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UNIDADE 2

OS BEBÉS E A EXPLORAÇÃO DO MUNDO

Esta unidade faz uma apresentação do


desenvolvimento pré-natal e do
desenvolvimento físico, cognitivo, social
e emocional da criança nos primeiros
tempos de vida.
DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL

Se nós tivéssemos nascido na China


provavelmente celebraríamos o nosso
aniversário na data estimada da
concepção em vez da data do
nascimento.
Este costume chinês reconhece a
importância da gestação no período de
desenvolvimento.
Os cientistas também contam a idade
gestacional a partir da concepção.
DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL

O DESENVOLVIMENTO
PRÉ-NATAL OCORRE EM 3 ETAPAS:

−Período Germinal
−Período Embrionário
−Período Fetal
−Fase germinal: o óvulo é fertilizado por um
espermatozóide e implantado no útero
(2 semanas);

−Período embrionário: da implantação até 8


semanas de gestação (os orgãos e principais
sistemas corporais desenvolvem-se) - RISCO DE
ABORTO, vulnerabilidade, anomalias

−Período Fetal: 8 semanas ao nascimento


(aparecimento das primeiras células ósseas)
O início da viagem
O espermatozóides são
depositados no interior da
vagina, iniciando sua
jornada em direcção ao
óvulo, que é cerca de 85
mil vezes maior do que o
espermatozóide. Alguns
tentam penetrar no óvulo.
Finalmente, apenas um
consegue. Dá-se a
fecundação.
A fecundação ocorre com a fusão
Fecundação ou encontro do óvulo e do
espermatozóide, formando-se
uma nova célula, o ovo ou zigoto,
que contém as características da
mãe e do pai.

Inicia-se, então, um processo de


divisões do ovo em 2, 4, 8 células
e assim sucessivamente...

No fim da PRIMEIRA SEMANA após


a fecundação, inicia-se o
processo de implantação do
zigoto na parede uterina.
Diversos estudos têm
O Embrião evidenciado que o embrião é
mais complexo do que nós
imaginávamos.

Na 5ª SEMANA de gestação,
contada a partir do primeiro
dia da última menstruação, ou
seja, 3ª SEMANA após a
fecundação, o sistema nervoso
começa a formar-se e
começam a aparecer pernas e
32 dias
braços.
52 dias
A nutrição do embrião entre a 4ª e
a 5ª SEMANAS de gestação é feita
através da Vesícula Vitelina.

Ao completar as 5 SEMANAS de
gestação, os vasos do embrião
juntam-se aos vasos da placenta
em formação, sendo o início da
chamada circulação umbilical
(feto-placentária).

A placenta será formada por


tecidos maternos e fetais e será a
responsável pelas trocas entre a
mãe e o bebê.
6 semanas
Desenvolvimento Fetal
Desenvolvimento Fetal
Desenvolvimento Fetal
Desenvolvimento Fetal
Desenvolvimento Fetal
Desenvolvimento Fetal
• Formas de crescimento
− Hiperplasia
• Aumento número absoluto de células

− Hipertrofia
• Aumento do tamanho relativo de uma célula
individual
Desenvolvimento Fetal
•Direcção do crescimento

−Céfalo-caudal
•O crescimento tem início na
cabeça e estende-se à parte
inferior do corpo

−Próximo-distal
•O crescimento avança do
corpo para as extremidades
Marcos Referenciais
Idade Comprimento Peso Aparência Desenvolvimento Interno

3 3 mm Cabeça e dobras da cauda. Vesículas ópticas e cabeça reconhecíveis.

4 4 mm 0,4 g Rudimento dos membros. Começa o batimento cardíaco; órgãos


reconhecíveis.

8 3,5 cm 2g Olhos, ouvidos, nariz e Órgãos sensoriais em desenvolvimento;


dedos. início de alguma ossificação.

12 11,5 cm 19 g Sexo reconhecível; cabeça Configuração do cérebro quase completa;


muito grande em proporção formação de sangue na medula óssea.
ao corpo.

16 19 cm 100 g Atividade motora; couro Músculo cardíaco desenvolvido;


cabeludo presente; tamanho órgãos dos sentidos formados.
do tronco avança em relação
a cabeça.

20 22 cm 300 g Pernas cresceram Inicia-se a mielinização da medula espinal.


visivelmente.

24 32 cm 600 g Inicia movimento respiratório. Camadas do córtex cerebral formadas.

28 36 cm 1.100g Desenvolvimento do tecido Retina receptiva à luz.


adiposo.

32 41 cm 1.800g Peso aumenta mais que Sentido gustativo operante.


comprimento.

36 46 cm 2.200g Corpo mais arredondado. Começa a ossificação do fémur distal.

40 52 cm 3.200g Pele lisa e cor de rosa; alguns Começa a ossificação tíbia proximal;
cabelos. bifurcação pulmonar 2/3 completa.
Nutrição Fetal
•Difusão placentária •Compensação
− Oxigénio −Reservas energéticas
−Nutrientes divididas mãe/feto
•Via sangue materno

−Dióxido de carbono •Condições


−Subproduto dos −Nutrientes adequados
nutrientes −Ambiente protegido e
•Excretados via sangue limpo
materno −Gestação sem
sobressaltos
Actividade fetal
O feto não é um passageiro passivo no útero materno.
Respira
Dá pontapés
Vira-se
Flexiona o corpo
Dá cambalhotas
Olha
Engole
Fecha as mãos
Tem soluços
Chupa no dedo
Actividade fetal
Apesar de o líquido amniótico funcionar
como amortecedor e protector, o feto
interage com o ambiente limitado pelas
paredes uterinas e pelo saco amniótico.
Ultra-som
Procedimento médico que utiliza ondas sonoras
de alta frequência para detectar o formato e
movimentos do feto.

Descobriu-se que, com o tempo, a frequência


cardíaca do feto é mais baixa e mais variável,
possivelmente em resposta ao stress crescente
da gravidez, mas há maior resposta cardíaca à
estimulação.
À medida que a gravidez avança, a
dificuldade de movimentos do feto e a
maturação do sistema nervoso originam
menor actividade, mas ao mesmo tempo,
esta é mais vigorosa (28 e as 32 semanas)
Diferenças nos sexos
Concluiu-se num estudo que os fetos
masculinos são mais activos e tendem a
mover-se com mais vigor do que os fetos
femininos, ao longo da gestação, ainda
que com o mesmo tamanho.
Discriminação sensorial
Por volta das 12 semanas de gestação, o
feto engole e inala algum líquido
amniótico

Influencia o desabrochar do paladar e do olfacto e contribui


para o desenvolvimento do nariz, língua, palato, pulmões
As células gustativas aparecem por volta das 14 semanas de
gestação
Outros estímulos sensoriais
Batimentos cardíacos da mãe
Voz e sons externos
Vibrações do corpo
DESENVOLVIMENTO FETAL
SEM COMPLICAÇÕES

PARECE SER A REGRA


DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL
COM COMPLICAÇÕES

•Causas genéticas
(Intrínsecas)

•Causas Extrínsecas
Anomalias congénitas
• As anomalias congénitas, também chamadas defeitos
de nascimento, são anormalidades físicas presentes no
momento do nascimento.
• Aproximadamente 3 % ou 4 % dos recém-nascidos têm
algum defeito congénito grave.
• Alguns deles só se descobrem quando a criança cresce.
• Aproximadamente em 7,5 % das crianças com menos
de 5 anos diagnostica-se um defeito deste tipo,
embora muitos deles sejam insignificantes.
Anomalias congénitas
Muitas anomalias importantes podem ser diagnosticadas
antes do nascimento.
As anomalias congénitas podem ser ligeiras ou graves e
muitas podem ser tratadas ou «reparadas». Apesar de
algumas poderem ser tratadas enquanto o feto está no
útero, a maioria trata-se depois do parto ou mais
adiante.
Algumas anomalias não necessitam de nenhum
tratamento. Outras não podem ser tratadas e, em
consequência, a criança fica incapacitada de forma
permanente.
Anomalias genéticas ou cromossómicas

Alguns defeitos congénitos herdam-se ao receber genes


anormais de um ou de ambos os pais. Outros são
causados por mudanças espontâneas e inexplicáveis
(mutações) nos genes.
Outros ainda derivam de alguma anomalia cromossómica,
como um cromossoma a mais ou a falta dele. Quanto
mais velha for a grávida (principalmente se tem mais
de 35 anos), maior é a probabilidade de que o feto
tenha uma anomalia cromossómica.
Causas Genéticas:
Padrões de Herança Simples ou Complexo

Autossómicas Recessivas - os Ligadas ao Cromossoma X - os


genes estão presentes nos genes agem como mutações
autossomas e os indivíduos dominantes no sexo masculino.
afectados tem duas cópias do Ex: Distrofia muscular de
gene mutante. Duchenne (braço curto do
Ex: Fibrose Cística (cromossoma cromossoma X).
7)
Poligénicas ou Multifatoriais-
Autossómicas Dominantes - os resultam de mutações em genes
genes também estão nos diferentes ou surgem da
autossomas, mas basta uma cópia interação de fatores ambientais
do gene mutante para causar a com múltiplos genes.
doença. Ex: Doenças cardíacas coronárias,
Ex: Doença de Huntington cancro e esquizofrenia.
(genes).
Causas Extrínsecas
Exposição a Teratógeneos (droga ou agente químico
causador de desenvolvimento anormal no feto)

