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• Introdução

O trabalho mostrará a interseção entre religião, saúde, etnia e psicologia e


os encontros com as relações sociais e a subjetividade dos individuos.
Pretende-se aqui apresentar conceitos da antropologia, sociologia e psicologia,
abarcando vivências de cada integrante do grupo, os quais trarão relatórios
tanto de religiões de matrizes africanas, sendo, a Umbanda, o Espiritismo e a
linha Neo Xamanica introduzida nesse movimento New Age que perdura desde
os anos 70 até os dias de hoje.

Trazendo à tona essas interações e a importância de cada religião com a


subjetividade e como essas práticas sociais podem trazer ao indivíduo
repercussões na sua vida social, psíquica e na saúde dos mais variados
indivíduos, cada qual vivendo no momento histórico aos quais estão inseridos.

O trabalho acompanhará a ótica do CFP (Conselho Federal de Psicologia), no


que diz respeito aos cuidados e deveres que o profissional da Psicologia terá
ao tratar o tema da religião dentro de sua area especifica, pautados sempre na
ética e no respeito com esses indivíduos subjetivos.

1. Considerações do Conselho Federal de Psicologia e


as leis que abarcam a temática da religião.

Atualmente a profissão do psicólogo é regulamentada pelo CFP, o qual dita as


normas éticas e diretrizes aos quais os profissionais dessa área devem atuar,
no âmbito da religião e os aspectos aos quais devemos nos pautar, temos
atualmente algumas resoluções como a 07/2023 que diz:

“ ART 1°: A psicóloga e o psicólogo devem atuar segundo os


princípios éticos da profissão, pautando seus serviços no
respeito à singularidade e diversidade de pensamentos,
crenças e convicções dos indivíduos e grupos, de forma a
considerar o caráter laico do estado e da ciência psicológica.”

Na citação acima destaca-se a ênfase, na qual o CFP deterrmina como os


profissionais de psicologia devem pautar seus atendimentos, sempre levando
em consideração as singularidades e subjetividades de seus pacientes,
considerando também a laicidade do Estado brasileiro. Na mesma resolução
encontramos as seguintes diretrizes no ART 2°:

“A psicóloga e o psicólogo, no exercício profissional, devem


utilizar princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente
fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação
profissional, e considerar:

• - a laicidade como pressuposto do Estado


Democrático de Direito, fundado no pluralismo e na garantia
dos direitos fundamentais;

• - os aspectos históricos e culturais das experiências


espirituais e religiosas;

• - a dimensão da religiosidade e da espiritualidade


como elemento formativo das subjetividades e das
coletividades;

• - os aspectos históricos e culturais dos saberes dos


povos originários, comunidades tradicionais e demais
racionalidades não-hegemônicas presentes nos contextos
de inserção
profissional;
• - as vivências a-religiosas, agnósticas e ateístas de
indivíduos e grupos.”

Nesse ponto o CFP mostra a importância a qual deve-se tratar os aspectos


religiosos de todos os povos residentes no Brasil, o qual abarca diferentes
etnias, práticas sociais e religiosas, moldando assim a cultura e a subjetividade
de cada indivíduo, seja ele da Umbanda, do Espiritismo ou do Xamanismo e
demais religiões praticadas no pais. Acerca da atuação do psicólogo quanto a
religiosidade subjetiva dos indivíduos e até mesmo a sua própria crença e a
forma ao que deve ser pautado o trabalho do profissional, destacam-se na
resolução 07/2023, ART 3° e que são de importância para o presente trabalho:

“I - praticar ou ser conivente com quaisquer atos que


caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade ou opressão à crença religiosa;
II - induzir a crenças religiosas ou a qualquer tipo de
preconceito, no exercício profissional;
IV - utilizar instrumentos e técnicas psicológicas para criar,
manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos e
discriminações em relação à liberdade de consciência e de
crença religiosa;
VIII - exercer qualquer ação que promova fundamentalismos
religiosos e resulte em racismo, LGBTI+fobia, sexismo,
xenofobia, capacitismo ou quaisquer outras formas de violação
de direitos.(CFP ; ART 3°; 07/2023).”

2. Aparato legal pautado no Código Penal Brasileiro:

Com respeito às liberdades seguradas de todo indivíduo dentro de uma


sociedade, a qual destaca-se o Brasil como um estado laico, onde as
instituições e todo o aparato governamental deve ser livre, onde nenhuma
religião específica deve influenciar nos assuntos pautados, seja no poder
legislativo, judiciário ou executivo. Atualmente é assegurado pela constituição
federal de 1988, como consta no artigo 5° da mesma:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Dos
direitos e deveres individuais e coletivos; CAP.
I).”

Nesse excerto é possível identificar a liberdade a qual todos os indivíduos de


nossa sociedade gozam e possuem de acordo com a nossa constituição, desse
mesmo artigo é de suma importância alguns incisos, como o VI e VII (ART 5°;
CAP 1) que asseguram a liberdade religiosa de qualquer indivíduo dentro do
nosso Estado democratico de direito.

A Lei nº 14.532/2023 diz que é crime “escarnecer de alguém publicamente, por


motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática
de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.
Recentemente, acrescentou ao artigo 140 do Código Penal o parágrafo 3°, que
determina que, no caso do crime de injúria, se ela consistir na utilização de
elementos referentes a religião, a pena para o crime será de reclusão de um a
três anos e multa.

3. DSM V

É possível identificar no DSM-V a preocupação dos profissionais no que tange


o diagnóstico correto, pois a depender da cultura e prática religiosa de cada
individuo, a mesma poderá se interpretada de forma equivocada, como
esquizotípicas para outras populações e até mesmo para os profissionais da
psicologia. Segundo o DSM-V:

“A compreensão do contexto cultural da vivência da doença é


essencial para a avaliação diagnóstica e o manejo clínico
efetivo. Cultura refere-se a sistemas de conhecimento,
conceitos, regras e práticas que são aprendidos e transmitidos
de geração a geração. Cultura inclui linguagem, religião e
espiritualidade, estruturas familiares, estágios do ciclo da vida,
rituais cerimônias e costumes, bem como os sistemas morais e
legais (Pág 749; DSM-V).”

