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Tradução da 4ª Edição

Atualizada para Raspberry Pi 3

Raspberry Pi
®

Guia do Usuário
Eben Upton
Cocriador do Raspberry Pi

Gareth Halfacree

Rio de Janeiro, 2017

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Sumário

Introdução................................................................................................................ 1
Programar É Divertido!.................................................................................................1
Um Pouco de História....................................................................................................3
Então, o que Você Pode Fazer com o Raspberry Pi?....................................................9

Parte I: A Placa........................................................................ 11
CAPÍTULO 1
Conheça o Raspberry Pi.......................................................................................... 13
Uma Viagem pela Placa................................................................................................13
Modelo A/B..................................................................................................................16
Modelo A+/B+.............................................................................................................. 17
Raspberry Pi 2.............................................................................................................. 17
Raspberry Pi 3..............................................................................................................18
Raspberry Pi Zero........................................................................................................19
Algumas Informações..................................................................................................20
ARM versus x86....................................................................................................................20
Windows versus Linux.........................................................................................................21

CAPÍTULO 2
Começando a Usar o Raspberry Pi.......................................................................... 23
Conectando um Monitor.............................................................................................23
Vídeo Composto....................................................................................................................24
Vídeo HDMI..........................................................................................................................25
Vídeo DSI...............................................................................................................................26
Conectando o Áudio.....................................................................................................26
Conectando Teclado e Mouse......................................................................................27
Instalando NOOBS em um Cartão SD........................................................................29
Conectando Armazenamento Externo......................................................................30
Conectando a Rede......................................................................................................31
Rede com Fio.........................................................................................................................32
Rede sem Fio.........................................................................................................................33
Conectando à Energia..................................................................................................34

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viii RASPBERRY PI Guia do Usuário

Instalando o Sistema Operacional.............................................................................35


Instalando Usando NOOBS.................................................................................................35
Instalando Manualmente....................................................................................................37
Conectando Dispositivos Bluetooth...........................................................................41

CAPÍTULO 3
Administração de Sistema Linux............................................................................. 43
Linux: Um Panorama...................................................................................................43
Fundamentos do Linux...............................................................................................45
Introdução ao Raspbian..............................................................................................46
O Pai do Raspbian, Debian..................................................................................................51
Alternativas ao Raspbian.....................................................................................................51
Usando Dispositivos de Armazenamento Externo...................................................52
Criando uma Conta de Usuário...................................................................................54
Layout do Sistema de Arquivos...........................................................................................55
Layout Lógico........................................................................................................................55
Layout Físico.........................................................................................................................57
Instalando e Desinstalando Software........................................................................58
Gerenciamento Gráfico de Software...................................................................................58
Gerenciamento de Software na Linha de Comando..........................................................59
Instalando Software.............................................................................................................61
Desinstalando Software.......................................................................................................62
Atualizando Software..........................................................................................................63
Encerrando o Pi com Segurança.................................................................................63

CAPÍTULO 4
Solução de Problemas............................................................................................. 65
Diagnóstico de Teclado e Mouse.................................................................................65
Diagnóstico de Alimentação.......................................................................................66
Diagnóstico de Vídeo...................................................................................................68
Diagnóstico de Inicialização.......................................................................................69
Diagnóstico de Rede....................................................................................................70

CAPÍTULO 5
Configuração de Rede............................................................................................. 73
Redes com Fio...............................................................................................................73
Conectando a uma Rede com Fio via GUI...........................................................................73
Conectando a uma Rede com Fio via Console.................................................................... 74
Testando Sua Conectividade................................................................................................76

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SUMÁRIO ix

Rede sem Fio................................................................................................................76


Conectando a uma Rede sem Fio via GUI...........................................................................77
Conectando a uma Rede sem Fio via Console....................................................................79

CAPÍTULO 6
A Ferramenta Raspberry Pi Configuration.............................................................. 85
Executando a Ferramenta...........................................................................................85
A Guia System..............................................................................................................86
Filesystem.............................................................................................................................86
Password................................................................................................................................87
Hostname..............................................................................................................................88
Boot........................................................................................................................................88
Auto Login.............................................................................................................................89
Network at Boot....................................................................................................................89
Overscan................................................................................................................................89
Rastrack.................................................................................................................................90
A Guia Interfaces.........................................................................................................90
Câmera...................................................................................................................................91
SSH.........................................................................................................................................91
SPI..........................................................................................................................................92
I2C...........................................................................................................................................92
Serial......................................................................................................................................92
1-Wire....................................................................................................................................92
Performance.................................................................................................................92
Overclock...............................................................................................................................93
GPU Memory.........................................................................................................................94
Localisation..................................................................................................................95
Locale.....................................................................................................................................96
Timezone......................................................................................................................96
Keyboard......................................................................................................................97

CAPÍTULO 7
Configuração Avançada do Raspberry Pi................................................................ 99
Editando Arquivos de Configuração via NOOBS......................................................99
Configurações de Hardware: config.txt...................................................................101
Modificando o Vídeo..........................................................................................................102
Opções de Inicialização......................................................................................................105
Overclock no Raspberry Pi................................................................................................106

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x RASPBERRY PI Guia do Usuário

Desabilitando a Cache L2..........................................................................................110


Habilitando o Modo Teste..................................................................................................111
Particionamento de Memória...................................................................................111
Configurações de Software: cmdline.txt..................................................................112

