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FUNDAMENTOS E
CÁLCULO DE RECONSTITUIÇÃO DA COMPOSIÇÃO
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Em colaboração com o Dr. Valdecir Angelo Quarcioni - Laboratório de Materiais de Construção Civil –
Área de Química, Centro de Tecnologia de Obras de Infra-estrutura-CT-Obras, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT.
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constituintes, lançando mão de determinações qualitativas que permitirão orientar
o procedimento a seguir.
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admitidas hipóteses, nem sempre reais, permitindo um resultado aproximado, mas
válido para a finalidade desejada.
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• amostragem adequada de modo a garantir que a amostra encaminhada ao
laboratório é representativa do material em estudo (um lote de aglomerante,
um revestimento em argamassa, uma estrutura em concreto);
• ataque ou solubilização da amostra com um reagente em solução aquosa
selecionado;
• separação da fração insolúvel por filtração; determinação por secagem e
pesagem;
• análise da fração solúvel, isto é, dos íons presentes, elemento a elemento,
por gravimetria, titrimetria, complexometria, espectrofotometria de absorção
atômica, etc.;
• determinação da fração volátil da amostra por aquecimento a uma
temperatura selecionada.
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resultados restantes, apresentados em separado, de alguma forma, estão
incluídos nesse total. Por exemplo, a perda ao fogo engloba água livre, água
combinada e anidrido carbônico. Este valor estará incluído no total, enquanto as
outras determinações são dadas separadamente. Quando a umidade ou água
livre não estão indicadas na tabela, entende-se que a análise química foi feita
sobre o material seco. Em nota de rodapé devem estar indicados o teor
encontrado e a temperatura em que foi feita a determinação.
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“Sempre que dois elementos combinam-se para formar mais de um composto, as massas de um dos
elementos que combinam com com uma dada massa do outro (mantido fixo) são múltiplos simples”
(Quagliano e Vallarino, 1973).
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O que a análise química não pode dar é a composição exata de cada material,
no entanto, podem ser feitas aproximações para cada caso, como nos exemplos
citados. Em cada caso existem aproximações a serem feitas e que merecem
discussão detalhada. Os aglomerantes, por exemplo, são constituídos de mais de
uma espécie química tendo sido escolhidos resultados exemplificando várias
situações. Não se pode negar que o cálculo é aproximado, mas é um recurso
importante para a análise quantitativa do material.
% m1 = n.M1 e % m2 = n.M2
M2
∴ % m2 = % m1 x (1)
M1
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1.3 Amostragem
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insaturada. À quantidade de reagente (dada em gramas ou porcentagem ou
número de moles) dissolvida por litro de solução denomina-se concentração.
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• água régia (mistura de 1 parte de ácido nítrico e 3 partes de ácido
clorídrico).
2 Técnicas Empregadas
2.1 Gravimetria
Como o próprio nome diz, é uma determinação de massa onde o cátion ou o ânion
é precipitado da solução em que está sendo dissolvido, em forma tão pouco
solúvel que não ocorra perda apreciável durante a filtração. Todos os precipitados
são secos ou calcinados a fim de se eliminar qualquer remanescente volátil junto
ao precipitado. Freqüentemente, o constituinte a ser estimado é pesado sob uma
forma diferente daquela em que é precipitado; assim, na determinação do
magnésio em argamassas, o mesmo é precipitado sob a forma de fosfato de
magnésio e amônio, Mg(NH4)PO4.6H2O, mas é pesado sob a forma de pirofosfato
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de magnésio, Mg2P2O7, após calcinação. Os fatores que determinam uma análise
por precipitação com sucesso são:
• o precipitado deve ser tão insolúvel que não ocorra perda apreciável quando
for recolhido por filtração; neste caso, além da correta escolha do reagente
químico, ou agente precipitante, estão envolvidos aspectos importantes de
técnicas e cuidados que devem ser tomados para uma precipitação
adequada;
• a natureza física do precipitado deve ser tal que ele seja prontamente
separado da solução por filtração e possa ser lavado até ficar livre de
impurezas solúveis que, se permanecerem, alterarão a massa da amostra
calcinada, conferindo erro de análise. Portanto, as dimensões das partículas
devem ser adequadas para que não passem através do meio filtrante, nem
ser afetada (pelo menos diminuídas) no processo de filtração;
• o precipitado deve ser convertido em uma espécie química pura de
composição química definida, por secagem, calcinação ou por tratamento
com um reagente evaporável ao aquecimento.
