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Semiótica,

Teorias das mídias


e Cultura digital
Comunicação global:
Jornalismo, comunicação
e a nova ordem
informacional

Local de conexão e troca de experiências entre


os alunos de todos os cursos. Permite uma rica
imersão cultural com várias obras de artistas
renomados.

1
Informações
da disciplina
Curso
Comunicação global: jornalismo comunicação e
a nova ordem informacional

Disciplina
Semiótica, Teorias das mídias e Cultura digital

Carga-horária
30 Horas

Professor(a)
Dra. Maria Lucia Santaella Braga

Mini currículo
Lucia Santaella é pesquisadora 1 A do CNPq,
professora titular da Puc-SP. Publicou 53 livros e
organizou 29, além da publicação de quase 500
artigos no Brasil e no exterior. Recebeu os prêmios
Jabuti (2002, 2009, 2011, 2014), o prêmio Sergio
Motta (2005) e o prêmio Luiz Beltrão (2010).

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pouco mais sobre
a professora
acessando
o QR CODE.

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Apresentação
da disciplina
Desde o final do século 19, as linguagens, na semiótica
chamadas de signos e sistemas de signos, estão
crescendo e suas misturas se tornando cada vez mais
complexas. Esse crescimento da complexidade é
devido à velocidade com que a cultura digital vem
se desenvolvendo. Para entender essa cultura e seu
caráter disruptivo iremos ver que as culturas anteriores
não desapareceram mas se refuncionalizam, de modo
que a cultura digital, hoje na sua segunda fase, a fase da
dataficação, apresenta um alto grau de complexidade
resultante de uma hiperhibridização transformadora
que deixa à mostra as contradições e paradoxos do
mundo em que vivemos.
Nesta disciplina esperamos levar vocês a uma melhor
compreensão justamente das ambivalências de nossas
vidas datificadas. Compreender melhor é o caminho
mais indicado para agir melhor.

Temas da disciplina
Os temas desta disciplina foram organizados em uma forma arbórea. Assim, eles
se dividem em quatro troncos que se subdividem em oito ramos, dois ramos para
cada tronco. Vejamos como isso está desenhado no diagrama abaixo:

Tema 01: A relevância da semiótica 01.1 Por que a semiótica vai além da linguística?
como matriz para o entendimento As várias semióticas e seus propósitos.
da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea 01.2 A hipermídia e a transmídia como linguagens das
hipercomplexa. redes, das múltiplas plataformas e aplicativos.

02.1 As eras culturais precedentes: oralidade, escrita,


Tema 02: Desenvolvimento da impressa, massiva, midiática e como elas permanecem
cibercultura e o estágio em que vivas e transformadas pelo domínio do digital.
hoje se encontra.
02.2 A característica híbrida da cultural digital.

Tema 03: Desenvolvimento 03.1 Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0


acelerado da Web e a
caracterização de suas fases. 03.2 A hiperhibridização, hiperconectividade e
hipermobilidade da Web 4.0.

Tema 04: O big data, a inteligência 04.1 Big data e ciência dos dados
artificial e a passagem da
digitalização à dataficação.
04.2 A dataficação do eu, seus paradoxos e seus
efeitos psíquicos.

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05 A relevância da semiótica como
matriz para o entendimento da
multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea
hipercomplexa | Tema 01

06 01.1 Por que a semiótica vai além da


linguística? As várias semióticas e seus
propósitos.

07 01.2 A hipermídia e a transmídia como


linguagens das redes, das múltiplas
plataformas e aplicativos.
08 Leituras obrigatórias
09 Referências

10 O desenvolvimento da
cibercultura e o estágio em que
hoje se encontra | Tema 02

11 02.1 As eras culturais precedentes:


oralidade, escrita, impressa, massiva,
midiática e como elas permanecem vivas
e transformadas pelo domínio do digital

11 02.2 A característica híbrida


da cultural digital
12 Leituras obrigatórias
12 Referências

13 O desenvolvimento acelerado da
Web e a caracterização de suas
fases | Tema 03
14 03.1 Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0
15 03.1 A hiperhibridização,
hiperconectividade e hipermobilidade
da Web 4.0
16 Leituras obrigatórias
16 Referências

17 O big data, a inteligência artificial


e a passagem da digitalização à
dataficação | Tema 04
18 04.1 Big data e ciência dos dados
18 04.2 A dataficação do eu, seus
paradoxos e seus efeitos psíquicos
19 Leituras obrigatórias
19 Referências

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conteúdos clicando
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A relevância da semiótica
como matriz para o
entendimento da multiplicação
de sistemas de signos na
cultura contemporânea
hipercomplexa.

