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História – Módulo I

Prefácio

Prezado(a) Aluno(a), esta é uma apostila elaborada para auxiliar você durante
seus estudos de História no primeiro módulo do Ensino Médio do CESEC Professora
Hermelinda Toledo.
Os textos, imagens e sugestões de vídeos e leituras presentes nesta apostila foram
selecionados e organizados de modo a facilitar a sua compreensão acerca dos períodos
e fatos históricos a serem estudados nesta etapa da disciplina.
Vale lembrar, que o aluno pode e deve se necessário buscar o auxílio de
conteúdos extras para complementar seu estudo e consultar a professora da disciplina
sempre que sentir que seja necessário.
Ao final desta apostila você poderá solicitar a lista de exercícios, que consiste,
no trabalho referente ao módulo 1. Essas atividades poderão ser solucionadas com o
auxílio da apostila, e deverão ser realizadas através do link disponível para o formulário
online de submissão de respostas (os links estarão disponíveis no nosso grupo de estudo
e você pode solicitar a professora o envio através do chat pessoal).
Desejo a você um bom estudo!

Atenciosamente, professora Viviane Tamíris Pereira.

Pouso Alegre – MG, 02 de maio de 2021

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História – Módulo I

Capítulo 1: O QUE É HISTÓRIA?


História é uma palavra com origem no antigo termo grego "historie", que significa "conhecimento
através da investigação". A História é uma ciência que investiga o passado da humanidade e o seu processo
de evolução, tendo como referência um lugar, uma época, um povo ou um indivíduo específico.

Através do estudo histórico, obtém-se um conjunto de informações sobre processos e fatos ocorridos
no passado que contribuem para a compreensão do presente. A história pode relatar a evolução não só de
uma comunidade, mas também de eventos ou organizações de diversos tipos. A história do futebol, por
exemplo, conta os acontecimentos mais importantes desse esporte, desde a sua criação até os dias de hoje.

Em sentido amplo, é tudo o que se refere ao desenvolvimento das comunidades humanas, assim
como os acontecimentos, fatos ou manifestações da atividade humana no passado, por exemplo: História
do Brasil.

História é o conjunto dos acontecimentos referidos pelos historiadores. O historiador grego


Heródoto é considerado o "pai da História". A ele são atribuídas as primeiras pesquisas sobre o passado
do homem, tornando-se pioneiro não só no estudo da história, como também da antropologia e etnografia.

O período anterior à História é denominado Pré-História (até cerca de 4000 a.C.). Nesse período
não havia escrita, por isso, os pesquisadores recorrem a ossos, fósseis, objetos de pedra, arte rupestre e
outras fontes materiais para investigação.

A História marca o início do período de desenvolvimento da humanidade após o surgimento da


escrita e divide-se em quatro períodos:

 Idade Antiga (Antiguidade): de 4.000 a.C. até 476 d.C., com a queda do Império Romano;
 Idade Média (História Medieval): de 476 d.C. a 1453, com a conquista de Constantinopla
pelos turcos otomanos;
 Idade Moderna: de 1453 a 1789, quando ocorre a Revolução Francesa;
 Idade Contemporânea: de 1789 até os dias atuais.

1. O TEMPO, O ESPAÇO E A HISTÓRIA

Para facilitar o estudo da história alguns conceitos e definições foram estabelecidos:

Tempo
As definições de tempo dividem-se em:
Tempo Geológico: estuda a origem, a formação e as sucessivas transformações ocorridas na
paisagem terrestre.
Tempo Cronológico: é o tempo contado por ordem de data, ou seja, hora, dias e anos.
Tempo Histórico: é o tempo do homem e mostra como o mesmo modificou a natureza tanto
construindo como destruindo.

Espacialidade (espaço)
As definições de espaço dividem-se em:
Espaço natural: aquele que não sofreu a ação do homem.
Espaço Geográfico: espaço transformado a partir da ação do trabalho do homem.

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Linha do Tempo

Servem para listar os principais fatos e personagens da história e traçar paralelos entre si com outras
linhas do tempo, de acordo com o período histórico e época desejada. Ela parte do passado e pode chegar
ao presente e, ainda, correr para o futuro. Sua finalidade é "situar acontecimentos históricos e localizá-los
em uma multiplicidade de tempos". Sendo assim podemos afirmar que ela serve para nos dar uma visão
geral de algum período que estamos estudando.

2. PRÉ-HISTÓRIA (ATÉ CERCA DE 4000ª.C.)

O termo Pré-história foi criado em 1851 e pretendia designar o


período da vida da espécie humana anterior à invenção da escrita. A
história seria estudada, portanto, a partir do momento em que surgiram
os primeiros documentos escritos. Essa ideia é hoje muito criticada,
afinal, os humanos que não sabiam escrever também têm história. Eles
viviam, comiam, faziam objetos, se comunicavam. Não é preciso o
documento escrito para a pesquisa histórica. A cultura material também
é fonte importante para o trabalho do historiador. Pelos desenhos Pintura rupestre pré-histórica
deixados nas cavernas – as chamadas pinturas rupestres – o historiador pode obter indícios do que aqueles
homens faziam, como pensavam, enfim, como eles viam o seu mundo. Pelos vestígios de utensílios, de
ferramentas, o historiador pode saber como essas pessoas comiam, de que forma caçavam os animais, se
faziam fogueiras, etc. Por isso, muitos estudiosos, hoje em dia, preferem chamar a Pré-História de História
dos povos pré-letrados ou
povos ágrafos, isto é, História dos povos que não sabiam escrever.

A pré-história é dividida em três grandes períodos:

Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada


(se estendeu da origem do homem até aproximadamente 10.000 a.C., isto é, por cerca de três
milhões de anos)

A sociedade paleolítica caracterizou-se pela busca de subsistência, ou seja, o homem procurava tudo
o que era necessário para sustentar a vida por meio da caça, da pesca, da coleta de frutos, sementes e
raízes, e da confecção e utilização de objetos de pedra lascada, ossos e dentes de animais. Por isso, o
Período Paleolítico é também chamado de Idade da Pedra Lascada.
Nessas sociedades, os homens e as mulheres viviam em bandos, dividindo o espaço e as tarefas.
Para se protegerem do frio, da chuva, e dos animais ferozes, buscavam abrigo nas cavernas ou reentrâncias

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de rochas, daí a denominação "homens das cavernas". Alguns estudiosos acreditam que eles tenham
também construído tendas de pele ou cabanas. Uma conquista fundamental do homem paleolítico ocorreu
há cerca de 500 mil anos: o uso do fogo. É possível que, a princípio, o fogo tenha sido obtido pela queda
de raios. Mas, com o tempo, eles aprenderam a obter o fogo por meio do atrito de pedra ou de pedaços de
madeira. Sem dúvida, o fogo foi muito útil para essas pessoas: protegia contra o frio; aquecia os alimentos
e ajudava a espantar os animais.
As marcas da presença humana do Período Paleolítico podem ser vistas até hoje em pinturas
rupestres encontradas em cavernas como as de Altamira (Espanha), de Lascaux (França) e do município
de São Raimundo Nonato, no Piauí (Brasil), entre vários outros lugares, nos quais esses seres humanos
desenhavam cenas de seu cotidiano. Além dessas pinturas, eles produziam algumas peças de artesanato
bastante rudimentares. Vestiam-se de peles e couros de animais que conseguiam abater com suas armas
rudimentares.

Neolítico ou Idade da Pedra Polida


(teve início em mais ou menos 10.000 a.C. e se prolongou até mais ou menos 5.000 a.C)

No Período Neolítico, os humanos aprenderam a domesticar os


animais e a praticar a agricultura, isto é, a cultivar os alimentos. Além disso,
nesse período, eles passaram a dominar a técnica de polir a pedra para a
fabricação de instrumentos. Por isso, esse período é conhecido também
como a Idade da Pedra Polida.
Essas transformações mudaram a forma de viver desses grupos
humanos. Eles já não precisavam mais mudar-se constantemente para
encontrar comida e foram se tornando sedentários, isto é, ficavam um longo
tempo em um mesmo lugar esperando a hora de colher os vegetais que haviam plantado. Enquanto
esperavam, dedicavam-se a outras atividades como a construção de casas, o trabalho com o barro e a
argila, a fabricação de cestos e tecidos e também de ferramentas.

Idade dos Metais


(iniciada em mais ou menos 5.000 a.C. e encerrada por volta de 4.000 a.C)

Com a descoberta da técnica para a fabricação de diversos utensílios com metais. O cobre foi o
primeiro metal usado pelo ser humano que, mais tarde, aprendeu a misturá-lo ao estanho para, assim, obter
o bronze, que era mais resistente. Mais tarde, aprendeu-se a lidar com ferro.
Durante esse período, as pequenas aldeias de agricultores transformaram-se em núcleos urbanos,
submetidas à autoridade política de um chefe. As primeiras cidades nasceram no Oriente Médio. Biblos,
no atual Líbano, é considerada a cidade mais antiga do mundo. Há quase 7.000 anos, surgiu uma das
primeiras cidades – Çatal Hüyük, no centro-sul da Turquia. Essa cidade foi habitada por mais de 700 anos
e lá eram cultivados trigo, cevada, ervilha. Os estudos indicam que provavelmente seus habitantes
produziam também um tipo especial de cerveja. Apesar da caça ser uma atividade importante, os seus
moradores também criavam ovelhas e gado para alimentação e vestimentas. Além disso, em Çatal Hüyük,
o artesanato e a fabricação de joias eram bem desenvolvidos. Período que vai de 4000 a.C. até cerca de
3.500 a.C., no qual surgem os primeiros registros escritos, as primeiras cidades. Neste período temos o
surgimento das cidades entre as quais citamos Jericó (VIII milênio antes de Cristo), Beidha (VII milênio
antes de Cristo), na região da Palestina. Era o início da Civilização.

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Como você estuda?


Um método bastante utilizado pelos alunos para auxiliar nos estudos é a elaboração
de resumos ou “mapas mentais” dos conteúdos verificados, são anotações, desenhos ou
esquemas que trazem apenas algumas informações principais sobre as matérias com o
objetivo de te auxiliar a lembrar o assunto completo... Veja a seguir um exemplo:

Que tal se inspirar e produzir seu próprio material de consulta para o estudo?

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Capítulo 2: AS CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE


A partir de 6000 a.C., a paisagem natural passou a ser modificada cada vez mais pela ação humana:
com represas, muralhas, templos e pirâmides. Pouco a pouco eram desvendados os segredos dos metais,
do barro e das tinturas. Os seres humanos tornaram suas organizações sociais mais complexas com a
formação do Estado: organização política e jurídica de um território.
As pequenas aldeias dispersas por vales e planícies se concentraram em torno ou dentro de cidades
muradas. A religião desempenhou papel essencial nessas mudanças. O desenvolvimento da tecnologia e
os fenômenos da natureza passaram a ser atribuídos aos mistérios do divino. Para honrar as divindades,
foram feitos sacrifícios e construídos templos e monumentos cada vez maiores. Os sacerdotes, a serviço
das divindades se afastaram cada vez mais dos pequenos trabalhos agrícolas e constituíram uma espécie
de elite, que se erguia acima dos demais grupos sociais. A cultura da aldeia dava lugar para a cidade e a
cultura urbana.
A Antiguidade foi marcada por diversos povos como os Mesopotâmicos (sumérios, acadianos,
assírios) os Semitas (fenícios, hebreus), os egípcios e os Kush, dentre outros. Neste módulo, veremos um
pouco mais sobre os povos Gregos e Romanos.

GRÉCIA ANTIGA

Grécia Antiga é a época da história grega que se estende do século XX ao século IV a.C. Quando
falamos em Grécia Antiga não estamos nos referindo a um país unificado e sim num conjunto de cidades
que compartilhavam a língua, costumes e algumas leis. Muitas delas eram até inimigas entre si como foi
o caso de Atenas e Esparta.

Política
No Período Clássico, os gregos procuraram cultivar a beleza e a virtude desenvolvendo as artes da
música, pintura, arquitetura, escultura, etc. Com isso,
acreditavam que os cidadãos seriam capazes de contribuir para
o bem-comum. Estava lançada, assim, a democracia.
A democracia era o governo exercido pelo povo, ao
contrário dos impérios que eram liderados por dirigentes que
eram considerados deuses, como foi o caso do Egito dos Faraós.
A democracia desenvolveu-se principalmente em Atenas, onde
os homens livres tinham oportunidade de discutir questões
políticas em praça pública.

Sociedade Ruínas da cidade de Atenas


Cada polis tinha sua própria organização social e algumas, como Atenas, admitiam a escravidão,
por dívida ou guerras. Por sua vez, Esparta, tinha poucos escravos, mas possuíam os servos estatais, que
pertenciam ao governo espartano. Ambas as cidades tinham uma oligarquia rural que os governava.

