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DEFINIÇÕES, TERMINOLOGIA

NORMALIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
O termo aglomerante já conceitua um grupo de materiais e expressa a sua
finalidade. Há uma grande diversidade, mas a sua natureza permite fazer uma primeira
distinção em orgânicos e inorgânicos. A cal, o gesso e os cimentos, pela sua composição,
são ligantes minerais ou inorgânicos, produzidos através de uma transformação térmica de
matérias primas minerais.

Para esses materiais, a propriedade aglomerante está fundamentada na


transformação das espécies químicas constituintes do material, por reação
com a água, ou em presença de água, adquirindo consistência, e originam
produtos que têm resistência mecânica.A reação é favorecida pela área de
contato, sendo então fornecidos em pó.

Uma segunda distinção pode ainda ser feita: o gesso, as cales hidratada ou virgem,
são aglomerantes aéreos, enquanto os cimentos são aglomerantes hidráulicos. Uma
diferença característica entre eles é a resistência mecânica, elevada para os aglomerantes
hidráulicos e baixa para os aglomerantes aéreos. Outras propriedades também os diferencia,
como o tempo de endurecimento, lento para a cal e muito rápido para o gesso de construção
e rápido para os cimentos. O tempo de pega para a cal, por exemplo, não tem a mesma
importância do que para os cimentos e o gesso. O importante é que na aplicação se
conheçam as características particulares a cada um, tanto no estado fresco como
endurecido. Faz-se necessário assim agrupá-los segundo características essenciais comuns,
aos quais se atribuem definições.

Na especificação de cada um, o produto é definido segundo consenso da


comunidade técnica e, por isso mesmo, é precedida da expressão “para efeito desta norma”.
Baseia-se em características de composição ou de produção, podendo o produto ser ainda

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classificado em mais de um tipo. A classificação baliza os tipos segundo requisitos e
critérios estabelecidos também segundo consenso, e que devem representar a realidade
nacional da sua qualidade. A seleção do aglomerante requer, pois, o conhecimento desses
requisitos e critérios e as suas condições de emprego.

2 DEFINIÇÕES, TERMINOLOGIA1

2.1 Aglomerante

Aglomerante De Origem Mineral

Produto com constituintes minerais que, para sua aplicação, se apresenta sob forma
pulverulenta e que na presença de água forma uma pasta com propriedades ligantes.

Mineral
Composto químico formado, em geral, por processos inorgânicos, o qual tem
uma composição química definida e ocorre naturalmente na crosta terrestre.
Terminologia: Todos os nomes dos minerais recebem o sufixo ita, da língua
tupí-guarani, significando pedra.

Aglomerante Aéreo

Aglomerante cuja pasta apresenta a propriedade de endurecer por reações de


hidratação ou pela ação do anidrido carbônico presente na atmosfera e que após
o seu endurecimento não resiste satisfatoriamente quando submetido à ação da
água.

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Aurélio Buarque de Holanda: CONCEITO – representação de um objeto pelo pensamento, por meio de suas
carcterísticas gerais. DEFINIÇÃO – 1) Determinar a extensão ou os limites de. 2) Enunciar os atributos
essenciais e específicos (de uma coisa), de modo que a torne inconfundível com outra.

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Aglomerante Hidráulico
Aglomerante cuja pasta apresenta a propriedade de endurecer apenas pela reação
com água e que após endurecimento, resiste satisfatoriamente, quando submetido à
ação da água.

2.2 Cimentos Portland (TB 371)

Cimento Portland
Aglomerante hidráulico constituído em sua maior parte de silicatos e aluminatos.
Aglomerante hidráulico artificial, obtido pela moagem de clínquer Portland, sendo
geralmente feita a adição de uma ou mais formas de sulfato de cálcio.

Cimento Portland comum


Cimento obtido pela moagem do clínquer Portland, ao qual se adiciona durante a
operação a quantidade de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a
moagem são permitidas adições a esta mistura de materiais pozolânicos, escórias
granuladas de alto forno e materiais carbonáticos. Em função dessas adições, o
cimento Portland comum é classificado como:
CPS - Cimento Portland comum simples
CPE - Cimento Portland comum com escória
CPZ – Cimento Portland comum com pozolana

Cimento Portland de alta resistência inicial (ARI)


Cimento que atende às exigências de alta resistência inicial, obtido pela
moagem do clíquer Portland. Durante a moagem, não é permitida a adição de
outra espécie química a não ser uma ou mais formas de sulfato de cálcio.
Este cimento é um exemplo típico de favorecimento da reação de
hidratação apenas por aumento de área específica. A evolução da
resistência mecânica é mais rápida, atingindo, no entanto, em tempo
médio, a mesma resistência mecânica que o cimento Portland comum
correspondente, sem adição de materiais carbonáticos.

