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21/08/2018 A Santidade de Deus

Capítulo 11 do livro UM RETRATO DE DEUS (Índice)

A Santidade de Deus

Uma das mais sublimes descrições da majestade e excelência de Deus que encontramos está no
cântico de Moisés e dos filhos de Israel, feito logo após a vitoriosa travessia do Mar Vermelho. Ó
SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, admirável em
louvores, realizando maravilhas? (Êxodo 15: 11). A santidade de Deus é a Sua glória, assim como a
Sua graça são as Suas riquezas. Um deus com um grau mínimo de impiedade seria um monstro,
inclinando-se mais a ser um diabo do que realmente um Deus.

Este atributo possui um grau de excelência acima das outras perfeições de Deus. Ele é o único que
ao ser mencionado é repetido três vezes, e isso tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória (Isaías 6: 3).
Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir
(Apocalipse 4: 8). Deus o escolhe para jurar por ele, como se ele fosse o Seu atributo mais querido.
Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi (Salmo 89: 35). Jurou o Senhor DEUS,
pela sua santidade (Amós 4: 2). Nenhum outro atributo poderia dar uma garantia paralela a ele. A
santidade é a beleza e a glória de Deus. É a sua própria vida, pois Deus jura por Sua vida e por Sua
santidade. Ele jura por diversas vezes “Como eu vivo, diz o Senhor” (Números 14: 21; Ezequiel 5:
11; Sofonias 2: 9; Romanos 14: 11). A santidade é a coroa e beleza de todas as Suas outras
perfeições. O Seu poder é um poder santo. A Sua sabedoria é uma sabedoria santa. Sem
santidade, Sua paciência se transformaria em indulgência, Sua misericórdia em afeto, Sua ira em
maldade, Seu poder em tirania, e sua sabedoria em sutileza. O seu nome, que significa tudo o que
Ele é, é santo (Salmo 103: 1). Santo é o seu nome (Lucas 1: 49). Todas as Suas ações são feitas em
santidade. Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras (Salmo
145: 17).

I. A NATUREZA DA SANTIDADE DE DEUS.

De um modo geral, a santidade é a mais perfeita e pura liberdade do mal. É integridade e retidão
moral. Deus age para que tudo redunde em Sua própria excelência. De um modo mais específico,
vamos observar os seguintes pontos:

A santidade é essencial à natureza de Deus. Aparte disso, Ele não seria Deus. Ele não escolheu ser
santo, pois então Ele também poderia ter escolhido não o ser. Ele também não foi compelido de
alguma maneira a ser santo. Porém, ao invés disso, a santidade é um atributo necessariamente
livre. É simplesmente inconcebível que Deus não seja outra coisa a não ser santo.

Somente Deus é absolutamente santo. Não há santo como o SENHOR (I Samuel 2: 2). Quem te não
temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo (Apocalipse 15: 4).
Nenhuma criatura pode ser totalmente santa porque todas as criaturas são mutáveis. Qualquer
santidade presente em nós é proveniente de Deus, sendo tudo por graça. Até aos anjos eleitos
Deus atribui loucura (Jó 4: 18), pois a santidade deles é finita e separada da Sua essência, enquanto
a santidade de Deus é infinita em sua essência.

Deus odeia perfeitamente o mal, ao passo em que Ele também ama aquilo que é justo. Ele tem
prazer nas boas coisas que produz a partir do pecado, mas este prazer está em Sua própria
bondade e sabedoria e não propriamente no pecado. Desde que o mal é o oposto da santidade,
Deus tem que necessariamente odiá-lo. Se Ele não o fizesse, acabaria odiando a si mesmo, e se
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tornando um inimigo da Sua própria natureza. Além disso, Ele odeia intensamente o mal, que lhe é
tremendamente odioso. Ele odeia os obreiros da iniquidade por causa de sua natureza ímpia
(Salmo 5: 5). A Sua ira é tão infinita quanto o Seu amor e misericórdia, sendo tão perfeita como
elas são. Deus odeia o mal onde quer que este se encontre. Ele muitas vezes castiga os pecados
dos Seus remidos mais do que os de outros homens nesta vida. Não lemos de nenhuma outra
alma sendo lançada no ventre de um peixe como o foi o profeta Jonas. Cristo repreendeu os
Fariseus chamando-os de filhos do Diabo, mas não chamou nenhum deles de Satanás, como o fez
com Simão Pedro (Mateus 16: 23). Deus odeia perpetuamente o mal, sem interrupção alguma.
Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias (Salmo 7: 11). Deus pode se reconciliar com o
pecador, mas nunca com o pecado. A Sua reconciliação com o pecador ocorre somente por causa
da remissão dos pecados feita por Cristo.

Deus é tão santo que não pode deixar de amar a santidade em outros. Porque o SENHOR é justo,
e ama a justiça; o seu rosto olha para os retos (Salmo 11: 7). Ele não está em débito com ninguém
por causa da Sua justiça. Antes, os homens é que estão em débito com Ele. Mas Deus ama a
estampa ou o selo que Ele mesmo coloca em uma pessoa.

Deus é tão santo que não pode de maneira alguma desejar ou encorajar o pecado a ninguém. Não
há contradição em Deus. A santidade não pode ser a causa da impiedade. Por isso lemos em Tiago
1: 13 que Deus não tenta nenhum homem a pecar. Nem comanda ou ordena alguém a pecar. E
também não inspira secretamente nenhum mal em alguém, pois Deus é a verdade, e não há nele
injustiça; justo e reto é (Deuteronômio 32: 4). Deus também não coage nenhum homem a pecar. O
pecado é um ato voluntário da parte do ímpio. É claro que isso não diminui em nada a soberania
absoluta de Deus, mas somente deixa claro que Deus não tem cumplicidade alguma quanto ao
pecado. Como Deus poderia nos incitar para aquilo que, quando feito, Ele certamente condenará?
Se Deus fosse o autor do pecado, por que então a nossa consciência nos acusaria? Que diremos
pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma (Romanos 9: 14).

