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JOGOS E MODELAGEM NA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
CONTEXTUALIZANDO
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b. O potencial educativo dos jogos didáticos nas aulas de matemática.
Moura (1994, citado por Ribeiro, 2012), em seu livro A séria busca do jogo:
do lúdico na matemática, considera que a importância dos jogos didáticos está na
possibilidade de aproximar a criança do conhecimento científico, vivenciando
situações-problemas simuladas no jogo com o intuito de promover o ato de pensar
e criar estratégias para a solução de problemas, desenvolvendo o pensamento
abstrato.
Entretanto, na obra A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica,
Maria Cristina Trois Dorneles Rau (2012) considera, na educação infantil e nos
dois anos iniciais do ensino fundamental, as atividades lúdicas como uma maneira
de elucidar o conhecimento sobre a teoria e a prática, sendo não somente uma
exclusividade para o educando, mas também para o educador. A autora ressalta
a importância do entendimento sobre a atividade a ser aplicada e o tema a ser
desenvolvido por meio dessa atividade lúdica e, consequentemente, a melhor
maneira de sua exploração.
Para Rau (2012, p. 30),
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Trata-se do prazer de ensinar e do aprender, embasados na sua prática
pedagógica. Essa conexão estende-se para o educando, o qual, por intermédio
dos jogos, estimula e desenvolve o seu conhecimento. Essa atividade lúdica,
sendo dirigida e orientada, vai ao encontro dos objetivos educacionais a serem
atingidos. Rau (2012) cita como referência em jogos educativos a educadora e
escritora Tizuko M. Kishimoto (2008), em seu livro Jogo, brinquedo, brincadeira e
a educação, que considera a importância do jogo educativo, pois, por meio dessa
atividade, estariam envolvidas situações lúdicas, estimulando a diversão e o
prazer, e ao mesmo tempo, com a intervenção do educador, teria um objetivo
educativo no processo. Esse equilíbrio se faz necessário para o desenvolvimento
das ações do educando.
A intervenção do educador, para Rau (2012), não se limita apenas para
uma das atividades – no caso, a função educativa. Deve ocorrer um planejamento
em sua execução e também no jogo lúdico, e cabe ao educador estar preparado
para identificar todas as possíveis relações que serão desenvolvidas. Essa
atividade, por vezes, proporciona ações inesperadas, relativas ao campo
emocional e cognitivo do educando.
Nessas condições, Rau (2012, p. 34) considera que:
Jogar também passa por esse processo. Quando você entra na ação do
jogo, elabora metas (seus objetivos), prepara estratégias (sua ação
cognitiva e motora no jogo), escolhe caminhos, (elabora hipóteses),
brinca de “faz de conta” (vivencia papéis), raciocina e enfrenta desafios
(tenta superar os obstáculos), vivencia emoções e conflitos (alegria e
ansiedade), organiza o pensamento (supera os problemas, percebe
erros e acertos) e sintetiza (compreende resultados vencendo ou
perdendo).
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IV. “valor lúdico ao avaliar se os objetos possuem as qualidades que estimulam
o aparecimento da ação lúdica”.
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desencadeiam o nível de desenvolvimento potencial para uma zona
desenvolvimento proximal. O educador é o mediador nesse processo da
construção e reconstrução do conhecimento do educando. Essa intervenção
poderá ser definida desde o momento da escolha da atividade a ser desenvolvida
e suas respectivas ações, diante de um planejamento a ser executado pelo
educando, promovendo a reflexão e o raciocínio lógico, lidando com seus limites
e ansiedade, despertando a sua criatividade ao elaborar novas estratégias,
estimulando o seu aprendizado.
É necessário que o educador analise todas as variáveis envolvidas no
processo, desde o material adequado e o tempo necessário, verificando e
priorizando as possíveis características que determinada atividade proporcionará
na ação educativa. É necessário estar atento ao todo, aproveitar todas as relações
possíveis e estar preparado e capacitado para o momento do jogo didático,
fazendo as possíveis interações nas diversas áreas comuns, estimulando o
desenvolvimento e a aprendizagem do educando.
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visto que a criança precisa manipular os objetos; depois dessa etapa, ela, já tem
uma referência sobre o objeto, sendo colocada em prática.
Rau (2012) evidencia que, por meio da prática dos jogos educativos, ocorre
o desenvolvimento da aprendizagem, pois, nesse contexto, manifestam-se as
ações desencadeadas pelas situações expostas, promovendo o imaginário e o
pensamento abstrato. Desse modo, naturalmente ocorre a interatividade,
despertando o interesse em novas relações.
Ribeiro (2012) contempla essa mesma linha de pensamento ao citar Eva
Maria Siqueira Alves, em seu livro A ludicidade e o ensino de matemática, no qual
a autora considera que as atividades com jogos em grupo devem estar interligadas
dentro de um contexto, situando vários pontos para promover a interação e o
espírito de colaboração entre os participantes. Para tanto, é necessária uma
escolha criteriosa sobre a atividade a ser desenvolvida, para estabelecer a
conexão entre a participação ativa e desafiadora de seus integrantes. Os jogos
devem provocar situações, instigar o raciocínio, estimular a colaboração de todos,
promover a autoavaliação e o desempenho de seus integrantes, proporcionar por
meio da atividade o desenvolvimento da aprendizagem.
