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O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 2

Direitos exclusivos do autor


© 2020 De Sousa, Francisco Bento / Teólogo. Educador cristão. Terapeuta.
Palestrante.

Título publicado em português:


O Princípio da Oração Eficaz, orações respondidas vs orações sem respostas.

Observação: Todas as referências bíblicas usadas nesta obra são da Almeida


Revista e Corrigida, com exceção das que se indique outra entre parêntesis.

Categoria: Devocional para estudos em grupos ou células de discipulado; e, para


formação de obreiros.

Reservados todos os direitos autorais

Edição e revisão: Pastora Dalila R. de Sousa

Capa: A gráfica

Impresso em Gráfica _ 2020

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Somos uma obra missionária, se desejar fazer uma doação para o


nosso ministério, ficaremos muito agradecidos.
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DEDICATÓRIA

Aos ministros do altar, pastores, mestres, pregadores, líderes,


missionários e obreiros do ministério cristão em geral. A todos
aqueles que amam a Deus e desejam melhorar sua comunhão
com o Espírito Santo.
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SUMÁRIO

PREFÁCIO DO AUTOR ............................................................ 05


INTRODUÇÃO........................................................................... 06
PRIMEIRA PARTE: ORAÇÕES RESPONDIDAS ..................... 07
SEGUNDA PARTE: ORAÇÕES SEM RESPOSTAS: POR
QUÊ?......................................................................................... 88
CONCLUSÃO.......................................................................... 133
APÊNDICE 1
É Deus quem faz todas as coisas. Mais um motivo para orar...135
APÊNDICE 2
Quando Deus entrega seus servos nas mãos dos inimigos?... 136
BIBLIOGRAFIA..........................................................................138
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PREFÁCIO DO AUTOR
O Princípio da ORAÇÃO EFICAZ, orações respondidas vs orações
sem respostas, é um livro inspirador, motivacional e útil para ser
ministrado em grupos de discipulado, e também para a formação
de obreiros. Tem como objetivo principal, nos ensinar a orar de
modo eficaz, seguindo princípios ou padrões bíblicos, que movem
o coração de Deus.
No cap. 11 v. 1 de Lucas, diz que após os discípulos presenciarem
Jesus orando, ficaram muito impressionados, e um deles (talvez
Pedro) lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João
ensinou aos seus discípulos”. Foi nesse momento que Jesus lhes
ensinou o que todos conhecemos como “O pai nosso”, que alguns
pensam ser uma reza, mas se trata de uma oração modelo, por
causa da riqueza de princípios existentes nela.
Logo em Lucas cap. 17 v. 5 “os apóstolos disseram ao Senhor:
Acrescenta-nos a fé”. A fé não é o único princípio a existir na
oração, mas deve ser o primeiro, e os discípulos reconheceram
tanto a necessidade de aprender a orar, como ter mais fé. Assim
como Salomão foi sábio ao orar pedindo sabedoria, também os
apóstolos, ao orem pedindo ao Senhor que lhes ensine a orar e
aumente a fé.
Muitas de nossas orações não são respondidas porque não
sabemos orar com eficácia. Falhamos na aplicação dos princípios
bíblicos. Em Romanos 8.26 está escrito que nós não sabemos orar
como convém, mas o Espírito Santo intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. Este livro deve ser lido com oração, para
entendê-lo melhor. Siga adiante e boa leitura.

Pr. Francisco Bento de Sousa


Diretor do Instituo Bíblico Vida Nova
Maringá – PR, 02 de julho de 2020
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INTRODUÇÃO

A vida do cristão é diferente da vida dos pagãos em todos os


aspectos. Eles não oram, nem têm compromisso com Deus, por
isso qualquer alegria ou sucesso que tenham, é pura aparência.
Nós não devemos viver como eles, sem orar, sem comunhão com
Deus e sem a guia do Espírito Santo. Eles são como um barco sem
direção, porque acham que não dependem de Deus. Nós porém,
necessitamos ser dirigidos pelo nosso Deus, por isso precisamos
orar a todo momento e antes de tomar qualquer decisão.
O conteúdo deste livro está distribuído em duas partes. A primeira,
fala sobre orações respondidas, mostrando qual foi o segredo dos
personagens da Bíblia, que lhes levaram a comover tanto o
coração de Deus, a ponto de obterem o que pediram. Que princí-
pios eles usaram? Neste livro está a resposta.
A segunda parte fala sobre orações não respondidas, revelando os
21 principais obstáculos às respostas de nossas orações. As vezes
oramos muito e jejuamos, mas não temos resposta. Trabalhamos
muito, mas não vemos resultados. Nos levantamos de madrugada,
nos esforçamos, corremos, saltamos, fazemos tudo o que está ao
nosso alcance fazer, mas não vemos frutos. Onde está o proble-
ma? Lendo este livro o véu será tirado dos seus olhos, para que
possa entender o porquê.
Deus tem grande interesse em que nós vivamos em oração, mas
não se trata de simplesmente orar, é preciso orar com princípios,
isto é, da forma correta. Watchman Nee disse: “Deus quer fazer
grandes coisas na nossa vida, porém não o fará enquanto nós não
orarmos”. Ele espera que nós tomemos uma atitude, pois tudo o
que ligardes na terra, será ligado no céu. Comece a orar antes de
continuar a leitura.
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PRIMEIRA PARTE

ORAÇÕES RESPONDIDAS

Desde quando éramos crianças, aprendemos que orar é falar com


Deus. Isto é correto, mas é bom ampliar este conceito, pois a
oração deve ser melhor interpretada como um diálogo e não um
monólogo (Gn 18.17-33). Conversar com quem não vemos com os
olhos da carne parece loucura (1 Co 1.18; 2.14), mas é uma
verdadeira demonstração de fé, apesar de que é possível alguém
orar sem fé (Tg 1.5,6). Jesus disse a Tomé: “Porque me viste,
Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!” (Jo
20.29). Orar é uma atitude de fé. A Escritura diz que sem fé é
impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que
se aproxima de Deus que creia que ele existe, e que é galardoador
dos que o buscam (Hb 11.6). Precisamos deveras crer que Deus
está perto de nós e nos ouve. Responder ou não é uma decisão
dEle. Depende de Ele se agradar de nós (Nm 14.8; Rm 8.8; 1 Ts
4.1; Pv 16.4).
A Bíblia é nossa maior inspiração para a oração. Primeiro, porque
ela nos ensina que Deus tem total interesse em se comunicar com
o homem; segundo, ela registra uma grande quantidade de fatos,
onde homens e mulheres oraram e foram atendidos por Deus.
Esses antecedentes sobre os quais falaremos nas próximas
páginas, servem de apoio para a nossa fé. Como afirmou Paulo em
Romanos 15.4: “Tudo quanto dantes foi escrito, para nosso ensino
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foi escrito, para que pela exortação e consolação das Escrituras


tenhamos esperança”.
Há muitos trechos na Bíblia que indicam claramente que Deus
deseja se comunicar com o homem. Isto é perfeitamente possível
por meio da oração.
Lamentavelmente muitas pessoas só oram quando estão submer-
gidas em alguma situação de crise. Isso não agrada a Deus porque
quem tem essa atitude, indica que não ama a Deus de todo o
coração nem tem comunhão com Ele. Já dissemos que para
agradar a Deus é preciso ter fé, mas também é preciso ter comu-
nhão com Ele, e obviamente não se pode ter comunhão com Deus,
sem amá-lo de todo coração (1 Jo 1.3,6; Dt 6.5; 11.1). Deus quer
que o busquemos de todo o nosso coração. O próprio Deus disse:
“E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o
vosso coração” (Jr 29.13). Todo filho de Deus deve ter plena
comunhão com Ele, diariamente. Deus se sente mal, quando seu
povo se afasta dEle. Em Jeremias 2.13 vemos a queixa de Deus
por ter sido abandonado por seu povo: “Porque o meu povo fez
duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas,
e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”.
Note bem isto: Duas maldades. Primeiro, abandonaram a Deus, a
fontes de águas vivas. Segundo, cavaram para si cisternas rotas.
Que significa isto? Deus quer ser prioridade nas nossas vidas (Mt
6.33), quer que tenhamos uma experiência nova com Ele todos os
dias, por meio da comunhão e da oração (Gn 3.8). O povo de Judá
havia abandonado a comunhão com Deus, e viviam de expe-
riências passadas. Eu orei a semana passada, eu jejuei o ano pas-
sado, eu li a Bíblia algum tempo passado, tudo no passado, e
nenhuma experiência nova com Deus hoje. Esse tipo de atitude
não agrada a Deus.
O pecado afetou, e afeta até hoje a comunhão do homem com
Deus. No Éden havia uma comunhão maravilhosa entre Deus e o
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homem. Todos os dias Deus os visitava, até que tomaram a


decisão errada, pecando e se escondendo da presença do Criador.
Desde então a tendência do homem é buscar a Deus somente
quando está em crise. Que triste!
No entanto, a Bíblia dá testemunho de pessoas com dedicação e
devoção a Deus na oração, tais como Abel (Gn 4; 1 Jo 3.12), Sete
(Gn 4.25,26), Enoque (Gn 5.23,24), Noé (Gn 6.8), Abraão (Gn
12.1), Isaque, Jacó, José, entre outros. Eles foram homens de
oração, não porque estivessem em crise, e buscassem a Deus por
interesse, mas por amor, dedicação, devoção, vida de adoração e
comunhão voluntária. Eles ficaram na história como pessoas que
realmente agradaram a Deus. Se você deseja formar parte do gru-
po de homens e mulheres que agrada a Deus e tem suas orações
respondidas, não deixe para orar somente quando estiver pas-
sando por uma grande crise, como o rei Manassés, que só buscou
a Deus, porque se achou sem mas alternativa no cativeiro (2 Cr
33.10-13). Ore por amor e devoção a Deus, sendo um adorador
verdadeiro, que adora o Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23).
Um dos exemplos mais notáveis de vida de oração no Antigo
Testamento, é o patriarca Abraão. Ele não entra na lista dos
personagens bíblicos que foram escolhidos desde o ventre mater-
no, para uma missão específica, como Sansão, Isaias, Jeremias,
João batista, Paulo, e outros. Ele pertence à lista de personagens
que caminharam com Deus, com devoção e dedicação voluntária,
o que fez Deus se agradar deles, e chamá-los para um propósito
especial, como Noé, Josué, Davi, Neemias, os apóstolos de Cristo,
e outros, que não nasceram predestinados a ser o que foram, mas
Deus gostou da atitude deles, e os chamou.
Este é um assunto de natureza teológica, que o leitor precisa ter
bem claro na sua mente, que neste mundo há uns que já nasceram
predestinados por Deus para algo, enquanto que outros foram es-
colhidos por Deus durante o caminhar diário de cada um. Há quem
pense que tudo o que acontece no mundo já estava de antemão
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predeterminado por Deus, mas nem tudo é assim. Deus é um


administrador perfeito, que está ativo tomando decisões todos os
dias e a todo momento. Portanto, Deus pode tomar uma decisão a
respeito do homem, dependendo do comportamento deste. Isto é
totalmente evidente nas Escrituras (Sl 7.12; 2 Cr 15.2b; Nm 14.8).
Outro assunto que o leitor deve entender, antes de continuarmos
falando sobre oração, é que de acordo com a Bíblia, Deus não fala
com qualquer um. Muitas pessoas oram e têm suas orações
respondidas, sem Deus falar com elas. Quando Deus fala com uma
pessoa, é porque a escolheu para uma missão específica. Temos
alguns exemplos: Deus falou com Noé, e o chamou para construir
a arca (Gn 6). Deus falou com Abraão, e o chamou para ser o
progenitor da nação judaica (Gn 12.1-7; At 7.2). Deus falou com
Moisés, e o chamou para ser o líder e libertador de Israel (Êx 3.1).
Deus falou com Josué, e o chamou para ser o líder sucessor de
Moisés e introduzir o povo na terra prometida (Js 1.1-9). Deus falou
com Gideão, e o chamou para libertar Israel das mãos dos
midianitas (Jz 6.11ss). Deus falou com Salomão (1 Rs 3.5-15).
Deus falou e fala com líderes e profetas.
Observe que não encontramos na Bíblia Deus falando com Isaque,
apesar de que ele era um homem de oração (Gn 24.63), com
exceção de uma vez onde Deus lhe deu instruções e lhe fez
promessas (Gn 26.2-5), o encontramos sendo muito próspero, e
tendo a resposta de Deus quando orava (Gn 25.21). Tampouco
vemos Deus falando com José, apesar de que o texto diz que o
Senhor estava com ele, e tudo quanto ele fazia o Senhor o
prosperava (Gn 39.3,23). Não vemos Deus falando com Arão,
apesar de ele ser o chefe principal dos ofícios religiosos do povo;
Deus falava era com Moisés (Nm 12.5-8). Não vemos Deus falando
com Calebe, apesar de ele ser um homem bom, íntegro e fiel na
jornada, ao lado do seu líder. Deus falava era com Josué (Js 1.1-
9). Aqui há uma profunda reflexão para todos nós: Quando Deus
fala com uma pessoa, é porque esta foi escolhida para uma missão
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específica. Deus não fala com todos, mas fala com os líderes.
Quando Deus tem uma mensagem para a igreja, Ele fala com o
pastor. Isto está evidente nos caps. 2 e 3 de Apocalipse.
Voltando a falar sobre pessoas de oração, exclusivamente pessoas
que tiveram suas orações respondidas, trataremos primeiramente
sobre o exemplo de Abraão. Ele nasceu em um lar idólatra, em Ur
dos caldeus, na Mesopotâmia. Na Bíblia temos pouca informação
sobre seu pai Terá, mas Flávio Josefo, no livro História dos He-
breus, nos conta que ele era não somente adorador, senão tam-
bém fabricante de ídolos. Em contrapartida Abraão, desde jovem
teve uma atitude diferente de seu pai. Dizemos que Deus se
agradou de Abraão, porque encontrou nele muitas características
especiais, que outros não têm ao mesmo tempo, tais como: Tinha
fé, confiava em Deus, tinha sua vida marcada pelo altar, pois o
texto diz que onde ele chagava erigia um altar, adorava a Deus no
meio de uma cultura politeísta, era obediente, tinha iniciativa pró-
pria, pois fazia as coisas sem um chefe ou líder mandar, tinha um
coração agradecido, era generoso em dar, dependia de Deus, era
líder e era valente (corajoso). Tudo isso vemos em Abraão, ao
lermos sua história nos caps. 12 a 25 de Gênesis. Essas carac-
terísticas agradaram a Deus, por isso Deus decidiu chamá-lo para
ser o patriarca da nação israelita.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE ABRAÃO. Não encontramos
muitas referências que nos mostrem Abraão pedindo a Deus um
filho, mas é evidente que ele orava por isto, porque, primeiro, seu
maior desejo era ser pai, isso sim, está revelado na Bíblia (Gn 15.1-
4); e, segundo, porque ele era um homem totalmente dependente
de Deus. No texto bíblico encontramos várias vezes Deus falando
com ele. Também encontramos que ele era um homem de vida
consagrada. Isso indica sua devoção a Deus, vida de oração e
adoração. No capítulo 18 de Gênesis encontramos Abraão inter-
cedendo por Sodoma e Gomorra, e Deus só não poupou aquelas
cidades porque não encontrou nelas ao menos dez justos. Mas o
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certo é que Deus lhe respondeu. Logo no capítulo 20 vemos ele


intercedendo por Abimeleque e Deus lhe respondeu. Cremos que
Abraão serviu de inspiração para seu filho Isaque, porque este
também se tornou um homem de oração.
Em cada personagem da Bíblia aprendemos uma lição. No caso
de Abraão, por exemplo, vemos ele orando para que Deus lhe
desse um filho. A oração foi ouvida de imediato, também a resposta
de Deus foi imediata, porém, a chegada do filho demorou ainda uns
25 anos aproximadamente. O que aprendemos com isto? Primeiro,
que Deus ouve e responde nossas orações, mas nem sempre
como e quando queremos, senão quando Ele quer. O fator tempo
quem determina é Deus e não nós. É por isso que as Escrituras
repetidas vezes nos exortam a perseverar na oração, na fé e na
esperança.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE ISAQUE. Não temos na
Bíblia muita informação sobre a vida de Isaque, mas temos o
suficiente para saber que ele era um homem de oração (Gn 24.63).
Quando ele se casou tinha quarenta anos de idade, e até aos
cinquenta e nove, ser pai era para ele apenas um sonho, porque
Rebeca sua mulher, era estéril. Então ele fez uma oração por ela,
pedindo a Deus que tirasse a esterilidade do seu ventre, e Deus
lhe respondeu. Aos vinte anos de casados Rebeca engravidou e
teve gêmeos: Esaú e Jacó. Deus deseja abençoar-nos, mas pri-
meiro, Ele deseja nos ver em oração. Não espere a bênção vir,
para depois orar. Ore primeiro, que a bênção virá. Tem pessoas
que passam décadas esperando Deus realizar seus sonhos, mas
não oram. Deus não tem compromisso com quem não ora. Se você
quer agradar a Deus torne-se uma pessoa de oração.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JACÓ. Assim como qual-
quer outro personagem da Bíblia, Jacó tinha muitas falhas, mais
tinha algo bom, que agradava a Deus: Ele era um homem de
oração. Em Gênesis 28.13 vemos Deus falando com Jacó e
dizendo: “Eu sou o Deus de Abraão teu avô, e de Isaque teu pai”.
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E lhe fez promessas ali. Então Jacó prosseguiu fazendo um voto


ao Senhor (vv. 14-22). Em Gênesis 31.12,13 vemos outra vez Deus
falando com Jacó e prometendo-lhe prosperidade. Em Gênesis
31.3 vemos Jacó conduzindo sua família ao altar e testificando que
Deus lhe respondeu quando a Ele orou. Tudo indica que Jacó re-
cebeu instruções de seu avô Abraão e de seu pai Isaque sobre a
importância do altar. Uma grande lição para nós que temos família.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JOSÉ. Dizemos “a oração”
no singular, pelo modo de falar, porém, o mais correto seria falar
no plural: “as orações”. O objetivo da história de José não é relatar
sua vida de oração, porém, não precisamos encontrar registros
escritos de suas orações para crer que ele orava. É evidente, por
sua conduta e integridade, que ele era um homem de oração. Não
há motivo para pensar o contrário. Podemos imaginar sua comu-
nhão com Deus enquanto estava na casa de seu pai, e quanto
tempo terá orado no trajeto entre Canaã e Egito, quando foi
vendido, e também durante os dez anos que foi escravo, mais os
três anos de prisioneiro sem merecer. Uma lição importante que
aprendemos aqui é que muitas vezes a resposta vem, não quando
nós queremos, mas no tempo de Deus. Se o leitor da Bíblia pensar
que a ausência de registros significa que os fatos não existiram,
estará totalmente equivocado, pois é preciso entender o objetivo
de cada coisa, inclusive, o porquê do registro histórico de cada
personagem. Um exemplo disso, veremos no tema seguinte, onde
o texto diz apenas uma vez, que os filhos de Israel clamaram ao
Senhor. Cremos que eles clamavam todos os dias, de dia e de
noite. Então o leitor deve pensar que eles clamaram apenas uma
vez, porque está registrado só uma vez. O mesmo dizemos aqui,
neste ponto, que o leitor não deve pensar que José não orava, pela
ausência de registros. O êxito que ele teve, só tem uma explicação:
Vida constante de oração.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JÓ. A história de Jó remonta
a era dos patriarcas. Ele era contemporâneo de Abraão. Tanto
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assim, que a Bíblia cronológica localiza seu livro fragmentando-o


entre os caps. 11-23 de Gênesis. Sua história cheia de sofrimentos,
sendo ele um homem justo, temente a Deus e apartado do mal,
tem constituído um mistério para muitos leitores da Bíblia. Há uma
tendência no ser humano, quase generalizada, de pensar que os
justos neste mundo devem disfrutar somente de paz e prospe-
ridade, vivendo assim, livres de dor e sofrimentos, e que os ímpios
devem viver em pobreza extrema, porque são pecadores e não
buscam a Deus. Então devido ao ser humano ter esse pensamento
errado, Deus tem usado vários meios para provar a nós o contrário.
A história de Jó é um desses recursos, que Deus a propósito quis
trazer ao nosso conhecimento, para sabermos que o justo pode
sofrer neste mundo, mais também pode ter vitória, se viver em
oração. Somente quem passa pela escola do sofrimento adquire
experiência moral e prática para ajudar a outros. Quem desconhe-
ce a dor e o sofrimento, pode facilmente zombar dos que sofrem,
e acusá-los injustamente de terem pecado contra Deus.
O cap. 1 de Jó começa descrevendo sua conduta como um homem
que vivia em consagração constante diante de Deus por meio da
oração, e que se preocupava com a salvação de seus filhos, que
por certo é para Deus muito mais importante que a vida física e os
bens terrenais. Lembra do paralítico que foi levado a Jesus por
quatro, e Ele antes de dizer: Levanta-te e anda, primeiro disse:
Perdoados te são os teus pecados? Caso semelhante temos aqui
no cap. 1 de Jó. Alguns perguntam: Mas por que os filhos de Jó
morreram, se Jó orava por eles? Todo mundo um dia vai morrer.
Jó orava por eles, não para que não morressem, mas para que
Deus os perdoasse. O importante da história é que Jó foi um vem-
cedor na batalha espiritual. Seu sofrimento é um nítido exemplo de
guerra contra os poderes das trevas. Entenda que Satanás não
tem prazer em ver os servos de Deus prosperados. Quando qual-
quer servo de Deus prospera, Satanás lhe faz a guerra. Os instru-
mentos dessa guerra estão primeiramente no mundo espiritual,
mas também no físico. Note que aqueles supostos amigos de Jó,
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eram teólogos da falsa prosperidade, e foram instrumentos de


tortura para um verdadeiro servo de Deus, justo e apartado do mal,
que estava sofrendo um ataque forte da parte de Satanás, através
da perda dos bens, dos filhos, e da saúde física. E ainda assim se
mantinha fiel a Deus na oração e na esperança de vencer (19.25).
No cap. 42 Deus repreendeu os supostos amigos de Jó, que não
eram servos de Deus, senão teólogos da falsa prosperidade. Nos
chama a atenção três coisas nestes versos finais: Primeiro, nos diz
que a ira de Deus se acendeu contra eles; segundo, Deus manda
eles ir até Jó, para que este ore por eles; terceiro, quatro vezes
Deus chama Jó de meu servo; como um sinal da diferença entre
eles e Jó. Vejamos:
“...o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu
contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de
mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois,
sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei
holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque
deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a
vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto
como o meu servo Jó. E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando
orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto
em dobro a tudo quanto dantes possuía” (42.7-10). Grifo nosso.
Jó sofreu, mas não desistiu de orar. Foi caluniado, mas não guar-
dou rancor contra seus caluniadores, antes orou por eles, e foi
restaurado enquanto intercedia pelos que antes lhe atormentavam.
Deus deu a Jó a mesma quantidade de filhos que tinha antes, e os
bens deu em dobro, como que dizendo a Satanás e a toda classe
de inimigos: Eu quero o meu servo feliz e abençoado, tanto no
espiritual como no material. Precisamos aprender da experiência
de Jó, e também orar por nossos atormentadores. A oração sacer-
dotal (isto é, intercessora), é muito mais eficaz que qualquer outra.
Quando oramos por outros, as bênçãos vêm para nós.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 16

DEUS RESPONDEU O CLAMOR DE ISRAEL NO EGITO. Depois


da morte de José, se levantou outro faraó, o qual oprimiu
severamente os filhos de Israel. Então eles clamaram ao Senhor,
e o Senhor ouviu o seu clamor e lhes enviou um libertador (Êx 3.1).
É gratificante para nós e para todo o povo de Deus em todo lugar,
saber que temos no Céu, um Deus grande, que ouve o clamor dos
aflitos e os socorre. Esse Deus que socorreu os filhos de Israel é o
mesmo a quem nós clamamos na certeza de que Ele nos ouvirá.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE MOISÉS. Depois de Abraão,
Moisés era o homem que mais falava com Deus no Antigo Tes-
tamento e com quem Deus mais falava. No cap. 12 de Números,
quando Miriã e Arão murmuraram contra ele, Deus dirigiu a palavra
a eles dizendo:
“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver
profeta, Eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer ou em
sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés,
que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele,
e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do Senhor;
por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo,
contra Moisés?”
Moisés era o tipo de pessoa que não movia o pé do lugar onde
estava sem orar primeiro e sem ouvir a ordem de Deus. Isso foi,
segundo cremos, o fator principal que o levou a se tornar o maior
símbolo de autoridade espiritual. Ele orava tanto, que em uma
ocasião em que devia entrar em ação em vez de orar, Deus lhe
repreendeu dizendo: “Por que clamas a mim? Diz ao povo que
marche” (Êx 14.15). Durante todo o Pentateuco vamos encontrar
Moisés sempre orando, e Deus sempre respondendo. Isto nos
inspira a orar, sabendo que Deus nos ouve.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JOSUÉ. Antes que Moisés
morresse, Deus lhe instruiu que estabelecesse Josué como seu
sucessor na liderança do povo de Israel (Nú 27.15-23, Dt 34.9).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 17

como já foi dito anteriormente, Deus não fala com todos, mas
quando alguém é chamado para um propósito especial e uma
missão específica, com esse sim, Deus fala. Logo que morreu
Moisés, Deus falou com Josué dando instruções sobre sua missão
na liderança do povo rumo à terra prometida.
Os textos bíblicos que apresentam Josué orando não são muitos,
porque o objetivo geral do livro não é esse. Na verdade, a Bíblia de
modo geral contém apenas o essencial para nós, e não o registro
de todos os detalhes. No entanto, vemos Josué no meio de uma
batalha, fazendo uma oração. Não temos o registro de suas pala-
vras. O que ele falou para Deus? O único que sabemos é que ele
orou, talvez pedindo a Deus para prolongar o dia, enquanto eles
batalhavam contra os inimigos. Então ele falou aos corpos
celestes, dizendo: “Sol, detém-te em Gibeão, e tu lua, no vale de
Aijalom”. Deus ouviu sua oração, o sol se deteve e a lua parou por
quase um dia inteiro, até que exterminaram seus inimigos (Js
10.12,13). Este fato histórico nos ensina uma grande lição. Quando
oramos Deus nos ouve.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DOS FILHOS DE ISRAEL NO
LIVRO DE JUÍZES. Com razão disse o salmista Asafe: “Verdadei-
ramente bom é Deus para com Israel...” (Sl 73.1a). Você pode
observar que depois da morte de Josué, o povo ficou como ovelhas
sem pastor, e cada um fazia o que bem parecia aos seus próprios
olhos (Jz 21.25). No livro de juízes vemos com frequência a
seguinte narrativa: “...e fizeram os filhos de Israel o que era mau
aos olhos do Senhor, e Deus os entregou nas mãos dos inimigos...
Então eles clamaram ao Senhor, e Deus ouviu o seu clamor e lhes
enviou um libertador” (Jz 2.7-23; 3.9,15; 4.1-3; 6.1,7; 10.6-15;
13.1). Com frequência eles se apartavam do caminho direito, mas
quando oravam Deus lhes respondia, levantando um libertador.
Achamos que eles abusavam da bondade de Deus, e também
aprendemos aqui uma preciosa lição, que todo aquele que depois
de cometer pecados terríveis, se com arrependimento, busca a
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 18

Deus em oração, Deus responde e perdoa. É bom saber disso.


Parece que o rei Saul e o famoso apóstolo Judas Iscariotes não
sabiam. Ou talvez sabiam, mas o orgulho falou mais alto dentro
deles, e não lhes permitiu se arrepender e orar. Quem se arre-
pende Deus perdoa, e quem ora Deus ouve.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE GIDEÃO. No cap. 6 de
Juízes encontramos a história de como Deus elegeu a Gideão para
ser libertador dos filhos de Israel, em resposta ao clamor deles. O
texto não nos dá detalhes, se Gideão estava orando no momento
em que o Anjo do Senhor lhe apareceu; mas cremos que sim. Ele
estava malhando o trigo no lagar. Até aqui nos diz o texto sagrado.
Porém, sabemos que não existe uma única forma de orar. Se pode
orar fazendo os ofícios do dia a dia. Quem realmente tem comu-
nhão com Deus, ora de diferentes maneiras. Ora de joelho (Lc
24.41), ora em pé (Lc 18.13), ora deitado e com o rosto virado para
a parede, se estiver doente (Is 38.2), ora em voz alta (At 4.24-31),
ora em silêncio (1 Sm 1.13), ora no ventre de um peixe (Jn 2.1),
ora amarrado numas colunas (Jz 17), ora preso (At 16.24,25), ora
com a boca no pó (Lm 3.29), ora em todo lugar e até sentado no
banco do carro ou na poltrona do ônibus (1 Tm 2.8), ora sem cessar
(1 Ts 5.17).
Estamos citando essa quantidade de referências bíblica para o
leitor não ter motivo de duvidar que Gideão era um homem de
oração. Foi dito no começo deste livro, que Deus não fala com todo
mundo. Que tem pessoas muito abençoadas por Deus, mas que
nunca ouviram Deus falar com elas. Porém, quando Deus fala com
alguém, é porque esse alguém é uma pessoa de oração e porque
tem uma missão especial para ela. Por tanto cremos que Gideão
estava orando quando Deus lhe falou. É preciso entender aqui algo
importante a respeito do Anjo. Não se trata de um anjo comum,
senão de uma teofania. Foi o mesmo Anjo (com letra maiúscula)
que apareceu a Agar, serva de Sara (Gn 16.7-11; 21.17), Abraão
(Gn 18.2,13,22; 19.1; 22.11,15), a Jacó (Gn 31.11; 32.24-29;
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 19