Deus é incapaz de praticar o mal. Não há imperfeição alguma na santidade de Deus. Nele não há
mudanças nem sombra de variação (Tiago 1: 17).

II. A DEMONSTRAÇÃO DA SANTIDADE DE DEUS.

Primeiro, nós vemos a santidade de Deus no estado original da criação. O primeiro estado dos
anjos era santo (Judas 6). O primeiro estado do homem era santo também. Deus fez ao homem
reto (Eclesiastes 7: 7). O homem foi feito à imagem moral de Deus, ou seja, em verdadeira justiça e
santidade (Colossenses 3: 10; Efésios 4: 24). A cristalinidade da água aponta para a pureza da
fonte.

Segundo, nós vemos a santidade de Deus em Sua obra como legislador e juiz. Todas as Suas leis e
administração da justiça refletem a retidão da Sua natureza. Moisés perguntou a Israel: E que
nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho
perante vós? (Deuteronômio 4: 8).

1. A lei moral aponta para a santidade de Deus. E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo
e bom (Romanos 7: 12). A lei do Senhor é perfeita (Salmo 19: 7). A lei de Deus ordena todo o bem e
renega todo o mal, não meramente para o simples benefício do homem como o fazedor das
obras, e nem para o simples benefício da humanidade como sendo o recipiente das obras, mas
porque a lei de Deus é santa em seu próprio caráter, quando considerada isoladamente. As leis
dos homens visam somente o comportamento exterior, enquanto a lei de Deus está interessada
no coração e atitudes. A lei é espiritual (Romanos 7: 14). Ela não somente requer a frente da casa
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isenta de lama, como também o quarto dos fundos sem teia de aranha. Deus mesmo não viola a
Sua santa lei, pois isso o faria um inimigo de si mesmo. Ele preferiu expor Seu Filho a vergonha e
morte, do que perdoar a culpa violando o Seu padrão de santidade e justiça.

2. A lei cerimonial aponta para a santidade de Deus. O povo de Israel, diariamente, se não de hora
em hora, testemunhava a lembrança do santo caráter de Deus nos sacrifícios levíticos, nas
ordenanças, na purificação com água, nas leis dietéticas, e etc.

3. Deus revelou a Sua santidade nas promessas e ameaças anexadas à Sua lei. O pecado era visto
como odioso e destrutivo, enquanto a justiça era recomendada e promovida. A finalidade da
ameaça era inculcar temor no homem e detê-lo da prática do mal. O fim das promessas era
inculcar esperança no homem e direcioná-lo a obediência. ORA, amados, pois que temos tais
promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a
santificação no temor de Deus (II Coríntios 7: 1).

4. Na santidade, Deus infringe julgamento sobre aqueles que violam a Sua lei. A santidade divina é
a raiz da justiça divina, e a Justiça divina é o triunfo da santidade divina. Ambos os conceitos são
expressos nas Escrituras por uma só palavra, justiça. O primeiro pensamento que vem à mente do
homem, quando diante de uma forca ou guilhotina, é a atrocidade do seu crime, e a justiça do juiz.
Portanto, quando consideramos a expulsão daquele que um dia foi um anjo glorioso e a
condenação que sobreveio sobre toda a raça humana, por causa de um pecado, não podemos
deixar de ver em tudo isso a santidade de Deus. Até os instrumentos utilizados na prática do
pecado são detestáveis para Deus. Ele pronunciou uma maldição especial contra a serpente, pois
foi utilizada como um instrumento do Diabo. Ele proibiu Israel de utilizar do ouro que os Cananeus
tinham usado na idolatria. As imagens de escultura de seus deuses queimarás a fogo; a prata e o
ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que não te enlaces neles;
pois abominação é ao SENHOR teu Deus (Deuteronômio 7: 25). A própria terra foi amaldiçoada por
causa do homem. Infantes pereceram no fogo que caiu sobre Sodoma. A família de Acã e seu gado
foram apedrejados juntamente com ele. Tudo isso e muitos outros eventos manifestam a
santidade de Deus.

Terceiro, nós vemos a santidade de Deus na restauração do homem. Todo cenário da redenção
nada mais é do que a revelação da santidade, justiça, e retidão de Deus. Considere a modo como
esta redenção foi feita. Não há nada que demonstre mais a santa ira de Deus como o fato dEle
castigar o Seu próprio Filho. Seria muito melhor que o Filho de Deus morresse do que o pecado
permanecesse vivo. O Pai não diminuiu a Sua ira pelo fato de Seu Filho ser o objeto dela, mas a
derramou completamente. A santidade infinita não tem lugar para a indulgência paternal. É como
se as afeições de Deus por Sua santidade suplantassem as afeições por Seu Filho. Todavia, ao
SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do
pecado (Isaías 53: 10). Enquanto Cristo estava pendurado na cruz, o Pai parece ter deixado de lado
o Seu coração de pai, e se revestido com os trajes de um inimigo. Isso só foi possível, porque Cristo
se revestiu com os trajes de um pecador. A morte de Cristo reivindicou a honra de Deus. Ela
restaurou o crédito da santidade divina no mundo ao destruir o pecado e restaurar novamente a
imagem de Deus no homem. Portanto, o Pai ressuscitou a Seu Filho da sepultura e o exaltou nas
alturas. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu Com óleo de
alegria mais do que a teus companheiros (Hebreus 1: 9). Em última análise, Deus demonstra
valorizar mais a Sua ira santa contra o pecado do que qualquer outro atributo. A misericórdia e a
graça não podem ser demonstradas a menos que a Sua ira também o seja. Deus não irá
demonstrar misericórdia à custa da justiça.

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Podemos ver mais profundamente a santidade de Deus nas condições que Ele exige para a
justificação, a saber; o arrependimento e a fé. Devemos condenar a nossa própria justiça, e nos
despirmos de tudo o que possuímos. Devemos nos curvar pela fé diante da justiça de Deus, isto é,
a justiça que Ele aponta e aceita, e que foi feita por nós na Pessoa de Cristo. Todo o plano da
redenção visa nos restabelecer à semelhança da santidade de Deus. A regeneração, a santificação,
e a perfeição final são a felicidade do povo de Deus, ou seja, ser santo como Ele é santo.

III. A SANTIDADE DE DEUS EM TODOS OS SEUS TRATOS COM O PECADO.

Caminhamos em um terreno perigoso e delicado aqui. Não devemos ser curiosos, mas ao invés
disso, não ficar especulando aquilo que Deus não nos revelou. Entretanto, vamos colocar algumas
proposições a fim de defendermos o caráter de Deus de certas acusações de impiedade, em
virtude da existência do pecado.

Primeiro, Deus não deixou de ser santo por ter feito o homem um ser mutável. Tudo o que Deus
criou, como já vimos anteriormente, criou com grande sabedoria. Foi do agrado dEle dar ao
homem, como criatura racional, a liberdade de escolha. Se ele obedecesse, a sua obediência seria
muito valiosa; e se ele pecasse, o seu pecado seria indesculpável. Deus não era obrigado a criar o
homem imutável. De fato, nenhuma criatura pode ser imutável e infinitamente perfeita. Nenhum
homem ou anjo foi forçado a pecar. Eles pecaram voluntariamente. No livro de Eclesiastes, as
palavras “porém eles buscaram muitas astúcias”, comprovam esta verdade (7: 29). Embora Deus
tenha feito o homem mutável, Ele não criou o mesmo em um estado de pecado, mas muito bom
(Gênesis 1: 31). Adão não tinha motivos para pecar. Ele possuía a tendência natural para a
obediência. Ele era dotado por Deus de todos os recursos para resistir à tentação. Deus não foi a
causas da sua queda. Deus não ofereceu o fruto a Eva. Além disso, foi ela, e não Deus, quem
tomou do fruto e o deu a Adão. A ruína da casa produzida por um inquilino desleixado não é culpa
do construtor que no início entregou a casa em boas condições.

Segundo, Deus não deixou de ser santo ao entregar ao homem a lei que ele não guardaria.

A lei não estava acima das forças de Adão. No estado original, ele podia muito bem guardá-la. Será
que um magistrado se negaria a promulgar leis justas só porque ele sabe de antemão que alguns
em seu reino não as obedeceriam? Agora, embora o homem se encontre caído no pecado, Deus
em Sua santidade mantém a Sua lei. Alguns pensam que isso seja injusto, e que Deus deveria
relaxar a Sua lei, já que o homem não pode obedecê-Lo. Mas será que Deus deve deixar a sua
santidade porque o homem deixou a dele? O conhecimento antecipado de Deus de todas as ações
dos homens, de modo algum é a razão ou a causa da ocorrência dessas ações. O homem
voluntariamente corre em direção ao pecado. A presciência de Deus não elimina a liberdade das
ações dos homens.

Terceiro, Deus não deixou de ser santo por ter decretado a rejeição de alguns homens. A
reprovação se deu para alguns que já eram considerados ímpios. A reprovação não os tornou
ímpios. Não é a decretação de um crime, mas a sua punição. Deus poderia muito bem ter rejeitado
toda a raça humana, e de forma justa, condenar a nós todos ao inferno. Ele tem o direito de
restringir o Seu poder como bem lhe parecer. A reprovação não é uma ação, mas uma cessação,
deixando assim o homem entregue a si mesmo. Se ao homem for permitido a realização dos seus
próprios desejos, então ele não poderá culpar a Deus pelos problemas que se seguirão. Qualquer
outra posição coloca Deus em débito com a criatura, roubando-Lhe assim a Sua Divindade.

