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EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS Nível Secundário

(EFA)
Domínio de Referência: 3 – Contexto Institucional
NG 5. Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) Tema: Media e Informação
- Atuar nas práticas culturais reconhecendo a importância dos media para os
processos de difusão e receção dos bens culturais e artísticos.
Formando(a): Data: Formadora: Ana Rita Vieira

Leia a notícia.

O papel dos meios de comunicação na ação da cultura


de massas
Publicado em Novembro 25, 2011 por NM

A industrialização favoreceu o crescimento do mundo urbano e, com este, a difusão de


novos hábitos culturais, dissociados do ritmo da ruralidade.

No século XX, as cidades tornaram-se metrópoles gigantes e as multidões que


nelas moram apreciam os novos entretenimentos fornecidos pelos mass media e
pelos desportos coletivos.

A imprensa, a rádio e o cinema, apesar de não serem invenções do século


XX, adquiriram nesse século um papel importante na estandardização de valores e
comportamentos (uniformização de padrões culturais). Cumpriam uma função de
lazer e, simultaneamente, uma função educativa que chegava a muitas pessoas ao
mesmo tempo, o que favoreceu a homogeneização cultural – a chamada cultura de
massas:
– todos os serões, à volta do aparelho radiofónico, as famílias escutavam as notícias,
as novelas, as peças de teatro, os êxitos da música ligeira e os clássicos da música
erudita;
– o cinema (sonoro desde 1927) propiciava a evasão à rotina e aos problemas do
quotidiano, veiculava valores morais e propunha, por meio dos atores mais famosos –
as estrelas de cinema – modelos de comportamento e de beleza física;
– os jornais, de leitura mais acessível do que as obras literárias, eram instrumentos
poderosos na formação da opinião pública; incluíam, histórias de guerra e de crime,
títulos bombásticos, crónicas avulso, secções desportivas, páginas femininas e, muitas
das vezes, histórias em banda desenhada, que os jovens guardariam para sempre
como uma das melhores recordações do seu período de crescimento.

A par dos jornais proliferam as revistas que exploram as temáticas mais


diversas, procurando responder aos desejos e ambições de um público cada vez mais
vasto.
As classes médias desenvolvem, ainda, interesse por novos géneros literários:
o romance policial (as obras de Agatha Christie, criadora do célebre inspetor Poirot e
de Georges Simenon, criador do Comissário Maigret alcançaram grande
popularidade), a banda desenhada (heróis como Tintim, Super-Homem, Pato Donald
passaram a dominar o imaginário de muitas crianças e jovens) e o romance cor-de-
rosa (no qual se destacou a autora Bárbara Cartland). Esta literatura sentimental
conquistou predominantemente o público feminino.

Leia o texto.

Os Meios de Comunicação Social enquanto elementos


de regulação cultural - breve apontamento
Andreia Fernandes Silva

*MCS – Meios de Comunicação Social

Desde o aparecimento dos primeiros Meios de Comunicação Social1 :


Imprensa, Rádio e Televisão, que se começou a procurar dar resposta aos eventuais
efeitos destes meios 1 Os Meios de Comunicação Social ou mass media são os meios
que permitem a difusão de uma mesma mensagem a uma audiência vasta e
heterogénea. Comunicação Social surgiu em contraponto à ideia de comunicação de
massas que significa o mesmo, mas não tendo a carga da existência de uma massa
amorfa e passiva que tudo aceitava passivamente como chegou a ser proclamado
pelas primeiras teorias dos fenómenos comunicacionais como é exemplo a teoria
hipodérmica. na sociedade e qual o seu papel enquanto formadores de opinião e de
transmissão de conhecimento.

O papel destes meios enquanto elementos que produzem informação, –


também enquanto veículos de transmissão de conteúdos culturais -, tem sido um dos
temas mais aflorados mas pouco esclarecidos do universo de várias ciências sociais.

Nos dias de hoje, com o aparecimento de outros media2 aumentou exponencialmente


o poder que estes têm em chegar ao maior número de pessoas das mais diversas
formas. Por outro lado, à medida que a concorrência se acentuou, os produtores do
universo da comunicação de massas empreenderam uma luta pela audiência.

Nesta corrida aos públicos, ou melhor às audiências, acentuou-se a


transmissão de cultura aos mais diversos níveis: seja através da programação
propriamente dita (independentemente de juízos valorativos), seja pela oferta/ venda
generalizada de livros, cd’s, dvd’s, obras de arte que colocaram bens anteriormente
apenas acessíveis a alguns à mercê de praticamente todos. “A informação é um
produto cultural, sendo uma das suas características principais o facto de não se
extinguir no acto de consumo” diz Elsa Costa e Silva (2004: 8) num trabalho sobre a
concentração da propriedade dos media em Portugal, referindose ao sector
informativo. Esta realidade – a aceleração da distribuição cultural através dos media –
assenta numa outra ideia: a mercantilização da cultura.
De facto, a integração da cultura numa lógica de mercado tem, por um lado
expandido o acesso e, por outro, plantado a homogeneização a partir dos grupos
económicos com mais poder e que acabam por se assumir como os verdadeiros
reguladores culturais da sociedade.

Qual o poder dos “Media” na transmissão de cultura?

Todo. Ou pelo menos algum.

