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Informações
da disciplina
Curso
Comunicação global: jornalismo comunicação e
a nova ordem informacional
Disciplina
Semiótica, Teorias das mídias e Cultura digital
Carga-horária
30 Horas
Professor(a)
Dra. Maria Lucia Santaella Braga
Mini currículo
Lucia Santaella é pesquisadora 1 A do CNPq,
professora titular da Puc-SP. Publicou 53 livros e
organizou 29, além da publicação de quase 500
artigos no Brasil e no exterior. Recebeu os prêmios
Jabuti (2002, 2009, 2011, 2014), o prêmio Sergio
Motta (2005) e o prêmio Luiz Beltrão (2010).
Conheça um
pouco mais sobre
a professora
acessando
o QR CODE.
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Apresentação
da disciplina
Desde o final do século 19, as linguagens, na semiótica
chamadas de signos e sistemas de signos, estão
crescendo e suas misturas se tornando cada vez mais
complexas. Esse crescimento da complexidade é
devido à velocidade com que a cultura digital vem
se desenvolvendo. Para entender essa cultura e seu
caráter disruptivo iremos ver que as culturas anteriores
não desapareceram mas se refuncionalizam, de modo
que a cultura digital, hoje na sua segunda fase, a fase da
dataficação, apresenta um alto grau de complexidade
resultante de uma hiperhibridização transformadora
que deixa à mostra as contradições e paradoxos do
mundo em que vivemos.
Nesta disciplina esperamos levar vocês a uma melhor
compreensão justamente das ambivalências de nossas
vidas datificadas. Compreender melhor é o caminho
mais indicado para agir melhor.
Temas da disciplina
Os temas desta disciplina foram organizados em uma forma arbórea. Assim, eles
se dividem em quatro troncos que se subdividem em oito ramos, dois ramos para
cada tronco. Vejamos como isso está desenhado no diagrama abaixo:
Tema 01: A relevância da semiótica 01.1 Por que a semiótica vai além da linguística?
como matriz para o entendimento As várias semióticas e seus propósitos.
da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea 01.2 A hipermídia e a transmídia como linguagens das
hipercomplexa. redes, das múltiplas plataformas e aplicativos.
Tema 04: O big data, a inteligência 04.1 Big data e ciência dos dados
artificial e a passagem da
digitalização à dataficação.
04.2 A dataficação do eu, seus paradoxos e seus
efeitos psíquicos.
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05 A relevância da semiótica como
matriz para o entendimento da
multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea
hipercomplexa | Tema 01
10 O desenvolvimento da
cibercultura e o estágio em que
hoje se encontra | Tema 02
13 O desenvolvimento acelerado da
Web e a caracterização de suas
fases | Tema 03
14 03.1 Web 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0
15 03.1 A hiperhibridização,
hiperconectividade e hipermobilidade
da Web 4.0
16 Leituras obrigatórias
16 Referências
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A relevância da semiótica
como matriz para o
entendimento da multiplicação
de sistemas de signos na
cultura contemporânea
hipercomplexa.
Tema 01
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A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa
O mundo está ficando cada vez mais povoado de linguagens, signos, sinais, símbolos.
As linguagens – cada qual com sua materialidade e suporte próprios, palavras nos
jornais, nas revistas e livros, imagens nas fotografias, cinema e vídeos, sons, músicas
e canções no rádio e nos antigos CDs – de repente todos puderam ser digitalizados,
adquirindo com isso um passaporte que lhes dá acesso às máquinas.
Do livro para o jornal, da fotografia, gravador de som e cinema para o rádio, televisão e vídeo, da
computação gráfica para a hipermídia são todos nítidos índices de que não pode haver descanso
para o destino simbólico do ser humano; destino que hoje encontra seu clímax nas milhares de
redes planetárias de computadores interligados na formação de um ciberespaço dominado pela
internet, um vasto labirinto comunicacional feito de impulsos eletrônicos e informação.
A semiótica é uma ciência que adquiriu ímpeto, justamente em meados do século passado,
quando os meios de comunicação já se faziam presentes na vida social introduzindo grandes
modificações em todas as esferas da cultura.
Nunca tanto quanto agora a semiótica se tornou tão importante para que possamos
compreender como os signos agem e como determinam as formas de comunicação que
estão se tornando cada vez mais complexas.