48.16), a Moisés na sarça ardente (Êx 3.2), a Josué ao pé de Jericó


(Js 5.13-15), à mulher de Manoá, mãe de Sansão (Jz 13.3). Ali foi
o próprio Cristo quem apareceu a Gideão e lhe entregou a missão
de libertar o povo.
A história de Gideão é verídica, e é confirmada no Novo Testa-
mento, pois ele entrou para a galeria dos heróis da fé (Hb 11.32).
Se nós seguirmos os exemplos dos personagens da Bíblia que
viveram em oração teremos vitórias assim como eles tiveram.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE SANSÃO. Sansão é um dos
personagens do livro de Juízes que mais temos informações sobre
ele. Seu nome aparece na Bíblia 39 vezes, sendo 38 no livro de
Juízes e uma na galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11.32. Foi
um Nazireu de Deus, escolhido desde o ventre materno para ser
libertador de Israel das mãos dos filisteus (Jz 13.1,2). Cheio do
poder do Espírito Santo fazia grandes proezas, até o dia que
fracassou. Era muito abençoado por Deus (Jz 13.24), porém, sua
espiritualidade, ao que parece, não era tão boa. Sansão era o tipo
de pessoa que brincava com o pecado. Sua principal debilidade
eram as mulheres. Mas o fato mais relevante é que ele, depois do
fracasso, orou a Deus no último momento da sua vida, e o que
pediu, Deus lhe concedeu. Alguns, inclusive pensam que a morte
de Sansão foi um suicídio, e que ele perdeu sua alma no inferno.
Ninguém deveria pensar isso. É preferível entender a circunstância
que ele estava vivendo. Ele estava cego, porque lhe furaram os
dois olhos; estava amarrado, exposto à zombaria no templo de
Dagom, e o nome do Deus verdadeiro sendo escarnecido. Ele
decidiu sacrificar-se e então orou com zelo sincero pelo nome de
Deus e disse: “Senhor Jeová, peço-te que te lembres de mim e
esforça-me agora, só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me
vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos” (Jz 16.28). O certo é
que ele orou, e Deus lhe respondeu. Nós também somos tão
pecadores como Sansão, mas não devemos, por isso, desistir de
orar, pensando que Deus ouve somente quem é perfeito. A Bíblia
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 20

diz que Deus não despreza um coração contrito e humilhado (cf Sl


51.17). Quando oramos com humildade, isto é, com um coração
livre de presunção, arrogância e altivez, Deus ouve e nos justifica
(Lc 18.11-14).
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE ANA. A história de Ana,
esposa predileta de Elcana, nos deixa uma grande lição para
homens e mulheres, sobre a importância de levar a Deus nossas
dores e nossos sonhos em oração. Muitas pessoas quando vivem
oprimidas pela depressão ou ansiedade, devido à ausência da
bênção, ou por certos infortúnios no caminhar diário, ou também
por não ter seus sonhos realizados, preferem murmurar contra
Deus e contra todos à sua volta.
Murmurar nunca foi o caminho certo. Ao contrário, é um pecado
muito pior aos olhos de Deus, que qualquer outro. É um pecado
que leva à morte (1 Jo 5.16,17). Todos nós temos sonhos na vida,
e somos propensos a sofrer de ansiedade. Deus deseja nos
abençoar, realizando nossos sonhos. Disso, não temos dúvida,
pois Deus é bom. Mais Ele as vezes demora um certo tempo em
nos conceder o que desejamos, intencionalmente, para que
oremos. O ser humano é propenso a murmurar e a viver sem orar,
isto é, sem depender de Deus; e essa atitude é totalmente contrária
à vontade de Deus. Como afirmou o Mestre chinês Watchman Nee:
“Deus quer nos abençoar muito, porém, não o fará enquanto nós
não orarmos”.
Ana tinha um problema muito sério. Ela se casou com Elcana, mas
não podia ter filhos. Então ele conseguiu outra mulher, segundo a
tradição e o costume da época, e essa segunda, chamada Penina,
tinha filhos, e zombava de Ana porque não os tinha. Que situação
complicada. Quantas mulheres nos dias de hoje se encontram em
situação mais ou menos parecida, e não sabem como agir. Muitas
optam pela separação e o divórcio. Atitude errada. Ana não tinha
intensão de perder seu esposo para a rival, senão buscar em Deus
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 21

a solução para o problema, e a realização do seu sonho, que era


ser mãe.
O texto bíblico diz que ela orou, com amargura de alma, pedindo a
Deus um filho, inclusive, fez um voto prometendo dedicá-lo a Deus
por todos os dias da sua vida (1 Sm 1.10,11,13); e o Senhor lhe
concedeu a sua petição. Depois que Samuel foi desmamado ela o
levou até o Templo (Tabernáculo) à presença de Eli, e lhe disse:
“...eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao
Senhor. Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a
minha petição que eu lhe tinha pedido. Pelo que ao Senhor eu o
entreguei, por todos os dias que viver; pois ao Senhor foi pedido...”
É interessante notar três coisas principais que merecem nossa
atenção neste relato. Primeiro, ela agiu com inteligência, prudência
e muita sabedoria frente a um problema grave, pois não havia
solução, humanamente falando. Ela sabia que, aquilo que é
impossível para o homem, é possível para Deus (Lc 1.37).
Segundo, depois que ela teve a resposta de Deus, e o seu sonho
feito realidade, ela orou e cantou, agradecendo pela bênção
recebida (leia 1 Sm 2.1ss). Terceiro, isto encheu de gozo o coração
de Deus, de tal modo que lhe deu mais três filhos e duas filhas para
completar ainda mais a felicidade dela (2.21).
A história de Ana deixa preciosas lições de vida para as mulheres
sobre como agir, quando enfrentarem problemas no lar, especial-
mente no casamento; mas também, ensina a todos nós, a depen-
der de Deus, com uma fé viva, crendo que para Ele tudo é possível.
Nossos sonhos podem ser transformados em realidade, quando
levarmos nossas petições diante de Deus por meio da oração.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE SAMUEL. Antes de meditar
na resposta de Deus às orações de Samuel, é importante meditar
primeiro, sobre sete detalhes sobressalientes na vida dele, que se
constituem em verdadeiras lições para nós hoje. Primeiro, que
Samuel veio ao mundo como resposta de Deus à oração de Ana,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 22

sua mãe (1 Sm 1.10,11,27). Segundo, nasceu, cresceu e viveu em


uma época de terrível declínio espiritual do povo judeu (1 Sm
12.24,25). Terceiro, foi chamado por Deus e confirmado aos olhos
dos homens como profeta (1 Sm 3.20; 9.9; At 3.24; 13.20),
sacerdote (1 Sm 7.10) e juiz (1 Sm 7.15); e o texto bíblico é enfático
em dizer que Deus falou com ele, coisa que só acontece com
poucos, isto é, com quem é escolhido por Deus em um plano
especial para uma missão específica (1 Sm 3.1ss). Quarto, apesar
de sua plena dedicação nas coisas de Deus, sua comunhão por
meio da palavra e a oração, ele foi discípulo, antes de ser mestre,
pois vivia sob a tutela do velho Eli, e isto significa um bom princípio.
Quinto, era um homem de muita autoridade espiritual e tinha influ-
ência de liderança, pois presidia uma escola de profetas (1 Sm
19.20). Sexto, era um homem de oração, principalmente do tipo sa-
cerdotal, como vemos em 1 Samuel 12.23. Sétimo, as pessoas
acreditavam muito na oração dele, pois lhe suplicavam que orasse
por elas (1 Sm 12.19).
Não temos muitos detalhes sobre o porquê dos filhos de Samuel
não seguiram seu exemplo. Apenas sabemos que eles eram
juízes, e que deram mal testemunho, aceitando suborno e perver-
tendo o juízo. Cremos que o pai tenha dado bom exemplo e bom
ensinamento. Não encontramos nenhum indício de erro da parte
de Samuel. Por tanto não se deve julgar o pai pelo erro dos filhos,
pois um pai bom pode gerar um filho mau, e um pai mau pode gerar
um filho bom (Ez 18.10-20), mas cada um é responsável por seus
próprios erros. A respeito de Eli, o texto nos diz claramente que ele
foi conivente com os erros de seus filhos, porém, de Samuel a
Bíblia não diz isso. Mas o povo naqueles dias usou o mau compor-
tamento dos filhos do profeta como desculpa para pedir um rei,
preferindo a monarquia em lugar da teocracia (1 Sm 8.1-3). A
mesma coisa acontece hoje, quando as pessoas vêem um jovem
fazendo algo errado, julga precipitadamente os pais, dizendo que
eles falharam na educação. Esquecem que os filhos depois que se
tornam maiores de idade, decidem por conta própria fazer o bem
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 23

ou o mal. Reflexão: Será que Adão e Eva erraram porque o Pai


(Deus) não os educou? Por outro lado, esta história dos filhos de
Samuel, deveria servir de exemplo, reflexão e meditação para os
jovens de hoje, que por causa de suas decisões erradas, fazem os
pais sofrerem tremendo desgosto, vergonha e desapontamento.
Há aqui um detalhe interessante, que Samuel, a diferença de Saul,
não tomava decisão alguma sem primeiro orar (compare 1 Sm 8.6
com 13.12). Quando eles pediram um rei, e criticaram os jovens
juízes Joel e Abias, estavam decidindo sem orar, afinal de contas
a vida espiritual deles estava por terra. Talvez se tivessem orado,
Deus teria corrigido e concertado os filhos do profeta. Como é fácil
criticar os filhos dos outros, inclusive estando em condições morais
e espirituais muito piores, e como é difícil ajudar em oração os
errados. Aqueles jovens, apesar de seus erros, estavam investidos
de autoridade. Eram juízes, e o texto jamais diz que não havia para
eles perdão, correção e restauração. O certo é que o povo estava
obstinado, vivendo na carne, desprovido de comunhão com Deus,
e desejando imitar o mundo (1 Sm 8.6).
Samuel reúne os filhos de Israel, e os repreende por terem
rejeitado o governo teocrático de Deus, pedindo para si um rei, e
os exorta a temer a Deus e a viver em santidade (mensagem típica
de profeta), e faz oração por eles, pedindo a Deus que envie tro-
vões e chuva como sinal de que realmente Deus estava descon-
tente com a atitude deles. “Então, invocou Samuel ao Senhor, e o
Senhor deu trovões e chuva naquele dia; pelo que todo o povo
temeu em grande maneira ao Senhor e a Samuel” (1 Sm 12.18).
Samuel era um homem de oração. Isto equivale dizer: Um homem
que conversava com Deus e tinha suas orações respondidas. Nós
também podemos orar na certeza de que Deus nos ouve e nos
responde, sempre e quando oremos com fé. Note que Samuel
entrou para a galeria dos heróis da fé (Hb 11.32). Não pretenda ter
respostas da parte de Deus para suas orações, se estas não
estiverem acompanhadas de fé (Hb 11.6).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 24

DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE DAVI. A história de Davi é


fascinante. Ele foi o mais importante rei de Israel, escolhido por
Deus para esse fim, segundo cremos, por ser humilde e ter um
coração segundo o coração de Deus. Seu nome é citado na Bíblia
1.069 vezes; e o modo como ele foi chamado distingue de outros,
pois Deus chama e fala com cada um, como quer, e quando quer.
Por exemplo: Com Abraão (Gn 22.11), Moisés (Êx 3.1), Daniel (Dn
9), e outros, Deus falou através de anjos. Com Jacó (Gn 31.11),
Salomão (1 Rs 3.15), José esposo de Maria (Mt 1.20,24;
2.12,13,19) e outros, Deus falou através de sonhos. Quando Deus
chama alguém para uma missão espiritual, fala com ele de forma
direta, como fez com Abraão, Moisés, Isaias, Jeremias, e os
demais profetas. Como diz o autor da epístola aos Hebreus:
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos
dias, pelo Filho” (1.1). Mas quando alguém é chamado por Deus
para uma missão material, política ou administrativa, Deus fala
através de seus mensageiros, os profetas.
O chamado de Deus na vida de Davi deu-se através do profeta
Samuel (1 Sm 16.1-13). Sua história na Bíblia é a que ocupa o
maior número de páginas, e não devemos surpreender-nos de não
encontrarmos com frequência ele em oração nas páginas da Bíblia.
O objetivo do texto ao registrar sua história é narrar suas atividades
como rei, desde seu ascenso ao trono, suas façanhas e triunfos,
como também suas debilidades e quedas como homem. Ele foi
escolhido por Deus e foi chamado de “homem segundo o coração
de Deus” (At 13.22; 1 Sm 13.14). Particularmente cremos que Davi
era um homem de oração, principalmente depois que as maldições
começaram a cair sobre sua vida, seu reino e sua família.
A história de Davi é composta de duas partes. Uma, que vai desde
1 Samuel 16 até 2 Samuel 11, relatando suas vitórias, bênçãos e
triunfos. A segunda parte vai desde 2 Samuel 12 até 1 Crônicas 29
relatando seu sofrimento como consequências do seu pecado com
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 25

a mulher de Urias. Cremos que antes desse triste episódio, ele


orava pouco, apesar de ser um músico, cantor e adorador; e que
depois da queda, passou a orar mais, pois vivia em constante
aperto, rodeado de problemas tanto no governo como na família.
Lendo seus salmos podemos ver que ele vivia sempre rodeados
de problemas e de inimigos. Também vemos constantemente ele
fazendo orações imprecatórias (Salmos 7, 12, 35, 58, 59, 69, 70,
83, 109, 137, 140). Isto era permitido na dispensação da lei, mas
agora na dispensação da graça já não (Mt 5.38-47; Rm 12.17-21).
No Salmo 40.1 vemos Davi dizendo: “Esperei com paciência no
Senhor, ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor.” No Salmo
63.1 ele diz que se levantava de madrugada para orar. No Salmo
32.5 fala de sua oração confessando seus pecados. No Salmo
119.62 diz que se levantava meia noite para orar com ação de
graças. No Salmo 55.17 diz que ele orava de manhã, ao meio dia
e a tarde, na certeza de que Deus ouvia a sua oração.
No final da sua vida, ao estabelecer Salomão como rei em seu
lugar, fez uma importante reunião com todos os grandes do seu
reino, deu conselhos e instruções a todos, finalizou com uma linda
oração de ação de graças (1 Cr 29.10-19). Está explicado porque
Davi era um homem conforme o coração de Deus. Se nós hoje
quisermos ser também pessoas segundo o coração de Deus, é
possível, ao nos tornarmos pessoas de oração.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE SALOMÃO. Este homem
não era tão espiritual, como para viver uma vida de constante
oração, como outros tão notáveis, na Bíblia. Não cremos na
predestinação absoluta, no entanto, cremos na predestinação
relativa. Assim sendo, cremos que Salomão já nasceu para ser rei.
Ele não entra na lista daqueles que Deus escolheu no caminho,
porque gostou da sua conduta ou comportamentos, tais como
Enoque, Noé, Abraão, Josué, Calebe, Jefté, Davi, Eliseu e muitos
outros. Cremos que Salomão assim como Sansão, Isaias,
Jeremias, João batista e Paulo, já nasceu predestinado para uma
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 26

função específica: Ser rei de Israel. Isto é obvio, pela norma na


monarquia, que, com a morte do pai, o filho primogênito passa
automaticamente a ser o herdeiro do trono, independentemente de
ter capacidade ou não.
Salomão assumiu o trono tendo aproximadamente dezoito ou
dezenove anos de idade, mas começou bem, pois demostrou
desde um princípio, as duas características que mais agradam a
Deus. A primeira foi humildade. Ele reconheceu que não tinha
capacidade para o cargo que estava assumindo. Deus gostou
muito disto. Deus gosta dos humildes (Tg 4.6; Pv 15.33; 18.12;
22.24). A segunda característica foi a oração. Ele orou pedindo
sabedoria e Deus lhe concedeu. O apóstolo Tiago nos diz que se
alguém tiver falta de sabedoria peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente. Então Salomão fez a coisa certa. Sabedoria é dom
de Deus. Quem ora pedindo sabedoria, já está demonstrando ser
sábio. Este princípio é útil para nós também.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE ELIAS. Elias era um dos
personagens com quem Deus frequentemente falava em forma
pessoal. Como já foi dito, aos que são chamados para exercer
funções materiais, Deus fala através de profetas, mas aos profetas,
Deus fala pessoalmente. Conversar com Deus e ouvi-lo pessoal-
mente é um privilégio exclusivo para poucos, isto é, para quem
dedica bastante tempo em oração. A diferença de muitos outros,
Elias orava, não por causa de uma circunstância de crise, mas
porque a oração fazia parte de sua vida e ministério. Deus ouve e
atende quem lhe busca apenas em momentos de crise, por pura
misericórdia, como fez com Manassés, rei de Judá (2 Cr 33.11-13),
inclusive com o próprio rei acabe algumas vezes (1 Rs 21.27-29),
porém, esse tipo de atitude priva as pessoas de terem uma
experiência pessoal com Deus, como aqueles que oram em forma
permanente. A isto chamamos de: “Princípio do amor a Deus”.
Cremos que no Antigo Testamento o profeta Elias era o mais
destacado homem de oração, cujas respostas de Deus eram na
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 27

sua maioria imediatas, e outras, também respondidas positiva-


mente conforme o pedido, ainda que algum tempo depois. Há uma
crença totalmente errada nos púlpitos modernos, que diz que o
sinal de que Deus está com uma pessoa é ela não passar por
adversidades na vida, como desertos, crises, doenças, sofrimen-
tos, dores, perseguições, e outros fatores negativos. A Bíblia nos
mostra muitos personagens que viveram situações terríveis neste
mundo, mas Deus estava com eles. O profeta Elias é um exemplo
claro disto, pois viveu e exerceu seu ministério numa época de
extrema apostasia em Israel, devido a idolatria implantada por
Jezabel e seu lacaio Acabe. O propósito de Jezabel (filha de
Etbaal, rei dos sidônios 1 Rs 16.31), era destruir por completo toda
e qualquer adoração ao Deus Jeová e conduzir toda a nação
hebreia a adorar a Baal e Aserá, deuses fenícios. Ela conquistou
muitos dos profetas de Deus, de tal modo que, segundo explica
Matheus Soares (autor da Enciclopédia de nomes de personagens
bíblicos), quatrocentos e cinquenta se tornaram profetas de Baal,
e quatrocentos de Aserá, em troca de conforto e poder comer na
mesa de Jezabel. Baal era considerado o deus da chuva e da
fertilidade da terra. Foi por isso que Elias orou para que não
chovesse por três anos e meio (Tg 5.17,18; 1 Rs 17.1,7,14;
18.1,41,44,45), para deixar evidente aos filhos de Israel, que ha-
viam deixado de adorar ao Deus verdadeiro para adorar ídolos, que
quem controla a natureza e manda a chuva, é Deus e não Baal (cf
Dt 11.14; 28.12,24; 1 Sm 12.17,18; 1 Rs 8.35; 2 Cr 6.26,27; 7.13).
Elias tinha tanta confiança com Deus que chegou a dizer ao rei
Acabe as seguintes palavras: “Vive o Senhor, Deus de Israel,
perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva
haverá, senão segundo a minha palavra” (1 Rs 17.1), e assim
sucedeu. Ele passou aproximadamente um ano junto ao ribeiro de
Querite, até que este se secou. Então Deus o mandou para a
cidade de Sarepta (atualmente chamada Sarafande, entre Tiro e
Sidom), a hospedar-se na casa de uma viúva pobre, onde seria
sustentado por mais de dois anos. Estando ali, morreu o filho
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 28

daquela mulher, e Elias fez então uma oração, pedindo a Deus que
ressuscitasse o menino, e Deus lhe concedeu (1 Rs 17.17-22).
Depois disso, Deus lhe falou a Elias, para que ele fosse ao
encontro do rei Acabe. Ao encontrá-lo o desafiou a que fossem ao
Monte Carmelo a oferecer sacrifícios, um para Baal, e outro para o
Deus de Israel. Em resumo, os profetas de Baal oraram desde a
manhã até as três horas da tarde sem nenhuma resposta. Elias,
primeiramente reparou o altar do Senhor que estava em ruinas,
devido a que fazia já muito tempo não se ofereciam holocaustos
nele (18.30). Quando tudo estava pronto, Elias orou pedindo a
Deus que respondesse com fogo, e assim foi. A Bíblia diz que
desceu fogo do Senhor, e consumiu o bezerro, a lenha, as pedras
e ainda lambeu a água que estava no rego (18.36-39). Para que a
vitória fosse completa, Elias exterminou os profetas apóstatas, em
obediência a Êxodo 22.20 que diz: “O que sacrificar aos desses e
não só ao Senhor será morto”.
Despois dessa grande vitória, Elias sobe à parte mais alta do
Carmelo para orar e agradecer. Ali orou para que chovesse. E aqui
finalizamos com uma importante lição a respeito da resposta de
Deus para as nossas orações. Como você pode notar, algumas
vezes Deus responde nossas orações de imediato, e outas vezes
precisamos ter paciência para esperar a resposta. No caso de
Elias, você percebeu que ele se debruçou três vezes sobre o
menino orando para que Deus o trouxesse de volta à vida. Quando
orou pedindo fogo sobre o holocausto a resposta foi imediata.
Quando orou pedindo chuva, repetiu sete vezes (18.43,44). Em
algumas ocasiões Elias fazia uma oração mais longa, e outras
vezes orava com poucas palavras, e a resposta de Deus era certa,
como no caso dos capitães e seus cinquentas soldados que foram
calcinados com fogo do céu (2 Rs 1.9-14).
Muitos desistem de orar pensando que Deus não ouvirá suas
orações, e Satanás se aproveita para nos intimidar com algum
peso de consciência ou sentimento de culpa, dizendo-nos que é
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 29

inútil orar, e que Deus não nos responderá. Mais a Bíblia diz:
“Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos
outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em
seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós
e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses,
não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a
terra produziu o seu fruto” (Tg 5.16-18). Também diz em João 9.31
“...que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a
Deus e faz a sua vontade, a esse ouve”. Portanto, é obvio que o
inimigo não quer que oremos, mais o contexto da Palavra de Deus
nos inspira a orar intensamente, e não somente orar motivados por
problemas ou crises, mas orar como os profetas, por amor a Deus
e devoção constante. Isso nos faz especiais aos olhos de Deus, e
diferentes neste mundo.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JOSAFÁ. Josafá (filho do rei
Asa) foi o sexto rei da linhagem de Davi. Começou a reinar com 35
anos e morreu aos 60, tendo reinado 25 anos sobre Judá, Reino
do Sul. Foi contemporâneo de Acabe, rei de Israel, e a diferença
deste, foi temente a Deus, pois fez muitas reformas religiosas,
abolindo a idolatria e conduzindo o povo a adorar e servir ao Deus
verdadeiro (1 Rs 22.43; 2 Cr 17.3,4; 20.32), e o resultado foi a
bênção de Deus na sua vida, através de muita riqueza, honra e
poder (2 Cr 17.5; 18.1a). O relato bíblico nos mostra que ele era
prudente em consultar ao Senhor antes de tomar decisões. Um
exemplo disto vemos quando o rei Acabe lhe convidou para
guerrear contra o rei da Síria, e ele não confiando nos quatrocentos
profetas bajuladores, lhe recomendou consultar a Deus através de
um profeta verdadeiro (1 Rs 22.5-7). Houve algumas exceções de
ocasiões em que não consultou a Deus, e fracassou terrivelmente.
Um exemplo disso, foi quando ele se aliou com Acazias, filho de
Acabe para ir com seus navios buscar ouro de ofir, e estes
naufragaram, causando grandes prejuízos. Um profeta de Deus,
chamado Eliézer, lhe repreendeu dizendo: “Visto que te aliaste com
Acazias, o Senhor despedaçou as tuas obras. E os navios se
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 30

quebraram e não puderam ir a Társis” (2 Cr 20.37). Como é triste


o resultado de quem toma decisões importantes, sem buscar
primeiro a direção de Deus. Antes disto, outro profeta chamado
Jeú, lhe repreendeu por tratar de ajudar aquele a quem Deus
aborrece, fazendo referência ao rei Acabe, quando o convidou para
tomar Ramote-Gileade das mãos do rei da Síria, e ele francamente
se colocou à disposição dele, dizendo: “Serei como tu, e o meu
povo como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos”
(1 Rs 22.3,4). Isto desagradou muito a Deus, e por pouco, Josafá
não perdeu a vida. Mas foi humilde, aceitou a admoestação do
profeta e aprendeu uma importante lição (2 Cr 19.1-3).
Depois disto, os moabitas, os amonitas e os edomitas se juntaram
em grande número para fazer guerra contra Josafá, porém, ele, ao
receber a notícia, convocou toda Judá para orar e jejuar (2 Cr 20.1-
4). Ele mesmo foi com o povo à Casa de Deus, e elevando a sua
voz, fez esta linda oração:
“E disse: Ah! Senhor, Deus de nossos pais, porventura, não és tu
Deus nos céus? Pois tu és dominador sobre todos os reinos das
gentes, e na tua mão há força e poder, e não há quem te possa
resistir. Porventura, ó Deus nosso, não lançaste tu fora os mora-
dores desta terra, de diante do teu povo de Israel, e não a deste à
semente de Abraão, teu amigo, para sempre? E habitaram nela e
edificaram nela um santuário ao teu nome, dizendo: Se algum mal
nos sobrevier, espada, juízo, peste ou fome, nós nos apresen-
taremos diante desta casa e diante de ti; pois teu nome está nesta
casa; e clamaremos a ti na nossa angústia, e tu nos ouvirás e
livrarás. Agora, pois, eis que os filhos de Amom e de Moabe e os
das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste que passasse
Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e
não o destruíram, eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos
fora da herança que nos fizeste herdar. Ah! Deus nosso,
porventura, não os julgarás? Porque em nós não há força perante
esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 31

que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti”. Amém (2


Cr 20.6-12).
Esta é talvez a oração mais impactante que conhecemos no Antigo
Testamento. Quando lemos esta oração o nosso coração se
alegra, se emociona e se estremece. Podemos também imaginar
o que sentiu Deus ao ouvi-la dos lábios do seu servo, o rei Josafá.
É preciso ser sábio até no modo de orar, orando conforme a
palavra de Deus e baseando-se nas suas promessas. Foi
exatamente isso que ele fez. Vejamos os detalhes de sua oração
que mais comoveram o coração de Deus: Josafá começou sua
oração invocando o Deus de seus pais (v.6). Ele conhecia a história
bíblica, de como Deus operou a favor dos seus antepassados. Ele
fez uma pergunta: “Porventura, não és tu Deus nos céus?”. Esta
pergunta mexe com nossa emoção; se imagina a de Deus? pois
exaltou Deus por encima de todas as coisas. Depois disse: “Tu és
dominador sobre todos os reinos dos povos, e na tua mão há força
e poder”. Com isto Josafá estava reconhecendo que ninguém
poderia resistir a Deus e sair vitorioso. No v. 7 ele lhe recorda a
Deus que no passado o Senhor lhe havia dado aquela terra aos
descendentes de Abraão; porém, ao mencionar Abraão, o chama
de “teu amigo”; de fato Deus mesmo chamou: “Abraão, meu amigo”
(Is 41.8; Tg 2.23). Lhe recorda a Deus que eles ao tomar posse da
terra de Canaã, edificaram um altar ao Senhor, dizendo que
quando algum mal lhes sobreviesse, eles clamariam e seriam
ouvidos e livrados por Deus. Ele falou isso porque sabia a
importância de um altar para Deus. Josafá também conhecia as
Escrituras, pois nos vv. 10,11 ele lhe recorda a Deus o que diz em
Deuteronômio 2, que quando os filhos de Israel caminhavam pelo
deserto rumo a Canaã, não molestaram em nada aos edomitas,
moabitas e amonitas, mas agora estes invadem injustamente seu
território. No v. 12 ele conclui sua oração apelando para a justiça
divina e fazendo três declarações que agradaram muito a Deus:
Primeiro, “...em nós não há força...”, ou seja, nós não temos
capacidade. Segundo, “...não sabemos o que fazer”. Terceiro,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 32

“...nossos olhos estão postos em ti”. Isto equivale a dizer: A nossa


confiança está posta em ti, pois a única maneira de sobrevivermos
é o Senhor fazendo um milagre. Deus gostou desta oração. Que
coisa mais maravilhosa aos olhos de Deus, quando oramos com
conhecimento de Sua palavra, com base em Suas promessas, com
fé, reconhecendo que não temos capacidade alguma por nós
mesmos, e que dependemos totalmente da intervenção divina.
O rei Josafá fez essa oração diante da multidão, e acabando de
orar, um dos presentes, por nome Jaaziel, foi cheio do Espírito
Santo e disse estas palavras: “Dai ouvidos todo o Judá, e vós,
moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá. Assim o Senhor vos
diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande
multidão, pois a peleja não é vossa, senão de Deus. Amanhã,
descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os acha-
reis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. Nesta peleja,
não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do
Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos
assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o Senhor
será convosco” (vv 15-17).
Você notou que com os líderes Deus fala através de profetas,
enquanto que com profetas Deus fala através do seu Espírito
Santo. O líder Josafá era um homem sensível à voz de Deus, por
isso deu ouvidos às palavras ditas pelo profeta, e se ajoelhou e
adorou a Deus com o rosto em terra, como também todos os que
com ele estavam, e se levantaram e foram cantar e louvar ao
Senhor. Os cantores levitas dirigiam os cânticos, e todo o povo
louva com voz muito alta (v 19). No dia seguinte saíram para
encontrar-se com os inimigos (edomitas, moabitas e amonitas), e
Josafá levantou a voz e disse ao povo: “Crede no Senhor, vosso
Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis”.
O clima ali naquela batalha era de oração, louvor e adoração, e
também obediência às instruções do profeta e do rei. Que coisa
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 33

linda quando isto acontece no meio do povo de Deus. Isto agrada


o coração de Deus, e garante a vitória sobre os inimigos.
O texto nos diz a partir do v. 22, que eles seguiram andando rumo
aos inimigos e cantando. E os inimigos se confundiram, e os
moabitas e amonitas mataram primeiramente aos edomitas, depois
se mataram entre si, eles mesmos, até se destruírem totalmente.
Josafá e o povo olharam e eis que eram todos cadáveres em
abundância. O povo de Judá passou três dias levando o despojo
dos inimigos, pois havia muitos objetos preciosos, e assim levaram
grande riqueza.
Quando nós, os crentes de hoje, aprendermos a orar, e decidirmos
orar mais, depender de Deus, reconhecer com humildade que não
temos nenhuma capacidade, que não sabemos como fazer a coisa
certa, e aprendermos a ouvir as instruções dos mensageiros de
Deus e dos líderes, nós teremos grandes vitorias, pois a batalha
não é nossa, senão do Senhor nosso Deus.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE EZEQUIAS. Ezequias foi o
décimo terceiro rei de Judá, após a divisão do reino. E a seme-
lhança de Josafá, também foi temente a Deus, fez reformas religio-
sas no seu reino, removendo a idolatria e exortando o povo a ado-
rar e servir somente ao Deus verdadeiro. A história registra que ele
começou a reinar com 25 anos de idade, e reinou 29 anos em
Jerusalém.
O que mais nos chama a atenção na história de Ezequias, é que
tão logo ele fez reformas importantes, aos olhos de Deus, restabe-
lecendo o culto ao Senhor, e conduzindo o povo a um clima de
espiritualidade fervente, se levantou contra ele o inimigo. As vezes
ficamos pensando, porque nos acontece algo mau ou tropeços
diversos, quando estamos bem com Deus. Isto é guerra espiritual,
pois lembre-se que o inimigo, adversário de Deus e dos homens,
não quer ver ninguém feliz, e menos adorando e servindo o Deus
verdadeiro.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 34

