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Tylor não escapa desta influência. Podemos ver em seu texto a adesão irrestrita
ao naturalismo. Ver (incluir) citação de Tylor (apud Laraia, p. 30-31).
Note-se que o autor não desconhece alguns aspectos da cultura de sua época que
podem constituir obstáculo à explicação naturalista da cultura. Laraia cita outro longo
trecho do livro de Tylor para mostrar isso. Sem necessitar reproduzir aqui o trecho na
íntegra, ficamos com a conclusão: “‘Ninguém negará que, como cada homem conhece
pelas evidências de sua própria consciência, causas naturais e definidas determinam as
ações humanas’” (apud Laraia, p. 32).
Sua perspectiva acerca da cultura já deixa ver que as ciências da natureza são
para ele o modelo de ciência (em termos de abordagem metodológica); e suas teses
deixam clara a perspectiva evolucionista em sua explicação para a diversidade cultural
face a unidade da humanidade. 1 Tylor considera a cultura como um fenômeno natural
que possui causas e regularidades. Defende a ideia de que a cultura desenvolve-se de
maneira uniforme, por etapas. Concebe que a humanidade está constituída por leis
gerais de comportamento (o que explicaria a uniformidade da humanidade), e assim
sustenta que comportamentos idênticos em culturas distintas podem ser explicados a
partir destas leis, as quais procura elucidar (demonstrar). Para enfrentar a diversidade
evidente nas diferentes culturas, conta justamente com a perspectiva evolucionista
unilinear, ou seja, uma perspectiva de escalonamento da humanidade em diferentes
graus de desenvolvimento ou evolução, sendo o estágio mais avançado o que se observa
na cultura das nações europeias e o menos avançado nos povos mais primitivos, ou
tribos “selvagens”. De modo que Tylor explica a diversidade dos povos “como o
resultado da desigualdade de estágios existentes no processo de evolução” (Laraia, p.
32-33). De acordo com sua perspectiva a tarefa da Antropologia seria, então,
“estabelecer, grosso modo, uma escala da civilização”. Enfim, pode-se afirmar que a
perspectiva evolucionista como ela aparece na proposição explicativa de Tylor para a
diversidade cultural não considera o relativismo cultural, ou, se se preferir, a
particularidade de cada cultura, enfatizando antes a unidade da humanidade.
1
Aqui precisamos lembrar que, à luz do que propõe Laraia, a discussão da cultura como um conceito
antropológico trata basicamente de discutir “a conciliação da unidade biológica e a grande diversidade
cultural da espécie humana” (p. 10)
2
Cf. a respeito o livro de Laplantine Aprender Antropologia, um manual bastante claro e instrutivo para
quem deseja iniciar-se nos temas da Antropologia Cultural, incluindo uma boa reconstrução histórica da
consolidação da Antropologia como ciência da cultura, com objeto e método definidos.
Por fim, Laraia nota o grande mérito de Tylor em sua “tentativa de analisar e
classificar cultura”, a saber, “o [mérito] de ter superado os demais trabalhadores de
gabinete, através de uma crítica arguta e exaustiva dos relatos dos viajantes e cronistas
coloniais. Em vez de aceitação tácita dessas informações, Tylor sempre questionou a
veracidade das mesmas” (Laraia, p. 35)
Referências
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. 2 ed. Bauru: EDUSC, 2002.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: conceito antropológico. 24 ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 2009.
REALE, Miguel. Paradigmas da cultura contemporânea.2 ed. São Paulo: Saraiva,
2005.