2.1.1 Filtração
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(queima a temperatura elevada, em geral a 800 ºC ou 1000 ºC, dependendo do
caso). A filtração deve ser quantitativa, isto é, todo o resíduo deve ficar retido no
meio filtrante.
O instrumento mais simples é o funil com papel filtro. O funil deve ter um ângulo
tão próximo de 60º quanto possível e uma haste longa (15 cm) para efetuar a
filtração rapidamente. Papéis de filtro são feitos com porosidades diversas, e
deve-se escolher a que seja apropriada ao tipo de material a ser filtrado. Na
filtração de precipitado de R2O3 que contém ferro e alumínio na forma de
hidróxidos, em forma gelatinosa, emprega-se um papel filtro com porosidade
média. Já na filtração do magnésio emprega-se um papel filtro de textura fina por
tratar-se de um resíduo fino.
2.2 Titrimetria
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da espécie química a ser determinada é calculada a partir do volume consumido
da solução padrão, aplicando-se as leis da estequiometria.3
3
Estequiometria é a parte da química em que se investigam as proporções dos elementos que se combinam ou
dos compostos que reagem. Está fundamentada nas leis das combinações.
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3 Determinações Básicas
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2.3.1 Dissolução seletiva
Cal livre
• Método FRANKE (1941) – Mistura 3:20 de éster aceto-acético, álcool
isobutílico, com determinação titrimétrica da cal dissolvida com ácido
clorídrico.
• Método CHANG e CHEN (1973) – dissolução com etileno-glicol e
determinação como acima.
• Método LERCH e BOGUE – dissolução com etanol+glicerol e determinação
como acima.
Fase intersticial
• Método FRATINI e TURRIZIANI (1939) – Dissolução com nitrato de
amônio + hidróxido de amônio, em pH de 11,4.
• Método REGOURD e GUINIER – após dissolução do silicato com ácido
salicílico, separação da fase Fss por dissolução do aluminato com solução
de açúcar a 10%.
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Álcalis
• Dissolução em água dos sulfatos alcalinos.
Portlandita
• Método Daimon (1977) – extração com glicerol – etanol.
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Pode-se notar dos cálculos exemplificados no capítulo 4.1.2 que na composição
é indicada a presença de hemidrato e anidrita ou hemidrato e gipsita. No entanto,
a análise por difração de raios X indica que é possível ter os três sulfatos
presentes, uma vez que a calcinação da matéria prima pode não se dar
completamente em cada grão. A composição correta é obtida da termogravimetria;
em virtude das temperaturas de decomposição do hemidrato e da gipsita serem
muito próximas, nem todas as marcas disponíveis oferecem equipamento com boa
resolução e que permita quantificar as duas espécies químicas. O fato do óxido de
magnésio ser calculado como carbonato não significa que ele está presente nessa
forma. Ele certamente provém de dolomita presente na matéria prima, a qual não
se decompõe na calcinação do gipso, por não atingir a temperatura necessária a
essa transformação. Sua presença pode ser identificada por difração de raios X.
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TABELA 2.2 FATORES DE CÁLCULO DE COMPOSIÇÃO DE SULFATOS
O cálculo é válido para matérias primas como o gipso ou fosfogesso, que contêm
dihidrato.
Seqüência:
a) % H2O x 4,778 = % CaSO4 .2H2O;
b) % H2O x 2,22 = % SO3 combinado como CaSO4.2H2O;
c) % SO3 total – (b) = % SO3 combinado como anidrita;
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d) (c) x 1,70 = % CaSO4;
e) (a) x 0,3257 + (d) x 0,4119 = % CaO combinado como CaSO4;
f) % CaO total – (e) = % CaO combinado como CaCO3;
g) (f) x 1,785 = % CaCO3;
h) % MgO x 2,09 = % MgCO3
Verificação: % CO2 dosado = (f) x 0,78 + % MgO x 1,09.
Seqüência de cálculo:
a) % MgO x 2,09 = % MgCO3 ;
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b) % CO2 - 1,09 x % MgO = % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) (b) x 2,27 = % CaCO3 ;
d) % CaO total – 0,56 x (c) = % CaO combinado como sulfatos.
(d) / SO3 = X
e1) Se X = 0,7, a relação CaO/SO3 é a teórica;
e2) Se X > 0,7, existe CaO em excesso, deduzido de: (d) – 0,7 x SO3 ;
e3) Se X < 0,7, existe SO3 em excesso, deduzido de: % SO3 – 1,43 x (d);
e4) Se X ≥ 0,7, % SO3 x 1,7 = % CaSO4 ;
e5) Se X < 0,7, (% SO3 – e3) + d = % CaSO4.
