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CIMENTO PORTLAND

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL


DISCIPLINA: MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

2011
CIMENTO PORTLAND
1. Definição:

É um aglomerante hidráulico quimicamente ativo, que tem como matérias primas básicas o
calcário (basicamente de carbonato de cálcio CaCO3) e a argila (silicatos complexos contendo
alumínio e ferro como cátions principais), que, calcinados formam um produto denominado de
clínquer Portland. Após a moagem do clínquer Portland são adicionados o gesso e,
eventualmente, a escória básica de alto-forno e/ou filer carbonático, dentro dos limites
estabelecidos nas normas da ABNT.

2. Histórico:

Supõe-se que o homem primitivo, da idade da pedra, já conhecia uma forma de material com
propriedades aglomerantes. Ao acenderem fogueiras junto às pedras de calcário e gesso, parte
das pedras formavam um pó que, hidratado pelo sereno da noite, convertia-se novamente em
pedra.
A origem do cimento remonta a cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito
antigo já utilizavam uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado.
As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso
de certas terras de origem vulcânica da ilha grega de Santorino ou da cidade italiana de
Pozzuoli, que possuem propriedades de endurecimento sob a ação da água. O cimento foi
também utilizado nas muralhas da China.
Por volta de 1756, o engenheiro inglês John Smeaton obteve um cimento que resistia à água do
mar, por meio da calcinação de calcários moles e argilosos. Nesse momento, ele desenvolveu
um cimento já próximo do que mais tarde, viria a ser o Cimento Portland, só que calcinado ainda
em temperaturas relativamente baixas.
Em 1818, o francês Vicat obtém resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de
componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial.
A partir de 1811, Joseph Aspdin definiu proporções mais adequadas das matérias primas do
cimento, utilizando temperaturas mais altas (em torno de 800°C). Seis anos depois de Vicat,
Joseph Aspdin, patenteia o “Cimento Portland”, que recebe esse nome por apresentar cor e
propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às das rochas da ilha britânica de Portland.
Com esse cimento se construiu o farol de Eddystone

Fig.1. Jonh Smeaton. Fig. 2. Joseph Aspdin. Fig. 3. Farol-Eddystone. Fig 4. Forno-Aspdin

A primeira tentativa de produzir Cimento Portland no Brasil se deve ao Comendador Antonio


Proost Rodovalho, que em 1888 instalou uma fábrica em sua fazenda (Sorocaba-SP). A usina
de Rodovalho operou de 1897 a 1904, voltando em 1907 e extinguindo-se definitivamente em
1918
Em Cachoeira do Itapemirim, o governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que
funcionou até 1924, sendo então paralisada, voltando a funcionar em 1936, após modernização.
Finalmente, a primeira fábrica a produzir normalmente, no Brasil, foi a Cia Brasileira de Cimento
Portland Perus, no ano de 1926.
Só no ano de 2000, o Brasil produziu cerca de 39,6 milhões de toneladas de Cimento Portland.
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3. Pega e endurecimento:

O período desde a adição da água até o início das reações com os compostos é chamado de
início de pega (aumento da viscosidade e temperatura). Quando a pasta deixa de ser deformável
tem-se o fim de pega. A massa continua a aumentar a coesão tendo-se então o endurecimento.
Quanto mais fino o grão do cimento mais rápido é o início de pega e mais demorado o seu fim. O
aumento da temperatura acelera as reações; baixas temperaturas retardam as mesmas, sendo
que em temperaturas abaixo de 0 C as paralisam. Os tempos de pega definem uma
classificação de aglomerantes com: pega rápida menos de 30 min; semi-rápida 30 -60 min;
normal mais de 60 min.
Fig. 6. Aparelho de Vicat.

O fenômeno pelo qual os grãos superficiais do cimento se hidratam através da umidade do ar,
diminuindo a resistência do cimento é denominado aventamento. É aconselhável que o cimento
a ser utilizado não tenha mais que 30 dias da fabricação e que as pilhas de saco de cimento não
tenham mais que 8 sacos sobrepostos.

4. Grau de moagem (Finura):

O tamanho do grão influi na velocidade de reação, calor de hidratação, retração e resistência ao


longo do tempo. Pode ser calculado por vários processos:
 Determinação do percentual de resíduo retido nas malhas da peneira 0,075 mm (# 200);
 Turbidímetro - passagem de um feixe luminoso na solução contendo cimento;
 Permeabilímetro - tempo que o ar atravessa uma determinada quantidade de cimento,
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determinando-se sua superfície específica (cm /g ou m /kg).

5. Estabilidade de volume:
 Causada pela hidratação retardada de CaO livre e MgO:
 CaO + H2O  Ca (OH)2
 MgO + H2O  Mg (OH)2
Figura 7. Agulhas de Le Chatelier. Figura 8. Autoclave.

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 O Sal de Candlot (Bacilo do cimento) pode aparecer no cimento endurecido, ou seja, a partir
da alumina insolubilizada. Caso ocorra pode conduzir a expansão na pasta com a
conseqüente fragmentação.