No ano décimo quarto do seu reinado, Senaqueribe, rei da Assíria


atacou todas as cidades fortes de Judá e as tomou. Impôs sobre
Judá um pesado jugo tributário, pois exigiu trezentos talentos de
prata e trinta talentos de ouro, e Ezequias cumpriu, dando-lhe o
ouro e a prata da Casa do Senhor. Contudo isto, o rei da Assíria
persistiu em oprimir a Judá, ameaçando ao rei Ezequias e dessa-
fiando a Deus com palavras injuriosas e blasfemas. As ameaças
eram tão fortes que geram um impacto negativo muito grande, pois
os homens de Ezequias tremendo de medo lhes disseram aos
mensageiros de Senaqueribe:
“Rogamos-te que fales aos teus servos em siríaco, porque bem o
entendemos; e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo
que está em cima do muro. Porém Rabsaqué lhes disse: Por-
ventura, mandou-me, meu senhor, só a teu senhor e a ti, para falar
estas palavras? E não, antes, aos homens que estão sentados em
cima do muro, para que juntamente convosco comam o seu
esterco e bebam a sua urina? Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e
clamou em alta voz em judaico, e falou, e disse: Ouvi a palavra do
grande rei, do rei da Assíria. Assim diz o rei: Não vos engane
Ezequias; porque não vos poderá livrar da sua mão; nem tam-
pouco vos faça Ezequias confiar no Senhor, dizendo: Certamente
nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue na mão do
rei da Assíria. Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei
da Assíria: Contratai comigo por presentes e saí a mim; e coma
cada um da sua vide e da sua figueira e beba cada um a água da
sua cisterna. Até que eu venha e vos leve para uma terra como a
vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas, terra de
oliveiras, de azeite e de mel; e assim vivereis e não morrereis; não
deis ouvidos a Ezequias, porque vos incita, dizendo: O Senhor nos
livrará. Porventura, os deuses das nações puderam livrar, cada um
a sua terra, das mãos do rei da Assíria? Que é feito dos deuses de
Hamate e de Arpade? Que é feito dos deuses de Sefarvaim, Hena
e Iva? Porventura, livraram a Samaria da minha mão?
Quais são eles dentre todos os deuses das terras, os que livraram
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 35

a sua terra da minha mão, para que o Senhor livrasse a Jerusalém


da minha mão? Porém calou-se o povo e não lhe respondeu uma
só palavra; porque mandado do rei havia, dizendo: Não lhe
respondereis. Então, Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e
Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o chanceler, vieram a
Ezequias com as vestes rasgadas e lhe fizeram saber as palavras
de Rabsaqué” (2 Rs 18.26-32).
Os homens de Ezequias estavam realmente tremendo de medo.
Era enorme o pânico. Eles estavam psicologicamente rendidos.
Eles compareceram ante o rei Ezequias com as vestes rasgadas,
e quando Ezequias ouvi estas declarações, também rasgou as
suas vestes e se cobriu com pano de saco. Mas ele fez a coisa
certa: Foi à Casa do Senhor e orou. Primeiro enviou mensageiros
ao profeta Isaias, levando as palavras dos mensageiros de
Senaqueribe. E no templo fez esta oração:
“E orou Ezequias perante o Senhor e disse: Ó Senhor dos
Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins, tu
mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os
céus e a terra. Inclina, Senhor o teu ouvido e ouve; abre,
Senhor, os teus olhos e olha: e ouve as palavras de Senaqueribe,
que ele enviou para afrontar o Deus vivo. Verdade é, ó Senhor, que
os reis da Assíria assolaram as nações e as suas terras. E
lançaram os seus deuses no fogo, porquanto deuses não eram,
mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso, os
destruíram. Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, sê servido de nos
livrar da sua mão; e, assim, saberão todos os reinos da terra que
só tu és o Senhor Deus” (2 Rs 19.15-19; Is 37.16).
Esta oração de Ezequias foi tão sábia, eloquente, profunda e
emocionante, quanto a do rei Josafá. (Deveríamos aprender a orar
como estes personagens do Antigo Testamento). Olhando bem os
detalhes em cada palavra, não tinha mesmo como Deus não se
comover, vindo ao seu encontro com resposta e livramento.
Observe que Ezequias começa invocando nada mais e nada
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 36

menos, o Deus de Israel. Ele conhecia muito bem as proezas do


Deus de Israel. Ele menciona onde Deus habita: Entre os
querubins, ou seja, nas alturas. Também diz a Deus, que o Senhor
é único rei, e que tem autoridade sobre os reinos da terra. Então
lhe pede que veja e ouça as ameaças do rei da Assíria, afrontando
não ao homem, mas ao Deus vivo. Disse a Deus que é verdade
que Senaqueribe tinha o costume de atacar e destruir com êxito a
muitas nações, inclusive destruía também os deuses delas, mas
isso só acontecia porque os desses deles não são deuses. E com-
clui sua oração com estas comoventes palavras: “Agora, pois, ó
Senhor, nosso Deus, sê servido de nos livrar da sua mão; e, as-
sim, saberão todos os reinos da terra que só tu és o Senhor Deus”.
Enquanto Ezequias orava no tempo, seus mensageiros foram até
onde estava o profeta Isaias, levando a informação sobre aquelas
palavras assombrosas do inimigo. Isaias enviou de volta os mensa-
geiros de Ezequias, dizendo-lhes: Voltem, e digam a Ezequias:
Assim diz o Senhor: Eu ouvi a tua oração acerca de Senaqueribe,
não temas, pois o seu exército não entrará nesta cidade, e eu te
ampararei, por amor do meu servo Davi. O texto bíblico revela o
grande livramento que Deus lhe deu a Ezequias, enviando um anjo
forte para destruir o poderoso exército inimigo. Além disso, para
que a vitória fosse completa, o rei Senaqueribe foi assassinado
pelos próprios filhos. Confira:
“Sucedeu, pois, que naquela mesma noite, saiu o anjo do Senhor
e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e,
levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos
mortos. Então, Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e foi; e voltou e
ficou em Nínive. E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de
Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram
à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-
Hadom, seu filho, reinou em seu lugar” (2 Rs 19.35-37).
Senaqueribe também tinha fé, crença, religião, e um deus, cha-
mado Nisroque, a quem orava e adorava. Porém, o seu deus não
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 37

lhe ouviu, nem recebeu sua adoração, nem lhe livrou da destruição;
mas o Deus de Israel ouviu a oração de Ezequias e o salvou. Esse
é o Deus a quem nós servimos, e a quem nós oramos com fé, na
certeza de que Ele vive, nos ouve e nos salva.
O capítulo 20 de 2 Reis registra que Ezequias adoeceu grave-
mente, e era a intenção de Deus levá-lo. Porém, ele encostou o
rosto na parede, e orou com lágrimas, recordando a Deus que ele
havia servido ao Senhor com retidão e coração sincero. Foi uma
oração fervente (e talvez com poucas palavras, não sabemos),
daquelas que comove o coração do Pai. A resposta de Deus foi
mais rápida do que ele esperava, pois o profeta Isaias, que a
poucos instantes lhe havia profetizado, dizendo: “Assim diz o
Senhor: Põe em ordem tua casa, porque certamente morrerás”;
nem sequer havia saído do pátio, e Deus lhe falou dizendo: “Volta
e dize a Ezequias, chefe do meu povo: Assim diz o Senhor, Deus
de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que
eu te sararei; e ao terceiro dia subirás à Casa do Senhor” (2 Rs
20.1-5). Resumindo a história, Deus ouviu a oração, de Ezequias
e o curou, acrescentando-lhe mais quinze anos de vida (Is 38.1ss).
Moral da história: O nosso Deus ouve a oração fervente, quando
esta é feita de todo o coração, especialmente com lágrimas.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE MANASSÉS. É impres-
sionante ver como um filho pode ser e se comportar totalmente
diferente de seu pai (Ez 18.10-13). Manassés, o pior rei de Judá,
filho do rei Ezequias, ao que tudo indica, foi gerado três anos após
a cura milagrosa, na qual Deus lhe acrescentou quinze anos de
vida. Começou a reinar com apenas doze anos de idade, e a
diferença de seu pai, dedicou grande parte do seu tempo promo-
vendo a idolatria, edificando santuários pagãos e construindo
altares a Baal. Ele desfez tudo de bom que seu pai tinha feito,
levando o povo a pecar contra Deus. Colocou uma estátua pagã
dentro do Templo, praticou a necromancia, consultou aos feiticei-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 38

ros e adivinhos e fez muitos sacrifícios humanos, entre eles, seus


próprios filhos. O texto bíblico diz:
“Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar e
cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém. E fez o que era mal
aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos gentios que
o Senhor lançara de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a
edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha derribado, e levantou
altares a baalins, e fez bosques, e prostrou-se diante de todo o
exército dos céus, e o serviu. E edificou altares na Casa do Senhor,
da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém estará o meu nome
eternamente. Edificou altares a todo o exército dos céus, em
ambos os pátios da Casa do Senhor. Fez ele também passar os
seus filhos pelo fogo no vale do Filho de Hinom, e usou de
adivinhações, e de agouros, e de feitiçarias, e consultou adivinhos
e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do Senhor, para o
provocar à ira. Também pôs uma imagem esculpida, o ídolo que
tinha feito, na Casa de Deus, da qual Deus tinha dito a Davi e a
Salomão, seu filho: Nesta casa, em Jerusalém, que escolhi dentre
todas as tribos de Israel, porei eu o meu nome para sempre; e
nunca mais removerei o pé de Israel da terra que destinei a vossos
pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes
ordenei, conforme toda a lei, e estatutos, e juízos dados pelas
mãos de Moisés. E Manassés tanto fez errar a Judá e aos mora-
dores de Jerusalém, que fizeram pior do que as nações que
o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel. E falou
o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não deram ouvidos”
(2 Cr 33.1-10).
Sem dúvida ele foi o pior rei de Judá, o mais ímpio, apóstata,
perverso e cruel, como nenhum outro. Ele promoveu um massacre
terrível entre os profetas e sacerdotes fiéis. Segundo a tradição,
ele mandou matar o profeta Isaias cerrado pelo meio (Hb 11.37).
O que leva uma pessoa a fazer tudo errado, ou seja, andar na
contramão do certo e da verdade, é um coração rebelde. Manassés
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 39

procurou fazer tudo ao contrário do seu pai Ezequias. O texto


bíblico diz:
“De mais disso, também Manassés derramou muitíssimo sangue
inocente, até que encheu a Jerusalém de um ao outro extremo,
afora o seu pecado, com que fez pecar a Judá, fazendo o que
era mal aos olhos do Senhor” (2 RS 21.16).
O que nos chama a atenção em toda esta história, é como Deus
ouve a oração, não somente dos bons, mas também dos maus.
Algumas pessoas preferem não orar, pensando que Deus não lhes
ouvirá, porque se sentem tão pecadoras, tão culpadas e tão indi-
gnas, que acham difícil terem a resposta de Deus para suas
orações. Mas isso não passa de intimidação psicológica do inimigo
na mente humana, pois de acordo com a Bíblia, Deus ouve todo
aquele que de coração lhe invoca. Deus ouve, responde, perdoa e
restaura. Deus é bom. O problema de muitos é que têm se deixado
enganar pela manipulação mental do inimigo e não tem buscado a
Deus de coração. Lembre-se que em Jeremias 29.12,13 está escri-
to, o próprio Deus falando: “Então, me invocareis, e ireis, e orareis
a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis, quando me
buscardes de todo o vosso coração”.
O rei Manassés foi capturado e preso pelos assírios, e o que nos
chama a atenção é que estando no cativeiro, se humilhou e orou,
e Deus lhe respondeu e lhe perdoou de toda a maldade que fez.
Vejamos o que diz a Bíblia:
“Pelo que o Senhor trouxe sobre eles os príncipes do exército do
rei da Assíria, os quais prenderam Manassés entre os espinhais, e
o amarraram com cadeias, e o levaram à Babilônia. E ele, angus-
tiado, orou deveras ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se muito
perante o Deus de seus pais, e lhe fez oração, e Deus se aplacou
para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusa-
lém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o Senhor é
Deus”.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 40

É surpreendente como Deus é bom, a ponto de ouvir a oração do


ímpio, perdoá-lo e restaurá-lo. A grande lição que aprendemos
nesta história é que vale a pena orar. Mesmo depois de haver feito
o que desagrada a Deus, se orarmos com um coração sincero e
arrependido, e se o buscarmos com veemência ele nos ouve.
“O Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele, e, se o
buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará” (2 Cr
15.2b).
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JABES. Jabes (ou Jabez
nas versões em português), é um personagem bíblico, do qual
temos muito pouca informação. 1 Crônicas 4.9,10 registra que ele
fez uma oração pedindo a Deus prosperidade material, e Deus lhe
concedeu o que lhe tinha pedido. Até aí registra o texto sagrado.
Apenas dois versículos na Bíblia falam de Jabes, um sobre seu
nascimento, explicando o porquê do seu nome, e outro sobre sua
oração. Mais isto foi tão agradável a Deus, que o Espírito Santo
não quis deixar fora da Escritura. Veja o que diz a Bíblia:
“E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe chamou o
seu nome Jabez, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz. Porque
Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares
muitíssimo e meus termos amplificares, e a tua mão for comigo, e
fizeres que do mal não seja aflito!… E Deus lhe concedeu o que
lhe tinha pedido” (1 Cr 4.9,10).
Vamos aos detalhes da oração para entender o que mais agradou
a Deus, nas palavras deste homem desconhecido, em uma curta e
fervente oração.
Primeiro, ele invocou o Deus de Israel, ou seja, o Deus que tem
feito prosperar os judeus, e também todos os demais descen-
dentes de Abraão. A expressão Deus de Israel equivale dizer, Deus
vivo, Deus verdadeiro, Deus abençoador, Deus que tem prazer em
fazer seu povo prosperar. Deus gostou deste reconhecimento.
Segundo, “...me abençoares muitíssimo...” ele não queria ser aben-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 41

çoado pouco. Ele estava dizendo para Deus, quero ser abençoado
muito, ou melhor, muitíssimo, ou seja: Quero ter abundância. Se-
gundo a sua fé e seu entendimento, Deus dá as coisas em abun-
dância para delas gozarmos (1 Tm 6.17), ele também acreditava
que bens materiais é dom de Deus (Ec 5.19). Ele não era como
Agur (Pv 30.1-3,7-9), o homem sem entendimento de homem, que
se conformava com ter apenas a comida, como um porco no
chiqueiro, ou um jumento na carga. Terceiro, ele disse: “...meus
termos amplificares”, isto tem um amplo significado, e quem tem a
mente aberta compreende muito bem. Deus entendeu que ele
estava pedindo para lhe tirar do aperto. Quarto, ele disse a Deus:
“...e a tua mão for comigo”. Ele precisava da benção completa, isto
é, os bens e também a proteção, porque alguns obtêm os recursos,
mas não têm a proteção de Deus. Quinto, finalmente ele conclui
sua curta oração dizendo: “...e fizeres que do mal não seja aflito”.
Em muitos casos a prosperidade material traz consigo alguma
incomodidade. Por exemplo, quando Isaque se enriqueceu, a
Bíblia diz que os filisteus lhe tiveram inveja, e taparam os poços
que ele tinha cavado. Jesus disse a Pedro: “...quem deixar tudo por
amor de mim, receberá nesta vida cem vezes mais, ainda que com
perseguições” (Mc 10.30). Então Jabes orou por uma benção
completa, isto é, prosperidade mais a proteção divina.
Certamente aos olhos de Deus a atitude e a oração deste homem
não poderiam ficar sem resposta, e menos sem registro nas pági-
nas sagradas, para servir de lição e exemplo para muitos nas
gerações seguintes e nos tempos futuros.
Temos visto muitos pregadores dizendo que não devemos orar
pedindo a Deus prosperidade material, que isso é mau aos olhos
de Deus, e que esta procede do anticristo, que devemos confor-
marnos apenas com a salvação da alma, o perdão dos pecados,
os dons espirituais, e talvez se possível, por alguma boa sorte, a
roupa do corpo e nada mais. Argumentam ainda que Salomão não
orou pedindo a Deus dinheiro, prata, ouro, nem casa para morar.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 42

E, portanto, devemos seguir fielmente ao pé da letra seu exemplo,


não pedindo a Deus prosperidade material. Que erro terrível esse!
Refutamos esse argumento, porque o consideramos o cúmulo da
ignorância, e de todos os adjetivos relacionados. Salomão já nas-
ceu rico, no palácio real, rodeado de bens materiais de todo tipo.
Ele orou pedindo o que necessitava: Sabedoria. Cada pessoa deve
orar conforme sua própria necessidade, e não a dos demais. Jabes
(Jabez) tinha necessidade financeira, por isso orou pedindo o que
lhe fazia falta, e Deus ouviu a sua oração e lhe concedeu o que
pediu. Isto tem uma profunda lição para nós sobre a oração. Ore,
conforme a sua necessidade.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JEREMIAS. Para efeito do
nosso estudo, usamos a expressão “a oração” no singular; mas na
verdade, o correto é “as orações”. Jeremias, assim como todos os
demais profetas, foi sem dúvida um homem de oração. Esta
expressão significa “homem que vivia orando”. A oração dos
profetas era um verdadeiro diálogo com Deus; a diferença de
muitos, cuja oração não passa de um monólogo. Os profetas,
apesar de terem uma vida de sofrimento, tinham, no entanto, o
privilégio de conversar com Deus. Grande parte das orações de
Jeremias eram lamentações, pois ele orava chorando, por causa
da desobediência do povo de Judá. Tanto é assim, que ele
escreveu um livro que se chama Lamentações de Jeremias.
Temos alguns detalhes sumamente importante no chamamento de
Jeremias. Ele não faz parte da lista de homens que Deus escolheu
depois de observar seu comportamento no caminhar diário, como
fez com Noé, Abraão, Jacó, Josué, Calebe, Jefté, Davi e outros.
Não. Jeremias faz parte do grupo de homens que Deus escolheu
e predestinou antes no seu nascimento, para uma missão
específica, assim como fez com Sansão (Jz 13.3-5); Isaias (Is
49.1,2); João batista (Lc 1.15-17); Paulo (Gl 1.15-17), e outros.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 43

Jeremias era da cidade de Anatote (a uns três quilômetros de


Jerusalém). Foi um dos profetas maiores, e profetizou para o povo
de Judá durante uns quarenta anos, sob o reinado de Josias e seus
quatro sucessores. Vamos ao texto bíblico para apreciar melhor os
detalhes do seu chamado e da sua vida de oração:
“Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te
formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre,
te santifiquei e às nações te dei por profeta. Então, disse eu: Ah!
Senhor Jeová! Eis que não sei falar; porque sou uma criança. Mas
o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde
quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.
Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o
Senhor. E estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e disse-
me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca...” (Jr
1.4.9).
a) “Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo...”. Aqui é dito
que Deus falou com Jeremias. Isto é típico de todos os
profetas, pois são porta-vozes de Deus na terra. O rei Josafá
disse acertadamente que quem dá ouvidos à voz dos profetas
de Deus é prosperado, porque Deus fala através deles (2 Cr
20.20b).
b) “Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci...”. A
formação de um bebê no ventre materno é obra de Deus e não
do homem. Bem disse o sábio: “Assim como tu não
sabes ...como se formam os ossos no ventre da que está
grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz
todas as coisas” (Ec 11.5). O salmista Davi também falou que
Deus lhe formou no ventre de sua mãe, e lhe conheceu antes
que seu corpo fosse formado (Sl 139.13-16). Foi Deus quem
decidiu durante o processo da nossa formação no ventre da
nossa mãe, nossa cor de pele, sexo, dons e propósitos na vida.
Portanto não adiante querer fugir do propósito de Deus.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 44

c) “...antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te


dei por profeta...”. Não cremos na predestinação absoluta, mas
cremos na predestinação relativa; isto é, não cremos que tudo
o que acontece hoje, esteja predeterminado por Deus; obvia-
mente não. Mas cremos que algumas pessoas já nascem
predeterminadas por Deus para uma função ou missão espe-
cífica neste mundo, como no caso de Jeremias, que antes do
seu nascimento, Deus determinou que ele seria profeta; assim
como determinou que Sansão seria juiz, que Davi seria rei, que
Paulo seria apóstolo, etc. Também é digno de nota aqui, que
Deus dá livre-arbítrio aos homens, nos assuntos materiais;
porém, no ministério espiritual quem decide é Deus e não nós
(Jr 3.15), e isso é um bom motivo para quem tem juízo, honrar
e valorizar os mensageiros de Deus (Mt 10.40,41; Sl 105.15).
d) “Então, disse eu: Ah! Senhor Jeová! Eis que não sei falar;
porque sou uma criança...”. Isto não significa que Jeremias
fosse um recém-nascido, nem um pré-adolescente. Aqui,
Jeremias tinha aproximadamente uns vinte e três anos de
idade, quando teve este encontro com Deus. Quando ele disse:
‘Sou uma criança’, se referia à falta de experiência, de
capacidade ou sabedoria para falar a príncipes, governadores
e reis. Tampouco foi um erro da parte dele, senão humildade.
e) “Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança;
porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te
mandar dirás...”. Neste trecho aprendemos que o verdadeiro
profeta não vai aonde ele quer, senão aonde o Senhor manda.
Tampouco fala o que ele quer, senão a mensagem que Deus
dá. Isto serve de lição para todos nós.
f) “Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar,
diz o Senhor...”. Tem muita gente interpretando mal o agir de
Deus na vida dos seus servos, pensando que se Deus está
conosco, nada mal pode nos acontecer. É um erro grave
pensar assim. Deus nunca disse que não teríamos lutas. Disse
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 45

que Ele estaria conosco para nos dá a vitória. Jeremias foi real-
mente muito perseguido e maltratado, mas sempre vencedor.
g) “E estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e disse-me o
Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca...”.
Aquele encontro de Deus com Jeremias foi tão real, que Deus
tocou sua boa, pondo nela Suas palavras. Nós também
precisamos que Deus ponha em nossa boca Sua palavra.
No cap. 32 a partir do verso 16 vemos Jeremias conversando com
Deus numa longa oração. Não precisa dizer que Deus respondia
as orações do profeta, pois se tratava de verdadeiros diálogos.
Tampouco devemos pensar que a resposta de Deus significa fazer
exatamente o que pedimos. Todos nós já sabemos que Deus nos
responde de três modos distintos: Sim, não e espere. Obviamente
Jeremias não queria que Judá fosse levada cativa para Babilônia,
e orou muito por isto, mas mesmo assim, Nabucodonosor invadiu
Jerusalém e levou a maior parte dos judeus, especialmente os
mais nobres como cativos, e assim estiveram por setenta anos. Por
que Deus não os livrou, se tinha Jeremias orando por eles? As
vezes o problema não está em quem ora, senão naqueles por
quem se ora. O povo de Judá por exemplo, estava tão obstinado
contra Deus, e apegado à idolatria, que chegou ao ponto de Deus
proibir Jeremias de orar por eles. Vamos ao texto:
“Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou
oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei. Não vês tu
o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de
Jerusalém? Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo,
e as mulheres amassam a farinha, para fazerem bolos à deusa
chamada Rainha dos Céus, e oferecem libações a outros deuses,
para me provocarem à ira” (Jr 7.16-18).
Mas apesar desta proibição, Jeremias continuava orando por eles,
e Deus novamente lhe proibiu de orar, conforme está escrito: “Tu,
pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 46

oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a


mim, por causa do seu mal” (Jr 11.14).
Obviamente Deus estava respondendo a oração de Jeremias. Não
necessariamente dando-lhe o que pedia. Mas é claro que houve
resposta. Isto pode acontecer conosco hoje, de estarmos orando,
e Deus nos respondendo, não exatamente como desejamos. É
preferível aceitar sempre a vontade de Deus.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE DANIEL. Este jovem profeta
foi levado para babilônia na primeira leva de cativos por volta do
ano 605 a.C., tendo quinze ou dezesseis anos de idade. Daniel é
um exemplo para os jovens de hoje, pois apesar de sua pouca
idade, tinha muita maturidade, firmeza de caráter, muita fé, confi-
ança em Deus, fidelidade e lealdade ao seu povo, sua cultura, e
seus princípios éticos. Prova disto, é que ele de início rejeitou as
iguarias da mesa do rei Nabucodonosor, porque sabia que se
tratava de comidas sacrificadas aos ídolos, e preferiu não se conta-
minar. Esta decisão poderia lhe trazer seríssimas consequências
conforme revela o capítulo 1 do seu livro, versos 5 ao 8. Mas Deus
estava com ele e lhe concedeu graça aos olhos dos chefes encar-
regados da alimentação deles (1.9-16). O texto revela ainda que
Deus deu aos quatro jovens hebreus: Daniel, Ananias, Misael e
Azarias, inteligência, conhecimento e sabedoria, e a Daniel Deus
agregou mais entendimento em toda visão e sonhos. Como se
explica isto? É muito simples. Daniel era um jovem de oração, ou
melhor dito, era um adolescente consagrado e dedicado ao serviço
de Deus em forma voluntária, pois aquele que serve obrigado, ou
forçado, ou que precisa de estímulo da parte de outros, não obtém
tanta bênção como alcançou Daniel, que tinha uma vida íntima com
Deus por meio da oração.
Hoje em dia é bastante raro se encontrar um jovem dedicado na
oração. Vivemos uma época de muitas distrações e de muita
facilidade, e a grande maioria das pessoas só ora movida por
alguma crise. Que lamentável e vergonhoso é isso aos olhos de
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 47

Deus! Mas é bom saber que aqueles que só oram quando estão
em dificuldades, não formam parte do círculo íntimo de Deus, como
Daniel por exemplo (Sl 25.14).
Em todo o seu livro está evidente que Daniel era um jovem de
oração. Quando ele soube que Arioque tinha ordens do rei para
matar os sábios de Babilônia, porque não puderam adivinhar e
interpretar o terrível sonho de Nabucodonosor, falou-lhe com firme-
za dizendo que não matasse aqueles homens. Agora o capitão da
guarda se encontrava em um beco sem saída. O rei diz: ‘Mate...’,
o jovem profeta, recém-chegado a Babilônia diz: ‘Não mates...’.
Obviamente Arioque tinha a obrigação de obedecer ao rei, mas
Daniel insistia em salvar a vida dos magos. E Daniel lhe disse mais:
Introduze-me na presença do rei. E Daniel pediu ao rei que lhe
desse tempo para orar e consultar o Deus do Céu, pois ele revela
o profundo e o escondido, conhece o que está em trevas; e com
ele mora a luz (2.22).
Note que Daniel pediu ao rei tempo para orar. A oração leva tempo.
O problema de muitos é que não passam tempo em oração, isto é,
o tempo que oram é insignificante. A geração de cristãos modernos
já não passa tempo em oração, como a de antes. Lamentavel-
mente a vida de oração foi substituída pelas diversões. Isso
entristece o coração de Deus. No passado a igreja orava mais, e
os crentes eram constantemente estimulados a orar. Os prega-
dores mais ungidos e mais eloquentes do passado viveram em
oração, e disseram isto a respeito do valor e significado de uma
vida consagrada aos pés do Senhor:
“Eu posso fazer mais que orar, depois de ter orado, mas eu não
posso fazer mais que orar, até que tenha orado!” (John Bunyan).
“Quando agimos, colhemos os frutos do nosso trabalho, mas,
quando oramos, colhemos os frutos do trabalho de Deus.” (Hans
Von Staden).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 48

“Não há nada que nos faça amar tanto uma pessoa quanto orar por
ela” (Willian Law).
“Sempre que Deus deseja realizar algo, Ele convoca seu povo para
orar” (Charles Spurgeon).
“Quando trabalhamos, nós trabalhamos, quando oramos, Deus
trabalha” (Hudson Taylor).
“Eu preferiria ensinar um homem a orar do que dez homens a
pregar” (Charles Spurgeon).
“A maior preocupação do diabo é afastar os cristãos da oração. Ele
não teme os estudos, nem o trabalho e nem a religião daqueles
que não oram. Ele ri de nossa labuta, zomba de nossa sabedoria,
mas treme quando nós oramos” (Samuel Chadwick).
“O homem que mobiliza a igreja cristã para orar estará dando a
maior contribuição para a história da evangelização do mundo”
(Andrew Murray).
"Os homens podem desdenhar nossos apelos, rejeitar nossa
mensagem, opor-se a nossos argumentos, desprezar-nos, mas
nada podem fazer contra nossas orações” (Sidlow Baxter).
“Nunca pedi coisa alguma em oração sem um dia, afinal, recebê-
la de alguma maneira, de alguma forma” (Charles Muller).
“A fé é onipotente só quando está de joelhos” (Autor desconhecido)
"Deus nada faz a não ser em resposta à oração" (John Wesley).
“A oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem”
(Agostinho de Hipona).
“Na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras
sem um coração” (John Bunyan).
“Orar antes de fazer algo é dependência. Orar depois é gratidão.
Orar sempre é comunhão” (S.Savg). (Miss. Alexandre da Rosa).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 49

Antes de você se tornar um expositor da Palavra de Deus, deveria


primeiro aprender a andar em comunhão com Deus por meio da
oração permanente. Cada pessoa tem uma experiência singular de
vida devocional com Deus. Quando perguntaram ao Evangelista D.
L. Moody quanto tempo ele orava por dia, a resposta foi: “Cada vez
que oro, não passo mais de dez minutos orando, porém, não
lembro se em minha vida, já passei dez minutos sem orar.
O Pastor David Yonggi Cho, da maior igreja do mundo, em Seul,
Coreia do Sul, tem a experiência de orar de duas a três horas antes
de pregar seus sermões na igreja que preside, e orar de quatro a
cinco horas antes de pregar no Japão, porque o clima espiritual é
muito pesado, a diferença da Coréia, onde a igreja vive em oração
permanente.
Viver ou agir sem orar, é viver ou agir sem depender de Deus. Só
ora quem reconhece que precisa de Deus, e que em si mesmo não
há capacidade alguma para, sequer, discernir entre o certo e o
errado; muito menos para resolver problemas difíceis. Por isso
Daniel pediu tempo ao rei para orar, e pedir ao Deus do Céu, que
lhe revelara o sonho e sua interpretação. Um detalhe interessante
que encontramos nos versos 17 e 18 do cap. 2, é que Daniel levou
o assunto ao conhecimento dos três companheiros (Hananias,
Misael e Azarias), para que orassem também. Aqui vemos a
importância da oração coletiva, que por certo é um tema muito
importante para ser detalhado em outro momento. Os quatro
jovens oraram pelo mesmo assunto, porém, a resposta foi dada a
um deles, a saber: Daniel (v 19). É interessante notar que Daniel
vivia mesmo em oração. Observando o texto, vemos que ele orou,
primeiramente pedindo a Deus a revelação sobre o misterioso
sonho do rei. Depois que obteve a resposta, ele fez outra oração.
Agora uma oração de ação de graças. Muitos crentes não possuem
esta atitude. Apenas oram pedindo a bênção de Deus, mas não
oram agradecendo. A gratidão agrada tanto o coração de Deus,
como a oração dependente. Costumamos dizer que Deus não tem
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 50

filhos prediletos nem faz acepção de pessoas, pois Ele ama a


todos. No entanto tem pessoas com características, condutas,
atitudes e comportamentos superiores, que conquistam mais
facilmente o coração do Pai. Deus é detalhista e observa com
cuidado nosso comportamento. Orar, por exemplo, agrada muito a
Deus; um coração agradecido, agrada muito mais. E ser grato ou
não, é uma decisão pessoal (Dn 2.16-19), e Deus toma muito em
sério isso.
Daniel aproveitou a oportunidade de pregar para maior autoridade
da Babilônia, o rei Nabucodonosor.
Quando o rei lhe perguntou: Podes tu fazer-me saber o sonho que
vi e a sua interpretação? “Respondeu Daniel na presença do rei e
disse: “O segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos,
nem magos, nem adivinhos o podem descobrir ao rei. Mas há um
Deus nos céus, o qual revela os segredos; ele, pois, fez saber ao
rei Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias; o teu sonho e
as visões da tua cabeça na tua cama são estas: Estando tu, ó rei,
na tua cama, subiram os teus pensamentos ao que há de ser
depois disto. Aquele, pois, que revela os segredos te fez saber o
que há de ser. E a mim me foi revelado este segredo, não porque
haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas
para que a interpretação se fizesse saber ao rei e para que
entendesses os pensamentos do teu coração” (Dn 2.27-30). E a
continuação contou o sonho e sua respectiva interpretação com
todos os seus detalhes.
Outro detalhe muito interessante neste episódio, é a humildade de
Daniel. Esta é mais uma caraterística que agrada muito a Deus.
Quem é humilde nunca se exalta nem toma glória para si mesmo.
Ele disse ao rei, que teve a revelação, não porque seja mais
inteligente que os demais sábios do reino, senão porque o Deus
do Céu, lhe revelou. Ou seja, que o homem por si mesmo não é
capaz de nada, absolutamente nada. Que Deus é quem faz tudo
por nós e através de nós; mas é sempre Deus e não o homem.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 51

No cap. 6 nos diz que os caldeus tiveram forte inveja de Daniel,


porque o rei Dario havia constituído cento e vinte presidentes, e
sobre eles, três príncipes, dos quais Daniel era um, e por certo o
mais distinguido, porque tinha um espírito excelente, era fiel, não
tinha vício nem culpa alguma, o rei pensava constituí-lo sobre todo
o reino. Então os caldeus armaram um laço contra Daniel, fazendo
um decreto, o qual o rei assinou, para que quem fosse encontrado
orando a algum deus por espaço de trinta dias, fosse lançado na
cova dos leões. Eles fizeram isso, justamente porque sabiam que
Daniel era homem de oração. Quem ora abala o reino das trevas.
É por isso que muitos preferem viver sem orar, para não incomodar
o inimigo. Não pense intensificar sua vida de oração sem mexer
com a estrutura do mal, sem incomodar o inferno, e sem ter guerra
espiritual. Se você decide orar mais, precisa saber que vai ter
guerra no mundo espiritual, é obvio; mas também vai ter vitória,
porque orar significa caminhar de mãos dada com Deus, tal como
uma criança que é conduzida pela mão do pai.
Daniel tinha bons hábitos, entre eles, o da oração permanente. Ele
não esquecia de orar. E não havia nada que lhe impedisse de orar.
Nem mesmo ameaças de morte lhe fariam desistir da oração. A
Bíblia diz: “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas
abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de
joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também
antes costumava fazer” (Dn 6.10).
Essa decisão de Daniel, de permanecer firme na oração, apesar
da proibição, causou um impacto tremendo nos seus adversários.
Um impacto não de raiva nem de tristeza, mas de alegria, porque
o que eles desejavam era justamente que Daniel fosse lançado na
cova dos leões. Eles mesmos se ocuparam de vigiar Daniel, para
ver se obedeceria ao decreto, ou se oraria ao seu Deus. Por isso
podemos crer que quando encontraram Daniel orando, se ale-
graram, porque pensaram que isso representaria o fim do profeta.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 52

