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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL – CANOAS/RS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL - 503522

AULA 4

Prof. Décio Collatto


3 AGLOMERANTES

• Aglomerantes hidráulicos: cimentos Portland e especiais

Materiais de Construção Civil – Aula 4


Cimento Portland

Cimento hidráulico obtido pela moagem de clínquer constituído


essencialmente por silicatos de cálcio hidráulicos e uma pequena
quantidade de sulfato de cálcio. Clínqueres são nódulos de 5 a 25 mm de
diâmetro sinterizado e peletizado, resultante da calcinação de calcário e
argila a aproximadamente 1450°C
Material pulverulento que quando
entra em contato com água produz uma
reação exotérmica cristalizando-se e
ganhando, assim, resistência mecânica.
A palavra cimento é originada da
palavra CAEMENTU, que em latim
designava espécie de pedra natural de
Clínquer
rochedos

Materiais de Construção Civil – Aula 4


Histórico do cimento

Gregos e romanos: argila, cal e cinzas vulcânicas

John Smeaton em 1756: para a reconstrução do farol de Eddystone, na


Inglaterra, obtenção de cimento a partir da calcinação de calcário impuro
contendo argila

James Parker (1796): Desenvolveu o chamado “cimento romano”,


calcinando calcário argiloso

Até 1818: cimentos similares redescobertos na Europa (Vicat: obtenção de


cimento com misturas de calcário e argila, considerado inventor do cimento
artificial)

Joseph Aspdin em 1824: recebeu do rei da Inglaterra a patente 5022 do


cimento Portland
Queima de argila + calcário
Nome: semelhança com as pedras da Ilha de Portland
Isaac Johnson em 1845: aperfeiçoou (temperatura de clinquerização)

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O cimento Portland no Brasil

Primeiras tentativas em 1888: Eng. Louis Felipe Alves da Nóbrega, na


Paraíba, e o Comendador Antônio Proost Rodovalho, Santo Antônio em
São Paulo, empenharam-se em projetos para implantação de fábricas de
cimento (a da Paraíba funcionou por três meses em 1892 e a de São Paulo
de 1897 a 1918)

Em 1912: governo do Espírito Santo fundou pequena fábrica em


Cachoeiro do Itapemirim (nunca funcionou adequadamente e foi
remodelada em 1924)

Em 1925: retomada da fábrica do Espírito Santo

Em 1926: estabelecimento da fábrica de Perus, em São Paulo “Fase


Industrial do Cimento Brasileiro”

Em 2010: 69 fábricas, ~ 55 milhões de toneladas produzidas. (SNIC,


2011)

Estimativa de 2011 ~ 58,3 milhões. (SNIC, 2011)


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O cimento Portland no Brasil

Materiais de Construção Civil – Aula 4


O cimento Portland no Brasil

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Fabricação do cimento Portland

Matérias-primas

Calcário: contribui de 85 a 95% na fabricação do cimento. Constituído


por CaCO3 e impurezas como magnésio, silício, alumínio e ferro.

Para melhorar a qualidade do clínquer, o calcário recebe algumas


correções:
-Filito (argila): colabora com o alumínio Al2O3
-Quartizito (material arenoso): colabora com a SiO2
-Minério de ferro: colabora com o Fe2O3

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Fabricação do cimento Portland

Matérias-primas

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Fabricação do cimento Portland

Carvão/Coque/óleo
Depósito de
Mix Combustíveis
Pré-aquecedor
Britador Moinho de Carvão

Calcário
Depósito

Argila
Moinho de Cru
Homogeneização Gesso
Silos de Cimento
Separador Clínquer
Depósito de
Escória ou Clínquer
Moinho de Cimento
pozolana

Calcário

Ensacamento
GRANELEIRO

Via seca

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Fabricação do cimento Portland (filme)

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Adições ao cimento Portland

Conforme o tipo de cimento a ser • ESCÓRIA


produzido são acrescentadas
ADIÇÕES • POZOLANAS (cinza volante, argila calcinada)

• CALCÁRIO MOÍDO

Escórias: são obtidas na produção do ferro-gusa nas indústrias siderúrgicas e


possuem forma granulada depois do resfriamento brusco. Possui propriedade de
ligante hidráulico muito resistente, desenvolvendo características aglomerantes
semelhantes ao clínquer.
Pozolanas: São rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas
encontradas na natureza, certos tipos de argilas queimadas a elevadas
temperaturas e resíduos derivados da queima do carvão mineral nas usinas
termelétricas, entre outros. Como as escórias possui propriedade de ligante
hidráulico, porém exige a presença de hidróxido de cálcio, sem o qual não ocorre
a reação química.