Parte II: Construindo um Centro de Mídia ou uma


Máquina de Produtividade..................................................... 115
CAPÍTULO 8
O Pi como PC de Home Theater..............................................................................117
Reproduzindo Música no Console............................................................................117
HTPC Dedicado com OSMC......................................................................................119
Streaming de Mídia da Internet........................................................................................121
Streaming de Mídia de Rede Local....................................................................................123
Configurando o OSMC.......................................................................................................125

CAPÍTULO 9
O Pi como Máquina de Produtividade.................................................................... 127
Usando Aplicativos Baseados na Nuvem..................................................................127
Usando o LibreOffice.................................................................................................130
Editando Imagens com Gimp....................................................................................131

Parte III: Programando o Pi................................................... 133


CAPÍTULO 10
Uma Introdução à Scratch.................................................................................... 135
Introduzindo Scratch.................................................................................................135
Exemplo 1: Olá Mundo (Hello World)......................................................................136
Exemplo 2: Animação e Som.....................................................................................139
Exemplo 3: Um Jogo Simples....................................................................................141
Interface da Scratch com Hardware.........................................................................147
Leitura Adicional.......................................................................................................150

CAPÍTULO 11
Uma Introdução à Python..................................................................................... 151
Introdução à Python..................................................................................................151
Exemplo 1: Hello World.............................................................................................152
Exemplo 2: Comentários, Entradas, Variáveis e Loops...........................................157
Exemplo 3: Jogos com pygame..................................................................................162
Exemplo 4: Python e Rede.........................................................................................170
Leitura Adicional.......................................................................................................176

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SUMÁRIO xi

CAPÍTULO 12
Minecraft Pi Edition..............................................................................................179
Introduzindo Minecraft Pi Edition..........................................................................179
Instalando o Minecraft.............................................................................................180
Executando o Minecraft............................................................................................180
Exploração..................................................................................................................182
Modificando o Minecraft..........................................................................................183

Parte IV: Explore o Hardware................................................. 189


CAPÍTULO 13
Aprendendo a Mexer com Hardware.......................................................................191
Equipamento Eletrônico............................................................................................191
Lendo os Códigos de Cor dos Resistores..................................................................194
Aquisição de Componentes.......................................................................................195
Fontes Online.....................................................................................................................195
Fontes Offline.....................................................................................................................196
Especialistas em Hobby.....................................................................................................197
Além da Protoboard...................................................................................................198
Um Breve Guia sobre Soldagem................................................................................201

CAPÍTULO 14
A Porta GPIO........................................................................................................ 207
Identificando a Revisão de Sua Placa.......................................................................207
Diagramas de Pinagem da GPIO...............................................................................208
Características da GPIO............................................................................................210
Barramento Serial UART...................................................................................................211
Barramento I2C...................................................................................................................211
Barramento SPI...................................................................................................................211
Usando a Porta GPIO com Python............................................................................212
Saída GPIO: Faça um LED Piscar.......................................................................................212
Entrada GPIO: Lendo um Botão........................................................................................216
Soldando o Header GPIO do Raspberry Pi Zero......................................................220

CAPÍTULO 15
O Módulo de Câmera Raspberry Pi........................................................................ 223
Por que Usar o Módulo de Câmera?..........................................................................224
Escolhendo um Módulo de Câmera..........................................................................224
Instalando o Módulo de Câmera...............................................................................225
Habilitando o Modo Câmera.....................................................................................227
Capturando Imagens Fixas.......................................................................................229

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xii RASPBERRY PI Guia do Usuário

Gravando Vídeo..........................................................................................................232
Fotografia Time-Lapse na Linha de Comando........................................................233

CAPÍTULO 16
Extensão de Hardware.......................................................................................... 235
Caixa Oficial do Raspberry Pi...................................................................................236
Instalação............................................................................................................................237
Tela Touchscreen de 7” do Raspberry Pi..................................................................238
Instalação............................................................................................................................239
Sense HAT..................................................................................................................242
Instalação............................................................................................................................243
Programando a Sense HAT................................................................................................244

Parte V: Apêndices................................................................. 249


APÊNDICE A
Receitas Python.................................................................................................... 251
Raspberry Snake (Capítulo 11, Exemplo 3).............................................................251
Lista de Usuários de IRC (Capítulo 11, Exemplo 4).................................................253
Entrada e Saída GPIO (Capítulo 14)..........................................................................254

APÊNDICE 2
Referência Rápida do Módulo de Câmera Raspberry Pi.......................................... 255
Opções Compartilhadas............................................................................................255
Opções de Raspistill..................................................................................................260
Opções de Raspivid....................................................................................................262

APÊNDICE 2
Modos de Vídeo HDMI.......................................................................................... 265
Tabela C-1 HDMI Grupo 1 (CEA)..............................................................................265
Tabela C-2 HDMI Grupo 2 (DMT)............................................................................267

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Introdução

“A GAROTADA DE HOJE nasce digital”, disse um homem com quem eu conversava em


uma festa com fogos de artifício. “Não entendo por que você está fazendo isso. Meus fi-
lhos sabem mais sobre como configurar nosso PC do que eu.”

Perguntei se eles sabiam programar, ao que ele respondeu: “Por que iriam querer? Os
computadores já fazem tudo o que eles precisam, não fazem? Não é esse o objetivo?”

