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NUTRIÇÃO ESTÉTICA

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Sumário
Sumário .................................................................................................................... 1

1. NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................... 2

2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

3. BELEZA, CORPO E ESTÉTICA .......................................................................... 5

4. A NUTRIÇÃO E A DIETÉTICA ............................................................................ 8

5. ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL ............................................................... 10

6. DIREITO HUMANO A ALIMENTAÇÃO ADEQUADA ........................................ 14

7. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL - EAN ......................................... 16

8. PRINCÍPIOS DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL -


EAN ........................................................................................................................... 17

9. ALIMENTOS ORGÂNICOS ................................................................................ 19

10. QUALIDADE DE VIDA .................................................................................... 20

11. PARCERIAS PARA POTENCIALIZAR A ABORDAGEM DA EAN NOS


SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS ........................................................................ 22

12. PROGRAMA NACIONAL PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DOS


DISTÚRBIOS POR DEFICIÊNCIA DE IODO (PRÓIODO) ....................................... 25

13. BELEZA, CORPO E ESTÉTICA ..................................................................... 28

14. A NUTRIÇÃO E A DIETÉTICA ....................................................................... 31

15. ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL ........................................................... 33

16. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 37

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1. NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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2. INTRODUÇÃO

Viver com saúde e boa forma é uma das preocupações que perpassa todos os
segmentos da sociedade, principalmente o do público feminino.

As demarcações de um corpo bonito traduzem insígnias de uma nova ordem


que se instaurou e que ganha destaque neste início de século: corpos fortes,
torneados, magros e perfeitos. A sociedade de consumo atual não os exime das
exigências quanto ao padrão de beleza que impõe, desconsiderando as inúmeras
desigualdades e diversidades existentes.

A preocupação com o corpo saudável, e acima de tudo bonito atravessa


contemporaneamente, os diferentes gêneros, faixas etárias e classes sociais.

Atualmente observa-se um crescimento da busca pela beleza e dos modelos


propostos pelos segmentos da moda, de bens e serviços em torno do corpo perfeito.
O modelo de beleza corresponde a um corpo magro, sem considerar aspectos
relacionados à saúde. A imagem corporal parece ser uma marca feminina, onde o
número de mulheres que se submetem a dietas para o controle de peso vem
aumentando gradativamente.

O padrão de beleza de corpo magro é veiculado a mensagens de sucesso,


controle, aceitação e felicidade. Assim, mulheres acreditam que sendo magras,
poderão alcançar todos os seus objetivos, sendo a perda de peso a solução para todos
os seus problemas.

Entretanto, este padrão imposto como o ideal não respeita os diversos biótipos
existentes e induz mulheres a se sentirem feias e a desejarem o emagrecimento. Para
isso, diversas mulheres caem na armadilha da dieta e aderem práticas inadequadas,
como o uso de remédios, laxantes, jejum prolongado, excesso de atividade física,
entre outros métodos sem se preocupar com os danos que podem causar a sua saúde.

Diante de tais considerações o presente estudo tem por objetivo realizar uma
revisão bibliográfica e avaliar a valorização da imagem corporal através do cuidado

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nutricional subsidiado pela prática da atenção nutricional. Foram pesquisados os
idiomas: português, inglês e espanhol e definidos os seguintes descritores: beleza,
corpo, estética, aconselhamento nutricional, nutrição estética e alimentação saudável.
Os levantamentos dos estudos referentes ao tema escolhido priorizaram o período de
2000 a 2008, para que a pesquisa contasse com dados mais recentes, não excluindo
publicações de datas anteriores, que possuíssem material pertinente ao estudo e que
fossem atuais ainda hoje. Além disso, foram pesquisados livros técnicos, sites de
internet e revistas cientificas relacionados ao tema principal do estudo.

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3. BELEZA, CORPO E ESTÉTICA

A imagem corporal é a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio.


A indústria cultural, pelos meios de comunicação, encarrega-se de criar desejos e
reforçar a imagem padronizando corpos.

O hábito de fazer dietas e de consumir produtos dietéticos são uma das


preocupações mais marcantes do público feminino, embora demonstrem uma
preocupação excessiva com a quantidade de gordura no corpo, elas evitam comidas
que "engordam" e expressão o desejo de serem cada vez mais magras.

A importância dada à imagem, aparência, corpo, beleza e estética é notória nos


dias atuais, onde o culto ao corpo e ao belo é predominante.

A sociedade contemporânea assiste deslumbrada à passagem dos corpos


perfeitos, que invadem progressivamente todos os espaços da vida moderna.

Vivemos em um mundo em que os meios de comunicação veiculam ou


produzem notícias, representações e expectativas nos indivíduos com propagandas,
informações e noticiários. Sendo a televisão o veículo de comunicação mais utilizado
para o entretenimento e para a educação, representa a maior fonte de informação
sobre o mundo, sendo capaz de transmitir aos mais diversos lugares e culturas dados
sobre como as pessoas se comportam, o que vestem, o que pensam, o que comem e
o padrão de beleza. Os meios de comunicação padronizam corpos, corpos que se
veem fora de medidas sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mídia
em mostrar corpos atraentes, faz com que uma parte de nossa sociedade se lance na
busca de uma aparência física idealizada.

Durante muito tempo, temas como beleza, corpo e estética foram considerados
menores no campo das ciências sociais brasileiras. Apesar de alguns autores terem
tratado destes temas, já no início do século XX, estes demoraram a surgir em nosso
país. No entanto, no final do século XX e início do século XXI, parece ter ocorrido uma

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verdadeira explosão de trabalhos científicos, em diferentes áreas de conhecimento,
que trazem como objetivo central discutir a singularidade do corpo, da construção da
beleza e estética na nossa cultura.

Pode-se afirmar que o final do século XX e o início do século XXI serão


lembrados como o momento em que o culto ao corpo se tornou uma verdadeira
obsessão. E a associação corpo e prestígio se tornou um elemento fundamental da
nossa cultura brasileira. A busca por um modelo ideal de beleza, nunca foi tão
estimulado e valorizado.

Ao longo dos séculos, os padrões de beleza mudaram. Nos anos 80, ocorreu
um crescimento considerável do mercado relacionado à manutenção do corpo. Nas
últimas décadas, além de ter se estabelecido um fascínio pela imagem, que é medida
pelo culto ao corpo, passa a ter um espaço privilegiado na publicidade.

O aumento da exigência por um padrão de beleza esguio pode ocasionar no


indivíduo uma relação entre seu estado nutricional, com uma visão não condizente, e
a auto percepção da sua imagem corporal, com algum sentimento de insatisfação. A
idealização da magreza pode influenciar o comportamento das pessoas a fazerem
dietas que prometem rápida perda de peso e sem sofrimento.

A mídia veicula um modelo de beleza, que é possível apenas para uma parcela
da população mundial, já que para conseguir estes padrões envolve custos para
diferentes classes sócias e culturais. Além disso, as propagandas existentes,
principalmente nas revistas, de uma forma indireta, afirmam que a aparência física é
responsável pela felicidade e sucesso, formando uma ilusão de bem-estar que para
ser conquistado, será necessário que a pessoa se enquadre no padrão de beleza
estabelecida.

A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita
a identificação de incômodos com pequenos excessos de peso. Nossos padrões
culturais fazem com que até indivíduos com o peso dentro dos parâmetros da
normalidade, possam sentir-se com seu peso acima do desejado.

Segundo Kawalski e Ferreira o corpo ocidental está em plena metamorfose.


Não se trata mais de aceitar como ele é, mas sim de corrigi-lo, transformá-lo e

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reconstruí-lo. O indivíduo busca em seu corpo uma verdade sobre si mesmo que a
sociedade não conseguia mais lhe proporcionar. Sendo que os padrões valorizados
não são os mesmos para todos.

A expectativa de corpo das pessoas em relação a esses padrões de beleza é


o que provavelmente interliga uma variedade de fenômenos cada vez mais comuns,
como a maior incidência de anorexia e bulimia nervosa. Saikali et al., descreve
anorexia e bulimia como um transtorno caracterizado por um padrão de
comportamento alimentar gravemente perturbado, com um controle patológico do
peso e por distúrbios da percepção do formato corporal. Para Goldenberg, estes
distúrbios deixaram a condição de patologia para a categoria de estilo de vida.