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Cimento Portland de moderada resistência a sulfatos (MRS)
Cimento obtido pela moagem de clínquer Portland e que apresenta
características adequadas para uso quando se deseja moderada resistência a
sulfatos. Durante a moagem adiciona-se uma ou mais formas de sulfato de
cálcio.

Cimento de alta resistência a sulfatos (ARS)


Cimento Portland obtido pela moagem de clínquer Portland e que apresenta
características adequadas para uso quando se deseja alta resistência a sulfatos.
Durante a moagem adiciona-se uma ou mais formas de sulfato de cálcio.
A composição química é uma das características do aglomerante. Os
cimentos MRS e ARS diferem dos cimentos Portland comum e de alta
resistência inicial pelo teor de aluminato tricálcico.

2.3 Composição do clínquer portland

Quadro 1- Compostos presentes no clínquer


COMPOSIÇÃO ELEMENTOS
COMPOSTOS REATIVIDADE
QUÍMICA SUBSTITUINTES
Alita α-C3S
MgO, Al2O3, Fe2O3 Elevada
Silicato tricálcico (3CaO.SiO2)
Belita β-C2S Al2O3, Fe2O3, SO3,
Baixa
Silicato dicálcico (2CaO.SiO2) K2O, MgO
C3 A Elevada
Aluminato tricálcico Na2O, Fe3+, Si4+
(3CaO.Al2O3) Diminui com o teor de álcalis
Série (x = 0 –1)
Ferrita Aumenta com a relação
Ca2(AlxFe1-x)2O5 MgO, SiO2, TiO2
Tetracálcioaluminoferrita Al/Fe
C4AF (x= 0,5)
Periclásio M -
Lenta
Óxido de magnésio MgO
Cal livre C -
Lenta
Óxido de cálcio CaO
Arcanita KS -
Solúvel
Sulfato de potássio K2SO4
Langbeinita cálcica
Sulfato duplo da cálcio e KC2 S 3 - Solúvel
potássio K2O.2CaO.3SO3
Aftitalita K3 N S 4 -
Sulfato duplo de potássio 3K2O.Na2O. SO3
Solúvel
e sódio
Tenardita NS -
Sulfato de sódio Solúvel
Na2SO4

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Além dos compostos citados o clínquer apresenta também outros elementos em teor
muito baixo, mas cuja determinação pode ser importante em casos particulares: pentóxido
de fósforo (P2O5), óxido de estrôncio (SrO), pentóxido de vanádio (V2O5), óxido de titânio
(TiO2).

Quadro 2 - Composições típicas de fases do clínquer portland (% em massa)


(Taylor, 1997 – The Chemistry of cement, pg. 8)

Na2O MgO Al2O3 SiO2 P2O5 SO3 K2O CaO TiO2 Mn2O3 Fe2O3
Alita* 0,1 1,1 1,0 25,2 0,1 0,1 0,1 71,6 0,0 0,0 0,7
Belita* 0,1 0,5 2,1 31,5 0,1 0,2 0,9 63,5 0,2 0,0 0,9
Aluminato cúbico* 1,0 1,4 31,3 3,7 0,0 0,0 0,7 56,6 0,2 0,0 5,1
Ferrita* 0,1 3,0 21,9 3,6 0,0 0,0 0,2 47,5 1,6 0,7 21,4
Aluminato 0,6 1,2 28,9 4,3 0,0 0,0 4,0 53,9 0,5 0,0 6,6
ortorrômbico +
Aluminato (baixo 0,4 1,0 33,8 4,6 0,0 0,0 0,5 58,1 0,6 0,0 1,0
ferro)++
Ferrita (baixo 0,4 3,7 16,2 5,0 0,0 0,3 0,2 47,8 0,6 1,0 25,4
alumínio)§
*Valores típicos para um clínquer comum com 1,65% de MgO, 3,1% de Fe2O3 e relação molar
SO3/(Na2O+K2O) < 1,0. Para clínqueres não próximos desta condição, a composição das fases
pode diferir significativamente dos dados nesta tabela.
+ Formas ortorrômbica ou pseudotetragonal, presentes em alguns clínqueres com teor elevado em álcalis.
A relação Na/K varia com o clínquer.
++ Composição tentativa para a fase aluminato em clínqueres de cimento branco.
§ Valores para a fase ferrita em clínquer resistente a sulfato (MgO 2,1%, Al2O3 3,8%, Fe2O3).
Para cálculos comparativos utilizar as seguintes massas moleculares; CaO - 56, 08 Fe2O3 - 159, 70
Al2O3 - 101, 96 SiO2 - 60,09