Passam da mãe para o feto através da placenta, o mesmo


trajecto que os nutrientes seguem para o crescimento e
desenvolvimento fetal.
Na placenta, os fármacos e os nutrientes atravessam uma
membrana fina que separa o sangue materno do fetal.
Causam diferentes efeitos em diferentes estádios do
desenvolvimento
Actuam directamente sobre o feto e provocando lesões,
desenvolvimento anormal ou morte.
Alteram a função da placenta, geralmente estreitando os vasos
sanguíneos e reduzindo o intercâmbio de oxigénio e de nutrientes
entre o feto e a mãe.
Provocam a contracção dos músculos do útero, o que pode lesar
indirectamente o feto devido ao facto de se reduzir a quantidade
de sangue que recebe.
Causas Extrínsecas
•Deficiências nutricionais •Infecções
−Vitamina A
−HIV
−Vitamina E
−Ácido fólico −Rubéola
−Ferro •Hormonas
−Subnutrição geral −Excesso
•Consumo de substâncias •Andrógenos
−Alcalóides, cocaína −Deficiência
−Morfina, heroína •Diabetes
−Álcool
−Nicotina, cafeína
Riscos Ambientais
• Pressão interna ou externa sobre a
criança
• Excesso ou falta de líquido amniótico
• Exposição a radiações: raios X ou gama
• Alterações na pressão atmosférica
(Hipoxia)
• Poluentes ambientais.
Consumo de fármacos
Fármacos que se sabe serem prejudiciais:
Antibióticos: estreptomicina e tetraciclina
Barbitúricos, ansiolíticos e antidepressivos
Pílula anticoncepcional
Anticoagulantes
Aspirina e analgésicos opiáceos
Tratamentos para a pele
Anti-inflamatórios não esteróides
Fármacos para regular a tiróide
Álcool
Todos os anos nos EUA, mais de 40 000
bebés nascem com anomalias congénitas
relacionadas como álcool.
1/750 crianças nasce com Síndrome
Alcoólico fetal
Sintomas: problemas no SNC, problemas de sono,
irritabilidade, instabilidade, problemas motores,
dificuldades na aprendizagem
Álcool
Mesmo o consumo moderado pode
prejudicar o feto:
Retardamento no crescimento
Problemas no processamento de informação
Relação com leucemia infantil
Anomalias nos rins
Tabaco
115 000 abortos
Causa a morte a cerca de 5600 bebés por ano,
nos EUA
Síndrome da morte súbita

Baixo peso/crescimento
Período escolar: ansiedade, problemas de
comportamento, hiperactividade, problemas
cerebrais, motores e linguísticos
Cafeína

Encontrada não só no café, mas em refrigerantes, chá e


chocolates
Não se aconselha o consumo, uma vez que apareceram
estudos que indicaram que o café induz risco de
aborto.
TERATÓGENEO Efeitos sobre o feto
Deficiência Nutricional
Vitamina A, Vitamina E, ↓ peso ao nascer, malformação
riboflavina
Hipervitaminose
Vitamina D Defeitos cardíacos, retardo mental, anormalidades sensoriais
Drogas
Alcalóide Crescimento retardado, irritabilidade, rigidez muscular
Ácido retinóico Anormalidades faciais, do ouvido, SNC e cardiovasculares
Morfina Criança dependente, baixo peso
Barbitúricos Depressão SNC
Antibióticos Desordens sensoriais, surdez
Álcool Síndrome alcoólica fetal, ↓ peso ao nascer, retardo mental
LSD Danos cromossómicos
Nicotina Retardo crescimento, ↓ peso ao nascer, aborto espontâneo
Infecções
HIV Altura, peso e perímetro cefálico menor
Rubéola Defeitos cardíacos, crescimento prejudicado, retardo mental
Excesso Hormonas
Andrógenos Masculinização do feto feminino
Idade da mãe
As grávidas de idade avançada (mais de 35 anos) têm
mais probabilidade de sofrer complicações na gestação

Diabetes
Pressão arterial
Hemorragias
Aborto
Parto prematuro
Crescimento fetal lento
Malformações ()
Factores paternos
O pai também pode transmitir
anomalias, frequentemente
de origem ambiental.

Exposição ao chumbo
Consumo de haxixe, cocaína,álcool e tabaco
Dieta alimentar pobre em vitamina C
Idade do pai (síndrome de Marfan, síndrome d eDown,
nanismo e malformações ósseas)
Incidência dos problemas de
desenvolvimento
Diagnóstico Incidência
Atraso Mental 3%
Paralisia Cerebral 0.3 - 0.5%
Perturbações da comunicação comum
Perturbações do Espectro do Autismo 0.67%
Dificuldades de Aprendizagem 5 - 7%
PHDA 10 - 14%
Cegueira 0.01 - 0.05%
Surdez 0.1 - 0.2 %
Desenvolvimento Pré-natal

Direcciona o processo ordenado


do desenvolvimento
Genética

Natureza x Ambiente
Causas
extrínsecas

Favorece ou prejudica o processo


Nascimento
O nascimento ou parto ocorre em quatro
estádios:
1º estádio: Mais longo (12 horas) – contracções para
dilatar o cérvix;
2º estádio: (1h 30m) – a cabeça do bebé aparece e o
bebé emerge do corpo da mãe;
3º estádio: placenta e o resto do cordão umbilical são
expelidos
4º estádio: recuperação.
2º estádio
3º e 4º estádios
Parto por cesariana
Consiste num procedimento cirúrgico em que, através de
um corte no abdómen se remove o bebé do útero.
É normalmente realizado quando:
• o trabalho de parto não progride tão rapidamente quanto deveria
• o feto está em sofrimento
• o feto está na posição sentada ou deitada (transversal)
• a cabeça do feto é demasiado grande
• a mãe está a sofrer hemorragias
• situações de emergência (pré-eclampsia)
Nascimento
Cordão umbilical

Nos primeiros minutos após a


retirada do bebé, o cordão é
cortado.
A pele
O bebé nasce coberto de uma substância pegajosa e
esbranquiçada, chamada vernix, que serve de protecção,
e também com manchas de sangue (da mãe ou do próprio
cordão umbilical).

Como veio de um meio líquido, é preciso secá-lo


imediatamente para que ele não perca calor.

Devidamente seco e depois de observado pelo pediatra,


o recém-nascido é apresentado aos pais.
Pulmões
O choro do bebé, segundos após o nascimento,
geralmente coincide com a primeira inspiração.

Nesse instante, os pulmões iniciam sua função, já que,


no útero, ele recebia oxigénio pelo cordão umbilical.
Exames feitos ao recém nascido
Peso e altura

Cabeça
A medida do perímetro cefálico também faz parte do
check-up inicial.
Se não estiver dentro dos parâmetros normais, pode
indicar doenças graves como hidrocefalia ou
microcefalia. O pediatra examina, ainda, as fontanelas
(moleiras), nome dado às duas aberturas ósseas no crânio
do recém-nascido.
Sinais vitais
O teste de Apgar é realizado segundos após o
nascimento.

Ele avalia a cor da pele, a frequência cardíaca, a


respiração, os reflexos e o tónus muscular.

Os testes são repetidos no quinto minuto de vida.


Ao final do exame, o bebé recebe uma nota (de 0 a 10),
que diz respeito à soma da nota que teve em cada
parâmetro.
Índice de Apgar
Sinal 0 1 2

Cor Azulada, pálida Corpo rosado, Inteiramente


extremidade azuis rosada
Frequência Ausente Bradicardia Rápida
Cardíaca (abaixo de 100) (acima de 100)

Reflexos Sem resposta Esgar Tossir, espirrar,


chorar

Tónus Atónico Hipotónico Forte, activo

Respiração Ausente Bradipneia e Boa respiração,


irregular choro vigoroso
Desenvolvimento do bebé
“O recém-nascido chega ao novo mundo
com estruturas que lhe permitem ver,
ouvir, cheirar e sentir o toque. Contudo,
este ainda é fisicamente imaturo e
dependente, apresentado limitadas
capacidades cognitivas.”
(Gomes Pedro, 1985)
Divergências…
Brazelton e Cramer defendem que o
recém-nascido tem mais competências
do que aquelas que aparenta.
O cérebro infantil
Entre a 6ª semana e o
5º mês de gestação
desenvolvem-se no feto
milhões de células
cerebrais.
Algumas destas células
encontram-se
“conectadas” mas a
maior parte não está.
Desenvolvimento do cérebro

•Desenvolvimento na
gestação: formam-se 250 000
neurónios por minuto
−≈23 billiões no nascimento
•Abranda a taxa de
crescimento depois do
nascimentos
−Desenvolve-se rede neuronal:
•Lobo frontal
•Córtex
−Até puberdade, depois são
eliminadas ou reforçadas
conexões
Crescimento físico
Nos dois primeiros anos de vida,
principalmente nos primeiros meses, o
crescimento é mais acentuado do que em
qualquer outro período, abrandando no
segundo ano de vida.
Desenvolvimento
•Desenvolvimento motor
permitido pelo
desenvolvimento do
cérebro
−Marcos universais:
Cabeça  Pés
Centro do corpo  Periferia

2 anos: bom controlo das


pernas
Controlo fino é mais lento
Desenvolvimento
•Locomoção: rolar  sentar 
gatinhar  andar
−Não há imitação (crianças cegas)

•Diferenças individuais no
tempo em que andam
−11 meses: 25%
−1 ano: 50%
−15 meses: 90%
•Genes: gémeos idênticos começam a
andar praticamente no mesmo dia
− maturacional?
Alteração nas proporções
da cabeça, tronco e membros
Cada aquisição está assente em
experiências anteriores que condicionam a
aquisição e o desenvolvimento de
estruturas posteriores.

