio foi limpo com a pá.”
Tempos de verbo com auxiliares:
“Eu já tinha feito isso.”
Frases condicionais:
Se a Bárbara estivesse em casa, ela
ajudaria a limpar o passeio.
Conhecimento sobre o processo
de comunicação

Interpretar correctamente aquilo que o


outro diz deriva muitas vezes de pouco
conhecimento sobre como a comunicação
funciona.
CONSCIÊNCIA DA RELAÇÃO ENTRE
INSTRUÇÕES E RESULTADOS

BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ BLÁ

EXPERIÊNCIA: VAMOS CONSTRUIR


UMA TORRE
• Uma criança de, por exemplo, 9 anos consegue notar
que a instrução não está adequada, pára e mostra-se
confusa.

• A criança em idade pré-escolar, mesmo que considere


a instrução pouco clara, continua a construir,
parecendo não reconhecer que não vai cumprir a
tarefa com êxito.

• Estes resultados são importantes porque as crianças


pequenas não compreendem muitas vezes o que vêem
ou ouvem mas não têm consciência de que não
compreendem.
Literacia
• As crianças, após aprenderem a ler e a
escrever, usam a leitura com os mesmo
objectivos do que os adultos.
• Lêem por prazer, para aprender factos,
descobrir ideias e estimular o
pensamento. Escrevem para expressar
ideias e opiniões.
As atitudes face à leitura
São influenciadas pela capacidade, experiência
e contexto social.
As atitudes face à leitura são positivas no 1º
ano e depois, têm tendência para decrescer
daí em diante.
Declina mais rapidamente nos piores leitores.
A maior influência para os hábitos de leitura
provém dos pares.
Bons alunos
Os resultados académicos espantosos de
muitas crianças de origem asiática,
chinesas, coreanas e japonesas, levantou
questões intrigantes.
Porque são eles bons alunos?
Leitura
de texto
As crianças com problemas na
aprendizagem

Três das mais frequentes origens de


problemas de aprendizagem são

Atraso mental
Perturbações da atenção
Dificuldades de aprendizagem
Atraso mental
Ligado ao Conceito de Inteligência

“Capacidade para aprender, para pensar abstractamente,


capacidade de adaptação a novas situações.”

“Conjunto de processos, como a memória, a


aprendizagem, solução de problemas, capacidade de
linguagem e comunicação, conhecimento social.”
ATRASO MENTAL
Visão psicológica
O indivíduo revela um funcionamento intelectual significativamente
inferior ao normal.

Visão Sociológica ou Social


O Indivíduo tem dificuldade em adaptar-se ao meio social e levar uma
vida autónoma.

Visão Médica
A deficiência mental tem uma base biológica, anatómica ou
fisiológica e manifesta-se durante o desenvolvimento (até 18
anos). Pode ser congénita ou adquirida.
ESTAS TRÊS CORRENTES FORAM REUNIDAS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Associação


Americana para a Deficiência Mental (AAMD) definem
a Deficiência Mental como:

“Um funcionamento intelectual abaixo da


média, que se manifesta durante o
período de desenvolvimento e associado
a uma défice no comportamento
adaptativo.”
GRAUS DE DEFICIÊNCIA MENTAL
Neste grupo estão incluídos
indivíduos que desenvolvem
problemas nas aprendizagens
DEFICIÊNCIA MENTAL
LIGEIRA sociais e na comunicação.
Têm capacidade para se
integrar no mundo do trabalho e
revelam um atraso mínimo nas
áreas perceptiva e motora.
É geralmente na escola que são
detectadas as suas limitações.
Podem chegar a alcançar um
nível escolar equivalente ao 1º
ciclo do E.B.
Podem adquirir hábitos de autonomia
pessoal e social.
Podem aprender a comunicar pela
linguagem verbal mas apresentam
DEFICIÊNCIA dificuldades de expressão e
MENTAL
compreensão, principalmente das regras
MODERADA
sociais. O desenvolvimento motor é
aceitável e têm capacidade para adquirir
conhecimentos para a realização de um
trabalho básico. Dificilmente chegam a
aprender a ler, escrever e contar.
Neste grupo estão incluídos
indivíduos que necessitam de
protecção e ajuda, uma vez que
DEFICIÊNCIA
MENTAL
são pouco autónomos.
GRAVE Apresentam problemas
psicomotores.
Poderão aprender uma forma
de comunicar, que será sempre
deficitária.
Podem ser treinados em
algumas actividades básicas da
vida diária e em aprendizagens
pré-tecnológicas muito simples.
Têm problemas sensoriais,
motores e de comunicação
com o meio.
São dependentes dos
DEFICIÊNCIA outros em quase todas as
MENTAL
PROFUNDA funções e actividades.
Os handicaps físicos e
intelectuais são muito
graves.
Têm quase nenhuma
autonomia para se
deslocar e responder a
treinos simples.
Perturbação de hiperactividade
com défice de atenção
É das condições mais frequentemente
diagnosticadas em crianças (3 a 5%)
A PHDA é uma desordem que se caracteriza por
desatenção persistente, impulsividade e
grande actividade motora.
É, em parte, hereditária; crê-se ser causada por
uma irregularidade no funcionamento cerebral
na região que inibe os impulsos.
PHDA