Diante desta preocupação com o corpo, a imagem corporal se torna um tema


de interesse da nossa sociedade, sendo tão preponderante que leva as pessoas a se
preocuparem excessivamente com ela. Desse ponto de vista, a noção de estética nos
assola, já que, sobretudo na sociedade atual, ela é determinada por padrões
culturais que variará de acordo com cada concepção de mundo, fazendo com que haja
um corpo típico para cada sociedade. É esse corpo que pode variar de acordo com o
contexto histórico e cultural, é o corpo que entra e sai da moda.

O estilo de vida contemporâneo evidencia uma necessidade crescente dos


indivíduos procurarem formas de se manterem nos padrões estéticos exigidos pela
cultura em que, no que se refere ao corpo, prevalecem processos simbólicos
funcionais a um mercado controlado por setores hegemônicos que ditem a maneira
de ser aceito.

Dentre os fenômenos da procura pela beleza, o crescimento da cirurgia plástica


estética merece destaque pelo impacto que as alterações corporais, propostas pela
medicina da beleza, causam em relação à imagem corporal.

Segundo a sociedade brasileira de cirurgia plástica, o brasileiro, especialmente


a mulher, se tornou logo após o norte-americano, o povo que mais faz plástica no
mundo. A lipoaspiração é a cirurgia mais realizada, seguida da operação das mamas,
abdômen, pálpebras e nariz. Dados recentes demonstram que a mulher brasileira é
campeã na busca de um corpo perfeito.

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Diversos estudos atuais estão evidenciando proporções elevadas de
comportamentos alimentares considerados anormais e de insatisfação com a imagem
corporal em ambos os sexos, em diferentes faixas etárias e classes sociais 23 o que
faz aumentar significativamente a procura por profissionais que possam auxiliar na
busca por um corpo ideal. São profissionais da área da saúde, como: médicos,
cirurgiões plásticos, psicólogos, personal training e nutricionistas.

4. A NUTRIÇÃO E A DIETÉTICA

A alimentação é uma necessidade humana vital, na qual a comida e o ato de


se alimentar representam diferentes elementos com conotações simbólicas.

A alimentação humana envolve aspectos psicológicos, fisiológicos e


socioculturais, se tornando um fenômeno de grande complexidade 24. A comunicação
dos conceitos existentes no código da alimentação e nutrição deve ser capaz de
prover as condições necessárias às mudanças de comportamento no ato de comer.

A ciência da nutrição destaca que todo indivíduo deve ter uma alimentação
saudável e equilibrada, tanto em qualidade como em quantidade. Hábitos alimentares
inadequados, alto consumo energético e falhas no metabolismo levam à obesidade e
à deficiência de nutrientes, que afetam mais de dois bilhões de pessoas mundialmente.
Isto corre porque há um consumo cada vez maior de alimentos industrializados.

A demanda por orientação alimentar tem crescido significativamente. Embora


não haja registro sobre seu incremento e sua dimensão, observa-se que tem
aumentado tanto na rede básica de saúde, quanto em clínicas e consultórios.

Sabe-se que uma exposição de apenas 30 segundos a comerciais de alimentos


é capaz de influenciar a escolha de um determinado produto, o que mostra que o
papel da televisão (TV), no estabelecimento de hábitos alimentares, deve ser
investigado. Diante da TV, um indivíduo pode aprender concepções incorretas sobre
o que é um alimento saudável.

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O profissional da área da saúde e nutrição não pode estar alheio ao que se
passa no mercado midiático. De nada adianta prescrever dietas, divulgar práticas
alimentares saudáveis, descontextualizadas da forte influência que o público recebe
da mídia.

A relação com o corpo, assim como hábitos e práticas alimentares, também


são construídos com base em determinações socioculturais, a mídia exerce um papel
importante na construção e desconstrução de procedimentos alimentares e padrões
de estética. Assim, discursos sobre práticas alimentares para emagrecimento, formam
um padrão de corpo ideal, que são transmitidos representando interesse de algum
segmento. Podemos dizer que são vendidos o tempo todo produtos e serviços que
colaboram tanto com a obesidade, como também com um padrão estético perfeito,
construindo um paradoxo.

Considerando que hábitos alimentares estão inseridos em estruturas culturais,


econômicos e políticos, é necessário haver uma maior ênfase na promoção de ações
que subsidiem a produção de alimentos saudáveis 29. Não parece haver dúvidas sobre
a importância da educação alimentar e nutricional na promoção de práticas
alimentares saudáveis. No entanto, as reflexões sobre suas possibilidades e limites,
como o modo que ela é concebida, ainda são escassas.

Muitos nutricionistas para promover práticas alimentares saudáveis, utilizam


guias como ferramenta de orientação à população que visam à promoção da saúde
por meio da formação de hábitos adequados. Um dos motivos para sua utilização é
prevenir excessos e carências nutricionais, uma vez que a essencialidade de sua
mensagem é a moderação e a proporcionalidade.

Para Mota et al., a criação de um índice com base em propostas específicas


para a população brasileira, e que avalie de forma qualitativa e quantitativa a dieta
habitual, faz-se necessária para propor intervenções dietéticas mais eficazes.

A relação alimentação e atividade física com a saúde são estudadas há muitos


anos, sendo que os resultados confirmam que a prática de atividade física regular e
uma alimentação equilibrada, atuam diretamente na prevenção das doenças crônicas

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não transmissíveis e uma vida mais saudável, além de auxiliar pessoas na busca de
seus ideais, como por exemplo, o corpo perfeito.

Para a ciência da nutrição não devemos privar os indivíduos de comer aquilo


que se gosta, pois sabemos que o ato de comer também é um ato de prazer.
Considerando que a proibição não é o melhor caminho, pois a pessoa se sentirá
frustrada e, por conseguinte, abandonará a dieta, o ideal é escolher junto ao cliente
os alimentos que mais lhe apetecem e encontrar formas ou técnicas de preparo que
os tornem mais saborosos e nutritivo.

Uma alimentação equilibrada quantitativa e qualitativamente, aliada a uma


prática esportiva, garante o trabalho metabólico normal, que conduz o indivíduo a
atingir e a manter seu peso ideal ou a buscar pelo corpo idealizado. Enfim, uma
alimentação saudável e equilibrada dispensa o uso de medicamentos, de dietas
milagrosas ou de cirurgias plásticas para conquistar o padrão de beleza desejado.

5. ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL

A procura por aconselhamento nutricional tem aumentado muito nos últimos


anos, já que é comprovado que uma boa alimentação pode evitar uma série de
doenças, além de trazer inúmeros benefícios a nossa saúde, e uma melhor qualidade
de vida. A educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de
compreender práticas e comportamentos, os conhecimentos ou as aptidões
resultantes desse processo contribuem para a integração do indivíduo com o meio
social.

O nutricionista deve estar preparado para captar o estado emocional do cliente


(ansiedade, nervosismo e insatisfação) declarado verbalmente ou por meio de gestos,
postura, movimento do corpo, expressões faciais, qualidade da voz e o silêncio. O
profissional deve, antes de tudo, saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente

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favorável para a construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de
ações pelo cliente. Considera-se que a ajuda para resolver problemas alimentares
insere-se numa busca de âmbito maior por qualidade de vida. Esta ocorre em
determinado momento crítico, no qual surge um problema, que, por sua vez, também
é fruto de uma história de vida.

A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual os clientes


são efetivamente auxiliados a selecionar e a implementar comportamentos desejáveis
de nutrição e estilo de vida. Então, o resultado desse processo não é somente a
melhora do conhecimento sobre nutrição, mas uma mudança de comportamento. A
qual deve ser específica às necessidades e à situação de cada indivíduo. O
conselheiro nutricional é apenas um facilitador das mudanças de comportamento. Ele
dá apoio emocional, auxilia na identificação de problemas nutricionais e estilo de vida,
sugere comportamentos a serem modificados e facilita a compreensão e o controle
do cliente. Conceitua-se o aconselhamento dietético como uma abordagem de
educação nutricional, efetuada por meio de diálogo entre o cliente e o nutricionista.