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Também em Atenas verificamos a figura dos estrangeiros chamados metecos. Só era cidadão quem
nascia na cidade e por isso, os estrangeiros não podiam participar das decisões políticas da polis

Economia
A economia grega se baseava em produtos artesanais, na agricultura e
no comércio. Os gregos faziam produtos em coro, metal e tecidos. Estes
davam muito trabalho, pois todas as etapas de produção - desde a fiação até
o tingimento - eram demoradas.
Os cultivos estavam dedicados às vinhas, oliveiras e trigo. A isto
somavam-se à criação de animais de pequeno porte.
O comércio ocorria entre as cidades gregas, nas margens do
Mediterrâneo e afetava toda sociedade grega. Para realizar as trocas
comerciais se usava a moeda "dracma". Havia tanto o pequeno comércio do
agricultor, que levava sua colheita ao mercado local, quanto o grande
Estátua do deus Poseidon
comerciante, que possuía barcos que faziam toda rota do Mediterrâneo.

Religião
A religião da Grécia Antiga era politeísta. Ao receber a influência de vários povos, os gregos foram
adotando deuses de outros lugares até constituir o panteão de deuses, ninfas, semideuses e heróis que eram
cultuados tanto em casa como publicamente. As histórias dos deuses serviam de ensinamento moral à
sociedade, e também para justificar atos de guerra e de paz. Os deuses também interferiam na vida
cotidiana e, praticamente, havia uma deidade para cada função.
Se um grego tivesse uma dúvida em relação a qual atitude tomar, poderia consultar o oráculo de
Delfos. Ali, uma pitonisa entraria em transe a fim de tomar contato com os deuses e responderia à questão.
Como essa era dada de forma enigmática, um sacerdote se encarregaria de interpretá-la ao cliente.

Cultura
A cultura grega está intimamente ligada à religião, pois a literatura, a música e o teatro contavam os
feitos dos heróis e de sua relação com os deuses que viviam no Olimpo.
As peças teatrais eram muito populares e todas as cidades tinham seu espaço cênico (chamado
orquestra) onde eram encenadas as tragédias e comédias.
A música era importante para alegrar banquetes civis e acompanhar atos religiosos. Os principais
instrumentos eram a flauta, tambores e harpas. Esta última era utilizada para ajudar os poetas a recitarem
suas obras.
Igualmente, os esportes faziam parte do cotidiano grego. Por isso, para celebrar a aliança entre as
diferentes polis, organizavam-se competições nos tempos de paz.

Resumo da história da Grécia Antiga

A história da Grécia Antiga está dividida em:


 Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.)
 Homérico (séculos XII - VIII a.C.)
 Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)
 Clássico (séculos V - IV a.C.)

Período Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.)

O primeiro período de formação da Grécia é chamado de pré-homérico. A Grécia antiga se formou


da miscigenação dos povos Indo-Europeus ou arianos (aqueus, jônios, eólios, dórios). Eles migraram para
a região situada no sul da península Balcânica, entre os mares Jônico, Mediterrâneo e Egeu. Acredita-se
que por volta de 2000 a.C. chegaram os aqueus, que viviam num regime de comunidade primitiva.
Depois de estabelecerem contato com os cretenses, de quem adotaram a escrita, se desenvolveram,
construíram palácios e cidades fortificadas. Organizaram-se em vários reinos liderados pela cidade de

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Micenas e daí o nome Civilização Aqueia de Micenas. Depois de aniquilarem a civilização cretense,
dominaram várias ilhas do Mar Egeu e destruíram Troia, cidade rival.
Porém, no século XII a.C., a civilização micênica foi destruída pelos dórios, que impuseram um
violento domínio sobre toda a região, arrasaram as cidades da Hélade e provocaram a dispersão da
população, o que favoreceu a formação de várias colônias. Este fato é conhecido como a 1ª diáspora grega.

Período Homérico (séculos XII - VIII a.C.)

As invasões dóricas provocaram um retrocesso das relações sociais e comerciais entre os gregos.
Em algumas regiões surgiram o genos – comunidade formada por numerosas famílias, descendentes
de um mesmo ancestral. Nessas comunidades, os bens eram comuns a todos, o trabalho era coletivo,
criavam gado e cultivavam a terra.
Tudo era dividido entre eles, que dependiam das ordens do chefe comunitário, chamado Pater, que
exercia funções religiosas, administrativas e jurídicas. Com o aumento da população e o desequilíbrio
entre a população e o consumo, os genos começaram a desagregar.
Muitos começaram a deixar o genos e procurar melhores condições de sobrevivência, iniciando o
movimento colonizador por boa parte do Mediterrâneo. Esse movimento que marca a desintegração do
sistema gentílico é chamado de 2ª diáspora grega.
O processo resultou na fundação de diversas colônias, entre elas:
 Bizâncio, mais tarde Constantinopla, e atual Istambul;
 Marselha e Nice, hoje na França;
 Nápoles, Tarento, Síbaris, Crotona e Siracusa, conhecidas em conjunto como Magna Grécia, no
sul da atual Itália e na Sicília.

Período Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)

O Período Arcaico se inicia com a decadência da comunidade gentílica. Nesse momento, os


aristocratas resolvem se unir criando as frátrias (irmandades formadas por indivíduos de vários genos).
Estas se uniram formando tribos que construíram, em terrenos elevados, cidades fortificadas denominadas
acrópoles. Estavam nascendo as cidades – Estados (pólis) gregas.
Atenas e Esparta serviram de modelo para as demais polis grega. Esparta era uma cidade
aristocrática, fechada às influências estrangeiras e uma cidade agrária.
Os espartanos valorizavam a autoridade, a ordem e a disciplina e assim, tornou-se um Estado
militarista, onde não houve espaço para a realização intelectual.
Por sua vez, Atenas dominou durante muito tempo o comércio entre gregos e, em sua evolução
política, conheceu várias formas de governo: monarquia, oligarquia, tirania e democracia. Atenas
simbolizou o esplendor cultural da Grécia Antiga.

Período Clássico (séculos V - IV a.C.)

O início do Período Clássico foi marcado pelas Guerras Médicas, entre as cidades gregas e os persas,
que ameaçavam o comércio e a segurança das pólis. Após as guerras, Atenas tornou-se líder da
Confederação de Delos, uma organização composta por várias cidades-Estados. Estas deviam contribuir
com navios e dinheiro para manter a resistência naval contra uma possível invasão estrangeira.
O período da hegemonia ateniense coincidiu com a prosperidade econômica e o esplendor cultural
de Atenas. Nesta época, a filosofia, o teatro, a escultura e a arquitetura atingiram sua maior grandeza.
Pretendendo impor também sua hegemonia no mundo grego, Esparta compôs com outras cidades-
Estados a Liga do Peloponeso e declarou guerra a Atenas em 431 a.C. Depois de 27 anos de lutas, Atenas
foi derrotada.
Anos mais tarde, Esparta perdeu a hegemonia para Tebas e durante esse período, a Grécia foi
conquistada pelos exércitos da Macedônia e foi incorporada ao Império Macedônico. Esta época ficou
conhecida como período helenístico.

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A Grécia foi governada pelo imperador Felipe II e em seguida por seu filho Alexandre Magno, que
conquistou um grande império. A fusão da cultura grega com a oriental recebeu o nome de Cultura
Helenística.
No século II a.C. será a vez dos romanos incorporarem o conjunto de tradições e costumes helênicos
e, por fim, desarticularem o Antigo Mundo Grego.

ROMA ANTIGA

A cidade de Roma nasceu como uma pequena aldeia e


se tornou um dos maiores impérios da Antiguidade. Situada
na Península Itálica, centro do Mediterrâneo europeu, Roma
era o centro da vida política e econômica da região.

Fundação de Roma

A fundação de Roma está envolta em lendas. Segundo a narrativa do poeta Virgílio, em sua obra
Eneida, os romanos descendem de Enéias, herói troiano, que fugiu para a Itália após a destruição de Troia
pelos gregos, por volta de 1400 a.C.
Reza a lenda que os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Enéias, foram jogados no rio Tibre,
por ordem de Amúlio, usurpador do trono. Amamentados por uma loba e depois criados por um camponês,
os irmãos voltam para destronar Amúlio. Os irmãos receberam a missão de fundar Roma, em 753 a.C.
Rômulo, após desentendimentos, assassinou Remo e se transformou no primeiro rei de Roma.

Na realidade, Roma formou-se da fusão de sete pequenas aldeias de pastores latinos e sabinos
situadas às margens do rio Tibre. Depois de conquistada pelos etruscos chegou a ser uma verdadeira
cidade-Estado.

Monarquia Romana (753 a.C. a 509 a.C.)

Na Roma monárquica, a sociedade era formada basicamente por três classes sociais:
 os patrícios, a classe dominante, formada por nobres e proprietários de terra;
 os plebeus, que eram constituídos por comerciantes, artesãos, camponeses e pequenos
proprietários;
 os clientes, que viviam da dependência dos patrícios e os plebeus, e eram prestadores de serviços.

Na monarquia romana, o rei exercia funções executiva, judicial e religiosa. Era assistido pela
Assembleia Curiata, que estava formada por trinta chefes de famílias do povo. Sua função mudou ao longo
dos séculos, mas eram responsáveis por elaborar leis, recursos jurídicos e ratificar a eleição do rei. Em
certos períodos a Assembleia Curiata deteve mais poder que o Senado.
O Senado, composto pelos patrícios, assessorava o rei e tinha o poder de vetar as leis apresentadas
pelo monarca.
As lendas narram os acontecimentos dos sete reinados da época. Durante o governo dos três últimos,
que eram etruscos, o poder político dos patrícios declinou. A aproximação dos reis com a plebe
descontentavam os patrícios. Em 509 a.C., o último rei etrusco foi deposto e um golpe político marcou o
fim da monarquia.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C.)


A implantação da república significou a afirmação do Senado, o órgão de maior poder político entre
os romanos. O poder executivo ficou a cargo das magistraturas, ocupadas pelos patrícios.

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A república romana foi marcada pela luta de classes entre patrícios e plebeus. Os patrícios lutavam
para preservar privilégios e defender seus interesses políticos e econômicos, mantendo os plebeus sob sua
dominação.
Entre 449 e 287 a.C. os plebeus organizaram cinco revoltas que resultaram em várias conquistas:
Tribunos da plebe, Leis das XII tábuas, Leis Licínias e Lei Canuleia. Com essas medidas, as duas classes
praticamente se igualaram.

A Expansão Romana

A primeira etapa das conquistas romanas foi marcada pelo domínio de toda a Península Ibérica a
partir do século IV a.C.
A segunda etapa foi o início das Guerras de Roma contra Cartago, chamadas Guerras Púnicas (264
a 146 a.C.). Em 146 a.C. Cartago foi totalmente destruída. Em pouco mais de cem anos, toda a bacia do
Mediterrâneo já era de Roma.
Crise da República

Na República romana, a escravidão era a base de toda produção e o número de escravos ultrapassava
os de homens livres. A violência contra os escravos causou dezenas de revoltas. Uma das principais
revoltas escravos foi liderada por Espártaco entre 73 a 71 a.C. À frente das forças rebeldes, Espártaco
ameaçou o poder de Roma.
Para equilibrar as forças políticas, em 60 a.C., o Senado indicou três líderes políticos ao consulado,
Pompeu, Crasso e Júlio César, que formaram o primeiro Triunvirato. Após a morte de Júlio César, foi
instituído o segundo Triunvirato constituído por Marco Aurélio, Otávio Augusto e Lépido.
As disputas de poder eram frequentes. Otávio recebeu do senado o título de Prínceps (primeiro
cidadão) foi a primeira fase do império disfarçado de República.

Império Romano (27 a.C. a 476)

Extensão do Império Romano

O imperador Otávio Augusto (27 a.C. a 14) reorganizou a sociedade romana. Ampliou a distribuição
de pão e trigo e de divertimentos públicos - a política do pão e circo.
Depois de Augusto, várias dinastias se sucederam. Entre os principais imperadores estão:
 Tibério (14 a 37);
 Calígula (37 a 41);
 Nero (54 a 68);
 Tito (79 a 81);
 Trajano (98 a 117);
 Adriano (117-138);
 Marco Aurélio (161 a 180).

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Decadência do Império Romano

A partir de 235, o Império começou a ser governado pelos imperadores-soldados, cujo principal
objetivo era combater as invasões. Do ponto de vista político, o século III caracterizou-se pela volta da
anarquia militar. Num período de apenas meio século (235 a 284) Roma teve 26 imperadores, dos quais
24 foram assassinados.
Com a morte do imperador Teodósio, em 395, o Império Romano foi dividido entre seus filhos
Honório e Arcádio. Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, capital Roma, e Arcádio ficou
com o Império Romano do Oriente, capital Constantinopla.
Em 476, o Império Romano do Ocidente desintegrou-se e o imperador Rômulo Augusto foi deposto.
O ano de 476 é considerado pelos historiadores o marco divisório da Antiguidade para a Idade Média. Da
poderosa Roma, restou apenas o Império Romano do Oriente, que se manteria até 1453.

