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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II

Curso: Engenharia Civil

Profª: Nara Miranda de Oliveira Cangussu

Janeiro de 2019 – 4ª Edição

Montes Claros – MG
AGRADECIMENTO

[Espaço livre para futuras edições da professora]

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Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
SUMÁRIO

CIMENTO PORTLAND .................................................................................................................... 4


AGREGADOS ................................................................................................................................ 17
PREPARO, TRANSPORTE, LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E CURA DO CONCRETO ................... 24
PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO ..................................................................................... 31
ADITIVOS PARA CONCRETO ........................................................................................................ 37
DOSAGEM DO CONCRETO........................................................................................................... 44
PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO ............................................................................ 53
CONTROLE TECNOLÓGICO .......................................................................................................... 59
CONTROLE TECNOLÓGICO .......................................................................................................... 65
BARRAS DE AÇO PARA CONCRETO ARMADO.............................................................................. 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 79

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CIMENTO PORTLAND

São materiais pulverulentos que quando misturados com água formam uma pasta
resistente capaz de aglutinar os agregados, originando os concretos e argamassas.

Características

• Aglomerante hidráulico;
• Denominação devido à semelhança com as pedras calcárias de Portland, uma
ilha situada ao sul da Inglaterra;
• Endurece sob a ação da água;
• Após endurecido, ainda que seja submetido à ação da água novamente, não se
decompõe mais;
• Material mais ativo, do ponto de vista químico, nos concretos;
• Constituído de silicatos e aluminatos de cálcio.

Composição e matérias primas

O cimento portland é composto de clínquer e de adições, onde o clínquer é o


componente fundamental, está presente em todos os tipos de cimento e tem como
matérias primas o calcário e a argila.
As adições são basicamente outras matérias primas misturadas ao clínquer na fase de
moagem, que variam de acordo com o tipo de cimento. Essas matérias primas são o
gesso, as escórias de alto-forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos.

Calcário + argila clínquer

Clínquer + gesso e adições cimento

Nota: o gesso é uma adição presente em todos os tipos de cimento, pois sem sua adição à
moagem do clínquer, ao entrar em contato com a água, o cimento endureceria quase que
instantaneamente.

Etapas de produção:

1. Britagem da rocha calcária calcário;


2. Moagem do calcário com argila mistura crua;
3. Calcinação da mistura crua (forno rotativo com temperatura até 1450°C)
formação do clínquer;
4. Resfriamento e moagem do clínquer;
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5. Adição de gesso e outras adições minerais cimento.

Calcário

É a principal matéria-prima parafabricação do cimento.

Em temperatura maior que 800°C, ocorre a quebra da molécula de Carbonato de


Cálcio e consequentemente a formação das partículas deÓxido de Cálcio e Dióxido de
Carbono.

T > 800°C : CaCO3 CaO + Co2

Onde,
CaCO3= Carbonato de Cálcio
CaO = Óxido de Cálcio
CO2 = Dióxido de Carbono

Argila

Fornece os silicatos de alumínio e ferro que compõe o clínquer.

O CaO do calcário reage com Al2O3, Fe2O3 eSiO2 da argila (temperatura até 1450°C)
formando os constituintes do clínquer.
Onde,

Al2O3 = Óxido de Alumínio

Fe2O3 = Óxido Férrico

SiO2 = Óxido de Silício

Areia

Usada como corretivo da argila de baixo teor de SiO2(Óxido de Silício).

Minério de Ferro

Usado como corretivo da argila de baixo teor de Fe2O3(Óxido de Ferro).

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Gesso

Sulfato de cálcio (CaSO4) – geralmente empregado em torno de 3%.

Impede que as reações de hidratação entre o clínquer e a água ocorram


instantaneamente, regulando o tempo de enrijecimento (perda de consistência) e a
pega (solidificação) do cimento, além de controlar o tempo de pega do cimento,
bloqueando o C3A (Aluminato de Cálcio).

Escórias de alto forno

São subprodutos originados da produção do ferro-gusa, granuladas por resfriamento


brusco e constituídas de silicatos de aluminatos de cálcio, que se assemelham aos
grãos de areia. Também possuem propriedades hidráulicas (ligante hidráulico) e sua
adição ao cimento proporciona a melhoria de algumas propriedades como maior
durabilidade e maior resistência final.