Com base nesse trecho do manual diagnóstico podemos entender a


importância na qual o contexto cultural, a religião e entre outros aspectos da
vida de um indivíduo são importantes no diagnóstico e no tratamento adequado
do quadro e do acompanhamento psicológico desses sujeitos. Não interpretar
erroneamente práticas religiosas normais como sintomas de transtorno mental;
os profissionais de saúde mental são encorajados a entender, respeitar e evitar
estigmatizar as crenças religiosas e espirituais dos pacientes, reconhecendo a
diversidade cultural e espiritual na avaliação clínica. Promovendo uma prática
clínica mais compassiva e eficaz, que respeita a diversidade cultural e espiritual
dos pacientes.

4. Aspectos positivos e negativos da religião na


saúde e vida cotidiana do individuo:

Para Torresan (2007) a religião, ao longo da história, desempenhou um papel


significativo na moldagem de normas sociais, valores, e até mesmo estruturas
políticas. As religiões muitas vezes oferecem sistemas de crenças que orientam o
comportamento e influenciam a forma como as pessoas veem o mundo e suas
interações sociais. Elas têm o poder de unir comunidades e fornecer um senso de
identidade e propósito aos seus seguidores. No entanto, também podem ser utilizadas
para controlar e manipular as massas, especialmente quando interpretadas de
maneira autoritária ou fundamentalista. Portanto, compreender a influência da religião
na sociedade é essencial para uma análise sociológica completa, pois ajuda a elucidar
como as crenças e práticas religiosas podem moldar as dinâmicas sociais, políticas e
culturais. É importante reconhecer tanto os aspectos positivos quanto os
potencialmente negativos desse poderoso fenômeno social para promover um diálogo
construtivo e uma convivência pacífica em nossa sociedade diversificada e
globalizada.

5. Possíveis “fatores positivos” e “fatores negativos”


da religião e da religiosidade sobre a saúde mental:

Paulo Dalgalarrondo ( p.260) traz de forma bem didatica uma importante


explicação sobre tais fatores.

A. Fatores ou efeitos positivos:

• Fornecer um conjunto de sentidos e significados plausíveis para a


existência, para o sofrimento e para a morte.

• Produzir e fornecer uma rede de apoio social acessível e


culturalmente aceitável para o sujeito.

• Estabelecer padrões comportamentais saudáveis em relação ao uso


de álcool, tabaco e drogas ilícitas.

• Fornecer padrões de coping relacionados a perdas vitais, como


viuvez, perda de amigos e parentes, envelhecimento.

• Oferecer formas ritualizadas de luto.

• Práticas rituais podem fornecer a sensação de pertença a um grupo,


de contato com o sagrado e de proteção divina, podem contribuir na
“realização” de sentimento religioso.

• Difundir a ideia de solidariedade e de igualdade, veiculando valores e


comportamentos relacionados à aceitação, tolerância, ajuda e apoio
a outras pessoas e grupos. Aparentados ao sentido de solidariedade
estariam a piedade, a caridade, o amor ao próximo e à natureza, etc.

B. Fatores ou efeitos negativos:

• Por meio da ideia maniqueísta de bem e de mal absolutos, figuras do


mal, como o demônio, podem disponibilizar um perseguidor constante.

• Diminuir a liberdade individual por meio de cobranças exigentes do


grupo sociorreligioso em relação tanto a comportamentos como a
pensamentos, fantasias e valores.

• Estabelecer padrões de conduta moral de difícil alcance, produzindo


uma sensação constante de culpa, insuficiência e baixa autoestima.

• Sujeitos com orientação homossexual, com identidade transexual ou


outros comportamentos que diferem da norma, embora muitas vezes
intensamente interessados na vida religiosa, sofrem rejeição e
discriminação por grupos religiosos nos quais nasceram ou querem
ingressar.

• Práticas rituais emocionalmente intensas podem desencadear episódios


psicóticos ou de outros transtornos mentais.

• Engendrar ideias sectárias de superioridade do próprio grupo e de


inferioridade de pessoas ou grupos externos ou distintos em termos
culturais, religiosos ou étnicos, ou de outra diferença de qualquer
natureza, estimulando assim o racismo, o sexismo, o classismo, o
etnocentrismo, o preconceito, a discriminação religiosa, etc.( citação no
livro).

6. O PAPEL DO PROFISSIONAL NO ACOLHEMENTO DA


RELIGIOSIDADE E A ESPIRITUALIDADE EM ALGUMAS
AREAS DA PSICOLOGIA:
Na Psicologia Clínica algumas dessas Práticas relacionadas nesse campo de
estudo estão:

• Avaliação da espiritualidade: A avaliação inicial do paciente pode incluir


perguntas sobre suas crenças religiosas, práticas espirituais,
experiências religiosas passadas e o papel da religião em sua vida.

• Treinamento de profissionais de saúde mental: Capacitar psicólogos e


outros profissionais de saúde mental para entender e respeitar as
crenças religiosas dos pacientes é fundamental para prestar um
atendimento eficaz e ético.

• Psicoterapia centrada no cliente: Abordagens de terapia centrada no


cliente reconhecem a importância da experiência individual do paciente,
incluindo suas crenças religiosas, e buscam criar um ambiente de apoio
para a exploração dessas questões.

• Terapia de integração religiosa: Muitos terapeutas utilizam abordagens


que integram a espiritualidade e a religião na terapia, ajudando os
pacientes a explorar como suas crenças religiosas podem afetar sua
saúde mental e emocional.