Curiosidades
 Devido à expansão territorial, durante o império, os romanos passaram a representar 25% da população
mundial.
 Os canhotos eram vistos como pessoas de má-sorte e não confiáveis. Esta crença permaneceu até pouco
tempo quando as crianças eram obrigadas a escrever com a mão direita.
 Os romanos prezavam muito pela higiene. As classes abastadas tinham água encanada em casa e os
pobres possuíam fontes perto de suas residências. Igualmente, iam regularmente aos banhos públicos.
 A urina era aproveitada para diversos fins por conta do ácido e outros componentes: usavam para clarear
os dentes, lavar a roupa e fazer moedas.

Capítulo 3: A IDADE MÉDIA


A Idade Média foi um longo período da história que se estendeu do século V ao século XV. Seu
início foi marcado pela queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e o fim, pela tomada de
Constantinopla pelos turcos em 1453.
Os humanistas do século XV e XVI chamavam a Idade Média
de Idade das Trevas. Afirmavam que havia ocorrido na Europa, um
retrocesso artístico, intelectual, filosófico e institucional, em relação
à produção da Antiguidade Clássica.
A ideia de Idade Média desde de muito tempo esteve associada
a atraso, a uma época de "trevas" no conhecimento, de pouca
liberdade e de restrita circulação de ideias. Embora essa concepção
não esteja totalmente errada, de maneira nenhuma podemos imaginar
que foi somente isso que ocorreu no continente europeu durante os
1.000 anos de duração do período medieval. Por que não podemos
dizer que a Idade Média foi uma época só de atraso para os povos
europeus? Porque, embora impregnada pela mentalidade religiosa, a
cultura floresceu, como comprova a arquitetura da época, com suas
grandes catedrais. Da mesma maneira, no interior da Igreja, diversos
pensadores se esforçaram para conciliar a religião cristã com a
A bela arquitetura gótica foi um estilo
filosofia grega, em especial a de Aristóteles. Ao mesmo tempo,
desenvolvido durante a Idade Média.

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História – Módulo I

assentando-se sobre a organização social e jurídica do antigo Império Romano, a Igreja contribuiu para
civilizar as tribos e reinos bárbaros.

Características da Idade Média

O período medieval foi dividido em duas partes: a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média. Veja
abaixo as principais características de cada período:

Alta Idade Média

A Alta Idade Média foi um período de instabilidade e insegurança generalizada, que se estendeu do
século V ao século IX. Nesse período destacam-se:

 Os Reinos Germânicos – os germânicos eram povos árias estabelecidos ao longo das


fronteiras do Império Romano. Os romanos os chamavam de ”bárbaros”, por serem
estrangeiros e não falarem o latim. Os germanos formaram vários Reinos Germânicos dentro
do território romano;
 O Reino Cristão dos Francos – o reino dos francos constituiu o reino mais poderoso da
Europa Ocidental;
 A Igreja e o Sacro Império – A Igreja Medieval teve importante papel na sociedade. Foi
nessa época que começou a organizar-se, com o objetivo de zelar pela homogeneidade dos
princípios da religião cristã e promover a conversão dos pagãos.
 O Sistema Feudal – o feudalismo começou a se formar no século V, na Europa Ocidental,
com a crise do Império Romano.
 O Império Bizantino – estabelecido em Constantinopla, o Império Bizantino sobreviveu às
invasões bárbaras e perdurou por todo o período medieval.
 Os Árabes e o Islamismo – no Oriente Médio, na península arábica, nasceu em 630 o Islão,
como resultado das Guerras Santas empreendidas por Maomé. Aos poucos, o Islamismo se
expandiu por um extenso território, conquistando terras da Ásia, África e Europa.

O Sistema Feudal

O Feudalismo foi uma organização econômica, política e social baseada na posse da terra - o feudo
- que predominou na Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média. As terras e títulos de nobreza eram
doadas pelo rei como recompensa aos líderes por terem participado de batalhas.
O feudo era uma grande propriedade rural que abrigava o castelo fortificado, as aldeias, as terras
para cultivo, os pastos e os bosques.
Teve origem no Império Carolíngio, quando o rei precisava de aliados defender suas extensas
fronteiras. A partir do séc. IX quando o este império se desintegra, o que sobra são várias regiões
independentes entre si governadas por um nobre.

Ruralização da economia
A economia sofreu uma retração das atividades comerciais, as moedas perderam seu espaço de
circulação e a produção agrícola ganhou caráter subsistente. Nesse período, a crise do Império Romano
favoreceu um processo de ruralização das populações, que não mais podiam empreender atividades
comerciais. Isso ocorreu em razão das constantes guerras promovidas pelas invasões bárbaras e a crise
dos centros urbanos constituídos durante o auge da civilização clássica.

Novos tipos sociais: o senhor feudal e o servo


A ruralização da economia também atingiu diretamente as classes sociais instituídas no interior de
Roma. A antes abrangente classe de escravos e plebeus veio a compor, com os povos germânicos, uma

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História – Módulo I

classe campesina consolidada como a principal força de trabalho dos feudos. Trabalhando em regime de
servidão, um camponês estaria atrelado à vida rural em virtude das ameaças dos conflitos da Alta Idade
Média e da relação pessoal instituída com a classe proprietária, ali representada pelo senhor feudal.
O senhor feudal representava a classe nobiliárquica detentora de terras. Divididos por diferentes
títulos, os nobres poderiam ser responsáveis desde a administração de um feudo até a cobrança de taxas
ou a proteção militar de uma determinada propriedade. A autoridade exercida pelo senhor feudal, na
prática, era superior à dos reis, que não tinham poder de interferência direta sobre as regras e imposições
de um senhor feudal no interior de suas propriedades. Portanto, assinalamos o feudalismo como um
modelo promotor de um poder político descentralizado.

O papel da Igreja
Ao mesmo tempo em que a economia e as relações sociopolíticas transformavam-se nesse período,
não podemos nos esquecer da importância do papel da Igreja nesse contexto. O clero entrou em acordo
com os reis e a nobreza com o intuito de expandir o ideário cristão. A conversão da classe nobiliárquica
deu margens para que os clérigos interferissem nas questões políticas. Muitas vezes um rei ou um senhor
feudal doava terras para a Igreja em sinal de sua devoção religiosa. Dessa forma, a Igreja também se
tornou uma grande “senhora feudal”.

Renascimento comercial e urbano e a derrocada do feudalismo


No século X, o feudalismo atingiu o seu auge, tornando-se uma forma de organização vigente em
boa parte do continente europeu. A partir do século seguinte, o aprimoramento das técnicas de produção
agrícola e o crescimento populacional proporcionaram melhores condições para o reavivamento das
atividades comerciais. Os centros urbanos voltaram a florescer e as populações saíram da estrutura
hermética que marcou boa parte da Idade Média.

Baixa Idade Média

A Baixa Idade Média é o período que vai do século X ao século XV. Destacam-se nessa época:
 Crise do feudalismo
 As cruzadas e a expansão das sociedades cristãs;
 O ressurgimento urbano na Europa;
 O renascimento comercial europeu;
 A formação das monarquias nacionais europeias;
 A cultura medieval.

Durante a Baixa Idade Média, com a expansão dos turcos-otomanos no século XIV, tomando os
Bálcãs e a Ásia Menor, o Império Bizantino acabou reduzido à cidade de Constantinopla.
A queda em 1453, foi um fato histórico que marcou o fim da Idade Média na Europa. A conquista
da capital bizantina pelo Império Otomano sob o comando do sultão Maomé II, marcou o fim do Império
Romano no Ocidente.

Curiosidades
 Naquele tempo a maioria casava-se no mês de junho (início do verão, para eles), porque, como tomavam o
primeiro banho do ano em maio, em junho o cheiro ainda estava mais ou menos. Entretanto, como já
começavam a exalar alguns "odores", as noivas tinham o costume de carregar buquês de flores junto ao corpo,
para disfarçar. Daí termos em maio o "Mês das Noivas" e a origem do buquê explicadas.

 A Igreja Católica limitava o acesso do estudo da medicina aos medievais. Por isso, muitos barbeiros eram
encarregados de fazer cirurgias e extração de dentes sem anestesia e higiene. Os 'cirurgiões' tinham que improvisar
para amenizar a dor dos pacientes, e lhes davam bebidas alcoólicas antes dos procedimentos. O pós-operatório
também não era nada tranquilo: até o século 16, as feridas eram tratadas com óleo quente.

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História – Módulo I

 Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do
primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as
mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez
deles, a água da tina já estava tão suja que era possível perder um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão
em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente "não jogue fora o bebê junto com a
água do banho", que hoje usamos para os mais apressadinhos.

 Em 1440, um acontecimento foi tão cruel quanto o Casamento Vermelho, de Game of Thrones. Supostos guardas do
rei James II, de dez anos, chamaram o jovem William Douglas para um jantar. Douglas, que tinha 16 anos, era líder
de um importante clã escocês e foi acompanhado do seu irmão mais novo ao evento. No final do banquete, os
guardiões colocaram uma cabeça de touro negro na mesa. O artigo representava morte e massacre na Idade Média.
Percebendo o que estava por vir, o rei implorou para viver, mas ele e Douglas foram decapitados, no que ficou
conhecido como "Jantar Negro".

 Os telhados das casas não tinham forro e as madeiras que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais se
aquecerem; cães, gatos e outros animais de pequeno porte como ratos e besouros. Quando chovia, começavam as
goteiras e os animais pulavam para o chão. Assim, a nossa expressão "está chovendo canivetes" tem o seu
equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs".

 Utilizar roupa listrada na Idade Média era algo perigoso. Em 1310, um sapateiro da região francesa de Rouen foi
executado porque um dia se atreveu a utilizar roupas com listras. Utilizar tais peças legalmente não só não era proibido,
como simplesmente era permitido apenas para os "indecentes" da época.

A FORMAÇÃO DOS ESTADOS MODERNOS

A Formação das Monarquias Nacionais ocorreu durante o período da Baixa Idade Média, entre os
séculos XII e XV, nos países da Europa Ocidental. Os principais exemplos de monarquias nacionais são
a portuguesa, espanhola, francesa e inglesa.
O processo ocorreu de maneira similar nos países europeus, mas em tempos distintos. Em Portugal
teve início no século XII, com a Dinastia de Borgonha (ou Afonsina), sendo mais tarde consolidada pela
Dinastia de Avis. Por sua parte, na Espanha, França e Inglaterra, a formação dos Estados Nacionais teve
início no século XV.
Na Espanha ocorreu a partir da união dos reinos de Aragão e Castela e seu apogeu aconteceu durante
o reinado dos Habsburgo. Ambos os países, Portugal e Espanha, começaram o processo de formação dos
estados nacionais após a expulsão dos mouros (muçulmanos).
Na França, considerada o modelo do absolutismo europeu, esse processo se deu ao longo do reinado
das Dinastias Capetíngia e Valois. No entanto, será a Dinastia Bourbon que consolidará os monarcas
absolutistas da França.
Por fim, na Inglaterra, através das Dinastias Plantageneta e Tudor.
As monarquias nacionais podem ser chamadas de Estado Absolutista, Monarquias Absolutistas ou
ainda Estado Moderno.

A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO

Por volta do séc. XII, com a desintegração do feudalismo, começa a surgir um novo sistema
econômico, social e político: o Capitalismo. A característica essencial do novo sistema é o fato de nele, o
trabalho ser assalariado e não mais servil como no feudalismo. Outros elementos típicos do capitalismo:
Economia de mercado, trocas monetárias, grandes empresas e preocupação com o lucro. O capitalismo
nasce da crise do sistema feudal e cresce com o desenvolvimento comercial, depois das Primeiras
Cruzadas. Foi formando-se aos poucos durante o período final da idade média, para finalmente dominar
toda a Europa ocidental a partir do séc. XVI.

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História – Módulo I

Capítulo 4: O RENASCIMENTO
O Renascimento foi um movimento cultural, econômico e político, surgido na Itália no século XIV
e se estendeu até o século XVII por toda a Europa. Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica e gerado
pelas modificações econômicas, o Renascimento reformulou a vida medieval, e deu início à Idade
Moderna.

Origem do Renascimento
O termo Renascimento foi criado no séc. XVI para descrever o movimento artístico que surgiu um
século antes. Posteriormente acabou designando as mudanças econômicas e políticas do período também
e é muito contestado hoje em dia.
Afinal, as cidades nunca desapareceram totalmente e os povos não deixaram de comercializar entre
si, nem de usar moeda. Houve, sim, uma diminuição dessas atividades durante a Idade Média.
Observamos, porém, que na Península Itálica várias cidades como Veneza, Gênova, Florença,
Roma, dentre outras, se beneficiaram do comércio com o Oriente.
Estas regiões se enriqueceram com o desenvolvimento do comércio no Mar Mediterrâneo dando
origem a uma rica burguesia mercantil. A fim de se afirmarem socialmente, estes comerciantes
patrocinavam artistas e escritores, que inauguraram uma nova forma de fazer arte. A Igreja e nobreza
também foram mecenas de artistas como Michelangelo, Domenico Ghirlandaio, Pietro della Francesa,
entre muitos outros.