Y = % CaSO4 / % H2O = 15,129;
f1) Se Y = 15,129 o teor de sulfato combinado como hemidrato é calculado de:
% H2O x 15,129 = % CaSO4;
- O teor de hemidrato é calculado de % H2O + f1;
- O teor de anidrita é deduzido de (e4 ou e5) - f1;
f2) Se Y < 15,129, existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas equações a
duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
% CaSO4 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
% H2O = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
% CaSO4.0,5H2O = % H2O x 16,11
% CaSO4 = % CaSO4 total - 0,938 x % CaSO4.0,5H2O
Resultados (%)
Determinações
I II III IV
H2O livre 1,18 0 0,20 0
H2O combinada 3,80 4,70 5,92 6,62
CO2 2,79 1,14 1,26 0,74
RI + SiO2 1,90 0,70 0,47 0,80
Fe2O3 + Al2O3 1,98 0,19 0,60 0,12
CaO 39,4 38,7 37,9 38,4
MgO 0,69 0,62 0,60 0,30
SO3 49,6 53,0 53,4 53,1
Total
100,16 99,05 100,15 100,08
(sem água livre)
Amostra I
a) 0,69 x 2,09 = 1,44 % MgCO3 ;
b) 2,79 - 1,09 x 0,69 = 2,04 % CO2 combinado como CaCO3 ;
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c) 2,04 x 2,27 = 4,63 % CaCO3 ;
d) 39,4 – 0,56 x 4,63 = 36,8 % CaO combinado como sulfatos.
e) 36,8 / 49,6 = 0,74
e2) X > 0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 36,8 – 0,7 x 49,6 = 2,08 % de
CaO livre.
e4) X > 0,7, e 49,6 x 1,7 = 84,32 % CaSO4 ;
Y = 84,32 / 3,80 = 22,19;
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
3,80 x 16,11 = 57,49 % CaSO4.0,5H2O
84,32 - 0,938 x 57,49 = 30,39 %CaSO4
Amostra II
a) 0,62 x 2,09 = 1,30 % MgCO3 ;
b) 1,14 - 1,09 x 0,62 = 0,46 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,46 x 2,27 = 1,04 % CaCO3 ;
d) 38,7 – 0,56 x 1,04 = 38,12 % CaO combinado como sulfatos.
e) 38,12 / 53,0 = 0,72
e2) X > 0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 38,12 – 0,7 x 53,0 = 1,02 %
CaO livre ;
e4) X > 0,7, e 53,0 x 1,7 = 90,1 % CaSO4 total;
Y = 90,1 / 4,70 = 19,17;
f3) Y > 15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
- 4,70 x 15,11 = 71,11 % CaSO4.0,5H2O
- 90,1 - 0,938 x 71,11 = 23,39 %CaSO4
Amostra III
a) 0,60 x 2,09 = 1,25 % MgCO3 ;
b) 1,26 - 1,09 x 0,60 = 0,61 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,61 x 2,27 = 1,38 % CaCO3 ;
d)37,9 – 0,56 x 1,38 = 37,13 % CaO combinado como sulfatos.
e) 37,13 / 53,4 = 0,70
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e1) X = 0,7, e a relação CaO/SO3 é a teórica;
e4) 53,4 x 1,7 = 90,78 % CaSO4 total;
Y = 90,78 / 5,92 = 15,33;
f3) Y >15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
5,92 x 16,11 = 89,56 % CaSO4.0,5H2O
90,78 - 0,938 x 89,56 = 6,77 %CaSO4
Amostra IV
a) 0,30 x 2,09 = 0,63 % MgCO3 ;
b) 0,74 - 1,09 x 0,30 = 0,41 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,41 x 2,27 = 0,94 % CaCO3 ;
d) 38,4 – 0,56 x 0,94 = 37,9 % CaO combinado como sulfatos.
e) X = 37,9 / 53,1 = 0,71
e2) 37,9 - 0,7 x 53,1 = 0,70 % CaO livre
e4) 53,1 x 1,7 = 90,27 % CaSO4 total;
Y = 90,27 / 6,62 = 13,636;
f4) Y < 15,129, e existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas
equações a duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
90,27 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
6,62 = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato
90,27 - 0,94 hemidrato = 0,79 gipsita
114,26 - 1,19 hemidrato = gipsita
6,62 = 23,99 - 0,25 hemidrato + 0,0622 hemidrato
17,38 = 0, 1878 hemidrato
hemidrato = 92,58 %
gipsita = 114,26 - 1,19 x 92,88 = 4,10 %
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teores diferentes de anidrita ou de gipsita remanescente. Na tabela está
ressaltada em cor diferente a fração aglomerante de cada amostra.