É importante considerar que o processo de aconselhamento não busca impor


ao cliente respostas prontas para o problema, mas sim estabelecer uma relação de
ajuda entre o aconselhador e o cliente, efetivada por meio das etapas do
aconselhamento.

As necessidades psicológicas exercem mais influência nos hábitos alimentares


do que a lógica. Fornecer informações, prover materiais educativos, criar estatísticas
e pesquisas científicas não necessariamente conduzem a uma mudança de
comportamento. O principal é aprender a entender o cliente e seus problemas ou
insatisfações, a ponto de conhecer os obstáculos que ele enfrenta quando tenta
alcançar seus objetivos.

O método mais utilizado por psicólogos é a terapia cognitiva comportamental


(TCC), uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda
fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos de
imagem. A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que favorecem
o desenvolvimento e a manutenção das alterações cognitivas e comportamentais que
caracterizam os casos clínicos.

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Consequentemente, a modificação de padrões distorcidos de raciocínio e a
reestruturação de crenças supervalorizadas, associadas ao peso e à imagem corporal
são focos primários do tratamento, sendo utilizadas várias técnicas cognitivas com
essa finalidade. Nos últimos anos os casos mais comuns para a abordagem da TCC
foram: os transtornos alimentares e distorção de imagem.

Além das técnicas cognitivas, a TCC também emprega as comportamentais


para ajudar na modificação dos hábitos alimentares. Diferentes estudos vêm
mostrando a eficácia de se associar orientação nutricional e atividade física à TCC. A
terapia cognitiva pode ser aplicada em pacientes de diversas idades e de diferentes
níveis educacionais, econômicos ou culturais, podendo ser realizada individualmente
ou em grupos.

Os programas de TCC resultam em melhoras significativas. As quais também


são observadas na autoestima, na solução das dificuldades interpessoais, no humor
e na qualidade de vida, além de um aumento do sentimento subjetivo de bem-estar.
Entretanto, nem todos os pacientes apresentam boa resposta à TCC.

O avanço na compreensão da natureza humana, além do conhecimento da


ciência da nutrição, tem elevado o nível da prática da educação. A experiência tem-
nos mostrado que entregar listas de alimentos e dietas calculadas em detalhes não
necessariamente garante uma adesão ou motivam os clientes a mudarem seus
comportamentos. Não é tão simples assim, pois as pessoas estão ligadas a seus
hábitos. A natureza humana, o querer do indivíduo e a saúde mental podem ter um
papel significativo no processo de mudança. O cliente tem o direito e a
responsabilidade de fazer as escolhas sobre seus cuidados com a saúde. O papel do
educador é facilitar esse processo, sempre com o objetivo de promover a melhor
qualidade de vida.

Além disso, faz-se importante que os profissionais envolvidos, principalmente


os das áreas de saúde e educação, atentem cada vez mais para a importância de
incentivar as pessoas a conhecerem melhor a si mesmo e ao seu corpo e a refletirem
sobre os padrões corporais em voga e a compreenderem essa relação com a sua
saúde e qualidade de vida.

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Percebe-se que a preocupação com a beleza é alvo das atenções de toda
humanidade, e o cuidado estético tem se expandido a cada dia. Esse processo tem
um impacto negativo sobre a autoimagem, principalmente das mulheres que se
sentem obrigadas a terem um corpo magro. A pressão cultural para emagrecer é um
elemento fundamental da etiologia dos transtornos alimentares, que interage com
fatores biológicos, psicológicos e familiares. Contudo, é importante mencionar que as
alterações em relação à estética e à imagem corporal estão em constante evolução,
necessitando assim de uma maior atenção nutricional.

O atendimento nutricional é mais do que fornecer uma informação, o


nutricionista atua na reeducação alimentar priorizando uma melhora no estilo de vida,
assim cuidar da alimentação é cuidar da vida. Para o profissional que atua diretamente
com esta clientela, é de fundamental importância estabelecer juntos os objetivos
possíveis de serem alcançados.

Portanto, a nutrição vai além das dietas para perda de peso, o nutricionista atua
na promoção da saúde buscando bons hábitos alimentares para uma melhor
qualidade de vida, advertindo sobre as crenças e as condutas equivocadas a respeito
da alimentação.

Ressaltamos a importância que tem a dimensão educativa dos nutricionistas e


profissionais da área da saúde para a população em geral, particularmente para as
mulheres. Orientar e informar sobre hábitos alimentares é um desafio que se impõe
àqueles que acreditam que o corpo pode e deve ser visto em suas diferentes formas,
não se restringindo a padrões modulares estéticos.

Como você deve imaginar, este tema traz muita visibilidade à profissão do
nutricionista e também é responsável por fazer com que muitos alunos busquem a
graduação em Nutrição. Atualmente praticantes de atividades físicas esporádicas
procuram nutricionistas que entendam profundamente de nutrição esportiva, da
mesma forma que os consultórios ficam lotados de pessoas em busca de ferramentas
nutricionais que ajudem na melhora estética. Essas áreas da Nutrição são muito novas
e muito procuradas, e por isso existem muitos profissionais atuando nelas sem o
conhecimento necessário para desempenhar um bom trabalho. Portanto, o objetivo
desta disciplina é fazer de você um profissional diferenciado: que fale com

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conhecimento e embasamento sobre os assuntos recorrentes que envolvem nutrição,
exercícios físicos e estética e que não seja mero repetidor de informações
equivocadas veiculadas por aí. Nesta disciplina, você conhecerá mais detalhes acerca
das Ciências da Saúde e da Nutrição voltadas ao exercício físico e à avaliação
nutricional, bem como prescrição dietética para praticantes de atividades físicas e para
fins estéticos. Na primeira unidade deste livro serão abordadas as bases fisiológicas
e bioquímicas do exercício físico: você, futuro nutricionista, será introduzido no
universo da ciência dos exercícios físicos e aprenderá sobre bioenergética e
metabolismo e, ainda, sobre termorregulação e hidratação. A segunda unidade será
destinada ao tema "nutrição e exercício físico", quando serão abordados assuntos
como balanço energético e aspectos nutricionais na prática esportiva, avaliação
nutricional do praticante de exercícios físicos e a nutrição em diferentes modalidades
esportivas. Na terceira unidade, o foco será a prescrição nutricional para o exercício
físico, quando serão discutidos plano alimentar do praticante de atividade física,
suplementação nutricional e recursos ergogênicos nutricionais. Palavras do autor. Por
fim, na quarta unidade, abordaremos a temática "nutrição e estética", com foco nos
tópicos: nutrição e envelhecimento, o papel dos nutrientes para a saúde da pele, das
unhas e dos cabelos e, ainda, os aspectos nutricionais relacionados ao fibroedema
geloide, à celulite e à adiposidade.

6. DIREITO HUMANO A ALIMENTAÇÃO ADEQUADA

O Direito Humano a Alimentação Adequada – DHAA, inerente a todas as


pessoas, envolve fatores desde o acesso a alimentos, quantidade e qualidade até as
condições de vida destas pessoas. O conceito do DHAA, definido desde 2002, pelo
então Relator Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler,
consiste no: “direito humano inerente a todas as pessoas de ter acesso regular e
permanente e irrestrito, quer diretamente ou por meio de aquisições financeiras a
alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade adequadas e suficientes,
correspondente às tradições culturais de seu povo e que garanta uma vida livre do
medo, digna e plena nas dimensões física e mental, individual e coletiva” (BURITY et
al., 2010). O DHAA, incluído na Constituição brasileira em 2010, deve ser garantido
na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional e envolve vários aspectos que
se relacionam aos demais direitos como saúde, educação, trabalho, moradia, lazer,

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também previstos às famílias brasileiras. A Segurança Alimentar e Nutricional – SAN,
de acordo com a Lei de Segurança Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2006a), consiste
na: “realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde
que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e
socialmente sustentáveis” (BRASIL, 2006a).

Podemos perceber que são inúmeros os fatores que influenciam a SAN de


uma família. As formas como cada um desses fatores são atendidos, no entanto,
depende da realidade específica de cada território ou povo. Por exemplo, a plena
realização do DHAA para uma comunidade indígena não é igual à dos moradores de
uma cidade.

Acesso à saúde, educação, assistência social Acesso à renda/ estabilidade


financeira Alimentação com base no hábito alimentar cultural Garantia de outros
direitos.