Cultura renascentista

Destacamos cinco características marcantes da cultura renascentista:


 Racionalismo - a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que tudo
podia ser explicado pela razão e pela ciência.
 Cientificismo - para eles, todo conhecimento deveria ser demonstrado através da
experiência científica.
 Individualismo – o ser humano buscava afirmar a sua própria personalidade, mostrar seus
talentos, atingir a fama e satisfazer suas ambições, através da concepção de que o direito
individual estava acima do direito coletivo.
 Antropocentrismo - colocando o homem como a suprema criação de Deus e como centro
do universo.
 Classicismo – os artistas buscam sua inspiração na Antiguidade Clássica greco-romana
para fazer suas obras.

O Humanismo renascentista

O humanismo foi um movimento de glorificação do homem e da natureza humana, que surgiu na


nas cidades da Península Itálica em meados do século XIV. O homem, a obra mais perfeita do Criador,
era capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza. Por isso, os humanistas buscavam
interpretar o cristianismo, utilizando escritos de autores da Antiguidade, como Platão.
A religião não perdeu importância, mas foi questionada e daí surgiram novas correntes cristãs
como o protestantismo. O estudo dos textos antigos, igualmente, despertou o gosto pela pesquisa
histórica e pelo conhecimento das línguas clássicas como o latim e o grego.
Desta forma, o humanismo se tornou referência para muitos pensadores nos séculos seguintes,
como os filósofos iluministas do século XVII.

Renascimento literário

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História – Módulo I

O Renascimento deu origem a grandes gênios da literatura, entre eles:

 Dante Alighieri: escritor italiano autor do grande poema "Divina Comédia".


 Maquiavel: autor de "O Príncipe", obra precursora da ciência política onde o autor dá
conselhos aos governadores da época.
 Shakespeare: considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Abordou em
sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais, políticas.
Escreveu comédias e tragédias, como "Romeu e Julieta", "Macbeth", "A Megera Domada",
"Otelo" e várias outras.
 Miguel de Cervantes: autor espanhol da obra "Dom Quixote", uma crítica contundente da
cavalaria medieval.
 Luís de Camões: teve destaque na literatura renascentista em Portugal, sendo autor do
grande poema épico "Os Lusíadas". Renascimento artístico

Os principais artistas do renascimento foram:

 Leonardo da Vinci: Matemático, físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor,


ele foi o esteriótipo do homem renascentista que domina várias ciências. Por isso, é
considerado um gênio absoluto. A Mona Lisa e A Última Ceia são suas obras primas.

 Rafael Sanzio: foi um mestre da pintura e famoso por saber transmitir sentimentos
delicados através de suas imagens de Nossa Senhora. Uma de suas obras mais perfeitas é
a Madona do Prado.

 Michelangelo: artista italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor foi um
dos maiores escultores do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, A
Criação de Adão e O Juízo Final. Também foi o responsável por pintar o teto da Capela
Sistina.

A Mona Lisa de da Vinci.


Pietá
Madona do Prado

Renascimento científico
O Renascimento foi marcado por importantes descobertas científicas, notadamente nos campos da
astronomia, da física, da medicina, da matemática e da geografia.
O polonês Nicolau Copérnico, que negou a teoria geocêntrica defendida pela Igreja, ao afirmar
que "a Terra não é o centro do universo, mas simplesmente um planeta que gira em torno do Sol".
Galileu Galilei descobriu os anéis de Saturno, as manchas solares, os satélites de Júpiter.
Perseguido e ameaçado pela Igreja, Galileu foi obrigado a negar publicamente suas ideias e descobertas.

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História – Módulo I

Na medicina os conhecimentos avançaram com trabalhos e experiências sobre circulação


sanguínea, métodos de cauterização e princípios gerais de anatomia.

Renascimento comercial

Todas essas inovações só foram possíveis graças ao crescimento comercial que houve na Idade
Média. Quando as colheitas eram boas e sobravam alimentos estes eram vendidos em feiras itinerantes.
Com o incremento comercial, os vendedores passaram a se fixar em determinados locais que ficou
conhecido como burgo. Assim, quem morava no burgo foi chamado de burguês.
Nas feiras era mais fácil usar moedas do que o sistema de trocas. No entanto, como cada feudo
tinha sua própria moeda ficava difícil saber qual seria o valor correto. Dessa forma, surgiram pessoas
especializadas na troca de moeda (câmbio), outras em fazer empréstimos e garantir pagamentos e que é
a origem dos bancos.
O dinheiro, então, passou a ser mais valorizado do que a terra e isso inaugurou uma nova forma
de pensar e se relacionar em sociedade onde tudo seria medido pela quantidade de dinheiro que custava.

A decadência do Renascimento

A decadência do Renascimento italiano pode ser explicada por diversos fatores. As lutas políticas
internas entre as diversas cidades-estados e a intervenção das potências políticas da época (França,
Espanha e Sacro Império Germânico), consumiram as riquezas da Itália. Ao mesmo tempo, o comércio
das cidades italianas entrou em franca decadência depois que a Espanha e Portugal passaram a liderar,
através da rota do Atlântico, o comércio com o Oriente. Também contribuiu a Contra Reforma, que
perseguiu violentamente todos aqueles que se opunham aos dogmas da Igreja Católica, chegando a
executar alguns pensadores através da Santa Inquisição.

Capítulo 5: A REFORMA PROTESTANTE


A Reforma Protestante foi a grande transformação religiosa da época moderna, pois rompeu a
unidade do Cristianismo no Ocidente. No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixou na porta da
igreja do Castelo as 95 teses que criticavam certas práticas da Igreja Católica. Este fato é considerado
estopim da reforma que mudaria para sempre o cristianismo.
Atualmente, luteranos de todo mundo comemoram neste dia o "Dia da Reforma Protestante".

Origem da Reforma Protestante

O processo de centralização monárquica que dominava a Europa desde o final da Idade Média,
tornou tensa a relação entre reis e Igreja.
A Igreja - possuidora de grandes extensões de terra - recebia tributos feudais controlados em Roma
pelo Papa. Com o fortalecimento do Estado Nacional Absolutista, essa prática passou a ser questionada
pelos monarcas que desejavam reter estes impostos no reino.
Parte dos camponeses também estava descontente com a Igreja, pois eles também lhe deveriam
pagar taxas, como o dízimo. Em toda Europa, mosteiros e bispados possuíam imensas propriedades e
viviam às custas dos trabalhadores da cidade e dos campos.
A Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes, entre elas a "usura" - a cobrança de juros por
empréstimos - considerada pecado; e defendia a comercialização a "justo preço", sem lucro abusivo. Esta
doutrina estava em contra as novas práticas mercantilistas do fim da Idade Média e freava o investimento
da burguesia mercantil e manufatureira.
No entanto, a desmoralização do clero, que apesar de condenar a usura e desconfiar do lucro, veio
com a prática do comércio de bens eclesiásticos.

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História – Módulo I

O clero fazia uso da sua autoridade para obter privilégios e a venda de cargos da Igreja, uma prática
chamada de "simonia". Igualmente, muitos sacerdotes tinham esposas, apesar do celibato obrigatório,
numa heresia conhecida como "nicolaísmo". O maior escândalo foi a venda indiscriminada de
indulgências, isto é, a remissão dos pecados em troca de pagamento em dinheiro a religiosos.

A Reforma de Lutero

A Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano alemão,
e professor da Universidade de Witenberg. Crítico, negava algumas práticas apregoadas pela Igreja. Em
1517, revoltado com a venda de indulgências realizada pelo dominicano João Tetzel, Lutero escreveu em
documento com 95 pontos criticando a Igreja e o próprio papa.
Estas 95 teses teriam sido pregadas na porta de uma igreja a fim de que seus alunos lessem e se
preparassem para um debate em classe. No entanto, alguns estudantes resolveram imprimi-las e lê-las para
a população, espalhando assim, as censuras à Igreja Católica.
Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando Lutero e exigindo sua retratação. Lutero
queimou a bula em público o que agravou a situação. Já em 1521, o imperador Carlos V convocou uma
assembleia, chamada "Dieta de Worms", na qual o monge foi considerado herege.
No entanto, Lutero foi acolhido por parte da nobreza alemã, que simpatizava com suas ideias e
refugiou-se no castelo de Wartburg. Ali, se dedicou à tradução da Bíblia do latim para o alemão, e a
desenvolver os princípios da nova religião.
Seguiram-se guerras religiosas que só foram concluídas em 1555, pela "Paz de Augsburgo". Este
acordo determinava o princípio de que cada governante dentro do Sacro Império poderia escolher sua
religião e a de seus súditos.

Calvinismo e Reforma Protestante

A revolta e os ideais de Lutero se espalharam pelo continente europeu. Em cada região, o


Luteranismo assumiu características diferentes, pois muitos religiosos passaram a estudar os escritos de
Lutero e propor a renovação da Igreja.
Por outro lado, na França e na Holanda, os princípios de Lutero foram ampliados por João Calvino
(1509-1564). Pertencente à burguesia e influenciado pelo Humanismo e pelas teses luteranas, Calvino
converteu-se em ardente defensor das novas ideias.
Escreveu a "Instituição da religião cristã", que veio a ser o catecismo dos calvinistas. Perseguido,
refugiou-se em Genebra, na Suíça, onde a Reforma havia sido adotada. Dinamizou o movimento
reformista através de novos princípios, completando e ampliando a doutrina luterana. Determinou que não
houvesse nenhuma imagem nas igrejas, nem sacerdotes paramentados. A Bíblia era a base da religião,
não sendo necessária sequer a existência de um clero regular.
Para Calvino, a salvação não dependia dos fiéis e sim de Deus, que escolhe as pessoas que deverão
ser salvas (doutrina da predestinação).
O Calvinismo expandiu-se rapidamente por toda a Europa, mais do que o luteranismo. Atingiu os
Países Baixos e a Dinamarca, além da Escócia, cujos seguidores foram chamados de presbiterianos; na
França, huguenotes; e na Inglaterra, puritanos.

Contrarreforma ou Reforma Católica

Por muito tempo se ensinou que a Contrarreforma foi o movimento que surgiu na Europa em
consequência da expansão do protestantismo. Atualmente, contudo, os historiadores preferem o termo
Reforma Católica. Afinal, vários teólogos católicos como Thomas Morus e Erasmo de Roterdã já haviam
escrito sobre a necessidade de mudar certos aspectos da Igreja, muito antes do próprio Lutero.
Desta maneira, a Igreja Católica acelera a tomada de uma série de providências para conter as ideias
protestantes. Uma delas foi apoiar a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, em 1534. Seus
membros, conhecidos como jesuítas tinham total confiança do papa e buscavam combater o
protestantismo por meio do ensino e expansão da fé católica.

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História – Módulo I

Concílio de Trento
Em 1545 e 1563, realizou-se o Concílio de Trento, com representantes da Igreja Católica de toda a
Europa. Igualmente estavam presentes membros da igreja luterana e da ortodoxa.
Vejamos as principais decisões:
 O clero regular, deveria estudar nos Seminários, caso quisessem tornar-se padres.
 Os párocos foram obrigados a morar em suas paróquias e dar atenção especial à pregação doutrinal.
 Proibiu-se a venda de cargos religiosos
 Foi criado o “Index”, lista de livros proibidos pela Igreja, incluindo livros científicos de Galileu,
Giordano Bruno, entre outros.

Houve a criação da Companhia de Jesus, em 1534, por Inácio de Loyola. Tinha por objetivo divulgar
o evangelho. Através dos jesuítas os ensinamentos católicos foram levados para a América e África,
fortalecendo a igreja Católica. Os jesuítas também foram responsáveis pela catequização dos índios nas
colônias da Espanha e de Portugal na América.
O Antigo Tribunal da Santa Inquisição, instaurado pelo Papa Gregório IX em 1231, teve seu poder
restaurado especialmente nos países ibéricos. Na Espanha, a Inquisição, retomada pelos reis católicos,
atuou contra os núcleos protestantes, contra os convertidos que conservavam práticas judaicas e nos casos
de bruxarias e feitiçarias. Através desse tribunal, muitos considerados hereges e aqueles que pertenciam
ao protestantismo foram punidos. A Santa Inquisição investigava qualquer um considerado suspeito de
não seguir os ensinamentos católicos. Tudo isto vai provocar notáveis mudanças na vida e hábitos da
Igreja, que por sua vez vão provocar mudanças políticas e sociais.

ABSOLUTISMO

Sistema político e administrativo que prevaleceu nos países da Europa, na época do Antigo Regime
(séculos XVI ao XVIII). Nesta época, o rei concentrava praticamente todos os poderes. Criava leis sem
autorização ou aprovação política da sociedade. Criava impostos, taxas e obrigações de acordo com seus
interesses econômicos. Agia em assuntos religiosos, chegando, até mesmo, a controlar o clero em algumas
regiões. Todos os luxos e gastos da corte eram mantidos pelos impostos e taxas pagos, principalmente,
pela população mais pobre. Esta tinha pouco poder político para exigir ou negociar. Os reis usavam a
força e a violência de seus exércitos para reprimir, prender ou até mesmo matar qualquer pessoa que fosse
contrária aos interesses ou leis definidas pelos monarcas. Exemplos de alguns reis deste período:
 Henrique VIII - Dinastia Tudor: governou a Inglaterra no século XVII
 Elizabeth I - Dinastia Stuart - rainha da Inglaterra no século XVII
 Luís XIV - Dinastia dos Burbons - conhecido como Rei Sol - governou a França entre 1643
e 1715.
 Fernando e Isabel - governaram a Espanha no século XVI.