Neste processo os factores genéticos e


ambientais têm um papel determinante.
•Por exemplo, uma alimentação
desequilibrada nos dois primeiros anos de
vida pode provocar um atraso significativo
no crescimento e no desenvolvimento do
sistema nervoso (Craig, 1996)
Capacidades Sensoriais
As questões relativas à funcionalidade dos orgãos
sensoriais têm sido alvo de investigação.

Durante muito tempo acreditou-se que o bebé não


via durante as primeiras semanas de vida e não
ouvia durante os primeiros dias.

Nos estudos realizados verificou-se que, de um


modo geral, a criança nasce com o sistema
sensorial claramente activado, embora este
necessite de passar por um processo de maturação.
VISÃO - No final do 1º mês
Foca objectos a uma distância de 20-30 cm
Tem movimentos erráticos dos olhos e por
vezes cruza-os
Prefere preto e branco e padrões
contrastantes
Prefere a face humana a qualquer outro
padrão
A partir do 1º mês
A partir do primeiro mês de idade o bebé consegue fixar
brevemente objectos à distância de 90 cm. Assim, ele olha
com atenção o berço, jogos de luzes, sombras na parede; o
padrão favorito será imagens lineares simples ou axadrezadas.
A face humana é a sua imagem favorita. A sua atenção é
atraída para a face e particularmente para os olhos.
Gradualmente o alcance visual alarga-se podendo então olhar
para toda a face, tornando-o mais reactivo às expressões
faciais.
Ao mesmo tempo aprende a seguir objectos em movimento.
Podemos ajudá-lo a praticar esta habilidade, movendo a nossa
cabeça lentamente de um lado para o outro ou movimentando
um objecto grande e de cor apelativa em frente a ele (após
ter captado a atenção do bebé para o objecto).
2 meses
• Aos dois meses, quando os seus olhos estão
mais coordenados e podem mover-se e focar
ao mesmo tempo, consegue seguir um objecto
em movimento em todo o semicírculo à sua
frente.
• Este aumento da coordenação visual dar-lhe-á,
também, a percepção da profundidade que
necessita para seguir objectos quando se
movem para ele e se afastam dele.
3 meses
• Aos três meses adquire o controlo da mão e braço
necessário para tocar nos objectos quando se movem
acima e em frente dele; a prática deste movimento
ajudá-lo-á a desenvolver a coordenação mão / olho.
• Se nesta idade mantiver estrabismo (olhos não dirigidos
na mesma direcção) deve-se comunicar ao pediatra.
• Estará interessado em padrões circulares e espirais.
• A visão à distância é desenvolvida por esta altura e
assim, ele sorri quando a mãe está a meia distância
dentro do quarto.
4 meses
• Aos quatro meses pode fitar a televisão à
distância ou olhar para fora da janela. A
visão das cores desenvolve-se nesta
altura.
• À medida que a visão se desenvolve, o
lactente, naturalmente, procurará mais
coisas estimulantes para olhar.
Olhar para a face humana
Desenvolvimento da função
auditiva
Desenvolvimento da função auditiva:
•  Entre os 2 e os 4 meses, o bebé reage
aos sons e às alterações do tom de voz
das pessoas que o rodeiam;
•  Por volta dos 4-6 meses, possui já uma
grande sensibilidade às modulações nos
tons de voz que ouve;
Desde o nascimento:
• Funcionalidade de outros sistemas
sensoriais:
− Cheirar
− Sentido do tacto; sensação de dor.
− Reage ao calor, ao frio, aos sabores
salgado, ácido e açucarado.
Desenvolvimento motor
Movimentos espontâneos dos
membros: são movimentos do
bebé que ocorrem sem
qualquer estimulação aparente

Pais e pediatras acreditavam que


estes movimentos eram
desorganizados e sem propósito ou
relação com os futuros movimentos
da criança
Desenvolvimento Motor - reflexos
Os movimentos espontâneos de
braços
−Extensão coordenada
•Cotovelo
•Punhos
•Dedos
−Não são rítmicos como as pernas
−Demora muito tempo até os bebés
possuirem capacidade de preensão
manual
Reflexos
 Os reflexos são muito importantes para os pediatras.
Num dos testes realizados na maternidade, os pés do
bebé são empurrados para trás repetidas vezes. A
reacção esperada é a de que os pezinhos batam como se
estivessem acelerando um carro. Pelo menos seis desses
movimentos devem ser reavaliados nas primeiras
consultas pediátricas.
 Alterações nos reflexos podem sinalizar problemas
futuros. Os exames servem para evitar que a criança
tenha pouco ou nenhum atraso em seu desenvolvimento.
Reflexos

Observados somente durante a 1ª infância


−Reflexos Primitivos
−Reacções Posturais
−Reflexos Locomotores
Reflexos motores

Agarrar Reflexo de Moro

Virar a cabeça

Marcha reflexa Sucção


Reflexo de Moro
O bebé joga a cabeça para trás, estica as
pernas, abre os braços e os fecha depois.

Surge quando o recém-nascido se sente


desequilibrado ou assustado. Desaparece
por volta do segundo ou terceiro mês.
Sucção e busca do seio (rotação
da cabeça)
O bebé abre a boca e suga o que aparece à sua
frente.
Ao tocar qualquer região em torno da boca, ele
vira o rosto para o lado estimulado.
A busca do seio desaparece por volta do segundo
mês, quando o reflexo da sucção passa a ser
voluntário.
Marcha reflexa
Colocado em pé, com apoio nas axilas, ele
ergue uma perna dando a impressão de
estar andando.
É o primeiro reflexo a desaparecer (até o
fim do primeiro mês).
Preensão palmar e plantar
O recém-nascido agarra o
dedo da mãe com força. Esse
reflexo ocorre nas mãos e nos
pés.
O da mão costuma
desaparecer por volta do
terceiro mês. O do pé
continua até o sétimo ou
oitavo mês.
Reflexo tónico-cervical
Com o bebé deitado, o médico gira a
cabeça do bebé para o lado, a criança
tende a estender este braço e dobrar o
outro.
É chamado de posição de esgrimista.
Costuma desaparecer no terceiro mês.
Engatinhar
De bruços, o bebé estica as pernas, como
se tentasse rastejar, quando alguém lhe
dá apoio nos pés.
Desaparece por volta do quinto mês. 
Desenvolvimento Motor
Processo de fortalecimento gradual dos músculos e do sistema
nervoso: os movimentos bruscos e descontrolados iniciais
vão dando lugar a um controlo progressivo da cabeça, dos
membros e do tronco:

Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a cabeça sozinho


durante poucos segundos, deitado de barriga para baixo;

Controlo completo da cabeça por volta dos 4 meses: deitado


de costas, levanta a cabeça durante vários segundos;
deitado de barriga para baixo, começa a elevar-se com
apoio das mãos e dos braços e virando a cabeça;
Desenvolvimento Motricidade Fina
Por volta dos 4 meses o controlo das mãos é mais fino,
sendo capaz de segurar num brinquedo;

Entre os 4 e os 6 meses utiliza os membros para se


movimentar, rolando para trás e para a frente;

Apresenta também maior eficácia em alcançar e agarrar


o que quer ou a posicionar-se no chão para brincar.
Temperamento

Temperamento é a disposição básica para reagir e


autoregular-se nos domínios da emocionalidade, da
actividade motora e da atenção.
Dentro das características individuais, o temperamento
dos bebés foi considerado um dos factores que influencia
positiva ou negativamente as suas capacidades de
adaptação, a sua vulnerabilidade.
Três tipos de temperamento
Thomas and Chess categorizaram três tipos de
temperamento nos bebés:
−Crianças fáceis, que estão a maior parte do
tempo felizes, são relaxadas e aceitantes (40 %)
−Cranças difíceis, frequentemente indispostas,
facilmente frustráveis e reactivas (10 %)
−Crianças lentas, que são tímidas e precisam de
tempo para se adaptar(15 %)
Desenvolvimento Social
•  O bebé distingue a figura cuidadora das
restantes pessoas com quem se relaciona,
estabelecendo com ela uma relação
privilegiada;

•  Imita os movimentos do adulto, fixa os rostos


e sorri (aparecimento do 1º sorriso social por
volta das 6 semanas);

•  Aprecia bastante as situações sociais com


outras crianças ou adultos;
Representar intenções

Os bebés conseguem imitar intenções de um adulto,


mesmo quando não vêem a acção completa.
Mas não imitam uma máquina…
Responder a estímulos sociais

Meltzoff mostrou que um recém nascido é capaz de


produzir respostas modeladas por um adulto
Responder a estímulos sociais
Por volta dos 4 meses tem capacidade para
reconhecer as pessoas mais próximas, o que
influencia a forma como se relaciona com elas,
tendo reacções diferenciadas consoante a pessoa
com quem interage.