Tema 01

Há 50 anos, o Teatro FAAP é referência no


circuito de artes cênicas na cidade de São Paulo.
Oferece, além de espetáculos de qualidade,
o curso Teatro para Executivos, voltado a
profissionais que desejam melhorar sua
comunicação.

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5
A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa

Pode-se dizer que, comparada a outras ciências e disciplinas, a semiótica é uma


ciência jovem que tem por objeto todos os tipos possíveis de linguagem. Portanto,
ela é distinta da linguística que apenas estuda a linguagem verbal. Por que a semiótica
surgiu? Há explicações para isso.

O mundo está ficando cada vez mais povoado de linguagens, signos, sinais, símbolos.
As linguagens – cada qual com sua materialidade e suporte próprios, palavras nos
jornais, nas revistas e livros, imagens nas fotografias, cinema e vídeos, sons, músicas
e canções no rádio e nos antigos CDs – de repente todos puderam ser digitalizados,
adquirindo com isso um passaporte que lhes dá acesso às máquinas.

Dentro dos computadores, todas as


linguagens juntam-se e confraternizam-se na
criação de linguagens híbridas, misturadas
que passaram a ser chamadas de hipermídia.

Por que a semiótica vai além da linguística?


As várias semióticas e seus propósitos

As linguagens crescem e se multiplicam na medida mesma em que são ininterruptamente


inventados os meios que as produzem, reproduzem, meios estes que as armazenam e difundem.

Do livro para o jornal, da fotografia, gravador de som e cinema para o rádio, televisão e vídeo, da
computação gráfica para a hipermídia são todos nítidos índices de que não pode haver descanso
para o destino simbólico do ser humano; destino que hoje encontra seu clímax nas milhares de
redes planetárias de computadores interligados na formação de um ciberespaço dominado pela
internet, um vasto labirinto comunicacional feito de impulsos eletrônicos e informação.

A semiótica é uma ciência que adquiriu ímpeto, justamente em meados do século passado,
quando os meios de comunicação já se faziam presentes na vida social introduzindo grandes
modificações em todas as esferas da cultura.

Como diz Umberto Eco, não há cultura sem


comunicação e não há comunicação sem signos.

Nunca tanto quanto agora a semiótica se tornou tão importante para que possamos
compreender como os signos agem e como determinam as formas de comunicação que
estão se tornando cada vez mais complexas.

De fato, foi justamente nas décadas de 1960-1970 que se deu o clímax da cultura de massas,
já composta pelo jornal, cinema, publicidade e, então, amadurecida pelo rádio e TV como
uma cultura da difusão de informações e de entretenimento.

Foram muitas as consequências socioculturais devidas às misturas nas


antigas separações entre cultura erudita versus popular e mesmo nas
transformações psíquicas decorrentes de novos hábitos implantados nos
estilos de vida dos receptores.

Mas o início dessas transformações já começaram na revolução industrial,


com os novos aparelhos que ela trouxe para a produção, reprodução e
difusão de tipos de signos diversificados, o universo da cultura e da vida
cotidiana deixou de ser exclusivamente verbal.

6
A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa

Acesse o podcast
“Hipermídia e
E os outros tipos de signos, antes reclusos às salas de teatro, concertos e
transmídia como museus, passaram a habitar nossos lares, entrando em nossas casas com a
linguagens do nosso
tempo” via QR CODE: mesma facilidade com que entram a água e a luz. Importante lembrar disso,
para que sejam mantidos os rastros do passado de modo a entender o atual
estado de coisas que emergiu a partir da revolução digital. Quando falamos
de comunicação e cultura nunca se deve perder a dimensão do tempo, pois
o imediato engana.