Falar de Meios de Comunicação Social (MCS) enquanto elementos de


regulação cultural é abarcar num só desígnio uma série de dimensões tão díspares
quanto semelhantes da sociedade. É pelos MCS que se sabe o que se passa no
mundo, que se conhecem e visualizam outras culturas, que se sabe o que existe, o
que se publica ou que se faz. É também através dos MCS que fruímos cultura, ou pelo
menos alguma, independentemente da sua qualidade.

Na realidade, cultura e comunicação são dois termos que se interpenetram


desde o surgimento dos primeiros meios de comunicação social. Apesar da existência
de outros agentes mediadores e transmissores de cultura, como a Educação ou a
Família, é inegável o poder que os media exercem sobre um número elevado de
indivíduos.

Para Breton, os media “passaram a ser o único lugar onde estão as


informações que hão-de permitir descodificar os diferentes universos em que
evoluímos” (1994:123), transferindo para os MCS o poder de orientação dos indivíduos
na sociedade.

Tal como refere Rodrigues “a comunicação não é um produto, mas um


processo de troca simbólica generalizada, processo de que se alimenta a
sociabilidade, que gera os laços sociais que estabelecemos com os outros” (1999:22).

Na realidade é da interacção comunicacional “mediatizada por símbolos


concebidos, elaborados e legados por gerações sucessivas” (Rodrigues, 1999:22) que
se estabelecem e estreitam os laços sociais. Ainda mais quando promovidas pelos
meios de comunicação que, pela sua rapidez e alcance contribuem “para o
alargamento da nossa experiência do mundo muito para além do espaço delimitado
pelas fronteiras territoriais que nos rodeiam” (Rodrigues, 1999:23). Apesar disso, este
autor alerta para o facto de que a homogeneização “não acarreta necessariamente
uma desterritorialização generalizada, não faz com que toda a humanidade passe a ter
as mesmas representações da realidade e a fazer parte de uma mesma área cultural”
(1999:25), numa clara alusão e rejeição de que todos os indivíduos sejam atingidos ou
venham a reagir do mesmo modo aos conteúdos emanados dos MCS.

Castells esclarece: “a noção de meios de comunicação de massa faz referência


a um sistema tecnológico, não a uma forma de cultura, a cultura de massa” 4 (2002:
441), distinguindo claramente que MCS se referem aos meios tecnológicos e que os
conteúdos editados ou emitidos por esses meios é que podem ser enquadrados numa
cultura de massas, uma vez que “a maior parte dos nossos estímulos simbólicos vem
dos meios de comunicação” 2002:442).
Para Castells a existência de mensagens fora dos media limita-se às redes
interpessoais e, no caso do efeito televisivo. “não representa apenas dinheiro ou
poder. È aceitar ser misturado num texto multi-semântico, cuja sintaxe é extremamente
imprecisa. Assim, informação e entretenimento, educação e propaganda, relaxamento
e hipnose, tudo se mistura” (442-443).

A questão da globalização cultural

Alexandre Melo fala em globalização cultural a respeito da “extensão planetária


dos meios de comunicação social de massa, os mass media, com a correspondente
transformação de tudo em informação imediata e universalmente disponível” (2002:
36- 37).

Para este autor, globalização cultural produz uniformidade, mas também


diversidade. Esta última apenas será prejudicada se, “quando o alargamento da área
de oferta de um determinado bem implica o desaparecimento de um outro bem” (2002:
43). Neste ponto convém frisar que mesmo numa sociedade aparentemente
homogénea e muito linear se assistem, com frequência, a emergências singulares. No
caso das indústrias culturais isso também é verdade.

No universo mais-do-mesmo com que habitualmente somos brindados também


aparecem pequenas pérolas. Só para dar um exemplo, o cinema de massas
hollywoodesco e uniforme é frequentemente espicaçado pelo cinema independente,
de baixo custo e que aposta na diversidade. Esta situação foi melhorada e expandida
a outros sectores com as potencialidades das novas tecnologias, em especial o
multimédia, um “largo território de exploração cultural e comercial” conforme defendem
Fortuna e Silva, uma vez que, “mudou bastante as condições de entrada e sucesso no
sector empresarial da cultura” (2001: 429).

Boaventura Sousa Santos recorda o especial relevo que assumiu o conceito de


globalização cultural nos anos 80 lembrando que “os valores, os artefactos culturais e
os universos simbólicos que se globalizam são ocidentais” (2001:51), a propósito de
autores como Ritzer que preferem falar de ocidentalização ou americanização. Em
todo este processo intervêm quer factores económicos e de mercado, quer políticos.
Para além de outros factores como os MCS, direito, educação ou entidades policiais,
Sousa Santos lembra que os Estados-nação não estão isentos de responsabilidade
em todo o processo. Se, por um lado “têm sido os arautos da diversidade cultural, da
autenticidade da cultura nacional”, por outro, têm proporcionado “a homogeneização e
a uniformidade, esmagando a rica variedade de culturas locais existentes no território
nacional” (2001:54).
Responda às questões.

1. De que forma os meios de comunicação influenciam a disseminação de bens culturais


e artísticos na sociedade?

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2. Como poderão as críticas dos media afetar a perceção pública de eventos culturais e
criações artísticas?

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3. Acredita existir uma influência significativa dos media na formação de gostos e


preferências culturais? Explique a sua resposta.

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4. Qual o impacto dos jornais e revistas culturais na apreciação e compreensão da arte


pela sociedade? Explique a sua resposta.

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