Mas se equivocaram e a alegria deles durou pouco. Daniel foi


lançado na cova dos leões, tal como dizia o decreto, mas Deus
enviou seu anjo, o qual fechou a boca dos leões, para que não
tocassem em Daniel. Orar não significa viver isento de provas e
perseguições, significa ter o Deus vivo e verdadeiro agindo a nosso
favor, e envergonhando nossos adversários. Se você observar
bem o texto bíblico, verá que no dia seguinte o rei Dario mandou
tirar Daniel são e salvo da cova, e mandou em seguida lançar ali
todos os seus opositores, os quais foram rapidamente despeda-
çados pelos leões. Não nos alegramos com a desgraça dos
caldeus, mas aprendemos com esta história, que vale a pena viver
em oração, na dependência daquele que tudo pode, e que é o
guarda fiel do Seu povo. Ore mais, e entenda que, ao passo que
isto incomoda o reino das trevas, aos olhos de Deus é coisa linda
ver-nos de joelhos em oração, seja ela petição pessoal, interces-
são por outros, ou adoração e ação de graças.
Insistimos em dizer que oração é guerra espiritual, e isto está
demonstrado nos caps. 9 e 10 de Daniel. Os setenta anos de
cativeiro na Babilônia, profetizado por Jeremias haviam termina-
dos, e os judeus permaneciam ali (Dn 9.2). Isto afligiu muito a alma
de Daniel; por isso ele fez esta oração:
“E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com
oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza. E orei ao Senhor,
meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e
tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os
que te amam e guardam os teus mandamentos; pecamos, e
cometemos iniquidade, e procedemos impiamente, e fomos
rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus
juízos; e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em
teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais,
como também a todo o povo da terra. A ti, ó Senhor, pertence a
justiça, mas a nós, a confusão do rosto, como se vê neste dia; aos
homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel;
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 53

aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens


lançado, por causa da sua prevaricação, com que prevaricaram
contra ti. Ó Senhor, a nós pertence a confusão do rosto, aos
nossos reis, aos nossos príncipes e a nossos pais, porque
pecamos contra ti. Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia
e o perdão; pois nos rebelamos contra ele e não obedecemos à
voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos
deu pela mão de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel
transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz;
por isso, a maldição, o juramento que está escrito na Lei de
Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos
contra ele. E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e
contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre
nós um grande mal; porquanto nunca debaixo de todo o céu
aconteceu como em Jerusalém. Como está escrito na Lei de
Moisés, todo aquele mal nos sobreveio; apesar disso, não
suplicamos à face do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos
das nossas iniquidades e para nos aplicarmos à tua verdade. Por
isso, o Senhor vigiou sobre o mal e o trouxe sobre nós; porque
justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que
fez, pois não obedecemos à sua voz. Na verdade, ó Senhor, nosso
Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa
e ganhaste para ti nome, como se vê neste dia, pecamos;
procedemos impiamente. Ó Senhor, segundo todas as tuas
justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de
Jerusalém, do teu santo monte; porquanto, por causa dos nossos
pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, tornou-se
Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em
redor de nós. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu
servo e as suas súplicas e sobre o teu santuário assolado faze
resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus meu,
os teus ouvidos e ouve; abre os teus olhos e olha para a nossa
desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque
não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 54

nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Ó Senhor,


ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar;
por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu
povo se chamam pelo teu nome” Amém (Dn 9.4-19).
Observe que Daniel orou rasgando a sua alma diante de Deus. Isto
é demonstrado pela expressão no verso 3: “...para o bus-
car com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza...”. Em
segundo lugar, ele orou semelhante ao rei Josafá e o rei Ezequias,
começou exaltando a grandeza de Deus. Terceiro, ele orou com
base na palavra, recordando a Deus o que estava escrito, sobre
Suas promessas para Seu povo. Quarto, confessou os pecados do
povo assumindo como se fossem dele. Isto é uma verdadeira
oração sacerdotal, com muita humildade. Sexto, admitiu que
caíram em maldição (porque viver em cativeiro é realmente uma
maldição), mas que estavam recebendo o peso da merecida justiça
de Deus, porque os filhos de Israel transgrediram as leis divinas
dadas por meio de Moisés e os demais profetas. Sétimo, clamou
com veemência, com muita intensidade para que Deus os per-
doasse e os restaurasse.
Esta oração tocou mesmo o coração de Deus, e em seguida veio
o anjo Gabriel trazendo a resposta. Nos versos 20-23 Daniel
afirma: “Estando eu ainda falando, e orando, e confessando o meu
pecado e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica
perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu
Deus, estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel,
que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando
rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. E me
instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te
entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e
eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma, pois, bem
sentido na palavra e entende a visão” (Dn 9.3-23).
É interessante notar todos os detalhes nesta oração. Daniel conclui
fazendo ênfase na confissão de pecados. Deus quer que realmente
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 55

confessemos os nossos pecados, pois aquele que confessa e se


aparta alcança misericórdia (Pv 28.13). A resposta foi imediata.
Nem sempre Deus responde de imediato. Em cada caso Deus tem
uma forma diferente de agir. O anjo Gabriel, conhecido na Bíblia
como o anjo das boas novas, veio voando rapidamente trazer a
resposta da oração. Algumas vezes Deus responde as orações
simplesmente concedendo o que lhe pedimos, sem voz nem
mensageiro; como fez com Jabez quando orou pedindo prospe-
ridade material, e o Senhor lhe concedeu; outras vezes Deus fala
pessoalmente, como fez com Moisés várias vezes; outras vezes
Deus nos fala através de um profeta, como fez com Davi por meio
dos profetas Gade e Natã; outras vezes em sonho, como fez com
Jacó, outras vezes através de revelações, como fez com o próprio
Daniel no cap. 2; mas aqui nesta oração do cap. 9 Deus enviou seu
anjo, porque se tratava de uma mensagem detalhada sobre
setenta semanas de anos que estavam determinadas sobre os
judeus (isto já explicamos no nosso livro de Escatologia:
Apocalipse eventos do fim do mundo). Outro detalhe maravilhoso
aqui é que Daniel é conhecido no Céu pelo nome de Daniel, e não
Beltessazar (Daí podemos crer que também os outros três jovens
hebreus são conhecidos no Céu como Hananias, Misael e Azarias,
e não como Mesaque, Sadraque e Abede-Nego). Mais um detalhe
interessante, que muitos têm dificuldade de compreender, que é
possível ter um encontro real com anjos. Aqui Daniel diz que o anjo
lhe tocou. Isto não é algo novo. Jacó também teve um encontro
com o Anjo do Senhor, o qual lhe tocou a juntura da sua coxa (Gn
32.25). Como é bom saber que é possível ter um encontro real com
Deus por meio da oração, e que a pessoa que ora aqui na terra é
muito amada no Céu. O anjo Gabriel disse a Daniel: “Eu vim porque
es mui amado” (10.11,19). Que privilégio.
“Naqueles dias, eu, Daniel, estive triste por três semanas com-
pletas. Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram
na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram
as três semanas” (10.2,3).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 56

“E eis que uma mão me tocou e fez que me movesse sobre os


meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos. E me disse:
Daniel, homem mui desejado, está atento às palavras que te vou
dizer e levanta-te sobre os teus pés; porque eis que te sou enviado.
E, falando ele comigo esta palavra, eu estava tremendo. Então, me
disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia, em que
aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o
teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das
tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte
de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros
príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da
Pérsia. Agora, vim para fazer-te entender o que há de acontecer
ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda
para muitos dias. E, falando ele comigo essas palavras, abaixei o
meu rosto e emudeci. E eis que uma como semelhança dos filhos
dos homens me tocou os lábios; então, abri a minha boca, e falei,
e disse àquele que estava diante de mim: Senhor meu, por causa
da visão, sobrevieram-me dores, e não me ficou força algu-
ma. Como, pois, pode o servo deste meu senhor falar com aquele
meu senhor? Porque, quanto a mim, desde agora não resta força
em mim, e não ficou em mim fôlego. E uma como semelhança de
um homem me tocou outra vez e me confortou. E disse: Não
temas, homem mui desejado! Paz seja contigo! Anima-te, sim,
anima-te! E, falando ele comigo, esforcei-me e disse: Fala, meu
senhor, porque me confortaste. E disse: Sabes porque eu vim a
ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu,
eis que virá o príncipe da Grécia. Mas eu te declararei o que está
escrito na escritura da verdade; e ninguém há que se esforce
comigo contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe” (10.10-
21).
Daniel, a estas alturas tinha já cerca de oitenta e cinco anos de
idade. Vivendo no cativeiro desde os quinze. Ele leu os escritos de
Jeremias, e encontrou que já os setenta anos de cativeiro preditos
se haviam cumprido. Seu desejo, bem como o de todos os demais
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 57

judeus era retornar à sua pátria. Por isso esteve triste, e fez vinte
e um dias de jejum parcial. Deus aceita qualquer um dos três
conhecidos tipos de jejum. O jejum total ou também chamado
sobrenatural é a abstenção total de comida e bebida. Temos como
exemplo Moisés e Elias. O jejum típico é a abstenção apenas de
comida, mas não de bebida. Muitos estudiosos creem que este foi
o tipo de jejum que Jesus fez; mas é apenas dedução, pois o texto
não o diz claramente. O jejum parcial é a abstenção apenas de
alguns tipos de alimentos, isto é, manjar desejável e carnes. Este
foi o tipo de jejum que Daniel fez, conforme registra o texto. E Deus
aceitou.
A oração em si mesma já é um recurso espiritual muito importante,
e quando é acompanhada com jejum se torna mais efetiva ainda.
Tem irmãos na igreja que por falta de experiência dizem que na
hora de expulsar um demônio precisa-se estar em jejum. É um erro
pensar assim. O jejum nos faz mais sensíveis espiritualmente, nos
transporta do natural para o sobrenatural e debilita a nossa carne.
Nosso corpo físico fica sem força. Note que Daniel quando viu o
resplendor do anjo desmaiou completamente (10.9). Ele ficou
prostrado, e o anjo lhe toucou e lhe animou, e mandou que ficasse
de pé para ouvi-lo. Por isso dizer que se deve estar em jejum na
hora de expulsar demônio é um erro. É preciso ter jejuado, e depois
se alimentado. Durante o jejum há muita fraqueza, mas depois há
poder espiritual.
O anjo disse a Daniel que sua oração foi ouvida no céu desde o
primeiro dia, e que ele veio por causa da sua oração. Observe dois
detalhes importantes aqui: Primeiro, sua oração foi ouvida no céu.
Quando nós oramos, nossa oração é ouvida no céu. É gratificante
saber disto. Dá vontade de orar mais. O fato de algumas vezes não
chegar a resposta de imediato não significa que a oração não tenha
chegado na presença de Deus. Nossa oração é mais poderosa que
toda a tecnologia da NASA. Em segundo lugar, observe que o anjo
disse a Daniel: “Eu vim por causa da tua oração”. Se ele não
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 58

tivesse orado o anjo não teria vindo. Se nós não orarmos nada
acontecerá, mas se perseverarmos em orar muitas coisas acon-
tecerão, tanto no mundo espiritual como no material.
Outro detalhe interessante é que o anjo disse: “...desde o primeiro
dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-
te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por
causa das tuas palavras...” Observe que disse “aplicaste o teu
coração”. Há uma relação profunda entre a oração e o coração. Se
tirar o “C” do coração, só fica oração. A Bíblia diz: “Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração” que se entende: Amarás
o teu próximo com oração (Dt 10.12). “Buscar-me-eis e me
achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr
29.13). Já em 2 Crônicas 7.14 Deus a muito tempo havia dito:
“...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e
orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus
caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus
pecados, e sararei a sua terra”. Daniel ao orar cumpriu com esta
norma.
No verso 13 do cap. 10 o anjo declarou que veio trazer a resposta
da oração no primeiro dia, mas o príncipe da Pérsia se instalou nos
ares e não o deixou passar. Na segunda parte deste livro expli-
caremos com detalhes quem são esses estorvos que impedem a
resposta de nossas orações. Cremos que cada vez que oramos
entramos em guerra espiritual. O verso 1 diz que se trata de uma
guerra prolongada. Também cremos, segundo a Angelologia, ou
doutrina dos anjos, que sobre cada país do mundo há um
principado que comanda milhões de demônios nos ares, os quais
batalham sem cessar contra os seres humanos na terra. Isto está
respaldado pelos versos 1,13,20,21 do cap. 10, e também
Apocalipse 12.7-10; 20.7,8. Sendo assim, o príncipe da Pérsia,
bem como o príncipe da Grécia mencionado no v. 20 são demônios
de alta hierarquia no mundo espiritual. São comandantes de alto
nível das forças do mal. Tanto é assim que foi preciso o Arcanjo
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 59

Miguel intervir. A tradição judaica chama Miguel de o arcanjo da


espada. Arcanjo significa anjo chefe. A Bíblia francamente o chama
de anjo guardião de Israel. As demais nações do mundo têm sobre
si desde os ares um principado satânico, mas Israel privilegiada-
mente tem o Arcanjo Miguel como anjo protetor. Aleluia!
Essa experiência não é exclusiva de Daniel. Todos nós quando
oramos entramos em guerra contra o mundo espiritual. Satanás e
seus demônios não são felizes, e sabem que o destino que lhes
espera em breve é de sofrimento infinito, por isso, deseja levar os
humanos ao inferno, e de não poder levar os servos de Deus ao
inferno eterno, pelo menos eles lutam com incansável esforço para
fazer que vivamos algo do inferno nesta vida, através de infeli-
cidade, dor, escassez, tristeza e todo tipo de sofrimento. É por isso
que ele faz de tudo para que nossas orações não sejam respon-
didas. Mas nós devemos seguir o exemplo de Daniel, que não
desistiu, senão que perseverou até que obteve a resposta. Quem
conhece a Deus não desiste de orar. Nosso Deus é bom e
responde as orações.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JONAS. A história do profeta
Jonas, o missionário que preferia ver o povo morrer que ser salvo,
nos ensina muito, não somente a respeito de missões, obediência,
comportamentos, atitudes e ministério; mas também oração.
Jonas, assim como os demais profetas era um homem de oração.
Ele conversava com Deus. Ele estava na lista dos personagens
mais privilegiados, pois era profeta, e, isto não é qualquer coisa.
O que podemos notar em Jonas é que ele, apesar de quaisquer
virtudes e privilégios que tivesse, era tão humano, melancólico,
fraco e frágil como qualquer outro; mas ele orava e Deus lhe
respondia. Isto é evidente. Um dia Deus lhe entregou uma missão
para que a cumprisse na cidade de Nínive, capital da Assíria, mas
ele, temendo que o povo se arrependesse ao ouvir a sua pregação,
e Deus decidisse salvá-lo, preferiu empreender uma viagem no
sentido oposto. Desceu a Jope (atual Tel-Aviv), e tomou um navio
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 60

rumo a Társis (atual Sanlúcar de Barrameda, na Espanha). Essa


atitude Deus não aprovou. Afinal de contas toda desobediência à
voz de Deus, traz sérias consequências, e ele sabia disso muito
bem, pois era um profeta e conhecia a lei de Deus.
No meio do mar mediterrâneo Deus enviou uma tempestade que
açoitou fortemente aquela embarcação. Jonas foi encontrado
culpado, e foi lançado no mar (1.4-15). A Bíblia diz que Deus enviou
um grande peixe que o tragou (1.17). E estando no ventre do peixe
ele fez o único que podia fazer naquele momento; nada mais que
uma oração. Assim está escrito:
“E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe. E
disse: Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu;
do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz” (Jn 2.1,2).
O texto bíblico diz que Jonas orou ao Senhor desde as entranhas
do peixe. O escritor sacro não se preocupou em detalhar que tipo
de animal engoliu Jonas. Se ocupou apenas de registrar o milagre.
Alguns pensam que era uma baleia porque em Mateus 12.40 Jesus
disse baleia, mas isso está apenas na Almeida Corrigida. Em todas
as demais versões da Bíblia diz grande peixe ou monstro marinho.
O mais importante é que o milagre aconteceu. Vamos observar os
detalhes do texto bíblico.
Jonas orou, e isto é algo sumamente importante. Que mais poderia
ele fazer? Enquanto ele tinha liberdade de escolha, tomou a
decisão errada, igual Adão e Eva no Éden, e igual a nós hoje em
plena liberdade. Mas agora, Jonas no ventre do peixe não tinha
uma lista de opções. Ele só podia fazer uma única coisa: Orar. Que
pena que muitos de nós não oramos quando tudo vai bem na vida,
e deixamos para orar, quando essa é a única opção que nos resta.
E muitas vezes Deus permite a adversidade na vida dos seus
servos para que orem, porque de outro modo, sempre faz a
escolha errada.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 61

Como foi a oração de Jonas? O texto não revela com quais


palavras ele orou, mas diz que ele estava em angústia e clamou.
O verbo clamar dá a conotação de gritar. Mas como podia gritar,
se estava no ventre de um animal? O v. 2 diz que ele gritou. Não
precisamos pensar naquele grito que se ouve com os ouvidos
físicos. Devemos, mas bem pensar na dor, na preocupação, no
medo, na desesperação e no sufoco que sentia ali dentro. Uma
pessoa pode clamar com a alma. É um tipo de clamor que ninguém
ouve, somente Deus, porque é onipotente, onipresente e
onisciente. Assim como ele ouviu a oração de Ana (mãe de
Samuel), que apenas movia os lábios, assim também ouviu a
oração de Jonas. E isto nos ensina muito, e nos alegra saber que
Deus ouve, não somente o grito dos nossos lábios, mas também o
grito da nossa alma. Jonas afirmou: “...do ventre do inferno gritei,
e tu ouviste a minha voz” (v 2). Deus ouve as orações. Aleluia!
Muitas vezes nossos pensamentos são bombardeados pelo
inimigo, fazendo-nos pensar que Deus não se interessa por nossas
orações. É um ataque maligno à nossa fé. Mas Deus ouve até
mesmo aquelas palavras que não pronunciamos. Ele ouve o grito
da alma.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DOS NINIVITAS. Ainda no livro
de Jonas temos dois relatos de orações respondidas. Primeiro,
vemos como Deus respondeu a oração dos ninivitas, um povo
muito ímpio e terríveis inimigos de Israel, que tinham o costume de
torturar os judeus das formas mais cruéis e violentas deste mundo.
Mas quando o rei ouviu a pregação de Jonas, sentiu temor,
reconheceu que Deus podia fazer aquilo que o profeta anunciava,
e proclamou um jejum. Está escrito:
“E os homens de Nínive creram em Deus, e proclamaram um
jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até ao
menor. Porque esta palavra chegou ao rei de Nínive, e levantou-se
do seu trono, e tirou de si as suas vestes, e cobriu-se de pano de
saco, e assentou-se sobre a cinza. E fez uma proclamação, que se
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 62

divulgou em Nínive, por mandado do rei e dos seus grandes,


dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas
provem coisa alguma, nem se lhes dê pasto, nem bebam
água. Mas os homens e os animais estarão cobertos de panos de
saco, e clamarão fortemente a Deus, e se converterão, cada um do
seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos” (Jn 3.5-8).
E o texto bíblico continua dizendo que Deus ouviu a oração deles,
aceitou o jejum que fizeram, e se aplacou da sua ira, e não
derramou sobre eles o juízo que tinha já preparado (3.9,10). Para
nós hoje é gratificante saber que as misericórdias, a graça e a
bondade de Deus não se limitam apenas ao povo de Israel, mas a
todos aqueles que creem em Deus, se arrependem de suas
maldades e o buscam de coração. Mas para Jonas, isto não lhe
causou nenhuma alegria. Ao contrário, lhe causou grande
desgosto ver Deus perdoar os ímpios. Na sua opinião Deus não
deveria perdoá-los jamais, mas sim destruí-los como havia dito. De
fato, ele estava ansioso por ver a destruição daquele povo. Havia
no seu coração forte desejo de vingança contra seus inimigos. No
cap. 4 v.1 lemos: “Mas desgostou-se Jonas extremamente disso e
ficou todo ressentido”. Agora ele faz mais uma oração, mesmo
com o coração ressentido, e Deus lhe respondeu. Observe que o
objetivo predominante neste livro é deixar claro que Deus
responde:
“E orou ao Senhor e disse: Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse,
estando ainda na minha terra? Por isso, me preveni, fugindo para
Társis, pois sabia que és Deus piedoso e misericordioso,
longânimo e grande em benignidade e que te arrependes do
mal. Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a minha vida, porque melhor
me é morrer do que viver” (4.2,3).
Observando bem de perto os detalhes desta oração, Jonas parece
louvar a Deus, ao dizer que sabia que Deus é piedoso,
misericordioso, longânimo, e de grande benignidade, e que desiste
de enviar o juízo. Mas na verdade sua atitude interna não era de
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 63

louvor, era de raiva mesmo. É como se ele estivesse dizendo a


Deus: “O Senhor está errado em perdoar esse povo ímpio, o
Senhor devia destruí-lo, tal como tinha dito”. Também explica para
Deus o motivo pelo qual não queria pregar aos ninivitas, e porque
preferiu fugir para Társis. Deste modo Jonas revela seu orgulho
pessoal, seu desejo de vingança, e se demostra decepcionado
porque sua palavra não se cumpriu do modo que ele esperava.
Finalmente ele pede a Deus que lhe tire a vida e diz que é melhor
morrer do que viver. Depois desta egoísta oração Deus lhe
respondeu: “E disse o Senhor: É razoável esse teu ressen-
timento?” (4.4).
No mesmo cap. 4 vemos que Jonas saiu da cidade, e fez uma
cabana do lado do oriente, e assentou-se para ver o que
aconteceria com a cidade. O texto diz que Deus fez nascer uma
aboboreira que lhe servia de sombra para Jonas e ele se alegrou
muito com isto. Mas logo Deus mandou um bicho que ao dia
seguinte feriu a aboboreira e esta morreu. E Jonas outra vez ficou
com raiva de Deus, por ter matado aquela planta e orou novamente
pedindo a morte, dizendo que lhe era melhor morrer do que viver.
E Deus lhe respondeu, levando-lhe a refletir sobre sua atitude de
valorizar mais um pé de abóbora do que a vida de cento e vinte mil
seres humanos que arrependidos lhe buscaram com oração e
jejum.
Moral da história: Deus responde as orações, não somente dos
bons, justos, santos e perfeitos. Deus ouve a oração de todos
aqueles que, mesmo sendo pecadores, oram de todo o coração.
Jesus disse: “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores;
mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse
ouve” (Jo 9.31).
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE ESDRAS. A Bíblia descreve
o sacerdote Esdras como um mestre muito versado nas Escrituras
(Ed 7.6), por certo ele é considerado o maior mestre espiritual do
Antigo Testamento, responsável de liderar o retorno do segundo
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 64

grupo de exilados de Babilônia para Jerusalém. Ele havia dito ao


rei Artaxerxes que a mão de Deus estava com eles para bem.
Depois disso ficou a pensar no grande desafio que tinha pela
frente, durante a viagem: Enfrentar inimigos no caminho. É claro
que havia inimigos. Todos nós temos inimigos no caminho, tanto
há inimigos humanos, como há inimigos no mundo espiritual.
Nossa vida está rodeada de perigos de todo tipo. A lógica era, do
ponto de vista humano, pedir ao rei que lhe desse soldados
armados para protegê-los pelo caminho. Mas ele ficou com
vergonha. Ele disse:
“Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humi-
lharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho
direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazen-
da. Porque me envergonhei de pedir ao rei exército e cavaleiros
para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto tínhamos
falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que
o buscam para o bem, mas a sua força e a sua ira, sobre todos os
que o deixam. Nós, pois, jejuamos e pedimos isso ao nosso Deus,
e moveu-se pelas nossas orações. E partimos do rio de Aava, no
dia doze do primeiro mês, para irmos para Jerusalém; e a boa
mão do nosso Deus estava sobre nós e livrou-nos da mão dos
inimigos e dos que nos armavam ciladas no caminho” (8.21-23,31).
Observemos os detalhes do texto em apreço: Esdras disse:
“Apregoei ali um jejum”. Trata-se de uma convocatória para um
jejum coletivo. Ele não jejuaria sozinho, pois a benção da proteção
não era para ele só, senão para todos, então todos deviam jejuar.
Com isto, Esdras demostrou que era, não somente sacerdote e
mestre; mas também líder. O sacerdote ora e jejua sozinho, mais
o líder influencia o povo a jejuar coletivamente. Algumas vezes é
preciso orar e jejuar a sós; outras vezes é preciso fazer isso em
coletivo. Por certo temos muitos exemplos disso nas Escrituras.
Esdras prossegue explicando para que o jejum. Ele disse: “Para
nos humilharmos diante da face do nosso Deus”. Ele sabia que se
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 65

a oração por si só, já move a mão de Deus, feita com jejum, move
a mão e o coração. Isto nos faz lembrar as palavras ditas pelo
próprio Deus em 2 Crônicas 7.14: “Se o meu povo que se chama
pelo meu nome se humilhar, e orar, e buscar a minha face... Eu
ouvirei desde os céus...”. Ele explica mais: “...para lhe pedirmos
caminho direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa
fazenda”. Isto deveria servir de lição e exemplo para todos nós hoje
em dia, antes de fazer uma viagem ou tomar alguma decisão
importante, primeiro orar, buscando a direção e proteção de Deus.
Ele disse também: “Para nós, e para nossos filhos”. Devemos orar
por nós e por nossos filhos. E acrescentou: “...e para toda a nossa
fazenda”. Por que pediu proteção a Deus pela fazenda? Eles
estavam voltando do cativeiro, mas não pobres. Eles prosperaram
mesmo em terra estrangeira. É obvio que quem obedece a Deus e
ouve aos seus profetas, prospera até mesmo no deserto. Está
escrito: “Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros; crede
nos seus profetas e sereis prosperados” (2 Cr 20.20b).
Eles prosperaram em Babilônia porque fizeram caso do conselho
do profeta Jeremias, que lhes mandou uma carta dizendo: “Assim
diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram
transportados, que eu fiz transportar de Jerusalém para a
Babilônia: Edificai casas e habitai-as; plantai jardins e comei o seu
fruto. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas; tomai mulheres para
vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos
e filhas; multiplicai-vos ali e não vos diminuais. Procurai a paz da
cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao Senhor,
porque, na sua paz, vós tereis paz. Porque assim diz o Senhor dos
Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas
que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis
ouvidos aos vossos sonhos que sonhais. Porque eles vos
profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor.
Porque assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta
anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa
palavra, tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.4-10). Naquela
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 66

mesma ocasião se levantaram vários falsos profetas, entre eles os


principais eram Hananias e Semaías (28.1ss; 29.21-32) dizendo ao
povo que não acreditasse em Jeremias, e que se rebelasse contra
Nabucodonosor e regressassem a Jerusalém. Os que deram ouvi-
dos aos profetas falsos, rejeitando assim as palavras do profeta de
Deus, foram todos mortos por ordem do rei.
Esdras disse: “...me envergonhei de pedir ao rei exército para nos
defender do inimigo”. Muitos põem sua confiança na sua própria
força, recursos financeiros, armas materiais, sabedoria humana,
etc., mas sinceramente precisamos entender que essas coisas não
nos garantem verdadeira proteção. Bem disse o salmista Davi:
“Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos
menção do nome do Senhor, nosso Deus. Uns encurvam-se e
caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé. Salva-nos,
Senhor! Ouça-nos o Rei quando clamarmos” (Sl 20.7-9). Isto sim,
é dependência de Deus. O apóstolo Paulo disse que nossa
confiança deve estar “na palavra da verdade, no poder de Deus,
pelas armas da justiça, à direita e à esquerda” (2 Co 6.7), e diz
mais: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas,
sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co
10.4). Deus quer que nós em vez de confiar nos nossos próprios
recursos, confiemos nEle. Está escrito: “Assim diz o Senhor: Não
se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua
força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar
glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor, que
faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me
agrado, diz o Senhor” (Jr 9.23,24).
Esdras conclui dizendo: “Nós, pois, jejuamos e pedimos isso ao
nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações” (8.23). Foi com
certeza um dos maiores desafios na sua vida, pôr em prática o que
havia pregado. Pregar é fácil, pôr em prática é difícil, pois se faz
necessário exercitar tanto a fé como o caráter. Sua confiança em
Deus foi verdadeira e sua atitude foi aprovada no céu. Por isso no
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 67

final da jornada ele dá seu testemunho dizendo: “...a boa mão do


nosso Deus estava sobre nós e livrou-nos da mão dos inimigos e
dos que nos armavam ciladas no caminho” (8.21-23,31). Ele não
estava sendo pessimista quando pensou no perigo. Os inimigos
realmente estavam no seu caminho para lhe armarem ciladas, mas
Deus lhe defendeu. A grande lição que fica aqui para nós, é que
precisamos depender de Deus em oração, na certeza de que Ele
nos ouve. Aleluia!
Nos caps. 9 e 10 de Esdras encontramos nova lição sobre a
oração. Quando Esdras foi informado que o povo, os mesmos que
voltaram do cativeiro, sob a bênção e proteção de Deus, agora
havia cometido nova transgressão contra a lei divina, se angustiou
muito, rasgou as suas vestes, arrancou os cabelos, e outra vez se
pôs a orar e jejuar. Ele era zeloso da lei de Deus, mais o povo não.
Estava prescrito na lei que os filhos de Israel não deveriam contrair
matrimônio misto; isto é, jugo desigual, casando-se com incrédulos
ou com pessoas de outras crenças (Êx 34.11-16; Dt 7.1-4). Esta
mesma proibição está implícita no Novo Testamento, para nós
cristãos. A Bíblia é enfática em dizer: “Não vos unais em jugo
desigual...” Isso é uma desonra para Deus (2 Co 7:14-16). Há
pessoas que pensam que tudo o que acontece no mundo, é porque
Deus quis e predeterminou. Tal crença é completamente errada.
Tem certos casamentos que ocorrem fora do plano de Deus,
movidos por vaidade, paixão carnal, imprudência e desobediência
às normas bíblicas. Foi isso que aconteceu com os judeus que
retornaram do cativeiro, casando-se com mulheres pagãs.
Esdras, ao tomar conhecimento disto, fez uma longa oração
sacerdotal, com grande choro (Ed 9), semelhante a oração de
Daniel, confessando os pecados do povo, e assumindo-os, como
se fossem seus próprios. O resultado foi um grande arrepen-
dimento nos culpados, conversão e avivamento espiritual, de tal
modo que eles decidiram separar-se das mulheres pagãs, e voltar-
se para Deus, obedecendo a lei divina. A oração produz mudanças
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 68

tanto no mundo espiritual como no físico. Bem falou o escritor


Watchman Nee: “Deus certamente quer fazer muitas coisas em
nossa vida, porém, não o fará enquanto nós não orarmos”. Se
queremos ver as coisas acontecerem, precisamos orar de verdade.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE NEEMIAS. Grande quanti-
dade de judeus havia retornado à sua pátria depois dos 70 anos
de cativeiro babilônico. O primeiro grupo voltou liderado pelo
governador Zorobabel e o sacerdote Josué (Ed 1-6); e o segundo
grupo, liderado por Esdras (Ed 7-10). Mas ainda havia um
remanescente; entre os quais estava Neemias, o qual era copeiro
do rei Artaxerxes (1.11; 2.1).
No mês de quisleu (novembro/dezembro) no ano vigésimo do rei
Artaxerxes, Neemias recebeu a visita de um dos seus irmãos,
chamado Hanani, e pediu-lhe informações sobre como estavam os
judeus e a cidade de Jerusalém. E este lhe contou que seu povo
se achava em extrema miséria, a cidade destruída, os muros
fendidos e suas portas queimadas pelo fogo (Ne 1.1-3). Ele próprio
relata: “E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e
chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando
perante o Deus dos céus” (v 4).
Neemias tinha um forte sentimento patriótico; e também muita
sensibilidade espiritual, pois, por natureza era um homem de muita
comunhão com Deus por meio da oração constante. Ele não era
aquele tipo de pessoa que só ora quando tem problema. Não. Ele
vivia orando em forma permanente; isso demonstraremos mais
adiante. Observe sua reação ao receber a triste notícia do estado
deplorável em que se encontrava o seu povo: “...assentei-me, e
chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando
perante o Deus dos céus”. A expressão “alguns dias” aqui não
significa poucos dias, senão quatro meses completos de interseção
(comp. 1.1 com 2.1). O texto sagrado nos mostra como foi sua
oração; um modelo de oração eficaz, do tipo que comove o coração
de Deus. Vejamos como ele orou:
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 69