• Terapia cognitivo-comportamental religiosamente orientada: Esta


abordagem terapêutica adapta técnicas da terapia cognitivo-
comportamental para incorporar a espiritualidade e a religião na
intervenção, ajudando os pacientes a abordar questões específicas
relacionadas à sua fé.

• Psicoterapia pastoral: Líderes religiosos treinados, como pastores e


capelães, podem fornecer aconselhamento psicológico a indivíduos que
buscam orientação espiritual e emocional dentro do contexto de sua fé.

• Meditação e mindfulness religiosos: Práticas como a meditação cristã, a


meditação budista e outras formas de mindfulness religiosamente
orientado podem ser incorporadas em intervenções terapêuticas para
ajudar os pacientes a encontrar paz interior e alívio do estresse.

• Grupos de apoio religioso: Muitas comunidades religiosas organizam


grupos de apoio para pessoas que enfrentam desafios de saúde mental,
como depressão, ansiedade ou vícios. Esses grupos oferecem suporte
emocional e espiritual.

• Terapia familiar baseada na religião: Em algumas culturas e tradições


religiosas, a terapia familiar pode ser adaptada para incluir elementos
espirituais e religiosos, reconhecendo a importância da família na
promoção da saúde mental.

• Intervenções espirituais específicas: Dependendo da religião e das


crenças do paciente, intervenções específicas, como a oração, a leitura
de textos religiosos ou rituais de cura, podem ser incorporadas ao
tratamento.

• Educação em saúde baseada na religião: Muitas organizações religiosas


desempenham um papel ativo na promoção da saúde, fornecendo
informações sobre prática saudáveis e prevenção de doenças dentro do
contexto de suas crenças religiosas
• Terapia de exposição e prevenção de resposta: Quando as crenças
religiosas estão ligadas a obsessões ou compulsões, a terapia de
exposição e prevenção de resposta pode ser utilizada para abordar
transtornos obsessivo-compulsivos religiosos.

• Terapia de grupo: Grupos terapêuticos podem fornecer um ambiente de


apoio onde os pacientes podem discutir suas experiências religiosas e
compartilhar estratégias de enfrentamento.

• Intervenções de promoção da resiliência: Trabalhar com pacientes para


fortalecer sua resiliência emocional e espiritual pode ser uma
abordagem eficaz em situações de estresse relacionadas à religião.

• Terapia de casal e familiar: Quando as diferenças religiosas ou conflitos


relacionados à religião afetam relacionamentos familiares ou conjugais,
a terapia de casal ou familiar pode ser benéfica.

• Intervenções de apoio em crises religiosas: Para indivíduos que estão


passando por uma crise de fé ou estão se questionando sobre suas
crenças religiosas, intervenções de apoio especializado podem ser úteis.

• Psicólogos e conselheiros treinados em espiritualidade podem oferecer


aconselhamento específico para questões religiosas e espirituais.

Em seu texto " Encontros e desencontros da psicologia e religião: como


acolher a religiosidade e a espiritualidade na clínica psicologica” a autora: Maria
Inês Aubert diz:

“... o acolhimento da religiosidade e da

espiritualidade na clínica psicológica, aponta para algumas


especificidades, tais como: a formação do psicólogo, pois os
cursos de Psicologia no Brasil não oferecem uma disciplina que
o ajude a lidar com tais componentes; o preconceito de muitos
profissionais de agregar ao trabalho clínico informações de
outros campos, em especial o religioso; o uso de terminologia
adequada que exige conceituações, como o que é
religiosidade, o que é espiritualidade."

Sendo assim faz se necessario a ressalva de que a eficácia dessas práticas,


pode variar de acordo com a cultura, religião e preferências individuais do
paciente, é imperativo abordar essas abordagens de maneira sensível e
respeitosa, levando em consideração as crenças e valores do paciente. Além
de estar em total conformidade com a Constituição Federal vigente e as
diretrizes do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e dos Conselhos Regionais
de Psicologia (CRP).

No âmbito da Psicologia Jurídica, as práticas que estão ligadas à religião dos


pacientes podem ser relevantes em várias situações e contextos,
principalmente quando a religião do paciente desempenha um papel
significativo em questões legais ou forenses. Alguns exemplos de práticas
relacionadas à religião dos pacientes na psicologia jurídica incluem:

• Avaliação da competência legal: A religião do paciente pode ser um


fator relevante na avaliação de sua competência para tomar decisões
legais, como testamentos, acordos de divórcio, questões de guarda
de filhos e outros assuntos jurídicos. Os psicólogos podem avaliar
como a religião do paciente afeta sua capacidade de tomar decisões
informadas e racionais.

• Avaliação da capacidade parental: Em casos de disputa de guarda


de filhos, a religião do paciente pode ser considerada na avaliação
da capacidade parental. Os psicólogos podem avaliar como as
crenças religiosas do pai ou da mãe podem afetar o bem-estar e o
desenvolvimento dos filhos.

• Avaliação de delitos relacionados à religião: Em casos de crimes


relacionados à religião, como crimes de ódio religioso ou extremismo
religioso, os psicólogos podem ser chamados para avaliar a saúde
mental dos réus, bem como a influência de suas crenças religiosas
em suas ações.
• Mediação de conflitos religiosos: Em disputas legais ou casos de
discriminação religiosa, os psicólogos podem atuar como mediadores
para ajudar a resolver conflitos entre as partes envolvidas,
considerando as diferenças religiosas e culturais.

• Apoio a vítimas de discriminação religiosa: Psicólogos podem


oferecer apoio psicológico a indivíduos que foram vítimas de
discriminação religiosa, auxiliando-os na navegação de questões
legais e emocionais relacionadas ao trauma.