3 CaO . Al2O3 . 3 CaSO4 . 31 H2O

 Pode também ocorrer ataque da água do mar - água sulfatada.

CaSO4 Forma sal de Candlot (Etringita)

MgSO4 + Ca(OH)2 CaSO4 + Mg(OH)2

Molécula maior que Expansivo


Ca(OH)2
Reação Álcali-agregado: Podem aparecer agregados reativos (Tridimita; Cristobalita;
Calcedônia; Zeólitas) que podem provocar expansões no cimento.

K2O
+ Sílica amorfa Expansão
Na2O

6. Tipos de Cimentos:

 Cimento Portland Comum (CP I): Um tipo de cimento portland sem quaisquer adições além
do gesso.
Aplicações: É usado em serviços de construção em geral, quando não são exigidas
propriedades especiais do cimento.
 Cimento Portland Composto (CP II): O Cimento Portland Composto é modificado com
adições, com isso gera calor numa velocidade menor do que o gerado pelo Cimento
Portland Comum.
Aplicações: É usado sob a forma de argamassa e como concreto simples.
 Cimento Portland de Alto-Forno (CP III): Cimento com adições de escória de Alto-Forno.
Aplicações: Em obras de concreto-massa, tais como barragens, peças de grandes
dimensões, fundações de máquinas, pilares, obras em ambientes agressivos, tubos e
canaletas para condução de líquidos agressivos, efluentes industriais, obras submersas,
pavimentação de estradas e pistas de aeroportos.
 Cimento Portland Pozolânico (CP IV): Um tipo de cimento portland com aditivo pozolânico
(sílica ativa, cinzas e outros).
Aplicações: É especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e
ambientes agressivos, pois o concreto é mais impermeável.
 Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI): Grande resistência à compressão.
Aplicações: Em blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos, lajes,meio-fio,
mourões, postes, etc.
 Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS): Entram nessa classificação os cimentos com
pelo menos uma das condições a seguir: teor de C3A até 8%, teor de escória de alto forno
entre 60-70% ou teor de material pozolânico entre 25-40%.
Aplicações: Em ambientes submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de
tratamento de água e esgotos, obras em regiões litorâneas,subterrâneas e marítimas.
 Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC): Este tipo de cimento tem a
propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande massa de concreto,
evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor desenvolvido
durante a hidratação do cimento.
 Cimento Portland Branco (CPB): A cor branca é obtida a partir de matérias-primas com
baixos teores de óxido de ferro e manganês, em condições especiais durante a fabricação,
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tais como resfriamento e moagem do produto e, principalmente, utilizando o caulim (material
argiloso obtido a partir da caulinita) no lugar da argila.
Aplicações: Estrutural: Em concretos brancos para fins arquitetônicos.Não estrutural: Em
rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais.
A tabela 3 resume os tipos de cimento com suas principais características.
Tabela 3. Nomeclatura, composição e especificações da ABNT para tipos de Cimento Portland.

Identificação do Clínquer +
Nome técnico Sigla Classe Escória Pozolana Carbonato
tipo e classe Gesso

CPI-25
25, 32,
Cimento Portland Comum CPI CPI-32 100 - 0 -
40
CPI-40

CPI-S-25
Cimento Portland Comum 25, 32,
CPI-S CPI-S-32 99 - 95 - 1-5 -
com adição 40
CPI-S-40

CPII-E-25
Cimento Portland Composto 25, 32,
CPII-E CPII-E-32 94- 56 6 -34 0 0 - 10
com Escória 40
CPII-E-40

CPII-Z-25
Cimento Portland Composto 25, 32,
CPII-Z CPII-Z-32 94- 76 0 6 - 14 0 - 10
com Pozolana 40
CPII-Z-40

CPII-F-25
Cimento Portland Composto 25, 32,
CPII-F CPII-F-32 94- 90 0 0 6 - 10
com Filer 40
CPII-F-40

CPIII-25
25, 32,
Cimento Portland de alto forno CPIII CPIII-32 65-25 35 - 70 0 0-5
40
CPIII-40

CPIV-25
Cimento Portland Pozolânico CPIV 25, 32 5-45 0 15 - 50 0-5
CPIV-32

Cimento Portland de alta CPV-


CPV-ARI 100-95 - - 0-5
resistência Inicial ARI

Sigla e classe dos


tipos originais,
Cimento Portland resistente 25, 32,
acrescidos do
a sulfatos 40
sulfixo
RS. Ex. CPI-32RS

Sigla e classe dos


tipos originais,
Cimento Portland de baixo calor 25, 32,
acrescidos do
de hidratação 40
sulfixo
BC. Ex. CPI-32BC

CPB-25
Cim ento Portland Branco 25, 32,
CPB-32
Estrutural 40
CPB-40

Cim ento Portland Branco 25, 32,


CPB
não Estrutural 40

Cimento para Poços petrolíferos CPP G CPP - classe G

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