Pozolanas

Materiais silicosos ou silicoaluminosos que por si só possuem pouca ou nenhuma


atividade aglomerante, mas que, quando finalmente moídos e na presença de água,
reagem com o hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 à temperatura ambiente, formando
compostos com propriedades cimentícias. O hidróxido de cálcio do clínquer reage com
a pozolona. O tipo de cimento obtido através da adição dos materiais pozolânicos ao
clínquer moído com gesso oferece a vantagem de conferir maior impermeabilidade,
por exemplo, aos concretos e argamassas.

 Pozolanas naturais: cinzas vulcânicas


 Pozolanas artificiais: argilas calcinadas, cinzas volantes (queima de carvão
mineral nas usinas termoelétricas).

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Materiais carbonáticos

Minerais carbonáticos moídos quando presentes no cimento são conhecidos como fíler
calcário e servem para tornar os concretos e argamassas mais trabalháveis,
funcionando como um verdadeiro lubrificante.

 Origem e composição: são rochas moídas que apresentam carbonato de cálcio


em sua constituição tais como o próprio calcário.

Cimentos com Escórias – E ou Pozolana – Z

 Reduzem a permeabilidade dos concretos e argamassas;


 Aumentam a durabilidade dos concretos e argamassas;
 Melhoram o desempenho dos concretos e argamassas ante a ação de sulfatos e
da reação álcali-agregado;
 Diminuem o calor de hidratação;
 Aumentam a resistência final dos concretos e argamassas.

Cimento Portland Resistente a Sulfatos - RS

 Contém 60 a 70% de escória de alto-forno ou 25 a 40% de pozolonas;


 Resistência aos meios agressivos sulfatados (rede de esgoto, indústria, água do
mar).

Fabricação do Cimento Portland

Combustível: Moinha de carvão vegetal – biomassa.

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Tipos de cimento Portland

Os diferentes tipos oferecidos no mercado brasileiro, ou seja, os mais empregados nas


diversas obras de construção civil são:

CPI – Cimento Portland Comum – NBR 5732

CPII – Cimento Portland Composto – NBR 11578

CPIII – Cimento Portland de Alto-forno – NBR 5735

CPIV – Cimento Portland Pozolânico – NBR 5736

Em menor escala são consumidos, seja pela menor oferta, seja pelas características
especiais de aplicação, os seguintes tipos de cimento:

CPV-ARI – Cimento Portland de Alta Resistência Inicial – NBR5733

RS – Cimento Portland Resistente a Sulfatos –NBR 5737

BC – Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação – NBR 13116

CPB – Cimento Portland Branco – NBR 12989

CPP – Cimento para Poços Petrolíferos – NBR 9831

Atualmente os cimentos portland compostos são os mais encontrados no mercado,


respondendo por aproximadamente 75% da produção industrial brasileira; são
utilizados na maioria das aplicações usuais, em substituição ao antigo CP.
O CPP constitui um tipo de cimento de aplicação bastante específica, qual seja a
cimentação de poços petrolíferos, e não possui em sua composição outros
componentes além do clínquer e do gesso para retardar o tempo de pega.

Conteúdo dos componentes (% em massa)

Tipo Sigla Clínquer + gesso Escória Pozolana Fíler Calcário

Comum CP I 100 0
Comum com adição CP I - S 99 – 95 1-5
Composto com Escória CP II - E 89 – 56 11 - 34 0 0 - 10
Composto com Pozolana CP II - Z 89 – 70 0 11 - 20 0 - 10
Composto com Fíler CP II - F 94 - 90 0 0 6 - 10
Alto Forno CP III 62 - 25 35 - 70 0 0-5
Pozolânico CP IV 79 - 50 0 21 - 45 0-5
Alta Resistência Inicial CPV - ARI 100 - 95 0 0 0-5
Resistente a Sulfatos RS - - - -
Baixo Calor de Hidratação BC - - - -
Branco Estrutural CPB 100 - 75 - - 0 - 25

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Descrição no saco de cimento

Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos

Influências ativas

Estudo da dosagem de concretos e argamassas. Métodos racionais e econômicos.