3. ESPECIFICAÇÕES

3.1 CIMENTOS PORTLAND

Quadro 3 - Cimentos portland nacionais


Nomenclatura e siglas básicas

DENOMINAÇÃO SIGLA NORMA


Portland comum CPI/CPI-S NBR5732
CPII-Z
Portland composto CPII-E NBR1157
CPII-F
Portland de alto forno CPIII NBR5735
Portland Pozolânico CPIV NBR5736
Portland de alta Resistência Inicial CPV-ARI NBR5733
Portland Resistente a Sulfato CP – RS NBR5737

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Quadro 4 - Análise química do cimento CP I e limites de norma

a) Componentes maiores
Limites da NBR 5732/91
%
CPI
Perda ao fogo 0,90 < 2,0 %
Dióxido de silício (SiO2) 20,9 ----
Óxido de alumínio (Al2O3) 5,27 ----
Óxido de ferro (Fe2O3) 3,64 ----
Óxido de cálcio (CaO) 64,7 ----
Óxido de magnésio (MgO) 1,51 < 6,5 %
Trióxido de enxofre (SO3) 2,06 < 4,0 %

b) Componentes menores
Limites da NBR 5732/91
%
CPI
Óxido de sódio (Na2O) 0,10 ----
Óxido de potássio (K2O) 0,75 ----
Equivalente alcalino (em Na2O) 0,59 ----

c) Determinações em separado
Limites da NBR 5732/91
%

CPI
Óxido de cálcio livre (CaO) 0,49 ----
Resíduo insolúvel (RI) 0,18 < 1,0
Anidrido carbônico (CO2) n.d. < 1,0
n.d.: não determinado

d) Teor de carbonato de cálcio,


calculado a partir do anidrido Limites da NBR 5732/91
%
carbônico (CO2)
CPI
Carbonato de cálcio (CaCO3) ----

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Quadro 5 - Análise química de cimentos CP II-E, CP II-F E CP II-Z
e limites de NORMA

a) Componentes maiores %
Limites da NBR 11578/91
CPII-E CPII-F CPII-Z
CPII-E CPII-F CPII-Z
Perda ao fogo 4,79 4,79 5,04 < 6,5 %
Dióxido de silício (SiO2) 21,4 18,3 21,1 ---- ---- ----
Óxido de alumínio (Al2O3) 5,93 4,27 5,88 ---- ---- ----
Óxido de ferro (Fe2O3) 2,58 2,99 3,08 ---- ---- ----
Óxido de cálcio (CaO) 57,2 60,1 55,9 ---- ---- ----
Óxido de magnésio (MgO) 3,27 4,66 5,70 < 6,5 %
Trióxido de enxofre (SO3) 3,00 2,97 2,38 < 4,0 %

b) Componentes menores %
Limites da NBR 11578/91
CPII-E CPII-F CPII-Z
CPII-E CPII-F CPII-Z

0,14 0,11 0,09 ---- ---- ----


Óxido de sódio (Na2O)
Óxido de potássio (K2O) 0,56 0,72 0,75 ---- ---- ----
Equivalente alcalino (em Na2O) 0,51 0,58 0,58 ---- ---- ----
Equivalente alcalino (em Na2O) = % Na2O + 0,658 x %K2O

c) Determinações em separado %
Limites da NBR 11578/91
CPII-E CPII-F CPII-Z
Óxido de cálcio livre (CaO) 0,92 1,80 1,06 CPII-E CPII-F CPII-Z
Resíduo insolúvel (RI) 1,15 1,01 8,21 < 2,5 % < 16,0%
Anidrido carbônico (CO2) 3,63 3,24 3,89 < 5,0 %
2-
Sulfeto (S ) 0,15 0,01 - ---- ---- ----

d) Teor de carbonato de cálcio, %


calculado a partir do anidrido Limites da NBR 11578/91
carbônico (CO2) CPII-E CPII-F CPII-Z
CPII-E CPII-F CPII-Z
Carbonato de cálcio (CaCO3) 8,24 7,35 8,83 ---- ---- ----