Acesso à alimentos livres de contaminantes

Acesso regular e permanente aos alimentos

Diversidade de alimentos

Acesso às políticas públicas de SAN

Educação Alimentar e Nutricional indígenas necessitam de terra para plantar, coletar


e caçar.

Os moradores de um bairro necessitam de trabalho, renda e acesso à água. As


pessoas com necessidades alimentares especiais carecem de acesso e informação
sobre os alimentos adequados para sua necessidade.

Aqueles que têm recursos para comprar seus alimentos precisam de


informação adequada para fazerem escolhas saudáveis e seguras (por exemplo,
rótulos confiáveis e de fácil compreensão). Ou seja, ainda que todos esses grupos
tenham características em comum, em determinadas ocasiões requerem ações

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específicas para garantir seu direito (LEÃO; RECINE, 2011). As situações de
insegurança alimentar e nutricional são demonstradas de diferentes maneiras em
cada território, como por exemplo, a falta de acesso à água, renda, saneamento básico,
entre outros. Conhecendo as necessidades das famílias, a equipe técnica poderá
identificar e planejar estratégias adequadas. E por meio do mapeamento das
potencialidades do território podem ser definidas estratégias intersetoriais com
diferentes parceiros. Para tanto, é importante a articulação com o órgão responsável
pela Segurança Alimentar e Nutricional no município, estado ou Distrito Federal, com
intuito de favorecer o acesso à alimentação adequada, respeitando as necessidades
individuais, as necessidades alimentares especiais, bem como as práticas alimentares
e hábitos culturais da família e do território.

7. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL - EAN

educação alimentar e nutricional – EAN, no contexto da realização do Direito


Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional,
é um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar,
intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de
hábitos alimentares saudáveis. Nesse sentido, a equipe técnica poderá abordar esta
temática nas atividades realizadas com as famílias. As ações de EAN abrangem
aspectos da alimentação adequada e saudável que vão desde a produção até a
distribuição e o consumo de alimentos, envolvendo a dinâmica socioeconômica e as
condições de saúde e de educação do território onde a família está inserida.

Os serviços sócios assistenciais da proteção social básica visam à promoção


de ações de prevenção das situações de vulnerabilidade e risco social e de acesso a
direitos sócio assistenciais. Nessa direção, a EAN se configura uma ferramenta para
contribuir com o Direito Humano a Alimentação Adequada - DHAA, por meio da
reflexão de temáticas que estimulem a prática autônoma e voluntária de hábitos
alimentares saudáveis pelas famílias. A escolha dos alimentos varia entre os
indivíduos e grupos sendo influenciada por fatores como idade, o gênero e aspectos
socioeconômicos (GARCIA, 1997). De fato, as escolhas alimentares são influenciadas
por determinantes oriundos de duas grandes dimensões, a saber: individuais e
coletivas. Entre os determinantes individuais encontram-se com experiências ao longo

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do tempo; conhecimento e fatores pessoais, recursos, contexto alimentar, aspectos
sensoriais e percepção sobre alimentação saudável. Já entre os determinantes
coletivos encontram-se os fatores econômicos, sociais e culturais, como por exemplo,
regulação da indústria de alimentos, alimentação saudável na escola e em instituições,
espaços públicos saudáveis, acessibilidade a alimentos saudáveis, envolvimento do
setor de serviços, dentre outros. Importante destacar que o ato de comer, além de
satisfazer as necessidades biológicas também é fonte de prazer, de socialização e de
expressão cultural. O modo de vida contemporâneo, caracterizado pela ampla oferta
e diversidade de alimentos, pelo pesado investimento em marketing e tecnologia de
alimentos e pelo apelo midiático, influência de maneira significativa o comportamento
alimentar das famílias de todos os extratos sociais. Observa-se que a autonomia do
indivíduo é mediada por diversos fatores, neste sentido a abordagem da EAN deve se
dar de forma articulada a estratégias estruturais, que abranjam aspectos desde a
produção até consumo dos alimentos. Isso porque a prática autônoma e voluntária de
hábitos alimentares saudáveis depende de ações articuladas entre as dimensões
voluntárias, que o indivíduo pode definir e alterar e àquelas estruturais, que o ambiente
determina e possibilita.

8. PRINCÍPIOS DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E


NUTRICIONAL - EAN

Como já destacado, a EAN pode e deve ser abordada por diferentes setores
com vistas a contribuir para a garantia Direito Humano a Alimentação Adequada –
DHAA. E, segundo o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para
as Políticas Públicas, quando tratamos da abordagem desta temática nos serviços
sócio assistenciais, a EAN deve observar os princípios organizativos e doutrinários do
Sistema Único de Assistência Social, bem como os princípios das ações de EAN.

Sustentabilidade social, ambiental e econômica: A sustentabilidade e seus


desafios assumem um papel central na reflexão sobre as dimensões do
desenvolvimento e dos padrões de produção, de abastecimento, de comercialização,
de distribuição e de consumo de alimentos. A sustentabilidade não se limita à
dimensão ambiental, mas estende-se às relações humanas, sociais e econômicas
estabelecidas em todas as etapas do sistema alimentar. Assim, a EAN, quando

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promove a alimentação adequada e saudável, refere-se à satisfação das
necessidades alimentares dos indivíduos e populações, no curto e no longo prazo,
que não implique o sacrifício dos recursos naturais renováveis e não renováveis e que
envolva relações econômicas e sociais estabelecidas a partir dos parâmetros da ética,
da justiça, da equidade e da soberania. A produção local Contribui para o
desenvolvimento local e para a garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada
– DHAA. Cultivo de alimentos em casa. Incentivar as famílias a terem uma horta em
casa é uma estratégia estimular o consumo de alimentos saudáveis, a um custo
acessível, além de garantir que são alimentos cultivados de forma sustentável.
Intersetorialidade Sustentabilidade social, ambiental e econômica Abordagem do
sistema alimentar na sua integralidade Valorização da cultura alimentar local e
respeito à diversidade de opinião e perspectivas A comida e o alimento como
referências - culinária emancipatória A promoção do autocuidado e da autonomia A
diversidade dos cenários de prática A educação enquanto um processo permanente,
participativo e gerador de autonomia.

Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade: Compreende-se


sistema alimentar como o processo que abrange desde o acesso à terra, água e meios
de produção, as formas de processamento, de abastecimento, de comercialização e
de distribuição; a escolha e consumo dos alimentos, incluindo as práticas alimentares
individuais e coletivas, até a geração e a destinação de resíduos. As ações de EAN
precisam abranger temas e estratégias relacionadas a todas estas dimensões de
maneira a contribuir para que os indivíduos e grupos façam escolhas conscientes e
que estas escolhas possam, por sua vez, interferir nas etapas anteriores ao consumo
alimentar.

Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e


perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas: A
alimentação brasileira, com suas particularidades regionais, é uma das expressões do
processo histórico e de intercâmbio cultural entre os diferentes povos que formaram o
país. Assim, a EAN deve considerar a legitimidade dos saberes oriundos da cultura,
religião e ciência, respeitar e valorizar as diferentes expressões da identidade e da
cultura alimentar da população, reconhecendo e difundindo a riqueza incomensurável
dos alimentos, das preparações, das combinações e das práticas alimentares locais

18
e regionais. Esse princípio trata da diversidade na alimentação e deve contemplar as
práticas e os saberes mantidos por povos e comunidades tradicionais, bem como
diferentes escolhas alimentares, sejam elas voluntárias ou não, como por exemplo, as
pessoas com necessidades alimentares especiais.

9. ALIMENTOS ORGÂNICOS

São sustentáveis porque a produção destes alimentos não destrói ou polui


recursos naturais, como a água e o solo. A produção orgânica valoriza a referencial
tradicional local, não utiliza agrotóxicos e outras substâncias sintéticas que possam
contaminar o alimento ou o meio ambiente, além de respeitar as condições dignas de
trabalho (BRASIL, 2009a; ANVISA, 2011). A produção agrícola atual do país
demonstra crescimento expressivo de monocultivos (soja, cana-de-açúcar e milho),
principalmente voltados à exportação e diminuição da produção de alimentos para o
mercado interno, como tomate, cebola, arroz, feijão, batata inglesa, trigo, aveia e
mandioca. A agricultura familiar possui relação direta com a garantia do DHAA, pois
amplia a oferta de alimentos regionais, frescos e reduz o custo e perdas no transporte.
Além disso, impulsiona o desenvolvimento local.