É também capaz de distinguir pessoas


conhecidas de estranhos, revelando preferência
por rostos familiares;
Está provado que o
bebé distingue a voz
da mãe da voz de
outras pessoas,
Reconhece o seu odor
e, ao fim do primeiro
mês, reage ao seu
próprio nome, quando
pronunciado por ela.
Desenvolvimento Emocional
•  Manifesta a sua excitação através dos movimentos do
corpo, mostrando prazer ao antecipar a alimentação
ou o colo;
•  O choro é a sua principal forma de comunicação,
podendo significar estados distintos (sono, fome,
desconforto...);
•  Apresenta medo perante barulhos altos ou
inesperados, objectos, situações ou pessoas estranhas,
movimentos súbitos e sensação de dor;
O sorriso
O primeiro sorriso é
indiferenciado.

A criança, quando sorri,


não sorri à mãe, reage a
uma gestalt, isto é, a
uma configuração de
rosto com olhos, nariz e
boca.
O sorriso
O rosto humano um sinal que
desencadeia reacções positivas.
É interessante sabermos que o
bebé sorri a qualquer rosto de
frente e mesmo a uma máscara
e movimento; contudo, não
sorrirá de perfil.
Aos 6 meses, o bebé tem já um
sorriso a pessoas referenciais.
O sono do bebé

À medida que a criança cresce, o seu estômago aumenta


de tamanho, passando a ser maiores os intervalos das
refeições.
Por volta dos 3 meses, cerca de 90 % dos bebés poderão
dormir 6 a 8 horas, sem acordar, durante a noite.
Normalmente isto acontece quando se atinge 5,5 kg – 6
kg.
Assim, se o bebé for grande, poderá começar a dormir
toda a noite, mesmo antes dos 3 meses.
O sono do bebé
Mesmo antes de nascer, os
dias do bebé são divididos
em períodos de sono e de
vigília. Desde os 8 meses
de gestação ou até mais
cedo, o sono é constituído
por 2 fases distintas:
Sono REM

Sono com movimentos rápidos dos olhos (rapid


eye movement – REM), durante o qual se tem um
sono activo e com sonhos. Durante estes
períodos os olhos movem-se, mantendo as
pálpebras fechadas. Parece assustar-se,
contorcer a face fazendo movimentos bruscos
com as mãos e pés.
Sono lento

Este sono consiste em 4 fases: sonolência, sono


ligeiro, sono profundo e sono muito profundo.
Durante a progressão de sonolência ao sono mais
profundo, o bebé torna-se progressivamente
menos activo, a frequência respiratória baixa,
torna-se muito tranquilo, até que no sono mais
profundo.
Recém-nascido

Inicialmente o recém-nascido poderá dormir cerca de 16


horas por dia, divididas em 3 ou 4 horas de sonos leves,
igualmente espaçadas entre as refeições.

Cada um destes períodos de sono inclui iguais conjuntos


de sonos REM e Sono Lento, organizados pela seguinte
ordem: sonolência, sono REM, sono ligeiro, sono profundo
e sono muito profundo.
Letargia e sonolência
O recém-nascido passa a maior parte do tempo a dormir.
Se acordar cada 2 ou 3 horas, comer bem, parecer
satisfeito e estiver desperto parte do dia, será
perfeitamente normal dormir durante o restante dia.

Mas, se raramente estiver desperto, não acordar por si


próprio para as refeições, ou parecer demasiado cansado
ou desinteressado em comer, deve-se consultar o pediatra.

Esta letargia – especialmente se for uma mudança súbita do


seu padrão habitual – pode ser um sintoma de doença
grave.
A partir dos 2 meses
•Aos 2-3 meses, alternam-se fases de sono lento
e sono REM. Este padrão irá manter-se e
continuará pela idade adulta.
•À medida que cresce, a quantidade de sono REM
vai diminuindo e o sono torna-se de uma maneira
geral, mais calmo.
•Aos 3 anos, as crianças passam um terço ou
menos do tempo total de sono, em sono REM.
Sinais de Alerta (0 – 6 meses)
• Problemas na alimentação: rejeição do peito ou
biberão;
• Apatia, ausência de sorriso;
• Manifestações de desconforto e rejeição das tentativas
conforto do adulto.
• Não reconhecimento das pessoas mais próximas (por
ex., não haver distinção entre a mãe e um estranho);
• Ao nível da linguagem: não imita sons.
DOS 06 AOS 12 MESES
Desenvolvimento Motor

•  Desenvolvimento da motricidade: os músculos,


o equilíbrio e o controlo motor vão-se
desenvolvendo progressivamente,
possibilitando as aquisições motoras
Dentição
Os primeiros
dentes aparecerão
por volta dos 4
meses. Com o
desconforto,
tenderá a levar
tudo à boca.
Motricidade fina
•Desenvolvimento da preensão: entre os 6 e os 8
meses, é capaz de segurar os objectos de forma
mais firme e estável e de os manipular na mão;

•Por volta dos 10 meses, é já capaz de meter


pequenos pedaços de comida na boca sem ajuda,
é capaz de bater com dois objectos um no outro,
utilizando as duas mãos

•Adquire o controlo do dedo indicador (aprende


a apontar);
Desenvolvimento intelectual
Tal como acontece com o desenvolvimento
físico, nos primeiros dois anos de vida a
criança desenvolve múltiplas
capacidades cognitivas.
Crescente curiosidade pelo meio
Necessidade de comunicação
cognição
Conjunto de processos mentais que inclui várias
formas de adquirir conhecimento, como:
Percepção
Pensamento
Memória
Raciocínio
Aprendizagem
Desenvolvimento cognitivo
É o processo de crescimento e
especialização dos aspectos ligados à
inteligência

Tem um papel fundamental na adaptação


da criança ao meio.
Jean Piaget
Foi um dos primeiros autores a defender o
papel activo da criança no seu processo
de desenvolvimento.

Defende que as estruturas intelectuais da


criança se vão especializando e
complexificando.
Desenvolvimento cognitivo
segundo Piaget

Identificou 4 estádios no desenvolvimento


cognitivo, de acordo com a evolução das
estuturas mentais:
−Sensório-motor
−Pré-operatório
−Operações concretas
−Operações formais
Teoria do desenvolvimento cognitivo
0 – 24 Sensório-motor Usa os sentidos e as capacidades
meses motoras; permanência de objecto.
2-7 Pre-operatório Pensamento simbólico; uso da
anos linguagem; raciocínio egocêntrico,
desenvolvimento da imaginação e
das experiências
7 - 11 Operações Lógica aplicada, objectiva,
anos concretas interpretações racionais;
conservação, números, ideias,
classificação
11 - Operações Pensamento abstracto, hipotético,
adulto formais explora a ética, política, assuntos
morais e sociais
Dos 0 - 24 meses
Segundo Piaget, nesta idade, a
criança aprende cerca de si própria
e do mundo através do
desenvolvimento das competências
sensoriais e motoras.

A inteligência é prática e aplicada à


resolução de problemas como
procurar um brinquedo, agarrar uma
bola, atirar um objecto.
Permanência de objecto
Em frente ao bebé, tapar o boneco
com o qual está a brincar.

Podemos verificar duas situações:


Se a criança tem adquirida a noção
de PO, sabe que está escondido e
procura-o;
1.Se ainda não tem PO
provavelmente começará a chorar
pois, ao deixar de ver o brinquedo,
é como se ele já não existisse.
Permanência de objecto adquirida

Crianças com 6 a 9 meses já conseguem encontrar o objecto escondido


Permanência de objecto
• O princípio de que os objectos
continuam a existir mesmo que não
estejam visíveis;
• A compreensão das propriedades físicas
dos objectos;
• A PO é a maior aquisição do período
sensório-motor.
Experiências com bebés:
Esconder o brinquedo

• 0-5 meses
− Um brinquedo é mostrado à criança e é
depois colocado debaixo de um pano, à
frente dela
− A criança segue o brinquedo com os olhos
até ao momento em que este é escondido
− Não o procura

Entre 6 a 9 meses consegue encontrá-lo


Experiências com bebés:
Mudar o brinquedo de lugar
• 8-12 meses
− O brinquedo é colocado debaixo do pano A
várias vezes e o bebé consegue encontrá-lo
− Depois o brinquedo é colocado debaixo do
pano B, ao pé do A, à vista da criança
− Apesar de ter visto o brinquedo a
desaparecer debixo do pano B, a criança
procura-o debaixo do pano A
10 a 12 meses
Experiências com bebés:
Mudança invisível
• 12-18 meses
− A criança observa o adulto a colocar as
mãos por cima do brinquedo, que deixa de
estar à vista
− O adulto, com as mãos fechadas, deposita
o brinquedo debaixo do pano
− Quando o adulto mostra as mãos sem o
brinquedo, a criança olha para as mãos
mas não para o pano.
18 meses
Subestádios do período sensório-motor
(0-24 meses)
Nome Idade aprox. Características gerais
Reflexos 0 – I mês Acções reflexas
Ausência de noção de permanência de objecto
Reacções 1 – 4 meses Coordenação dos reflexos e repetição sensório-motora; um
circulares comportamento da criança casualmente a leva a um
primarias resultado interessante, a criança tende a repeti-lo. Está
centralizada no próprio corpo.
Reacções 4 – 8 meses Actividades para fazer reaparecer acontecimentos
circulares interessantes. Início da permanência de objecto. envolve
secundárias objectos externos, a criança começa a manipular objectos.
Aprende a capturar objectos perdidos
Coordenação dos 8 – 12 meses Actos intecionais dirigidos a objectos. Procura pelo objecto.
esquemas consegue achar objectos escondidos, mas não consegue
secundários diferenciar se for escondido em outro lugar após ter sido
achado.
Reacções 12 – 18 meses Tentativa e erro. Procura pelo objecto no ultimo local onde
circulares foi escondido mas apenas se vir os deslocamentos.
terciárias experiência de novos comportamentos imita ações novas e
não somente aquelas que já estavam em seu repertório.

