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COMUNICAÇÃO
Marina Costa
Revisão técnica:
IISBN 978-85-9502-236-2
CDU 007
Introdução
Neste texto, você vai conhecer as origens da cultura de massa, bem como
o contexto histórico e social em que ela surgiu. Também vai aprender
sobre as perspectivas de Edgar Morin e Hannah Arendt sobre o tema.
Nas cidades, as pessoas deixaram de ser camponesas e assumiram novos trabalhos. Karl
Marx se debruçou sobre o tema dos novos modos de produção e das novas formas de
gerar riqueza, focado no proletariado urbano. O contexto é de uma sociedade indus-
trializada, que precisa de técnicas cada vez mais eficientes para a produção de grande
escala. Portanto, necessita de especialização de tarefas. A questão da especialização
não se limita à esfera do mundo do trabalho. Atinge várias áreas, como a música, que
poderia ser dividida entre a música dos mais jovens e a música das gerações anteriores,
por exemplo. Os papeis sociais também passam a ser especializados: uma mesma
pessoa pode ser considerada uma mãe dedicada, mas uma lavadeira de roupas de
má qualidade. Esse cenário é diferente do da sociedade tradicional, em que as tarefas
eram partilhadas e o acúmulo de funções fazia parte da norma vigente (FERREIRA, 2013).
Edgar Morin lembra que o livro e o jornal eram mercadorias, mas que a cultura e a vida
pessoal nunca haviam entrado tão intensamente no circuito industrial e mercadológico
como quando as técnicas permitiram levar músicas, palavras e filmes através de ondas para
as pessoas. As histórias do coração e da alma passaram então a ser vendidas no varejo.
culturais são lançados no mercado com baixos preços e são muito vendidos,
isso não afeta a natureza deles. Porém, quando eles são modificados – rees-
critos, resumidos ou traduzidos – para a reprodução, a natureza passa a ser
afetada. Arendt comenta também sobre a questão da funcionalização. O que
acontece é que os objetos culturais, do presente ou do passado, são tratados
como meras funções para o processo vital da sociedade, como se tivessem a
função de satisfazer alguma necessidade.
Na perspectiva da durabilidade, as obras de arte são superiores a todas
as outras coisas, diz a autora. Elas perduram no mundo, no tempo, afetando
diversas gerações. Além do mais, elas não têm qualquer função no processo
vital da sociedade, não são feitas para os seres humanos, e sim para o mundo.
Também não servem como bens de consumo e não são gastas como objetos
de uso. Isso porque são removidas do processo de consumo e do processo de
uso e estão isoladas da esfera de necessidades da vida humana. Desse modo,
quando há essa remoção, a cultura está sendo feita, passa a existir.
O fenômeno da arte deveria então ser o ponto de partida para qualquer
discurso sobre cultura, já que apenas as obras de arte são feitas com o único
objetivo do aparecimento. Para Hannah Arendt (1972):
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