“E disse: Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que
guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te
amam e guardam os teus mandamentos! Estejam, pois, atentos os
teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para ouvires a oração do
teu servo, que eu hoje faço perante ti, de dia e de noite, pelos filhos
de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos
de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai
pecamos. De todo nos corrompemos contra ti e não guardamos os
mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a
Moisés, teu servo. Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a
Moisés, teu servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei
entre os povos. E vós vos convertereis a mim, e guardareis os
meus mandamentos, e os fareis; então, ainda que os vossos
rejeitados estejam no cabo do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao
lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome. Estes
ainda são teus servos e o teu povo que resgataste com a tua
grande força e com a tua forte mão. Ah! Senhor, estejam, pois,
atentos os teus ouvidos à oração do teu servo e à oração dos teus
servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu
servo e dá-lhe graça perante este homem. Então, era eu copeiro
do rei” (1.4-11).
Vejamos agora os detalhes mais importantes desta oração: Ele se
dirige a Deus, chamando-o de “Deus dos céus”. Isto equivale dizer:
Alto, altíssimo, que mora nas alturas, que está sobre tudo e sobre
todos. Depois disse: “Deus grande e terrível”. Ou seja, que para ele
Deus não era um deusinho, senão Deus grande, onipresente,
onisciente e onipotente. Deus terrível. A palavra terrível não quer
dizer algo negativo, como alguns pensam, senão admirável,
enorme, extraordinário, formidável e importante. “Que guardas o
concerto”. Aqui ele recorda a Deus o concerto (pacto) que Ele
mesmo fez com Abraão e seus descendentes. Suplica a Deus que
seus olhos e ouvidos estejam atentos ao seu clamor, ou seja, a
oração que ele fazia em forma permanente de dia e de noite pelos
filhos de Israel. À semelhança de Daniel e Esdras, faz oração
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 70

sacerdotal, confessando os pecados do povo, como se fossem


dele próprio, e pedindo perdão. Lhe recorda a Deus a promessa
feita a Moisés, de que dispersaria seu povo quando desobe-
decesse, mas o perdoaria e o restauraria quando se arrepen-
desse; e invoca aqui o cumprimento dessa promessa. No v. 10 ele
diz: “Estes ainda são teus servos e teu povo”. Um apelo eloquente
à misericórdia divina. Mais uma vez no v. 11 ele implora a Deus
que seus olhos e ouvidos estejam atentos ao seu clamor. Isto
indica agonia na alma, súplica com veemência, desesperação,
ansiedade, forte desejo de ver a rápida ação de Deus a favor do
seu povo. Nessa agonia desesperante, ele conclui sua oração
pedindo a Deus que lhe faça prosperar, e que lhe conceda graça
diante do rei. Alguns acham errado orar pedindo prosperidade.
Errado mesmo é pensar assim. Neemias fez a oração certa com
as palavras certas. Ele era muito dependente de Deus, e sabia que
a prosperidade vem dEle, por meio de Sua graça. Orou com
sabedoria, e sua oração comoveu o coração de Deus. Por isso teve
a resposta. Vejamos a forma como se comportou Neemias, e como
Deus agiu em seu favor.
“Sucedeu, pois, no mês de Nisã (março/abril), no ano vigésimo do
rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu peguei o
vinho e o dei ao rei; porém eu nunca estivera triste diante dele. E o
rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente?
Não é isto senão tristeza de coração; então temi sobremaneira”
(2.1,2). Neemias com certeza havia sentido muitas tristezas na sua
vida, porém, não diante do rei. Na sala do trono é lugar de
comparecer com rosto alegre. Nem Deus gosta que entremos na
Sua presença com cara de tristeza, lamentando e murmurando.
Sua palavra nos exorta dizendo: “Servi ao Senhor com alegria, e
apresentai-vos a Ele com canto” (Sl 100.2). Muitas vezes Neemias
teve que servir o vinho ao rei, agindo como um verdadeiro ator,
com o coração aflito e cheio de tristeza, mas escondendo seus
sentimentos, por causa da sua profissão. Mas chegou o dia em que
a dor aumentou tanto, que não pode mais esconder, e o rei
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 71

percebeu e lhe perguntou o motivo. Neemias temeu muito, porque


isso, de comparecer triste diante do rei não era correto, e ele podia
ser reprovado. Mas ele havia orado antes pedindo a Deus que lhe
concedesse graça diante do rei. Por isso lhe respondeu:
“E disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o
meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais,
assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?” (2.3).
Em poucas palavras Neemias explica ao rei o motivo da sua
tristeza, temendo a reprovação do monarca, mas ao mesmo tempo
confiando na providência divina, pois ele havia orado por um
milagre. A nossa fé é aumentada à medida que passamos mais
tempo em oração. Quanto mais tempo o crente ora, mais
desenvolve sua intimidade com Deus, e mais recebe Sua graça.
“E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos
céus, E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito
em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos
sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique” (2:4,5). Aqui
vemos Deus respondendo a oração de Neemias e concedendo-lhe
graça aos olhos do rei, pois este, ao ver sua tristeza e saber o
motivo, não o puniu, antes lhe ofereceu ajuda. O rei lhe pergunta:
“Que me pedes agora?”. Neemias antes de responder ao rei, fez
mais uma oração, consultando a Deus. Que maravilhosa lição
encontramos aqui, pois, ainda que tenhamos muita pressa em
fazer algo, não devemos fazer, sem antes orar. Ele estava diante
do rei, e não tinha tempo para se ajoelhar e fazer uma longa
oração, como fazia antes. Cremos que ele orou em silêncio e em
pé, ali mesmo diante do rei. Ninguém percebeu, mas ele orou, e
Deus lhe ouviu e lhe respondeu. Outro detalhe que merece nossa
atenção, é sua humildade ao falar com o rei, pedindo permissão
para ir a Judá, reedificar os muros de Jerusalém. O resto do cap. 2
revela que o rei lhe concedeu o que ele pediu. Que maravilha
quando o servo de Deus ora antes de agir. Ele teve a resposta
divina e foi prosperado.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 72

Só recordando aqui, que toda missão que se faz para Deus, tem
lutas e dificuldades no caminho, pois sempre se levantam inimigos,
querendo nos desanimar. Nós chamamos isso de guerra espiritual,
porque Satanás e seus demônios usam seres humanos para nos
atacar, primeiramente no psicológico, e depois no físico. Primeiro
atua no psicológico através do desprezo, escárnio, zombaria,
ameaças, irritação, perseguição, entre outros. Observe como
Sambalate (o governador de Samaria), quando soube que
Neemias juntamente com os judeus haviam começado a obra da
reedificação dos muros, se indignou muito e escarneceu deles. A
Bíblia diz que nós temos a mente de Cristo. Então podemos dizer
que todos aqueles que tem prazer em ver o povo de Deus
arruinado em extrema miséria, tem a mente de Satanás. Tal é o
caso de Sambalate, que preferia ver Jerusalém e seus moradores
em ruinas. E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que
edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de
pedra. Aqui mais uma vez Neemias tomou a iniciativa de orar, e
disse: “Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e caia o
seu opróbrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um
despojo, numa terra de cativeiro. E não cubras a sua iniquidade, e
não se risque diante de ti o seu pecado, pois que te irritaram
defronte dos edificadores” (4.4,5). Foi uma oração imprecatória e
bem justa por certo, primeiro, porque na dispensação da lei isto era
permitido; segundo, ele orou com fé e com zelo de Deus, dizendo
que a atitude dos seus inimigos irritaram a Deus. Também nesta
oração Neemias foi sábio e teve a resposta de Deus.
“E sucedeu que, ouvindo Sambalate, e Tobias, e os arábios, e os
amonitas, e os asdoditas que tanto ia crescendo a reparação dos
muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar,
iraram-se sobremodo. E ligaram-se entre si todos, para virem
atacar Jerusalém e para os desviarem do seu intento. Porém nós
oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia
e de noite, por causa deles” (4.7-9).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 73

Costumamos dizer que o mundo espiritual exerce influência sobre


o material, pois Satanás não gosta de ver os servos de Deus
prosperando, e levanta seus mensageiros para atacar. Os vv 7-9
do cap. 4 parecem coisa de novela. Por que será que estes seres
malignos ficaram irados? O que justifica a sua ira? Só porque viram
a obra de Deus avançando? Em que a reconstrução dos muros
prejudicava a eles? Nós sabemos que naqueles tempos era muito
importante para uma cidade ter muros à sua volta, devido os
constantes ataques de inimigos; de modo que uma cidade sem
muros, ou com os muros quebrados e de portas abertas, era
vulnerável a ser atacada e destruída a qualquer momento. Essa
era a preocupação de Neemias, o servo de Deus, mas o desejo
destes inimigos era que os muros nunca fossem reedificados, e
que Jerusalém permanece em perigo. Satanás tem seus men-
sageiros no mundo espiritual e também no material. Por isso
Neemias se preveniu nas duas áreas. Primeiro orou. Ele não fazia
nada sem antes orar. Mas também armou seus homens, de modo
que em uma mão tinham a colher de pedreiro, e na outra uma
espada; porque no v. 11 diz que a intenção dos inimigos era atacar
de noite e matar aos trabalhadores. É obvio que os servos de Deus
venceram, não pelas armas materiais, senão pela oração de
Neemias. Glória a Deus!
Até o fim seguiram as conspirações dos inimigos, e Neemias
permaneceu em oração constante pedindo a ajuda de Deus para
vencer. Esta atitude de dependência da ajuda divina é vista em
todo o resto do livro, até o último versículo (leia 5.19; 6.9,14;
13.14,22,29,31).
Ainda no cap. 6 estando a obra já quase pronta, os inimigos
prosseguiam com seus intentos malignos, mudando de vez em
quando as estratégias, procurando de diferentes maneiras
encontrar um ponto frágil em Neemias. Satanás também faz isso;
quando não consegue derrubar um servo de Deus de um modo,
procura de outro, e vai mudando as estratégias. Como é importante
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 74

vigiar, ser precavido e fechar todas as brechas, permanecendo em


oração. Nos vv. 2-5 eles (Sambalate, Tobias, Gesém, o arábio, e
os demais inimigos), fizeram uma conspiração, agindo como
serpentes, se mostraram mansinhos e amigáveis, enviando cartas
pedindo a Neemias que fosse até eles. Mas Neemias teve
discernimento espiritual e percebeu que havia intento maligno no
coração deles. Nos vv. 6-8; eles desapontados, porque falhou o
plano conspirativo, agora levantam grande calúnia com ameaça
contra Neemias; e no v. 9 ele faz mais uma oração e pede a ajuda
de Deus. Aleluia! No v. 10, Tobias, vendo que falhou a conspiração,
a calúnia e a ameaça, agora suborna um falso profeta chamado
Semaías, para intimidar Neemias em nome de Deus. Também se
juntou a ele uma falsa profetisa chamada Noadias, e muitos outros
falsos profetas, para fortalecer ainda mais a intimidação. Porém,
Neemias conheceu que eles não falavam da parte de Deus; e fez
mais uma oração, apresentando aquela questão ao Senhor. Que
maravilha quando aqueles que fazem a obra de Deus oram a cada
momento, e buscam o auxílio do alto. O cap. 6 conclui dizendo que
a obra foi terminada em 52 dias, os inimigos temeram muito e se
abateram em seus próprios olhos; porque reconheceram que o
Deus de Israel fizera aquela obra (6.15,16). Não há outro meio para
vencer o inimigo, a não ser pela oração, e pela muita confiança em
Deus.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE JESUS. Jesus enquanto
esteve na terra era 100% homem (Fp 2.6-8). A Bíblia fala com
detalhes sobre sua humanidade. Em 1 Timóteo 2.5 diz: “Porque há
um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, homem”. Então, é irracional a crença defendida por alguns,
de que Jesus nunca foi homem. Ele Nasceu, cresceu, viveu e
trabalhou como homem, exercendo profissão humana (Lc 2.7,52;
Mt 13.55,56; Jo 5.17 ); ele sentia cansaço e precisava dormir (Mc
6.31; Mt 8.24); sentia fome (Jo 21.5); sentia sede (Jo 4.9; 19.28);
sentia tristeza (Mt 26.38), sentia raiva (Jo 2.15,16); foi tentado (Hb
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 75

4.15); sofreu (Hb 2.18; 5.8; 13.12); foi assassinado (1 Ts 2.15), e


finalmente ressuscitou como homem (Mt 28.1).
Mas também Jesus era 100% Deus. Acerca dEle lemos em Colos-
senses 2.9: “...porque nele habita corporalmente toda a plenitude
da divindade”. Cristo era preexistente (Jo 8.58; 17.5,24). No
princípio era o verbo, e o verbo era Deus (Jo 1.1,14). Ele viu
Natanael debaixo da figueira antes que Filipe o chamasse (Jo 1.46-
51). Revelou o estado moral da mulher samaritana (Jo 4.15-
19,28,29). Ele sabe quantos cabelos temos na cabeça (Mt 10.30).
Ele sabia que Pedro lhe negaria (Mt 26.34). Ele sabia que Zaqueu
estava sobre a figueira (Lc 19.5). Ele sabia quais dos que estavam
com ele eram os incrédulos (Jo 6.64).
Mas o que nos chama a atenção é ver como Jesus dependia do
Pai em oração. Lendo os evangelhos, o encontramos sempre
orando. Também vemos uma forte relação entre suas orações e as
Escrituras, assim como os personagens do Antigo Testamento. Um
dos detalhes que mais nos maravilha é que, sempre que ele orava,
algo acontecia. Por exemplo: No momento do Seu batismo, ele
orou e o céu se abriu (Lc 3.21). Logo foi conduzido pelo Espírito
Santo ao deserto, lá passou quarenta dias e quarenta noites
orando e jejuando. Teve uma forte batalha espiritual, sendo tentado
por Satanás, mas o venceu com a Espada do Espírito, que é a
Palavra de Deus (Mt 4.1-11; Ef 6.17). Lucas 6.12 registra que
Jesus, antes de escolher seus dozes apóstolos, primeiro foi ao
monte orar, e passou a noite toda orando, em sinal de dependência
de Deus para poder tomar decisões. Lucas também registra no
cap. 9.28,29 que outra vez Jesus subiu ao monte a orar, levando
consigo a Pedro, João e Tiago; e enquanto orava seu rosto se
transfigurou, e apareceram Moisés e Elias conversando com Ele.
Em Mateus 14.23 ele foi ao monte orar, e passou bastante tempo
orando, de modo que quando foi aos discípulos já era de
madrugada (quarta vigília da noite), e foi caminhando sobre as
águas, e ao alcançá-los, os encontrou em grande problema, o
barco sendo fortemente açoitado pelas ondas, porque os ventos
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 76

eram contrários, mas com sua presença tudo se acalmou. João


6.11 registra que Jesus, com cinco pães e dois peixinhos alimentou
uma multidão, mais primeiro Ele fez uma oração. É interessante
notar, que mais adiante João faz comentário sobre esse milagre, e
enfatiza a oração prévia. Merece nossa atenção a ênfase na
oração. Também antes de ressuscitar a Lázaro, Jesus fez uma
oração (Jo 11.41,42). João registra no cap. 17 Sua oração
sacerdotal por Seus discípulos, incluindo nós (vv. 9,20).
Jesus primeiramente foi nosso maior exemplo de oração. Sendo o
filho de Deus, orava antes de fazer qualquer coisa ou tomar
qualquer decisão. Deste modo Ele tinha absoluta autoridade moral
para ensinar sobre o dever de orar e como fazê-lo.
Em Mateus cap. 6 versos 5-18, bem como em Marcos 11.25,26 ele
ensina seus discípulos a orar; por certo em Lucas 11.1 eles lhe
tinham pedido mesmo que lhes ensinasse a orar. Em Lucas 18.1-
8 Jesus ensina sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer.
Em Marcos 11.26 Jesus ensina que para obter a resposta das
orações é preciso orar com fé. Voltando a Lucas 18.9-14 Jesus
ensina sobre o perigo da autoconfiança, isto é, de confiar em si
mesmo; pois precisamos orar com humildade e fé, demonstrando
total dependência de Deus. Para aprender mais deste estudo, lhe
recomendamos ler em sua Bíblia cada referência.
Jesus sempre viveu orando, cumpriu seu ministério orando, sofreu
orando e morreu orando. Note que no Getsêmane o vemos orando
três vezes; na hora da crucificação orou pelos soldados, e
morrendo no alto da cruz, fez mais uma oração, entregando ao Pai
seu espírito. O maior exemplo de vida de oração para nós. Até hoje
Ele ora por nós, ao lado do Pai (Rm 8.34).
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS.
Jesus havia dito aos seus discípulos: “E eis que sobre vós envio a
promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até
que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Jesus queria
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 77

que eles cumprissem a grande comissão evangelizadora, mas eles


precisavam estar preparados. Eles tinham as instruções doutri-
nárias e teológicas, mas isto não bastava. Para fazer a obra de
Deus, não é suficiente ter conhecimento das Escrituras. É óbvio
que esse recurso é necessário e sumamente importante, mas não
é suficiente. É preciso ter o revestimento de poder do alto, que
significa uma unção especial e uma preparação sobrenatural, que
enche o cristão de coragem e autoridade para lutar contra os
poderes das trevas. Era exatamente a isso que se referia Paulo
quando disse: “...enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Tempo depois,
isto veio a se tornar um requisito indispensável para alguém
desempenhar qualquer cago na igreja (At 6.3). Cristão que não ora
é vazio do Espírito, e não tem ousadia para fazer a obra de Deus.
De acordo com as instruções dadas por Jesus aos seus discípulos,
a missão era urgente, porém, vemos aqui o Senhor dizendo a eles
que se preparassem primeiro. Então, como viria esse revestimento
de poder? As bênçãos de Deus só virão a nós, se orarmos. Eles
não deveriam simplesmente esperar, sentados, deitados ou des-
cansados. Eles deveriam orar. E foi exatamente isso que fizeram.
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas,
com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos” (At
1.14). O verbo “perseverar” neste versículo indica que eles oravam
todos os dias. A palavra “unanimemente” nos indica duas coisas:
Primeiro, que a oração era coletiva, e, segundo, que o propósito
era um só; ou seja, não havia divergência de opiniões. Todos
buscavam o revestimento de poder. A resposta desta oração está
registrada no cap. 2 de Atos, o cumprimento da promessa, o
derramamento do Espirito Santo e grande colheita de almas. Nós
podemos obter os mesmos resultados que teve a igreja primitiva,
se pusermos em prática os mesmos princípios.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DOS APÓSTOLOS. Em Atos
3.1 lemos que “Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da
oração, a nona”. Os desigrejados dizem que não é necessário ir ao
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 78

templo para orar em forma coletiva, e que a oração se pode fazer


em casa, a qualquer hora e em forma individual. Isto soa espiritual,
mas aos olhos e ouvidos de Deus, isso é plena e total rebeldia. É
certo que podemos e devemos orar em forma individual e em
qualquer lugar. Porém, é sumamente importante a oração coletiva
no templo. Desde os primórdios da igreja, os verdadeiros cristãos
tinham este hábito sagrado, que por certo sempre agradou o
coração de Deus. Precisamos ter cuidado com certas atitudes
religiosas e supérfluas, que desagradam a Deus. Deveríamos
perguntar a Deus se Ele realmente está aprovando o que fazemos
para Ele, ou em nome dEle. A atitude de Pedro e João, de ir orar
no templo tinha a aprovação de Deus. Prova disto vemos no
milagre ocorrido.
“E era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era coxo,
o qual todos os dias punham à porta do templo chamada
Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Ele, vendo a Pedro
e a João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma
esmola. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para
nós. E olhou para eles, esperando receber alguma coisa. E disse
Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te
dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E,
tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e
tornozelos se firmaram” (3.2-7).
Neste trecho aprendemos que o milagre não depende daquela
oraçãozinha que se faz de última hora, senão de toda uma vida de
habitual oração. Pedro e João aprenderam a orar com Jesus. Por
certo eles eram bem próximos dEle nas orações no monte. Eles
não eram preguiçosos para orar. Foi por isso que Pedro com toda
ousadia dirigiu a palavra ao coxo, ordenando-lhe que andasse,
também o tomou pela mão e o ajudou. O milagre aconteceu, não
por causa de uma oraçãozinha ali no momento, mas por que eles
viviam em constante oração, e a oração desenvolve a fé e produz
poder espiritual.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 79

Por causa deste milagre, Pedro e João foram perseguidos e


ameaçados pelas autoridades do Sinédrio, para que não falassem
mais em nome de Jesus. Mas eles se juntaram aos demais
apóstolos e relataram tudo o que sucedeu, e fizeram uma poderosa
oração coletiva.
“E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus e dis-
seram: Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo
o que neles há; que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que
bramaram as gentes, e os povos pensaram coisas vãs? Levan-
taram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma contra
o Senhor e contra o seu Ungido. Porque, verdadeiramente,
contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não
só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de
Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham
anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora, pois, ó
Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos
que falem com toda a ousadia a tua palavra, enquanto estendes a
mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome
do teu santo Filho Jesus”... (At 4.24-31).
Note os detalhes desta passagem. Como foi dito anteriormente,
sempre que procuramos fazer a obra de Deus, temos guerra
espiritual, pois Satanás não quer ver as pessoas livres, curadas e
felizes. Aquele homem tinha mais de quarenta anos de idade, e era
coxo desde o ventre de sua mãe, e vivia mendigando, pedindo
esmolas, pois não podia caminhar. Satanás queria que aquele
homem continuasse naquele estado, a Bíblia diz que Deus ungiu a
Jesus de Nazaré, com o Espírito Santo e com virtude o qual andou
curando a todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com
ele (At 10.38). Todo aquele que procura fazer a obra de Deus,
libertando os oprimidos, enfrenta guerra contra o reino das trevas
(Ef 6.12). Os apóstolos oraram pedindo a intervenção divina contra
seus opositores, e também ousadia, isto é, maior unção para que
se façam curas, sinais e prodígios. E o texto sagrado conclui com
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 80

o verso 31 dizendo: “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que


estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e
anunciavam com ousadia a palavra de Deus”. Ou seja, a resposta
de Deus foi imediata.
Nós precisamos orar como eles. Primeiro, fazer oração coletiva e
fervente. Lamentavelmente em muitas igrejas da atualidade já não
há aqueles cultos de oração fervente como antigamente. Segundo,
precisamos orar pedindo unção de cura, libertação, sinais e pro-
dígios. Se estas coisas não estiverem presentes na igreja, ela não
crescerá. É interessante notar como depois daquela fervente
oração, não apenas alguns, mas todos foram cheios do Espírito
Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. O nosso
Deus é o mesmo Deus dos apóstolos. Ele não mudou. Se orarmos
como oraram aqueles, teremos o mesmo poder que eles tiveram.
Deixar de orar é pecado como disse o profeta Samuel (1 Sm
12.23). Como temos orado pouco ultimamente! Que Deus nos
perdoe, e nos conceda espírito de oração, isto é, forte desejo de
orar. Satanás sabe que quanto mais o crente ora, mais poder espi-
ritual tem, por isso fará todo o possível para manter as distrações,
a fim de que não oremos. Mas a decisão é nossa, e a escolha é
livre: Ou se deixa dominar pelo engano de Satanás, orando apenas
alguns poucos minutos; ou se deixa guiar pelo Espírito Santo de
Deus, vivendo em oração fervorosa e permanente.
No capítulo 6 de Atos, na passagem que trata sobre a eleição dos
sete diáconos, encontramos várias lições importantes para os
líderes ministeriais, mas queremos ressaltar apenas uma. Note que
havia problemas e reclamações nas distribuições diárias de ali-
mentos, e algumas viúvas eram desatendidas, e as queixas eram
levadas aos apóstolos, isto é, aos líderes. E eles decidiram eleger
um grupo de diáconos, para que se ocupassem dos detalhes me-
nores, porque, disseram eles, não é justo que nós deixemos a
palavra de Deus, para servir às mesas. “...nós perseveraremos na
oração e no ministério da palavra” (6.4). Este é o ponto onde
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 81

queríamos chegar. Se os ministros da Palavra se ocuparem com


os detalhes menores, com coisas materiais, deixarão a desejar na
sua verdadeira função, que é a oração constante e o estudo,
meditação e exposição da palavra. Quem prega e ensina precisa
ter cuidado para não se estressar, fazendo coisas que outros pode-
riam fazer. Pregar estressado destrói qualquer auditório. Quem
prega, não deveria sequer, dirigir o culto. Ocupe-se da Palavra; e
se vai dirigir, ponha outro para pregar, que esteja concentrado
exclusivamente na oração e na palavra. O trabalho na igreja deve
ser feito em equipe, cada um cumprindo sua missão com muita
responsabilidade, para não gerar stress aos que ministram a
Palavra. Outro detalhe bastante importante é o trabalho material.
Um pregador ou mestre que trabalha empregado, cujo tempo para
orar e meditar é escasso, terá pouco desempenho na sua função.
Os possíveis problemas com o chefe ou com os colegas, podem
gerar limitações na sua função ministerial. Ore mais e medite mais
na Palavra de Deus antes de passar ao púlpito. Não pregue se
estiver estressado; pregue se estiver ungido. Ou então ceda o
púlpito para outro.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE CORNÉLIO. Quem era
Cornélio? Um centurião romano, que tinha o hábito de orar e jejuar
mesmo antes da sua conversão (At 10.1,3). O verso 2 diz que ele
de contínuo orava a Deus. Só ora quem tem fé, e este princípio
com certeza agrada a Deus. Ele não tinha conhecimento bíblico,
não tinha um pastor ou mestre que lhe instruísse, mas tinha temor
no coração. Por isso suas orações foram ouvidas no céu, e Deus
enviou um anjo com a resposta. No verso 4 lemos que o anjo lhe
falou: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para
memória diante de Deus”.
Quem ora tem harmonia com quem ora (compare At 10.2,4,9). Esta
harmonia é produzida por Deus. Note que o anjo lhe deu instruções
a Cornélio para que mandasse chamar ao apóstolo Pedro, para
que viesse lhe dizer o que devia fazer. A função do anjo se limita
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 82

apenas em responder nossas orações, não pregar nem ensinar,


nem estabelecer normas. Essas são funções das autoridades hu-
manas estabelecidas por Deus. Note que quando os mensageiros
de Cornélio foram a Jope (atual Tel-Aviv), encontraram Pedro
orando (v. 9). Foi em oração que Jesus instruiu a Pedro a que fosse
pregar aos gentios. Se, quando ele recebeu a visita dos men-
sageiros de Cornélio, o Senhor não tivesse falado com ele pre-
viamente através daquela visão, ele com certeza rejeitaria a opor-
tunidade de pregar aos gentios (v. 28). Como resultado vemos nos
vv. 44-48 a conversão de Cornélio e toda sua família. Vale a pena
orar, na certeza de que Deus responde.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DA IGREJA EM FAVOR DE
PEDRO NA PRISÃO. “Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes
estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar; e
matou à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradara
aos judeus, continuou mandando prender também a Pedro. E eram
os dias dos asmos. E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão,
entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guar-
dassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da Páscoa. Pedro,
pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração
por ele a Deus” (At 12.1-5). Grifo nosso.
Não pense que a igreja de hoje é menos atacada que a primitiva.
Simplesmente Satanás mudou as estratégias. É óbvio que com o
passar dos tempos tudo muda, e o maligno tem muita inteligência
e técnicas para combater o povo de Deus, usando meios diferentes
conforme cada época, lugar ou circunstância.
Note que naqueles dias, ele usou o rei Herodes para maltratar a
igreja e seus líderes. Hoje em dia o espírito de Herodes está mais
vivo que nunca, atacando a igreja moderna, para que esta não ore,
não jejue, não congregue, não pregue a verdade, nem tenha curas,
milagres, sinais, prodígios, maravilhas, libertação e salvação de
almas, como tinha no princípio (At 8.5-8). Sem oração não há
avivamento espiritual nem milagres; e se não há milagres, não há-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 83

verá salvação de almas. As multidões só estavam atentas ao que


Filipe dizia, porque viam os milagres. Igreja onde não há a mani-
festação dos dons espirituais não cresce, e é isso que o diabo quer.
Nos países da Europa, América do norte e toda a América latina,
temos liberdade de culto garantida pelas leis e pelos governantes.
Lamentavelmente o avivamento espiritual e os milagres estão
quase em extinção. Então Satanás está conseguindo seu objetivo,
e o povo de Deus quase não percebe. Naquele tempo Herodes ma-
tou o apóstolo Tiago, irmão de João. Hoje tem muitos líderes ecle-
siásticos mortos, mesmo ministrando no altar. Naquele tempo a
igreja era maltratada por Herodes, hoje muitos membros são
maltratados pelos da própria igreja, e, por que não dizer, pelos
próprios líderes, desde o púlpito. O espírito de Herodes está hoje
operando dentro da igreja. É enorme a quantidade de membros
agonizando dentro da própria igreja.
Pedro foi posto na prisão. Satanás sempre quis ver os verdadeiros
mensageiros de Cristo aprisionados. Ele não se importa que os
falsos obreiros preguem com toda liberdade e tenham sucesso.
Quem lhe incomoda é quem prega a verdade. Quantos pastores e
membros de igreja não estão hoje em dia aprisionados, não em um
cárcere da lei, mas nas muitas limitações que no dia a dia lhe
impedem de ter sucesso na missão de ganhar almas para Deus. É
Satanás operando com estratégias modernas. Mas há uma solu-
ção para isso: A igreja se unir em oração; pois a Bíblia recomenda
orar uns pelos outros (Tg 5.16), e o apóstolo Paulo nos dá o
exemplo, pedindo aos irmãos que orem por ele, para que possa
pregar livremente o evangelho (Ef 6.18-20; Rm 15.30; 2 Co 1.11).
Todo líder, e todo pregador, precisa definitivamente ter uma equipe
permanente de intercessores. Se não tiver, não prospera. Nenhum
esforço é válido se não estiver respaldado pela oração coletiva.
Voltando ao texto de Atos 12, vemos que Herodes exagerou na
segurança, para evitar o milagre acontecer. Número um, Pedro
estava num cárcere de segurança máxima. Número dois, havia
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 84

quatro grupos de quatro soldados (cada) entre a recâmara, ou


parte mais interna onde ele estava e o portão de saída. Número
três, ele dormia amarrado com correntes de ferro ligado aos braços
de dois soldados. Do ponto de vista humano, ali era cem por cento
impossível Pedro fugir. Herodes exagerou, com o intento de evitar
um milagre. Satanás é exatamente assim, inimigo de milagre. Mas
quando a igreja ora unida, o poder do inferno cai, e o milagre
acontece. Foi justamente isso que aconteceu. A igreja se reuniu
para orar por Pedro. Deus ouviu as orações, e enviou seu anjo, o
qual entrou na prisão, “...e, tocando a Pedro no lado, o despertou,
dizendo: Levanta-te depressa! E caíram-lhe das mãos as
cadeias. E disse-lhe o anjo: Cinge-te e ata as tuas sandálias. E ele
o fez assim. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa e segue-
me” (vv. 7,8). É lindo isto, ver como por meio da oração da igreja,
Deus fez o milagre da libertação de Pedro. Ele passou entre os
saldados e eles não o perceberam. O anjo ainda caminhou um bom
tempo pela rua, com ele, e logo desapareceu. Foi então que Pedro
entendeu que era um anjo. E se dirigiu à casa da irmã Maria, onde
os irmãos estavam orando. Aleluia! Deus não mudou. Se a igreja
de hoje praticar este princípio, com certeza verá muitos milagres
de libertação, tanto de líderes e pregadores, como de almas em
geral. Vamos orar mais. Vamos praticar o princípio da oração
coletiva.
DEUS RESPONDEU A ORAÇÃO DE PAULO. Paulo sempre foi
um homem de oração. Desde o primeiro momento de sua
conversão, o vemos orando. Ele havia sido cruel perseguidor da
igreja, até o dia em que teve um encontro pessoal com Jesus no
caminho de Damasco. Naquele mesmo encontro ele orou,
perguntando para Jesus quem era Ele, o que queria que ele fizesse
(At 9.5,6). E a resposta do Senhor foi imediata dando-lhe as
primeiras instruções. De início fez logo três dias e três noites de
jejum (9.9). Outra vez vemos a harmonia espiritual entre dois
homens orando. Assim como no caso de Pedro e Cornélio, vemos
agora Saulo e Ananias orando simultaneamente e tendo visões
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 85

com orientações específicas da parte de Deus. O Senhor orientou


Ananias que fosse orar por Saulo, e lhe disse que já ele estava
orando (At 9.11). E Saulo enquanto orava viu em visão que
Ananias vinha orar por ele, para que fosse restaurado e cheio do
Espírito Santo.
Em Atos 13.1-3 vemos Paulo junto com um grupo de profetas e
mestres nas Escrituras orando e jejuando. Por certo é oportuno
dizer aqui, que os verdadeiros mestres bíblicos oram e jejuam. O
resultado daquela campanha de oração foi o Espírito Santo
selecionar a Paulo e Barnabé para a obra missionária (13.2).
Paulo era o tipo de obreiro que levava muito em sério a oração.
Chegando na macedônia, juntamente com Silas e Timóteo, foram
para a beira do rio, procurando lugar para orar a sós. Eles tiveram
bom êxito, pois encontraram ali um grupo de mulheres e as
evangelizaram, o Senhor abençoou aquela missão e ali mesmo
batizaram a Lídia (16.13-15). Depois disto, saindo outra vez para a
oração enfrentou uma forte batalha espiritual, pois como foi dito
anteriormente, Satanás de vez em quando muda suas estratégias.
As vezes opera com violência, e outras vezes com elogios, como
neste caso, quando a jovem adivinha saiu atrás deles, dizendo:
“Estes homens que nos anunciam o caminho da salvação, são
servos do Deus Altíssimo” (16.16,17). A vida de oração abundante
produz intimidade com o Espírito Santo. Foi por isso que Paulo teve
o discernimento espiritual para saber que as palavras daquela
jovem provinham do demônio. O demônio foi expulso e a jovem foi
liberta, mas a guerra espiritual continuou, pois, as autoridades
enfurecidas com o que aconteceu, lançaram Paulo e Silas na
prisão. Estando eles presos, e da pior maneira, pois estava no
tronco (posição imóvel, com os pês e as mãos atravessados numa
peça de madeira feita para tortura), decidiram orar e cantar. Não
temos na Bíblia o conteúdo da oração, nem dos hinos; mas o
milagre aconteceu, pois, perto da meia noite Deus mandou um
terremoto, que quebrou as prisões de todos (16.25,26). Muitos de
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 86

nós não temos a oração respondida porque só sabemos murmurar.