• Avaliação de alegações de coerção religiosa: Em casos de


alegações de coerção religiosa, como casos de seita ou manipulação
religiosa, os psicólogos podem avaliar a influência psicológica e
emocional exercida sobre os indivíduos envolvidos.

• Terapia de grupo para infratores religiosos: Em alguns casos, pode


ser benéfico oferecer terapia de grupo para infratores que cometeram
crimes com motivações religiosas, visando à reabilitação e à
prevenção de reincidência.

• Testemunho especializado: Psicólogos especializados em psicologia


jurídica podem ser chamados como testemunhas especializadas em
tribunais para fornecer informações sobre como a religião do
paciente pode estar relacionada ao caso legal em questão.

É imperativo que os psicólogos que atuam na área da psicologia jurídica


abordem as questões religiosas de forma imparcial, respeitando integralmente
a liberdade religiosa dos pacientes e aderindo estritamente às diretrizes éticas
e profissionais pertinentes. Deve-se priorizar a avaliação do modo como a
religião se relaciona com os aspectos legais e psicológicos dos individuos
envolvidos no caso, com o objetivo de garantir um julgamento imparcial e
respeitoso para todas as partes envolvidas.

Este compromisso com a imparcialidade, respeito e equidade está em


conformidade direta com a Constituição Federal brasileira, as diretrizes
estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pelos Conselhos
Regionais de Psicologia (CRP), bem como o Código de Ética do Psicólogo.
Além disso, os psicólogos devem estar cientes das disposições do Código
Penal, do Código Civil Brasileiro e do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) que possam ser aplicáveis ao contexto jurídico em questão. Esses
referenciais legais e éticos servem como pilares fundamentais para orientar a
atuação profissional responsável e ética na psicologia jurídica.
Na área da Psicologia Hospitalar cabe ao profissional, concentrar-se na
avaliação e no tratamento das necessidades psicológicas dos pacientes que
estão enfrentando doenças ou tratamentos médicos em ambiente hospitalar.
Em alguns casos, as crenças religiosas e espirituais dos pacientes podem ser
uma parte significativa de suas vidas e, portanto, é importante que os
psicólogos hospitalares estejam cientes e abertos a abordar questões
religiosas quando apropriado. Algumas práticas do psicólogo no âmbito da
psicologia hospitalar que podem envolver a religião do paciente incluem:

• Avaliação e apoio ao enfrentamento religioso: Os psicólogos


hospitalares podem avaliar como a religião do paciente influencia sua
compreensão da doença, suas estratégias de enfrentamento e seu
bem-estar emocional. Eles podem oferecer apoio emocional e
psicológico que leve em consideração as crenças religiosas do
paciente.

• Apoio espiritual e aconselhamento religioso: Quando solicitado pelo


paciente, os psicólogos hospitalares podem ajudar a facilitar a visita
de líderes religiosos ou capelães para fornecer apoio espiritual e
aconselhamento religioso. Eles também podem colaborar com esses
profissionais para garantir que o paciente receba o suporte
necessário.

• Respeito às práticas religiosas: Os psicólogos devem respeitar as


práticas religiosas do paciente, como a realização de rituais, orações
ou leituras religiosas. Eles podem criar um ambiente hospitalar que
acomode essas práticas sempre que possível.

• Discussões sobre o significado da vida e da morte: Em situações em


que a saúde do paciente é grave ou terminal, os psicólogos
hospitalares podem ajudar os pacientes a explorar suas crenças
religiosas sobre a vida, a morte e o significado da existência,
proporcionando um espaço para discussões profundas e
significativas.

• Apoio à tomada de decisões de tratamento: Em algumas situações,


as crenças religiosas do paciente podem afetar suas decisões de
tratamento médico. Os psicólogos podem auxiliar na compreensão
dessas decisões e na comunicação com a equipe médica para
garantir que os desejos do paciente sejam respeitados.
• Avaliação da ansiedade religiosa: Em casos de ansiedade
relacionada à religião, como preocupações com o destino espiritual
após a morte, os psicólogos hospitalares podem oferecer apoio e
intervenção para aliviar o sofrimento psicológico.

• Apoio ao luto e ao enfrentamento de perdas: Quando um paciente ou


seus entes queridos enfrentam uma perda, os psicólogos
hospitalares podem ajudar a lidar com o luto, respeitando as crenças
religiosas do paciente sobre a vida após a morte e o processo de
luto.

É fundamental que os psicólogos hospitalares estejam cientes da importância


da religião na vida de muitos pacientes e que abordem essas questões de
forma sensível e respeitosa. Eles devem sempre respeitar a autonomia do
paciente e oferecer apoio que seja culturalmente sensível e adaptado às
necessidades individuais.

Em suma , a psicologia desempenha um papel crucial na compreensão das


dimensões psicológicas da religião e na oferta de suporte, intervenção e
pesquisa relacionados a questões religiosas e espirituais. Isso permite que os
indivíduos vivenciem sua fé de maneira mais saudável e equilibrada, ao mesmo
tempo em que contribui para uma compreensão mais abrangente da interação
entre religião, psicologia e saúde.

• Discussão

Após apresentação do respectivo trabalho, as nuances sociais e como é


assegurado no Brasil a religiosidade e a forma na qual deve ser pautado o
trabalho dos psicólogos no nosso país, discorreremos alguns aspectos
sociológicos, antropológicos e psicologicos da religião, à qual é tema central
deste estudo. Sobre a estrutura das religiões Durkheim explicita:

“Não há, pois no fundo, religiões que sejam falsas. Todas são
verdadeiras à sua maneira: todas respondem, ainda que de
maneiras diferentes, a determinadas condições da vida

humana (DURKHEIM, p.31).”