Exigências Físicas e Mecânicas do Cimento

Finura:
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Método por peneiramento (peneira 75mm) – NBR 15579

Método de Blaine (permeabilidade ao ar) – NBR NM 76

Quanto mais fino o cimento:

 Maior resistência mecânica principalmente nas primeiras idades devido à


maiorvelocidade de hidratação, originando um endurecimento mais rápido;
 Maior trabalhabilidade devido a homogeneidade da pasta;
 Maior impermeabilidade;
 Maior envolvimento dos grãos do agregado pela pasta;
 Menor exsudação do concreto;
 Maior tempo de moagem, aumentando o custo do cimento;
 Maior sensibilidade ao fissuramento devido à maior liberação de calor;
 Maior consumo de água.

O objetivo do ensaio é determinar a finura de um cimento por comparação com uma


amostra padrão (calibração do aparelho) para servir como instrumento de checagem
da uniformidade do processo de moagem do cimento. Para isso, mede-se o tempo
necessário para que certo volume de ar atravesse uma camada compactada de
cimento cuja porosidade seja conhecida. Apesar dos resultados serem expressos em
cm²/g hoje se sabe que esses valores não exprimem corretamente a área superficial de
um cimento. Para cimentos de finura normal os resultados oferecidos pelo ensaio são
satisfatórios para verificação da qualidade da moagem realizada pela fábrica. No caso

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de cimentos contendo materiais ultrafinos o ensaio pode não fornecer resultados
significativos.

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Expansibilidade

NBR 11582 (agulhas “LeChatelier”)

 Métodos: a quente (obrigatório) e a frio (facultativo).

Fabricação do clínquer:

Quando o MgO(óxido de Magnésio) ou CaOlivre(Óxido de Cálcio) do clínquer são


elevados
Utilização do calcário como matéria-prima;

Expansão após o fim de pega causando fissuras.

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Tempo de pega

NBR NM65 – Determinação do Tempo de Pega do Cimento Portland. Tempo


necessário para o enrijecimento da pasta (perda de plasticidade)medido pela
resistência à penetração no Ensaio da Agulha de Vicat.

Definições:

 Início da pega: Determina o começo do enrijecimento da pasta de cimento. É o


prazo disponível para as operações de manuseio dos concretos e argamassas. É
evidenciado pelo aumento de viscosidade da pasta e elevação de sua temperatura.
Momento em que a pasta adquire certa consistência que não é mais trabalhável.
 Fim de pega:Determina o enrijecimento completo e o início do endurecimento da
pasta de cimento. A pasta não mais é deformável quando solicitada a pequenas
cargas e torna-se rígida (temperatura máxima bem definida).

Agulha de Vicat

 Tempo de início de pega: é o intervalo de tempo transcorrido desde a adição de


água ao cimento até o momento em que a agulha de Vicat penetra na pasta até
uma distância do fundo entre 03 e 05 mm. O tempo é expresso em horas e
minutos com aproximação de 5 minutos.
 Tempo de fim de pega: é o intervalo de tempo transcorrido desde a adição de
água ao cimento até o momento em que a agulha de Vicat penetra somente
0,5 mm na pasta. O tempo é expresso em hora e minutos, porém com
aproximação de 15 minutos.
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Os resultados do ensaio devem estar de acordo com as especificações mínimas do tipo
de cimento correspondente.

Cimento – Especificações Mínimas do Tempo de Pega

Calor de Hidratação

É a quantidade de calor resultante das reações de hidratação do cimento (reações


exotérmicas). Ocorre crescendo principalmente entre o início e fim de pega, quando o
material ainda está na fase plástica.
Após o fim de pega ocorre a diminuição das reações: redução do calor. Há uma
tendência de o material retornar à sua forma inicial, porém ele já está se enrijecendo
(estado pseudo-plástico) gerando tensões que podem levar àtrincas de concentração e
fissuras noviças ao concreto.

Efeitos atenuantes:

 Cura nos 07 primeiros dias;


 Cimentos pozolânicos e de escórias de alto-forno liberam menos calor em
função de sua composição.

A quantidade de calor liberado depende da composição do cimento, especialmente


das proporções de aluminato e silicato e da finura do cimento.