A hipermídia e a transmídia como


linguagens do nosso tempo

Desde os anos 1990 o computador foi, cada vez mais, transformando-se em uma mídia de
todas as mídias produtoras de signos que nele se misturam e se complementam em sua
própria morfogênese e são transportados no tempo e no espaço a uma velocidade que faz
inveja à luz.

Instaurou-se com isso a comunicação planetária, a galáxia da internet, hoje inundada


de mídias sociais, motores de busca, aplicativos e, junto com isso tudo, engendrou-se a
inteligência coletiva sempre paradoxal e contraditória, hoje monitorada pelos algoritmos
de inteligência artificial. Estes, à sua maneira, dão conta da avalanche de dados que correm
pelos ares e que já estão se abrigando nas próprias coisas ao nosso redor.

Sobre este tema, sugiro que você ouça o podcast, Hipermídia e transmídia como linguagens
do nosso tempo, que aprofundo ainda mais o conteúdo. Acesse o QRCode e confira. (pág 07)

O que se pode inferir disso? O mundo está demandando, exigindo uma atenção
competente aos modos como os signos são capazes de produzir sentido, como
se dão as passagens entre signos e quais são os processos multideterminados
que entram em ação quando os signos são interpretados.

A semiótica propõe-se realizar essas tarefas. Aprender a ler signos significa


aprender a ler o mundo, pois eles não apenas correm o tempo todo pelas
nossas mentes quanto também convivemos com signos externos em cada
instante em que existimos. Existem signos dos mais variados tipos.

Os signos partem de três grandes matrizes:

01. Sonora;

02. Visual;

03. Verbal;

E vão se desdobrando em uma diversidade de tipos e de misturas.

Reconhecer os tipos de signos é importante porque um texto


não tem o mesmo potencial de significar de um audiovisual e
vice-versa, por exemplo. Uma música chega a nós de modo
diferente de um meme, outro exemplo. É por isso que a
semiótica nos ajuda a fazer sentido das misturas de signos que
se fazem presentes nas duas linguagens do nosso tempo: a
hipermídia e a transmídia.

Não é por acaso que damos início à nossa disciplina pelas


questões de linguagem, pois elas estão na base dos modos de
acesso e conhecimento que temos do mundo. 7
A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa

Transmissão digital Hoje as linguagens com as quais convivemos, de modo mais


dominante são a hipermídia e a transmídia.Por que esses tipos
significa a conversão de de linguagem são dominantes? Vejamos.
sons, imagens, animações,
No início do século 21, as linguagens humanas e os meios de
textos, vídeos e formas comunicação em que elas transitam entraram em uma nova
gráficas para formatos que era. Os avanços tecnológicos associados com a sociedade da
informação resultaram na passagem de todas as mídias para a
são legíveis ao computador. transmissão digital.

É esse processo que passou a ser chamado de “convergência das mídias”. Convivendo em
um só espaço, que costumávamos chamar de “ciberespaço”, a composição de todas essas
linguagens em unidades comuns é o que define a hipermídia.

Por que hiper? Basta entrar na rede e interagir com as linguagens que ela nos apresenta para
ter a experiência das hiperconexões oferecidas, ou seja, saltamos de um tópico a outro e
vamos compondo mentalmente a informação. Com isso, fomos aprendendo a desenvolver
novos tipos de operações mentais não lineares, muito distintas da leitura de um livro.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/podcasts/, acesso em: 18 de março de 2022.

Fonte: https://www.folha.uol.com.br/, acesso em: 18 de março de 2022.

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A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa

Quanto à transmídia, ela resultou da multiplicação de plataformas e aplicativos. A informação


não salta de um ponto a outro como se dá nas redes computacionais, da hipermídia, mas
salta de uma mídia para outra. Assim, o tema de um filme pode desdobrar-se em um game,
uma animação pode sintetizar a informação de um texto e assim por diante.

Isso se tornou possível porque vivemos no trânsito entre telas que, por incrível que
pareça ,hoje estão todas elas concentradas na telinha do celular. Nossos delicados cliques
nos celulares são hoje comandos de transporte de uma informação a outra, de um
entretenimento a outro e, por que não? De um conhecimento a outro.