Início da 18 – 24meses Solução para os problemas através de tentativa e


representação erro mental
simbólica Noção de permanência de objecto está desenvolvida;
procura objecto em toda a parte
Dos 18 aos 24 meses
Adquirida a PO bebé aprende a
representar mentalmente os
acontecimentos e objectos

Como faz ele isso?


Como é que representa e organiza a
informação?
Os esquemas
• São as unidades básicas do intelecto
• Permitem a organização das ideias

• A actividade cognitiva reflecte a acção de dois


processos complementares:
− Assimilação permite que um esquema pré-
existente se adapte ao ambiente.

− Acomodação permite que o esquema se altere de


forma a lidar com as novas situações do embiente.
O que é um esquema?
Olha bebé,
Um esquema é um é um cavalo!
processo mental
responsável por
actividades tão
simples como nomear
ou classificar ou tão
complexas como criar
e experimentar. Os
esquemas guiam o
comportamento.
Por exemplo, o bebé
vê um cavalo pela
primeira vez.
Assimilação: ajustar nova
informação nos esquemas já
existentes
Assimilação
??
? ?
? ?
ê ?
Qu
cavorite-lis
n
-fGET
tg/stores/d
communit
rate-item
cust-rec
just-say-no
true
m/justsay

Cavalos
Acomodação

Vacas
cavorite-lis
n
-fGET
tg/stores/d
communit
rate-item
cust-rec
just-say-no
true
m/justsay

Cavalos
Acomodação

?
Vacas
As categorias tornam-
se complexas à
medida que a criança
Mamíferos se desenvolve

?
Peixes
Noção de causa-efeito
A partir dos 10 meses, a noção de causa-efeito
encontra-se já bem desenvolvida: o bebé sabe
exactamente o que vai acontecer quando bate
num determinado objecto (produz som) ou
quando deixa cair um brinquedo (o pai ou a mãe
apanha-o).
Desenvolvimento
Social
•  O bebé está mais sociável, procurando activamente a
interacção com quem o rodeia (através das
vocalizações, dos gestos e das expressões faciais);

•  Manifesta comportamentos de imitação de pequenas


acções que vê os adultos fazer (por ex., lavar a cara,
escovar o cabelo, etc.);

•  A partir dos 10 meses, maior interesse pela interacção


com outros bebés.
Desenvolvimento Emocional
•  Formação de um forte laço afectivo com a figura
materna (cuidadora) - Vinculação;
•  Presença de ansiedade de separação, que se manifesta
quando é separado da mãe, mesmo que por breves
instantes - trata-se de uma ansiedade normal no
desenvolvimento emocional do bebé;
•  Presença de ansiedade perante estranhos: sendo
igualmente uma etapa normal do desenvolvimento
emocional do bebé, manifesta-se quando pessoas
desconhecidas o abordam directamente.
A VINCULAÇÃO
Relação activa, intensa e
emocional entre o bebé e a
figura materna.

Harlow fez estudos com


macacos rhesus e descobriu a
mesma necessidade de apego
que ocorre nos bebés humanos
A vinculação
A necessidade de vinculação não é fruto
da aprendizagem, mas uma necessidade
básica do mesmo tipo que a alimentação e
a sexualidade.
Bowlby considera que esta necessidade
não é herdada – o que se herda é o
potencial para a desenvolver.
Desenvolvimento do
Comportamento de Vinculação
• Fase 1 (0-8 semanas): Resposta indiscriminada
• Fase 2 (2-7 meses): resposta social discriminada; a criança
orienta-se preferencialmente para certa pessoas.
• Fase 3 (8 meses - 2/3 anos): A criança mantém proximidade com
uma pessoa, através da locomoção e de sinais corporais; reage
mal à presença de estranhos.
• Fase 4 (2/3 anos +): Desenvolvimento de uma “parceria”. A
criança usa a mãe como recurso e base de segurança nas suas
explorações ao meio e começa a acomodar-se às necessidades da
mãe.
• Fase 5 (escola): diminui a proximidade porque a relação é
baseada em conceitos abstractos como o afecto, a confiança e a
aprovação.
O comportamento de vinculação:
natureza e função
• A ligação da criança a um indivíduo é o resultado da
activação de um sistema comportamental que tem
como objectivo a manutenção da proximidade.
• Comportamentos vinculativos
− Sinalizadores: chorar, sorrir, palrar e chamar
− De aproximação: aproximar, seguir com o olhar,
trepar para o colo e chuchar
Função dos
comportamentos de vinculação
1.Bowlby sugere que a principal função dos
comportamentos de vinculação é uma função biológica
de sobrevivência e protecção e deve ser compreendida à
luz de uma perspectiva evolutiva.

2) Promove um modelo interno de relação, é uma


concepção interna de relação para cada uma das partes
que é usada para formar expectativas e previsões.

3) A figura de vinculação fornece uma base segura a


partir da qual a criança explora e apreende o mundo.
O bebé tem variáveis comportamentais –
sistemas de comportamentos – que
favorecem a vinculação, como a sucção,
o agarrar, o chorar, o seguir, o sorrir.

Bowlby refere o chorar e o sorrir como os


comportamentos que activam uma
resposta materna.
Estes sistemas comportamentais definem a sua
natureza de acordo com o meio em que se
processa o desenvolvimento.

Os comportamentos de vinculação do bebé vão


ser consolidados por sinais para desencadear ou
manter respostas de proximidade e de contacto
com a mãe.
A sensibilidade e a disponibilidade
emocional da mãe vão favorecer a
adequação de resposta aos sinais do
bebé e facilitar o ultrapassar das
possíveis dificuldades interactivas. Os
padrões de vinculação resultam da
qualidade desta interacção e
influenciarão a vida psicológica futura
Mary Ainsworth
• Segurança: estado de se sentir seguro e
despreocupado acerca da disponibilidade
da figura de vinculação.
• Comportamento de base segura:
equilíbrio entre os comportamentos de
vinculação e os comportamentos
exploratórios da criança.
A Situação Estranha
• Observação em situação laboratorial, de
comportamentos de vinculação e de
exploração em crianças entre os doze e
os vinte meses de idade, numa situação
de stress crescente.
A Situação Estranha (cont.)
• I (1 min.) – mãe e criança entram numa sala
com brinquedos
• II (3 min.) – mãe e criança
• III (3 min.) – estranha entra e a mãe sai
• IV (3 min.) – estranha e criança
• V (3 min.) – a estranha sai e a mãe regressa
• VI (3 min.) – a mãe sai
• VII (3 min.) – a estranha entra
• VIII (3 min.) – a mãe entra
Tipos de vinculação
Mary Ainsworth descobriu três categorias
distintas de vinculação em crianças, visíveis
quando a criança está ao pé de um estranho:
•Vinculações seguras (B)
•Vinculações inseguras evitantes (A)
•Vinculações inseguras ambivalentes (C)
•Vinculações desorganizadas /
desorientadas (D)
Vinculações Seguras (B):
• As crianças utilizam a mãe como base segura a partir
da qual exploram o meio. Nos momentos de separação
demonstram sinais da falta da mãe, especialmente
durante a segunda separação. Nos momentos de
reunião, saúdam activamente a mãe com um sorriso,
vocalização ou gestos. Se perturbadas, sinalizam ou
procuram contacto com a mãe. Uma vez
reconfortadas, regressam à exploração.
Vinculações inseguras evitantes
(A)
• As crianças exploram imediatamente o meio,
demonstram pouco afecto ou comportamentos de base
segura. Nos momentos de separação, as suas respostas
são mínimas, e não parecem muito perturbadas
quando deixadas sozinhas. Nos momentos de reunião,
desviam o olhar da mãe e evitam o contacto com ela.
Se pegadas ao colo podem querer ser colocadas no
chão.
Vinculações
inseguras ambivalentes (C)
• As crianças ficam perturbadas com a entrada na sala e
não iniciam a exploração. Nos momentos de separação
demonstram perturbação. Nos momentos de reunião
podem alternar tentativas e contacto com sinais de
rejeição, zanga ou fúrias ou podem demonstrar
passividade ou demasiada perturbação para sinalizar
ou procurar contacto com a mãe. Não conseguem
confortar-se com a mãe.
Vinculações
desorganizadas/desorientadas (D)
• O comportamento das crianças parece não ter um
objectivo claro, intenção ou explicação: são
observadas sequências contraditórias de
comportamentos; movimentos incompletos ou
interrompidos; estereotipias; paragens; indicações
directas de medo dos pais; confusão ou desorientação.
Medo do estranho
Depois dos 8 meses, o bebé começa a estranhar
as pessoas não habituais, com reacções que
vão da simples estranheza à ansiedade ou
angústia, e estas respostas resultam do facto
de o bebé ter interiorizado imagens da mãe e
de pessoas significativas e de as diferenciar
das outras caras e figuras.
Sensibilidade materna
• As mães de crianças seguras detectam os seus sinais e
reagem-lhes pronta e adequadamente. Estão
permanentemente disponíveis e são carinhosas e
cooperantes.
• As mães de crianças inseguras evitantes não estão
sintonizadas com os sinais vitais das crianças e por isso
não mostram disponibilidade, sendo negligentes. O seu
estilo interactivo pauta-se pela insensibilidade e pela
rejeição.
• As mães de crianças inseguras ambivalentes são,
sobretudo, inconsistentes nas suas respostas.
Angústia do 8º mês
Sptiz refere a “angústia do 8º mês” que
se manifesta na sensação de que a mãe,
que não está ao seu lado, o abandonou.
O facto de se sentir diferenciado da mãe
acarreta o receio de a poder perder.
DE 01 AOS 02
ANOS
Identidade de género
Eu sou menino.
Tu és menina.
Sexo e género: qual a diferença?