Na realidade, muitos garotos de hoje não nascem digitais. Ainda temos que encontrar es-
sas fantásticas crianças digitais imaginadas, balançando em cordas feitas de cabos trança-
dos e cantando músicas de guerra em Python habilmente analisada. No trabalho de campo
educacional da Raspberry Pi Foundation, encontramos muitos jovens cuja interação com
a tecnologia é limitada às plataformas fechadas, com interfaces gráficas do usuário (GUIs)
que utilizam para reproduzir filmes, fazer o dever de casa em processamento de texto e
jogar games. Eles conseguem navegar na web, carregar imagens e vídeos e até projetar pá-
ginas da web. (Muitas vezes, elas também são melhores do que o papai e a mamãe na hora
de configurar o receptor de satélite da TV.) É um conjunto de ferramentas útil, mas tre-
mendamente incompleto. Em um país onde 20% das famílias ainda não têm computador
em casa, até esse conjunto de ferramentas não está disponível para todos eles.

Apesar dos desejos mais fervorosos de meu recém-conhecido na queima de fogos, os com-
putadores não se programam sozinhos. Precisamos de uma indústria repleta de enge-
nheiros habilidosos para manter a tecnologia avançando e precisamos que jovens assu-
mam esse trabalho para preencher as vagas, à medida que os engenheiros mais antigos
se aposentam e saem do ramo. Mas há muito mais envolvido no ensino do pensamento
programático do que criar uma nova geração de programadores e especialistas em hard-
ware. A capacidade de estruturar seus pensamentos criativos e tarefas de maneiras com-
plexas e não lineares é um talento aprendido que traz enormes benefícios para todos que
o adquirem, de historiadores a designers, advogados e químicos.

Programar É Divertido!
É uma diversão enorme, recompensadora e criativa. Você pode criar complexidades visto-
sas, assim como rotas inteligentes (muito mais vistosas, em minha opinião), devastadora-
mente rápidas e de aparência enganosamente simples, através, abaixo e acima de obstácu-
los. Você pode fazer coisas que outras pessoas olharão com inveja e que o farão sentir-se

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2 RASPBERRY PI Guia do Usuário

maravilhosamente convencido por uma tarde inteira. Em meu trabalho diurno, onde pro-
jeto os chips de silício que usamos como processadores no Raspberry Pi e trabalho no soft-
ware de baixo nível que eles executam, sou pago para ficar sentado o dia todo brincando. O
que poderia ser melhor do que equipar as pessoas para poderem passar a vida fazendo isso?

Não é como se viéssemos de uma situação em que garotos não quisessem se envolver
na indústria da computação. Uma grande sacudida aconteceu há alguns anos, quando
estávamos progredindo muito lentamente no projeto do Raspberry Pi. Todo trabalho de
desenvolvimento era feito nas noites e fins de semana livres dos gestores e voluntários da
Fundação — somos uma instituição de caridade; portanto, os gestores não são pagos pela
Fundação e todos nós temos trabalhos de tempo integral para pagar as contas. Isso signi-
ficava que, ocasionalmente, era difícil manter a motivação, quando tudo o que eu queria
fazer à noite era desmoronar em frente à TV e assistir Arrested Development com uma taça
de vinho. Certa noite, quando não estava desmoronado, eu estava conversando com o
sobrinho de um vizinho sobre as matérias que ele estava cursando para o GCSE (General
Certificate of Secondary Education, o sistema britânico de exames públicos sobre vários
temas para quem tem cerca de 16 anos) e perguntei a ele o que queria fazer da vida.

“Quero escrever jogos de computador”, disse ele.

“Impressionante. Que tipo de computador você tem em casa? Tenho alguns livros de pro-
gramação que podem interessá-lo.”

“Um Wii e um Xbox.”

Ao conversar mais um pouco, ficou claro que esse garoto perfeitamente inteligente nunca
havia feito qualquer programação real; que não havia nenhuma máquina que pudesse
programar em casa e que suas aulas de tecnologia da informação e comunicação (TIC)
— onde compartilhava um computador e aprendia sobre design de páginas da web usan-
do planilhas eletrônicas e processamento de texto — não o tinham equipado a usar um
computador nem mesmo no sentido mais simples. Mas os jogos de computador eram sua
paixão (e não há nada de estranho em querer trabalhar com algo que o apaixona). Então,
ele esperava que as matérias do GCSE que escolheu o permitissem fazer isso. Certamente
tinha as habilidades artísticas procuradas pela indústria de jogos e suas notas em mate-
mática e ciências não eram ruins. Mas sua educação havia evitado a programação — não
havia nenhuma opção Computação em seu plano de estudos, apenas mais das mesmas
aulas de TIC, com sua ênfase nos usuários finais, em vez de programação. E suas in-
terações domésticas com a computação significavam que ele tinha uma chance muito
pequena de adquirir as habilidades necessárias para fazer o que realmente queria na vida.

Esse é o tipo de situação que quero evitar, onde potencial e entusiasmo são desperdiça-
dos. Agora, obviamente, não sou monomaníaco o suficiente para imaginar que simples-

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  INTRODUÇÃO 3

mente produzir o Raspberry Pi é suficiente para fazer as mudanças necessárias. Porém,


acredito que ele possa agir como catalisador. Vimos grandes mudanças nas escolas do
Reino Unido, onde o currículo de computação foi renovado em 2014, e observamos uma
forte conscientização na existência de uma lacuna em nossa provisão educacional e cul-
tural para jovens, apenas quatro anos depois do lançamento do primeiro Raspberry Pi.