Em suma: os jovens que já nasceram e foram crescendo nesse mundo multitelas não podem
imaginar o quanto o mundo mudou. Mas já podem imaginar que ele não vai parar de mudar,
pois os avanços das tecnologias da inteligência seguem em ritmo veloz.

Leituras obrigatórias:

01 Dossiê Semiótica. Revista Cult, volume 23, n. 260, 2020.

02 SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2012

Leituras complementares:
1. SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua. São Paulo:
Paulus, 2013, p. 231-250.

2. SANTAELLA, Lucia. Semiótica aplicada. São Paulo:


Cengage Learning. 2019.

3. NÖTH, Winfried, SANTAELLA, Lucia. Introdução à


semiótica. São Paulo: Paulus:2017.

4. NÖTH, Winfried. Panorama da Semiótica. De Platão


a Peirce. São Paulo: Annablume, 1995.

5. NÖTH, Winfried. Semiótica no século XX. São Paulo:


Annablume, 1996.

Referências
SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua. São Paulo: Paulus, 2013, p. 231 -250.

9
O desenvolvimento
da cibercultura e o
estágio em que hoje
se encontra

Tema 02

Local de conexão e troca de experiências entre


os alunos de todos os cursos. Permite uma rica
imersão cultural com várias obras de artistas
renomados.

10
10
O desenvolvimento da cibercultura
e o estágio em que hoje se encontra

Chegamos agora ao momento em que é preciso caminhar para o modo


como as linguagens e as mídias agem comunicacionalmente na cultura. Para
compreender as condições atuais arquicomplexas em que diferentes mídias
convivem, se afastam, se aproximam, se misturam criando malhas muito densas
de linguagens, tenho defendido que precisamos contemplar um arco-íris
histórico muito amplo e retroceder nele até o momento em que os primeiros
processos de comunicação e sociabilidade humana ocorreram.

Isso nos levará a perceber como se dá o processo evolutivo e as transformações


pelas quais a comunicação e a cultura foram passando no decorrer do tempo.

As eras culturais precedentes: oralidade,


escrita, impressa, massiva, midiática e como
elas permanecem vivas e transformadas
Caracterizo os processos evolutivos como eras culturais que se sucedem, a saber, a
oralidade, a escrita, a cultura livresca, a massiva, a midiática e, por fim, a cultura digital.

A passagem de uma era à outra vai deixando claro que, desde a escrita, é a memória
humana que se livra da fragilidade e vulnerabilidade da memória biológica e mortal,
estendendo-se para fora do corpo na constituição de uma memória coletiva que foi
crescendo até atingir hoje o estágio do Google, uma hiper memória coletiva.

Figura 01 - Sucessão de Eras Culturais

01 02 03 04 05 06
Oralidade Escrita Livros Massas Mídias Digital

Fonte: Autoria própria.

Chamo atenção para o fato de que, seguindo McLuhan, os meios de comunicação empregados,
os tipos de linguagens que eles fazem circular, e a diversidade de mensagens que possibilitam
seus intercursos sociais, porque moldam modos de pensar, sentir e agir, são capazes de criar
novos ambientes socioculturais em todas as suas esferas, econômicas, políticas e culturais.

Vamos partir do princípio de que a cultura humana funciona cumulativamente. Querem algumas
provas disso? Por acaso o ser humano deixou de falar, de conversar porque a imprensa levou
a linguagem escrita à explosão? Deixamos de usar caneta e papel porque temos um tablet? O
que realmente acontece é uma refuncionalização constante das eras anteriores quando novos
aparatos comunicacionais aparecem.

A característica híbrida da cultura digital


O fato de que os meios de comunicação mais atuais fiquem na superfície mais visível da cultura
não quer dizer que outros meios de comunicação e de formação cultural anteriores tenham
desaparecido. Isso se torna muito evidente hoje, quando os celulares se tornaram aderências
corporais, sem os quais se tornou difícil viver e conviver. Embora pareçam muito invasivos, esses
dispositivos estão apenas absorvendo boa parte das funcionalidades dos meios de comunicação
que vieram antes deles.