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Adições ao cimento Portland

Calcário moído: material carbonático ou filler calcário que ajuda na


trabalhabilidade, funcionando como lubrificante nos concretos e
argamassas.Possui uma função mais física do que química.

3 a 5%
(para controlar a pega)

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Matérias-primas

Calcário Sílica Alumina Óxido de ferro

Gipsita

Calcário → CaO + CO2

Argila → SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 + H2O


Na2O e K2O (álcalis)

3CaO.SiO2
Sulfato de cálcio → SO3
2CaO.SiO2
(Gesso)
3CaO.Al2O3

controle do 4CaO.Al2O3.Fe2O3
tempo
FASES DO
de pega
CLÍNQUER

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CIMENTO PORTLAND - Composição química

Nomenclatura na química do cimento

Óxido CaO SiO2 Al2O3 Fe2O3


Abreviação C S A F
SO3 = S; MgO = M; H2O = H

PRINCIPAIS COMPOSTOS DO CIMENTO PORTLAND

Composto Abreviação Nome


C 3S Silicato
3CaO.SiO2
(alita) tricálcico
C 2S Silicato
2CaO.SiO2
(belita) dicálcico
Aluminato
3CaO.Al2O3 C 3A
tricálcico
Ferroaluminato
4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF
tetracálcico
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CIMENTO PORTLAND - Composição química

PRINCIPAIS COMPOSTOS DO CIMENTO PORTLAND

Abreviação Nome Característica


Hidratação rápida (horas) e
C 3S mediamente exotérmica,
Silicato tricálcico
(alita) principal responsável pelas
propriedades hidráulicas
C 2S Hidratação lenta (semanas),
Silicato dicálcico
(belita) pouco calor de hidratação
Reação rápida(minutos),
altamente exotérmica.
C 3A Aluminato tricálcico Provoca pega instantânea, é
expansivo quando reage a
sulfatos. Pequena resistência.
Altamente reativo e
Ferroaluminato mediamente exotérmica.
C4AF
tetracálcico Confere a cor ao cimento.
Baixa resistência

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COMPOSTOS SECUNDÁRIOS

• MgO
– cristalino (periclásio)
– expansão lenta

• CaO livre
– falha na formulação
– expansivo

• Na2O e K2O
– álcalis ( 0,3 a 1,5%)
– reação álcali agregado

• Sulfatos (SO3)

– combustível; gipsita

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CIMENTO PORTLAND - Composição química

Quantidade (%) dos componentes principais (*)

Óxidos (%) Compostos (%)

CaO 60-67 C3S 50-70

SiO2 17-25 C2S 15-30

Al2O3 3-8 C3A 5-10

Fe2O3 0,5-6 C4AF 5-10

(*) as proporções reais variam com o tipo de


cimento, tipo de forno e processo de resfriamento.

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CIMENTO PORTLAND - Composição química

Determinação da composição por análise química

Através do método de Bogue determina-se o %CaO livre,


% CaO combinado, %SiO2 combinado, %Al2O3, %Fe2O3,
%MgO, %SO3 e, se houver, %TiO2, %Na2O e K2O.

Fórmula de BOGUE
COMPOSIÇÃO POTENCIAL
(quando a relação Al2O3/Fe2O3
for ≥ a 0,64)

% C3S = 4,071 C - 7,600 S - 6,718 A - 1,430 F - 2,850S


% C2S = 2,867 S - 0,7544 C3S
% C3A = 2,650 A - 1,692F
% C4AF = 3,043 F

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CIMENTO PORTLAND - Hidratação

Reações exotérmicas

CALOR DE
Liberação de calor HIDRATAÇÃO

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CIMENTO PORTLAND - Composição química

Principais propriedades dos compostos

Contribuição para
Teor Taxa de
(%) Hidratação Resistência Resistência Calor de
inicial final Hidratação