Se não for tratada pode conduzir a baixo


desempenho escolar, frustração,
comportamentos anti-sociais e consumo de
drogas.
A PHDA é geralmente tratada com fármacos e
terapia psicológica, com resultados satisfatórios.
Dificuldades de aprendizagem
Englobam as dificuldades de leitura,
escrita e cálculo.
A criança não tem problemas no
funcionamento intelectual, mas o seu
rendimento académico está abaixo do
esperado.
Dislexia
É a condição mais diagnosticada (3 a 20%
da população escolar)

Caracteriza-se por uma acentuada


dificuldade em ler e escrever com
correcção, sem dificuldades na
compreensão ou interpretação.
Manifestações:
 - traços pouco precisos e descontrolados;
 - falta de pressão com debilidade de traços ou traços demasiado
fortes que vinquem o papel;
 - grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho;
 - realização incorrecta de movimentos de base, especialmente em
ligação com problemas de orientação espacial, etc.

Na leitura e/ou na escrita:


 - confusões
  (ex: f/v; p/b; ch/j; p/t; v/z ; b/d...)
 - inversões;
  (ex: ai/ia; per/pré; fla/fal; cubido/bicudo...)
  - omissões:
  (ex: livo/livro; batata/bata...)
DESENVOLVIMENTO
PSICOSSOCIAL E
EMOCIONAL

O self em desenvolvimento
Auto-conceito
O auto-conceito
desenvolve-se em
grande parte durante o
período escolar.
Auto-conceito
A principal fonte de auto-estima
é a perspectiva da criança acerca
da sua própria competência
produtiva.
A apreciação do valor pessoal
surge originalmente do apoio
social e da auto-avaliação da
criança
Auto-conceito
Neste período, as relações com
os pais continuam a ser muito
importantes (embora a criança
passe grande parte do tempo
junto do seu grupo de pares). A
estrutura e atmosfera familiares
contribuem para o equilíbrio
emocional.
Emoções

A criança aprende a controlar


melhor as suas emoções.
A sua capacidade de auto-controlo
é influenciada pelas regras da casa
e da escola, ajudando-a a
estabelecer os seus próprios
limites.
Emoções
A criança está agora no período de latência
(Freud), que se caracteriza por uma certa
“acalmia” das emoções.
O período de latência é o período da
socialização, do relacionamento com os
professores, colegas e amigos e o começo
da escolaridade.
O grupo de pares
O grupo de pares é formado, na maior parte das
vezes, por crianças semelhantes em idade, género,
etnia e nível sócio-económico, constituindo assim um
factor importante para o desenvolvimento de
determinadas capacidades:

• O sentimento de pertença e o auto-conceito,


competências sociais, a adopção de valores, etc..
O grupo de pares

Mas, o grupo de pares, também tem os seus aspectos


negativos:
• A conformidade, a segregação social ou étnica e o
preconceito.

Deste modo, torna-se possível o estabelecimento das


primeiras relações de amizade, que envolvem o
compromisso mútuo de dar e receber, normalmente
estabelecidas com crianças de características e
interesses comuns.
O conceito de Amizade
Aos 4/5 anos, a experiência de ter amigos é
das mais necessárias para o desenvolvimento da
criança.

• Através do contacto com os amigos, a criança


ganha mais sentido de si porque percebe que os
outros a estimam e gostam dela.

•Através do contacto com os amigos, a criança


ganha maior sentido do outro porque percebe
que os outros gostam de ser gostados e
estimados
A amizade
As crianças até aos 5/6 anos têm uma ideia
rudimentar de Amizade:
“Amigos são os meninos que brincam comigo;
quando saio do parque e vou para casa
acabam as amizades”.
A amizade é entendida em termos físicos.
A amizade dura enquanto dura a interacção
física: brincar, jogar, ou estar juntos.
A amizade

Nas crianças entre os 6-10 anos, os amigos são


encarados como alguém que está atento aos seus
interesses materiais e psicológicos, não havendo
ainda reciprocidade por parte da criança;

Mais à frente a criança gosta de ter amigos porque


os amigos se conhecem bem e se ajudam
mutuamente (Amizade Recíproca) - 8-12 anos.
25

Trabalho de grupo
Leitura do
 85,5% das crianças vêem TV diariamente;
texto *

 80% usam o computador;*


 74% acessam a Internet;**
 56% têm telemóvel;*
 70% jogam no computador;*
 54% jogam em consola;*

Fonte: * Kiddo’s 2006. ** Pesquisa Nickelodeon Multifocus, out. 2006 .


Crianças com pay TV
Nickelodeon Business Solution Research.
25

Trabalho de grupo
Leitura do texto
36

Como é que os
jovens gastam o
seu tempo?
O que fazem?

Fonte: ‘Público-Alvo: Crianças’ – Nicolas Montigneaux. Negócio Editora. 2003.

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