Quarto, Deus não deixou de ser santo por permitir que o pecado entrasse no mundo. Não foi por
Sua vontade que o pecado veio à existência, mas foi da Sua vontade não impedi-lo. Dizer que Deus
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desejou criar o pecado, assim como fez com as outras coisas, é negar a Sua santidade. Por outro
lado, dizer que o pecado entrou na criação sem a permissão de Deus, é negar a Sua onipotência.
Ele não desejou de forma direta o pecado, antes decretou não dar a graça necessária para impedi-
lo. Ele não pode desejar o mal como mal, mas sim para produzir um bem maior, de acordo com a
Sua infinita sabedoria. Embora Deus não aprove o pecado, Ele aprova o ato da Sua vontade, por
meio do qual Ele permite o pecado. E Ele aprova o resultado final que Ele determinará, a saber; a
exaltação de si mesmo como o Salvador dos pecadores. Ele nunca poderia ficar desapontado com
qualquer um dos Seus decretos. Se por acaso alguém ainda quiser questionar a santidade de
Deus, pelo fato dEle ter permitido a entrada do pecado, então não deixe de considerar os
seguintes argumentos adicionais. Deus, nos tempos passados deixou andar todas as nações em
seus próprios caminhos (Atos 14: 16). Esta permissão não foi uma permissão de libertinagem
moral, onde os homens poderiam pecar impunemente. Mas foi da determinação de Deus não
impedir um ato que Ele eventualmente poderia ter impedido. Vale lembrar que Deus impediu
Abimeleque de pecar contra Sara dizendo: e também eu te tenho impedido de pecar contra mim;
por isso não te permiti tocá-la (Gênesis 20: 6). Entretanto, Ele não impediu que Adão pecasse. Ele
deixou satanás livre para tentar Adão, assim como deixou Adão livre para resistir. Deus de forma
alguma é causa eficiente do pecado. Permissão não é ação, nem a causa da ação. A pessoa que
comete a ação é a que é a causa. Além disso, Deus não é obrigado a impedir os homens e anjos de
pecarem. Quando falamos da nossa obrigação de ajudar ao necessitado ou evitar um desastre,
estamos falando daquela obrigação que recai sobre nós por causa dos nossos laços sanguíneos
naturais, que nos torna “guardador de nosso irmão.” Mas este tipo de laço não se aplica a Deus.
Ele não é obrigado a impedir o pecado mais do que o foi primeiramente ao nos criar. Ao conceder
a Adão a força para resistir à tentação, Deus deixou de estar sob a obrigação de ampliar ainda
mais a Sua graça. A graça nunca é um assunto de débito! Estando sob essa condição, mesmo que
Adão tivesse orado a Deus para que o impedisse de pecar, Deus não seria obrigado a fazê-lo. Ele já
havia feito o suficiente por Adão, e não estaria sendo injusto em deixá-lo entregue aos princípios
de sua natureza.

Havendo retirado o nome de Deus de qualquer ato iníquo quanto à existência do mal, não
podemos ressaltar o fato dEle impedir o pecado muito mais do que permiti-lo. O Salmista declara:
Certamente a cólera do homem redundará em teu louvor; o restante da cólera tu o restringirás
(Salmos 76:10). Se Deus não limitasse o pecado, o mundo se transformaria literalmente em uma
fossa, um mar de Sodomia, um covil de assassinos. Somente através da entrada do pecado no
mundo é que nós pudemos ver as maravilhas da graça salvadora. Além disso, a justiça de Deus
revelada na condenação do ímpio seria para nós uma perfeição desconhecida.

Quinto, Deus não deixa de ser santo por sustentar a vida dos pecadores. Todas as criaturas
dependem de Deus no que diz respeito a todas as suas faculdades. Ninguém vive, se move, ou
existe fora Dele. Entretanto, Deus não instiga o mal em Suas criaturas. Ele nos capacita a agir, mas
a maldade ou bondade moral de nossas ações é determinada pelo objeto, circunstâncias, e
motivos do ato. Nenhuma ação, em si mesma, é má. Por exemplo: comer é bom, se a comida for
obtida de forma justa, desfrutada com moderação, e recebida com ações de graças a Deus. Mas
comer é um mal se isso for um ato de rebelião, como o fez Adão. Entretanto, Deus não teve
participação no pecado de Adão só porque deu à ele mãos para pegar do fruto e levá-lo a boca
para comer. Consideremos ainda o seguinte exemplo: tirar a vida humana é um mal, se isso for
feito com malícia ou por motivo torpe, mas é um bem quando se está fazendo justiça ou lutando
numa guerra justa. Portanto, devemos fazer distinção entre a essência e a pecaminosidade de
qualquer ato. O pecado pode ser comparado com a lepra que ataca um braço, sendo que o braço
em si mesmo não é o problema. O solo, a chuva, e o brilho do sol não são culpados pelo veneno
que algumas plantas produzem, pois estas mesmas coisas também nutrem aquelas plantas que
produzem bons frutos. O problema está na natureza da planta. Da mesma forma, a natureza do
homem é o que produz o pecado, e não Deus, que deu a vida a ele. As manchas de tinta contidas
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em um papel devem ser atribuídas a uma caneta defeituosa, e não às mãos daquele que
eventualmente escreve. O relógio que atrasa não é reflexo daquele que o ajusta todo dia.
Certamente que Deus poderia aniquilar o homem pecador, mas Ele tem mais prazer em governá-
lo e mantê-lo com sua natureza, ainda que seja uma criatura caída. Embora o objetivo final das
ações do homem seja má, Deus, no entanto, tem um objetivo bom em permitir estas ações. Os
irmãos de José planejaram destruí-lo, mas Deus preservou tanto a ele como a seus irmãos,
cumprindo assim o Seu propósito, embora eles pensassem que fosse o deles. Vós bem intentastes
mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para
conservar muita gente com vida (Gênesis 50: 20). Deus concordou que satanás arruinasse a vida
de Jó, mas com diferentes objetivos, Satanás pensava que iria fazer com que Jó blasfemasse contra
Deus, mas Deus pensava em fazer com que Jó o adorasse. Judas pensou em satisfazer suas
cobiças às custas de Cristo, mas Deus pensou em satisfazer Sua justiça e manifestar o Seu amor às
custas de Cristo.