C3S 50 - 70 Rápido Boa Boa Médio

C2S 15 - 30 Lento Pequena Excelente Baixo

C3A 5 - 10 Rápido Boa Média Alto

C4AF 5 - 10 Moderada Boa Média Médio

Responsáveis pela resistência


C3S → 120 cal/g
Cor do cimento C2S → 62 cal/g
Responsável pela pega e C3A → 207 cal/g
resistência no primeiro dia C4AF → 100 cal/g

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Taxa de hidratação (%)
Taxa de hidratação

Tempo (dias)

Resistência à
compressão

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Hidratação do cimento

Silicatos e PASTA DE
Aluminatos Produtos de
CIMENTO
+ hidratação
ENDURECIDA
Água
Baixa solubilidade

TEMPO

Velocidade de hidratação decresce


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HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

Compostos não hidratam


com a mesma velocidade

Aluminatos hidratam mais rapidamente


que os silicatos

Enrijecimento (perda de consistência)


PEGA (solidificação)
Reações envolvendo
Aluminatos e C3S

ENDURECIMENTO
(desenvolvimento da resistência)
Reações envolvendo
Silicatos
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Tipos de Cimento Portland - Nomenclatura

TIPO CP XXX RR

Cimento Resistência
Portland Composição
aos 28 dias
ou
(MPa)
qualificativo
CLASSE
SIGLA

CP IV- 32 (TIPO)
CP IV (SIGLA)
32 (CLASSE)

NOME TÉCNICO:Cimento Portland Pozolânico

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Cimentos Portland normalizados

Norma
CIMENTO PORTLAND
NBR
• Comum (CP I)
5732
• Comum com adição (CP I-S)
• Composto (CP II)
→ com escória (CP II-E)
11578
→ com pozolana (CP II-Z)
→ com fíler (CP II-F)
• Alto-Forno (CP III) 5735
• Pozolânico (CP IV) 5736
• Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) 5733
• Resistente a sulfatos 5737

• Baixo calor de hidratação 13116

• Branco Estrutural (CPB) 12989


• P/ poços petrolíferos 9831

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Especificações normativas
Clinquer
Cimento Escória Pozolana Filer
Sigla Classe +
Portland (E) (Z) (F)
Gesso
25
CP I 32 100 % 0
40
Comum
25
1-5
CP I-S 32 99-95
40
25
CP II-E 32 94-56 6-34 0 0-10
40
25
Composto CP II-Z 32 94-76 0 6-14 0-10
40
25
CP II-F 32 94-90 0 0 6-10
40
25
Alto Forno CP III 32 94-56 35-70 0 0-5
40
25
Pozolânico CP IV 32 94-76 0 15-50 0-5

ARI CP V --- 94-90 0 0 0-5

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Exigências físico-mecânicas

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Exigências químicas

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Cimento Portland - Ensaios de caracterização
1

Ensaios físicos e mecânico


1. Resistência à compressão
(NBR 7215)
2. Finura #200 e #325
(NBR11579 e NBR12826)
2
3. Superfície específica Blaine
(NBRNM 76) 6
4. Massa específica
(NBRNM 23)
5. Expansibilidade
(NBR11582)
6. Tempos de pega 4
(NBRNM 65)

5
3

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Cimento Portland - Ensaios de caracterização

Ensaios químicos

• Perda ao fogo: detecta % de filler calcário


presente no cimento

• Resíduo Insolúvel: % de material pozolânico


existente no cimento

• CO2

• SO3

• MgO

• SiO2, Fe2O3, Al2O3, CaO

• CaO livre

• Equivalente alcalino

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Cimento Portland - Aplicações

O cimento portland é um dos produtos mais consumidos pelo homem e


isso se deve a características que lhe são peculiares, como
trabalhabilidade e moldabilidade (estado fresco) e elevada durabilidade
e resistência (estado endurecido). Possui amplo e variado uso:

• Estruturas de concreto, edificações em geral, alvenaria estrutural

• Argamassas, pavimentos

• Blocos de concreto, peças de pavimentação, tubos de concreto

• Dormentes, mourões, painéis de revestimento, telhas

• Barragens, estradas, obras de arte (pontes e viadutos), entre outras

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