A diferença entre sexo e género pode ser


simplificada como se segue:

O sexo é a masculinidade ou feminilidade


biológica
O género é como uma pessoa se vê a si
própria, masculina ou feminina.
Papel sexual e papel de género
O papel de género é a apresentação pública objectiva
como masculino ou feminino, na nossa cultura.

O papel sexual é o comportamento público associado à


escolha de um parceiro sexual (homossexual,
heterossexual ou bissexual).

Para a maioria, a identidade de género (o sentimento


íntimo de ser masculino ou feminino) está de acordo com o
papel do género (por exemplo, um homem sente-se e
actua como um homem, de acordo com a cultura).
Quando se estabelece?
A identidade de género estabelece-se geralmente na
primeira infância (18 a 24 meses).

As crianças apercebem-se de que são meninos ou meninas.

Inclusivamente, embora um menino possa preferir


actividades consideradas por vezes mais apropriadas para o
outro sexo, as crianças com uma identidade de género
normal vêem-se como membros do seu próprio sexo
biológico.
Identidade de género
Isto significa que uma menina que gosta de jogar futebol
e praticar luta livre não tem um problema de
identidade de género, desde que se veja a si própria
como mulher e esteja satisfeita com o seu sexo.
De modo semelhante, um menino que brinca com
bonecas e prefere cozinhar a praticar desportos não
tem um problema de identidade sexual, a não ser que
não se identifique a si próprio como homem ou não se
sinta satisfeito com o seu sexo biológico.
Identidade de género
Os estudos apontam para a importância da
família no reforço dos estereótipos de género,
por exemplo, através da selecção dos brinquedos
que são oferecidos às crianças, de uma maior
independência e de mais oportunidades dadas
aos rapazes para brincarem sem supervisão e de
um maior incentivo ao relacionamento social e à
dependência relativamente às raparigas.
Identidade de género
Diversos estudos mostram que, no jardim-de-
infância, embora já possa haver uma distinção
de géneros nas preferências das crianças pelas
brincadeiras, elas se envolvem mais facilmente
em tarefas e actividades socialmente atribuídas
ao outro género, começando a registar-se uma
cada vez maior diferenciação com o crescimento
e a mudança do nível de escolaridade.
Desenvolvimento Físico
Começa a andar, sobe e desce
escadas;

o equilíbrio é inicialmente
bastante instável, uma vez que
os músculos das pernas não
estão ainda bem fortalecidos.

Contudo, a partir dos 16


meses, o bebé já é capaz de
caminhar e de se manter de pé
em segurança, com
movimentos muito mais
controlados.
Motricidade
Melhoria da motricidade fina devido à
prática - capacidade de segurar um
objecto, manipulá-lo, passá-lo de uma
mão para a outra e largá-lo
deliberadamente.
Por volta dos 20 meses, será capaz de
transportar objectos na mão enquanto
caminha;
Desenvolvimento Intelectual
Maior desenvolvimento da memória, através da
repetição das actividades - permite-lhe antecipar
os acontecimentos e retomar uma actividade
momentaneamente interrompida, à qual dedica
um maior tempo de concentração.

Da mesma forma, através da sua rotina diária, o


bebé desenvolve um entendimento das
sequências de acontecimentos que constituem o
seu quotidiano e o dos seus pais;
Desenvolvimento intelectual
•  Exibe maior curiosidade: gosta de explorar o
que o rodeia;
•  Compreende ordens simples, inicialmente
acompanhadas de gestos e, a partir dos 15
meses, sem necessidade de recorrer aos gestos;
•  Embora possa estar ainda limitada a uma
palavra de cada vez, a linguagem do bebé
começa a adquirir tons de voz diferentes para
transmitir significados diferentes.
Progressivamente, irá sendo capaz de combinar
palavras soltas em frases de 2 palavras;
Desenvolvimento intelectual
•  É capaz de acompanhar pedidos simples, como por
ex. "dá-me a caneca";

•  As experiências físicas que vai fazendo ajudam a


desenvolver as capacidades cognitivas.

Por exemplo, por volta dos 20 meses:


•  Sabe que um martelo de brincar serve para bater e
já o deve utilizar;
•  Consegue estabelecer a relação entre um carrinho
de brincar e o carro da família;
Desenvolvimento intelectual
Entre os 20 e os 24 meses é também capaz de
brincar ao faz-de-conta (por ex., finge que deita
chá de um bule para uma chávena, põe açúcar e
bebe - recorda uma sequência de
acontecimentos e faz de conta que os realiza
como parte de um jogo).

A capacidade de fazer este tipo de jogos indica


que está a começar a compreender a diferença
entre o que é real e o que não é;
Desenvolvimento Social
•  Aprecia a interacção com adultos que lhe
sejam familiares, imitando e copiando os
comportamentos que observa;
•  Maior autonomia: sente satisfação por estar
independente dos pais quando inserida num
grupo de crianças, necessitando apenas de
confirmar ocasionalmente a sua presença e
disponibilidade - esta necessidade aumenta em
situações novas, surgindo uma maior
dependência quando é necessária uma nova
adaptação;
Desenvolvimento social
•  As suas interacções com outras crianças são
ainda limitadas: as suas brincadeiras decorrem
sobretudo em paralelo e não em interacção
com elas;
Jogo solitário

Jogo cooperativo

Jogo em paralelo
• A partir dos 20-24 meses, e à medida
que começa a ter maior consciência de si
própria, física e psicologicamente,
começa a alargar os seus sentimentos
sobre si própria aos outros -
desenvolvimento da empatia (começa a
ser capaz de pensar sobre o que os
outros sentem).
Desenvolvimento Emocional
•  Grande reactividade ao ambiente emocional em que
vive: mesmo que não o compreenda, apercebe-se dos
estados emocionais de quem está próximo dele,
sobretudo os pais;
•  Está a aprender a confiar, pelo que necessita de saber
que alguém cuida dela e vai de encontro às suas
necessidades;
•  Desenvolve o sentimento de posse relativamente às
suas coisas, sendo difícil partilhá-las;
•  Exibe por vezes alterações de humor ("birras");
•  É bastante sensível à aprovação/desaprovação dos
adultos.
Início da comunicação
O desenvolvimento da linguagem
Começando com o choro e depois com o
arrulhar e o tagarelar, o alcance
emocional aumenta regularmente, à
medida que os bebés progridem para a
imitação acidental e, posteriormente,
para a imitação deliberada.
No recém-nascido
O choro é a única forma de comunicação do
recém-nascido. Os sons que o bebé produz
durante os primeiros meses parecem idênticos;
no entanto, os pais do bebé conseguem, de modo
geral, distinguir o choro de fome do choro de
dor. Diferentes tonalidades, padrões e
intensidades sinalizam fome, sono ou
aborrecimento.
O choro
Choro de “Manha”: é a grande arma da
criança para realizar a sua vontade.
Acontece nos momentos de birra, quando
a criança sente ciúmes ou é proibida de
fazer algo (o choro mantém sempre o
mesmo nível);
Choro de Fome/Desconforto: o choro
aumenta de intensidade até a criança ficar
satisfeita;
Choro de Dor: o choro é inconstante tendo
gritos pelo meio.
Desenvolvimento da Linguagem

Manifestações pré-linguisticas
Grito – estado de satisfação em que
a criança se encontra.
Prolonga-se ao longo dos primeiros
2 meses
Latação ou Palreio
Durante as 6 semanas e os 3 meses de vida, os bebés
começam a produzir sons quando estão contentes.

O arrulhar inclui a produção de guinchos, murmúrios e


sons vocálicos como “ahhh”.

Dos 3 até aos 6 meses, os bebés começam a brincar com


os sons da fala.