De fato, foi justamente nas décadas de 1960-1970 que se deu o clímax da cultura de massas,
já composta pelo jornal, cinema, publicidade e, então, amadurecida pelo rádio e TV como
uma cultura da difusão de informações e de entretenimento.
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A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa
Acesse o podcast
“Hipermídia e
E os outros tipos de signos, antes reclusos às salas de teatro, concertos e
transmídia como museus, passaram a habitar nossos lares, entrando em nossas casas com a
linguagens do nosso
tempo” via QR CODE: mesma facilidade com que entram a água e a luz. Importante lembrar disso,
para que sejam mantidos os rastros do passado de modo a entender o atual
estado de coisas que emergiu a partir da revolução digital. Quando falamos
de comunicação e cultura nunca se deve perder a dimensão do tempo, pois
o imediato engana.
Desde os anos 1990 o computador foi, cada vez mais, transformando-se em uma mídia de
todas as mídias produtoras de signos que nele se misturam e se complementam em sua
própria morfogênese e são transportados no tempo e no espaço a uma velocidade que faz
inveja à luz.
Sobre este tema, sugiro que você ouça o podcast, Hipermídia e transmídia como linguagens
do nosso tempo, que aprofundo ainda mais o conteúdo. Acesse o QRCode e confira. (pág 07)
O que se pode inferir disso? O mundo está demandando, exigindo uma atenção
competente aos modos como os signos são capazes de produzir sentido, como
se dão as passagens entre signos e quais são os processos multideterminados
que entram em ação quando os signos são interpretados.
01. Sonora;
02. Visual;
03. Verbal;
É esse processo que passou a ser chamado de “convergência das mídias”. Convivendo em
um só espaço, que costumávamos chamar de “ciberespaço”, a composição de todas essas
linguagens em unidades comuns é o que define a hipermídia.
Por que hiper? Basta entrar na rede e interagir com as linguagens que ela nos apresenta para
ter a experiência das hiperconexões oferecidas, ou seja, saltamos de um tópico a outro e
vamos compondo mentalmente a informação. Com isso, fomos aprendendo a desenvolver
novos tipos de operações mentais não lineares, muito distintas da leitura de um livro.
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A relevância da semiótica como matriz para o
entendimento da multiplicação de sistemas de
signos na cultura contemporânea hipercomplexa
Isso se tornou possível porque vivemos no trânsito entre telas que, por incrível que
pareça ,hoje estão todas elas concentradas na telinha do celular. Nossos delicados cliques
nos celulares são hoje comandos de transporte de uma informação a outra, de um
entretenimento a outro e, por que não? De um conhecimento a outro.
Em suma: os jovens que já nasceram e foram crescendo nesse mundo multitelas não podem
imaginar o quanto o mundo mudou. Mas já podem imaginar que ele não vai parar de mudar,
pois os avanços das tecnologias da inteligência seguem em ritmo veloz.
Leituras obrigatórias:
Leituras complementares:
1. SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua. São Paulo:
Paulus, 2013, p. 231-250.
Referências
SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua. São Paulo: Paulus, 2013, p. 231 -250.
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O desenvolvimento
da cibercultura e o
estágio em que hoje
se encontra
Tema 02
10
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O desenvolvimento da cibercultura
e o estágio em que hoje se encontra
A passagem de uma era à outra vai deixando claro que, desde a escrita, é a memória
humana que se livra da fragilidade e vulnerabilidade da memória biológica e mortal,
estendendo-se para fora do corpo na constituição de uma memória coletiva que foi
crescendo até atingir hoje o estágio do Google, uma hiper memória coletiva.
01 02 03 04 05 06
Oralidade Escrita Livros Massas Mídias Digital
Chamo atenção para o fato de que, seguindo McLuhan, os meios de comunicação empregados,
os tipos de linguagens que eles fazem circular, e a diversidade de mensagens que possibilitam
seus intercursos sociais, porque moldam modos de pensar, sentir e agir, são capazes de criar
novos ambientes socioculturais em todas as suas esferas, econômicas, políticas e culturais.