Compostos C3S C2S C3A C4AF


Calor (cal/g) 12 62 207 100

Onde,

C3S = Silicato tricálcio

C2S = Silicato bicálcio

C3A = Aluminato tricálcico

C4AF = Ferro aluminato tetracálcico

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Cimentos ricos em C3A oferecem pega rápida podendo ser feita sua correção com
gesso.

Cura

Deve ser iniciada após o fim de pega impedindo a evaporação da água por ação do
vento e do calor durante um tempo mínimo de 07 dias.

Falsa pega

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Ocorre quando a pasta, argamassa ou concreto perde a plasticidade com menor tempo
previsto, e com nova remistura sua plasticidade é recuperada. Quando a temperatura
de moagem do cimento é acima de 128°C, ela desencadeia a dissociação do sulfato de
cálcio do gesso, que modifica os tempos de pega. O gesso não bloqueia o C3A.

Determinação da massa específica

Frasco de Le Chatelier

Resistência Mecânica à compressão

NBR 7215 (argamassas de cimento)

Corpos-de-prova de argamassas contendo areia normal do IPT (NBR 7214)

Endurecimento

É a segunda fase do processo de hidratação que ocorre após o fim de pega. É


responsável pelas resistências mecânicas dos concretos.

C3S = Silicato tricálcio – resistência nas primeiras idades – Escória básica (Aço);

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C2S = Silicato bicálcio – resistência em longo prazo – Escória ácida (Ferro).

Resistência a
Nota: a cada 10% de água a mais, perde-se 03 MPa de resistência.

NBR - 5737
CP de Alta

Sulfatos

2600
AGREGADOS

6,5

10
20
15

*
*

*
4

1
São materiais sem forma ou volume definidos, de dimensões e propriedades
adequadas às obras de engenharia, em particular à produção de argamassas e

CP de Moderada

2600
320
Resistência a

6,5

15

10
20
32

NBR - 5737
concretos de cimento Portland.

*
4

1
Ex.: pedra britada, cascalho e areias naturais ou obtidas por moagem de rocha.

2600
250
6,5

15

15
25
*

*
4

8
2900
CP Pozolânico
320

12

10
18
32
40
*
6
4

(EB-758)
2500
250

12

15
25
32
*
6
4

7
CP de Alto Forno

2800
320

10

10
20
32
40
NBR - 5735
*

*
4

(EB-5735)
2600
250

10

15
25
32
*

*
4

8
Resistência Inicial

NBR - 5733
CP de Alta

(EB-2)
3000
6,5

11
22
31
*
*
4
6

1
2600
400
6,5

15

14
24
40
*

*
4

NBR - 5132
CP Comum

(EB-1)
2600
320
6,5

15

10
20
32
*

*
4

1
2400
250
6,5

15

15
25
*

*
4

8
03 dias
07 dias
28 dias
90 dias
01 dia
Finura peneira 0,0075

Tempo mínimo de pega,


Perda ao fogo máx. (%)
Resíduo na
Tipos

Norma Brasileira
cm²/g

Os agregados ocupam aproximadamente 70% do volume do concreto e são os


MgO máx. (%)

elementos de custo mais baixo. Aumentam a resistência ao desgaste superficial dos


Vicat (h)

normalizada

concretos e argamassas, além de reduzir a retração das pastas de cimento. Agregados


Resistêcias

argamassa
Propriedades

mínimas

(MPa)

de boa qualidade apresentam resistência mecânica superior à pasta de cimento.

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Classificação dos Agregados

Quanto à forma de obtenção

 Naturais:encontrados na natureza sob a forma de agregados, já preparados


para o uso sem beneficiamento que não sejam a lavagem.
Ex.: areias, pedregulhos, seixos ou cascalhos rolados.

 Britados: submetidos a processo de cominuição (etapas de britagem e


moagem).
Ex.: rochas britadas, pedrisco, pedregulho britado.

 Artificiais:obtidos por processos industriais e geralmente necessitam ser


tratados para atingirem a condição adequada ao uso.
Ex.: areias artificiais, escórias de alto-forno, argila expandida, folhelho expandido,
entre outros.