A comida e o alimento como referências: Valorização da culinária enquanto


prática emancipatória. A alimentação envolve diferentes aspectos que manifestam
valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais. As pessoas, diferentemente dos
demais seres vivos, não se alimentam de nutrientes, mas de alimentos e preparações
escolhidas e combinadas de uma maneira particular, com cheiro, cor, temperatura,
textura e sabor, se alimentam também de seus significados e dos aspectos simbólicos
(DAMATA, 1987). O cheiro, o sabor e o colorido natural do alimento estimulam os
sentidos e o prazer em se alimentar! Quando a EAN aborda estas múltiplas dimensões
ela se aproxima da vida real das pessoas e permite o estabelecimento de conexões,
entre o processo pedagógico e as diferentes realidades e necessidades locais e
familiares. Da mesma maneira, saber preparar o próprio alimento gera autonomia,
permite praticar as informações técnicas e amplia o conjunto de possibilidades dos
indivíduos. A prática culinária também facilita a reflexão e o exercício das dimensões
sensoriais, cognitivas e simbólicas da alimentação (DIEZGARCIA; CASTRO, 2010).

19
Mesmo quando o preparo efetivo de alimentos não é viável nas ações educativas, é
necessário refletir com as pessoas sobre a importância e o valor da culinária como
recurso para alimentação saudável (DAMATA, 1987).

A Promoção do autocuidado e da autonomia: O autocuidado é um dos aspectos


do viver saudável. É a realização de ações dirigidas a si mesmo ou ao ambiente, a fim
de regular o próprio funcionamento de acordo com seus interesses na vida; o
funcionamento integrado e de bem-estar. As ações de autocuidado são voluntárias e
intencionais, envolvem a tomada de decisões, e têm o propósito de contribuir de forma
específica para a integridade estrutural e o desenvolvimento humano. Essas ações
são afetadas por fatores individuais, ambientais, socioculturais, de acesso a serviços
entre outros. Resgatar o prazer de cozinhar em casa e em família pode ser uma forma
de fortalecer vínculos. O momento de partilhar uma refeição à mesa proporciona o
ouvir e falar, favorecendo as relações familiares! Temperos naturais e ervas
aromáticas. Podem ser cultivados em casa e são ótimos para dar sabor aos alimentos
e excelentes opções para a família se reunir para uma preparar sua refeição de forma
prazerosa. Temperos naturais como salsinha, cebolinha, açafrão, manjericão, coentro,
pimenta, além de conferirem sabor aos alimentos são ricos em vitaminas e minerais,
em contraponto a utilização de temperos industrializados, ricos em gordura, sal e
conservantes.

10. QUALIDADE DE VIDA

Envolve o consumo de alimentos adequados e saudáveis e prática regular de


atividade física O exercício deste princípio pode favorecer a adesão das pessoas às
mudanças necessárias ao seu modo de vida. O autocuidado e o processo de mudança
de comportamento centrado na pessoa, na sua disponibilidade e sua necessidade são
um dos principais caminhos para se garantir o envolvimento do indivíduo nas ações
de EAN. A promoção do autocuidado tem como foco principal apoiar as pessoas para
que se tornem agentes produtores sociais de sua saúde, ou seja, para que as pessoas
se empoderem em relação à sua saúde. Os principais objetivos do apoio ao

20
autocuidado são gerar conhecimentos e habilidades às pessoas para que conheçam
e identifiquem seu contexto de vida; e para que adotem, mudem e mantenham
comportamentos que contribuam para a sua saúde

A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e


participação ativa e informada dos sujeitos: As abordagens educativas e pedagógicas
adotadas em EAN devem privilegiar os processos ativos, que incorporem os
conhecimentos e práticas populares, contextualizados a realidade do indivíduo, de sua
família e grupos e que possibilitem a integração permanente entre a teoria e a prática.
O caráter permanente indica que a EAN precisa estar presente ao longo do curso da
vida respondendo às diferentes demandas que o indivíduo apresente, desde a
formação dos hábitos alimentares na primeira infância à organização da sua
alimentação fora de casa na adolescência e idade adulta. O fortalecimento da
participação ativa e a ampliação da autonomia, para as escolhas e para as práticas
alimentares implicam, por um lado, o aumento da capacidade de interpretação e a
análise do sujeito sobre si e sobre o mundo e, complementarmente, a capacidade de
fazer escolhas, governar, transformar e produzir a própria vida. Para tanto, é
importante que o indivíduo desenvolva senso crítico frente a diferentes situações e
possa estabelecer estratégias adequadas para lidar com elas. Diante das inúmeras
possibilidades de consumo, bem como das regras de condutas dietéticas, a decisão
ativa e informada significa reconhecer as possibilidades, poder experimentar, decidir,
reorientar, isto é, ampliar os graus de liberdade em relação aos aspectos envolvidos
no comportamento alimentar. Neste sentido, a EAN deve ampliar a sua abordagem
para além da transmissão de conhecimento e gerar situações de reflexão sobre as
situações cotidianas, busca de soluções e prática de alternativas.

A diversidade nos cenários de prática: As estratégias e os conteúdos de EAN


devem ser desenvolvidos de maneira coordenada e utilizar abordagens que se
complementem de forma harmônica e sistêmica. Além de estarem disponíveis nos
mais diversos espaços sociais para os diferentes grupos populacionais. O
desenvolvimento de ações e estratégias adequadas às especificidades dos cenários
de práticas é fundamental para alcançar os objetivos da EAN, além de contribuir para
o resultado sinérgico entre as ações.

21
Intersetorialidade: Compreende-se intersetorialidade como uma articulação dos
distintos setores governamentais e não-governamentais, de forma que se
corresponsabilizem pela garantia da alimentação adequada e saudável. O processo
de construção de ações intersetoriais implica a troca e a construção coletiva de
saberes, linguagens e práticas entre os diversos setores envolvidos com o tema, de
modo que se torne possível produzir soluções inovadoras quanto à melhoria da
qualidade da alimentação e vida. Neste processo cada setor poderá ampliar sua
capacidade de analisar e de transformar seu modo de operar, a partir do convívio com
a perspectiva dos outros setores, abrindo caminho para que os esforços de todos
sejam mais efetivos e eficazes.

11. PARCERIAS PARA POTENCIALIZAR A ABORDAGEM DA EAN


NOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS

De acordo com o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional


para as Políticas Públicas, a intersetorialidade é um dos princípios das ações de EAN.
Os diferentes setores de governo e da sociedade civil podem e devem realizar EAN,
dentro de seus contextos, mandatos e abrangência, podendo alcançar o máximo de
resultados possíveis, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da população. A
intersetorialidade das ações de EAN é refletida localmente por meio da formação de
parcerias com diversos setores como segurança alimentar e nutricional, saúde,
educação, agricultura, meio ambiente, esporte e lazer. Assim, os setores
potencializam ações em torno de um objetivo comum, definindo estratégias para a
garantia do Direito Humano a Alimentação Adequada – DHAA.

A intersetorialidade das ações de EAN é refletida localmente com a articulação


e formação de parcerias entre os coordenadores dos CRAS, gestores das secretarias
municipais de assistência social e dos órgãos de segurança alimentar e nutricional
municipais com diversos outros setores como saúde, educação, agricultura, meio
ambiente, esporte e lazer. Assim, os setores compartilham conhecimentos e saberes
em torno de um objetivo comum, definindo estratégias, em conjunto, para o

22
desenvolvimento de ações de promoção de hábitos alimentares saudáveis e modos
de vida sustentáveis no território.