Muitos dispositivos de computação com que um jovem vai interagir diariamente são tão
restritos que não podem ser usados criativamente como ferramenta — mesmo a com-
putação sendo uma matéria criativa. Tente usar seu iPhone como cérebro de um robô ou
fazer com que seu PS4 jogue um game que você escreveu. Claro, você pode programar o
PC doméstico, mas para isso existem barreiras significativas que muitas crianças não su-
peram: a necessidade de baixar software especial e ter pais que não se preocupam se você
quebrar algo que eles não saibam consertar. E muitos garotos nem mesmo sabem que é
possível programar o PC doméstico. Para eles o PC é uma máquina com ícones legais que
podem ser clicados e um modo fácil de fazer as coisas sem que precisem pensar muito.
Ele vem em uma caixa lacrada que papai e mamãe usam para operações bancárias e que
custará muito dinheiro para substituir se algo der errado!

O Raspberry Pi é barato o suficiente para comprar com a mesada, e você provavelmente já


tem todo o equipamento necessário para fazê-lo funcionar: uma TV, um cartão SD que pode
ser o de uma câmera antiga, um carregador de celular, um teclado e um mouse. Ele não é
compartilhado com a família, pertence à criança e é pequeno o suficiente para colocar no bol-
so e levar para a casa de um amigo. Se algo der errado, não há problema — basta colocar um
novo cartão SD e seu Raspberry Pi estará novinho em folha outra vez. E todas as ferramen-
tas, ambientes e materiais de aprendizado necessários para iniciar a longa e suave curva para
aprender a programar seu Raspberry Pi estão bem ali, esperando por você, assim que ligá-lo.

Um Pouco de História
Comecei a trabalhar, em 2006, em um computador minúsculo, barato e básico, quando
era Diretor de Estudos em Ciência da Computação na Universidade de Cambridge. Lá,
recebi um diploma e estava estudando para um doutorado, enquanto dava aulas. Nesse
período, observei um declínio nas habilidades dos jovens que estavam se dedicando a
estudar Ciência da Computação no laboratório. De uma situação, em meados dos anos
1990, quando jovens de 17 anos querendo estudar Ciência da Computação vinham para
a universidade com base em várias linguagens de programação, sabendo um pouco sobre
como mexer com hardware e frequentemente trabalhavam em linguagem assembly, gra-
dualmente nos encontramos em uma situação em que, em 2005, os garotos chegavam já
tendo programado em HTML — com um pouco de PHP e folhas de estilo em cascata, se
você tivesse sorte. Eles ainda eram garotos muito espertos, com bastante potencial, mas
sua experiência com computadores era totalmente diferente da que víamos antes.

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4 RASPBERRY PI Guia do Usuário

O curso de Ciência da Computação em Cambridge inclui cerca de 60 semanas de palestras


e seminários, durante três anos. Se você usar o primeiro ano inteiro para fazer com que os
alunos tenham o nível esperado, será difícil fazê-los ficar em uma posição em que possam
começar um doutorado ou ir para a indústria nos dois próximos anos. Os melhores alu-
nos de graduação — aqueles que tiveram o melhor desempenho ao final do curso de três
anos — não eram os que estavam apenas programando quando solicitado em suas tarefas
semanais ou para um projeto de classe, mas os que estavam programando em seu tempo
livre. Assim, a ideia inicial por trás do Raspberry Pi tinha horizontes curtos, com enfoque
muito estreito (e pouco ambicioso): eu queria fazer uma ferramenta para dar uma base ao
pequeno número de candidatos a esse curso universitário. Meus colegas e eu imaginamos
que distribuiríamos esses dispositivos aos alunos em dias de visita na universidade e, se
eles viessem a Cambridge para uma entrevista alguns meses depois, perguntaríamos o
que haviam feito com o computador gratuito que fornecemos. Aqueles que tinham feito
algo interessante seriam os que estaríamos interessados em ter no programa. Pensamos
que, talvez, produzíssemos algumas centenas desses dispositivos ou, no melhor caso,
uma etapa de produção máxima de alguns milhares.

É claro que, quando o trabalho sério estava em andamento no projeto, tornou-se evidente
que havia muito mais a fazer com um computador barato como esse. Aquilo com o que
iniciamos está longe de ser o Raspberry Pi que você vê hoje. Comecei soldando a peça mais
longa da protoboard que pode ser adquirida na Maplin, com um chip Atmel, na mesa da
cozinha, e os primeiros protótipos rudimentares usavam chips microcontroladores bara-
tos para acionar diretamente um aparelho de TV de definição normal. Com apenas 512K
de memória RAM e alguns MIPS de poder de processamento, esses protótipos tinham
desempenho muito parecido com o dos microcomputadores de 8 bits originais. Era difícil
imaginar essas máquinas capturando a imaginação de garotos acostumados com moder-
nos consoles de jogos e iPads.

No University Computer Lab havia discussões sobre o estado geral do ensino de compu-
tação e, quando saí do Lab para um trabalho não acadêmico na indústria, notei que es-
tava vendo nos jovens candidatos os mesmos problemas que via na universidade. Então,
juntamente a meus colegas, o dr. Rob Mullins e o professor Alan Mycroft (dois colegas
do Computer Lab), Jack Lang (palestrante de empreendedorismo na universidade), Pete
Lomas (guru de hardware) e David Braben (um líder na indústria de games de Cambridge,
com uma agenda valiosa), tomando cerveja (e, no caso de Jack, queijo e vinho), fundamos
a Raspberry Pi Foundation — uma pequena instituição beneficente com grandes ideias.

Em minha nova função como arquiteto de chips na Broadcom, uma enorme empresa que
trabalha com semicondutores, eu tinha acesso a hardware barato, mas de alto desempe-
nho, produzido por ela com a intenção de ser usado no que, então, eram celulares de ponta
— com vídeo em HD e câmeras de 14 megapixels. Fiquei impressionado com a diferença
entre os chips que um pequeno desenvolvedor podia comprar por 10 dólares e o que um

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  INTRODUÇÃO 5

fabricante de telefones celulares podia adquirir pelo mesmo preço: processamento de pro-
pósito geral, imagens gráficas em 3D, vídeo e memória encapsulados em um único pacote
BGA do tamanho de uma unha. Esses microchips consomem pouquíssima energia e têm
muitos recursos. Eles são particularmente bons para multimídia e já estavam sendo usa-
dos por fabricantes de conversores para reprodução de vídeo de alta definição. Um chip
como esse parecia o próximo passo óbvio para a forma que o Raspberry Pi estava toman-
do. Assim, trabalhei em uma variante de baixo custo que tivesse um microprocessador
ARM e pudesse manipular o processamento que precisávamos.

Por que “Raspberry Pi”?


Muitas vezes nos perguntaram de onde veio o nome “Raspberry Pi”. Partes do
nome vieram de diferentes gestores. Essa é uma das pouquíssimas contribui-
ções de design feitas pelo comitê e, para ser honesto, inicialmente eu detestei.
(Acabei gostando do nome, porque funciona muito bem —, mas demorou um
pouco para me acostumar, pois há anos eu vinha chamando o projeto de “ABC
Micro”.) É “Raspberry” porque há uma longa tradição de nomes de fruta nas em-
presas de computação (além das óbvias, há os antigos computadores Tangerine
e Apricot [tangerina e damasco] — e também gostamos de considerar Acorn [noz
do carvalho] como uma fruta). “Pi” vem de “Python”, que, no início do desenvol-
vimento, pensamos que seria a única linguagem de programação disponível em
uma plataforma muito menos poderosa do que o Raspberry Pi acabaria sendo.
Na realidade, ainda recomendamos Python como nossa linguagem favorita para
aprendizado e desenvolvimento, mas existem muitas outras opções que podem
ser exploradas no Raspberry Pi.

Achamos importante fazer com que os garotos se sentissem estimulados a usar o Raspberry
Pi, mesmo não tendo muito entusiasmo pela programação. Nos anos 1980, se você quisesse
jogar um game de computador, precisava inicializar uma máquina que ia para o “bing” e
alimentava um prompt de comando. Só para começar, era necessário digitar código, e a
maioria dos usuários não ia além disso —, mas alguns iam, e eram seduzidos a aprender
a programar por essa interação mínima. Percebemos que o Raspberry Pi podia funcionar
como um centro de mídia moderno muito capaz, minúsculo e barato; então, enfatizamos
essa capacidade para atrair os descuidados — na esperança de que, enquanto isso, eles as-
similassem a programação.

Após cerca de cinco anos de trabalho árduo, havíamos criado um belo protótipo de placa
do tamanho de um pen drive. Incluímos um módulo de câmera permanente na parte
superior da placa, para demonstrar os tipos de periféricos que podiam ser facilmente
adicionados (não havia câmera quando lançamos, pois isso elevaria muito o preço, mas
agora tornamos disponível um módulo de câmera barato, separado, para projetos de fo-

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6 RASPBERRY PI Guia do Usuário

tografia) e o levamos a várias reuniões do departamento de pesquisa e desenvolvimento


da BBC. Quem cresceu no Reino Unido nos anos 1980 aprendeu muito sobre computação
de 8 bits no Microcomputador BBC e sobre o ecossistema desenvolvido em torno dele —
com livros, revistas e programas de TV produzidos pela BBC. Assim, eu esperava que eles
se interessassem ainda mais em desenvolver o Raspberry Pi. Porém, algo mudou desde
que éramos crianças: várias leis de concorrência no Reino Unido e na União Europeia
significaram que a “Beeb” (BBC) não podia mais se envolver como esperávamos. Em uma
tentativa desesperada para fazer alguma coisa com eles, abandonamos a ideia do departa-
mento de P&D (pesquisa e desenvolvimento) e David (aquele da agenda valiosa) marcou
uma reunião com Rory Cellan-Jones, um jornalista tecnológico sênior, em maio de 2011.
Rory não demonstrou muita esperança na parceria com a BBC, mas perguntou se podia
usar um vídeo do pequeno protótipo de placa, com um número de telefone, para colocar
em seu blog.

Na manhã seguinte, o vídeo de Rory viralizou e percebi que, acidentalmente, tínhamos


prometido ao mundo que faríamos um computador de 25 dólares.

Enquanto Rory escrevia outro post no blog sobre o que exatamente torna um vídeo viral,
refletíamos profundamente. Aquele protótipo original do tamanho de um pen drive não
era adequado: com o padrão sem a câmera inclusa ficava caro demais para chegar no mo-
delo de custo que sugerimos (o valor de 25 dólares surgiu a partir de minha declaração
para a BBC de que o Raspberry Pi deveria custar praticamente o mesmo que um livro
didático, e é uma demonstração esplêndida do fato de que eu não tinha a mínima ideia do
preço dos livros didáticos) e o minúsculo modelo do protótipo não tinha espaço suficiente
para todas as portas que precisávamos para torná-lo tão útil quanto queríamos. Assim,
passamos um ano trabalhando na engenharia da placa para reduzir o custo ao máximo,
enquanto mantínhamos todos os recursos que queríamos (a engenharia da redução de
custos é uma tarefa mais difícil do que você pode imaginar), e tornar o Raspberry Pi útil
para pessoas que talvez não pudessem arcar com o preço de periféricos.

O Raspberry Pi deveria ser usado com TVs em casa, como o ZX Spectrum, nos anos 1980,
evitando o custo de um monitor para o usuário. Mas nem todo mundo tem acesso a uma
televisão HDMI, de modo que adicionamos uma porta composta para que o Raspberry
Pi funcionasse com uma televisão de raios catódicos. Como os cartões SD são baratos e
fáceis de encontrar, os escolhemos como meio de armazenamento: o Modelo A e o Modelo
B originais usavam cartões de tamanho normal; as versões mais recentes mudaram para
o agora mais comum padrão microSD. Passamos por várias versões de fonte de alimenta-
ção, acabando com um cabo microUSB. Recentemente, o microUSB tornou-se padrão para
carregador de telefones celulares na União Europeia (e está se tornando padrão por toda
parte), o que significa que os cabos estão cada vez mais onipresentes e, em muitos casos,
as pessoas já os têm em casa.

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  INTRODUÇÃO 7

No final de 2011, com a data de lançamento projetada para fevereiro, ficou evidente que
as coisas estavam mudando mais rápido e com demanda maior do que poderíamos su-
portar. O lançamento inicial sempre foi destinado a desenvolvedores, com o lançamento
educacional planejado para 2012. Tínhamos um pequeno número de voluntários, mas
precisávamos da comunidade Linux para nos ajudar a preparar uma pilha de software e
resolver os problemas da placa antes do lançamento no mercado educacional. Tínhamos
capital suficiente na Fundação para comprar as peças e construir 10.000 Raspberry Pis
em um período de quase um mês, e achávamos que o pessoal da comunidade que estava
interessado em uma placa inicial seria em torno desse número. Feliz e infelizmente, tive-
mos sucesso na edificação de uma enorme comunidade online em torno do dispositivo,
e o interesse não estava limitado ao Reino Unido nem ao mercado educacional. Dez mil
estava parecendo cada vez menos realista.

Nossa Comunidade
A comunidade Raspberry Pi é uma das coisas que mais nos orgulha. Começamos
com um blog simples em www.raspberrypi.org, logo após o vídeo de maio de
2011 de Rory e, depois disso, colocamos um fórum no mesmo site. Esse fórum
tem mais de 170 mil membros — eles contribuíram com quase um milhão de posts
sobre o Raspberry Pi. Se houver qualquer pergunta, por mais confusa que seja,
que queira fazer sobre o Raspberry Pi ou sobre programação em geral, alguém de
lá terá a resposta (se não estiver neste livro, você a encontrará nos fóruns).

Parte de meu trabalho no Raspberry Pi envolve fazer palestras para grupos de


hackers, em conferências sobre computação, para professores, para profissio-
nais de programação e semelhantes, e sempre há alguém que falou comigo ou
com minha esposa Liz (que administra a comunidade) sobre o site do Raspberry
Pi — e algumas dessas pessoas têm se tornado boas amigas. O site do Raspberry
Pi recebe mais de um pedido por segundo.

Agora, existem centenas de sites de fãs. Por vários anos houve uma revista de
fãs chamada The MagPi, produzida mensalmente por membros da comunidade,
com listagens, muitos artigos, guias de projeto, tutoriais e outros. Ela fez tanto
sucesso que a trouxemos para a Fundação, que a disponibiliza na forma impressa
ou como download gratuito no endereço www.raspberrypi.org/magpi. Games
em revistas e livros proporcionaram uma rota fácil na programação para mim —
minha primeira experiência de programação com o MicroBBC foi modificar um
jogo de helicóptero para adicionar inimigos e picapes.

Postamos algo interessante sobre o dispositivo em www.raspberrypi.org pelo


menos uma vez por dia. Venha e participe da conversa!

CG_RaspberryPi.indb 7 19/10/2017 08:54:58


8 RASPBERRY PI Guia do Usuário

Havia 100 mil pessoas em nossa mala direta querendo um Raspberry Pi — e todas
elas fizeram um pedido no primeiro dia! Não é de surpreender, isso trouxe alguns
problemas.

Primeiramente, há as inevitáveis dificuldades para embalar 100 mil pequenos compu-


tadores e enviá-los pelo correio — e o fato de que não tínhamos absolutamente nenhum
dinheiro para contratar pessoas para fazer isso para nós. Não tínhamos um depósito —
tínhamos a garagem do Jack. Não havia como arrecadar dinheiro para construir 100 mil
unidades de uma vez — imaginamos fazê-las em lotes de 2 mil a cada duas semanas, o
que, com esse nível de interesse, ia demorar tanto que a coisa estaria obsoleta antes de
conseguirmos atender a todos os pedidos. Claramente, teríamos que abandonar a fabrica-
ção e a distribuição e passar para alguém que já tivesse infraestrutura e capital para isso;
assim, entramos em contato com a element14 e com a RS Components, ambas fornecedo-
ras de microeletrônicos no Reino Unido, com negócios no mundo todo, e as contratamos
para fabricar e distribuir o produto no mundo todo, para que pudéssemos nos concentrar
no desenvolvimento e nos objetivos beneficentes da Raspberry Pi Foundation.

A demanda no primeiro dia ainda foi tão grande que os sites da RS e da element14 trava-
ram — em dado momento, a element14 estava recebendo sete pedidos por segundo e, por
algumas horas em 29 de fevereiro, o Google mostrou que mais buscas por “Raspberry Pi”
eram feitas no mundo todo do que por “Lady Gaga”. Produzimos e comercializamos mais
de um milhão de Raspberry Pis no primeiro ano de negócios, tornando Raspberry Pi a
empresa de computadores de crescimento mais rápido que o mundo já viu. O ritmo das
coisas não está diminuindo: produzimos mais de 300 mil Pis por mês e vendemos mais de
dez milhões em pouco mais de quatro meses, sem indícios de queda. Se tivéssemos fica-
do presos aos nossos planos originais, teríamos produzido aproximadamente 100 desses
dispositivos para dias de visita na universidade e só.

Os primeiros Pis de produção foram feitos em fábricas chinesas, mas em


NOTA
2012 conseguimos repatriar toda a produção para o Reino Unido. Agora, seu
Raspberry Pi é feito em Gales do Sul, em uma área do país com orgulho-
sa herança de manufatura, mas poucas fábricas restantes. Surpreendente-
mente, para nós, custa menos fabricar em Gales do que custava na China, e
podemos fabricar sem barreiras culturais e idiomáticas, podendo entrar no
carro e estar na fábrica em poucas horas, se necessário.

Nada afeta mais a pressão sanguínea do que acabar administrando uma grande empresa
de computadores acidentalmente!

CG_RaspberryPi.indb 8 19/10/2017 08:54:58


  INTRODUÇÃO 9

Então, o que Você Pode Fazer com o Raspberry Pi?


Este livro explora várias coisas que podem ser feitas com o Raspberry Pi, desde controlar
hardware com Python até usá-lo como centro de mídia, fazer projetos com câmera ou
construir jogos com Scratch. A beleza do Raspberry Pi é que ele é apenas um computador
de propósito geral muito pequeno (que pode ser um pouco mais lento do que você está
acostumado para alguns aplicativos de desktop, mas muito melhor em outras coisas do
que um PC normal); portanto, você pode fazer com ele tudo que faria em um computador
normal. Além disso, o Raspberry Pi tem poderosos recursos multimídia e imagens gráfi-
cas em 3D, de modo que tem o potencial de ser usado como plataforma de jogos. Temos
muita esperança de ver mais pessoas começando a escrever jogos para ele.

Achamos que, em muitos casos, a computação física — construir sistemas usando senso-
res, motores, luzes e microcontroladores — é ignorada por causa de projetos de software
puro, e isso é uma pena, porque a computação física é muito divertida. Na medida em que
não havia qualquer movimento de computação para jovens quando iniciamos este pro-
jeto, ele era um movimento de computação física. As tartarugas da LOGO que represen-
tavam a computação física quando éramos crianças agora são robôs de combate, drones
ou portas de quarto de dormir com supervisão dos pais, e gostamos disso. No entanto, a
ausência de GPIO (do inglês, General Purpose Input/Output) — ausência de portas pro-
gramáveis de entrada e saída nos PCs domésticos — é um obstáculo real para muitas
pessoas iniciarem projetos de robótica. O Raspberry Pi expõe a GPIO para que você possa
começar a trabalhar imediatamente.

Eu continuo a me surpreender com as ideias propostas pela comunidade, que não te-
riam passado pela minha cabeça em mil anos: o projeto de rastreamento de meteoros
da escola australiana; os escoteiros de Boreatton, no Reino Unido, e seu robô controlado
por fones de ouvido de eletroencefalografia (o primeiro robô do mundo controlado por
ondas cerebrais do escotismo); a família que está construindo um robô aspirador de pó;
Manuel, a rena falante. E eu sou um cadete espacial real; portanto, ler sobre pessoas
enviando Raspberry Pis quase para a órbita terrestre em foguetes e balões me causa
arrepios.

Na primeira edição deste livro, eu disse que o sucesso para nós seriam outras 1.000 pes-
soas a cada ano fazendo Ciência da Computação em nível universitário no Reino Unido.
Isso seria benéfico não apenas para o país, para as indústrias de software e hardware e
para a economia, mas ainda mais para cada uma dessas 1.000 pessoas que, espero, des-
cobririam que existe um mundo de possibilidades e muita diversão por aí. Na segunda e
terceira edições eu estava um pouco mais ambicioso, dizendo que gostaríamos de ver isso

CG_RaspberryPi.indb 9 19/10/2017 08:54:58


10 RASPBERRY PI Guia do Usuário

replicado em todo o mundo desenvolvido. No entanto, à medida que o Raspberry Pi cres-


ceu, fiquei ainda mais ambicioso: quero que cada criança, por toda parte, tenha acesso a
um computador aberto, programável e de propósito geral, e a oportunidade de aprender
a programar do mesmo jeito que eu, em meu Microcomputador BBC nos anos 1980. É um
objetivo grandioso, mas já vimos laboratórios de Raspberry Pi nos lugares mais imprová-
veis, como uma aldeia em uma parte de Camarões sem energia elétrica, onde os Pis fun-
cionam com energia solar, geradores e baterias, ou uma escola nas montanhas do Butão.

Construir um robô quando você é criança pode levá-lo a lugares que nunca imaginou —
eu sei, porque aconteceu comigo!
— Eben Upton

CG_RaspberryPi.indb 10 19/10/2017 08:54:58


Parte I

A Placa
Capítulo 1 Conheça o Raspberry Pi

Capítulo 2 Começando a Usar o Raspberry Pi

Capítulo 3 Administração de Sistema Linux

Capítulo 4 Solução de Problemas

Capítulo 5 Configuração de Rede

Capítulo 6 A Ferramenta Raspberry Pi Configuration

Capítulo 7 Configuração Avançada do Raspberry Pi

CG_RaspberryPi.indb 11 19/10/2017 08:54:58


Capítulo 1
Conheça o Raspberry Pi

SUA PLACA RASPBERRY PI é uma maravilha em miniatura, contendo poder de com-


putação considerável em uma área do tamanho de um cartão de crédito. Ela é capaz de
alguns feitos espantosos, mas é preciso saber algumas coisas antes de mergulhar de ca-
beça nesse caminho árduo.

Se estiver ansioso para começar, pule para o próximo capítulo para saber
DICA
como conectar seu Raspberry Pi a uma tela, um teclado e um mouse; instalar
um sistema operacional; e ir direto para o uso do Pi.

Uma Viagem pela Placa


Desde seu lançamento com apenas dois modelos, a família Raspberry Pi aumentou con-
sideravelmente. A variedade atual consiste em cinco modelos principais: Raspberry Pi
Modelo A+, Raspberry Pi Modelo B+, Raspberry Pi 2, Raspberry Pi 3 (veja a Figura 1–1) e
Raspberry Pi Zero. Com exceção do Zero, que é um modelo reduzido, projetado especifi-
camente para ter o menor custo possível e área mínima ocupada na placa, todos os mode-
los compartilham um design quase igual, diferindo apenas nos recursos, como o número
de portas USB, a presença ou ausência de conexão de rede e o poder de seus processado-
res. Há também um sexto membro, menos comum: o Módulo de Computação (Compute
Module) Raspberry Pi; projetado para uso industrial em placas embarcadas personaliza-
das, o Compute Module executa o mesmo software de seus parceiros estáveis principais,
mas, a não ser por isso, está fora dos objetivos deste livro.

Se você possui um Raspberry Pi de modelo original, seja o Modelo B ou o Modelo A redu-


zido, parabéns: você tem um item de colecionador em suas mãos. A maior parte do ma-
terial deste livro é totalmente aplicável a essas placas, embora haja algumas diferenças,
incluindo a incapacidade de usar extensões que obedecem ao padrão Hardware Attached
on Top (HAT), conforme descrito no Capítulo 16, “Extensão de Hardware”. Se precisar de
recursos ausentes em sua placa antiga, pense na possibilidade de aposentá-la e adquirir

CG_RaspberryPi.indb 13 19/10/2017 08:54:58


14 RASPBERRY PI Guia do Usuário

um Modelo A+, Modelo B+ ou os mais rápidos Raspberry Pi 2 ou 3; se quiser economizar,


confira o Raspberry Pi Zero, mais barato.

Figura 1–1: O Raspberry Pi 3

Quase no centro de todas as placas Raspberry Pi há um semicondutor em forma de um


quadrado, mais comumente conhecido como circuito integrado ou chip. Esse é o módulo
system-on-chip (SoC), que fornece ao Raspberry Pi seu processamento de propósito ge-
ral, renderização gráfica e recursos de entrada/saída. Dependendo do modelo, pode ser o
Broadcom BCM2835 original, o mais rápido BCM2836 quad-core ou o ainda mais pode-
roso BCM2837 de 64 bits. No caso do Modelo A+, B+ e Zero, em cima desse chip existe ou-
tro semicondutor, que é uma memória do Raspberry PI para armazenamento temporário
de dados enquanto executa programas; no Raspberry Pi 2 e 3, esse chip está localizado na
parte de baixo da placa. Esse tipo de memória é conhecido como memória de acesso aleató-
rio (RAM), porque o computador pode ler ou escrever em qualquer parte dela a qualquer
momento. A memória RAM é volátil, significando que o que estiver armazenado nela será
perdido quando o Pi ficar sem energia ou for desligado.

Abaixo do SoC estão as saídas de vídeo do Pi. O conector prata largo é uma porta HDMI
(High-Definition Multimedia Interface), o mesmo tipo de conector encontrado em repro-
dutores de mídia e em muitos equipamentos conversores de sinal de satélite e TV a cabo.
Quando conectada a uma TV ou monitor moderno, a porta HDMI oferece vídeo de alta
resolução e áudio digital. Uma porta de vídeo composto, projetada para conexão com TVs
mais antigas que não têm soquete HDMI, é fornecida como parte do jack AV de 3,5mm
preto e prata, à direita do soquete HDMI. A qualidade do vídeo é menor do que a que está
disponível via HDMI e só pode ser usado áudio analógico de qualidade inferior. Você vai
precisar de um jack AV de 3,5mm para usar a saída de vídeo composto, mas pode usar a
saída de áudio analógico com qualquer cabo de áudio estéreo de 3,5mm padrão.

O Raspberry Pi Zero tem um layout um tanto diferente. No lugar de um soquete HDMI de


tamanho normal há um soquete mini-HDMI, que exige um cabo ou adaptador mini-HDMI

CG_RaspberryPi.indb 14 19/10/2017 08:54:58

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