 Reciclados: obtidos de resíduos gerados de processos industriais granulares que


tenham propriedades adequadas ao uso como agregado.
Ex.: escórias de alto-forno, entulho de construção e demolição.

Quanto à massa unitária

 Leves: argila expandida, lodo de esgoto, escória de alto-forno, pedra-pomes,


vermiculita.
 Normais: Areias, pedregulhos, britas, seixos rolados.
 Pesados: hematita, magnetita, barita, limonita.

Quanto à forma e textura das partículas

 Forma: arredondados, angulosos e irregulares


 Textura: lisa ou rugosa.

Quanto à dimensão dos grãos e composição granulométrica

 Agregado miúdo: grãos que passam pela peneira #4,75mm e ficam retidos na
#150µm.
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 Agregado graúdo: grãos que passam pela peneira #75mm e ficam retidos na
#4,75mm

Peneiras empilhadas

Produtos industrializados

 Areia: graduação 0,15 - 4,8 mm.


 Pó de pedra: graduação 0 – 4,8 mm, não perfeitamente definida.
 Pedra britada: pedrisco (9,5mm), brita 1 (19mm), brita 2 (25mm), brita 3, brita
4.
 Fíler: graduação 0,005 – 0,075 mm.
 Bica corrida: saída do britador primário, graduação 0 – 300 mm. Saída do
britador secundário, graduação 0 – 76 mm.
 Rachão/ Pedra de mão: graduação 76 – 250 mm.

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Ensaios de qualificação dos agregados

 composição granulométrica;
 massa unitária em estado solto;
 massa específica;
 absorção de água;
 teor de argila em torrões e materiais friáveis;
 teor de materiais pulverulentos;
 impurezas orgânicas;
 inchamento do agregado miúdo;
 índice forma do agregado graúdo;
 abrasão “Los Angeles” do agregado graúdo

Granulometria

Definições:

 Módulo de finura (MF): é a soma das porcentagens retidas acumuladas em


massa de um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100.

 Dimensão máxima característica (DMC): é a grandeza associada à distribuição


granulométrica do agregado, correspondente à abertura nominal, em mm, da
malha de peneira de série normal ou intermediária, na qual o agregado
apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior
a 5% em massa.

Nota:O diâmetro máximo não deverá ser maior que 1/3 da espessura das lajes e ¼
da largura das vigas.

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Densidade aparente

Massa específica

Ensaio do Frasco de Chapman – Determinação da massa específica dos agregados


miúdos.

Nota:Pode-se usar o mesmo método para agregado graúdo, porém triturando o


material. Absorção de água

Teor de materiais pulverulentos

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Impurezas Orgânicas

Teor de umidade

Ensaios:
• Método do Speedy;
• Método da Estufa;
• Método do Fogareiro.

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Inchamento

Índice de Forma

Abrasão Los Angeles

Anotações do aluno

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PREPARO, TRANSPORTE, LANÇAMENTO, ADENSAMENTO E CURA
DO CONCRETO

Concreto é o material mais utilizado na construção civil, composto por uma mistura
de cimento, areia, pedra e água, além de outros materiais eventuais, os aditivos e as
adições.

Preparo do Concreto/Concretagem

NBR 14931- Execução de estruturas de concreto

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O concreto pode ser preparado pelo executante da obra ou por empresa de serviços
de concretagem.

As especificações do concreto levam em consideração:

• Método de preparo: lançamento, adensamento e cura do concreto;


• Resistência característica à compressão na idade de controle, DMC e Slump;
• Consumo de cimento por m3 de concreto.

PreparoManual

• Pequenas quantidades;
• Sobre superfície plana e impermeável;
• Misturar a seco os agregados e o cimento;
• Adicionar água aos poucos.

Mecânico

Betoneiras: eixo inclinado, horizontal e vertical;

Ordem de mistura: água, agregado graúdo, cimento e agregado miúdo.

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Transporte do concreto

O tempo de transporte, contado a partir do momento da primeira adição da água até a


entrega do concreto deve ser:

• Fixado de forma que o fim do adensamento não ocorra após o início de pega do
concreto lançado e das camadas ou partes contíguas a essa remessa (evitando-
se a formação de “junta-fria”);
• No máximo, 150 minutos, no caso do emprego de veículos dotado de
equipamentos de agitação;
• No máximo, 60 minutos, no caso de veículos não dotado de equipamento de
agitação.