Sexto, Deus não deixa de ser santo quando provê os objetos que o homem usa para pecar. Deus
colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do jardim, mas isso não teve
nenhuma influência interna na vontade de Adão. A árvore, por si mesma, não poderia forçar Adão
a pecar. Os objetos que em si mesmos são bons, podem ser utilizados pelos homens para fins
malignos. Por exemplo: algumas pessoas não utilizam suas riquezas somente para o próprio
benefício, mas também para o de outros, entretanto, elas também podem ser utilizadas com
propósitos egoístas e para o detrimento de outras pessoas. O caráter de Deus não fica manchado
pelo fato dEle colocar estes objetos nas mãos de homens que irão utilizá-los impiamente. Deus
tem o direito de utilizar as corrupções dos homens para o cumprimento dos Seus propósitos. Ele
pode usar as Suas criaturas, independentemente da natureza que possuam, de acordo com a Sua
vontade. Já que a semente do pecado está presente em toda natureza humana, Deus tem o direito
de impedir o surgimento de algumas sementes e permitir o crescimento de outras, remover
alguns objetos que o homem possa utilizar para pecar, e oferecer outros, para no fim cumprir a
Sua própria vontade.

Sétimo, Deus não deixa de ser santo por restringir a graça comum de certos homens pecadores,
ainda que com isso eles venham a pecar ainda mais. Deus deu graça a Eli para que reprovasse os
pecados dos seus filhos, mas Ele não deu graça para que eles prestassem atenção a isso. Mas não
ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar (I Samuel 2: 25). Quando as Escrituras
falam do endurecimento do coração do homem, isso não se refere a uma ação positiva sobre este,
mas o abandono do homem à sua própria dureza de coração, embora esteja com Deus o poder de
amolecer, avivar, e mudar tal homem. Deus endurece o homem quando não remove seus
estímulos pecaminosos, quando não contém os desejos que operam no cumprimento desses
estímulos, quando não permite que Suas admoestações sejam eficazes, e quando não condena
mais as suas consciências como tinha feito anteriormente. Por conseguinte lemos: Por isso
também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem
seus corpos entre si (Romanos 1: 24). Enquanto o retirar da graça pode vir a ser considerada a
causa lógica, no entanto, não é a verdadeira e natural causa, pois o coração ímpio e a causa do
crescimento do pecado. Sendo assim, as Escrituras relatam que tanto Deus quanto Faraó é que
endureceram o coração do Faraó (Êxodo 7: 13; 8: 32). Mas em nada disso Deus é a causa real do
primeiro ou do subsequente pecado, assim como o por do sol não é o causador das trevas.
Portanto, Deus não é culpado de nenhum crime por deixar de deter o pecado que brota de dentro
do homem. Além disso, Deus não se retira do homem até que o homem se retire dEle. Em Adão,
todos nós o provocamos. Será que nós culparíamos um pai que através de repetidos conselhos e
correções deixasse o seu filho desobediente entregue aos seus próprios planos, e retirasse a
assistência que ele rejeitou e zombou? Deus é obrigado a manter a Sua graça uma vez que esta é
tratada com desprezo? Não, pois a graça não conhece obrigações, de outra forma a graça de
maneira nenhuma seria graça. Deus pode estendê-la ou restringi-la como bem lhe parece. Se
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queremos exigir os nossos direitos, também deveríamos exigir a nossa condenação e miséria, pois
isso é o que Deus teria que nos dar como obrigação.

Oitavo, Deus não deixa de ser santo por nos ordenar a fazer algo que pareça naturalmente
contrário, ou estar em conflito, com os Seus preceitos. Por exemplo: Ele disse a Abraão para
oferecer Isaque em sacrifício. Também disse aos Israelitas que pedissem joias aos Egípcios. Ele
mesmo fez com que os Egípcios voluntariamente as entregassem (Êxodo 11: 2-3; 12: 36). É muito
simples, a autoridade de Deus sobrepuja toda e qualquer autoridade pública ou privada. Ele, que é
o legislador, pode dispor de Suas próprias leis assim como bem lhe agrada. Como Criador e
proprietário de tudo, Ele pode administrar Suas propriedades como bem quiser. Ele não pode
mandar que alguém peque, mas pode dispor das vidas e bens de Suas criaturas da maneira que
lhe parecer mais adequada.

Vamos agora observar o que devemos aprender deste atributo.

I. INSTRUÇÃO E INFORMAÇÃO.

A humanidade despreza este atributo de Deus mais do que qualquer outro. O homem fabrica
deuses com várias qualidades, mas nunca esta perfeição. Nós aceitaríamos qualquer tipo de deus,
menos um Deus santo. Isto é um testemunho da natureza depravada do homem, ou seja, o
atributo mais glorioso de Deus é o mais odiado. Todo pecado ataca especialmente a santidade de
Deus.

Vamos observar as maneiras como o homem despreza esta perfeição.

– Quando temos pensamentos indignos em nossa mente. Os pagãos atribuem aos seus deuses os
mesmos pecados e paixões que possuem, esperando desta forma obter proteção contra os seus
próprios pecados. Entretanto, quantos cristãos professos são culpados deste mesmo erro ao
imaginarem um Deus segundo os seus próprios desejos, ao invés do que Ele realmente é!
Invariavelmente, o “novo deus” é menos santo e mais propenso a fechar os olhos para o pecado.
Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, e as porei
por ordem diante dos teus olhos (Salmo 50: 21).

– Quando distorcemos a imagem de Deus em nossa própria alma. Nós fomos feitos à imagem de
Deus, e aos nos entregarmos ao pecado, desprezamos o nosso Criador. Na mente de muitos, ser
um homem verdadeiro é ser ímpio, imoral, e equivalente a um demônio encarnado.

– Quando culpamos a Deus por nossos pecados. Todos nós queremos dar desculpas por nossos
pecados, e no final, esta é na verdade a desculpa: “Deus foi um acessório para o meu crime”. Foi
exatamente isso que Adão fez ao dizer: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da
árvore, e comi (Gênesis 3: 12).