Entre os 6 e os 10 meses, o bebé começa a tagarelar,


repetindo sequências de consoantes-vogais como “ma-
ma”.
Ecolália
Cerca dos 9 a 10 meses de vida, os bebés imitam
deliberadamente sons sem os compreenderem.

A partir do momento em que possuem um


repertório de sons, associam-nos em padrões que
soam como a linguagem, mas que parecem não
ter qualquer significado.
Também se desenvolve nos bebés a capacidade
de reconhecer e compreender os sons da fala e
de usar gestos com significado.
Por volta do final do 1º ano de vida, os bebés
emitem a sua primeira palavra e, cerca de 8
meses a 1 ano mais tarde, as crianças começam
a falar utilizando frases.
Utilização do gesto
Entre os 9 e os 12 meses, aprende alguns gestos sociais
convencionais, como dizer adeus, abanar com a cabeça para
significar sim, abanar com a cabeça para significar não.
Por volta dos 13 meses, a criança usa gestos representacionais mais
elaborados como, por exemplo, leva uma chávena vazia à boca
ou levanta os braços para mostrar que quer ser pegado ao colo.
Gestos simbólicos, tais como soprar para significar “quente”,
geralmente emergem na mesma altura em que os bebés
pronunciam as suas primeiras palavras; estes gestos revelam que
as crianças compreendem que os objectos e as ideias têm nomes
e que os símbolos podem referir-se a objectos, acontecimentos,
desejos e circunstâncias específicas do quotidiano.  
A fase linguística

Começa por volta dos 9/12


meses, é marcada pelo
aparecimento da 1ª palavra.
Desenvolvimento da Linguagem
Primeiro surgem as palavras monossilábicas e as holofrases (utiliza
uma palavra para exprimir uma ideia completa).
O avanço linguístico seguinte ocorre quando uma criança pequena
junta 2 palavras para expressar uma ideia. Já conseguem pôr o
verbo.
A primeira frase da criança está, normalmente, relacionada com
acontecimentos do quotidiano, objectos, pessoas ou actividades que
a rodeiam.
As crianças, inicialmente, utilizam o discurso telegráfico (inclui
apenas algumas palavras fundamentais, as palavras de conteúdo).
Entre os 20 e os 30 meses, as crianças adquirem os
fundamentos da sintaxe, ou seja, as regras para juntar
frases na sua língua: começam por usar artigos,
preposições, conjunções, plurais, terminações de verbos,
tempos passados dos verbos e a forma do verbo “ser”.

Por volta dos 3 anos, o discurso é fluente, mais extenso e


complexo; apesar das crianças, muitas vezes, omitirem
partes do discurso, conseguem manter o seu significado.
Compreensão
Os bebés compreendem muitas palavras antes de serem
capazes de as utilizar, ou seja, o seu vocabulário passivo
desenvolve-se mais rapidamente do que o seu
vocabulário activo. As primeiras palavras que os bebés
compreendem, entre os 9 ou 10 meses, são as que, em
geral, ouvem mais vezes. Estas palavras são o seu próprio
nome e a palavra “não”.
Antes dos 6 meses de vida, os bebés
aprendem os sons básicos da sua língua
materna. O reconhecimento de padrões
métricos (sílabas acentuadas e não
acentuadas) parece desenvolver-se à
medida que os bebés se tornam cada vez
mais familiarizados com a sua própria
língua.
Por volta dos 10 a 12 meses, os bebés perdem a sua
sensibilidade mais precoce a sons que não fazem parte
da língua.

Bebés com 8 meses prestam atenção ao modo como as


palavras soam e armazenam esses padrões de som na
memória. Aparentemente, os bebés começam por se
familiarizar primeiro com os sons das palavras e, mais
tarde, associam-lhes significados.
Por volta dos 13 meses, a maioria das crianças
compreende que uma palavra representa um objecto ou
acontecimento específico, podendo rapidamente
aprender o significado de uma nova palavra. À medida
que as crianças começam a depender mais das palavras
para se expressarem, os sons e os ritmos da fala tornam-
se mais elaborados.
O vocabulário continua a aumentar, o qual geralmente se
prolonga até aos 18 meses. 
Generalização de regras
É curioso o facto de, nesta fase, a criança generalizar muitas regras.
Assim, têm dificuldade na conjugação dos tempos verbais (eu gostei
– eu fizei; eu caibo > eu cabo) e generalizam na formação dos
nomes as marcas de género (cavalo/cavala) e as marcas de
número (tubarão/tubarãos).
Nesta fase, de acordo com a descrição de Freitas (1997), o sistema
de sons ainda não está completamente estabilizado e algumas
consoantes fricativas podem estar ainda por dominar, e assim se
percebe nas crianças que falam “axim” até aos cinco ou seis
anos.
Grandes frases
Por volta dos três anos, dá-se mais um pulo linguístico. De
repente, parece que a criança é um falante competente.
Nesta fase, as frases produzidas deixam de ser curtas e
surgem as várias categorias puramente gramaticais.
Conforme descrito por Costa e Santos (2003), nesta fase
aparecem frases com conjunções (“Diz que sim”), frases
com artigos (“É a bola”), frases com preposições (“Gosto
de ti”) e frases com alguns pronomes átonos (“Isso não
diz-se”).
Passam a usar o é que nas interrogativas.
…e muitos porquês
È também esta fase conhecida como a “Idade dos
porquês”, pois é nela que a criança sente necessidade
de obter explicações sobre determinados factores que
a rodeiam.
Costa e Santos (2003) referem que: O facto de as
crianças seleccionarem a interrogativa “porquê”
mostra, uma vez mais, como estão atentas ao que é
dito à sua volta. Elas já sabem que esta é a palavra
interrogativa que pode garantir a manutenção do
diálogo durante mais tempo.
No período dos quatro aos cinco anos de idade, a criança apresenta
expressões referentes ao comportamento social apreendido, como
cumprimentos, pedir favores e dizer obrigado.

A linguagem já não é mais apenas uma ferramenta de comunicação


imediata, e a criança pode representar mentalmente os objectos e
situações, o que facilita tanto o desenvolvimento da linguagem
como o desenvolvimento da capacidade intelectual.

Nessa etapa, a criança poderá falar correctamente todos os fonemas


da nossa língua, embora ainda não domine completamente as regras
de regularização dos verbos.
Entre os seis e sete anos de idade, a criança apresenta uma
adequada maturidade neuropsicológica para a aprendizagem e uma
linguagem cada vez mais abstracta, demonstrando um maior nível
de compreensão de um contexto, e podendo relacioná-lo a outros.

Desta forma, a criança pode relatar o que aconteceu na escola,


aprender canções infantis e compreender histórias.

Neste período a criança faz se capaz de perceber as críticas e


comentários de outros a respeito da sua pessoa. Assim, a criança
desenvolve uma consciência de si própria, e consequentemente um
auto-conceito e auto-imagem que influenciará no desenvolvimento
de sua personalidade e adaptação social.
Após os sete anos de idade, a criança já adquiriu
uma linguagem completa, com a articulação, a
compreensão e a entoação apresentadas de
forma adequada. No entanto, considera-se que a
aquisição da linguagem só se estabiliza na
adolescência, uma vez que é apenas nesta fase
que alguns aspectos mais complexos da
gramática são dominados.
Diferenças desenvolvimentais
ATRASO

• Performance significativamente abaixo da média numa determinada


área ou competência.

DESVIO
\

• DESENVOLVIMENTO ATÍPICO numa determinada área, como por


exemplo, os marcos de desenvolvimento ocorrerem fora de sequência.
• Não implica necessariamente anormalidade mas deve alertar a
possibilidade de ocorrerem problemas.
• EXEMPLO: uma criança que anda antes de gatinhar ou uma criança que
desenvolve preferência manual antes do esperado.

DISSOCIAÇÃO
• Diferença substancial no ritmo de desenvolvimento de duas áreas.
• EXEMPLO: Difereças cognitivas e motoras em crianças com atraso
mental ou paralisia cerebral.
FACTORES DE RISCO PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Historicamente, os estudos sobre desenvolvimento
colocaram as características biológicas da população
infantil como determinante principal dos atrasos de
desenvolvimento da criança.

ANOMALIAS GENÉTICAS
ANOMALIAS CROMOSSÓMICAS
PERTURBAÇÕES DECORRENTES DE PROBLEMAS NA GESTAÇÃO OU NO
PARTO
CONDIÇÕES DE SAUDE NA GRAVIDEZ
SUBNUTRIÇÃO DO FETO
ABUSO DE SUSBTÂNCIAS
Crianças de alto risco
• Risco estabelecido
− Anormalidades cromossómicas (síndrome de Down)

• Risco ambiental
− Pobreza
− Saúde mental da mãe
• Risco Biológico
− Exposição a drogas no período pré-natal
− Baixo peso ou prematuridade
FACTORES DE RISCO PARA O
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Para uma melhor abordagem do desenvolvimento
é necessária uma outra óptica, que forneça uma
análise multifacetada das variações do
desenvolvimento, oferecendo uma perspectiva
"ecológica".
FACTORES DE RISCO AMBIENTAL

Condições de carácter ambiental e pessoal


que influenciam o desenvolvimento do
indivíduo no seu desenvolvimento:
 CARÊNCIAS SOCIO-ECONÓMICAS
 NÍVEL CULTURAL DA FAMÍLIA
 NÍVEL OCUPACIONAL DOS PAIS
 EXPOSIÇÃO A MODELOS DE COMPORTAMENTO DESVIANTE NA
FAMÍLIA (ABUSO SEXUAL, MAUS TRATOS, ABUSO DE SUBSTÂNCIAS,
ETC)
 DISTÚRBIO / DISFUNÇÃO DA RELAÇÃO AFECTIVA
 NEGLIGÊNCIA DOS PAIS EM PROPICIAR OS CUIDADOS BÁSICOS DE
SAÚDE, HIGIENE, CONFORTO E VIGILÂNCIA
MODELO ECOLÓGICO
Perspectiva o ser humano de um ponto de vista
global e integrado, em que a pessoa é enquadrada
nos seus contextos de vida.