11
O desenvolvimento da cibercultura e o
estágio em que hoje se encontra

Acesse a Por isso, são tão enfaticamente criticados pelas gerações mais velhas que sentem
vídeoaula “O nostalgia dos tempos em que, para conversar, as pessoas precisavam contar com
desenvolvimento
da cibercultura”
a presença face-a-face dos seus interlocutores. O ser humano ainda precisa do
via QR Code: face-a-face, mas bem menos do que antes.

São tantas as mudanças no processo comunicativo instaurado pela mídia computacional


que, entre muitos outros deslocamentos, os tradicionais personagens – emissor e
receptor – mudaram de nome e passaram a se chamar usuários.

Diante disso, a cibercultura, quer dizer, a cultura do ciberespaço, o espaço informacional


das redes, desde que começou a se disseminar socialmente, foi acompanhada por uma
espécie de reconhecimento e consenso sobre o caráter revolucionário e sem precedentes
das transformações tecnológicas, comunicacionais e sociais que se anunciavam.

Acesse o podcast
“As eras culturais
que precederam Tal consenso unia tanto os que celebravam quanto os que lamentavam essas
a cultura digital”
via QR Code: transformações. O que apenas se pressentia naquelas alturas era o ritmo assombrosamente
veloz dos desenvolvimentos pelos quais a cultura digital estava fadada a passar.

Sobre as eras culturais que precederam a cultura digital, convido vocês a assistirem
a videoaula 02 e o podcast 01 em que nos debruçamos sobre este assunto,
direcionando no link do QRCode.

Leituras obrigatórias:

01 LÉVY, Pierre. Os três tempos da espírito. In: As tecnologias da


inteligência. São Paulo, 1997, p. 76-134.

02 SANTAELLA, Lucia. Seis formações comunicacionais e culturais. In:


Estética e semiótica. Curitiba: Intersaberes, 2019, p. 44-83.

Leituras complementares:
1. JOHNSON, Steven.Cultura da interface, Maria Luiza X. de A. Borges (trad.).
Rio de Janeiro: Zahar,1997, p. 7-35.

2, KELLY, Kevin. Para onde nos leva a tecnologia, Francisco Araújo da Costa
(trad.). Porto Alegre: Bookman, 2012, p. 27-46.

3. SHIRKY, Clay. A cultura da participação. Rio de Janeiro: Zahar, 2011

Referências
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem, Décio Pignatari
(trad.). São Paulo: Cultrix, 1969.

12
O desenvolvimento
acelerado da Web
e a caracterização
de suas fases

Tema 03

Local de conexão e troca de experiências entre


os alunos de todos os cursos. Permite uma rica
imersão cultural com várias obras de artistas
renomados.

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13
O desenvolvimento acelerado da Web
e a caracterização de suas fases

A partir dos anos 1970, quando ainda costumávamos considerar que a cultura
de massas, sem excluir as formações que a precederam, dominava no campo
da cultura, deram entrada no mercado pequenos aparelhos. Podemos
chamá-los de gadgets, porque pareciam inofensivos, meros brinquedos,
diante do poder englobante dos grandes impérios das redes de jornalismo,
rádio e televisão.

Trata-se dos dispositivos que passei a chamar


de cultura midiática, pois propiciaram o
surgimento de uma cultura do disponível:

Controle remoto;

Fotocopiadoras;

Videocassetes e aparelhos para gravação de vídeos

Equipamentos do tipo walkman e walktalk;

A indústria dos videoclips e videogames,

Filmes para serem alugados nas vídeo-locadoras;

Mais a TV a cabo.

A cultura digital foi


Olhando retrospectivamente, de fato, ao serem absorvidos, os
incorporando o que gadgets viraram poderosas plataformas e aplicativos da cultura digital.
antes eram gadgets, Basta citar o exemplo do walkman, que, há poucas décadas, tanta
alegria trazia aos usuários, hoje transformado no Spotify, ou, então,
transformando-os as vídeo locadoras e o vídeo cassete, tão libertadores na época, hoje
graças aos circuitos do transmutados no Netflix e outros.

digital que tudo devora.


Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0
Apesar das absorções, acho importante lembrar essa fase midiática
porque os dispositivos, tipo gadgets, começaram a minar os hábitos de
recepção que são próprios das mídias de massa, isto porque tiravam
o receptor da inércia, colocando-o na busca da informação e do
entretenimento de seu interesse.

Com isso, os fatores de centralização, sincronização e padronização,


característicos dos meios de massa, começaram a sofrer uma
concorrência cada vez mais desleal com a diversidade e liberdade de
escolha que a internet iria levar ao seu limite.

São tantas as mudanças no processo comunicativo instaurado pela mídia computacional


que, entre muitos outros deslocamentos, os tradicionais personagens – emissor e receptor
– mudaram de nome e passaram a se chamar usuários.

As redes criaram um novo protagonista, o usuário.


Sem ele, de fato, as redes não existiriam.

A cibercultura, quer dizer, a cultura do ciberespaço, o espaço informacional das redes,


desde que começou a se disseminar socialmente, foi acompanhada por uma espécie
de reconhecimento e consenso sobre o caráter revolucionário e sem precedentes das
transformações tecnológicas, comunicacionais e sociais que se anunciavam.

Tal consenso unia tanto os que celebravam quanto os que lamentavam essas transformações.
O que apenas se pressentia naquelas alturas era o ritmo assombrosamente veloz dos
desenvolvimentos pelos quais a cultura digital estava fadada a passar.
14
O desenvolvimento acelerado da Web
e a caracterização de suas fases

A nomenclatura das Webs 1.0, 2.0, 3.0 e atualmente 4.0 começou a ser empregada, depois
que a expressão “Web 2.0” foi apresentada pelo guru das redes, Tim O´Reilly, para se referir
a uma espécie de segunda geração de aplicativos, comunidades e serviços de que a Web seria
a grande plataforma. O que interessa para nós não é a numeração em si, mas aquilo que era
possível fazer nas redes em cada uma dessas fases, ou melhor, o que elas podiam e continuam
podendo fazer conosco. Vejamos:

Figura 02 - Fases da Web

Web Web Web Web


01 02 03 04

Fonte: Autoria própria.

Em sua versão 1.0 (1990-1999) a Web caracterizava-se pela conexão das informações, cuja
implementação tecnológica mais representativa estava nos portais corporativos, portais de
conteúdo, mecanismos de busca, websites, PIM (Personal Information Manager), PDAs, bases
de dados e servidores de arquivos. Foi apenas na passagem para a Web 2.0 (2000-2009) que os
usuários se tornaram os grandes protagonistas das redes.

Enquanto a Web 1.0 centrou-se no conteúdo


fornecido por uma pequena população que
dominava as técnicas das páginas estáticas,
a Web 2.0 passou a ter o foco no usuário.

Por isso, aquela foi uma época eufórica, pois celebrava-se a democratização da web por meio
da priorização dos conteúdos gerados e mantidos pela conectividade social. Hoje as fake news,
a desinformação e a destilação de ódio e antagonismos pelas redes nos coloca em uma fase
sombria, de anticlímax em relação às redes sociais.

É a conectividade entre pessoas que caracteriza a Web 2.0 cujas tecnologias básicas estavam
no groupware, nas Wikis, nos Weblogs, junto com portais de comunidades, o leilão eletrônico,
a instant messaging e, certamente, as redes sociais que explodiram como as meninas dos olhos
da Web 2.0. Eram elas: fotologs (Flickr e Fotolog), ferramentas de micromessaging (Twitter e
Plurk), e a febre o Orkut logo esquecido diante do sucesso do Facebook, com o tempo seguidas
por outras e, mais recentemente, pelo Tik Tok.

A hiperhibridização, hiperconectividade e
hipermobilidade da Web 4.0
A hiperconectividade, de que hoje dispomos, está aliada ao hiperhibridismo e à
hipermobilidade, ou seja, a mobilidade física somada à mobilidade informacional que vem
sendo chamada de onlife, um novo amálgama constitutivo da vida. Tudo isso não envolve só
as coisas, mas também as pessoas ao usarem dispositivos de conexão que lhes dão feedback
sobre suas atividades, saúde e fitness.