– Quando torcemos as Escrituras a fim de encontrar apoio para o nosso pecado. Quantos


defendem a devassidão e a bebedeira ao citarem Eclesiastes 2: 24, que diz: Não há nada melhor
para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho.
Também vi que isto vem da mão de Deus. Ou Mateus 5: 11: O que contamina o homem não é o
que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.

– Quando oramos para que Deus nos ajude em nosso pecado. Alguns ladrões ficaram conhecidos
por pedirem para que Deus lhes abençoasse em seus maus feitos. Alguns homens, em suas

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cobiças, pedem para Deus os abençoe em seus injustos negócios. Tudo isso nada mais é do que
pressupor que Deus é um amigo do crime, ao invés de dizer: Santificado [santo] seja o teu nome.

– Quando debochamos da santidade dos Cristãos sinceros. A santidade do Cristão é parcial, ou


imperfeita no momento. Mas aqueles que debocham desta santidade parcial, na verdade
desprezam mais ainda a perfeita santidade de Deus. O rebelde que não ousa injuriar
pessoalmente o rei, frequentemente injuria os seus súditos mais leais quando estes estão por
perto.

– Quando adoramos a Deus de maneira relaxada, sem a devida preparação e purificação dos
nossos corações de todos os pecados já conhecidos. Um Deus santo, merece uma adoração santa,
feita por adoradores santos. Nos achegarmos a Deus sem a devida confissão dos nossos pecados,
é como se o Sumo Sacerdote Aarão se apresentasse nos Santos dos Santos com balde de esterco
para oferecer em sacrifício a Deus.

– Quando dependemos da nossa justiça própria para agradar a Deus. Os homens imaginam que
Deus pode ser satisfeito com tão pouco, umas poucas orações de um ritual frio e externo, ou até
mesmo construindo um hospital. Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos,
disse a mulher adúltera de Provérbios 7: 14, ao retornar para o seu adultério.

– Quando nos queixamos de que a lei de Deus é muito dura, restrita. Isso é como desejar que
Deus fosse tão impuro como nós mesmos. Isso equivale a culpar a Deus, como se fossemos
consultores e conselheiros da Sua justiça. Por detrás disso está o desejo de pecarmos
impunemente.

– Quando acrescentamos opiniões vazias às Santas Escrituras. Os Romanistas fazem isso com o
ensino dos pecados perdoáveis, ou seja, aqueles pecados que não são tão sérios, que merecem
mais ser perdoados do que castigados. Mas a verdade é essa: Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las (Gálatas 3: 10). Os
Romanistas também ensinam a respeito das obras de supererrogação, isto é, obras que Deus não
exigiu, as quais beneficiam aos seus praticantes e a outros também. Sendo assim, eles flagelam
seus corpos e se vestem de trapos. Até os Judeus, que desprezam a santidade de Deus, nunca
sonhariam e praticar tamanha perversão como esta. Este ensino presume que a lei de Deus não é
suficiente, e que o homem pode suplantar o padrão da santidade de Deus. Sendo assim, aqueles
que decretam a própria falência imaginam ter o suficiente para emprestar aos seus vizinhos.

Nossa queda foi excessivamente grande. A distância entre nós e Deus não é menor do que a
distância entre Deus e satanás. Em Adão, nós perdemos a santidade que era a glória da nossa
natureza e o único meio de glorificarmos a Deus. Que ninguém pense que a queda do homem não
passou de um pequeno escorregão!

Toda impiedade é um ato contra a natureza de Deus. Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o
mal, e a opressão não podes contemplar (Habacuque 1: 13). O pecado é exposto em termos vis, é
uma coisa abominável que Deus odeia como: o vômito do cão, um defunto exposto em uma cova
aberta, esterco (Jeremias 44: 4; II Pedro 2: 22; Romanos 3: 13; Filipenses 3: 8). Devemos odiar o
pecado e amar a Deus. Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal (Salmo 97: 10).

Nenhuma impiedade escapará do juízo de Deus. A Sua ira contra o pecado deve ser manifestada.
A Sua santidade assim o exige, pois de outra forma, Ele estaria negando a Sua própria essência. As
Suas ameaças de punir o pecado não são vazias. Se não for encontrado um caminho para separar
o pecador do pecado, então ele será condenado eternamente. Como Deus pode odiar o pecado e
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21/08/2018 A Santidade de Deus

amar o pecador quando as naturezas desses dois partidos lhe são tão opostas? O homem ímpio
pensa que Deus deveria odiar a Si mesmo a fim de ter comunhão com eles.

Para que qualquer pecador pudesse ser salvo, a santidade de Deus teria que ser satisfeita através
de um suficiente mediador. A lei não poderia ser abolida para que a culpa pudesse ser perdoada.
Deus não poderia abrir mão de Sua santidade a fim de acomodar a impiedade do homem. Deus só
poderia justificar a culpa se a Sua justiça fosse mantida. A expiação feita por Cristo foi a única
maneira de demonstrar ao mesmo tempo a santidade e a misericórdia de Deus. Deus é tanto justo
como justificador daquele que tem fé em Jesus (Romanos 3: 26).

O pecador não tem como justificar a si mesmo. Após o pecado colocar os seus pés neste mundo, o
homem não tinha mais nada para oferecer a Deus. Daquele ponto em diante, a nossa
reivindicação só poderia ser: não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se
achará justo nenhum vivente (Salmo 143: 2). E, ai de mim! Pois estou perdido (Isaías 6: 5). Mas
Deus providenciou essa justiça, feita pelo Seu Filho, a qual satisfez perfeitamente a Sua santidade.