No concerne à verdade na qual cada sociedade, etnia, tribo e entre outras


sociedades, a religião se estruturará de acordo com as necessidades
espirituais e psicológicas de cada individuo. Em seu livro “Formas elementares
da vida religiosa”, Durkheim busca entender pelo metodo cientifico sociologico,
qual modo a religião se estrutura dentro de uma sociedade, segundo ele:

“(...) a religião é coisa eminentemente social. As


representações religiosas são representações coletivas que
exprimem realidades coletivas; os ritos são maneiras de agir
que surgem unicamente no seio dos grupos reunidos e que se
destinam a sucinta, a manter, ou a refazer certos estados
mentais desse grupo (DURKHEIM; p. 38).”

Tendo em vista essa percepção de que as religiões se dão pelo social, onde
suas estruturas, simbolos e ritualisticas se dão de acordo com o tempo em que
individuo está inserido, com suas regras, hierarquias e entre outras
particularidades de cada sociedade, podemos inferir que a religião tem
importância significativa na história humana e de suas sociedades. Porém, o
que faz com o que inumeros simbolos, imagens e formas ritualisticas sejam
representadas de forma particularmente identica em sociedades que nunca
tiveram contado umas com as outras?

Após a enfase dada à sociologia e como as religiões se estruturam segundo


Durkheim; trazendo o trabalho de Jeremy Nerby, um antropólogo que em seu
estudo de culturas e religiões, propos uma teoria de como uma simples
representação imagética - a serpente -, e a singularidade da mesma em
relação a seu surgimento em vários mitos ao redor do mundo.
A partir do pressuposto por Jung de sua teoria de “inconsciente coletivo”
constituído pelos arquétipos, segundo o mesmo arquétipos são: “formas na
psique, que estão presentes em todo o tempo e em todo lugar (JUNG; p.53)”.
Influindo sobre o esse conceito, percebe -se que todas as imagens simbólicas
existentes dentro das sociedades, principalmente na forma como as religiões
se instituem a partir de imagens vindas desses arquétipos pessoais do
indivíduo, os quais foram segundo a teoria de Jung herdados por meio do
inconsciente coletivo, para deixar claro destaca- se essa citação do mesmo:

“O inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente,


mas é herdado. Ele consiste de formas preexistentes,
arquétipos, que só secundariamente podem tomar-se
conscientes, conferindo uma forma definida aos conteúdos da
consciência (JUNG; PAG 54)”

Ou seja, todas as imagens de Deuses, santos e entre outros aspectos


divinatórios estão permeados nesse inconsciente coletivo, o qual é uma
instancia que conecta todos os seres humanos a nível psíquico, podemos
então perceber que em cada sociedade, cultura ou dogma as representações
são muitas vezes iguais, possuindo o mesmo significado e o mesmo símbolo
para determinado aspecto da religiosidade.

Pode- se inferir em como essa universalidade nos símbolos e em suas


representações chegando a apenas uma conclusão, de que a imagem de Deus
é apenas uma, porém, interpretado de acordo com a representação de cada
sociedade, seja ela moderna ou primitiva.

“Não há experiencia possível sem uma consideração


reflexiva, porque a “experiencia” constitui um
processo de assimilação, sem o qual não há
compreensão alguma” (Jung p. )
A maior benemerência de Carl Gustav Jung foi a de anuir em
conteúdos os arquétipos da alma humana as representações
elementares coletivas que encontram se como fundamentos das mais
diversas religiões.

Vale ressaltar que ambivalência sob a imagem de Deus juntamente


com o que Jung chamaria de metamorfose da alma humana, reclama
uma apreciação sob o aspecto psicológico, além da identificação de
fatos que em seus estudos titula-se de acontecimentos concretos que
levaram a identificar evidências da existência de uma função religiosa
no inconsciente.

“Quando a psicologia se refere ao tema de concepção


Religiosa, ela só se ocupa da existência de tal ideia,
não cuidando de saber se ela é verdadeira ou falsa,
em qualquer sentido. A ideia é psicologicamente
verdadeira na medida em que existe. A existência
psicológica é subjetiva, porquanto uma ideia só pode
ocorrer num indivíduo. Mas é objetiva, na medida em
que mediante um consensus gentium é partilhada por
um grupo maior” ( Jung p. )

O conglomerado de ideias quando se trata de representações coletivas


ocorrem quase toda parte em todas as épocas, vindo a constituir-se de
maneira natural e autêntica independentemente do local e dos
costumes locais. Tais abstrações não são criadas pelo sujeito, mas
simplesmente acontecem e assomam de tal forma na consciência
individual.

Ao definir religião Jung compartilha da explanação de Rudolf Otto como


sendo uma qualidade ou experiência religiosa que transcende o
racional e o ordinário, algo misterioso, fascinante e aterrorizante,
associado à presença do divino ou do sagrado denominado pela
palavra de “numinoso”, não causados de forma fortuita ou arbitrária, e
este constitui como condição do indivíduo e independem de sua
vontade. Tal consenso universal, ou seja, a validação da verdade
expressada como um acordo comum de todos os homens é aceita
como verdadeira só pelo simples fato de ser defendida por todos. E é
deste modus operandi que Jung defende que invariavelmente a
doutrina religiosa tem estas características em toda parte, tal condição
de que deve estar ligada a uma causa externa ao indivíduo. Pelo fato
de que sua forma pensamento tende a ser abstrata em sua explicação
torna-o uma espécie de influxo de uma presença invisível que por sua
vez produzem uma modificação especial na consciência.

Jung discorre sobre a narrativa de religião considerando-a como uma


atitude do espirito humano, sob forma criteriosa em determinados
fatores dinâmicos identificados como “potências” sejam eles: espíritos,
deuses, ideias, demônios, ideais ou qualquer outra estrutura nomeada
pelo homens a tais fatores, classificando ainda como: grandes, belos e
racionais, poderosos, perigosos e com força suficiente para serem
“piedosamente” adorados e amados.