MERCANTILISMO

Política econômica adotada pelos governantes absolutistas com o objetivo de tornar o estado mais
rico e poderoso. Essa política desenvolveu-se na Inglaterra. O objetivo principal destes governos era
alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto
maior a quantidade de riquezas de um rei, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional.
Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista:
 Metalismo: O Metalismo ou Bulionismo é uma das principais características do sistema
mercantilista ao lado do protecionismo. Dessa maneira, a riqueza de uma nação, segundo o
conceito do metalismo, é medida através do acúmulo de metais preciosos (ouro e prata)
 Industrialização: é um tipo de processo histórico e social através do qual a indústria se torna o
setor dominante de uma economia, mediante a substituição de instrumentos, técnicas e processos
de produção, resultando em aumento da produtividade dos fatores e a geração de riqueza.

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História – Módulo I

 Protecionismo Alfandegário: O principal recurso que o governo de um país utiliza para proteger
as indústrias nacionais da concorrência externa é o Protecionismo Alfandegário. De maneira
geral, protecionismo é um mecanismo do qual um governo se utiliza e que tem como objetivo
favorecer as atividades econômicas internas.
 Pacto Colonial: O Pacto Colonial, ou Exclusivo Comercial Metropolitano, era um sistema de
leis e normas que as metrópoles impunham às suas colônias durante o período colonial,ou seja:
as metrópoles eram os países que se beneficiavam dos produtos e da atividade econômica de seus
territórios coloniais.
 Balança Comercial Favorável: É o nome dado ao conjunto das trocas internacionais de
exportação e importação. Balança comercial é um termo econômico que representa as
importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que a balança comercial de um
determinado país está favorável quando ele exporta mais do que importa.

Capítulo 6: AS GRANDES NAVEGAÇÕES


Chamam-se Grandes Navegações as expedições marítimas realizadas por europeus entre os séculos
XV e XVI. Os pioneiros na expansão marítima europeia foram os portugueses e os espanhóis, seguidos
pelos ingleses, franceses e holandeses.
Diversos fatores possibilitaram a Grandes Navegações como o aprimoramento das técnicas de
navegação, a necessidade de metais preciosos e de se descobrir um novo caminho marítimo para as Índias.
Por fim, não podemos esquecer os motivos religiosos, algo importantíssimo naquela época. Deste
modo, os europeus também queriam expandir a fé cristã às novas terras.

Resumo da história das grandes navegações

Com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, o comércio entre a Ásia e a Europa sofreu
um abalo. Os produtos que ali chegavam aumentaram de preço devido aos impostos que os turcos
passaram a cobrar dos europeus.
Por isso, comerciantes de Veneza e Gênova, que monopolizavam o comércio marítimo, buscaram
alternativas para chegar às Índias. Isto vinha de encontro ao projeto de expansão marítima de Portugal e
do Reino de Castela. Desta forma, os interesses de distintos grupos convergiram para patrocinar as
navegações pelo oceano Atlântico.
A aliança entre o rei e a burguesia também contribuiu de maneira decisiva para a expansão comercial
e marítima. Nesta época, os monarcas queriam centralizar o poder, num movimento histórico conhecido
como absolutismo. O rei possuía prestígio, mas pouco poder e dinheiro. A burguesia tinha dinheiro, mas
não poder, nem prestígio. Desta forma, rei e burguesia apoiaram e financiaram expedições para a África,
Ásia e a América, e assim alcançar seus objetivos.
Portugal foi o pioneiro na realização de grandes viagens marítimas. Voltado para o Atlântico e sem
possibilidade de expandir-se dentro da Península Ibérica, os portugueses preferiram aventurar-se no
Oceano.
No início do século XV, Portugal tornou-se o centro de estudos de navegação, através do estímulo
do infante D. Henrique, o Navegador. Este príncipe reunia em sua residência, em Sagres, Algarve,
navegadores, cosmógrafos, cartógrafos, mercadores e aventureiros a fim de ensinarem e aprenderem os
segredos dos mares. Além disso, D. Henrique patrocinou inúmeras viagens que possibilitaram a
exploração da costa da África.

As grandes navegações portuguesas

O pioneirismo português começa em 1415 com a conquista de Ceuta, uma cidade que era um
importante entreposto comercial.

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História – Módulo I

Cronologia das navegações portuguesas:  1500 - em 10 de agosto, Diogo Dias encontra a ilha de
 1415 – chegada à Ceuta, no norte da África. Madagascar.
 1419 – ocupação da Ilha da Madeira.  1505 - os portugueses assinam um tratado com os
 1431 - Gonçalo Velho chega aos Açores governantes do Ceilão (Sri Lanka).
 1434 – o Cabo do Bojador é superado pelos navegadores  1507 - a ilha de Ormuz (atual Irã) é atacada por Alfonso
 1444 – descoberto o arquipélago de Cabo Verde. de Albuquerque
 1471 - ocupadas as ilhas de são Tomé e Príncipe  1510 - tomada de Goa por Alfonso de Albuquerque.
 1482 - o navegador Diogo Cão entra no rio Congo e  1511 - Francisco Serrão aporta em Malaca (Malásia).
estabelece contatos no território de Angola  1512 - chegada dos portugueses a Timor.
 1488 – Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança.  1543 - estabelecida as relações comerciais entre
 1498 – Vasco da Gama atinge Calicute, na costa oeste da portugueses e japoneses.
Índia.  1557 - as autoridades chinesas permitem os portugueses
 1500 – Pedro Álvares Cabral oficializa a existência de a ficarem em Macau.
terras no sul da América e segue rumo à Ásia, objetivo final
da esquadra.

Razões para o pioneirismo português:


 Experiência na atividade comercial.
 Pobreza do solo.
 Privilegiada posição geográfica.
 Poder Centralizado.
 Experiência em navegação (pesca do bacalhau).
 Investimentos de capital vindos da burguesia e da nobreza.
 Criação de um Centro de Estudos: A Escola de Sagres.

As grandes navegações espanholas

O segundo país europeu a se aventurar nas Grandes Navegações foi a Espanha, quase oitenta anos
depois de Portugal. As expedições contaram com o apoio, principalmente, de Isabel de Castela.
O navegante Cristóvão Colombo pensava ser possível atingir as Índias por outro caminho a oeste.
Para isso, as caravelas deveriam abandonar a rota segura que margeava a costa africana e seguir pelo
oceano aberto.
Colombo pediu ajuda aos reis portugueses, mas foi rechaçado. Partiu para o reino de Castela, onde
sua ideia foi considerada louca por alguns e, por outros, fantástica. Conseguiu convencer especialmente a
rainha de Castela, Isabel I, interessada em expandir seus territórios por mais distantes que fossem.
Em sua primeira viagem, Cristóvão Colombo desembarcou nas Bahamas, acreditando ter alcançado
as Índias. Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o navegador Américo Vespúcio confirmou tratar-

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História – Módulo I

se de um novo continente. Mesmo assim, até a morte, Colombo sustentava que ele havia atingido o
subcontinente indiano.

A seguir, as principais datas das navegações espanholas:


 1492 – Cristóvão Colombo descobre a América. Magalhães morreria durante a travessia e somente
 1499 – Alonso Ojeda chega à Venezuela. Nesta Elcano completaria o feito.
expedição está o cartógrafo Américo Vespúcio que  1519 – Fernão Cortez chega ao México.
explica que àquelas terras são um novo continente.  1521 - Fernão de Magallães toma posse das
 1500 – Vicente Pinzón navega Amazonas. Filipinas.
 1511 – Diogo Velasquez atinge Cuba.  1531 – Francisco Pizarro conquista o Peru.
 1512 – Ponce de León chega à Flórida.  1537 – João Ayolas chega ao Paraguai.
 1513 – Vasco Nunez alcança o Oceano Pacífico.  1540 - Pedro de Valdívia descobre o Chile.
 1516 - Juan Díaz de Solís explora o Rio da Prata.  1541 – Francisco Orellana explora o rio
 1519 – Fernão de Magalhães e Sebastián Elcano Amazonas.
partem para a primeira viagem de circum-navegação.

Grandes navegações europeias

Devido ao sucesso das expedições portuguesas e castelhanas, outros países tentaram conquistar
novos territórios como Inglaterra, França e Holanda.
Navegações inglesas
Depois de algumas expedições de reconhecimento geográfico ao longo do litoral norte-americano,
os ingleses só começaram a colonizar a América do Norte no final do século XVI.
Igualmente, durante o reinado da rainha Isabel I, os navegantes ingleses eram estimulados a assaltar
os galeões espanhóis que voltavam cheio de metais para a Espanha.
Navegações francesas
Por sua parte, os franceses, jamais aceitaram a divisão da América, pelo Tratado de Tordesilhas,
entre Espanha e Portugal. Por isso, disputaram territórios dominados pelos espanhóis. As investidas pelo
Caribe e pelas costas norte-americanas resultaram na posse do Haiti, da Guiana Francesa, do Canadá e da
Louisiana.
No século XVI, um grupo de franceses tentaram se estabelecer no Rio de Janeiro, no episódio
conhecido como França Antártica. Trouxeram, inclusive, alguns grupos de protestantes que eram
perseguidos na França.
Navegações holandesas

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História – Módulo I

Os holandeses chegaram à América no século XVII, e fundaram Nova Amsterdã (atual Nova York),
porém seriam expulsos pelos ingleses. Neste mesmo século, invadiram e ocuparam Pernambuco e Bahia,
conquistaram o atual Suriname e Curaçao.
No Brasil, seriam rechaçados pelas tropas hispano-portuguesas, mas conseguiriam se estabelecer no
Caribe, constituindo as Antilhas Holandesas.
Na Ásia, os holandeses entraram em guerra com os portugueses para ocupar vários territórios que
estes possuíam, como Malaca e o Timor.

Consequências das Grandes Navegações

A expansão marítima europeia deixou marcas em todos os continentes.


A Europa percebeu que havia mais povos, línguas e costumes, do que os conhecidos até então. Na
maioria das vezes, o encontro de culturas foi repleto de violência.
Nas Américas, a vida dos indígenas nunca mais seria a mesma. Os colonizadores trouxeram consigo
uma nova forma de organização econômica, política e social. Desta mistura, sempre desigual, nasceu as
sociedades híbridas da América Latina.
A África foi o palco da deportação de milhares de pessoas que foram reduzidas à escravidão. Nas
Américas, os negros escravizados aprenderam a se reinventar e misturaram suas crenças e costumes com
os alimentos nativos e aqueles oferecidos pelo colonizador.
Os reinos asiáticos permitiram que os europeus se estabelecessem em seu território de maneira
restrita. A circulação de europeus só era permitida nos portos e mesmo assim, constantemente vigiados.
Isto não impediu que os produtos asiáticos chegassem à Europa e modificassem as modas e a arte daquele
momento.
Desta maneira, as consequências das grandes navegações são sentidas até hoje, pois foi este
movimento que permitiu a difusão da sociedade europeia nos quatro continentes.

Capítulo 7: A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA


ESPANHOLA
América Espanhola ou América Hispânica são as denominações dadas aos países da América Latina
que foram colônias do império espanhol. Atualmente, esses países estão distribuídos na América do Sul,
Central e América do Norte.
Para melhor entender todo o processo colonial que se estabeleceu na América, faz-se necessário que
tenhamos em mente os seguintes conceitos:
 Metrópole: país colonizador do qual partem todas as decisões políticas e econômicas.
 Colônia de Exploração: é a região dominada pela Metrópole e que lhe fornecia toda uma
sustentação econômica.
 Colônia de Povoamento: é o tipo de colonização onde ocorre o povoamento e o
desenvolvimento da terra.
 Pacto Colonial: imposição feita pela Metrópole à Colônia que deveria fornecer seus
produtos somente para a Metrópole.
 América Latina: denominação dada a uma parte do Continente Americano que sofreu o
processo de exploração pelos colonizadores. Corresponde ao México, América Central e
América do Sul, colonizados principalmente por espanhóis e portugueses.
 América Anglo-Saxônica: denominação dada a uma parte do Continente América no que
sofreu o processo de povoamento e desenvolvimento da terra por partes dos colonizadores.
Corresponde aos Estados Unidos e Canadá, colonizados principalmente por ingleses.