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II. “o desenvolvimento das áreas é simultâneo”;
III. “se uma área fica prejudicada em seu desenvolvimento, pode prejudicar o
desenvolvimento das outras”;
IV. “o desenvolvimento se dá na interação da criança com o meio”;
V. “a criança é autora do seu próprio desenvolvimento, mas precisa de
mediador cuja principal figura é o professor”.
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e demonstrar, o como e o porquê, de determinadas respostas certas ou
erradas”.
“Ciências físicas e naturais: jogar estimula a construção de um sistema de
pesquisa de observação, percepção dos fenômenos da vida e da natureza.
Trabalha com hipóteses, testagem de variações, observação do
desenvolvimento da partida, riscos, produção de conhecimento comparável
ao método científico”.
“Linguagem: o jogo possui um sistema de códigos com base em suas
regras e nas interações que lhe são permitidas, apontando as estruturas
lexicais, gramaticais. Jogar é comparável a produzir um texto – é
necessário interpretar para tomar decisões, conferir significações, atribuir
um sentido aos diferentes momentos da partida, coordenar ataque e
defesa, ordenar logicamente as jogadas. Assim como no texto, o jogo
possui início, meio e fim”.
O tema é, ainda, reforçado por Rau (2012) ao trabalhar com jogos didáticos
e suas diversas relações envolvidas e direcionadas, consideradas elementos
integrantes das áreas de conhecimento e dos saberes do educando.
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As atividades de ensino para essa metodologia não se aplicam a conceitos
e definições prontas, reforçados por uma lista de exercícios; pelo contrário, “os
conceitos matemáticos são construídos significativamente no processo de
resolução de problemas”.
Ribeiro (2012) considera as atividades com jogos de matemática uma
extensão para a resolução de problemas, criando estratégias para as atividades
da matemática, propiciando ao aluno o desenvolvimento de suas habilidades.
Nesse caso, o professor deve estar ciente da estratégia a ser aplicada para
que ocorra a conexão da atividade envolvendo o jogo na sala de aula e a
construção do conhecimento na aplicação de resolução de problemas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):
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“uma atividade desafiadora”, com o intuito de promover a construção do
conhecimento.
Entretanto, Rosely Palermo Brenelli, em seu livro O jogo como espaço para
pensar (2015), segue a linha de pensamento em torno da abordagem teórica
piagetiana, relatando a importância do jogo no contexto educacional sempre com
significado funcional, para que a criança, por meio da atividade, realize o processo
mental entre assimilação e acomodação do conteúdo apreendido, exercendo um
processo evolutivo, desencadeando a construção interna, bem como a adaptação.
Brenelli (2015), no segundo capítulo de seu livro, considera os jogos de
regras de suma importância, pois por intermédio dessa atividade ocorre a
compreensão e também a intervenção imediata no processo de ensino-
aprendizagem. A autora, citando Macedo (1992), na linha do construtivismo,
observa os jogos de regras como atividades exploratórias, no sentido da
construção do conhecimento com a possibilidade da intervenção ou não do
educador nesse processo, para direcionar o educando corretamente, se
necessário. Considera-se uma maneira de potencializar e criar novas perspectivas
no ato de pensar, redirecionando a ação do sujeito na construção e na
reconstrução do seu conhecimento.
A intervenção gera a retomada dos conceitos, uma análise consciente de
novas estratégias que deverão ser tomadas. Brenelli (2015) reforça sua tese ao
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citar Piaget: “a tomada de consciência não ocorre por uma ‘iluminação’, mas é
regida por mecanismos funcionais, por meio de regulações ativas que implicam
reconstruções sucessivas [...]”.
É independente a relação entre a ação e compreensão da ação. Piaget
considera três níveis de conhecimento:
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possíveis, no desenvolvimento de uma atividade. Enquanto o “feedback positivo”
é considerado uma compensação, tem caráter construtivo, tenta neutralizar um
efeito, mas não deixa de ser um reforço, o “feedback negativo” corresponde a um
instrumento de correção. Essa intervenção tem a finalidade de favorecer o
desenvolvimento da aprendizagem do educando, fazer com que observe seus
erros, investigue e analise as suas ações, e por meio da reflexão e da retomada
de ação, desenvolva a construção a reconstrução do conhecimento. Essa
consciência ativa entre a ação e a compreensão da ação, adjacente à interferência
do educador quando necessária, para Piaget procede à autonomia do educando.
Essa atualização da ação, por intermédio da autonomia, Piaget considera
a “reequilibração”. Por meio de novas estratégias, tentativas e invenções, devem
estar vinculadas com as regras do jogo, para que sejam “tornadas possíveis”.
Essas atividades visam sempre ao êxito, características da situação-problema
preestabelecido; o importante é observar o progresso do educando no “fazer” para
o “compreender”, em todo seu conjunto.
FINALIZANDO
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LEITURA OBRIGATÓRIA
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REFERÊNCIAS
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