Vamos partir do princípio de que a cultura humana funciona cumulativamente. Querem algumas
provas disso? Por acaso o ser humano deixou de falar, de conversar porque a imprensa levou
a linguagem escrita à explosão? Deixamos de usar caneta e papel porque temos um tablet? O
que realmente acontece é uma refuncionalização constante das eras anteriores quando novos
aparatos comunicacionais aparecem.
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O desenvolvimento da cibercultura e o
estágio em que hoje se encontra
Acesse a Por isso, são tão enfaticamente criticados pelas gerações mais velhas que sentem
vídeoaula “O nostalgia dos tempos em que, para conversar, as pessoas precisavam contar com
desenvolvimento
da cibercultura”
a presença face-a-face dos seus interlocutores. O ser humano ainda precisa do
via QR Code: face-a-face, mas bem menos do que antes.
Acesse o podcast
“As eras culturais
que precederam Tal consenso unia tanto os que celebravam quanto os que lamentavam essas
a cultura digital”
via QR Code: transformações. O que apenas se pressentia naquelas alturas era o ritmo assombrosamente
veloz dos desenvolvimentos pelos quais a cultura digital estava fadada a passar.
Sobre as eras culturais que precederam a cultura digital, convido vocês a assistirem
a videoaula 02 e o podcast 01 em que nos debruçamos sobre este assunto,
direcionando no link do QRCode.
Leituras obrigatórias:
Leituras complementares:
1. JOHNSON, Steven.Cultura da interface, Maria Luiza X. de A. Borges (trad.).
Rio de Janeiro: Zahar,1997, p. 7-35.
2, KELLY, Kevin. Para onde nos leva a tecnologia, Francisco Araújo da Costa
(trad.). Porto Alegre: Bookman, 2012, p. 27-46.
Referências
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem, Décio Pignatari
(trad.). São Paulo: Cultrix, 1969.
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O desenvolvimento
acelerado da Web
e a caracterização
de suas fases
Tema 03
13
13
O desenvolvimento acelerado da Web
e a caracterização de suas fases
A partir dos anos 1970, quando ainda costumávamos considerar que a cultura
de massas, sem excluir as formações que a precederam, dominava no campo
da cultura, deram entrada no mercado pequenos aparelhos. Podemos
chamá-los de gadgets, porque pareciam inofensivos, meros brinquedos,
diante do poder englobante dos grandes impérios das redes de jornalismo,
rádio e televisão.
Controle remoto;
Fotocopiadoras;
Mais a TV a cabo.
Tal consenso unia tanto os que celebravam quanto os que lamentavam essas transformações.
O que apenas se pressentia naquelas alturas era o ritmo assombrosamente veloz dos
desenvolvimentos pelos quais a cultura digital estava fadada a passar.
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O desenvolvimento acelerado da Web
e a caracterização de suas fases
A nomenclatura das Webs 1.0, 2.0, 3.0 e atualmente 4.0 começou a ser empregada, depois
que a expressão “Web 2.0” foi apresentada pelo guru das redes, Tim O´Reilly, para se referir
a uma espécie de segunda geração de aplicativos, comunidades e serviços de que a Web seria
a grande plataforma. O que interessa para nós não é a numeração em si, mas aquilo que era
possível fazer nas redes em cada uma dessas fases, ou melhor, o que elas podiam e continuam
podendo fazer conosco. Vejamos:
Em sua versão 1.0 (1990-1999) a Web caracterizava-se pela conexão das informações, cuja
implementação tecnológica mais representativa estava nos portais corporativos, portais de
conteúdo, mecanismos de busca, websites, PIM (Personal Information Manager), PDAs, bases
de dados e servidores de arquivos. Foi apenas na passagem para a Web 2.0 (2000-2009) que os
usuários se tornaram os grandes protagonistas das redes.
Por isso, aquela foi uma época eufórica, pois celebrava-se a democratização da web por meio
da priorização dos conteúdos gerados e mantidos pela conectividade social. Hoje as fake news,
a desinformação e a destilação de ódio e antagonismos pelas redes nos coloca em uma fase
sombria, de anticlímax em relação às redes sociais.
É a conectividade entre pessoas que caracteriza a Web 2.0 cujas tecnologias básicas estavam
no groupware, nas Wikis, nos Weblogs, junto com portais de comunidades, o leilão eletrônico,
a instant messaging e, certamente, as redes sociais que explodiram como as meninas dos olhos
da Web 2.0. Eram elas: fotologs (Flickr e Fotolog), ferramentas de micromessaging (Twitter e
Plurk), e a febre o Orkut logo esquecido diante do sucesso do Facebook, com o tempo seguidas
por outras e, mais recentemente, pelo Tik Tok.