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de cálcio e de magnésio são importantes na classificação desses materiais. Com
relação à matéria prima é importante o tipo de carbonato presente, calcita e
dolomita, e o seu teor, uma vez que o produto cal virgem deve ter um teor mínimo
correspondente de 88% de óxidos.
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TABELA 2.7 ESPÉCIES QUÍMICAS CONSTITUINTES DA MATÉRIA-PRIMA
E DA CAL
Composto Fórmula molecular Massa molecular
Água H2O 18,02
Anidrido carbônico CO2 44,01
Carbonato de cálcio CaCO3 100,09
Carbonato de magnésio MgCO3 84,32
Carbonato de cálcio e CaCO3. MgCO3 184,41
magnésio
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 74,09
Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 58,32
Oxido de cálcio CaO 56,08
Óxido de magnésio MgO 40,31
MULTIPLIQUE
DE PARA
POR
CaO 3,11
MgO 2,24
H 2O
Ca(OH)2 4,11
Mg(OH)2 3,24
H2O 0,32
CO2 0,78
CaO Ca(OH)2 1,32
CaCO3 1,78
CaSO4 2,43
H2O 0,45
CO2 1,09
MgO Mg(OH)2 1,45
MgCO3 2,09
CaCO3. MgCO3 4,57
CaO 1,27
CaCO3 2,27
CO2
MgCO3 1,92
CaCO3 .MgCO
3 2,095
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CaO 0,7
SO3
CaSO4 1,70
CO2 0,44
CaCO3
CaO 0,56
MgO 0,48
MgCO3
CO2 0,52
CaO 0,304
CaCO3. MgCO3 MgO 0,219
CO2 0,477
Para que uma jazida possa ser explorada para a produção de cal ela deve
atender ao teor mínimo especificado de óxidos totais de cálcio e de magnésio, na
base de não voláteis, isto é: [(CaO + MgO) / (100 - PF)] x 100 ≥ 92 %.
Exemplificando, os resultados da tabela 2.9 referem-se a amostras coletadas em
fábricas nacionais. Os teores de óxidos totais são de 99,0 % para o calcário, de
96,7 % para o dolomito calcítico, e de 98,6 % para o dolomito A. O dolomito B
apresenta o teor de óxidos totais de 87,04 %, abaixo do limite, com um teor de 7
% de minerais acessórios da rocha que se constituem em impurezas. No entanto,
é preciso que se ressalte que a amostra representa um momento da extração e
que, na média, a matéria prima apresenta a composição especificada. Isto é
confirmado pelos resultados da análise química da cal virgem desse fabricante,
constante na tabela 2.9.
Outro dado que pode ser calculado é a relação CaO/MgO para classificação da
matéria prima. Para o calcário esse valor não apresenta interesse em virtude do
teor de CaO ser muito superior ao do MgO. O dolomito pode apresentar um teor
de calcita, e ele é tanto mais puro quanto mais próximo de 1,39 for essa relação.
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TABELA 2.9 ANÁLISE QUÍMICA DA MATÉRIA PRIMA
Resultados em porcentagem
DOLOMITO DOLOMITO
DETERMINAÇÕES CALCÁRIO
CALCÍTICO A B
Perda ao fogo 43,40 45,93 46,60 43,50
SiO2 + RI 0,56 1,49 0,39 7,02
CaO 55,71 31,82 31,26 29,43
MgO 0,34 20,46 21,39 19,75
SO3 0,004 0,002 0,01 0,02
P2O 5 0,12 0,002 0,10 tr.
Fe2O3 0,07 0,25 0,09 0,12
Na2O 0,004 0,012 0,007 0,011
K2O 0,003 0,001 0,003 0,003
Total 100,21 100,25 99,85 99,85
CaO / MgO 164 1,56 1,46 1,49
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Uma verificação pode ainda ser feita, que é confrontar estes resultados com o
calculado a partir da perda ao fogo:
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óxido de cálcio superestimará o resultado e, a partir do óxido de magnésio,
subestimará o resultado.