A divindade de Cristo pode ser confirmada por este atributo. Ele é chamado de o Santo (Atos 2: 27;
3: 14). O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que o clamor do serafim de Isaías 6:
3; Santo, santo, santo, era uma referência ao Filho de Deus (João 12: 37-41).

A santidade de Deus o torna apto a governar o mundo. O apóstolo pergunta: E, se a nossa injustiça
for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós?
(Falo como homem.) De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o mundo?
(Romanos 3: 5-6). Assim como a Sua onisciência o torna apto a ser um juiz, assim também a Sua
santidade o torna apto a ser um juiz justo.

O cristianismo é de origem divina. É a única e verdadeira religião, pois revela um Deus santo e
torna o homem santo como Ele. É a doutrina que é segundo a piedade (I Timóteo 6: 3). Deus nos
ordena: sede santos, porque eu sou santo (I Pedro 1: 16).

II. CONFORTO.

Embora sendo amarga para a alma perdida, esta doutrina é doce para os santos. O meu coração
exulta ao SENHOR… porquanto me alegro na tua salvação… Não há santo como o SENHOR (I
Timóteo 2: 1-2). E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador… E santo é seu nome (Lucas 1:
47-49). Através da aliança de misericórdia de Deus, os que creem em Cristo também podem
compartilhar deste atributo, pois Ele nos tornou participantes da sua santidade (Hebreus 12: 10).
Que conforto nós teríamos se Ele não nos tornasse santos?

Deus é digno da nossa confiança. Quem poderia confiar em um Deus que não é santo? Nós bem
poderíamos pensar que Seu poder nos esmagaria a qualquer momento; Sua misericórdia nos
abandonaria; ou Sua sabedoria tramaria algo contra nós; caso não houvesse este atributo de
santidade. Mas Deus jura pela Sua santidade: Uma vez jurei pela minha santidade (Salmo 89: 35),
colocando-a como uma garantia da segurança de Sua promessa. É em razão da Sua santidade que
oramos. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Mateus (7: 11). Nós podemos ir até Ele com
nossas angústias e encontrar socorro, que na verdade é um excelente socorro. Podemos
depender dEle no que diz respeito à Sua promessa de nos proteger e preservar, pois a Sua
santidade não permite que Ele viole a aliança feita conosco através de Cristo.

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21/08/2018 A Santidade de Deus

Deus valoriza grandemente aquilo que é santo. Nada é mais precioso no céu do que aquilo que
mais se assemelha com a santidade de Deus. Sabei, pois, que o SENHOR separou para si aquele
que é piedoso (Salmo 4: 3).

Que todos os crentes em Cristo encontrem conforto no fato de serem participantes da natureza
divina, e terem escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo (II Pedro 1: 4). Se
Deus se deleita em nós hoje, imagine quão maior não será esse deleite quando formos
glorificados!

Deus não permitirá que a obra da redenção, iniciada em nós, fique inacabada. Tendo por certo isto
mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo
(Filipenses 1: 6). Portanto, podemos orar com a mesma confiança com que Davi orou ao dizer:
Guarda a minha alma, pois sou santo: ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia (Salmo 86:
2). O propósito de Deus é santificar a Sua igreja e apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Efésios 5: 26-27), não
deixando de nos purificar até que Ele possa dizer: Tu és toda formosa, meu amor, e em ti não há
mancha (Cantares 4: 7).

III. EXORTAÇÃO.

Vamos dedicar e manter toda a nossa atenção neste atributo. Sem ele nunca poderemos exaltar a
Deus em nossos corações.

Ele nos convence de nossos pecados. A profundidade da nossa convicção é proporcional ao senso
que temos da santidade de Deus.

Ele nos mantém humildes, a despeito de quão santos nós sejamos. Até os anjos eleitos, ou sem
pecado escondem seus rostos da Santidade infinita. O homem mais santo é detestável em si
mesmo.

Ele faz com que nos aproximemos de Deus de maneira mais reverente e sincera. Santo e
tremendo é o seu nome (Salmo 111: 9). Um conhecimento crescente da Sua santidade nos
preparará para o cumprimento dos nossos deveres com um fervor mais profundo.

Ele nos guardará de pecar ao infundir o temor de Deus em nós. O homem tende a ficar
semelhante ao Deus que ele adora. Poucos são os que percebem que os pagãos são cheios de
vícios e concupiscências, pois os seus deuses possuem esse mesmo caráter. Mas o Deus vivo e
verdadeiro é puro e justo, e isso faz com que nos desfaçamos de todos os nossos ídolos,
mortifiquemos todo o desejo mau, e fiquemos em alerta contra toda tentação.

Ele cria em nós o desejo ardente de ser conformado à imagem de Deus. Um bom exemplo
estimula um admirador a imitá-lo. Aqui temos o Supremo exemplo, que desafia todo coração
regenerado a tê-Lo como modelo. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um
espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como
pelo Espírito do Senhor (II Coríntios 3: 18).

Ele faz que sejamos mais pacientes e contentes quanto às providências de Deus. Como Rei, Deus
governa os Seus súditos em perfeita justiça. Nosso Salvador, quando em profunda agonia e
humilhação, adorou a Deus em Sua santidade. Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de
noite, e não tenho sossego. Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel (Salmo

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21/08/2018 A Santidade de Deus

22: 2-3). É como se Ele dissesse: “Não vejo erro algum em Seus planos. Tu és santo em tudo o que
fazes.” Deus nos derrete como o ouro para que possamos receber a marca da Sua graça. Todos os
Seus tratos para conosco são feitos em santidade e para santidade.