Paulo sabia que a oração acompanhada de louvor a Deus traz a
resposta mais rápido. É preciso aplicar na oração o princípio do
louvor, adoração e gratidão.
O cap. 11 de 2 Coríntios, especialmente os vv. 16-33 descrevem a
vida de oração e jejum de Paulo. Isto explica a razão de seu tão
frutífero ministério. Não pode alguém pretender ter êxito na obra de
Deus, sem orar, ou orando pouco. Quanto mais oração, mais flui a
unção. Oração é sinônimo de dependência de Deus e comunhão
com o Espírito Santo. Todo tanto que orarmos ainda é pouco.
JESUS RESPONDEU A ORAÇÃO DO CENTURIÃO DE
CAFARNAUM. O centurião de Cafarnaum, assim como a mulher
cananeia, era gentio e representa aqui, a classe de pessoas que
só buscam a Cristo, na dor, no sofrimento, no aperto, na neces-
sidade, na fome e na crise. Isto nos faz lembrar daquela ocasião,
onde Jesus com cinco pães e dois peixes alimentou uma multidão
faminta. No momento ficaram tão felizes que até queriam fazer de
Jesus um rei, mas não havia sinceridade no coração deles. Eles
buscavam a Jesus por interesse material e não por amor, nem
submissão verdadeira. No dia seguinte o Senhor falou isso na cara
deles, pois andavam ansiosos, buscando Jesus por todos os lados.
“...vendo, pois, a multidão que Jesus não estava ali, nem os seus
discípulos, entraram eles também nos barcos e foram a
Cafarnaum, em busca de Jesus. E, achando-o no outro lado do
mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Jesus respondeu
e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais não
pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos
saciastes” (Jo 5.24-26). Mas uma coisa é certa, o Senhor Jesus é
bom, e atende não somente os que lhe servem e lhe honram com
amor sincero, senão também os interesseiros, que querem
somente a benção do Senhor, e rejeitam o Senhor da bênção.
O centurião de Cafarnaum, era um gentio, um comandante militar,
provavelmente sem conhecimento das coisas espirituais. Ele tinha
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 87

em casa um grande problema, pois seu criado estava gravemente


enfermo, e ele desejava vê-lo curado, mas o mesmo estava
despachado dos médicos. Então ele ouviu falar de Jesus e creu e
o buscou. Orou usando três princípios que comoveram o coração
de Jesus, o qual lhe atendeu e curou o seu criado. Os três
princípios são: Conhecimento da autoridade, humildade e fé (Mt
8.5-13). Nós precisamos ter esses mesmos princípios ao orar.
JESUS RESPONDEU A ORAÇÃO DA MULHER CANANEIA. Não
temos na Bíblia mais informações sobre esta mulher. O pouco que
sabemos é que ela tinha um grande problema em casa: Sua filha
estava endemoninhada. Ao parecer ela não conhecia Jesus, nem
nunca havia estado com Ele antes, ouvindo seus ensinos. O texto
de Marcos 7 diz que ela ouviu falar de Jesus. Ou seja, contaram
para ela que Jesus resolve todo tipo de problemas. Ela fez a coisa
certa porque buscou a pessoa certa. E Jesus respondeu a oração
dela porque encontrou três princípios fundamentais que todo
crente precisa ter ao orar. Esses três princípios são: Perseverança,
humildade e fé.
Como afirmou o apóstolo Paulo: “Tudo que dantes foi escrito, para
nosso ensino foi escrito, para que pela consolação das Escrituras
tenhamos esperança” (Rm 15.4). Agora só nos resta duas coisas:
1º) Orar mais, aplicando os princípios que os personagens do
Antigo Testamento aplicaram. 2º) Descobrir quais os obstáculos
que estão impedindo a resposta de nossas orações. Isto está
explicado nas próximas páginas.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 88

SEGUNDA PARTE
ORAÇÕES SEM RESPOSTAS: POR QUÊ?
POR QUE DEUS NÃO RESPONDE ALGUMAS ORAÇÕES?
21 obstáculos às respostas de nossas orações

Certamente você já ouviu alguém dizer: ‘Não sei porque Deus não
responde minhas orações; tanto que eu oro, mas não tenho
resposta’. A continuação mostraremos 21 obstáculos às respostas
de algumas orações. Mais primeiro, é oportuno dizer que Deus tem
o maior prazer em responder nossas orações. Ele diz em Sua
Palavra: “Então, me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos
ouvirei. E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de
todo o vosso coração” (Jr 29.12,13). “Clama a mim, e responder-
te-ei...” (Jr 33.3). “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis;
batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que
busca encontra; e, ao que bate, se abre. E qual dentre vós é o
homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E,
pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se, vós, pois, sendo
maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso
Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.7-
11). “Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na
angústia; livrá-lo-ei e o glorificarei” (Sl 91.15). “E será que, antes
que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os
ouvirei” (Is 65.24).
Então por que muitas vezes Deus não responde nossas orações?
Meditando em Ageu 1.5-7 chegamos à conclusão que o problema
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 89

não está em Deus, mas em nós. Deste modo, precisamos fazer


uma autoavaliação, para descobrir o que estamos fazendo para
desagradar tanto a Deus, a ponto de Ele virar as costas ao nosso
clamor. Vamos ao texto bíblico:
“Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Aplicai o vosso co-
ração aos vossos caminhos. Semeais muito e recolheis pouco;
comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-
vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário
num saquitel furado. Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos:
Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos” (1.5-7).
Note que o v. 5 e o v. 7 estão repetidos fielmente e a propósito, pa-
ra nos chamar a atenção. Quando Deus fala uma mesma coisa
duas vezes, é porque o assunto é muito sério e requer dobrada
atenção. A expressão: “Aplicai o vosso coração aos vossos
caminhos” citada no v. 5 e repetida no v. 7 é uma chamada à refle-
xão sobre nossa conduta, caráter, ações, atitudes, comporta-
mentos e obras. (Para compreender melhor este assunto, leia todo
o capítulo 1 de Ageu e Pv 30.20). Deus quer responder nossas
orações, mas primeiro exige que mudemos de atitude. Lembre-se
que ‘todas as bênçãos de Deus são condicionais’. Deus quer nos
abençoar, porém é imprescindível termos uma atitude que lhe
agrade (para compreender melhor isto, leia Dt 28; Lv 26; Jr 35).
Deus disse: “...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus
maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus
pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14). (Grifo nosso).
Observe que no texto citado, Deus estabelece quatro condições
para o homem, logo faz três promessas:
✓ SE HUMILHAR (o oposto de se exaltar Lc 18.12-14). O
primeiro que Deus observa é a atitude do coração de quem
ora. De nada serve orar com o coração cheio de soberba,
orgulho ou presunção, porque a Bíblia diz que Deus resiste aos
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 90

soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). Também está


escrito que Deus não suporta os orgulhosos, e uma coisa é
certa, não os deixará sem castigo (Pv 16.5 TLA).
✓ E ORAR (dialogar com Deus Jr 33.3). Somente orar não basta.
Orar é necessário, mas é apenas parte do processo. Assim
como o motor de um veículo precisa ter todas as peças em
bom estado de funcionamento, assim também é nossa relação
com Deus.
✓ E BUSCAR a minha face (Comunhão mais íntima e mais
intensa Jr 29.12,13). É possível alguém fazer uma oraçãozinha
daquelas que em nada comove o coração de Deus. O que está
dito no texto bíblico é que Deus espera que lhe busquemos de
todo o nosso coração.
✓ E SE CONVERTER dos seus maus caminhos (isto é, mudança
de comportamento Ag 1.5,7). Isto exige reflexão profunda,
autoavaliação, arrependimento e mudança interna. Enquanto
não dermos estes quatro passos em direção a Deus, ele não
se moverá em direção a nós.
Todos nós devemos pedir ao Espírito Santo para redarguir nossa
consciência, afim de que vejamos nossos próprios erros, e com
arrependimento sincero buscar o perdão de Deus, e fazer a nossa
parte para obter mudança radical no nosso comportamento (Ver
Rm 2.15; 9.1; 1 Tm 4.2).
Observe agora as três promessas de Deus, para quem se humilha,
ora, busca o Seu rosto e se converte de seu mau comportamento:
✓ OUVIREI desde os céus (Deus promete responder nossas
orações);
✓ PERDOAREI os seus pecados (Deus promete perdoar nossos
pecados);
✓ E SARAREI a sua terra (Deus promete prosperidade material).
Observe agora as palavras ‘céus’, ‘pecados’ e ‘terra’ e compare
com Dt 28.23 que diz: “E os teus céus que estão sobre a [tua]
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 91

cabeça serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti será de


ferro”. (Grifo nosso). Por causa do pecado, o céu vira bronze e a
terra vira ferro.
Falando outra vez sobre a palavra ‘caminho’, para deixar mas
evidente que se refere ao comportamento, vejamos o que a Bíblia
diz: “Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a
seus inimigos faz que tenham paz com ele” (Pv 16.7). Porém,
quando os caminhos do homem são maus, Deus se nega a
responder suas orações, como veremos a continuação.
Resumindo: O caminho do pecado faz separação entre nós e
Deus. “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não
possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir.
Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso
Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que
vos não ouça” (Is 59.1,2). Este versículo deixa bem claro que
quando nossas orações não são respondidas, o problema não está
em Deus, mas em nós.
Quando os caminhos do homem desagradam a Deus, Deus se
nega responder suas orações. Veja o que o próprio Deus diz a
respeito:
“Então, a mim clamarão, mas eu não responderei; de madrugada
me buscarão, mas não me acharão” (Pv 1.28).
“Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou
oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei” (Jr 7.16).
“Portanto, assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre eles, de que
não poderão escapar, e clamarão a mim; e eu não os ouvirei” (Jr
11.11).
“Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor
nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles
clamarem a mim, por causa do seu mal” (Jr 11.14).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 92

“Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor e quando oferecerem


holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei deles; antes,
eu os consumirei pela espada, e pela fome, e pela peste” (Jr 14.12).
Quais são esses ‘maus caminhos’ que impedem Deus responder
nossas orações? Vejamos:
21 OBSTÁCULOS À RESPOSTA DE NOSSAS ORAÇÕES.
Nós precisamos entender que ‘algumas’ vezes o que impede a
resposta de nossas orações não é necessariamente um pecado.
Há outros motivos, como no caso de Daniel, por exemplo, que orou
vinte e um dias por um mesmo propósito, mas a resposta demorou.
Também devemos entender que Deus nos responde de três
formas: ‘Sim’; ‘não’; e, ‘espere’.
1. QUANDO ESTAMOS PASSANDO POR PROVAS
A primeira causa que leva um cristão a não ter sua oração
respondida, pelo menos de imediato, se chama provação. Todo
servo fiel é provado neste mundo. Cuidado para não cair no laço
da falsa teologia da prosperidade, a qual ensina que aos servos de
Deus não lhes sucede nenhum mal nesta vida, senão somente
bênçãos. É logico que disfrutamos de bênçãos, mas as vezes
passamos por diversas provações (Jo 16.33; Hb 10.33; Tg 1.2
ARA). Quando Deus nos tem debaixo de provas, é para o nosso
bem e amadurecimento pessoal e espiritual, portanto, nessa fase,
Ele não nos responderá de imediato, mas com certeza responderá.
Tomemos como exemplos: José no Egito; Jó; Moisés em Midiã, a
mulher cananeia; Daniel e outros. Você se imagina a agonia que
eles passaram, desejando que Deus lhes respondesse rápido? Era
uma fase de prova, e eles tiveram que esperar e perseverar. O
importante é que a todos eles Deus lhes respondeu.
Aqui precisamos distinguir duas coisas: Primeiro, a diferença
entre o tempo de Deus e o nosso. É óbvio que Deus é perfeito
em tudo, inclusive na administração do tempo; e nós imperfeitos
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 93

em tudo, pois temos pressa, e queremos que Deus responda


nossas orações sempre de imediato e do modo que queremos.
Segundo, a diferença entre maldição e provação. Quando as
coisas vão mal na vida de uma pessoa, como consequência de
suas transgressões, como os infortúnios que lhe aconteceram na
família de Davi depois do seu pecado com a mulher de Urias, por
exemplo, isso é maldição. Mas quando um servo de Deus, justo e
apartado do mal, sofre desastres de grandes proporções, isso é
provação. Deus acompanha cada passo e abençoa, depois de dar-
nos uma preciosa lição, a nós e aos que estão à nossa volta, como
no caso de Jó, por exemplo (Jó 42.7-10). Entenda bem isto, que
quando estamos passando por provações, Deus está ensinando
algo para nós, ou talvez mais precisamente para aqueles que estão
perto de nós.
2. FALTA DE PERSEVERANÇA
A segunda razão pela que alguns não obtém a resposta de suas
orações, é a falta de perseverança, apesar da forte ênfase que as
Escrituras fazem sobre o assunto. Deus muitas vezes demora res-
ponder-nos, testando nossa atitude; se somos perseverantes, ou
se somos preguiçosos para orar. Jesus nos ensina muito sobre a
importância de perseverar na oração, como meio para obter a
resposta.
“Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo, e este
for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três
pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e
eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe responda lá de
dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os
meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-
me para tos dar; digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por
ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe
dará tudo o de que tiver necessidade. Por isso, vos digo: Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 94

o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-


lhe-á” (Lc 11.5-10).
Com esta passagem denominada “A parábola do amigo importuno”
Jesus nos ensina o valor da perseverança e ao mesmo tempo nos
incita a orar. É maravilhoso ver o próprio Jesus, o Filho de Deus
dizendo-nos: Orem, orem e orem, porque ainda que ele não vos
atenda pela amizade, lhes atenderá pela importunação. Com isto
Jesus nos está dizendo que importunemos a Deus e seremos
atendidos. Diz que Ele nos dará tudo o que tivermos necessidade.
E conclui mais, dizendo: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca
encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á”. Nenhum cristão deveria
jamais ser preguiçoso para orar; ao contrário, deveria importunar
mais a Deus de dia e de noite em oração. Deus gosta disto.
Portanto, decida orar mais.
“Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e
nunca esmorecer: Havia em certa cidade um juiz que não temia a
Deus, nem respeitava homem algum. Havia também, naquela
mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a
minha causa contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não
a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo
a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva
me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim,
venha a molestar-me. Então, disse o Senhor: Considerai no que
diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que
a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-
los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando
vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.1-8).
Também nesta passagem, denominada: “Parábola do juiz iníquo”,
Jesus mais uma vez faz ênfase na importância de orar sempre e
nunca esmorecer. É interessante a comparação entre o juiz injusto
e o nosso Deus que é justo. O juiz atendeu o clamor da viúva, exa-
tamente por causa da sua importunação. Jesus diz que o nosso
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 95

Deus também nos atenderá quando o importunarmos em oração.


De acordo com o v. 8 muitos desistem de orar por falta de fé. As
vezes a resposta parece demorada, mas é o Senhor querendo ver
até que ponto realmente desejamos Sua bênção. Lembra da mu-
lher cananeia em Mateus 15.22? Se ela não tivesse sido perse-
verante, não teria sua oração respondida e um milagre em sua
casa. Paulo disse: “Perseverai em oração, velando nela, com
ações de graças” (Cl 2.4; Rm 12.12). Grifo nosso.
Este versículo nos ensina não somente a importância de
perseverar na oração, mas também ter o cuidado de não orar com
atitude de queixa, murmuração, reclamação, descontentamento,
ou coisas semelhantes. Isto está demonstrado na expressão:
“velando nela, com ações de graças”. É preciso orar com atitude
de fé e gratidão, crendo que terá o que pede. lembre-se que Deus
chama as coisas que não são como se fossem. Nós precisamos
aplicar esse mesmo princípio ao orarmos. A igreja primitiva deixou
para nós um ótimo exemplo de perseverança na oração, com fé e
gratidão (At 1.14; 2.42).
3. FALTA DE TEMOR A DEUS
O terceiro obstáculo à resposta das orações se chama falta de
temor a Deus. Jesus disse: “Ora, nós sabemos que Deus não ouve
a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua von-
tade, a esse ouve” (Jo 9.31). Todos somos pecadores, mas nem
todos temem a Deus, nem procuram fazer Sua vontade. Deus não
faz acepção de pessoas, mas julga segundo as obras de cada um.
Para entender melhor, dizemos que Deus não tem filhos prediletos,
mas tem pessoas que fazem Sua vontade. Dizer que Deus, julga
equivale dizer Deus sabe discernir entre o comportamento de um
e o de outro. A expressão: ‘a obra de cada’ um se refere exata-
mente ao temor, porque há muitos que agem sem nenhum respeito
à pessoa de Deus. Isto é evidente à luz do texto bíblico: “Ora, se
invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 96

segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o


tempo da vossa peregrinação” (1 Pd 1.17). Grifo nosso.
Na Bíblia encontramos o verbo ‘temer’ mais de 460 vezes, na sua
maioria, tendo o sentido de reverência ou respeito à pessoa de
Deus, e quase sempre em forma de ordenança. Como pode
alguém se comportar de maneira ofensiva a Deus, e pretender ter
as orações respondidas, cada vez que dEle necessitar? Tal atitude
é uma zombaria para Deus, e a Bíblia é clara em dizer que Deus
não pode ser zombado, e tudo o que o homem semear, isso
também ceifará (Gl 6.7).
4. ORAR COM INCREDULIDADE
O quarto obstáculo à resposta das orações é a incredulidade. A
dúvida é o oposto da fé, portanto, uma atitude que entristece a
Deus, e faz que Ele rejeite nossa oração (Mc 9.19). Em Mateus
13.54-58 diz que Jesus foi rejeitado em Nazaré, e não pôde fazer
mais milagres ali, por causa da incredulidade deles. O autor da
epístola aos Hebreus nos diz que muitos dos filhos de Israel mor-
reram no deserto, e não puderam entrar na terra prometida por
causa da incredulidade (3.19). Orar com incredulidade é pôr em
descrédito o poder de Deus. É a mesma coisa que dizer-lhe a
Deus: ‘Senhor, não creio que sejas capaz, o suficiente para fazer
tal coisa. A Bíblia nos ensina que ao orarmos precisamos pôr em
prática o princípio da fé: “Ore com fé, não duvidando; porque o que
duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lan-
çada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá
do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é incons-
tante em todos os seus caminhos” (Tg. 1.6-8). A expressão ‘cora-
ção dobre’ se refere àquele que uma hora crer e, outra hora duvida.
Jesus repreendeu Seus discípulos por causa da incredulidade
deles (Mt 8.26); e se maravilhou com a fé do centurião romano (Mt
8.10), com a fé da mulher hemorrágica (Mt 9.20-22), e com a fé da
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 97

mulher sirofenícia (Mt 15.28; Mc 7.26). Quantos de nós não


estaremos decepcionando Jesus na oração?
Cada problema que se apresenta na nossa vida, é uma opor-
tunidade para Deus operar um milagre, porém, para que isto
suceda, é imprescindível ter fé. A Bíblia diz em Hebreus 11.6 que
sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que
aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é
galardoador dos que o buscam. E a fé pode crescer ou diminuir,
conforme nossa ação e nossa decisão. Em Lucas 17.2 os
discípulos oraram pedindo ao Senhor que lhes aumentara a fé.
Paulo ensina que o desenvolvimento da fé é responsabilidade
nossa. Em Romanos 10.17 ele diz que a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus. Quanto mais nos aproximamos de
Deus, por meio da leitura constante de Sua palavra, ouvir pre-
gações bíblicas, testemunhos miraculosos e, louvores inspirado-
res, nossa fé é aperfeiçoada e nossas orações respondidas,
porque fazendo essas coisas, conquistamos o coração do Pai.
5. ORAR CONTRA A VONTADE DE DEUS
O quinto obstáculo à resposta da oração, é orar contra a vontade
de Deus, o que também denominamos: ‘Andar na contramão do
céu’. Neste caso, o que impede a resposta, não é necessariamente
um mal caminho, ou seja, uma má conduta, um pecado, uma
atitude de rebeldia. Mas simplesmente o que pedimos não é a
vontade direta de Deus, ou talvez esteja em total desacordo com
seus planos para nós. O apóstolo João nos instrui dizendo:
“E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma
coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que
nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos. Se alguém vir seu irmão cometer
pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles
que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse
não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 98

não é para morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de


Deus não vive pecando; mas o que de Deus é gerado conserva-se
a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.14-18).
Um exemplo bíblico bem prático que nos ajuda a entender isto,
está em Jeremias 7.16-18; 11.14; 14.11,12 onde Deus, por três
vezes lhe diz ao profeta que não ore pelo povo de Judá. Eles
haviam provocado a ira de Deus, agindo com intencional rebeldia
e caindo em apostasia, e Deus estava decidido levá-los ao cativeiro
babilônico. A vontade do profeta era que Deus não fizesse isso.
Jeremias estava orando na contramão de Deus.
A história bíblica registra vários personagens importantes que
oraram e não tiveram suas orações respondidas. Davi, por
exemplo, orou com lágrimas e jejuou sete dias, para Deus curar
seu primeiro filho com a mulher de Urias, mas Deus não atendeu
seu pedido, e a criança morreu (2 Sm 12.15-22). Aquela criança
era fruto do pecado, e, portanto, Deus estava decidido fazer Davi
sofrer as consequências da sua transgressão. Por isso não aceitou
sua oração.
Moisés orou e implorou a Deus com insistência, para que lhe
permitisse entrar na terra de Canaã, para a qual caminhou pelo
deserto durante quarenta anos, conduzindo os filhos de Israel. A
resposta de Deus foi: “Basta; não me fales mais neste negócio” (Dt
3.23-26). Aqui Deus lhe respondeu, porém, não concedendo-lhe o
que ele pedia. Moisés havia cometido duas falhas graves de uma
só vez: Primeiro, ele ‘chamou o povo de rebelde’; e, segundo, ele
desobedeceu o mandato de Deus de falar à Rocha, golpeando-a
duas vezes (Nm 20.7-13). No Novo Testamento nos é revelado que
aquela Pedra era Cristo (1 Co 10.4). Enquanto ao primeiro erro, é
oportuno dizer aqui, que o povo realmente era rebelde, mas o líder
não deve jamais dizer isso.
No jardim do Getsêmane, Jesus orou três vezes pedindo ao Pai
que se fosse possível, passasse dele aquele cálice sem que ele o
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 99

bebesse, mas Deus não lhe concedeu isso, nem houve resposta
alguma, porque os pecados de todos nós estava sobre ele (Lc
22:42).
O apóstolo Paulo orou três vezes pedindo a Deus que lhe tirasse o
espinho da sua carne. Aqui sim, o Senhor lhe respondeu, não
concedendo o que ele queria, mas simplesmente disse: ‘A minha
graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’ (2
Co 12.8,9a). Há uma curiosidade nesta passagem, que todo
mundo deseja saber qual ou o que era o espinho na carne de
Paulo. Não precisa especular muito sobre isso. Basta o que já
sabemos, que se tratava de um mensageiro de Satanás para
esbofeteá-lo, afim de que não se vangloriasse, por causas das
muitas revelações. Nesse sentido todos nós, sem exceção, temos
um ou mais espinhos na carne, o qual não nos será tirado. Então
o que realmente precisamos fazer, é buscar a graça de Deus, com
a qual poderemos suportar.
Moisés, Davi, Jesus e Paulo, tiveram como resposta de Deus um
‘NÃO’. O mais importante é aceitar a vontade de Deus. Os três
jovens hebreus (Hananias, Misael e Ananias), estavam dispostos
a aceitar a vontade de Deus, fosse ela qual fosse (Dn 3.16-18).
Grande lição para nós.
6. ORAÇÃO EGOÍSTA
O sexto obstáculo à resposta da oração se chama egoísmo. Esse
sentimento perverso é um dos principais causadores de males na
raça humana, pois destrói casamentos, causa separação entre
pais e filhos, causa pobreza no país, devido a que a maioria dos
políticos são terrivelmente egoístas e avarentos. Enfim, é uma
peste destruidora. O ser humano é egoísta desde antes da
fecundação. Prova disto, é que quando o espermatozoide acaba
de penetrar o óvulo feminino, ele cria uma espécie de barreira de
proteção para que nenhum outro entre após ele, e morram todos
os demais. É como se ele após vencer uma carreira competitiva
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 100

com muitos, ao entrar, fechasse a porta rapidamente para que


nenhum outro entre. Os casos de gravidez com gêmeos ou mais,
é porque os espermatozoides conseguiram entrar juntos. A Bíblia
fala de dois meninos que lutavam dentro da mãe, disputando o
primeiro lugar: Jacó e Esaú, filhos de Rebeca (Gn 25.21,22,24-26);
e Perez e Fares, filhos de Tamar (Gn 38.27-30). Esse egoísmo
procede do pecado original, e nós precisamos combatê-lo, para
poder agradar a Deus e obter as respostas de nossas orações (Hb
12.5). É evidente nas Escrituras que nosso egoísmo entristece a
Deus. Vejamos:
“Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura,
não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos
membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e
cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada
tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal,
para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não
sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?
Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se
inimigo de Deus” (Tg 4.1-4).
Nesta passagem o apóstolo Tiago nos ensina que o pecado do
egoísmo nos faz pensar somente em nós mesmos, e no nosso pró-
prio prazer, e que esta é uma das principais razões de Deus se
negar a responder as orações. O texto mostra que o egoísta vive
em conflito permanente com os demais, pois não cede, nem dar a
razão ao outro. Observe que a palavra guerra aparece três vezes;
pelejas e combates são sinônimos; cobiça aparece duas vezes
associadas com a inveja; e todas com o fim de obter os deleites
pessoais. Por isso diz: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal,
para o gastardes em vossos deleites”. No verso 4 o apóstolo cha-
ma o egoísta de adúltero e de inimigo de Deus. Por que o apóstolo
usa estas duas terminologias? Primeiro, porque o adultério é uma
espécie de egoísmo, pois quem adultera só pensa no seu próprio
prazer, sem se importar com a dor ou sofrimento do seu consorte.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 101

Segundo, o egoísta é chamado de inimigo de Deus, porque age


em contradição com os bons princípios da ética e da moral, e segue
o exemplo de Lúcifer, o primeiro egoísta no universo.
A vontade de Deus é que nós sejamos altruístas. Deus disse a
Abraão: “Eu te abençoarei, e tu serás uma bênção” (Gn 12.2 ARC);
ou como está na Almeida Atualizada: “Sê tu uma bênção”. O
altruísmo é uma virtude que move o coração de Deus, e faz Ele
responder nossas orações. O apóstolo Paulo ensina que Cristo é
nosso maior exemplo de altruísmo: “Ora, nós que somos fortes
devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a
nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que
é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si
mesmo; antes, como está escrito: As injúrias dos que te ultrajavam
caíram sobre mim” (Rm 15.1-3).
Jesus ensinou sobre o altruísmo vs egoísmo ao dizer: “...buscai,
primeiramente o reino Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Quando damos prioridade ao
Reino de Deus, Ele ouve nossas orações e nos abençoa. Voltando
a Romanos 15, no v. 4 diz que “tudo o que dantes foi escrito para
nosso ensino foi escrito”. Então para fortalecer em nós o desejo de
ser cada vez mais altruístas e combatermos o pecado do egoísmo,
encontramos no Antigo Testamento vários exemplos de persona-
gens que foram abençoados por Deus, ao praticarem ações
generosas e altruístas. Exemplo: Abraão foi abençoado na missão
de resgatar seu sobrinho Ló. Raabe (a ex-meretriz), foi salva por
proteger os espias. Boaz foi recompensado por sua hospitalidade
com Rute. Davi foi abençoado quando levou comida para o rei e
para seus irmãos no campo de batalha. Abigail foi salva da morte,
ela e toda a sua família, por ter sido generosa com Davi e seus
homens. Jó foi prosperado enquanto orava por seus amigos.
Neemias foi abençoado e teve a resposta de Deus quando orou e
lutou a favor dos judeus. Muitos outros exemplos há, deixando
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 102

claro para nós, que deveras precisamos combater o pecado do


egoísmo e sermos mais altruístas.
O egoísta até na oração é mesquinho. Ele ora como o gato, sempre
a favor de si próprio e mais ninguém. Ele não consegue ser um in-
tercessor. Enquanto que o altruísta passa horas de joelhos inter-
cedendo pelos demais, sem se preocupar de orar por si mesmo.
Sua bênção é certa (Jó 42.10).
7. ORAR COM HIPOCRISIA
O sétimo obstáculo a resposta da oração se chama hipocrisia.
Hipocrisia é religiosidade, falsidade, malícia e engano. Esse era o
principal pecado dos fariseus, e por isso foram reprovados por
Jesus. Os hipócritas geralmente são religiosos, mas Jesus disse
que a recompensa deles não vem de Deus senão dos homens. O
Senhor foi categórico em afirmar que Deus não responde a oração
dos hipócritas. Vejamos: “E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos
cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade
vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando
orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”
(Mt 6.5,6).
Jesus advertiu seus discípulos dizendo: “Acautelai-vos, primei-
ramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12.1).
Ora, o que é hipocrisia? É mentira, engano, falsidade, aparência,
beleza exterior sem conteúdo verdadeiro por dentro. É por isso que
Jesus compara a hipocrisia com o fermento, que no pão produz
beleza à vista, mas não tem peso. Por causa desse pecado o
Senhor Jesus reprovou a oração, a adoração e os ensinamentos
dos escribas e fariseus de sua época, dizendo: “Hipócritas, bem
profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me
com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 103

vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de


homens” (Mt 15.7-9). Isto se refere a opiniões pessoais.
Qual a diferença entre a oração hipócrita e a verdadeira? Uma é
somente de lábios, como está escrito em Isaias 29.13: “Este povo
de lábios me honra, mas seu coração está longe de mim”. A oração
verdadeira é aquela que é feita desde adentro, do mais íntimo do
coração, com sinceridade, com lágrimas e com humildade; como
está escrito em Jeremias 29.12: “Buscar-me-eis e me achareis
quando me buscardes de todo o vosso coração”.
Uma das principais razões pelas que Deus se recusa responder a
oração dos hipócritas, é porque essa classe de gente é infiel, falsa
e não tem temor de Deus no coração. Sabem que os olhos de Deus
estão em todo lugar (Pv 15.3), que o Senhor sabe todas as coisas
(Sl 139.1ss), mas mesmo assim usam de engano, como que
tratando de burlar a Deus (Gl 6.7). Deus diz na Sua palavra: “Os
meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo;
o que anda num caminho reto, esse me servirá. O que usa de
engano não ficará dentro da minha casa; o que profere mentiras
não estará firme perante os meus olhos” (Sl 101.6,7).
8. ATITUDES DE SOBERBA
O oitavo pecado que impede a resposta das orações se chama
soberba, isto é, o oposto da humildade. Soberba é sinônimo de
altanaria, altivez, orgulho, arrogância, presunção. É sentir-se mais
do que o que realmente é. É uma opinião exagerada a respeito de
si mesmo. Paulo escrevendo aos romanos diz: “...que ninguém
tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter (Rm
12.3,16 ARA). O soberbo a si mesmo se louva, ou se exalta; mas
isso está proibido na Bíblia. Em Prov. 27.2 diz: “Seja outro o que te
louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios” (ARA).
Deus sente nojo quando ver uma pessoa se elogiando a si mesmo.
Jesus falou: “...qualquer que a si mesmo se exaltar será humilha-
do, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lv 14.11).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 104