Os parceiros que são envolvidos na EAN irão se co-responsabilizar de alguma


forma pela ação, de acordo com as suas competências institucionais e individuais.
Cada parceiro envolvido na EAN se compromete e contribui com estratégias de
promoção da alimentação adequada e saudável no território. O CRAS ao identificar a
necessidade de trabalhar questões relativas à segurança alimentar e nutricional,
abordando temáticas sobre EAN, poderá articular com a rede sócio assistencial e
setorial existente no seu território de abrangência. Para tanto, é importante mapear
parceiros no território como, entidades de assistência técnica e extensão rural,
instituições de ensino (cursos de nutrição, agronomia, gastronomia, etc.), sociedade
civil organizada (associações comunitárias, entidades religiosas, conselhos, etc.),
entre outros. Existem programas e ações governamentais que podem potencializar a
abordagem da EAN nos serviços socioassistenciais.

Destaca-se aqui, brevemente, algumas destas ações e programas:

Saúde - Atenção Básica (AB)

A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito


individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a
manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que
impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e
condicionantes de saúde das coletividades. No Brasil, a Atenção Básica (AB) é
desenvolvida com alto grau de descentralização, capilaridade e próxima da vida das
pessoas. As Unidades Básicas de Saúdes instaladas perto de onde as pessoas
moram, trabalham, estudam e vivem desempenham um papel central na garantia à
população de acesso a uma atenção à saúde de qualidade.

Estratégia Saúde da Família (ESF)

A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica


no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo

23
Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão,
qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do
processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e
fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de
saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo
efetividade.

Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil

A “Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação


Complementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil”, lançada
em 2012, tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos profissionais da
atenção básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento
materno e da alimentação saudável para crianças menores 20. Essa iniciativa é o
resultado da integração de duas ações importantes do Ministério da Saúde: a Rede
Amamenta Brasil e a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável
(ENPACS), que se uniram para formar essa nova estratégia, que tem como
compromisso a formação de recursos humanos na atenção básica.

Programa Saúde na Escola (PSE)

Fruto do esforço do governo federal em construir políticas intersetoriais para a


melhoria da qualidade de vida da população brasileira, o Programa Saúde na Escola
(PSE), do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação, foi instituído em 2007
pelo Decreto Presidencial nº 6.286. É um espaço privilegiado para as práticas de
promoção de saúde e de prevenção de agravos e de doenças, contribuindo para o
fortalecimento do desenvolvimento integral e propiciando à comunidade escolar o
enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de
crianças, adolescentes e jovens brasileiros.

Programa Nacional de Suplementação de Vitamina

A O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A foi instituído por meio


da Portaria nº 729, de 13 de maio de 2005, cujo objetivo é reduzir e controlar a
deficiência nutricional de vitamina A em crianças de 6 a 59 meses de idade e

24
puérperas no pós-parto imediato (antes da alta hospitalar). Esse programa faz parte
da Ação Brasil Carinhoso constante no Programa Brasil sem Miséria, que objetiva o
combate à pobreza absoluta na primeira infância e reforça a assistência a criança
menor de 5 anos para prevenção da deficiência de vitamina A, garantindo o acesso e
disponibilidade do insumo a todas as crianças nessa faixa etária nas Regiões Norte e
Nordeste e os municípios das Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste contemplados no
Programa Brasil sem Miséria.

Programa Nacional de Suplementação de Ferro

O Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) é uma ação de


prevenção e controle da anemia por deficiência de ferro no âmbito do SUS. O PNSF
consiste na suplementação universal com suplemento de ferro em doses profiláticas;
a fortificação de alimentos preparados para as crianças com micronutrientes em pó; a
fortificação obrigatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico; e a
promoção da alimentação adequada e saudável para aumento do consumo de
alimentos fontes de ferro. A suplementação profilática de ferro é uma medida para
todas as crianças de 06 a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal,
independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto, e na
suplementação de gestantes com ácido fólico. Os suplementos de ferro e ácido fólico
deverão estar gratuitamente disponíveis nas farmácias das Unidades Básicas de
Saúde, em todos os municípios brasileiros.

12. PROGRAMA NACIONAL PARA PREVENÇÃO E CONTROLE


DOS DISTÚRBIOS POR DEFICIÊNCIA DE IODO (PRÓIODO)

25
Desde 1953, é obrigatória a iodação do sal no Brasil e, desde 1974, é
obrigatória a iodação de todo o sal destinado ao consumo humano e animal – Lei nº
6.150. O que vem ocorrendo desde então são adequações à legislação para atender
melhor a população na prevenção dos distúrbios causados pela deficiência de iodo.
O Programa de Combate aos Distúrbios por Deficiência de Iodo no Brasil é uma das
ações mais bem-sucedidas no combate aos distúrbios por deficiência de
micronutrientes e tem sido elogiado pelos organismos internacionais pela sua
condução e resultado obtido na eliminação do bócio endêmico no País. Entre as ações,
a iodação universal do sal para consumo humano e o monitoramento e fiscalização
das indústrias salineiras são as principais responsáveis pelo sucesso do programa.

Programa Academia da Saúde

O Programa Academia da Saúde visa a contribuir para a promoção da saúde


da população a partir da implantação de espaços públicos construídos com infra
estrutura, equipamentos e profissionais qualificados para o desenvolvimento de
práticas corporais; orientação de atividade física; promoção de ações de segurança
alimentar e nutricional e de educação alimentar, bem como outras temáticas que
envolvam a realidade local; além de práticas artísticas e culturais (teatro, música,
pintura e artesanato). Seguindo os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde
(SUS). Os polos do Academia da Saúde são parte integrante da atenção básica,
compondo mais um ponto de atenção à saúde.

Recomendação alimentar para atletas e esportistas

Aprenda detalhes sobre alimentação que contribuem para o desempenho físico.


Por Jamilie Lima, nutricionista da Diretoria de Esporte e Lazer (DEL/DAC/UnB), e
Paula Correia Santana, nutricionista graduada na Universidade de Brasília Introdução
O conceito de nutrição se baseia em uma alimentação completa e variada, com
quantidade suficiente e com qualidade de forma que atenda às necessidades do
organismo. Não existe um único alimento que contenha todos os nutrientes
(carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais), de maneira que sempre um
vai ter predomínio de algum nutriente e é isso que o fará ser classificado em
determinado grupo. Em razão disso é importante consumir alimentos de diferentes
grupos (Grupo dos feijões e outras leguminosas, Grupo das raízes e tubérculos, Grupo

26
dos legumes e verduras, Grupo das frutas, Grupo das castanhas, Grupo dos leites e
queijos, Grupo das carnes, aves, pescados e ovos) para se ter uma dieta variada e
mais completa, aumentando as chances de obter variados nutrientes para a boa
nutrição do corpo. Os guias alimentares são opções práticas quando pensamos numa
Alimentação com qualidade, uma vez que fornece um conjunto de informações,
recomendações e orientações sobre escolhas, preparo e consumo.

Alimentação

Alimentar-se não é apenas comer para deixar de sentir fome ou porque o que
se escolheu é muito saboroso. A alimentação envolve aspectos mais profundos como
quantidade, que deve ser suficiente para suprir as necessidades energéticas;
qualidade, os alimentos consumidos devem suprir as necessidades nutricionais;
harmonia, pois se deve ter equilíbrio entre os nutrientes e a quantidade em que são
consumidos; adequação, ou seja, deve ser adequada às necessidades específicas de
cada pessoa. Por exemplo, quando a dieta está adequada as necessidades do
esportista ou do atleta, ele estará em melhores condições para se adaptar ao estímulo
do exercício e apresentar menores riscos a lesões e enfermidades. Na alimentação
de esportistas e atletas, os nutrientes particularmente importantes para manutenção
de sua saúde e de seu rendimento esportivo são: cobre, cromo, ferro, manganês,
magnésio, sódio, zinco, cálcio, vitamina A, E, C e vitaminas do complexo B,
particularmente as vitaminas B6 e B12. Tudo isso, aliado ao adequado fornecimento
de energia e de proteínas é facilmente disponibilizado ao organismo quando provém
de uma dieta rica em cereais, leguminosas, frutas, hortaliças, carnes magras,
pescados, produtos lácteos e lipídeos insaturados. Atletas que restringem o consumo
alimentar, que consomem alimentos em quantidade abaixo do que necessitam ou que
eliminam de suas refeições algum grupo de alimentos, que restringem a ingestão
calórica para perda de peso sem qualquer orientação, estão em maior risco de
inadequação nutricional. Isso porque, consumo energético baixo pode levar a maiores
riscos de doenças ou injúria, dificuldade de aumentar a densidade óssea, fadiga,
processo de recuperação pós-esforço mais prolongado. O praticante de atividade
física deve avaliar sua conduta alimentar para evitar danos a sua saúde. Outro ponto
interessante é o que diz respeito a algumas crenças sobre alimentação para atleta.
Muitos creem que somente com o consumo mais elevado de proteínas eles terão os

27
melhores resultados em termos de aumento de massa muscular e desempenho
esportivo. No entanto, essa é uma crença errônea, pois o melhor é o ajuste específico
da alimentação às necessidades de cada atleta, levando em conta suas
particularidades nutricionais e seus objetivos. Dessa forma, o atleta desfrutará de boa
saúde e os efeitos de treinamento serão maximizados.