Este identifica ainda que o termo fé não está ligado apenas ao termo
religioso tendo em vista que em sua racionalidade um homem de
ciência muitas vezes não tem fé embora sua idiossincrasia seja
estruturadamente religioso.

O numinoso eflui de certa forma ao ser construída internamente,


quando o sujeito professa sua fé religiosa, é fato que toda confissão
religiosa se fundamenta pregressamente na experiencia do numinoso.

Segundo o Jung as confissões de fé são formas codificadas e


dogmatizadas de experiencias religiosas originárias. Os conteúdos
extraídos de tais experiencias tornaram sacrossantos e o exercício de
sua repetição tornaram -o em experiencias originais causando um
enrijecimento dentro de uma construção mental inflexível,
continuamente complexo.
As mudanças e desenvolvimentos em crenças e valores são
influenciados pelas experiências iniciais, nos quais estabelecem
conteúdo dogmático e valor afetivo específico. Essas experiências são
referências cruciais no desenvolvimento de crenças e valores.

O psicólogo, ao adotar uma abordagem puramente científica, não deve


colocar-se acima de qualquer credo religioso e muito menos de possuir
a verdade exclusiva e eterna.

Quando se trata da experiência original religiosa tal profissional deve


manter o foco na peculiaridade humana e o problema, excetuando-se o
que as questões religiosas lhe causaram. Para abstração e melhor
compreensão o direcionamento deve concentrar-se no homo religiosus
e em toda a sua singularidade e não na exteriorização ou profissão
religiosa.

A relação entre religião, saúde e doença dá-se do princípio de que todo


transtorno psíquico deve ter uma causa orgânica ou física mesmo que
não seja possível demonstra-lo materialmente, é fato inegável a
conexão entre a psique e o cérebro.

É de suma importância considerar que a religião em se tratando como


dito antes no aspecto numinoso na característica arquetípica de suas
construções subjetivas e objetivas, é pilar inconfundível para
demonstração de ligação com o divino.

O divino subentende-se como criatura e criador, concomitando muitas


vezes na ideia de sua própria origem, qualquer sinônimo de doença
remete ao homem o contato com a finitude, este contato estabelece
uma conexão de volta ao que é subjetivamente palpável e imaterial
uma forma de retorno ao criador. Dogmatizados pela ideal do virginal, o
ser atenta-se para o estado de perfeição, pronto fundir-se ali
passivamente o que Jung chama de neurose, e basta uma neurose
para desencadear uma força impossível de controlar por meios
racionais. E mesmo quando se parece análogo o ideal e que se
encontre uma explicação adequada para tais fatos, há que se
considerar que uma explicação só é aceitável quando se leva a uma
hipótese que explane o efeito patológico.

E sob tal contexto o que leva o indivíduo a buscar o religare com seu criador
através da religião a individuação, ponto este muito trabalho por Jung em todo
seu estudo ao longo de sua carreira na psicologia analítica.

O psicologo americano Gordon Allport não poderia ficar fora dessa discussão
sobre o tema do trabalho, pois grande parte da sua Teoria teve a religião como
tema principal. Devido em sua epoca, ver varios teóricos pautarem seus
trabalhos em Patologias, doença mental, desajustes, desequilibrio, Allport se
dedicou a estudar os individuos ditos normais.No tema proposto deste trabalho,
sua teorias trarão bons esclarecimentos sobre o fanatismo, o preconceito e
suas consequências nocivas para o individuo e a sociedade a qual está
inserido.

" A descrença religiosa, embora possa surgir como resultado


de uma reflexão madura e pensamento crítico, também pode
ser uma reação à autoridade dos pais ou da comunidade à qual
se pertence.Ela pode ser resultado de um desenvolvimento
intelectual unilateral que exclui a exploração de outras áreas da
curiosidade humana. Allport destaca que a descrença religiosa
não é necessariamente uma questão de maturidade intelectual,
mas pode ser influenciada por fatores psicossociais, como
relacionamentos familiares e culturais, bem como por uma
abordagem seletiva à busca de conhecimento. ( ALLPORT)

Allport (1961) nós traz alguns critérios sobre pessoas mentalmente sãs e
maduras.

O 1°critério: "Todos têm amor por si mesmos, mas somente a expansão do


conceito do self é um indicativo de maturidade".
No 2° critério, as personalidades maduras se distinguem pela característica de
manterem uma "relação cordial do self com os outros" . Demonstrando a
capacidade de amar os outros de forma íntima e compassiva. Essa relação
cordial, evidentemente, está intrinsecamente relacionada à capacidade de
ampliar o próprio entendimento do self. Apenas quando conseguem
transcender seus próprios interesses, as pessoas maduras podem amar os
outros de forma desinteressada e não possessiva. Além disso, os indivíduos
psicologicamente saudáveis tratam os outros com respeito e reconhecem que
as necessidades, desejos e esperanças dos outros, que são inteiramente
validados por eles. Manifestam uma atitude de relação pessoal, afetiva e
sexual saudável e não exploram os outros em busca de gratificação própria.

O 3° critério envolve a segurança emocional e a autoaceitação. Pessoas


maduras se aceitam pelo que são, possuem o que Allport denomina de
equilíbrio emocional. Indivíduos psicologicamente saudáveis não se perturbam
excessivamente quando as coisas não saem como planejado ou quando têm
um dia ruim. Eles não se apegam a pequenos aborrecimentos e reconhecem
que frustrações e inconveniências fazem parte da vida.

O 4° critério diz respeito à percepção realista do ambiente. Pessoas


psicologicamente sadias não vivem em um mundo de fantasias nem distorcem
a realidade para se adequar aos seus desejos. Elas estão mais focadas em
resolver problemas do que gastar seu tempo arquitetando formas de beneficiar
à si mesmas, mantendo contato com a realidade como a maioria a enxerga.