Esses dispositivos também envolvem o monitoramento de outras pessoas, como filhos ou


empregados munidos de sensores ou entrando e saindo de lugares sensorializados. Além de
pessoas, o monitoramento é capaz de atingir um grande número de tarefas, remotamente,
a partir de conexões com as residências, por exemplo, nas quais os sensores avisarão sobre
tudo, desde coisas que precisam de reparos até se o jardim já foi regado.
15
O desenvolvimento acelerado da Web
e a caracterização de suas fases

As formas de conexão estão passando por mutações em que os ambientes


Acesse a vídeoaula
“As fases aceleradas conectivos reticulares se tornam ecossistemas no interior dos quais, além da simples
da Web” via QR Code: transmissão de informações, criam-se condições habitativas específicas em que
se interconectam humanos e não humanos, quer dizer: humanos com humanos,
humanos com máquinas, humanos mediados por máquinas, máquinas com
máquinas, coisas com máquinas, coisas com coisas e coisas com humanos.

Esta não se limita ao ambiente externo ao humano, mas é


Em função disso, resultante de conexões que dissipam as tradicionais cisões
estamos inseridos em entre o mundo externo e o mundo interno.
Acesse o podcast
“A aceleração na uma nova dimensão
transformação das
fases da Web” ecoesférica que
via QR CODE:
Em nossa videoaula, as fases aceleradas da Web, e no
exprime uma nova podcast, A aceleração na transformação das fases da
ecologia. Web, abordo mais sobre essa temática, acesse através
do link de QRCode.

Leituras obrigatórias:

01 LEMOS, André. Cibercultura. Tecnologia e vida social na cultura


contemporânea. Porto Alegre: Sulinas, 2002.

02 SPYER, Juliano. Conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

Leituras complementares
1. DI FELICI, Massimo.Net-Ativismo. Da ação social para o ato conectivo.
São Paulo: Paulus, 2017.

2. LÉVY, Pierre. O que é cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 2000.

3. MICONE. Andrea. O ponto de virada. A teoria da sociedade em rede.


In: Do público para as redes. Massimo Di Felice (org.). São Caetano do Sul:
Difusão, 2008.

4. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre, Sulina, 2009.

5. SIQUEIRA, Ethevaldo. Para compreender o mundo digital. São Paulo:


Ed. Globo,2008.

Referências
DI FELICI, Massimo. Net-Ativismo. Da ação social para o ato conectivo. São Paulo:
Paulus, 2017

16
O big data, a
inteligência artificial
e a passagem da
digitalização à
dataficação

Tema 04

Biblioteca/Filmoteca - Com mais de 1.000m², é


totalmente informatizada. Possui cerca de 97 mil
títulos para quem busca a excelência nas mais
variadas áreas.

17
17
O big data, a inteligência artificial e a
passagem da digitalização à dataficação

Entramos decididamente naquilo que muitos autores concordam que


seja uma segunda era da internet, a era dos dados e dos algoritmos de
inteligência artificial para o processamento e monitoramento dos dados.
Conforme a expressão já indica, big data são dados muito vastos para serem
processados em sistemas tradicionais, requerendo novas tecnologias para
serem monitorados de modo a extrair deles informação e conhecimento.

Ninguém duvida que vivemos hoje em meio a um tsunami de dados,


impulsionado pela proliferação de mídias sociais, juntamente com um
aumento de dispositivos móveis e em rede (Internet das Coisas), finanças e
varejo online, além de avanços no setor físico e setores de ciências da vida.

Por isso, o big data passou


a ser referido por três
Vs: volume, variedade e
velocidade. Mas de onde
vêm os dados?

Big data e ciência dos dados


São os próprios usuários
Tudo que cai nas redes transforma-se em dado de imediato absorvido
que incessantemente nos algoritmos de inteligência artificial e transformado em metadado
alimentam as redes para devolver a nós aquilo que deveremos querer. Todas as vezes em
que, ao usarmos as redes, vamos um pouco além das respostas reativas
a cada simples toque ao sistema, uma camada informacional de outra ordem de magnitude, a
nas telas e teclas dos nós desconhecida, é acrescida às redes.
dispositivos. Ela registra a história do perfil de nossas transações pessoais: o que
compramos, nossos trajetos no espaço urbano e seus padrões, nosso
perfil pessoal (sexo, idade, Cep e as demografias relacionadas, tais como
zona de moradia, classe social presumível etc.).