13. BELEZA, CORPO E ESTÉTICA

A imagem corporal é a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio.


A indústria cultural, pelos meios de comunicação, encarrega-se de criar desejos e
reforçar a imagem padronizando corpos1.

O hábito de fazer dietas e de consumir produtos dietéticos são uma das


preocupações mais marcantes do público feminino, embora demonstrem uma
preocupação excessiva com a quantidade de gordura no corpo, elas evitam comidas
que "engordam" e expressão o desejo de serem cada vez mais magras.

A importância dada à imagem, aparência, corpo, beleza e estética é notória nos


dias atuais, onde o culto ao corpo e ao belo é predominante .

A sociedade contemporânea assiste deslumbrada à passagem dos corpos


perfeitos, que invadem progressivamente todos os espaços da vida moderna.

Vivemos em um mundo em que os meios de comunicação veiculam ou


produzem notícias, representações e expectativas nos indivíduos com propagandas,
informações e noticiários. Sendo a televisão o veículo de comunicação mais utilizado
para o entretenimento e para a educação, representa a maior fonte de informação
sobre o mundo, sendo capaz de transmitir aos mais diversos lugares e culturas dados
sobre como as pessoas se comportam, o que vestem, o que pensam, o que comem e
o padrão de beleza. Os meios de comunicação padronizam corpos, corpos que se
veem fora de medidas sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mídia
em mostrar corpos atraentes, faz com que uma parte de nossa sociedade se lance na
busca de uma aparência física idealizada.

28
Durante muito tempo, temas como beleza, corpo e estética foram considerados
menores no campo das ciências sociais brasileiras. Apesar de alguns autores terem
tratado destes temas, já no início do século XX, estes demoraram a surgir em nosso
país. No entanto, no final do século XX e início do século XXI, parece ter ocorrido uma
verdadeira explosão de trabalhos científicos, em diferentes áreas de conhecimento,
que trazem como objetivo central discutir a singularidade do corpo, da construção da
beleza e estética na nossa cultura.

Pode-se afirmar que o final do século XX e o início do século XXI serão


lembrados como o momento em que o culto ao corpo se tornou uma verdadeira
obsessão. E a associação corpo e prestígio se tornou um elemento fundamental da
nossa cultura brasileira. A busca por um modelo ideal de beleza, nunca foi tão
estimulado e valorizado.

Ao longo dos séculos, os padrões de beleza mudaram. Nos anos 80, ocorreu
um crescimento considerável do mercado relacionado à manutenção do corpo. Nas
últimas décadas, além de ter se estabelecido um fascínio pela imagem, que é medida
pelo culto ao corpo, passa a ter um espaço privilegiado na publicidade.

O aumento da exigência por um padrão de beleza esguio pode ocasionar no


indivíduo uma relação entre seu estado nutricional, com uma visão não condizente, e
a auto percepção da sua imagem corporal, com algum sentimento de insatisfação. A
idealização da magreza pode influenciar o comportamento das pessoas a fazerem
dietas que prometem rápida perda de peso e sem sofrimento 11.

A mídia veicula um modelo de beleza, que é possível apenas para uma parcela
da população mundial, já que para conseguir estes padrões envolve custos para
diferentes classes sócias e culturais. Além disso, as propagandas existentes,
principalmente nas revistas, de uma forma indireta, afirmam que a aparência física é
responsável pela felicidade e sucesso, formando uma ilusão de bem-estar que para
ser conquistado, será necessário que a pessoa se enquadre no padrão de beleza
estabelecida.

A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita
a identificação de incômodos com pequenos excessos de peso. Nossos padrões

29
culturais fazem com que até indivíduos com o peso dentro dos parâmetros da
normalidade, possam sentir-se com seu peso acima do desejado.

Segundo Kawalski e Ferreira o corpo ocidental está em plena metamorfose.


Não se trata mais de aceitar como ele é, mas sim de corrigi-lo, transformá-lo e
reconstruí-lo. O indivíduo busca em seu corpo uma verdade sobre si mesmo que a
sociedade não conseguia mais lhe proporcionar. Sendo que os padrões valorizados
não são os mesmos para todos.

A expectativa de corpo das pessoas em relação a esses padrões de beleza é


o que provavelmente interliga uma variedade de fenômenos cada vez mais comuns,
como a maior incidência de anorexia e bulimia nervosa. Saikali et al., descreve
anorexia e bulimia como um transtorno caracterizado por um padrão de
comportamento alimentar gravemente perturbado, com um controle patológico do
peso e por distúrbios da percepção do formato corporal. Para Goldenberg, estes
distúrbios deixaram a condição de patologia para a categoria de estilo de vida.

Diante desta preocupação com o corpo, a imagem corporal se torna um tema


de interesse da nossa sociedade, sendo tão preponderante que leva as pessoas a se
preocuparem excessivamente com ela. Desse ponto de vista, a noção de estética nos
assola, já que, sobretudo na sociedade atual, ela é determinada por padrões
culturais que variará de acordo com cada concepção de mundo, fazendo com que haja
um corpo típico para cada sociedade. É esse corpo que pode variar de acordo com o
contexto histórico e cultural, é o corpo que entra e sai da moda.

O estilo de vida contemporâneo evidencia uma necessidade crescente dos


indivíduos procurarem formas de se manterem nos padrões estéticos exigidos pela
cultura em que, no que se refere ao corpo, prevalecem processos simbólicos
funcionais a um mercado controlado por setores hegemônicos que ditem a maneira
de ser aceito.

Dentre os fenômenos da procura pela beleza, o crescimento da cirurgia plástica


estética merece destaque pelo impacto que as alterações corporais, propostas pela
medicina da beleza, causam em relação à imagem corporal.

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Segundo a sociedade brasileira de cirurgia plástica, o brasileiro, especialmente
a mulher, se tornou logo após o norte-americano, o povo que mais faz plástica no
mundo. A lipoaspiração é a cirurgia mais realizada, seguida da operação das mamas,
abdômen, pálpebras e nariz. Dados recentes demonstram que a mulher brasileira é
campeã na busca de um corpo perfeito.

Diversos estudos atuais estão evidenciando proporções elevadas de


comportamentos alimentares considerados anormais e de insatisfação com a imagem
corporal em ambos os sexos, em diferentes faixas etárias e classes sociais o que faz
aumentar significativamente a procura por profissionais que possam auxiliar na busca
por um corpo ideal. São profissionais da área da saúde, como: médicos, cirurgiões
plásticos, psicólogos, personal training e nutricionistas.

14. A NUTRIÇÃO E A DIETÉTICA

A alimentação é uma necessidade humana vital, na qual a comida e o ato de


se alimentar representam diferentes elementos com conotações simbólicas.

A alimentação humana envolve aspectos psicológicos, fisiológicos e


socioculturais, se tornando um fenômeno de grande complexidade. A comunicação
dos conceitos existentes no código da alimentação e nutrição deve ser capaz de
prover as condições necessárias às mudanças de comportamento no ato de comer.

A ciência da nutrição destaca que todo indivíduo deve ter uma alimentação
saudável e equilibrada, tanto em qualidade como em quantidade. Hábitos alimentares
inadequados, alto consumo energético e falhas no metabolismo levam à obesidade e
à deficiência de nutrientes, que afetam mais de dois bilhões de pessoas mundialmente.
Isto corre porque há um consumo cada vez maior de alimentos industrializados.