O 5° critério envolve a introspecção e o senso de humor. Pessoas maduras têm


um profundo autoconhecimento e, portanto, não precisam culpar os outros por
seus erros, fracassos e fraquezas. Além disso, possuem um senso de humor
não hostil, que lhes permite rir de si mesmas, em vez de recorrer a humor
sarcastico ou agressivo para provocar o riso dos outros. Allport (1961)
acreditava que introspecção e senso de humor estão intimamente
relacionados, pois ambos são aspectos da objetificação do self. Indivíduos
saudáveis conseguem se enxergar objetivamente, percebendo as
incongruências e absurdos da vida, sem necessidade de falsas representações
ou exibições.

O 6° diz respeito a uma filosofia de vida unificadora. Pessoas saudáveis


possuem uma compreensão clara do propósito da vida. Embora essa filosofia
de vida possa ou não ser de natureza religiosa, Allport parecia considerar que,
uma orientação religiosa madura como um elemento essencial na vida da
maioria dos indivíduos maduros, apesar de reconhecer que muitas pessoas
religiosas ainda podem ter filosofias imaturas e preconceitos com outras
religiões, sexuais, raciais e étnicos limitados. Indivíduos com uma atitude
religiosa madura e uma filosofia de vida unificadora geralmente demonstram
uma consciência bem desenvolvida e, muito provavelmente, um forte desejo de
servir aos outros.

Ele conduziu varias pesquisas sobre a redução do preconceito em 1954, um de


seus alunos, Thomas Pettigrew, deu continuidade ao trabalho iniciado por ele
(Pettigrew et al., 2011; Pettigrew & Tropp, 2006; Tropp & Pettigrew, 2005).
Thomas Pettigrew e Linda Tropp desenvolveram um extenso programa de
pesquisa com foco na investigação das circunstâncias em que o contato entre
diferentes grupos pode diminuir o preconceito. Sendo duas metanálises
complexas que abrangeram mais de 500 estudos e envolveram mais de 250
mil participantes. Eles avaliaram a validade da hipótese do contato proposta
por Allport. Concluíram que, de fato, o contato entre grupos é eficaz na redução
do preconceito, e que as quatro condições estipuladas por Allport para um
contato ideal entre grupos favorecem a redução do preconceito. Embora o
conceito de contato ideal tenha sido originalmente concebido como uma
estratégia para reduzir o preconceito racial (Allport, 1954), as pesquisas
demonstraram que ele também se aplica para diminuir atitudes
preconceituosas em relação a outros grupos estigmatizados, como idosos,
deficientes, pessoas com problemas de saúde mental, homossexuais e a
intolerância religiosa (Pettigrew et al., 2011).
A proposta da hipótese do contato de Allport utilizada na pesquisa, tornou -se
um dos componentes fundamentais para a redução do preconceito, no qual a
teoria baseia- se, em encontros entre os membros dos grupos majoritários e
minoritários interagindo, sob condições ideais, haveria menos preconceito .
Essas condições ideais eram relativamente simples:

• status igual entre os dois grupos,

• objetivos comuns,

• cooperação entre os grupos e;

• apoio de uma figura de autoridade, leis ou costume, mediando esses


grupos.

No que diz respeito a religião esses encontros não são utopicos, pois vimos
que as pessoas indepedentente da religião que praticam, engajam- se em
ajudar o proximo quando passam por catastrofes ambientais, situações de
guerras e ajuda humanitária ao suprir necessidades de pessoas em situação
de rua.

7. Embasamento Teórico e seus


respectivos relatorios.

No distinto trabalho foi usado alguns teóricos psicologicos para fundamentar os


relatórios de observação de campo anexado a seguir. No relatório 1, realizado
em um terreiro de Umbanda, a aluna trouxe a visão não religosa de Sigmund
Freud, utilizando o Conceito de Narcisismo na fundamentação da observação.

Freud fundador da psicanálise, abordou o tema da religião em várias de suas


obras, e suas visões sobre o assunto são complexas e multifacetadas, segue
algumas das principais ideias de Freud sobre religião:
Ele via a religião como uma forma de ilusão que as pessoas criam para
enfrentar a ansiedade e a incerteza inerentes à existência humana. Para Freud
a religião oferece conforto psicológico, servindo de consolo para as angústias
da vida, como a morte e o sofrimento.

Em sua obra "Totem e Tabu", Freud apresentou uma teoria sobre a origem da
religião baseada no complexo de Édipo. Ele sugeriu que a religião se originou
da figura do pai primitivo, que foi adorado e temido por seus filhos. Esse culto
ao pai primitivo teria evoluído para sistemas religiosos mais elaborados.

Sendo Freud, ateu e cético em relação à religião e argumentava que ela era
uma ilusão que as pessoas deveriam superar para alcançar um
desenvolvimento psicológico mais saudável. Ele via a religião como uma fonte
de repressão e inibição da sexualidade humana e uma forma de controle
social. Ele acreditava que futuramente as pessoas superaria a necessidade da
religião à medida que a ciência e a razão se desenvolvessem, abandonando
suas crenças religiosas em favor de uma visão de mundo mais secular.

Em "Introdução ao Narcisismo", Freud explora o conceito de narcisismo


primário, que é a fase inicial do desenvolvimento humano em que a criança
está voltada principalmente para si mesma e para a satisfação de suas próprias
necessidades. Nesta fase, a criança não distingue claramente entre o eu e o
outro. Ela vê o mundo a partir de uma perspectiva egocêntrica, projetando seus
próprios desejos e expectativas nos outros. No decorrer do desenvolvimento
psicológico, a criança começa a diferenciar seu Eu dos Outros e desenvolve a
capacidade de reconhecer a subjetividade dos outros, entendendo que esses
outros têm suas próprias mentes, desejos e necessidades. Esse processo é
fundamental para o desenvolvimento saudável das relações interpessoais e
para a construção da empatia.