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História – Módulo I

Colônia

O processo de colonização das Américas se inicia em 1492, com a chegada da esquadra do


navegador italiano Cristóvão Colombo. Em busca de uma rota alternativa para as Índias, Colombo
desembarca no Caribe.
Os limites territoriais que dariam origem à América espanhola começaram a ser traçados dois anos
após descoberta, em 1494, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Este acordo previa a divisão de
todos os novos territórios descobertos e por descobrir entre os reinos de Portugal e Espanha.
Após a conquista, o próprio Colombo foi nomeado governador dos novos territórios, porém por má
gestão, terminou por ser destituído em 1500.
Em 1517, exploradores espanhóis terminavam uma guerra contra os muçulmanos na Península
Ibérica e voltam-se com afinco para ocupar territórios descobertos na América.
No chamado “Novo Mundo”, os colonos espanhóis encontraram metais preciosos e esses passaram
a ser a base econômica das colônias. Obedecendo ao pacto colonial, toda a riqueza retirada da colônia era
enviada para a metrópole.

Escravidão Indígena e Africana

O espírito evangelizador da religião católica também levava os exploradores a querer conseguir


novas almas para a Igreja. Os indígenas eram catequizados e grande parte abandonou seus costumes e
outra parte, mesclou suas religiões com o cristianismo.
Em teoria, era proibido escravizar os indígenas. No entanto, na prática, os nativos eram capturados
de suas comunidades e distribuídos entre os colonizadores para trabalhar nas minas. Esta prática existia
entre os povos andinos e dava-se o nome de mita.
Os colonizadores levaram doenças desconhecidas para os indígenas como a varíola, tifo, sarampo e
gripes que faziam grande número de mortos. Os espanhóis apresentavam infinita vantagem bélica na
comparação com os povos nativos e souberam fazer alianças que jogaram as tribos indígenas umas contra
as outras. Além de espadas mais robustas e da pólvora, levaram cavalos para o novo continente e passaram
a deter intensa vantagem no campo de batalha.
Desta maneira, os indígenas sucumbiram aos colonizadores. Impérios inteiros foram destruídos,
como os Maias, Astecas e Incas.

A escravidão africana na América Espanhola não ocorreu de forma homogênica. No Caribe,


populações inteiras foram dizimadas e substituídas pelos negros africanos.
Entretanto, na América Andina, se registra o uso dos indígenas e dos negros africanos, de acordo
com tarefa que deveriam desempenhar e o local onde deveriam trabalhar. A sociedade colonial foi
moldada através da violência e da mestiçagem. Como eram poucas as mulheres nascidas na Espanha
morando nas colônias, os homens uniram-se com indígenas. Alguns casamentos entre a nobreza indígena
e oficiais foram realizados com o intuito de fortalecer alianças locais.
Por este motivo, houve a mistura do europeu ao índio e, posteriormente, ao negro. Essa última em
menor proporção do que houve no Brasil.

Sociedade na América Espanhola

A sociedade da América Espanhola estava dividida basicamente em:


Chapetones
Assim eram chamados os espanhóis recém-chegados nas colônias hispânicas. Ocupavam os altos
cargos como Vice-Rei, Capitães Gerais, Governadores, Alcades ou Intendentes (prefeitos), bispos e
arcebispos, superiores de várias ordens religiosas. No entanto, suas prerrogativas não eram hereditárias,
pois se tivessem filhos nascidos fora da metrópole, estes seriam considerados criollos e não gozavam da
mesma posição social que os progenitores.
Criollos

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História – Módulo I

Eram os filhos de espanhóis nascidos na América. Não podiam ocupar os altos cargos, mas
participavam do Cabildo e tinham uma posição social acomodada. Os criollos exerciam várias atividades
e eram profissionais como advogados, comerciantes, mas também encomenderos, exploradores de minas,
fazendeiros, etc.
Ao contrário do significado em língua portuguesa, a palavra criollo, em espanhol, não representa
uma pessoa de cor negra. Indica aqueles brancos que nasceram na América e não no Reino da Espanha.
Negros
Os africanos escravizados eram trazidos por traficantes ingleses e portugueses que contavam com
a participação de investidores espanhóis. As pessoas escravizadas foram utilizadas como mão de obra para
substituir a população indígena dizimada no Caribe e forçados a trabalhar nas plantações de cana-de-
açúcar, tabaco, cacau, algodão, dentre outros cultivos.
A escravidão negra não foi homogênea nos domínios espanhóis na América. Foi intensamente
empregada na região caribenha, mas com menos força no Vice-Reino do Peru, por exemplo.
Índios
A colonização espanhola supôs o desaparecimento da antiga forma de vida dos povos nativos. A
economia foi reorientada para o mercado externo e os indígenas trabalharam especialmente nas minas de
prata, ouro e mercúrio, mas também eram empregados no serviço doméstico e na agricultura.
Com o passar do tempo, o idioma original foi sendo substituído pelo castelhano e a religião passou
a ser o catolicismo. Igualmente, se desenvolve uma crença que mistura práticas pagãs com o cristianismo.
Mesmo com todas essas mudanças, alguns costumes se mantiveram e outros se mesclaram criando uma
nova forma de pensar e viver. Outros, infelizmente, foram perdidos para sempre.
Mestiços
Esta era uma sociedade em que a cor da pele determinava seu lugar na hierarquia social. Segundo
os costumes coloniais, a união entre um espanhol e uma indígena davam origem ao mestiço. Apesar disso,
os mestiços eram aceitos porque eram criados num ambiente culturalmente branco. Com o passar do
tempo, indígenas, brancos, negros foram se unindo e gerando filhos. Isso provocou o surgimento de
pessoas que não se encaixavam em nenhuma das categorias citadas acima.
Assim, passou a surgir uma série de palavras específicas para cada uma dessas uniões. Podemos
citar: mulato, torna-atrás, mourisco, lobo, zambaio, coiote, cambujo, chamizo, etc. Era um modo de
estabelecer novas categorias, mas ainda assim o status de cada mestiço era ambíguo e dependia de quão
branca fosse a cor da pele e seus costumes.

Economia na América Espanhola

Ao estabelecerem-se na América, os espanhóis se depararam com populações organizadas e regidas


por leis há muito consagradas. Deste modo, além de suas próprias regras, como a encomienda, os
colonizadores empregaram os costumes locais para aproveitar a mão de obra indígena, como a mita.

Encomienda
A encomienda era uma instituição em vigor nos reinos de Castela e foi adaptada nas Índias
(América). A encomienda permitia ao encomendero, um fidalgo espanhol, a cobrar tributos na forma de
trabalho ou de bens materiais à determinada população indígena. Em troca, o encomendero deveria
evangelizá-las, cuidá-las e defendê-las.
As encomiendas eram hereditárias, mas não perpétuas. Os abusos cometidos por muitos
encomenderos levou várias ordens religiosas a protestarem junto ao rei.
De fato, a Coroa espanhola tentou aboli-la cinquenta anos após sua instituição, gerando revolta em
vários pontos dos Vice-Reinos. Também a própria população indígena se rebelava contra este sistema,
como foi o caso da revolta liderada pela indígena Bartolina Sisa (1750-1783), na atual Bolívia.

Mita
No Vice-Reino do Peru, principalmente, os colonizadores aproveitam a mita, uma criação inca, a
fim de garantir o trabalho dos indígenas para seus propósitos. A mita consistia numa prestação de trabalho

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História – Módulo I

que a população masculina fazia ao Inca. Geralmente, tratava-se de ajudar na construção de templos e
caminhos. Em contrapartida, recebiam proteção e oferendas aos deuses.
Os espanhóis usaram esta mesma ideia em todo território do Vice-Reino do Peru. Desta maneira, as
tribos indígenas eram confinadas às reduções e aí recebiam o catecismo. A fim de pagar por esses custos,
deviam realizar a mita. Esta, geralmente, consistia no emprego de parte da população na exploração de
minas de prata durante um ano.
Embora o trabalho nas minas fosse regulado e deveria ser realizado apenas por três semanas, o
fato é que as duras condições de trabalho mataram muitos indígenas que foram empregados ali como
mão de obra.

Administração das colônias na América Espanhola

Para controlar o vasto território que conquistara, os espanhóis criaram, inicialmente, dois Vice-
Reinos, diretamente ligados à Coroa: o Vice-Reino da Nova Espanha e o Vice-Reino do Peru. Também
foram estabelecidas a Capitania Geral de Cuba, Capitania Geral de Porto Rico e a Capitania Geral de
Santo Domingo.

Importante ressaltar que estes territórios eram considerados como uma própria extensão do reino
espanhol, daí o nome de “vice-reino”.
Vice-Reinos: territórios de grande extensão e população, eram os mais rentáveis para a Coroa
espanhola. Estavam governados por um vice-rei. Eram eles: Vice-Reino da Nova-Espanha, Peru, Nova-
Granada e Prata.
Capitanias Gerais: foram estabelecidas em zonas de maior conflito com a população indígena ou
que eram alvo de ataques de piratas. Foram elas: Guatemala (que abarcava os atuais países de
Guatemala, Honduras, El Salvador e Costa Rica), Cuba, Venezuela, Chile, Santo Domingo e Porto Rico.

A metrópole possuía as seguintes instituições para administrar a colônia:

 Casa de Contratação: Responsável por registrar todas as pessoas que se dirigiam e se


estabeleciam nas Índias (América). Igualmente, anotavam as mercadorias, provinham os
pilotos de mapas de navegação e ainda exerciam a justiça. Inicialmente, tinha sua sede em
Sevilha e, mais tarde, em Cádiz.
 Conselho das Índias: Auxiliava o rei a tomar decisões relativas aos seus domínios na
América em termos de justiça, economia e até durante a guerra.

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História – Módulo I

 Real Audiência: Eram os tribunais de justiça estabelecidos nos Vice-Reinos e que julgavam
os crimes cometidos por seus habitantes.
 Vice-Reinos e Capitanias Gerais: Com as reformas iluministas empreendidas pelo rei
Carlos III (1716-1788), no século XVIII, os vice-reinos foram desmembrados em quatro e
foram criadas mais Capitanias Gerais.

O objetivo era encontrar uma forma de melhorar a administração colonial.

Cargos Políticos nas Colônias Espanholas

As colônias eram administradas por funcionários nomeados pelo próprio rei.


 Vice-Rei: era o cargo mais alto dentro desta estrutura e ocupado por um nobre ou fidalgo
diretamente indicado pelo Rei. Possuía autoridade máxima e dele dependiam algumas
Capitanias Gerais.
 Capitão-Geral: título utilizado por quem estava à frente das Capitanias Gerais.
 Governadores: auxiliavam o vice-rei ou o capitão-geral a administrar o território.
 Cabildo: eram uma espécie de conselho formados pelos proprietários e homens de destaque
da sociedade, inclusive o clero, e se reuniam num edifício de mesmo nome.

No final do século XVIII, com a disseminação do ideário iluminista e a crise da Coroa Espanhola
(devido às invasões napoleônicas) houve o processo de independência que daria fim ao pacto colonial,
mas não resolveria o problema das populações economicamente subordinadas do continente americano.

Capítulo 8: A COLONIZAÇÃO DA AMERICA INGLESA

O processo de colonização inglesa nas Américas começou tardiamente, em comparação com os


espanhóis e portugueses. A exploração colonial iniciou-se por pequenos povoados que formaram,
posteriormente, as 13 colônias na costa leste da região hoje ocupada pelos Estados Unidos.
Antes de se lançar ao mar, no século XVI, a Inglaterra enfrentou a Guerra dos Cem Anos e Guerra
das Duas Rosas. As primeiras incursões marítimas seguiram a linha dos espanhóis e franceses, que
buscavam um caminho para a Índia através da América do Norte.
No reinado de Elizabeth I (1558-1603), piratas espanhóis foram parceiros dos ingleses nas
navegações. O mais famoso deles, Francis Drake, foi condecorado pela rainha. As navegações inglesas
tornaram-se um lucrativo negócio quando a Grã-Bretanha dominou o comércio de escravos africanos para
o Continente Americano.

O início da colonização

No século XVI, a Inglaterra estava dominada pela criação de ovinos destinados à produção de lã.
Voltadas cada vez mais para esse negócio, a produção de alimentos nas fazendas caiu. Em consequência,
houve escassez de alimentos e queda da oferta de trabalho no campo.
A alternativa era buscar mais terras. E, diferente do que ocorreu com as colônias latinas, a ocupação
da América do Norte ocorreu a partir de empreendimentos. Os novos territórios também recebiam o
excedente populacional e atraíam quem reclamava maior liberdade religiosa que a oferecida na Inglaterra.
Duas empresas privadas iniciaram o processo de colonização da América no Norte a partir de 1606.
Após concessão da Coroa inglesa, a Companhia de Londres monopolizou a região ao norte. Coube à
Companhia de Plymouth os territórios do sul. As empresas tinham autonomia para a exploração do
território, mas estavam subordinadas ao Estado inglês.