A melhor alternativa é somar o teor desses óxidos com o da perda ao fogo, isto
é:
46,60 + 31,26 + 21,39 = 99,25 % MgCO3.CaCO3
CaO: 30,4% CO2: 23.9% MgO: 21,8% CO2: 23,9% [CO2 total: 47,8%]
1 mol de CaCO3 = 100; logo, a massa contida na dolomita (30,4 + 23,9 = 54,3)
corresponde a 54,3/100 = 0,543 mol.
1 mol de MgCO3 = 84; logo, a massa contida na dolomita é (21,8 + 23,9 = 45,7)
corresponde a 45,7/84 = 0,544 mol.
A proporção é então: 0,543:0,544 ≈ 1:1.
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42,2 / 84 = 0,5023 mols MgCO3
- 0,5586 : 0,5023 : : 1mol : 0,90 mol (CaCO3: MgCO3)
Admite-se:
- resíduo insolúvel ( RI ) constituído das impurezas da matéria-prima;
- anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
- a água combinada como hidróxido de cálcio;
- anidrido silícico solúvel como silicato dicálcico ( 2CaO. SiO2 );
- óxido de ferro totalmente combinado como ferrita (4CaO.Fe2O3.Al2O3 );
- alumínio distribuído entre a ferrita e o aluminato tricálcico (3CaO.Al 2O3);
- o óxido de cálcio não combinado como a diferença entre o total e o
combinado nos compostos citados acima;
- o óxido de magnésio como totalmente livre.
Nota:
Dados para o cálculo da fração clinquerizada.
-Massas moleculares
CaO - 56, 08 Fe2O3 - 159, 70 Al2O3 - 101, 96 SiO2 - 60,09 SO3 - 80,06
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2CaO.SiO2 - 172, 25 3CaO.SiO2 - 228,33 4CaO. Al2O3. Fe2O3 - 485, 98 3CaO.
Al2O3 - 270,20
- Relações moleculares
2CaO.SiO2 / SiO2 = 172, 25 / 60,09 = 2,87
4CaO. Al2O3 . Fe2O3 / Fe2O3 = 485, 98 / 159, 70 = 3,04
3CaO. Al2O3 / Al2O3 = 270,20 / 101, 96 = 2,65
Al2O3 / Fe2O3 = 0,64 (3CaO. Al2O3 / Al2O3) x 0,64 = 2,65 x 0,64 = 1,69
CaOC3A = 3CaO / Al2O3 = 1,65 x Al2O3
CaOC4AF={CaOC4AF - CaOC3A }={4CaO/Fe2O3 - 3CaO/(Al2O3 x Fe2O3/Al2O3)}xFe2O3
= (1,40 - 1,05) = 0,35 Fe2O3
O cálculo do C4AF, não pode ser feito de 4CaO/ Fe2O3 , por não se tratar do
composto C4F. É pois necessário levar em conta a presença do Al2O3 .Como o
cálculo é do teor de CaO em função de Fe2O3 , o Al2O3 deve ser expresso em
Fe2O3 , pela equação: 3CaO / (Al2O3 x Fe2O3 / Al2O3).
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TABELA 2.11 COMPOSIÇÃO PROVÁVEL DA CAL VIRGEM
Resultados em porcentagem
DOLOMÍTICA
ESPÉCIES QUÍMICAS CÁLCICA MAGNESIANA
A B
31
O teor de cal livre que se obtém é maior do que o obtido no cálculo anterior uma
vez que não é levada em conta a cal combinada com compostos clinquerizados.
Não se considera o óxido de magnésio como combinado; o seu valor é o mesmo
da análise química.
Admite-se:
- resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
- anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
- o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
- o óxido de cálcio restante [óxido de cálcio total – (óxido combinado como
sulfato + carbonato)] combinado como hidróxido de cálcio; é verificado se o
teor de água é superior ao requerido pelo óxido de cálcio disponível;
- o teor de água remanescente é calculado em hidróxido de magnésio; é
verificado se o teor de óxido de magnésio é suficiente para a água
remanescente; quando insuficiente esse teor é recalculado como óxido de
magnésio livre.
Deve-se observar que por essa seqüência de cálculo somente nas cales
cálcicas é possível encontrar óxido de cálcio livre.
32
= (PF - CO2) - a x 0,32 (b)
• Mg(OH)2 = b x 3,24
• MgO não hidratado = MgO total - b x 2,24
Cal magnesiana CH I
• CaO combinado como hidróxido = 51,5 - (5,36 x 1,27 + 0,06 x 0,70) = 44,7
33
Cal magnesiana CH III
• CaO combinado como hidróxido = 46,3 - (13,6 x 1,27 + 0,06 x 0,70) = 29,0
Cal cálcica CH I
34
• CaO disponível para ser combinado como hidróxido = 72,7 - (3,13 x 1,27 +
0,37 x 0,70) = 68,5
Portanto, existe CaO que não hidratou e todo o MgO está livre.