"Emprestar a subjetividade ao outro, achar que ele funciona como eu, para
poder lidar com ele. Quando isso é rompido, entra-se na barbárie"
A frase mencionada leva a refletir a importância dessa transição do narcisismo
primário para a capacidade de reconhecer a subjetividade dos outros. Quando
uma pessoa é incapaz de reconhecer a subjetividade do outro e continua a
projetar seus próprios pensamentos e sentimentos sobre este, isso pode levar
a mal-entendidos, conflitos e até mesmo comportamento prejudicial em relação
aos outros. Nesse sentido, a falta de reconhecimento da subjetividade dos
outros pode ser vista como uma forma de "barbárie" nas relações
interpessoais, pois impede a compreensão e o respeito mútuo.

É importante observar que as visões de Freud sobre religião são controversas


e foram alvo de críticas e debates ao longo dos anos. Muitos estudiosos,
teólogos religiosos, bem como o discipulo de Freud o psicologo analitico Carl
Jung e Gordon Allport discordaram das interpretações de Freud e
argumentaram que a religião desempenha um papel importante na vida
humana, independentemente de suas origens psicológicas. Portanto, as
opiniões de Freud sobre religião devem ser consideradas como uma
perspectiva específica dentro do campo da psicologia e da filosofia, e não
como uma visão definitiva ou consensual sobre o assunto.

8. Conclusão

Ao longo deste trabalho, exploramos diversas áreas da Psicologia,


abrangendo uma análise da influência do poder legislativo brasileiro no
contexto das religiões no código penal, assim como a postura adotada pelo
Conselho Federal de Psicologia (CFP) em relação à abordagem dessa
temática.

O papel da psicologia sobre esse tema é a de compreender que cada individuo


representa a sua realidade de acordo com aquilo que reconhece, dentro da sua
estrutura psíquica. Cada individuo entende por religião e infere sua fé naquilo
em que desperta em si mesmo, muitas vezes instigado ou imposto pela cultura
no qual o mesmo vive.
Devemos como futuro profissionais enxergar a subjetividade de cada indivíduo,
respeitando eticamente os mesmos e entendendo a importância que a fé, a
espiritualidade e a imagem de Deus e Deuses têm para o sujeito, nesse
aspecto de sua vida entendido como benéfico pode vir a se tornar um braço
direito à nossas analises junto com esse paciente, tornando o processo
terapêutico fluindo e gerando uma relação transferencial benéfica para o
desenvolvimento e maturidade desse indivíduo.

É importante ressaltar que esse posicionamento não deve vir a ser acrítico,
onde o individuo leve a religião aos níveis mais críticos, que atualmente
conhecemos como fundamentalismo; esse aspecto da religião pode levar o
individuo à alienação da realidade a qual o mesmo está, falseando a realidade
e criando uma falsa percepção de que somente aquele ponto de vista está
correto e que sua vida está fadada à aquela interpretação dada religião ou
dogma o qual está inserida.

É de suma importância trazer à tona nesses indivíduos suas particularidades ,


mostrando aos mesmos que a religião – caso acredite em alguma -, pode ser
um aparato importante no desenvolvimento terapêutico, como pode também
prejudicar a vida do indivíduo, onde pode perder o contato com a realidade se
tornando difícil o seu desenvolvimento psiquicossocial.

No mais, mostramos como a psicologia e em particular a teoria Analítica de


Jung, dentre outras enxergam esse aspecto psicológico do indivíduo. Onde
Jung trouxe esses simbolismos por meio dos arquétipos os quais constituem o
inconsciente coletivo, a partir desse conhecimento é dado a largada para
transposição da consciência individual, onde cada indivíduo, sociedade, etnia e
assim sucessivamente virá a enxergar a religião e os seus Deuses, no exemplo
desse trabalho citamos a Umbanda que tem o panteão composto pelos Orixás,
o espiritismo que descende do catolicismo e o xamanismo onde os Deuses são
de variadas culturas, principalmente sendo representados como criadores de
todo o Universo.
Referências:
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 06 DE ABRIL DE 2023. [S. l.], 6 abr. 2023. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-do-exercicio-profissional-n-7-2023-estabel ece-
normas-para-o-exercicio-profissional-em-relacao-ao-carater-laico-da-pratica-psic
ologica?origin=instituicao. Acesso em: 24 out. 2023.

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. [Constituição (1988)]. Dos


Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. [S. l.: s. n.], 1988. Disponível em:
https://constituicao.stf.jus.br/dispositivo/cf-88-parte-1-titulo-2-capitulo-1-artigo-
5#:~ :text=Art.%205%C2%BA%20Todos%20s%C3%A3o%20iguais,69. Acesso em: 24
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DIAGNOSTIC and statistical manual of mental disorders - DSM V. 749. ed. [S. l.: s. n.],
2012. 992 p.

JUNG, C.G; Interpretação psicológica do dogma da trindade; Vozes 2013;


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JUNG, C.G; Psicologia e religião; Vozes 2013; Petrópolis, Rio de Janeiro

Otto, Rudolf, O Sagrado, os aspectos irracionais na noção do divino e sua


relação com o racional; Vozes; 2000; Rio de janeiro

PSICOLOGIA, Laicidade e as relações com a religião e a espiritualidade: Volume 1:


Laicidade, religião, direitos humanos e politicas públicas. [S. l.: s. n.], 2010. Disponível
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HUSS, Mathew T. Psicologia Forense: Pesquisa, Prática Clínica e Aplicações. [S. l.: s.
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A RELIGIOSIDADE/ESPIRITUALIDADE no contexto hospitalar: reflexões e
dilemas a partir da prática profissional. PEPSIC, [s. l.], 13 dez. 2023.

FEIST, Jess et al. Teorias da personalidade. [S. l.]: ARTMED, 2014. 464 p. v. 8.

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