O apóstolo Tiago falou que Deus resiste aos soberbos e dá graça


aos humildes (Tg 4:6,7). Observe que toda pessoa soberba é sem
graça, e vice-versa. A Bíblia associa a soberba com a raiz de
amargura, um mal que impede a manifestação da graça de Deus,
e o bom relacionamento com os demais. Está escrito: “Segui a
paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus,
e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por
ela muitos se contaminem” (Hb 12.14,15).
Toda pessoa soberba é orgulhosa. Não confunda soberba com
orgulho. São duas coisas distintas, mas as duas andam sempre
juntas. O soberbo pensa que é, diz a todos que é, mas não é. Se
trata de um sentimento de grandeza que a pessoa não possui. É
um gatinho se sentindo um grande leão. Por outro lado, o orgulho-
so é aquele que se sente vaidoso do que ele realmente é, ou tem;
e por isso se ama em excesso, e se supervaloriza em detrimento
dos menores que ele. Tanto o soberbo como o orgulhoso são
reprovados por Deus, porque são uma classe de pessoas que não
gosta de submeter-se às normas ou autoridades (1 Pd 5:5,6). Em
Provérbios 16.4 diz que Deus não suporta os orgulhosos, e uma
coisa é certa, não os deixará sem castigo. Resumindo:
A primeira razão porque Deus rejeita a oração dos soberbos e
orgulhosos é por falta de humildade neles (Ob 1.3; Jr 48.29; 49.16).
“A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá
honra” (Pv 29.23). A segunda razão é porque todo soberbo é
propenso à violência. A Bíblia diz: “Pelo que a soberba os cerca
como um colar; vestem-se de violência como de um adorno. Os
olhos deles estão inchados de gordura; superabundam as imagi-
nações do seu coração. São corrompidos e tratam maliciosamente
de opressão; falam arrogantemente” (Sl 73.6-8). A terceira razão
porque Deus não responde a oração dos soberbos, é porque são
propensos a contenda (Pv 13.10). Como está escrito: “Estas seis
coisas aborrece o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: olhos
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 105

altivos, e língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocen-


te, e coração que maquina pensamentos viciosos, e pés que se
apressam a correr para o mal, e testemunha falsa que profere
mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos” (Pv 6.19).
9. MALDADE OU CONDUTA PERVERSA
O nono obstáculo à resposta das orações é a maldade existente
no coração daquele que ora, tendo atitude de ímpio. A Bíblia diz:
“...os ímpios falam de paz ao seu próximo, mas têm o mal no seu
coração” (Sl 28.3). Se trata daqueles que agem com engano, isto
é, malícia intencional e impiedade. A palavra impiedade quer dizer
literalmente crueldade ou desumanidade. Como pode um cristão
agir dessa forma, e ainda ter a ousadia de se ajoelhar diante de
Deus para orar? Mas tem muitos fazendo isso. São aquelas
pessoas insensíveis ao sofrimento dos demais, que não praticam
o amor ao próximo e a misericórdia (Mt 23.23).
O ser humano é perverso por natureza. Por causa do pecado
original, o homem ficou propenso a fazer somente o que é errado.
Qualquer sentimento de bondade provém do Espírito Santo, pois a
Bíblia diz em Gálatas 5.22 que a bondade é uma característica do
fruto do Espírito; enquanto que a maldade é obra da carne, sendo
sinônimo de malícia, astúcia, engano e impiedade. Por isso Deus
se nega responder as orações dos que em vez de se encherem do
Espírito, preferem andar na carne. É com base nisto que Miquéias
dirige a palavra aos líderes de Israel, por causa do pecado de
idolatria, orgulho, opressão aos pobres, suborno entre os líderes,
cobiça, avareza e religião vazia: “Então, clamarão ao Senhor, mas
não os ouvirá, antes esconderá deles a sua face naquele tempo,
visto que eles fizeram mal nas suas obras” (Mq 3.4). Inspirado pelo
mesmo Espírito, o apóstolo Pedro falou praticamente as mesmas
palavras do profeta Miqueias: “Porque os olhos do Senhor estão
sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas
o rosto do Senhor é contra os que praticam o mal” (1 Pd 3.12).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 106

Deus não tem prazer em responder a oração de quem faz o mal,


de quem tem conduta perversa. A Bíblia é clara em dizer que
aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4.17).
10. NÃO QUERER OUVIR A VOZ DE DEUS
O décimo obstáculo à resposta das orações, é a rejeição inten-
cional da instrução divina por meio dos instrumentos humanos. Aos
olhos de Deus essa atitude é vista como absoluta rebeldia contra
a verdade e contra os bons princípios.
Deus falou no passado através dos profetas e sacerdotes, depois
falou através do próprio Filho (Hb 1.1,2). Hoje Deus fala através
dos pregadores, mestres e líderes, porém, muitos não querem
ouvi-los, mas querem ser abençoados e ter suas orações res-
pondidas. Quem se recusa ouvir os mensageiros de Deus, não terá
suas orações respondidas. Um exemplo disto na Bíblia é o rei
Jeoaquim (filho de Josias, rei de Judá), que o profeta Jeremias
várias vezes lhe advertiu em nome do Senhor, sobre o ataque dos
caldeus a Jerusalém, mas ele sempre rejeitou. “Falei contigo na
tua prosperidade, mas tu disseste: Não ouvirei. Este é o teu ca-
minho, desde a tua mocidade, pois nunca destes ouvidos à minha
voz” (Jr 22.21). Como ele não quis ouvir a mensagem de Deus,
Nabucodonosor levou a cabo todo o propósito de Deus sobre ele.
Zacarias cap. 7 vv. 8,9 descreve com riqueza de detalhes os bons
princípios que o Espírito Santo, mediante seus profetas transmi-
tiram aos filhos de Israel, e como eles rejeitaram, endurecendo
assim seu coração. Com isto Deus se entristeceu e se negou a
responder as orações deles. Nos vv. 11 ao 13 do mesmo cap. 7
lemos assim:
“Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram o ombro
rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não
ouvissem. Sim, fizeram o seu coração duro como diamante,
para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor
dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 107

precedentes; donde veio a grande ira do Senhor dos Exércitos. E


aconteceu que, como ele clamou, e eles não ouviram, assim
também eles clamarão, mas eu não ouvirei, diz o Senhor dos
Exércitos”. Grifo nosso.
Que isto sirva de lição para nós, pois hoje em dia tem muitos
cristãos com o coração endurecido, sem querer ouvir a mensagem
de Deus através dos seus mensageiros. Triste deles, pois quando
clamarem ao Senhor, não serão ouvidos.
11. NÃO OUVIR A LEI DE DEUS
O décimo primeiro obstáculo para Deus não responder as orações,
se chama ‘Não dar ouvidos à Palavra de Deus’; ou também, rejeitar
o conhecimento bíblico. Na Bíblia o verbo ‘ouvir’, com relação a
Deus tem o sentido de responder. Exemplo: Deus me ouviu, signi-
fica: Deus me respondeu. Já com relação a nós, tem o sentido de
acatar, aceitar, guardar ou obedecer. A pessoa que se recusa ouvir
os ensinamentos da Palavra de Deus, automaticamente está des-
prezando a Deus. Crente que não gosta de estudo bíblico, Escola
Dominical, e culto de ensino, não deve esperar Deus responder
suas orações, pois o Senhor não tem compromisso com esse tipo
de gente, que despreza intencionalmente o conhecimento de Deus.
Como está escrito: “Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque
estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; antes,
rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repre-
ensão; também eu me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo o
vosso temor, vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa
perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia. Então,
a mim clamarão, mas eu não responderei; de madrugada me bus-
carão, mas não me acharão. Porquanto aborreceram o conheci-
mento e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o meu
conselho e desprezaram toda a minha repreensão” (Pv 1.24-30).
As Escrituras falam muito sobre a magnitude desse pecado, de
desprezar o conhecimento bíblico, colocando-o em um nível muito
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 108

mais terrível que outros pecados, porque obviamente a Bíblia diz


que há pecados piores que outros (1 Jo 5.16,17). Em Provérbios
12.1 diz que não tem inteligência aquele que rejeita a correção por
meio da Palavra de Deus. Em provérbios 28.9 diz que aquele que
desvia seu ouvido para não ouvir a lei, até sua oração é abomi-
nável. Em Oseias 4.6 Deus mesmo diz: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conheci-
mento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote
diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também
eu me esquecerei de teus filhos”. Esta palavra foi dirigida
especialmente para a liderança. Como é possível que um líder
espiritual, a quem foi confiada a importante missão de dirigir o povo
de Deus, negligenciar o conhecimento de Sua palavra? Quem não
dá valor ao ensinamento bíblico, Deus o reprova; e rejeita a sua
oração.
Esse pecado de desprezar a Palavra de Deus pode levar uma
pessoa, uma família, uma nação, ou uma igreja à ruina total.
Vejamos o que diz Deus: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos à
margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual
é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa
alma; mas eles dizem: Não andaremos. Também pus atalaias
sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas eles
dizem: Não escutaremos. Portanto, ouvi, ó nações, e informa-te,
ó congregação, do que se fará entre eles! Ouve tu, ó terra! Eis que
eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensa-
mentos; porque não estão atentos às minhas palavras e
rejeitam a minha lei (Jr 6.16-20). Grifo nosso.
Nós temos na Bíblia três exemplos de reis que amaram a lei de
Deus, e foram altamente exitosos, porque Deus gostou da atitude
deles, e respondia as suas orações. O primeiro deles foi Davi,
chamado na Bíblia de ‘o homem conforme o coração de Deus’ (At
13.22). Ele era tão humano e tão falho quanto nós hoje, mas lendo
o Salmo 119 descobrimos porque ele era tão amado por Deus. No
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 109

v. 11 ele disse: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu


não pecar contra ti”. No v. 97 ele disse: “Oh! Quanto amo a tua
lei! É a minha meditação em todo o dia!”. No v. 105 ele disse:
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu
caminho”. No Salmo 27.4 ele disse: “Uma coisa pedi ao SENHOR e
a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da
minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender
no seu templo”. Então ele podia dizer: “Na minha angústia clamei
ao Senhor, e Ele me ouviu” (Sl 18.6).
Os outros dois reis foram Josafá (2 Cr 20.1-29) e Ezequias (2 Rs
19.1-35), líderes tementes a Deus e mui apegados com Sua
palavra. Quando se encontraram em aperto, clamaram ao Senhor,
e Deus lhes respondeu. Que isto sirva de lição para todos nós.
12. INIQUIDADE NO CORAÇÃO
O décimo segundo obstáculo à resposta de Deus para as nossas
orações se chama iniquidade. Iniquidade é: crueldade, perversi-
dade, injustiça e tirania. Alguém poderá dizer que é a mesma coisa
que impiedade. São sinônimos, porém, de acordo com a Bíblia, ini-
quidade é pecado de crente (1 Co 5.13), ao passo que impiedade
é pecado de descrente (Gn 18.23). Ao dizer que iniquidade é
pecado de crente, estamos dizendo que este é muito pior que a
impiedade. Porque o ímpio peca por ignorância, porém, o cristão
salvo, com conhecimento da verdade. Por isso é muito mais fácil
Deus ouvir a oração de um ímpio, que de um crente iníquo (isto é,
injusto). Isto fica evidente à luz do texto de Salmo 66.18-20 que diz:
“Vinde e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que ele
tem feito à minha alma. A ele clamei com a minha boca, e ele foi
exaltado pela minha língua. Se eu atender à iniquidade no meu
coração, o Senhor não me ouvirá; mas, na verdade, Deus me
ouviu; atendeu à voz da minha oração. Bendito seja Deus, que
não rejeitou a minha oração, nem desviou de min a sua miseri-
córdia”. Grifo nosso.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 110

Observe a alegria do salmista porque Deus não rejeitou a sua


oração, e a explicação que ele mesmo dá para isto, é que Deus
não achou iniquidade no seu coração. Se queremos ser aceitos por
Deus, precisamos ter um coração puro, livre de injustiça.
Deus não aceita nem a oferta de quem tem iniquidade no coração,
muito menos a oração. Através do profeta Isaias Deus falou: “Não
tragais mais ofertas debalde; o incenso é para mim abominação,
e também as Festas da Lua Nova, e os sábados, e a convocação
das congregações; não posso suportar iniquidade, nem mesmo
o ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova, e as vossas
solenidades, as aborrece a minha alma; já me são pesadas; já
estou cansado de as sofrer” (Is 1.13,14). Esta palavra foi dirigida
aos filhos de Israel, que cometiam todo tipo de injustiça, e logo iam
levar suas ofertas no altar, e oferecer incenso em suas reuniões
solenes. Pura religiosidade vazia. Chegou o ponto em que Deus
lhes disse: “Estou cansado disto, não posso suportar a iniquidade”.
Esta mesma palavra profética serve para nós hoje, pois quem
comete injustiça, não deve pretender que Deus responda suas
orações.
A razão porque Deus não aceita a oração de servos iníquos é
porque a iniquidade (que é injustiça e maldade), não é um pecado
acidental, senão planejado no coração, que as vezes se manifesta
simplesmente na negação de fazer o bem quando se pode. Uma
pessoa iníqua é cruel, fria e insensível. Ela transgrede às leis
morais e as normas da ética sem qualquer tipo de remorso ou
escrúpulo. Ou seja, está totalmente, relacionada com o cinismo e
a falta de caráter”. Esse tipo de atitude Deus abomina.
13. MÃOS MANCHADAS DE SANGUE
O décimo terceiro obstáculo para a resposta das nossas orações
se chama ‘mãos machadas de sangue’. A expressão “Mãos man-
chadas de sangue” tem sentido amplo, referindo-se a todo e qual-
quer tipo de violência ou desejo de praticá-la; desejo de vingança,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 111

desejo de fazer justiça com as próprias mãos. Deus conhece os


corações. Uma pessoa pode não cometer uma violência física, mas
ter um enorme desejo disso no coração. E, isso para Deus é algo
gravíssimo. Deus é Deus de paz e ama os pacificadores (Mt 5.9),
mas aborrece os violentos. (Sl 11.5; Ml 2.16). Uma pessoa pode
não matar a outra fisicamente, mais pode feri-la verbal e emocio-
nalmente, ao ponto de matá-la, psicologicamente e/ou espiritual-
mente. Assim como existe o assassinato físico, também há o
assassinato psicológico, espiritual e, ministerial. Tudo isso é vio-
lência. O simples fato de alguém aborrecer (isto é odiar, ou desejar
o mal) ao seu irmão, já está cometendo um crime aos olhos de
Deus, pois a Bíblia diz em 1 João 3.15 que “Qualquer que aborrece
a seu irmão é homicida”. Como pode alguém orar, odiando ao seu
próximo (Mc 11.25,26). Odiar ao próximo é atitude maligna.
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa
salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as
vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não
ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e
os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios falam falsamente,
e a vossa língua pronuncia perversidade” (Is 59.1-3). Observe que
o profeta diz que os vossos pecados impedem a resposta das
orações. Que pecados são esses? Mãos manchadas de sangue,
iniquidade, hipocrisia e perversidade.
Qualquer atitude de injustiça, opressão e violência está associada
com mãos manchadas de sangue. “Assim diz o Senhor: Exercei o
juízo e a justiça e livrai o espoliado da mão do opressor; e não
oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais
violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar” (Jr 22.3).
Deus rejeita a oração dos violentos. Repetidas vezes isto é dito nas
Escrituras, e enquanto não houver mudança de atitude, produzindo
um ambiente de paz e harmonia, Deus não abençoará jamais, nem
ouvirá as orações. Assim diz Deus em Sua palavra: “Pelo que,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 112

quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando


multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas
mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a mal-
dade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai de fazer
mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o opri-
mido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is 1.15).
Em duas ocasiões Deus rejeitou a oração de Davi, por causa de
seus crimes de sangue. Primeiro, quando lhe nasceu o filho da
mulher de Urias, e adoeceu, Davi orou e jejuou por sete dias,
pedindo a Deus que curasse a criança, mas Deus se recusou de
atendê-lo, porque aquela criança era fruto de um duplo crime
qualificado. Ali Davi tinha as mãos manchadas com o sangue de
um soldado fiel. Assim diz a Bíblia:
“...porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os
inimigos do Senhor blasfemem, também o filho que te nasceu cer-
tamente morrerá. Então, Natã foi para sua casa. E o Senhor feriu
a criança que a mulher de Urias dera a Davi; e a criança adoeceu
gravemente. E buscou Davi a Deus pela criança; e jejuou Davi, e
entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra. E sucedeu que,
ao sétimo dia, morreu a criança...” (2 Sm 12.14-19). Segundo,
quando desejou construir um templo para Deus, e Deus lhe falou
através do profeta Natã: “...Tu derramaste sangue em abundância
e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome;
porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante a minha
face. Eis que o filho que te nascer será homem de repouso; porque
repouso lhe hei de dar de todos os seus inimigos em redor” (1 Cr
22.8,9a). Seu filho Salomão, que foi um homem pacífico, por certo
até seu nome vem do hebraico ‘Shelomon’ de shalom que significa
paz, foi quem teve o privilégio de construir o Templo.
Devemos ser mansos. Nos livros de Salmos e Provérbios há mui-
tas promessas de bênçãos da parte de Deus para os mansos,
principalmente a de ouvir as orações: “Senhor, tu ouviste os desse-
jos dos mansos; confortarás o seu coração; os teus ouvidos es-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 113

tarão abertos para eles; para fazeres justiça ao órfão e ao opri-


mido, a fim de que o homem, que é da terra, não prossiga mais em
usar da violência” (Sl 10.17). Os mansos herdarão a terra e se
deleitarão na abundância de paz” (Sl; 37.11). “Certamente ele
escarnecerá dos escarnecedores, mas dará graça aos mansos”
(Pv 3.34). Isto significa que Deus retribuirá os violentos, conforme
sua violência, e ouvirá a oração dos mansos, isto é, humildes e
pacificadores. O verbo escarnecer significa literalmente censurar
sem piedade, ridicularizar ou zombar sem compaixão. Isto também
é violência. Como foi dito ao princípio, violência não é somente
física, mas também verbal e psicológica. Seja como seja, é um
forte obstáculo à resposta de Deus para as nossas orações.
14. PECADOS OCULTOS
O décimo quarto obstáculo à resposta das orações se chama
pecados ocultos, isto é, encobertos ou não confessados. A Palavra
de Deus diz: “O que encobre as suas transgressões nunca prospe-
rará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv
28.13). A principal prosperidade na vida de um cristão é a sua
comunhão com Deus e a resposta de suas orações. Mas o que
significa pecados ocultos? É uma vida dissimulada, de aparência,
fingindo ser o que não é. Essa atitude impede as respostas das
orações, porque quem age dessa maneira está abertamente escar-
necendo de Deus, e em Sua palavra diz: “Não erreis: Deus não se
deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso tam-
bém ceifará” (Gl 6.7). É inútil querer ocultar dos olhos de Deus
nossos pecados, pois está escrito que “Os olhos do Senhor
estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15.3).
Todos nós somos pecadores e precisamos admitir isso com since-
ridade. A religiosidade geralmente está associada com a soberba
e com a hipocrisia ao mesmo tempo, operando numa consciência
cauterizada, com a qual a pessoa estando mal, diz que está bem;
estando em pecado diz que não. Mas o apóstolo João afirma: “Se
dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 114

e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados,


ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de
toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo menti-
roso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1.8-10). A verdadeira
espiritualidade não consiste em não pecar, mas sim em admitir
com humildade diante de Deus e dos homens, e pedir perdão.
Obviamente Deus tem prazer em perdoar quem se arrepende (Mq
7.18,19), mas o que comete transgressão e não confessa, isto é,
não admite de imediato, sofrerá as consequências. Davi reco-
nheceu seu pecado, mas demorou. Então declarou:
“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo
pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor
não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Enquanto
eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em
todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim;
o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu
pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao
Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do
meu pecado” (Sl 32.1-5). Grifo nosso.
Davi, demorou, mas finalmente reconheceu que nele havia
transgressão, maldade, engano, silêncio, e que a mão de Deus
pesava sobre ele. Então confessou. Mas enquanto não confessou
o seu pecado, tudo ia de mau a pior na sua vida. Suas orações não
eram respondidas, e até sua saúde física estava em declínio. Mas
quando confessou, disfrutou do gozo da salvação e da restauração
que vem de Deus. No Salmo 51 vemos a sinceridade das suas
palavras ao confessar seu pecado: “Tem misericórdia de mim, ó
Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgres-
sões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me com-
pletamente da minha iniquidade e purifica-me do meu peca-
do. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu peca-
do está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei,
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 115

e fiz o que a teus olhos é mal, para que sejas justificado quando
falares e puro quando julgares” (vv 1-4). Grifo nosso.
Foi Davi quem orando disse a Deus: “Quem pode entender os
próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos” (Sl 19.12).
Nós precisamos pedir a Deus que ilumine sempre a nossa
consciência, para que vejamos nossos pecados, pois é sumamente
perigoso ter a consciência cauterizada e achar que não temos
pecados. Moisés orou dizendo: “Diante de ti puseste as nossas
iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto” (Sl
90.8). Que o Senhor Jesus nos perdoe o pecado de ocultar nossos
pecados, para que nossas orações sejam respondidas.
15. NÃO PERDOAR A QUEM NOS OFENDE
O décimo quinto obstáculo à resposta de Deus para as nossas
orações se chama não perdoar o ofensor. Na igreja de Corinto
Paulo disse haver perdoado a um agressor, para que Satanás não
ganhasse vantagem (2 Co 2,10). Quando não perdoamos, quem
sai vitorioso é Satanás, porque há uma relação intrínseca entre o
perdão e a oração, o jejum e a oferta para Deus, como veremos a
continuação à luz da Bíblia. Não perdoar o ofensor, é não somente
uma atitude negativa e imprópria, senão altamente pecaminosa
aos olhos de Deus, porque revela soberba e raiz de amargura (Hb
12.14,15). O apóstolo Tiago nos diz: “Porque todos tropeçamos em
muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é
perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2).
Outra versão diz: “Todos ofendemos” (RVA2015). Nós também
ofendemos, mas não queremos perdoar quem nos ofende. Isto é
grave e prejudica nosso relacionamento com Deus. Um dos bons
hábitos que a maioria dos cristãos temos, é começar nossas
orações pedindo a Deus que perdoe os nossos pecados. Até aí
tudo bem.
O Senhor Jesus nos ensina um segredo muito bom para ter as
orações respondidas, inclusive quando pedimos a Deus perdão
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 116

pelos nossos próprios pecados. Ele disse: “Por isso, vos digo que
tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis. E,
quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra
alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as
vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai,
que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” (Mc
11.24-26).
Em Mateus 6 depois de ensinar como orar e jejuar de modo eficaz,
Jesus conclui falando sobre a relação entre a oração e o perdão, e
deixa claro que se trata de uma norma obrigatória. Perdoar o
ofensor não é uma opção. Quem não perdoa não tem a bênção de
Deus. Jesus foi enfático ao dizer: “Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará
a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mt
6.14,15).
Aqui Jesus garante que se perdoarmos nossos ofensores, nossas
orações serão respondidas. Então não precisamos duvidar do que
Jesus falou. Se foi Jesus quem disse, é verdade. Podemos per-
doar, na certeza de que com isto estaremos agradando a Deus, e
obtendo o Seu favor. O Senhor Jesus foi o maior exemplo de
perdão, pois além de ter perdoado a muitos pecadores durante
todo o Seu ministério terreno, também intercedeu pelos algozes
que lhe crucificavam, pedindo a Deus que os perdoara. Isto não
significa que aqueles torturadores foram salvos. Significa que
Jesus nos deixou o exemplo supremo de perdão aos que nos
maltratam ou ofendem.
Também há uma relação entre a oferta e o perdão. Jesus falou:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de
que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar
a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois
vem, e apresenta a tua oferta...” (Mt 5.23,24).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 117

Oferta não significa somente dinheiro. Oferta aqui nesta passagem,


se refere a tudo o que ofertamos para Deus no altar. Por exemplo:
Nossa oração, jejum, louvor, adoração, pregação, serviço, etc.,
tudo é oferta para Deus. Então como pode alguém está ministrando
no altar de Deus, com o coração cheio de rancor, maldade, raiz de
amargura e tudo o que é mal, contra quem o ofendeu? Ou tendo
ofendido a seu irmão, mas não tendo a humildade de ir até ele pedir
perdão, ou tendo a consciência cauterizada, achando que não o
ofendeu. Deus não recebe essa oferta. No v. 23 de Mateus 5 Jesus
disse: “...se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que
teu irmão tem alguma coisa contra ti...” diferente do dito em Marcos
11.25 “...E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma
coisa contra alguém...”. Observe a diferença: Primeiro, ...te lem-
brares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai reconciliar-te
com ele. “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto
estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário
te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na
prisão” (Mt 5.23-25).
Vai até ele. Ele está ofendido, pede-lhe perdão. Porque ele pode
em oração contra ti, te entregar ao Juiz (que é Deus), e o Juiz pode
te entregar ao oficial (um demônio ou um opressor humano), e este
pode te encerrar na prisão, isto é, crise ou qualquer adversidade
da vida, e não sairá dali enquanto não pagar o último centavo; isto
é, enquanto não se reconciliar com o adversário. Uma observação
importante: Não confunda adversário com inimigo. A Bíblia não
manda se reconciliar com o inimigo, e sim com o adversário, ou
seja, com aquele que diverge de nós.
Na parábola do credor incompassivo mais uma vez Jesus ensina
sobre a relação entre o perdão e a resposta das orações. O reino
dos céus é comparado com um rei que quis acertar contas com os
seus servos, e um deles que lhe devia ‘dez mil talentos’ (em ouro
equivalia a quatro bilhões de dólares, e em prata representava
oitenta milhões de dólares) e não tendo com que pagar, o seu
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 118

senhor mandou que ele, sua mulher e seus filhos fossem vendidos,
para que a dívida fosse paga. Então aquele servo, prostrado lhe
rogava que tivesse misericórdia. E o seu senhor movido de íntima
compaixão, lhe perdoou toda a dívida. Porém, aquele servo, ao sair
dali, encontrou um conservo seu, que lhe devia ‘cem denários’
(quase trezentos dólares), e o agarrou pelo pescoço, sufocando-o
e dizendo-lhe: Paga o que me deves. Seu companheiro implorou
misericórdia, mas ele não quis ouvi-lo, antes o encerrou na prisão.
Os demais companheiros vendo o que sucedia, foram contar ao
seu senhor. Então o seu senhor chamando-o à sua presença,
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque
me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E,
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que
pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai
celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as
suas ofensas (Mt 18.21-35). Refletindo: Jesus nos perdoou uma
dívida enorme, que jamais poderíamos pagar; e nós achamos difícil
perdoar uma ofensa aos nossos semelhantes. Isso entristece o
coração de Deus. Por isso Ele se nega responder nossas orações.
O Senhor Jesus com muita frequência ensinou sobre o perdão; não
somente sobre o dever de perdoar, mais também o dever de re-
conhecer que ofendeu, e pedir perdão. “Então, Pedro, aproximan-
do-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te
digo que até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18.21,22).
Em outra ocasião Jesus disse aos apóstolos: “Olhai por vós
mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se
arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e
sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-
lhe” (Lc 17.3,4). O impressionante é que 90% dos pregadores de
hoje só falam sobre o dever de perdoar, mais não falam sobre o
dever de pedir perdão. É imprescindível fazer ênfase sobre isto.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 119

Outra passagem que condiciona a resposta das orações com o


perdão, está em Mateus 18.15-19 onde Jesus ensina sobre o
passo a passo para a reconciliação com um ofensor: “Ora, se teu
irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te
ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, se não te ouvir, leva ainda
contigo um ou dois, para que, pela boca de duas ou três
testemunhas, toda palavra seja confirmada. E, se não as escutar,
dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o
como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que
ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na
terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós
concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso
lhes será feito por meu Pai, que está nos céus”. Isso é o que temos
que fazer, se queremos que Deus responda nossas orações.
Resumindo: Entenda que quem perdoa é grande, quem ofende é
pequeno. Quem perdoa é importante, quem ofende é miserável.
Quem perdoa está sempre por cima; quem ofende, está sempre
por baixo. Quem perdoa é feliz; quem ofende é infeliz. Quem
perdoa tem a graça de Deus; quem ofende é desgraçado. Quem
perdoa é próspero; quem ofende é fracassado. Quem perdoa é
humilde; quem ofende é soberbo. Jesus perdoou, e está na glória
a destra do Pai, nas alturas, e os seus ofensores no inferno,
aguardando o juízo para serem lançados no lago de fogo. Quem
perdoa tem suas orações respondidas; quem ofende e não pede
perdão, em vez disso, pretende que o ofendido lhe peça perdão,
não será ouvido por Deus, e ainda receberá dez maldições,
conforme o Salmo 109 versos 8-14. Veja quais são essas dez
maldições: 1ª) Poucos anos de vida (v.8); 2ª) perda da posição
(v.8); 3ª) filhos sem a presença dos pais (v.9); 4ª) a morte vencendo
a vida (v.9); 5ª) filhos passando necessidades (v.9); 6ª) os filhos
não conseguem se acomodar junto com os familiares (v.10); 7ª)
conviver sem a misericórdia do credor (v.11); 8ª) filhos sem
proteção da sociedade (v12); 9ª) geração vindoura sem
expectativa de vida (v.13); 10ª) inexistência do perdão de Deus
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 120