• CaO disponível para ser combinado como hidróxido = 66,5 - (14,8 x 1,27 +
0,27 x 0,7) = 47,5
• MgO necessário para combinar com a água disponível = H2O x 2,24 = 0,5
x 2,24 = 1,12
O teor de MgO dado pela análise química é 0,29 < 1,12, portanto, existe água
em excesso e o MgO acha-se completamente hidratado; o teor de hidróxido é
dado por:
35
Em ambos os casos o cálculo indicou água em excesso, porque o aquecimento
a 110 oC é insuficiente para retirar toda a umidade da amostra. Em conseqüência
a perda ao fogo fica superestimada e o cálculo acusa excesso de água. A menos
que a hidratação seja incompleta, é raro o cálculo apresentar um teor de cal livre;
um detalhamento real da composição é possível com a termogravimetria.
Admite-se:
- resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
- o anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
- o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
- o óxido de cálcio restante [óxido de cálcio total – (óxido combinado como
sulfato + carbonato)];
- é calculado o teor de água necessário para hidratar todo o óxido de cálcio e
o óxido de magnésio (a);
- do valor da perda ao fogo é deduzido o teor de água disponível para
hidratação (b);
- se a > b existem óxidos livres dado por (a-b);
- se a < b não existem óxidos livres e o teor de água em excesso pode ser
computado como umidade.
36
• H2O disponível = PF - CO2 = (b)
Aplicar estes cálculos aos resultados da análise química das cales hidratadas,
constantes da Tabela 2.12.
37
4.3 Alita- Exemplo de cálculo da composição real
Elemento K Na Mg Fe Ca P S Al Si O
No. Átomos
- - - - 300 - - - 100 500
C3S
No. Átomos
<1 1 6 2 291 <1 <1 4 96 500
alita
Total 301 102
Composição
<0,01 0,01 0,06 0,02 2,9 <0,005 <0.005 0,04 0,95 5
corrigida
38
Clínquer
O óxido de cálcio que entra na seqüência do cálculo anterior deve ser o óxido
total da análise química deduzido o teor de cal livre. Um outro modelo de cálculo
aqui reproduzido é dado por TAYLOR, apresentado somente na edição de 1964.
Esse procedimento pode ser exercitado com os resultados da tabela 2.16.
39
b) Calcular o Fe2O3 como C4AF.
S = 0,3540
3x + 2y = C e x+y =S
ou x = C - 2S e y = 3S - C
Assim:
x = 0,9020 - (2 x 0,3540)
= 0,9020 - 0,7080
= 0,1940
C3S = 0,1940 x 228,33 = 44,30%
y = (3 x 0,3540) - 0,9020
= 1,0620 - 0,9020
= 0,1600
C2S = 0,1600 x 172,25 = 27,56 %
Composição global:
40
C2S 27,56 % MgO 1,84 %
C3A 11,29 % Gipsita 3, 96 %
C4AF 8,31 % Total 97,72 %
41
Os compostos de Bogue estão em baixo teor, mas a resistência mecânica
recebe a contribuição da escória ativada pela portlandita liberada na hidratação do
C3S. O mais importante é a sua contribuição para a durabilidade uma vez que o
teor de portlandita neste cimento é mais baixa do que para o CP, sendo ela
incorporada ao C-S-H durante a hidratação. Não se pode calcular a composição
de Bogue porque todos os elementos presentes são igualmente solubilizados e o
que se tem para cada um é a soma da porcentagem contribuída pelo cimento e
pela escória.
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
43
TAYLOR, H.F.W. The chemistry of cements, 2 vol., Ed. Academic Press, 1964, vol.
1, p. 405-407.
WAENY, J.C.C. 1979. Erros em análises químicas. São Paulo : IPT. 9p. (IPT-
ACM, 4).
WAENY, J.C.C. 1980. Recomendação para determinação de intervalos de
confiança. São Paulo : IPT. 25p. (IPT - Publicação, 1160 - ACM, 11).
WAENY, J.C.C. 1983. Amostragem em certificação, garantia da qualidade e
confiabilidade metrológica. São Paulo : IPT. 30p. (IPT - Publicação, 1249 - CT,
11).
EXERCÍCIO
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