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História – Módulo I

A concessão ocorreu 20 anos depois da chegada dos primeiros colonizadores. Um grupo de 91


homens, 17 mulheres e nove crianças desembarcou na ilha de Roanoke em 1587. Em 1590, não havia
vestígios do grupo, liderado por Walter Raleigh. Nunca foi determinado o destino dos colonizadores.
Temendo hostilidades dos indígenas locais, a Companhia de Londres enviou uma comitiva mais
robusta para a América. Embarcaram, em três navios, 144 homens com destino ao atual território da
Virgínia. O grupo desembarcou na Baía de Chesapeake no primeiro semestre de 1607 e iniciaram o
assentamento denominado Jamestown.
Após o insucesso na busca de ouro e outros produtos exploráveis, os colonos aprenderam a cultivar
tabaco. As fazendas de tabaco receberam reforço do trabalho escravo a partir de 1619. Jamestown é o
embrião para o nascimento de outras colônias no sul. Surgem, assim, Maryland (1632), Carolina do Norte
e Carolina do Sul (1633) e a Geórgia (1733). As colônias do sul foram marcadas pela tolerância religiosa.
Maryland, por exemplo, era uma colônia católica, liderada por Lord Baltimore.
Os empreendimentos coloniais do norte também foram marcados pelo domínio de religiosos. Os
primeiros grupos de colonos chamados de peregrinos chegaram à região de Plymouth em 1620. Os
colonos passaram a se estabelecer na região denominada Massachusetts, considerada mais liberal. Na
região, os colonos dominaram os nativos e, com eles, aprenderam a dominar a caça, a pesca e a agricultura.
Próspera, Massachusetts expandiu as colônias e gerou os territórios que ficaram conhecidos como Nova
Inglaterra. Os territórios compreendiam as colônias de
Connecticut, New Haven, Rhode Island e Nova Hampshire.
Diferente do sul, as colônias do norte eram caracterizadas pela
policultura voltada à subsistência e pelo trabalho livre.
Por último, surgiram as colônias do centro. Nova Iorque,
Delaware, Pensilvânia e Nova Jérsei eram marcadas pela
liberdade religiosa e o pensamento liberal. Nessa região, os
colonos criavam pequenos animais e mantinham estrutura
semelhante às colônias da Nova Inglaterra.
As colônias inglesas contavam com 250 mil habitantes,
entre colonos e negros escravizados em 1700. À véspera da
Independência dos Estados Unidos, em 1775, a região já
contava com 2,5 milhões de habitantes.
Apesar dos interesses políticos e religiosos diversos, os
colonos mantiveram a unidade para proclamar a independência
em 4 de julho de 1776. As 13 colônias inglesas da América do Norte

Capítulo 9: O SISTEMA COLONIAL NO BRASIL


O Brasil Colônia, na História do Brasil, é a época que compreende o período de 1530 a 1822. Este
período começou quando o governo português enviou ao Brasil a primeira expedição colonizadora
chefiada por Martim Afonso de Souza. Em 1532, ele fundou o primeiro núcleo de povoamento, a Vila de
São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo.

Período Pré-Colonial

Em 22 de abril de 1500, os portugueses conseguem descobrir do outro lado do oceano terras nunca
antes visitadas. Nesse momento, chegou ao território a esquadra de Pedro Álvares Cabral composta por
10 naus e 3 caravelas (cerca de 1500 homens), as quais eram chefiadas pelos navegadores Bartolomeu
Dias, Nicolau Coelho e Duarte Pacheco Pereira.
Primeiramente, a principal ideia dos colonizadores eram explorar as terras conquistadas com o
intuito de enriquecer a metrópole e sobretudo, encontrar metais preciosos. Foi diante desse fato que o

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História – Módulo I

processo de colonização do Brasil foi realizado num sistema de colonialismo denominado de “Colônia de
Exploração”. Nesse sentido, a exploração das terras descobertas eram o objetivo central dos portugueses.
Durante os primeiros trinta anos (1500-1530), desde que chegaram no território brasileiro, eles
descobriram o pau-brasil, uma madeira nativa da Mata Atlântica, que tinha sucesso no mercado
consumidor europeu. Foi então realizado o primeiro ciclo econômico do Brasil: o ciclo do pau-brasil.
Essa espécie de madeira era utilizada, já pelos índios para o tingimento de tecidos.
Inicialmente, eles tentaram o processo de escambo com os indígenas, ou seja, em troca da madeira
lhes ofereciam espelhos, facas, moedas e diversos objetos.
Entretanto, com o passar do tempo eles começaram a explorar a população indígena que chegou a
ser escravizada durante anos no Brasil. Assim, os índios eram obrigados a cortarem a madeira que depois
era enviada para a comercialização em continente europeu.
Com o passar do tempo, as feitorias foram criadas para armazenar e facilitar o envio do produto.
A primeira feitoria foi edificada em 1504 na região que hoje está a cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Além de servirem como pontos que marcavam a colonização portuguesa no país, as feitorias eram
entrepostos comerciais fortificados e erigidos próximos ao litoral. Sendo assim, serviam para organizar
toda estrutura comercial (mercado, armazém, alfândega, etc.) e ainda, eram utilizadas para defesa. De tal
modo, qualquer povo que extraísse a madeira da região tinha que pagar tributos aos portugueses, já que
era um monopólio comercial deles.
Após esse período inicial, e visto a extinção da madeira que já estava sendo explorada durante
anos, os portugueses já não conseguiam enriquecer. Foi nesse contexto que as primeiras mudas de cana-
de-açúcar chegaram ao Brasil, em 1530. Era o fim do período pré-colonial e o início do segundo ciclo
econômico do país: o ciclo da cana-de-açúcar.

Ameaças ao domínio português

Nos primeiros anos logo depois da descoberta, a presença de piratas e comerciantes franceses no
litoral brasileiro foi constante.
A invasão francesa se deu em 1555, quando conquistaram o Rio de Janeiro, fundando ali a "França
Antártica", sendo expulsos em 1567.
Em 1612, os franceses invadiram o Maranhão, ali fundaram a "França Equinocial" e a povoação de
São Luís, onde permaneceram até 1615, quando foram novamente expulsos. Os ataques ingleses no Brasil
se limitaram a assaltos de piratas e corsários que saquearam alguns portos. Invadiram as cidades de Santos
e Recife e o litoral do Espírito Santo.
As duas invasões holandesas no Brasil se deram durante o período em que Portugal e o Brasil
estavam sob o domínio espanhol. A Bahia, sede do Governo Geral do estado do Brasil, foi invadida, mas
a presença holandesa durou pouco tempo (1624-1625).
Em 1630, a capitania de Pernambuco, o maior centro açucareiro da colônia, foi invadida por tropas
holandesas.
A conquista foi consolidada em 1637, com a chegada do governante holandês o conde Maurício de
Nassau. Ele conseguiu firmar o domínio holandês em Pernambuco e estendê-lo por quase todo o nordeste
do Brasil. A cidade do Recife, o centro administrativo, foi urbanizada, saneada, pavimentada, foram
construídos pontes, palácios e jardins. O governo de Maurício de Nassau chegou ao fim em 1644, mas os
holandeses só foram expulsos em 1654.

O início da Colonização

Várias expedições foram enviadas por Portugal, visando reconhecer toda costa brasileira e combater
os piratas e comerciantes franceses. As mais importantes foram as comandadas por Cristóvão Jacques
(1516 e 1526), que combateu os franceses. Também Martim Afonso de Sousa (1532), combateu a pirataria
francesa. Da mesma forma, ele instalou em São Vicente, a primeira povoação dotada de um engenho para
produção de açúcar.
Para colonizar o Brasil e garantir a posse da terra, em 1534, a Coroa dividiu o território em 15
capitanias hereditárias. Estas eram imensos lotes de terra que se estendiam do litoral até o limite

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História – Módulo I

estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esses lotes foram doados a capitães (donatários), pertencentes
à pequena nobreza lusitana que, por sua conta, promoviam a defesa local e a colonização.

As Capitanias Hereditárias foram um sistema administrativo implementado pela Coroa Portuguesa


no Brasil em 1534. O território do Brasil, pertencente a Portugal, foi dividido em faixas de terras e
concedidas aos nobres de confiança do rei D. João III (1502-1557). Essas poderiam ser passadas de pai
pra filho e por isso, foram chamadas de hereditárias. Os principais objetivos eram povoar a colônia e
dividir a administração colonial. As Capitanias Hereditárias, porém, tiveram vida curta e foram abolidas
dezesseis anos após sua criação.

Lá no youtube...

Capitanias Hereditárias – Eduardo Bueno

Link: https://www.youtube.com/watch?v=YecTflR59u4

A produção do açúcar foi escolhida, porque era um produto bastante procurado na Europa naquele
momento. Foi no nordeste do país que a atividade açucareira atingiu seu maior grau de desenvolvimento,
principalmente nas capitanias de Pernambuco e da Bahia. Nos séculos XVI e XVII, estas regiões
tornaram-se o centro dinâmico da vida social, política e econômica do Brasil.

O Governo Geral

O sistema de Governo Geral foi criado em 1548, pela Coroa, com o objetivo de organizar a
administração colonial.
O primeiro governador foi Tomé de Souza (1549 a 1553), que recebeu do governo português, um
conjunto de leis a serem aplicadas na colônia. Estas determinavam as funções administrativas, judicial,
militar e tributária do Governo Geral.

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História – Módulo I

O segundo governador geral foi Duarte da Costa (1553 a 1558) e o terceiro, Mem de Sá (1558 a
1572). Em 1572, depois da morte de Mem de Sá e de seu sucessor Dom Luís de Vasconcelos, o governo
português dividiu o Brasil em dois governos cuja unificação só voltou em 1578:

Governo do Norte, com sede em Salvador


Governo do Sul, com sede no Rio de Janeiro

Em 1580, Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil, ficaram sob o domínio da Espanha,
situação que perdurou até 1640. Este período é conhecido como Unificação Ibérica.
Em 1621, ainda sob o domínio espanhol, o Brasil foi novamente dividido em dois estados: o Estado
do Maranhão e o Estado do Brasil. Essa divisão durou até 1774, quando o Marquês do Pombal decretou
a unificação.
Como resultados da implantação deste sistema político-administrativo no Brasil, podemos citar:
catequização de indígenas, desenvolvimento agrícola e incentivo à vinda de mãode-obra escrava africana
para as fazendas brasileiras. Este sistema durou até o ano de 1640, quando foi substituído pelo Vice-
Reinado.

A Sociedade no Brasil Colonial

Fundamentalmente três grandes grupos étnicos, o indígena, o negro africano e o branco europeu,
principalmente o português, entraram na formação da sociedade colonial brasileira.
Os portugueses que vieram para o Brasil pertenciam a várias classes sociais em Portugal. A maioria
era formada por elementos da pequena nobreza e do povo.
Também é preciso ter em conta que as tribos indígenas tinham línguas e culturas distintas. Algumas
eram inimigas entre si e isto era usado pelos europeus quando desejavam guerrear contra os portugueses.
Da mesma forma, os negros trazidos como escravos da África possuíam crenças, idiomas e valores
distintos e não constituíam um povo homogêneo. No entanto, tudo isso foi sendo absorvido pelos
portugueses e indígenas.
No Brasil Colônia, o engenho era o centro dinâmico de toda a vida social. Isso possibilitava o
“senhor da casa grande” concentrar em torno de si, grande quantidade de indivíduos e ter a autoridade
máxima, o prestígio e o poder local.
Em torno do engenho viviam os mulatos, geralmente filhos dos senhores com negras escravizadas,
o padre, os negros escravizados, o feitor, o mestre do açúcar, os trabalhadores livres, etc.

Economia no Brasil Colonial

O Brasil, como colônia de exploração, estava sujeito a atender aos interesses e necessidades
mercantilistas. Assim, apresentava as seguintes características:
 Utilização de grandes propriedades;
 Utilização da monocultura; A combinação dessas 4 características também pode
 Utilização da mão de obra escrava; ser denominada como sistema de plantation.
 Produção voltada para a exportação;
 O monopólio exercido pela Metrópole;
 Subordinação ao Pacto Colonial.

Principais atividades econômicas da colônia

 Pau-Brasil
Foi a primeira riqueza explorada em terras brasileiras pelos europeus, utilizando mão de obra
indígena através do escambo (troca de produtos).

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História – Módulo I

 Cana-de-açúcar
Foi a primeira atividade
economicamente organizada do Brasil. A
partir da fundação do primeiro engenho de
cana-de-açúcar pelo Sr. Martin Afonso de
Souza, em 1532, e por mais de dois séculos,
o açúcar foi o principal produto brasileiro,
convivendo, contribuindo e, às vezes,
resistindo às mudanças sócio político-
culturais deste período.