(v.14). Então vale a pena perdoar quando somos ofendidos; e pedir


perdão quando ofendemos. Só perdoa quem é manso e tem o
coração livre de orgulho/soberba; e só pede perdão quem é
humilde, capaz de reconhecer sua própria falha.
16. FALAR MAL DOS PAIS
O décimo sexto obstáculo à resposta de Deus às nossas orações
se chama falar mal dos pais. Este pecado traz mais maldição que
qualquer outro. Nossos progenitores são nossas primeiras autori-
dades. Deus, que é o pai dos espíritos de toda carne (Nm 16.22;
27.16; Hb 12.9), e que teve um propósito para nós antes do nosso
nascimento (Sl 139.16; Rm 9.11), escolheu eles para nos trazerem
ao mundo. Foi Deus quem escolheu eles para serem nossos pais,
não nós. Portanto devemos aceitá-los, pois assim estamos auto-
maticamente aceitando a vontade de Deus. Se nós fôssemos filhos
de outros pais, nós não seríamos nós. Nós seríamos outros. Mas
Deus teve um propósito para nós, e outro propósito para os outros.
Por isso não devemos jamais falar mal dos nossos pais.
Quando dizemos que nossos pais foram nossas primeiras autori-
dades, isto nos leva a pensar na prudência que teve o Arcanjo
Miguel, quando discutia com o diabo sobre o corpo de Moisés. Ele
poderia, se não tivesse inteligência e prudência, tê-lo repreendido.
Mas apenas disse: “O Senhor te repreenda” (Jd v. 9). Você sabe
porque Miguel não repreendeu a Satanás? Primeiro, porque ele
sabia que no passado, esse infeliz foi autoridade sobre ele.
Segundo, Miguel tem inteligência e prudência. Ficou explicado
então, que filhos que falam mal dos pais, não tem inteligência nem
prudência; por isso caem em maldição. Nós podemos repreender
a Satanás, em nome de Jesus, porque ele nunca foi chefe nosso.
O mesmo acontece com os pais, podemos até repreender o pai
dos outros, mas o nosso não, para não cair em maldição (Lv 19.32).
A Bíblia diz que o mal relacionamento entre pais e filhos gera
maldição (Ml 4.5,6; Gn 9.24,25). Deus ama a família, e deseja que
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 121

o relacionamento entre seus membros seja saudável. Por isso diz


em Sua palavra: “Eis que eu vos envio o profeta Elias (um con-
selheiro), antes que venha o dia grande e terrível do Senhor (dia
da ira e da maldição); e converterá o coração dos pais aos filhos e
o coração dos filhos a seus pais (ambos precisam se reconci-
liarem); para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml
4.5,6). Com estes dois versículos fica evidente que Deus não
suporta conflitos entre pais e filhos, e se não houver reconciliação
e perdão, Deus mesmo envia a maldição. É a Bíblia quem diz.
É verdade que existem pais mais endemoninhados que o diabo,
mas não devemos dizer nada. Devemos engolir o bocado seco,
sem murmurar. Que Deus nos dê graça; assim como deu ao
apóstolo Paulo, para suportar o espinho na carne. É lamentável
que muitos pais sejam um espinho na carne, isto é, instrumentos
de Satanás para gerar maldição na vida dos próprios filhos. Mas a
Bíblia diz que Deus pedirá conta deles. Eles não ficarão impunes
ao juízo de Deus, pois em Amós 3.2 está escrito: “De todas as
famílias da terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas
injustiças visitarei sobre vós”. O verbo ‘visitar’ neste versículo
significa literalmente punição, juízo ou castigo. Deus é bom, mas
não tolera nem um pouco, conflitos no relacionamento entre pais e
filhos e vice-versa (Ver Gn 9.25; 49.7; 1 Sm 14.28).
Existem pais amaldiçoadores, que provocam a ira a seus filhos;
que ofendem, que debilitam psicologicamente com palavrões,
comparações malditas, ameaças e profecias de fracasso. O que
fazer, frente a tudo isso? Duas coisas: A primeira é, entender que
a guerra é espiritual e não física, de acordo com Efésios 6.12, e
que eles estão sendo usados pelo diabo, para criar um clima de
conflito e de opressão maligna, para que os filhos se impacientem
e se levantem contra eles, e pequem contra Deus, atraindo assim
maldição. A segunda coisa que você deve fazer, é, suportar calado,
com oração e temor de Deus no coração. Quando perceba que não
é possível conviver com eles, devido ao excesso de maltrato e
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 122

conflitos, é preferível manter a distância. Isto foi o que Jesus


ensinou em Mateus 18.15 no processo da reconciliação, se uma
das partes segue problemática, soberba, com o coração duro, e
não admite concerto, considera-o gentio e publicano. É preferível
separar-se que correr perigo. Isso é bíblico. A Bíblia diz que o
prudente ver o mal e se aparta (Pv 22.3). Muitas vezes pais e filhos
ou vice-versa, são um jugo desigual, ao terem princípios de ética,
conduta e caráter distintos, e também ao terem objetivos ou idéias
diferentes.
Nesses casos é melhor tomar para si, a ordem que Deus deu a
Abraão: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1). Quando uma
pessoa é muito maltratada e rejeitada no entorno familiar, isso é
um bom sinal. É prova de que Deus o escolheu para uma missão
especial, e o fez diferente dos demais, e o quer longe daqueles que
são instrumentos de tortura e maldição. Abraão desde muito jovem
teve sua fé firme no Deus verdadeiro, ao passo que seu pai era
politeísta. Então Deus lhe ordenou que saísse da casa de seu pai.
Era um jugo desigual. Agora há um fator sumamente importante,
que é o princípio da honra. É obrigação dos filhos honrarem seus
pais. Repetidas vezes encontramos na Bíblia esse mandamento,
por certo, o primeiro com promessa (Êx 20.12; Dt 5.16; Jr 35.18;
Mc 7.10; Ef 6.1.4). Porém, apartar-se deles por medida de
prudência, não é desonra.
Alguns podem questionar dizendo: ‘Mais se honrar os pais é uma
obrigação, então devo estar sempre perto deles; se eu estiver
longe não poderei cumprir esse mandamento’. Pensamento erra-
do. Nem sempre é possível estar perto dos pais, principalmente
quando eles agem de modo errado. O texto de Efésios 6.1-3 diz
aos filhos: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor,
porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro
mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito
tempo sobre a terra”. Logo o no verso 4 diz: “E vós, pais, não provo-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 123

queis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação


do Senhor”. Então quando os pais provocam a ira aos filhos, não
terão porque se lamentar quando se sentirem sós. Mas como
honrar aos pais que provocam a ira? De quatro maneiras: Primeiro,
vivendo longe deles para evitar contendas e maldições, pois
lembre-se que Deus abomina a contenda (Pv 6.16-19). Segundo,
perdoando-lhes as ofensas e todo tipo de maus-tratos. Terceiro,
orando por eles abundantemente de dia e de noite, para que Deus
os abençoe e os perdoe. Quarto, evitando falar mal deles. Não
conte a ninguém os erros deles. Todo e qualquer comentário
negativo é maldição e geral maldição. Cam, encontrou seu pai Noé
em uma falha, e em vez de perdoar e orar por ele, saiu falando mal.
Noé quando soube ficou envergonhado, e lançou maldição sobre
os descendentes de seu filho. Segundo os estudiosos do assunto,
Cam tinha espírito de rebeldia, pois aquela não era a primeira vez
que ele se portava mal com seu pai; aquela foi a gota que fez
transbordar o balde.
Falar mal é o mesmo que maldizer, dizer mal, ou amaldiçoar. É
pecado gravíssimo aos olhos de Deus, e traz severas conse-
quências. Em Provérbios 19:26 lemos: “O que aflige a seu pai
ou afugenta a sua mãe filho é que envergonha e desonra”. Qual-
quer atitude que cause vergonha é desonra; como diz em outro
lugar, quem cava uma cova nela cairá e quem comete desonra,
nela cairá (Pv 26.27). O sábio escreveu: “O que a seu pai ou a sua
mãe amaldiçoar (ou seja, falar mal), apagar-se-lhe-á a sua
lâmpada e ficará em trevas densas (Pv 20.20). Isto indica maldição
e morte, a fim de deixar isto ainda mais claro ao nosso entendi-
mento, a Bíblia diz: “Os olhos que zombam do pai ou desprezam a
obediência da mãe, corvos do ribeiro os arrancarão, e os filhotes
da águia os comerão (Pv 30.17). Quem comete zombaria e des-
prezo aos seus próprios progenitores, não escapará do juízo de
Deus, porque na lei está escrito: “Maldito aquele que desprezar a
seu pai ou a sua mãe! E todo o povo dirá: Amém!” (Dt 27.16). Estas
palavras estão ratificadas por Jesus no Novo Testamento, veja-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 124

mos: “Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe e: Quem
maldisser ou o pai ou a mãe deve ser punido com a morte” (Mc
7.10). No livro de Êxodo cap. 21 encontramos duas prescrições de
pena de morte para filhos que se levantam contra seus pais. Uma
para quem ferir, e outra para quem falar mal. Eis o que diz a palavra
de Deus: “O que ferir a seu pai ou a sua mãe certamente morrerá.
E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe certamente morrerá”
(Êx 21.15,17).
Quem fala mal dos pais peca contra eles e contra Deus. Pelo que
se faz necessário haver reconciliação e perdão, mediante o arre-
pendimento sincero. Do contrário não pode fluir a benção de Deus,
porque Deus rejeita a oração. Obviamente Deus rejeita a oração
não somente dos filhos que que se portam mal com seus pais, mas
também, dos pais que se portam mal com seus filhos. Quando os
pais amaldiçoam os filhos, a maldição cai sobre eles também (leia
1 Sm 20.30-34; 31.2).
17. DESARMONIA COM SEU CÔNJUGE
O décimo sétimo obstáculo à resposta de Deus para as nossas
orações se chama desarmonia entre marido e mulher. Ora, o que
significa ‘desarmonia’? cizânia, desacordo, desavença, desconcer-
to, desinteligência, e tudo isso termina em contenda, o que Deus
mais detesta (Pv 6.16-19).
Em 1 Pedro cap. 3 vv 1-7 há uma série de ensinamentos sobre
como deve ser a convivência do casal, isto é, como deve rela-
cionar-se um com o outro. Muitos casamentos não duram, por
causa de brigas, por falta de ética, educação e bons princípios, e
muitas vezes por coisas bem simples da vida doméstica, por falta
de orientação ou aconselhamento. Mas a Bíblia está cheia de
instruções para a família completa. Lamentavelmente muitos ca-
sais não leem a Bíblia, e muitos jovens chegam ao casamento sem
se quer passar por um aconselhamento pastoral/profissional sobre
convivência familiar. Os versos 1-6 falam sobre qual deve ser a
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 125

conduta da mulher com relação ao marido. O verso 7 fala sobre


qual deve ser o comportamento do homem para com sua mulher,
indicando que a desarmonia pode trazer como consequência
estorvo para as orações. Vejamos:
“Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento,
dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os
seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas
as vossas orações” (v. 7).
Analisando este versículo, vemos que as orações podem ser
impedidas por dois motivos: Primeiro, quando não há entendimen-
to. Os homens geralmente se queixam de não entenderem as mu-
lheres. Mas o homem foi feito cabeça, e na cabeça está o cérebro,
o qual foi feito para pensar com inteligência. Então falta de entendi-
mento é falta de inteligência. Segundo, as orações podem ser
impedidas quando o homem não honra a sua esposa. Não é
somente a mulher que deve honrar o marido (Et 1.20,22); no
casamento a honra deve ser recíproca. Então qualquer atitude de
desonra de um ou do outro, impede a resposta das orações. A
expressão “vaso mais fraco”, é no sentido físico, pois o homem não
deve pretender que a mulher tenha a mesma força e estrutura
física que ele. Isto se refere a atitudes erradas no homem, que
entristecem o coração do Criador, que é Deus.
Para que as orações, não somente do homem, mas também da
mulher, sejam respondidas, ambos precisam andar de acordo um
com o outro. A Bíblia diz: “Andarão dois juntos, se não estiverem
de acordo?” (Am 3.3). Onde não há acordo, há desacordo, isto é,
contenda e divisão. Jesus, falando sobre a resposta de Deus para
as nossas orações, disse: “Em verdade vos digo que tudo o que
ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na
terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós
concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso
lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.18,19).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 126

As expressões “ligardes na terra” e “concordarem na terra” se


referem a acordo entre duas pessoas. A expressão “desligardes na
terra” se refere a desacordos. E dependendo do acordo ou desa-
cordo aqui na terra, será o resultado no céu. Agora, observando o
contexto anterior destes versículos, Jesus estava falando sobre a
reconciliação entre dois irmãos, e conclui dizendo que para que
Deus responda nossas orações, precisamos aqui na terra entrar
em acordo. Portanto, desacordos entre marido e mulher impedem
a resposta das orações. A boa convivência proporciona acordo e
harmonia, mas exige diálogo saudável, educação, ética e a prática
dos bons princípios por parte de ambos (leia Ef 5.22-31; Cl 3.18,19).
18. REBELDIA E MURMURAÇÃO
O décimo oitavo obstáculo à resposta de Deus para as nossas
orações se chama rebeldia e murmuração. O que é rebeldia? É
aversão intencional a tudo o que é bom, principalmente às normas,
leis e autoridades. Também é birra ou obstinação, produto do mal
gênio, ou de um caráter indomável. E o que é murmuração? É
reclamação, lamentação, queixa, descontentamento, choradeira,
crítica e ingratidão. É censurar alguém, apontando suas falhas. É
falar em voz baixa, entre dentes, difamando alguém, por não ter
satisfeito suas expectativas. Como está escrito: “Estes são murmu-
radores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concu-
piscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando
[adulando] as pessoas por causa do interesse” (Jd v.16). Essas
duas condutas pecaminosas geralmente andam juntas (Nm 17.10).
Se trata de dois pecados terríveis. Se um só já causa estragos
absurdos, os dois juntos causam maldição e morte com mais rapi-
dez. Se ouve com frequência os pregadores dizerem que todos os
pecados são iguais, e que não há pecado mais grave que outro;
mas essas afirmações são apenas opiniões pessoais, contrárias
ao que a Bíblia diz; pois de acordo com 1 João 5.16,17 é óbvio que
há pecados mais terríveis que outros. Como por exemplo: Rebeldia
e murmuração. A Bíblia diz a respeito dos filhos de Israel: “Porém
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 127

vós não quisestes subir, mas fostes rebeldes ao mandado do Se-


nhor, vosso Deus. E murmurastes nas vossas tendas” (Dt 1.26,27).
...o Senhor não ouviu a vossa voz, nem vos escutou” (Dt 1.44,45).
A rebeldia é um pecado grave, porque não é cometido aciden-
talmente, como qualquer outro. É um pecado planejado. Observe
que o texto bíblico diz: “Porém vós não quisestes subir”. Nesta
passagem Moisés lhes recorda a eles, o episódio ocorrido depois
que os doze espias voltaram da terra de Canaã, trazendo as
notícias de como era a terra. Eles ouviram duas versões: Uma dizia
que a terra era boa, e outra dizia que não. Eles tiveram a oportu-
nidade de escolher, e optaram pela versão negativa. Foi uma
escolha deliberada de rebeldia, somando-se a isso a murmuração,
pois chegaram a acusar Deus, dizendo: “Porquanto o Senhor nos
aborrece e nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos
dos amorreus, para destruir-nos”. Eles mentiram a respeito de
Deus, o que lhe entristeceu o coração a ponto de não responder
suas orações. Jimmy Swaggart diz, na Bíblia de Estudo do
Expositor, que a murmuração é um dos pecados principais na
igreja moderna. Como diz o Salmo 42.7 “um abismo chama outro
abismo”, assim também a rebeldia conduz a pessoa à murmu-
ração. Foi por causa desse pecado que os filhos de Israel não
entraram na terra prometida. A ausência de gratidão leva a pessoa
a murmurar e a peregrinar no deserto até morrer, porque Deus se
recusa ouvir suas orações e abençoar (Sl 68.6; Is 63.10).
Outro caso na Bíblia, para deixar claro que a rebeldia impede a
resposta das orações, é o rei Saul, que em duas ocasiões foi re-
belde ao mandado do Senhor. No cap. 8 de 1 Samuel ele cometeu
o pecado de usurpação de função, ao oferecer holocausto, mais a
desobediência de não esperar a chegada do profeta (13.8-14).
Essa é a razão principal pela que ele foi rejeitado por Deus. A outra
ocasião foi no cap. 15, quando Deus lhe ordenou que exterminasse
os amalequitas, e ele mais uma vez desobedeceu (15.22,23). Este
pecado é chamado de rebelião, feitiçaria, porfia, iniquidade e idola-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 128

tria. Aqui o profeta mais uma vez lhe disse que ele estava rejeitado
por Deus. Mais adiante, no cap. 28 v. 6 vemos o rei Saul orando,
“porém o Senhor lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por
Urim, nem por profetas”. A rebeldia fecha as portas do céu (Dt
28.23).
19. INSENSIBILIDADE, FALTA DE MISERICÓRDIA E
DUREZA DE CORAÇÃO
O décimo nono obstáculo à resposta de Deus para nossas orações
se chama insensibilidade, falta de misericórdia e dureza de
coração. São três atitudes que redundam em um mesmo pecado:
Antipatia, que torna o coração humano indiferente ao sofrimento
dos demais. Muitos, quando se encontram numa boa condição
financeira, esquecem de onde vieram (Dt 8.1ss), e tratam os
menos favorecidos com extrema aspereza. Como está escrito: “O
pobre fala com rogos, mas o rico responde com durezas” (Pv
18.23). É triste ver como há pobre que despreza outro pobre,
enquanto dá mais prioridade ao rico (Pv 22.16; 28.3). O apóstolo
Tiago, exortando os irmãos a não fazerem acepção de pessoas,
diz:
“Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos
pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino
que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre.
Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tri-
bunais? Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre
vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a
lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis” (Tg 2.5-8).

A falta de empatia torna a pessoa egoísta, avarenta e soberba, a


ponto de ver alguém pedindo ajuda, e ignorá-lo. Mais a Bíblia diz:
“O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre também clamará e
não será ouvido” (Pv 21.13). “Porque o juízo será sem misericórdia
sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa
sobre o juízo” (Tg 2.13). Com estes dois versículos fica demons-
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 129

trado que insensibilidade com o sofrimento dos demais, impede a


resposta de nossas orações.
Nossas atitudes para com Deus são demonstradas através de
nossas atitudes para com os humanos (Mt 10.40-41; 25.31-40). Por
exemplo: Como pode alguém dizer que obedece a Deus, se não
obedece às autoridades terrenais? E como pode alguém dizer que
ama a Deus, se não ama ao próximo? E como pode alguém dizer
que ama o próximo, mas age com insensibilidade contra ele,
fechando os olhos para as suas necessidades, e fechando os
ouvidos ao seu clamor? Quem faz isso não terá as orações
respondidas. Pois a Palavra de Deus diz:
“Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessi-
tado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele o amor de
Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua,
mas por obra e em verdade. E nisto conhecemos que somos
da verdade e diante dele asseguraremos nosso coração; sabendo
que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o
nosso coração e conhece todas as coisas. Amados, se o nosso
coração nos não condena, temos confiança para com Deus; e
qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque
guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à
sua vista” (1 Jo 3.17-22).
A expressão: “...lhe cerrar o seu coração...” no v. 17 se refere a
insensibilidade, falta de sentimento, ausência de amor e dureza de
coração. Ao passo que no v. 20 a expressão: “se o nosso coração
não nos condena, maior é Deus do que o nosso coração e conhece
todas as coisas” se refere à consciência. Isso deixa bem claro que
um crente pode sofrer o juízo de Deus, por causa de sua
insensibilidade com os mais necessitados. Por outro lado, aqueles
que são sensíveis às necessidades dos pobres, e abrem a mão, e
usam de misericórdia, terão suas orações respondidas. Isto é o que
nos indica as palavras do v. 22: “Amados, se o nosso coração nos
não condena, temos confiança para com Deus; e qualquer coisa
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 130

que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus


mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista”.
20. RAIZ DE AMARGURA
O vigésimo obstáculo à resposta de Deus às nossas orações se
chama raiz de amargura; a maior geradora de contendas e
destruidora de relacionamentos interpessoais. Além disso, ela
também é a principal barreira no relacionamento com Deus. Para
que possamos obter o favor de Deus, dependemos primeiramente
de Sua graça. Noé achou graça aos olhos de Deus (Gn 6.8),
também Abraão achou graças aos olhos de Deus (Gn 18.3), e
muitos outros personagens da Bíblia acharam graça aos olhos de
Deus e por isso foram ouvidos e abençoados. Então o que impede
hoje de termos a graça de Deus e a nossas orações respondidas?
Vejamos o que diz a Bíblia?
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá
o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de
Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe,
e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.14,15).
Este texto nos ensina preciosas lições. A primeira é sobre
relacionamentos interpessoais, pois diz: “Segui a paz com todos”.
A ausência de paz se chama conflitos, contendas, desarmonia,
guerras, divisões e fracasso. Quem não é capaz de viver em paz
com seus semelhantes, não poderá ter paz com Deus. Quem
produz contendas e destrói a comunhão com seu irmão, não
poderá ter comunhão com Deus?
Após dizer: “Segui a paz com todos”, o texto diz mais: “...e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Nos dois casos,
o verbo ‘seguir’ nos indica uma ordem, uma obrigação, um dever.
Algo que nós devemos fazer, e não simplesmente esperar acon-
tecer. Sem santificação ninguém verá o Senhor, equivale dizer, que
sem santificação ninguém terá suas orações respondidas.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 131

No verso 15 quando diz: “...tendo cuidado que ninguém se prive da


graça de Deus...” também temos duas lições importantes: Primeiro,
tendo cuidado..., pois por falta de cuidado alguém pode prejudicar
os relacionamentos interpessoais e se privar da graça de Deus;
segundo, que é a própria pessoa com suas atitudes erradas, que
se priva da graça de Deus. A graça quer dizer favor imerecido, ou
também a aceitação de Deus. É preciso ter cuidado para não cair
da graça, como muitos já caíram (Gl 5.4). O que faz uma pessoa
ficar privada da graça de Deus? Raiz de amargura, ou seja, ódio,
ressentimento, traumas, desejo de vingança, e tudo o que preju-
dica os relacionamentos. A falta de santificação e de uma vida
cheia do Espírito proporciona um terreno fértil para a raiz de
amargura, a qual perturba e contamina a muitos. Obviamente uma
pessoa amargurada, nunca agradece, só reclama, e essa atitude
faz que o céu se torne de bronze para suas orações.
Para um coração cheio de amargura ainda há esperança. Na Pa-
lavra de Deus encontramos o relato que quando os filhos de Israel
saíram do Egito, depois que passaram o Mar Vermelho, andaram
pelo deserto três dias e não acharam água. Então, o povo se em-
cheu de amargura e começou a murmurar contra a liderança. Logo
chegaram a um lugar chamado Mara, onde acharam águas, mas
não puderam beber porque eram amargas. Então Moisés fez uma
oração, e o Senhor lhe mostrou um lenho, e ele o tomou e lançou
nas águas, e estas se tornaram doces. Aquele lenho representa a
cruz. Foi na cruz que Jesus levou todas as nossas dores e
amarguras. Foi na cruz que Jesus pagou o preço da nossa paz. Se
alguém vive cheio de amargura, é porque ainda não experimentou
o efeito da cruz. Todo cristão precisa ir até a cruz e deixar lá cruci-
ficada toda a amargura, para que possa viver em paz com seus
semelhantes, e em santificação diante de Deus, e poder ter a
resposta das orações.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 132

21. APARTAR-SE DE DEUS


O décimo primeiro obstáculo à resposta de Deus às nossas
orações se chama apartar-se de Deus. Não existe nada mais óbvio
que isto. É lógico que se alguém se aparta de Deus, não será
atendido quando clamar por Ele. Deus se mostra favorável a
atender a quem lhe busca de todo o coração, não quem lhe dá as
costas (Jr 29.12,13). E o que levaria uma pessoa a virar as costas
para Deus? Adão e Eva fizeram isso por haverem desobedecido
suas ordens, e agora se achavam envergonhados. Israel, por
abraçar a idolatria. E muitos outros por rebeldia, amor ao mundo,
vaidades, descuido, etc. Em qualquer caso, quem se aparta de
Deus sofrerá as mais terríveis consequências.
Em Jeremias 2.13 vemos o triste lamento de Deus porque o seu
povo eleito lhe deixou. Assim disse o Senhor: “Porque o meu povo
fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas
vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as
águas”.
Duas maldades o povo havia cometido. Primeiro, “...a mim me
deixaram, o manancial de águas vivas”. Deus é a fonte inesgotável
na qual devemos sempre beber, e ele quer que façamos isso todos
os dias (Js 1.9; Sl 1.3; 1 Ts 3.10; 5.17). Segundo, “...cavaram
cisternas rotas, que não retém as águas”. Isto significa viver de
experiências passadas, como dizem alguns: Eu orei, jejuei,
congreguei, li a Bíblia no passado. Mas hoje não fazem mais nada
disso. Deus não quer que vivamos apenas de experiências
passadas, senão que lhe busquemos todos os dias.
De que maneira se conhece se um crente vira as costas para
Deus? De acordo com o capítulo 1 de Provérbios, é rejeitando o
conhecimento de Sua palavra, rejeitando Seus conselhos escritos,
e desprezando Sua repreensão por meio dos Seus mensageiros.
Assim está escrito:
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 133

“Até quando, ó ...loucos, aborrecereis o conhecimento? Convertei-


vos pela minha repreensão; eis que abundantemente derramarei
sobre vós meu espírito e vos farei saber as minhas palavras. Mas,
porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão,
e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes todo o meu
conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei
na vossa perdição e zombarei, vindo o vosso temor, Então, a mim
clamarão, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão,
mas não me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento e
não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o meu conse-
lho e desprezaram toda a minha repreensão” (Pv 1.22-30).
Os personagens mais importantes do Antigo Testamento deixa-
ram-nos um excelente legado, com seu exemplo de apego à
Palavra de Deus e uma vida de constante oração, o que levou eles
a ter a resposta de Deus para suas orações, cada vez que
clamavam. Que o Espírito Santo nos ajude a viver em constante
comunhão com Deus, e redarguia sempre nossas consciências,
para que reconheçamos em que temos falhado, ao ponto de ter
nossas orações impedidas. Que o Senhor Jesus nos perdoe, nos
lave no seu sangue, e nos dê a capacidade para vencer as
tentações.
Conclusão: Quais os princípios básicos a serem praticados na
oração?
1. Princípio da humildade. Cuidado para não orar como o
fariseu.
2. Princípio da sabedoria. Ore como Salomão, pedindo
sabedoria.
3. Princípio do louvor. Ore como Josafá e Ezequias, exaltando
a Deus.
4. Princípio do altruísmo. Ore como Jó, Daniel, Esdras e
Neemias, intercedendo por outros.
5. Princípio da fé. Ore como o centurião de cafarnaum e a
mulher cananeia.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 134

6. Princípio da perseverança. Ore como Jacó, Daniel, e a igreja


primitiva.
7. Princípio da gratidão. Ore como Jesus, agradecendo antes
de receber.
8. Princípio da oração coletiva. Ore como a igreja primitiva e
os apóstolos unanimemente.
9. Princípio da oração conjunta com a ação. Ore como
Neemias, pois a fé sem obras é morta.
10. Princípio da aprendizagem. Ore como os apóstolos, pedindo
ao Senhor que lhe ensine a orar e aumente a sua fé.
11. Princípio espiritual. Ore no Espírito, isto é, em línguas
estranhas. Quem ora assim, a si mesmo se edifica.
12. Princípio da oração com a alma. Ore como Deus quer, de
todo o coração.
E se eles não tivessem orado? O que teria acontecido? Não teriam
obtido vitórias tão grandes como tiveram. Como disse o escritor
Watchman Nee: Deus quer fazer muitas coisas na nossa vida,
porém, não o fará, enquanto nós não orarmos. O segredo da vitória
contra o mal está na oração eficaz, fervorosa e persistente. Quem
ora vence, quem deixa de orar peca e é vencido pelo mal.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 135

APÊNDICE 1
É Deus quem faz todas as coisas. Mais um motivo para orar

Foi Deus quem criou o universo, o céu, a terra, o mar e tudo o que
neles há (Gn 1.1; Sl 24.1).
É Deus quem controla a chuva, os relâmpagos, os trovões, os
fenômenos da natureza (Dt 28.12; 2 Cr 7.13; 2 Sm 22.14; Sl 135.7;
Jr 10,13; 51.16).
Foi Deus quem enviou as dez pragas sobre o Egito, abriu o mar
vermelho e guiou Israel no deserto por 40 anos (Êx 9.14; Dt 8.1).

É Deus quem enriquece e empobrece (1 Sm 2.7,8; Pv 22.2).


É Deus quem faz a ferida e a cura (Jó 5.18). Deus mata e dá a vida
(1 Sm 2.6).

Foi Deus quem fez e o avestruz bruto e a águia inteligente (Jó


39.13-17,26-29).
É Deus quem abençoa e amaldiçoa (Gn 12.3; Dt 28.1ss).

Por saber disto, que é Deus quem faz todas as coisas, devemos
com muito mais razão, orar, e procurar ter boa amizade com Ele,
pois todo o poder está nas Suas mãos. Ele faz tudo o que lhe apraz
(Sl 115.3).

Josué e Calebe disseram: “Se o SENHOR se agradar de nós, então,


nos porá nesta terra e no-la dará, terra que mana leite e mel” (Nm
14.8).
Observe este importante detalhe: Se o Senhor se agradar de nós.
Se queremos possuir hoje, terra que mana leite e mel, isto é,
nossos sonhos realizados, precisamos agradar a Deus. Mas para
isto é necessário ter uma conduta santa, além de praticar os
princípios da oração e da fé.
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 136

APÊNDICE 2
Quando Deus entrega seus servos nas mãos dos inimigos?

De repente você está sofrendo algum tipo de crise, conflitos,


escassez, portas fechadas, sofrimento, dor, decepções, prejuízos,
orações sem respostas e ainda não sabe o ‘porquê’. A Palavra de
Deus tem a resposta (Comece meditando em Ag 1.5-7; 2 Cr 7.14;
Jz 2.11-14,18-23; 3.7,8,12-14; 4.1-3; 6.1; 10.6-8; 13.1).

I. É IMPORTANTE SABER ESTAS QUATRO COISAS:


1. Que a paciência de Deus tem limite, ou seja, Ele não tolera
a rebeldia.
2. Que a bênção de Deus é condicional, ela vem através da
obediência.
3. Que quanto maior a gravidade do pecado, maior é o
fracasso e a maldição.
4. Que Deus entrega seu povo nas mãos do ímpio, quando
este lhe provoca a ira.
II. MOTIVOS PELOS QUE DEUS ENTREGA SEUS
SERVOS NAS MÃOS DO ÍMPIO
1. Quando nos apartamos de Deus, como Israel no tempo dos
juízes (Jz 2.11-19).
2. Quando caímos no anátema (como Acã), através da cobiça,
furto e mentira (sem arrependimento), Deus nos entrega nas
mãos dos amorreus (Js 7.4-13).
3. Quando desobedecemos aos mandamentos de Deus e nos
rebelamos contra Ele, somos entregues em mãos dos
inimigos (Dt 28.15,25,48,64). Foi o que aconteceu com os
judeus por causa de sua apostasia, cf Jeremias e Ezequiel:
a) Israel (reino do norte) foi levado cativo para a Assíria em
721-722 a.C. (2 Rs 17.6,7).
b) Judá (reino do sul) foi levada para Babilônia em 586 a.C. (2
Rs 25.21; 2 Cr 36.1-21).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 137

c) Foram levados pelos gregos para Alexandria, Século III a.C.


(História).
d) Foram levados pelos romanos no ano 70 d.C. (Lc 21.20-24).
4. Quando Davi se orgulhou, Deus propôs entregar-lhe nas
mãos dos inimigos, mas ele disse: ‘Caia eu nas mãos de
Deus, e não mãos dos homens’ (2 Sm 24.13,14).
5. Quando um crente é perdoado por Deus e não perdoa a um
irmão que o ofende, Deus o entrega aos atormentadores (Mt
18.21-35).
6. Quando sabemos que nosso irmão tem algo contra nós
(porque o ofendemos) e não lhe pedimos perdão, ele nos
entrega ao Juiz (Deus), e o Juiz nos entrega ao oficial
(verdugo-demônio, Mt 5.23-26; 18.15-18; Lc 17.3,4).
7. Quando o homem provoca a ira de Deus, Deus o entrega
nas mãos da mulher adúltera (Pv 22.14; 6.32,33), para que
caia em profunda desonra.
8. Quando um membro da igreja peca deliberadamente, em
forma consciente, intencional e premeditada, por pleno pra-
zer carnal e zombando de Deus, ele é entregue a Satanás
(1 Co 5.1-5; Gl 6.7).

Conclusão: Deus nos convida a que voltemos para Ele com


oração e obediência (Pv 1.23).
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 138

BIBLIOGRAFIA

Bíblia Reina Valera Edição de Estudos em espanhol SBU,


Venezuela, 1995.

BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. IBAD,


Pindamonhangaba – SP, 1966.
CERRULO, Morris. Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória
Financeira. Editora Central Gospel, Rio de Janeiro, 2007.

PINHEIRO, Erivaldo de Jesus. Bíblia do Pregador Pentecostal.


Barueri-SP, SBB 2016.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD Rio de
Janeiro, 1995.
SWAGGART, Jimmy. Bíblia do Expositor. Baton Rouge LA, EUA;
2014.

VIRGÍNIO, Levi. José e os possíveis problemas emocionais.


São Paulo, 2017
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 139

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O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 141

O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ


orações respondidas vs orações sem respostas

O conteúdo deste livro está distribuído em duas partes. A primeira,


fala sobre orações respondidas, mostrando qual foi o segredo dos
personagens da Bíblia, que lhes levaram a comover tanto o coração
de Deus, a ponto de obterem o que pediram. Que princípios eles
usaram? Neste livro está a resposta.
A segunda parte, fala sobre orações não respondidas, revelando os
21 obstáculos às respostas de nossas orações. As vezes oramos
muito e jejuamos, mas não temos resposta. Trabalhamos muito, mas
não vemos resultados. Nos levantamos de madrugada, nos
esforçamos, corremos, saltamos, fazemos tudo o que está ao nosso
alcance fazer, mas não vemos frutos. Onde está o problema? Lendo
este livro o véu será tirado dos seus olhos, para que possamos
entender o porquê.
________________________________________
Pr. Francisco Bento de Sousa, educador, missionário,
servo de Jesus Cristo, por bondade de Deus, pregador
do evangelho, palestrante, intercessor a serviço do povo
de Deus. SOS oração e aconselhamento espiritual (44)9
9737-7333. Também é Diretor do Instituto Bíblico Vida
Nova, em Maringá – PR, formando ministros da Palavra.
Categoria: Devocional para estudos em grupos ou células de discipulado;
e para formação de obreiros.

Contato para agendas: (44)9 9737-7333 WhatsApp e Telegram


E-mail: comunidadeterapeutica12.12@gmail.com
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O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 142
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 143
O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO EFICAZ 144

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