A demanda por orientação alimentar tem crescido significativamente. Embora


não haja registro sobre seu incremento e sua dimensão, observa-se que tem
aumentado tanto na rede básica de saúde, quanto em clínicas e consultórios.

31
Sabe-se que uma exposição de apenas 30 segundos a comerciais de alimentos
é capaz de influenciar a escolha de um determinado produto, o que mostra que o
papel da televisão (TV), no estabelecimento de hábitos alimentares, deve ser
investigado. Diante da TV, um indivíduo pode aprender concepções incorretas sobre
o que é um alimento saudável.

O profissional da área da saúde e nutrição não pode estar alheio ao que se


passa no mercado midiático. De nada adianta prescrever dietas, divulgar práticas
alimentares saudáveis, descontextualizadas da forte influência que o público recebe
da mídia.

A relação com o corpo, assim como hábitos e práticas alimentares, também


são construídos com base em determinações socioculturais, a mídia exerce um papel
importante na construção e desconstrução de procedimentos alimentares e padrões
de estética. Assim, discursos sobre práticas alimentares para emagrecimento, formam
um padrão de corpo ideal, que são transmitidos representando interesse de algum
segmento. Podemos dizer que são vendidos o tempo todo produtos e serviços que
colaboram tanto com a obesidade, como também com um padrão estético perfeito,
construindo um paradoxo.

Considerando que hábitos alimentares estão inseridos em estruturas culturais,


econômicos e políticos, é necessário haver uma maior ênfase na promoção de ações
que subsidiem a produção de alimentos saudáveis. Não parece haver dúvidas sobre
a importância da educação alimentar e nutricional na promoção de práticas
alimentares saudáveis. No entanto, as reflexões sobre suas possibilidades e limites,
como o modo que ela é concebida, ainda são escassas.

Muitos nutricionistas para promover práticas alimentares saudáveis, utilizam


guias como ferramenta de orientação à população que visam à promoção da saúde
por meio da formação de hábitos adequados. Um dos motivos para sua utilização é
prevenir excessos e carências nutricionais, uma vez que a essencialidade de sua
mensagem é a moderação e a proporcionalidade.

32
Mota et al., a criação de um índice com base em propostas específicas para a
população brasileira, e que avalie de forma qualitativa e quantitativa a dieta habitual,
faz-se necessária para propor intervenções dietéticas mais eficazes.

A relação alimentação e atividade física com a saúde são estudadas há muitos


anos, sendo que os resultados confirmam que a prática de atividade física regular e
uma alimentação equilibrada, atuam diretamente na prevenção das doenças crônicas
não transmissíveis e uma vida mais saudável, além de auxiliar pessoas na busca de
seus ideais, como por exemplo, o corpo perfeito.

Para a ciência da nutrição não devemos privar os indivíduos de comer aquilo


que se gosta, pois sabemos que o ato de comer também é um ato de prazer.
Considerando que a proibição não é o melhor caminho, pois a pessoa se sentirá
frustrada e, por conseguinte, abandonará a dieta, o ideal é escolher junto ao cliente
os alimentos que mais lhe apetecem e encontrar formas ou técnicas de preparo que
os tornem mais saborosos e nutritivos.

Uma alimentação equilibrada quantitativa e qualitativamente, aliada a uma


prática esportiva, garante o trabalho metabólico normal, que conduz o indivíduo a
atingir e a manter seu peso ideal ou a buscar pelo corpo idealizado. Enfim, uma
alimentação saudável e equilibrada dispensa o uso de medicamentos, de dietas
milagrosas ou de cirurgias plásticas para conquistar o padrão de beleza desejado.

15. ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL

A procura por aconselhamento nutricional tem aumentado muito nos últimos


anos, já que é comprovado que uma boa alimentação pode evitar uma série de
doenças, além de trazer inúmeros benefícios a nossa saúde, e uma melhor qualidade
de vida. A educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de
compreender práticas e comportamentos, os conhecimentos ou as aptidões
resultantes desse processo contribuem para a integração do indivíduo com o meio
social.

33
O nutricionista deve estar preparado para captar o estado emocional do cliente
(ansiedade, nervosismo e insatisfação) declarado verbalmente ou por meio de gestos,
postura, movimento do corpo, expressões faciais, qualidade da voz e o silêncio. O
profissional deve, antes de tudo, saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente
favorável para a construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de
ações pelo cliente. Considera-se que a ajuda para resolver problemas alimentares
insere-se numa busca de âmbito maior por qualidade de vida. Esta ocorre em
determinado momento crítico, no qual surge um problema, que, por sua vez, também
é fruto de uma história de vida.

A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual os clientes


são efetivamente auxiliados a selecionar e a implementar comportamentos desejáveis
de nutrição e estilo de vida. Então, o resultado desse processo não é somente a
melhora do conhecimento sobre nutrição, mas uma mudança de comportamento. A
qual deve ser específica às necessidades e à situação de cada indivíduo. O
conselheiro nutricional é apenas um facilitador das mudanças de comportamento. Ele
dá apoio emocional, auxilia na identificação de problemas nutricionais e estilo de vida,
sugere comportamentos a serem modificados e facilita a compreensão e o controle
do cliente36. Conceitua-se o aconselhamento dietético como uma abordagem de
educação nutricional, efetuada por meio de diálogo entre o cliente e o nutricionista.

É importante considerar que o processo de aconselhamento não busca impor


ao cliente respostas prontas para o problema, mas sim estabelecer uma relação de
ajuda entre o aconselhador e o cliente, efetivada por meio das etapas do
aconselhamento.

As necessidades psicológicas exercem mais influência nos hábitos alimentares


do que a lógica. Fornecer informações, prover materiais educativos, criar estatísticas
e pesquisas científicas não necessariamente conduzem a uma mudança de
comportamento. O principal é aprender a entender o cliente e seus problemas ou
insatisfações, a ponto de conhecer os obstáculos que ele enfrenta quando tenta
alcançar seus objetivos.

O método mais utilizado por psicólogos é a terapia cognitiva comportamental


(TCC), uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda

34
fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos de
imagem. A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que favorecem
o desenvolvimento e a manutenção das alterações cognitivas e comportamentais que
caracterizam os casos clínicos.

Consequentemente, a modificação de padrões distorcidos de raciocínio e a


reestruturação de crenças supervalorizadas, associadas ao peso e à imagem corporal
são focos primários do tratamento, sendo utilizadas várias técnicas cognitivas com
essa finalidade. Nos últimos anos os casos mais comuns para a abordagem da TCC
foram: os transtornos alimentares e distorção de imagem.

Além das técnicas cognitivas, a TCC também emprega as comportamentais


para ajudar na modificação dos hábitos alimentares. Diferentes estudos vêm
mostrando a eficácia de se associar orientação nutricional e atividade física à TCC. A
terapia cognitiva pode ser aplicada em pacientes de diversas idades e de diferentes
níveis educacionais, econômicos ou culturais, podendo ser realizada individualmente
ou em grupos.

Os programas de TCC resultam em melhoras significativas. As quais também


são observadas na autoestima, na solução das dificuldades interpessoais, no humor
e na qualidade de vida, além de um aumento do sentimento subjetivo de bem-estar.
Entretanto, nem todos os pacientes apresentam boa resposta à TCC.

O avanço na compreensão da natureza humana, além do conhecimento da


ciência da nutrição, tem elevado o nível da prática da educação. A experiência tem-
nos mostrado que entregar listas de alimentos e dietas calculadas em detalhes não
necessariamente garante uma adesão ou motivam os clientes a mudarem seus
comportamentos. Não é tão simples assim, pois as pessoas estão ligadas a seus
hábitos. A natureza humana, o querer do indivíduo e a saúde mental podem ter um
papel significativo no processo de mudança. O cliente tem o direito e a
responsabilidade de fazer as escolhas sobre seus cuidados com a saúde. O papel do
educador é facilitar esse processo, sempre com o objetivo de promover a melhor
qualidade de vida.

35
Além disso, faz-se importante que os profissionais envolvidos, principalmente
os das áreas de saúde e educação, atentem cada vez mais para a importância de
incentivar as pessoas a conhecerem melhor a si mesmo e ao seu corpo e a refletirem
sobre os padrões corporais em voga e a compreenderem essa relação com a sua
saúde e qualidade de vida

36
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