Isso passa por uma mineração de dados capaz de estabelecer padrões que combinam com perfis
conhecidos de um provável tipo de consumidor e que predizem o que você irá comprar em algum
momento seguinte e onde.

Para isso, os computadores trabalham com metadados que foram treinados para o que e onde olhar por
meio de algoritmos de redes neurais nos quais a performance é medida em termos de porcentagem de
falsos positivos ou falsos negativos.

Mais do que isso, toda informação em tempo real é correlacionada com dados históricos dos nossos
padrões de mobilidade, histórico de aquisições, interesses pessoais e preferências o que leva a
previsões acuradas sobre quais nossos desejos e necessidades poderão ser ou que ações iremos realizar
proximamente. Como se isso não bastasse, imaginemos, por exemplo, o que acontece quando os dados
de nosso perfil e timeline do facebook são adicionados a todo esse mix?

A dataficaçao do eu, seus paradoxos e seus efeitos psíquicos

A imensa proporção dos dados que alimenta as empresas, hoje chamadas de big techs (Google, Amazon, Meta,
Telegram, Tik Tok) provém de milhares de músicas, vídeos, textos, fotografias, etc., ou seja, expressões culturais
humanas. Portanto, é sobre elas que os modelos de IA são aplicados.

Com o aumento da capacidade de processamento e tratamento de dados, as máquinas tornam-se cada vez mais
potentes em executar funções, reconhecer padrões e tomar decisões baseadas em modelos preditivos. Vem daí
os sistemas de recomendação das plataformas como Amazon, Netflix, Spotify, Youtube, entre outras.

Isso significa que o acesso a conteúdo midiático – imagens, música, filmes, vídeos, e notícias – depende
da distribuição realizada por essas plataformas centralizadoras, que, ademais, condicionam o acesso aos
algoritmos proprietários nelas desenvolvidos.

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O big data, a inteligência artificial e a
passagem da digitalização à dataficação

Acesse a videoaula Vêm daí os sistemas de recomendação que nos entretêm, desde música,
“A passagem da filmes e também livros. São sistemas pautados no rastreamento e
digitalização para
a dataficação” monitoramento algorítmico dos acessos dos usuários às plataformas,
via QR Code: oferecendo apenas aquilo que se coaduna com um padrão fixo de
preferências.

Como sair desse círculo vicioso? Esta disciplina se


desenvolveu na pauta da esperança de que ela
possa ter contribuído para o desenvolvimento
da nossa capacidade crítica e criativa diante dos
Acesse o podcast
desafios que as sociedades tecnológicas estão
“O que são dados e
de onde eles vêm?” apresentando.
via QR Code:

Temos um podcast sobre “O que são dados e de onde eles vêm?” e a videoaula
sobre “a passagem da digitalização para a dataficação” que complementa ainda
mais o seu estudo. Direcione para o QRCode e confira.

Que a trajetória percorrida possa nos levar a pensar no papel que cada um de nós
deveria desempenhar para que possa se estreitar a brecha das contradições, inclusive
as brechas tecnológicas presentes nas abissais diferenças sociais do nosso país.

Leituras obrigatórias:

01 SANTAELLA, Lucia. A onipresença invisível da Inteligência


artificial. In: Inteligência artificial e redes sociais, Lucia Santaella
(org.). São Paulo: Educ, 2019, p. 11-26.

02 KAUFMAN, Dora. Desmistificando a inteligência artificial. Belo


Horizonte:Autêntica,2022

Leitura complementar
1. LEE. Kai-Fu. Inteligência Artificial. Marcelo Barbão (trad.). Rio de Janeiro: Ed.
Globo,2019, p. 233.

2. TAULLI, Tom. Introdução à inteligência artificial, Luciana do A. Teixeira (trad.).


São Paulo: Apress, 2020, p. 37-61.

Referências
TAULLI, Tom. Introdução à inteligência artificial, Luciana do A. Teixeira (trad.).
São Paulo: Apress, 2020, p. 37-61

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