A hiperhibridização, hiperconectividade e
hipermobilidade da Web 4.0
A hiperconectividade, de que hoje dispomos, está aliada ao hiperhibridismo e à
hipermobilidade, ou seja, a mobilidade física somada à mobilidade informacional que vem
sendo chamada de onlife, um novo amálgama constitutivo da vida. Tudo isso não envolve só
as coisas, mas também as pessoas ao usarem dispositivos de conexão que lhes dão feedback
sobre suas atividades, saúde e fitness.
Leituras obrigatórias:
Leituras complementares
1. DI FELICI, Massimo.Net-Ativismo. Da ação social para o ato conectivo.
São Paulo: Paulus, 2017.
Referências
DI FELICI, Massimo. Net-Ativismo. Da ação social para o ato conectivo. São Paulo:
Paulus, 2017
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O big data, a
inteligência artificial
e a passagem da
digitalização à
dataficação
Tema 04
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O big data, a inteligência artificial e a
passagem da digitalização à dataficação
Isso passa por uma mineração de dados capaz de estabelecer padrões que combinam com perfis
conhecidos de um provável tipo de consumidor e que predizem o que você irá comprar em algum
momento seguinte e onde.
Para isso, os computadores trabalham com metadados que foram treinados para o que e onde olhar por
meio de algoritmos de redes neurais nos quais a performance é medida em termos de porcentagem de
falsos positivos ou falsos negativos.
Mais do que isso, toda informação em tempo real é correlacionada com dados históricos dos nossos
padrões de mobilidade, histórico de aquisições, interesses pessoais e preferências o que leva a
previsões acuradas sobre quais nossos desejos e necessidades poderão ser ou que ações iremos realizar
proximamente. Como se isso não bastasse, imaginemos, por exemplo, o que acontece quando os dados
de nosso perfil e timeline do facebook são adicionados a todo esse mix?
A imensa proporção dos dados que alimenta as empresas, hoje chamadas de big techs (Google, Amazon, Meta,
Telegram, Tik Tok) provém de milhares de músicas, vídeos, textos, fotografias, etc., ou seja, expressões culturais
humanas. Portanto, é sobre elas que os modelos de IA são aplicados.
Com o aumento da capacidade de processamento e tratamento de dados, as máquinas tornam-se cada vez mais
potentes em executar funções, reconhecer padrões e tomar decisões baseadas em modelos preditivos. Vem daí
os sistemas de recomendação das plataformas como Amazon, Netflix, Spotify, Youtube, entre outras.
Isso significa que o acesso a conteúdo midiático – imagens, música, filmes, vídeos, e notícias – depende
da distribuição realizada por essas plataformas centralizadoras, que, ademais, condicionam o acesso aos
algoritmos proprietários nelas desenvolvidos.
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O big data, a inteligência artificial e a
passagem da digitalização à dataficação
Acesse a videoaula Vêm daí os sistemas de recomendação que nos entretêm, desde música,
“A passagem da filmes e também livros. São sistemas pautados no rastreamento e
digitalização para
a dataficação” monitoramento algorítmico dos acessos dos usuários às plataformas,
via QR Code: oferecendo apenas aquilo que se coaduna com um padrão fixo de
preferências.
Temos um podcast sobre “O que são dados e de onde eles vêm?” e a videoaula
sobre “a passagem da digitalização para a dataficação” que complementa ainda
mais o seu estudo. Direcione para o QRCode e confira.
Que a trajetória percorrida possa nos levar a pensar no papel que cada um de nós
deveria desempenhar para que possa se estreitar a brecha das contradições, inclusive
as brechas tecnológicas presentes nas abissais diferenças sociais do nosso país.
Leituras obrigatórias:
Leitura complementar
1. LEE. Kai-Fu. Inteligência Artificial. Marcelo Barbão (trad.). Rio de Janeiro: Ed.
Globo,2019, p. 233.
Referências
TAULLI, Tom. Introdução à inteligência artificial, Luciana do A. Teixeira (trad.).
São Paulo: Apress, 2020, p. 37-61
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