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Cultura digital e
Tecnologias digitais de
informação e Comunicação
CULTURA DIGITAL E TECNOLOGIAS DIGITAIS
DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TDIC)
INTRODUÇÃO
Quando pensamos em tecnologias, logo temos a tendência a imaginar que os nativos di-
gitais (aquela geração que nasceu quase digitando) dominam as Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDICs). Utilizam celulares com maestria, comunicam-se pelas
redes sociais, acessam informações com velocidade e parecem protagonistas e criadores
de tecnologias digitais.
Será verdade? Nossos alunos realmente compreendem as TDICs. Em outras palavras, são
digitalmente letrados?
E nós professores, qual a nossa relação com a TDICs? Em nossas aulas, como nos utilizamos
dessas tecnologias? Elas impactam em nosso cotidiano, de alguma maneira?
Vamos usar como base para um sujeito alfabetizado como aquele que decodifica as estru-
turas. Conhece os códigos e está apto a ler e escrever. Então, o sujeito letrado é aquele que
tem sua relação com a língua escrita mais ampliada, interpretando textos, se utilizando da
língua como instrumento de comunicação crítico e consciente. Essa mesma ideia é aplicável
às tecnologias. Uma pessoa digitalmente letrada modifica sua relação com as linguagens di-
gitais, apropria-se delas e cria seus próprios textos. Sai do âmbito de usuária para criadora.
Nesse sentido, para que se possa falar em letramento digital, é necessário que o estudante
possa se apropriar dos códigos específicos das TDICs, compreendê-los e utilizá-los de manei-
ra a se comunicar, buscar e compreender a relação entre as informações e seus contextos.
Estabelecer relações entre as informações e a vida real, por exemplo. Será que nossos alu-
nos são letrados digitalmente?
Para que nossa interação não seja apenas a de receber e enviar mensagens síncronas ou
assíncronas, precisamos conhecer outros recursos, hoje de fácil acesso e uso, que podem
potencializar nossas condições de interpretação e compreensão, tais como recursos de edi-
ção de imagens, de fotos, de filmes, de músicas. Para essas funções existem softwares livres,
assim denominados pelo fato de serem ferramentas construídas de forma aberta e colabo-
rativa na rede, que podem garantir uma maior familiaridade com o que vemos e ouvimos
nos espaços das mídias digitais e também o discernimento necessário para compreender
nosso mundo da cultura digital.
A cultura digital pertence ao campo cultural das práticas simbólicas realizadas pelos gru-
pos sociais que têm como base as tecnologias digitais. Como “um campo vasto e potente,
pois pode estar articulada com qualquer outro campo além das tecnologias, como por
exemplo a arte, a educação, a filosofia, a sociologia etc.” (BRASIL, 2020, p.13)
Esse vasto campo se interconecta aos currículos, pois a escola não está isolada da socieda-
de e das práticas que acontecem para além dela, sobretudo porque como espaço de cultu-
ra, a escola é impactada pelas práticas que se desenrolam por meio das culturas de seus
sujeitos (alunos, professores e todas as equipes). A cultura digital produz novas maneiras de
acessar informações, buscar dados, de se comunicar, produzindo novas formas de aprender:
A educação já está imersa em processos digitais e não será mais possível deixar a relação
entre sala de aula e computadores. Em função do período de isolamento social, provocado
pela pandemia por conta do novo Coronavírus, as ferramentas digitais ocuparam a pauta
de ações das escolas, cooperando para a educação de crianças e jovens. Porém, nem todas
as crianças e jovens tem acesso a esse ensino remoto. Cabe à escola inserir todas as crian-
ças e jovens em uma cultura digital que não mais sairá do campo educacional obrigando
os currículos a repensarem seus processos de modo a compreender e incorporar práticas
híbridas.
São muitas as possibilidades para um currículo “digital”, com aberturas para outros textos e
outras plataformas com ações de investigação e criação de conteúdos, de textos múltiplos
com potenciais de abertura para novas linguagens e interfaces.
Vamos lembrar que a BNCC não é um currículo, mas uma estrutura que estabelece o que
todas as escolas precisam ter como diretriz para criar seus planos de ensino nas escolas.
Isso gera a necessidade de se debruçar sobre ela para pensar em como adaptar práticas já
realizadas nas escolas, alinhando-as aos pressupostos do documento.
No eixo cultura cabe pensar acerca da dimensão da ética e da cultura digital, construindo
um modo de estar no mundo relacionando-se com as tecnologias de maneira ética, dentro
de uma dimensão inserida em um contexto cultural, com pessoas se comunicando, se rela-
cionando, vivendo nas instâncias sociais.
As práticas estão entrelaçadas aos dois outros eixos. O que fazer? Como fazer? Para quê?
Concluindo
Para desenvolver currículos que possam contemplar a competência Cultura Digital é ne-
cessário pensar para além do uso das tecnologias, para realizar propostas que instiguem
os estudantes a compreender as tecnologias como forma de se comunicar com o mundo
contemporâneo em uma dimensão contextual, refletindo acerca de seu papel social e do
papel que as mídias têm. Os currículos precisam construir possibilidades de indagação e
de uso criativo das tecnologias de uma maneira reflexiva dentro de um pensamento crítico
em suas práticas sociais.
Ao trabalharem com elementos da cultura digital como leitores proficientes, como sujeitos
letrados, os estudantes serão capazes de se deslocar de um papel de usuários para o de
produtores de informação.
Para pensar: