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Editora

Universitária UFPE
A ERA DO HIPERTEXTO
LINGUAGEM
&
TECNOLOGIA
A ERA DO HIPERTEXTO
LINGUAGEM
&
TECNOLOGIA

Antonio Carlos Xavier

Recife - 2009
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características gráficas da obra e à sua editoração.

Capa:
Karla Vidal

Projeto Gráfico:
Sérgio Siqueira

Impressão e acabamento:
EDUFPE

Bibliotecária responsável:
Adelma Ferreira de Araújo, CRB-4 1567

Xavier, Antonio Carlos


A era do hipertexto: linguagem e tecnologia / Antonio Carlos
Xavier. – Recife : Ed. Universitária da UFPE, 2009.
227 p. : Il., fig., quadros.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7315-629-4 (broch.)

1. Lingüística – Sistemas de hipertexto. 2. Intertextualidade.


3. Tecnologia da informação. I.Título.

81’33 CDU (2.ed.) UFPE


410 CDD (22.ed.) BC 2009 - 112
Agradecimentos

Nenhuma obra se faz sem a ajuda, cooperação e


compreensão de muitas pessoas. Tenho muito a agradecer a
vários familiares, amigos e instituições que direta ou
indiretamente contribuíram para a produção deste livro.
Agradeço a Deus ‘pelo socorro bem presente nos
momentos de angústia’; à minha família pelo apoio
incondicional, em especial à mamãe guerreira incansável na
luta pela vida (in memorian), responsável pelo que sou hoje;
ao meu velho e sábio pai pelos valiosos conselhos e
ponderações; aos meus irmãos e irmãs pela força nas horas
difíceis; à Carmi, mulher inteligente e firme; a Lucas filho
exemplar em tudo;
Registro meus sinceros agradecimentos também aos
colegas do Departamento de Letras da UFPE com os quais
aprendo todo dia a ser profissional. Destaco a importância
do professor Luiz Antonio Marcuschi na minha formação. Ele
sempre me faz enxergar a luz no profundo túnel das teorias.
À minha querida orientadora Ingedore Koch, ser humano
espetacular, que acolheu bravamente minha aventura de
pesquisa quando ninguém acreditava no meu objeto de
pesquisa. À amiga e grande pesquisadora, Vera Menezes,
por investir no meu pontencial científico ao oportunizar-me
um importante desafio no mundo acadêmico.
Agradeço muitíssimo aos pesquisadores e técnicos do
Nehte sem os quais não existeriam o site, o blog, os
eventos, a revista Hipertextus, nossa plataforma de EaD e
muito menos a Abehte.
Arrumadas de maneira diferente,
as palavras ganham um sentido diferente;
e os sentidos, arrumados de maneira diferente,
provocam efeitos diferentes.

Pascal (1999, p.35)


Apresentação

Fiquei honrada com a oportunidade de apresentar este


livro, pois fui uma das primeiras presas das redes acadêmicas
que Xavier sabe tão bem construir. Tenho acompanhado sua
carreira, suas realizações e fico feliz de poder compartilhar
com seus leitores um pouco do que sei sobre ele e sobre seu
novo livro.
Falar de hipertexto no Brasil implica falar de Antônio Carlos
dos Santos Xavier, ou simplesmente de Xavier. Sua tese de
doutorado - O Hipertexto na sociedade da informação: a
constituição do modo de enunciação digital tornou-se uma
referência sobre o tema. A tese foi defendida em 2002 na
UNICAMP, sob a orientação de Ingdore Koch. Desde então, Xavier
não apenas tem se dedicado à pesquisa sobre hipertexto como
tem se empenhado em divulgar outras pesquisas ligadas ao tema
no Brasil. Em 2004, em conjunto com Marcuschi, editou o livro
Hipertextos e gêneros digitais pela Editora Lucerna, reunindo
vários colegas brasileiros. O livro foi um sucesso e uma segunda
edição foi feita em 2005. Uma nova publicação revisada está
sendo editada pela editora Cortez.
Xavier criou o Nehte – Núcleo de Estudos de Hipertexto e
Tecnologias Educacionais – no qual de reúne uma equipe
interinstitucional, formada por professores-pesquisadores e
alunos de iniciação científica e pós-graduação da UFPE e de outras
instituições de ensino superior do país. O Nehte tem por objetivo
“pesquisar as aplicações das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação (TICs) na aprendizagem”. Sob a coordenação de
Xavier são realizados estudos, cursos, consultorias e encontros
científicos. O primeiro evento científico organizado pelo Nehte foi
o I Encontro Nacional Sobre Hipertexto, cujo tema foi “Desafios
linguísticos, literários e pedagógicos”. O congresso foi realizado
na Universidade Federal de Pernambuco entre os dias 27 e 29 de
outubro de 2005, reunindo pesquisadores de todo o país.
Demonstrando ser uma liderança na área dos estudos sobre
linguagem e tecnologia, Xavier fez com que o evento circulasse
pelo Brasil, incentivando seus pares a hospedá-lo em suas
instituições. Assim, o segundo encontro aconteceu em 2007, na
Universidade Federal do Ceará, e o terceiro acontece em 2009, no
Centro Federal de Ensino Tecnológico de Minas Gerais em Belo
Horizonte.
Xavier não limitou suas ações aos eventos, criou também a
revista digital Hipertextus e o primeiro número da revista saiu em
2007, editada pelo próprio autor. Em 2009, outros dois volumes
foram organizados. O volume 2 por Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG)
e o 3 por Ermerlinda Ferreira (UFPE). Isso demonstra mais uma vez
a sua capacidade de gerenciar sem centralizar e de criar redes.
Não satisfeito em promover a reunião dos pesquisadores
brasileiros em torno de um evento nacional e de uma revista,
Xavier congregou colegas de várias instituições e criou a
Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto, a Abehte, em
2007, durante o 2° Encontro Nacional sobre Hipertexto em
Fortaleza, quando foi eleito seu primeiro presidente.
Sua mais recente realização é este livro que agora
apresento: A Era do Hipertexto: linguagem e tecnologia. A obra
surgiu da revisão e da atualização de sua tese de doutorado sobre
as tecnologias de enunciação com foco no hipertexto. Ao longo do
livro, Xavier oferece ao leitor excelentes reflexões sobre a
revolução digital e a produção e circulação do saber, além de um
delicioso capítulo histórico, acompanhado de ilustrações, sobre a
evolução das tecnologias enunciativas. Ele apresenta também uma
contextualização histórica sobre o surgimento da tecnologia
hipertextual e discute várias definições e formas de ver o
hipertexto, incluindo a ideia de que, antes da informática, índices
e sumários, por exemplo, já eram formas de manifestação da
hipertextualidade. No entanto, o hipertexto de que fala Xavier é
exclusivo do ambiente digital. Para ele,

O hipertexto deve ser visto como o locus de processos


virtuais que dá vida ao modo de enunciação digital.
Este, por seu turno, é uma forma singular de enunciar,
isto é, uma maneira própria de dispor, compor e
superpor, entrelaçadamente, em uma mesma
plataforma enunciativa, os recursos semióticos de
natureza linguística e não-linguística -, fato este que o
torna distinto da escrita alfabética, ainda que
dependente e profundamente nela enraizado. (p.89)

Esse modo de enunciação digital é estudado no último


capítulo do livro que trata da navegação, links e referenciação no
hipertexto. Nesse capítulo final, Xavier responde às perguntas “O
que são e como funcionam os links no hipertexto? O que leva
um usuário a clicar nos links? Como se dá o processo de
referenciação acionado pelos cliques nos links?” e utiliza como
exemplo a página virtual do CNPq.
Deixo ao leitor a busca pelas respostas no texto
original e criativo de Xavier. Tenho certeza de que o leitor vai
se sentir pego pela mão do autor e terá dificuldades de
interromper a leitura, pois o texto que ora apresento é muito
sedutor.

Vera Menezes
Belo Horizonte, setembro de 2009
SUMÁRIO

Introdução................................................................................15

1. Revolução digital, tecnocracia e pós-modernidade ................21


Revolução digital e tecnocracia ............................................. 21
Perigo da tecnocracia: hiper-hegemonia ............................... 24
Revolução digital e determinismo tecnológico ...................... 28
Hipertexto e pós-modernidade ............................................ 34

2. Da argila à tela digital: os suportes da linguagem .................49


Origem do sistema de escrita alfabética: uma tecnologia
lingüística ............................................................................. 51
A Diversidade dos sistemas de escrita ................................... 57
Suportes da escrita nos reinos mineral, animal, vegetal
e digital ................................................................................ 63
A Prensa na Europa: invenção de Gutenberg ........................ 72
Livro: autoria, cânone e liberdade de expressão ............. 76
Ler no livro ou ler na tela?....................................................... 83

3. Interação, texto e hipertexto ................................................95


Perspectiva sociointeracionista .............................................. 95
Concepção de texto .............................................................. 97
Definição de hipertexto....................................................... 101
Caracterização de hipertexto............................................... 112

4. Hipertexto, enunciação e linguagem digital ........................ 131


Modos de enunciação e linguagem digital .......................... 132
Diálogo entre concepções de hipertexto ............................. 136
Eco e McLuhan: gerações alfabéticas ou imagéticas?.................. 137
Kress: reemergência do modo visual de representação........... 146
Bolter: computador como espaço para a nova
escrita eletrônica................................................................... 165
Lentidão: um problema de conexão
e de percepção cognitiva....................................................... 179

5. Navegação, links e referenciação no hipertexto ................... 189


O que é referenciação? ........................................................ 189
O que é link? ....................................................................... 192
Link: dispositivo técnico-informático .................................. 192
Link: mecanismo de referenciação digital ............................ 193
Quais as formas dos links? .................................................. 195
Formas verbais......................................................... 195
Formas visuais ......................................................... 196
Quais as funções dos links no processo de navegação? ..... 199
Função dêitica dos links ...................................................... 203
Função coesiva dos links ..................................................... 209
Função cognitiva dos links .................................................. 213
Função interacional dos links .............................................. 216

Referências ............................................................................ 220


A ERA DO HIPERTEXTO LINGUAGEM & TECNOLOGIA

Introdução

Estamos vivendo em plena Era do Hipertexto.


Provavelmente, antes de começar a ler este livro, você já tenha lido
e respondido a algumas mensagens que diariamente recebe em
sua caixa de correio-eletrônico. Talvez já tenha consultado hoje
um jornal on-line para saber as novas trapalhadas dos
congressistas brasileiros, ou até mesmo comprou esse livro por
meio de um site de uma livraria virtual que faz entregas em
domicílio. Se pelo menos uma dessas coisas lhe aconteceu,
certamente você é um dos 1,5 bilhão de usuários da Internet que
acessa todos os dias vários hipertextos sobre os mais diferentes
assuntos e para os mais diversos propósitos. Esta nova mídia é
uma realidade inegável. Como bem observou Adam Schaff (1995,
p. 43): “fatos são fatos, não se podem descartá-los enfiando a
cabeça no buraco como avestruz”.
Estamos cercados de hipertextos por todos os lados.
Segundo pesquisa do IBOPE referente ao mês de junho de 2009,
cerca de 44,5 milhões de brasileiros conectam-se à Internet de
casa ou do trabalho. Levando em conta os brasileiros de 16 anos
ou mais com acesso a telefone fixo ou móvel, o IBOPE fez uma
projeção de 62,3 milhões de pessoas com acesso à grande rede
em todo o Brasil. O instituto de pesquisa considera como locais de
uso as residências, trabalho, escolas, lan-houses, bibliotecas e
telecentros. Uma das consequências diretas do aumento do acesso
de brasileiros à Internet é o grande crescimento no tempo gasto
com a navegação. Os internautas brasileiros chegaram a navegar
44h59min em um único mês (junho de 2009). Isso coloca o Brasil
em primeiro lugar no ranking de tempo de conexão, ficando a
frente dos americanos (40h30min), ingleses (36h20min), franceses
(34h59 min), japoneses (33h03min) e alemães (29h41min).

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Antonio Carlos Xavier

Entre os dez serviços com conexão à Internet mais usados


no Brasil aferidos pelo IBOPE no mesmo período, as Mensagens
Instantâneas ganharam disparadamente a preferência dos
internautas brasileiros que reservaram em média mais de sete
horas para conversas on-line. As Comunidades virtuais têm
ocupado mais de quatro horas de acesso à rede, e checagem
(leitura e escrita) de E-mails com quase três horas apareceram em
segundo e terceiro lugares respectivamente. Em quarto lugar ficou
o uso da rede para participar de games on-line. Pela ordem de
preferência de utilização dos demais serviços com Internet
estavam o acesso a sites de Fabricantes de softwares, Portais,
Buscadores, Adulto, Ferramentas de Internet e Vídeos/Filmes.
Para todas essas categorias de serviços realizados na Web,
há obriagatoriedade de abordar perceptualmente o hipertexto. É
sua condição de realização, sem a qual não há navegação. A
página web inicial de qualquer site é necessariamente um
hipertexto. Há evidentemente muita variação nos seus modelos e
formatos. Uns se apresentam mais povoados por diferentes
semioses ou modos enunciativos em comparação com outros. Os
sites construídos até o fim dos anos 1990 eram muito limitados
semioticamente, nos quais predominava o texto, a palavra escrita.
Isto acontecia até mesmo em razão da baixa velocidade de
conexão que não permitia um rápido carregamento da página web
na tela. Por serem mais leves, os arquivos de texto são os
primeiros a aparecer diante do hiperleitor. Posteriormente as
imagens são formadas e por último os arquivos de som que, por
serem programas bem pesados, demoram mais tempo para
carregar completamente. Essa limitação na velocidade levava os
webdesigners a programarem sites com muitos textos escritos
que não obrigassem os visitantes a ficar tanto tempo esperando o
fim total do carregamento da página hipertextual.
Entretanto, uma série de fatores proporcionou uma
mudança significativa na concepção dos hipertextos a partir do

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A ERA DO HIPERTEXTO LINGUAGEM & TECNOLOGIA

final de Século XX e início do século XXI. O desenvolvimento de


linguagens de programação tecnicamente mais compactas e
visualmente mais sedutoras (Javascript, por exemplo), o aumento
na velocidade de tráfego das informações na rede, o
bareateamento e a popularização da banda larga revelaram aos
criadores de websites o imenso potencial comunicativo contido na
hipermídia.
Esta subutilização semiótica foi revista e corrigida. Os
webdesigners passaram, então, a explorar ao máximo tais
novidades na tecnologia de construção de sites. Hoje não só os
iniciados em programação HTML são os únicos capazes de
construir websites. Os programas para publicação de informação
na Web tornaram-se mais amistosos e fáceis de ser manipulados.
Atualmente, qualquer pessoa com tempo, paciência e escolaridade
é capaz de confeccionar uma página web, registrá-la em um
domínio digital e publicá-la na Internet gratuitamente, já que
muitos provedores hospedam páginas de internautas sem
qualquer contrapartida financeira.
Logo, não seria exagero afirmar que o hipertexto invadiu
irreversivelmente a nossa vida. Na Era do Hipertexto, quem resistir
a viver sem ele “já era”, ou pelo menos, terá dificuldades de
inserção social e profissional. Sim, precisamos aprender a conviver
com ele. Temos que o conhecê-lo cada vez mais para tirar-lhe o
máximo do seu potencial comunicativo, socializador, educacional
e humano que espera por nossa exploração. É necessário
começarmos a dominá-lo sem até mesmo saber quando
esgotaremos essa exploração, pois o hipertexto é um ponto de
partida sem porto de chegada; quanto mais tentamos atravessar
suas camadas, mais ele se nos mostra como um novelo
infinitamente desdobrável. O desafio está lançado.

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Antonio Carlos Xavier

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