O engenho de açúcar colonial

O engenho colonial era um grande complexo dividido


em diversas partes:
Canavial: onde a cana de açúcar era cultivada;
Moenda: local para moer a planta e extrair o caldo. A
moenda funcionava movida por tração animal, água
(moinho) ou ainda a força humana dos próprios
escravizados.
Casa das Caldeiras: espaço usado para ferver o caldo
Livros sobre o assunto... da cana de açúcar em buracos cavados no solo. O
resultado, um líquido espeço, eram então fervido em
Casa-Grande & Senzala é um livro tachos de cobre.
do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre publicado Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que
em 1933. Freyre apresenta a importância da casa-
abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o
grande na formação sociocultural brasileira, assim
como a da senzala na complementação da primeira. transformavam em melaço de cana.
Além disso, Casa-Grande & Senzala enfatiza a Casa de Purgar: ali ficavam as formas com o caldo
formação da sociedade brasileira no contexto cristalizado, chamados pão de açúcar. Após seis a oito
da miscigenação entre os brancos, principalmente dias eram retirados dos moldes, refinados e prontos para
portugueses, dos escravos negros, das várias nações serem comercializados.
africanas e dos diferentes povos indígenas que Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de
habitavam o Brasil. subsistência (hortas), em que eram cultivados frutas,
verduras e legumes destinados à alimentação dos
moradores do engenho.
Cultura e sociedade no Brasil colônia é um
Casa Grande: representava o centro do poder dos
livro escrito pela historiadora Júnia Ferreira engenhos, sendo o local onde habitava o proprietário da
Furtado. Furtado apresenta um texto de fácil terra e sua família. Apesar do nome imponente, nem
compreensão, abordando diferentes enfoques todas as casas eram grandes.
sobre como a cultura e a sociedade do Brasil Senzala: locais que abrigavam as pessoas escravizadas
colonial se constituíam. e onde não havia nenhum tipo de conforto e dormiam
no chão de terra batida. Durante a noite eram
acorrentados para evitar fugas
Capela: construção feita para celebrar os ritos
religiosos dos habitantes do engenho, sobretudo, dos
portugueses. Ali ocorriam as missas e as principais
manifestações católicas como o batismo, casamentos,
novenas, etc. Vale lembrar que os escravizados muitas
vezes eram obrigados a participarem dos cultos.
Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples
habitações onde viviam os trabalhadores livres do
engenho. Geralmente eram empregados especializados
como carpinteiros, mestre de açúcar, etc.
Curral: abrigava os animais usados nos engenhos, seja
para o transporte (produtos e pessoas), nas moendas de
tração animal ou para alimentação da população.

Durante o ciclo do açúcar ocorreu a ocupação Holandesa no Brasil. Desde o início do ciclo do
açúcar, notava-se o interesse comum entre portugueses e flamengos. Logo após a ocupação holandesa em
1580, os flamengos começaram a trabalhar em Pernambuco registrando-se uma exportação de 512.273
arrobas de açúcar branco, mascavo e “de panela”. Foram também os Holandeses que trouxeram as moedas
metálicas para o Brasil.

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História – Módulo I

Embora a cana-de-açúcar tenha sido responsável pela base de sustentação da economia e da


colonização do nosso país durante os séculos XVI e XVII, o governo português não assegurou à sua
colônia condições para manutenção do monopólio sobre seu domínio, entrando todo o sistema em
decadência.

 Pecuária
Foi uma consequência da expansão da produção do açúcar. O gado era originário do arquipélago
de Cabo Verde e juntamente com os cavalos fora introduzido ao Brasil através de São Vicente para atender
as demandas da agroindústria do açúcar em 1534. Os rebanhos introduzidos por São Vicente expandiram-
se pelo litoral até o sul, em Viamão onde passou a se misturar com os rebanhos originários das colônias
espanholas.
Tomé de Souza trouxera maiores volumes de rebanhos para atender a agroindústria açucareira da
Bahia e Pernambuco, os objetivos principais dos rebanhos eram de suprir a carência de transporte e tração
animal para mover as moendas e em segundo plano sua carne servia como alimento principalmente de
escravos.
Porém, com o tempo os rebanhos passaram a danificar as plantações de cana-de-açúcar, sendo assim
uma lei fora baixada limitando a manutenção dos rebanhos fora da faixa litorânea, transferindo-se para o
interior. Esse fato faz com que ocorra o povoamento de áreas do interior.

 Mineração
O ciclo do ouro é a época em que a extração e exportação do ouro figurava como principal atividade
econômica no período colonial. Teve seu início no final do século XVII, momento em que as exportações
do açúcar nordestino caíam pela concorrência exercida pela produção açucareira de ingleses e holandeses
no Caribe.
A extração do ouro provocou mudanças na ocupação do território. Houve um grande fluxo de
pessoas que vieram de Portugal e do litoral nordestino para a região das minas. Também ocorreu o
incremento da escravização de indígenas e de africanos.
A fim de garantir o controle sobre a extração e envio do metal, a Coroa instituiu vários impostos e
transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro.
Por fim, entre 1750 e 1770, Portugal atravessava dificuldades econômicas decorrentes de má
administração e desastres naturais. Além disso, sofria pressão da Inglaterra, a qual, ao se industrializar,
buscava consolidar seu mercado consumidor, bem como sua hegemonia mundial.
Assim, a descoberta de grandes quantidades de ouro no Brasil, tornava-se um motivo de esperanças
de enriquecimento e estabilidade econômica para os portugueses.

Ciclo do ouro em Minas Gerais


As jazidas de ouro descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso foram divididas em lavras
(lotes auríferos para exploração). Durante o auge deste ciclo, no século XVIII, milhares de pessoas foram
para estas regiões e estima-se que a população tenha dobrado em um século.
O enriquecimento fez surgir uma elite letrada. Vários filhos de exploradores de ouro puderam ser
mandados para a Universidade de Coimbra onde entrariam em contato com as ideias iluministas.
Também a economia se mostra mais dinâmica, pois em torno às minas se constitui o comércio
agrícola para alimentar aqueles que ali trabalhavam e o surgimento de pequenas manufaturas. No entanto,
estas seriam proibidas em 1785.
A exploração aurífera passou a ser a mais lucrativa na colônia. Por isso, aconteceu a transferência
da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, de modo a assegurar a fiscalização nas regiões de
mineração.
Oficialmente foram extraídas 35 toneladas do metal, mas acredita-se que deve ter sido muito mais,
pois uma parte era sonegada.
Por fim, o ciclo do ouro durou até o fim do século XVIII, quando se esgotaram as minas, em pleno
desenrolar da Revolução Industrial na Inglaterra.

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História – Módulo I

Exploração e administração do ouro


Esse período representou o maior momento de controle do Brasil por Portugal, pois a Coroa cobrava
altos impostos sobre o minério extraído.
Estes eram fundidos e taxados nas Casas de Fundição, onde recebiam um selo que atestavam que
o imposto já tinha sido pago. No entanto, haviam desvios e, quando descobertos, eram penalizados
duramente.
Os principais mecanismos de controle foram:
 Quinto: 20% de toda a produção do ouro caberiam ao rei de Portugal;
 Derrama: uma quota de aproximadamente 1.500 kg de ouro por ano que deveria ser atingida pela
colônia, caso contrário, penhoravam-se os bens dos senhores de lavras;
 Capitação: imposto pago pelo senhor de lavras por cada pessoa escravizada que trabalhava em
seus lotes.
Percebemos que os altos impostos, as taxas, as punições e os abusos de poder político exercido pelos
portugueses sobre o povo que vivia na região gerava conflitos que culminariam em várias revoltas. Ao
mesmo tempo que essa economia trouxe crescimento demográfico, também gerou em pobreza e
desigualdade, pois os lucros da exploração de minérios não foram reinvestidos em atividades produtivas.
Após este período, o Brasil permaneceria como simples exportador de produtos primários,
estancado neste ciclo vicioso e sem conseguir envergadura técnica capaz de promover o seu
desenvolvimento econômico.

Inconfidência Mineira
A corrida pelo ouro, as cobranças e os abusos de poder político português provocou choques como
a Guerra dos Emboabas (1707 a 1709). Entre estes conflitos, contudo, o mais notável foi a Inconfidência
Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira.
A Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira foi um movimento de caráter separatista que
ocorreu na então capitania de Minas Gerais em 1789. O objetivo era proclamar uma República
independente, criar uma universidade e abolir dívidas junto à Fazenda Real.
O movimento, porém, foi descoberto antes do dia marcado para a eclosão por conta de uma delação
e seus líderes foram presos e condenados.

Guerra dos Emboabas


A “Guerra dos Emboabas” foi uma disputa armada ocorrida entre os anos de 1707 a 1709, pelo
direito de exploração das minas de ouro, recém descobertas pelos bandeirantes paulistas na região de
Minas Gerais.
Com efeito, sob a liderança de Manuel de Borba Gato, guarda-mor das minas e líder dos paulistas,
os desbravadores reclamavam o direito exclusivo de exploração das jazidas de ouro na região das minas.
Contudo, os "emboabas" (nome pejorativo dado aos forasteiros que usavam botas), liderados pelo
rico comerciante Manuel Nunes Viana e composto principalmente por portugueses e migrantes de outros
territórios da colônia, desafiaram a autoridade dos bandeirantes, que foram derrotados e expulsos.

Consequências do Ciclo do Ouro


O Ciclo do Ouro teve repercussões tanto no Brasil como em Portugal e na Inglaterra. No dizer do
escritor Eduardo Galeano: “O ouro brasileiro deixou buracos no Brasil, templos em Portugal e fábricas
na Inglaterra.”
Para o Brasil representou a mudança do eixo econômico do litoral nordestino para o interior e a
mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. Com o enriquecimento da elite, mais jovens
puderam estudar na Europa, no momento em que o Iluminismo se espalhava pelo continente. Ao voltar,
livros sobre este movimento eram trazidos e lidos por várias pessoas.
Para os escravizados, o ouro trouxe a esperança da liberdade e o surgimento de uma camada de
libertos.
Os forros ou libertos eram aqueles escravizados que conseguiam comprar ou adquirir sua liberdade.

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História – Módulo I

Em Portugal, o ouro possibilitou construções como o Palácio de Mafra, um complexo que reúne
uma igreja, moradia, convento, hortas e terrenos destinados à caça.
Na Inglaterra, ligada a Portugal pelo Tratado de Methuen, o ouro garantiu o pagamento dos produtos
manufaturados ingleses.

 Algodão
Com o esgotamento das minas de ouro no país, o algodão (chamado de "ouro branco") passa a ser
um dos principais produtos de exportação a partir do século XVIII e início do XIX. Com o advento
da Revolução Industrial na Inglaterra e a necessidade de obter matéria prima para a indústria têxtil, o
algodão passou a ter um papel preponderante na economia do país.
Essa fase é chamada de “Renascimento Agrícola” uma vez muitos produtos tropicais começam a
ser cultivados simultaneamente pelo país, com o intuito de suprir o mercado externo europeu.
Um dos fatores determinantes foi o crescimento da população europeia nesse período e,
consequentemente, o aumento do consumo de produtos tropicais.

Principais Características
Em resumo, as principais características deste período de cultivo do algodão são:
 Utilização do trabalho escravo
 Voltado para o mercado externo
 Cultivo nos latifúndios
 Monocultura (produção de um produto)

A Cultura Colonial

 O Barroco
Foi durante o período colonial que o barroco floresceu no Brasil. A capital Salvador foi transferida
para o Rio de Janeiro e, com isso, o número de habitantes aumentou consideravelmente no país.
Aliado a exploração de ouro, que passou a ser a principal atividade econômica desenvolvida, o
aumento da população propiciou um forte desenvolvimento econômico.
Com a queda das exportações de açúcar nordestino no mercado consumidor mundial, têm início o
chamado "ciclo do ouro". Nesse período, Minas Gerais passou a ser o grande foco, tendo em conta as
jazidas encontradas no local.
Foi ali que a arte barroca mineira começou a despontar com Aleijadinho na escultura e arquitetura,
e o Mestre Ataíde, na pintura.

Características do Barroco no Brasil

As principais características do barroco literário brasileiro são:


 Linguagem dramática;
 Racionalismo;
 Exagero e rebuscamento;
 Uso de figuras de linguagem;
 União do religioso e do profano;
 Arte dualista;
 Jogo de contrastes;
 Valorização dos detalhes;
 Cultismo (jogo de palavras);
 Conceptismo (jogo de ideias).

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História – Módulo I

Atividades do Módulo I

As atividades do módulo 1 deverão ser realizadas através do google


forms, o aluno poderá acessar o link disponível no grupo de estudo de
História ou solicitar o envio do link para a professora através do chat
pessoal do WhatsApp.

Que tal assistir um vídeo?

Pré-História
https://www.youtube.com/watch?v=IAzZ9HXA2xw

Roma – Quer que desenhe?


https://www.youtube.com/watch?v=QNK9uTncolU

Resumo de História – Idade Média


https://www.youtube.com/watch?v=CTIs_RSPr84

A Reforma Protestante
https://www.youtube.com/watch?v=wSuaOC0csds

Renascimento Cultural italiano, uma rebeldia controlada?


https://www.youtube.com/watch?v=8m-EySlGA9s

Como era a vida e a higiene nas Grandes Navegações


https://www.youtube.com/watch?v=dEBCeZLfb3U

América Espanhola
https://www.youtube.com/watch?v=yNAXypwK1Uk

Resumo: As 13 colônias inglesas


https://www.youtube.com/watch?v=iu-Ge6qdcAY

Documentário Brasil Colônia


https://www.youtube.com/watch?v=RNRU2vFlP5U

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