Vamos honrar e glorificar este atributo na natureza de Deus. Toda criatura está em débito na
adoração a Deus por conta da Sua santidade. Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é
santo (Salmo 99: 3). Ao honrarmos a santidade de Deus, honramos todas as Suas perfeições.

Nós exaltamos este atributo:

– Quando ele é a base do nosso amor a Deus. Aquilo que faz com que Deus seja amável em si
mesmo, também deve fazê-Lo amável para nós. Não devemos amar a Deus por razões puramente
egoístas, mas pela Sua beleza intrínseca.

– Quando reconhecemos que a santidade está por detrás de cada julgamento temporal neste
mundo. O julgamento severo de Seus inimigos aqui é apenas um ligeiro sopro da sua santidade.

– Quando prestamos atenção a cada promessa cumprida e a cada ato de misericórdia da parte de
Deus. A Sua fidelidade no cumprimento da aliança feita com Seu povo, deve ser motivo de louvor e
ações de graças.

– Quando confiamos em Sua aliança e promessa a despeito das circunstâncias externas serem
contrárias a isso.

– Quando demonstramos grande amor pela santidade mesmo que outros a desprezem. Vamos
juntar nossas vozes com a do salmista que disse: eles têm quebrantado a tua lei. Por isso amo os
teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino (Salmo 119: 126-127). Se
honrarmos a Deus pelo reconhecimento da Sua santidade, então Ele também nos honrará ao
compartilhá-la conosco. porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão
desprezados (I Samuel 2: 30).

Vamos nos esforçar para sermos conformarmos à imagem de Deus, nessa que é a Sua perfeição
mais excelente. A pureza de nosso Senhor nos leva a purificarmos a nós mesmos. E qualquer que
nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro (I João 3: 3).

Embora a criatura nunca possa se igualar em santidade ao Seu criador, no entanto, podemos e
devemos ter o mesmo tipo de santidade. Adão desejou ser igual a Deus em conhecimento, mas
deveria ter desejado ser igual a Deus em santidade. Verdadeiramente, Deus é o nosso único
padrão de santidade. Os Seus preceitos nos instruem muito, mas os Seus exemplos nos afetam
mais. Ser conformado à Sua imagem significa uma imitação da Sua Lei, que é uma transcrição da
Sua santidade, e uma imitação do Seu Cristo, que é a imagem da Sua santidade. Assim como Ele
morreu na cruz, assim também devemos morrer para o pecado; assim como Ele se levantou do
túmulo, assim também devemos nos levantar de nossas concupiscências; assim como Ele
ascendeu às alturas, assim também as nossas afeições devem se ascender para as coisas
celestiais.

Somos ordenados a nos tornarmos semelhantes a Deus somente na perfeição moral, pois
nenhuma criatura tem a capacidade de ser mais do que isso. Os demônios estão mais próximos
da força e conhecimento de Deus do que nós, mas estão muito longe da Sua santidade. Nossa
principal maneira de glorificar a Deus não é aplaudindo a Sua santidade, mas nos conformando a

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21/08/2018 A Santidade de Deus

ela. Quando Deus nos ordena: Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e
seja ele o vosso assombro (Isaías 8: 13), Ele está dizendo: “Manifeste a pureza da minha natureza
através da santidade da sua vida.” Devemos manter a reputação de Deus no mundo.

A santidade é a nossa beleza. A beleza das coisas que são copiadas está na sua semelhança com o
original, nem tanto pelo fato de ser a obra de Deus, mas por ter a Sua marca estampada sobre
nós. Santidade é a nossa vida. A vida da nossa alma, que é a nossa parte primária, não consiste em
sua existência, mas em suas ações morais. O que a vida é para o corpo, a santidade é para a alma.
Sem santidade estamos mortos. A santidade nos torna aptos à comunhão com Deus. Sem ela,
ninguém verá o Senhor (Hebreus 12: 14). Deus e o homem não podem desfrutar um do outro a
menos que sejam semelhantes um ao outro. Da mesma maneira, a santidade é a evidência da
nossa eleição e adoção em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para
que fôssemos santos (Efésios 1: 4). Ele não nos receberá como Seus filhos se não houver esta
marca em nós.

Portanto, vamos estudar a santidade de Cristo. Olhares ocasionais não são suficientes. Vamos
envolver amorosamente os nossos corações em Sua santidade. Vamos fazer de Deus o nosso
objetivo final, e então perceberemos passo a passo, que uma semelhança silenciosa ocorrerá
sobre e dentro de nós. Façamos da santidade de Deus o padrão para cada uma das nossas
atitudes. Se fizéssemos essas coisas, quão felizes nós seríamos!

Vamos trabalhar no fortalecimento das áreas em que temos fraquezas, crescendo sempre em
santidade.

Quanto mais formos semelhantes a Deus, mais desfrutaremos dEle. Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e
eu o amarei, e me manifestarei a ele (João 14: 21).

Vamos nos comportar de maneira santa sempre que nos aproximarmos de Deus. Mui fiéis são os
teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, SENHOR, para sempre (Salmo 93: 5). Assim
como fez Moisés, devemos tirar nossas sandálias, que representam o abandono de toda e
qualquer impureza da nossa parte.

Vamos nos dirigir a Deus na busca da santidade, pois Ele é a nossa única fonte. Eu sou o SENHOR
que vos santifica (Levítico 20: 8). A santidade é o Seu atributo favorito, e Ele se deleita em
compartilhá-la. Sem Deus, não poderemos alcançá-la ou mantê-la. Mas devemos nos alegrar por
alcançá-la em pequenas medidas e graus. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo
o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso SENHOR Jesus Cristo (I Tessalonicenses 5: 23).

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