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Quadro 6 - Análise química de cimentos CP I-S E CP V-ARI e limites de NORMA
Limites da
a) Componentes maiores CPI-S CP V-ARI NBR 5732/91 NBR 5733/91
CPI-S CP V-ARI
Perda ao fogo 2,54 3,66 < 4,5 %
Dióxido de silício (SiO2) 18,8 19,5 ---- ----
Óxido de alumínio (Al2O3) 4,62 4,83 ---- ----
Óxido de ferro (Fe2O3) 3,06 2,21 ---- ----
Óxido de cálcio (CaO) 60,6 63,5 ---- ----
Óxido de magnésio (MgO) 5,26 2,77 < 6,5 %
Trióxido de enxofre (SO3) 2,98 2,69 < 4,0 % < 3,5 *
< 4,5 **

b) Componentes menores % Limites da


NBR 5732/91 NBR 5733/91
CPI-S CP V-ARI
CPI-S CP V-ARI
Óxido de sódio (Na2O) 0,14 0,03 ---- ----
Óxido de potássio (K2O) 0,82 0,76 ---- ----
Equivalente alcalino (em Na2O) 0,68 0,53 ---- ----
Equivalente alcalino (em Na2O) = % Na2O + 0,658 x %K2O

c) Determinações em separado % Limites da


NBR 5732/91 NBR 5733/91
CPI-S CP V-ARI
CPI-S CP V-ARI
Óxido de cálcio livre (CaO) 1,93 1,61 ---- ----
Resíduo insolúvel (RI) 0,58 0,23 ---- < 1,0
Anidrido carbônico (CO2) 1,48 1,71 < 3,0

d) Teor de carbonato de cálcio, % Limites da


calculado a partir do anidrido CP IV CP V-ARI NBR 5732/91 NBR 5733/91
carbônico (CO2) CPI-S CP V-ARI
Carbonato de cálcio (CaCO3) 3,36 3,88 ---- ----
* quando C3A do clínquer < 8,0 %
** quando C3A do clínquer > 8,0 %

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3.3 Cimento aluminoso

Quadro 7 - Composição química de cimento aluminoso-tipo Fondu


Óxido Tipo de cimento aluminoso da Lafarge Aluminoso
Termal RG Termal LC Termal White
(%) (%) (%)
Al2O3 38-40 51,8-54,2 69,8-72,2
CaO 37-39 35,9-38,0 26,8-29,2
Fe2O3 + FeO 15-18 1,0-1,8 <0,4
SiO2 3-5 4,0-5,5 <0,4
Fonte : Technical paper - Lafarge Aluminates- Trata se do mesmo cimento comercializado no Brasil,pois
importamos o clinquer da França.

Quadro 8- Composição química do cimento aluminoso tipo por eletrofusão


Tipo de cimento aluminoso da Elfusa
Óxido ELFUSA-50 ELFUSA-60 ELFUSA-70
(%) (%) (%)
Al2O3 45,83 60,01 66,56
CaO 29,19 34,00 28,20
Fe2O3 + FeO 1.77 0,40 0,4
SiO2 27,11 3,50 2,50
Na2O 0,49 0,50 0,50
K2O 2,62 0,09 0,07
Fonte : Catálogo do fabricante
Obs: os diferentes tipos referem se ao teor de alumina e ao tempo de pega

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3.5 Cimento branco

Quadro 9 - Cimento branco - valores médios anuais do fabricante A

Branco Estrutural Branco não Estrutural


Parâmetro (CPB-32) Limite da - Limite da
norma norma
PF (%) 9.65 a 11.15 ≤12.0 25.23 a 26.54 ≤27.0
RI (%) 1.80 a 2.49 ≤3.5 4.17 a 5.26 ≤7.0
SO3 (%) 1.62 a 1.78 ≤4.0 1.05 a 1.27 ≤4.0
MgO (%) 3.65 a 4.45 ≤6.5 7.73 a 9.49 ≤10
Resíduo #325 (%) 2.5 a 4.4 ≤12 2.7 a 4.3 ≤12
R3 (MPa) 16.1 a 19.9 ≥10 6.1 a 7.2 ≥5
R7 (MPa) 22.9 a 25.8 ≥20 7.5 a 8.8 ≥7
R28 (MPa) 32.9 a 35.0 ≥32 10.4 a 12.0 ≥10
Inicio de Pega (min) 163 a 196 ≥60 168 a 200 ≥60
Expansibilidade (mm) 0.0 ≤5 0.0 ≤5
Brancura (%) 79 a 80 ≥78 82 a 84 ≥82
CO2 (%) - ≤11.0 - ≤25.0

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