Factores Pessoais
Factores Familiares
Factores Sociais
DESENVOLVIMENTO NORMAL
Factores de Risco Psicossocial Mínimos
Os pais
precisam de
conselhos
acerca do
O pais precisam comportament
de formação, o da criança
treino parental DESENVOLVIMENTO ABAIXO
e serviços
sociais.
DA MÉDIA
A crianças
necessitam de
Presença de Factores de Risco
programas de Psicossocial
enriquecimento
Criança
e de saúde DESENVOLVIMENTO MUITO necessita de
mental
COMPROMETIDO serviços
diversos:
Alguns factores de risco psicossocial educação
e/ou problemas de ordem biomédica Especial,
Terapia de
Fala, etc
Glascoe, 1997
Assim:
A maioria das doenças, mentais e físicas, é
influenciada por uma combinação de factores
biológicos, psicológicos e sociais.

O DESENVOLVIMENTO DE UMA PESSOA É ÚNICO E


PARTICULAR, DEPENDENDO DA FORMA COMO OS
FACTORES INTERAGEM

 Os problemas biológicos podem ser


modificados por factores ambientais;

 Determinadas situações de vulnerabilidade


podem ter como etiologia factores sociais e do
meio ambiente e não factores biológicos.
Existem evidências de que
quanto mais precoce for o
diagnóstico de atraso no
desenvolvimento e mais cedo
iniciar a intervenção, menor
será o impacto desses
problemas na vida futura da
criança.

São muitos os autores e os


trabalhos de investigação que
têm evidenciado claramente
que as oportunidades para um
bom desenvolvimento estão,
fundamentalmente,
dependentes do contexto
familiar no qual a criança cresce
 ambiente imediato da criança
O PAPEL DA FAMÍLIA
Como refere Guralnick (1997), os resultados que a
criança alcança, em termos de desenvolvimento, são
grandemente dependentes dos padrões de interacção
familiar.

Assim:
 A qualidade das interacções pais-criança
 O tipo de experiências e vivências que a família proporciona
à criança
 Aspectos relacionados com os cuidados básicos em termos de
segurança, vigilância, cuidado e saúde
PAPEL DETERMINANTE NO
DESENVOLVIMENTO
O PAPEL DA FAMÍLIA
A família, e
especialmente os pais,
são tradicionalmente os
primeiros prestadores de
cuidados, os
organizadores, dos
modelos de
comportamento, os
disciplinadores e os
agentes de socialização,
num papel evidente de
educadores dos seus
filhos.
O PAPEL DA FAMÍLIA
No entanto, e como
sublinha Baker (1989),
ninguém se encontra
preparado para se
tornar pai e educador
de uma criança, tenha
ela problemas ou não
no seu
desenvolvimento.
Os estudos comprovam
que os primeiros anos de
vida são muito
importantes na
estimulação do cérebro.

Apesar de as crianças se
desenvolverem a ritmos
diferentes e algumas O pai e a
necessitarem de cuidados mãe podem
especiais todas precisam fazer toda a
do amor e do carinho dos diferença do
pais. mundo!!!
A condição de vulnerabilidade da criança
com deficiência ou em risco de
desenvolvimento atípico também poderá
potenciar um aumento nos níveis de stress
parentais e familiares (Dale, 1996;
Dinnebell, 1999) e implicar um esforço
suplementar em termos de adaptação e
organização do sistema familiar.
A existência de uma criança, com
necessidades especiais, no seio de uma
família, coloca exigências que podem
dificultar a capacidade da mesma para
funcionar eficazmente e torná-la mais
vulnerável a influências, situações e
transacções com o meio envolvente.
(Fewell, 1986)
Alguns investigadores (e.g., Affleck et al.,
1989; Dinnebell, 1999; Mahoney et al.,
1998) têm salientado algumas das
dificuldades que por vezes ocorrem no
processo interactivo, quando um dos
parceiros (neste caso a criança) diverge dos
padrões típicos de desenvolvimento.
Crianças de risco podem, durante os
primeiros meses de vida:
 Ser menos vigilantes ou atentas
 Ter uma capacidade de resposta mais reduzida
 Mostrar-se mais irritáveis ou sonolentas
 Apresentar uma coordenação motora mais pobre
 Exibir padrões atípicos de choro
 Evidenciar um aparecimento tardio do sorriso e
de determinadas aquisições motoras básicas.

Consequência:
Interacções precoces com os pais mais difíceis e
menos satisfatórias para os mesmos.
(Beckwtih,1992)
A aprendizagem destas
crianças é mais lenta, o
ensino é menos natural, é
necessário mais
planeamento, mais
persistência, mais
motivação e, muitas vezes,
os pais sentem-se
inseguros sobre o que fazer
e como o fazer.
Assim…
Intervir o mais cedo possível, de
preferência no período após o nascimento
parece ser especialmente importante para
estas crianças e respectivas famílias e
eficaz na prevenção da ocorrência ou na
minimização de problemas associados.
SERVIÇOS DE APOIO DISPONÍVEIS NO SISTEMA PORTUGUÊS
Serviços de apoio disponíveis no
sistema português
A Intervenção Precoce surge como uma
forma eficaz de prestar ajuda à criança e à
família.

Quanto mais cedo se iniciar o apoio, e mais


abrangente e integrado for o modelo de
atendimento, maiores serão os benefícios
para a criança e para a família.
A Intervenção Precoce
Tem por objectivo fundamental:
 Melhorar o nível de competência dos pais nos
cuidados ao seu filho
 Aumentar a informação dos pais
 Promover o aumento de competências no acesso aos
recursos da comunidade
Promover um estilo de funcionamento mais
positivo no seio da família e, em consequência,
melhorar o bem estar dos seus membros
individualmente.
 Estes pais têm geralmente necessidades de
informação e apoio para além dos normalmente
necessários para criar uma criança sem perturbações.
ATRASO DO DESENVOLVIMENTO

O que podem os pais fazer para


estimular o desenvolvimento do seu
filho?

Procurar quem os ajude a ultrapassar as
dificuldades

EQUIPA DE INTERVENÇÃO PRECOCE


O QUE É A INTERVENÇÃO PRECOCE
A Intervenção Precoce é uma medida
de apoio centrado na criança e na
família

Orientada para acções de natureza


preventiva e habilitativa, no âmbito
da educação, da saúde e da acção
social.
A intervenção…

DIRECTA - No domicílio ou na escola,


através de sessões de intervenção com a
criança e a família.
 INDIRECTA - estabelecimento de
estratégias em casa e no infantário, a
serem executadas pela família e
educadoras de infância
A Equipa de intervenção Precoce
(Nos termos do Despacho Conjunto nº 891/99 e da
Portaria nº 66/99 de 19 de Agosto)

Dos Serviços de Saúde


Médico
Enfermeiro
 
Dos Serviços da Educação
Educador de Infância
Psicólogo
 
Dos Serviços de Acção Social
Técnico de Serviço Social 
A Intervenção Precoce é, por
definição, intrusiva – fornece aquilo
que a família pode ou não querer.

A Intervenção Precoce é
certamente algo que a família não
esperava na sua vida.
O que pensam as famílias…
“É muito difícil, quando se tem uma criança
com necessidades especiais.”

“Cada faceta da vida da minha família passa a


ser examinada.”

“Como temos crianças com necessidades


especiais e precisamos de recorrer mais aos
profissionais, é como se isso lhes desse a
liberdade de entrar e examinar tudo.”
Marsh, 1995
CARACTERÍSTICAS DOS PLANOS
DE INTERVENÇÃO QUE TÊM SUCESSO
 As famílias vêem o plano de intervenção como
SEU.
 As DECISÕES sobre o processo e conteúdo do
plano foram tomadas com as famílias.
 O plano consiste em objectivos que são
importantes para a famílias.
 As estratégias e actividades são agradáveis e não
adicionam stress.
 Existe uma grande probabilidade de sucesso num
curto período de tempo.
 Os recursos que disponíveis e acessíveis foram
incluídos no plano.
 O plano pode ser alterado e actualizado com
frequência.
 Planificar é um processo contínuo.
Prática centrada na Família

“A Intervenção Precoce deve dar às famílias um


sentimento de confiança e competência sobre a
aprendizagem e o desenvolvimento actual e
futuro da sua criança.

Os pais devem receber informação de uma


forma que suporte as suas capacidades
parentais para com a sua criança e facilite a
aprendizagem sem trair a sua autoconfiança,
cultura, religião ou tradições familiares.”

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