Equipamentos para o transporte do concreto na obra

• Carrinho de mão;
• Caixotes;
• Baldes;
• Gruas e Caçambas;
• Esteira;
• Guincho;
• Bombeamento;

Lançamento do Concreto

A preparação da forma deve levar em consideração:

• Capacidade de suportar os esforços;

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• Acabamento;
• Desmoldantes;
• Dimensões;
• Armadura;
• Estanqueidade.

Outros aspectos importantes:

• Verificação do tempo de lançamento: Não deverá ser lançado concreto após o


início de pega. Caso o tempo previsto para execução das etapas de
concretagem seja maior, devem-se usar aditivos retardadores de pega;
• Altura de queda: Manter homogeneidade do concreto, evitando segregação.
Altura máxima de lançamento aproximado: 2 m;
• Necessidade de juntas (estrutural, dilatação ou fria).

Adensamento do Concreto

O adensamento de concreto consiste na movimentação do material em questão,


tendo a finalidade de diminuir o número de vazios, bolhas de ar e excesso de água do

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interior da massa, de tal forma que se obtenha um concreto denso e compacto.O
processo deve ser feito durante e imediatamente após o lançamento do concreto.

Tipos de adensamento:
• Manual
• Mecânico: Vibrador de imersão, vibrador de superfície, mesa vibratória.

Adensamento Manual

Esse tipo de processo pode ser feito com peças de madeira ou barras de aço que
atuam como soquete e empurram o concreto para baixo, expulsando o ar incorporado
e eliminando os vazios. A camada de concreto deve ser submetida a choques
repetidos, sendo mais importante o número de golpes do que a energia aplicada a
cada um deles.

Aplicável nos seguintes casos:


 Concreto plástico (slump: 6 a 12 cm);
 Espessura máxima a ser compactada - 15 a 20 cm.
 Obras de menor responsabilidade;
 Falta temporária de energia.

Adensamento Mecânico

O adensamento de concreto mecânico deve ser executado conforme a consistência do


concreto, introduzindo e retirando a agulha do adensador lentamente. Em geral, 15
segundos são suficientes para adensar a área em que a agulha está imersa.O manuseio
desse equipamento exige certa habilidade por parte de quem o opera, além de possuir
limitações quanto às dimensões e espessura da superfície.

Formas de aplicação:
 Por meio do uso de vibradores internos ou de imersão (agulha);
 Por vibrador de superfície;
 Por vibrador externo ou de forma (mesa vibratória);

Características de um vibrador
 Frequência: é o número de impulsos ocorridos em um determinado período;
 Amplitude: é o deslocamento máximo do elemento vibrador entre dois
impulsos;
 Potência.

Atenção O excesso de vibração produz segregação do concreto, ficando as partes


inferiores com mais pedras e argamassas ou nata em excesso na superfície. Sempre
que se estiver vibrando uma camada, deve-se fazer com que a agulha atinja a camada
subjacente, para assegurar a ligação entre as duas. Devem-se cobrir armaduras
evitando vibração das formas e armaduras.

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O tempo de vibração depende de diversos fatores, como:frequência de vibração,
abatimento do concreto, forma dos agregados e densidade da armadura.

Cura do Concreto

Tem o objetivo de evitar a perda prematura da água de amassamento excedente no


concreto, reduzindo a possibilidade de ocorrência de fissuras.

Tipos de cura:
• Irrigação constante de água sobre a superfície;
• Recobrimento da superfície com mantas umedecidas, sacos, lonas, areia;
• Cura química: agentes de cura formadores de película impermeabilizante;

Tempo de cura: 07 dias.

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Exsudação do concreto

É a tendência da água de amassamento de vir à superfície do concreto recém-lançado.


A água, ao subir à superfície, pode carregar partículas mais finas de cimento, formando
a chamada nata. Essa nata impede a ligação de novas camadas do material e deve ser
removida cuidadosamente.

Anotações do aluno

30
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PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO

O Concreto Frescoé caracterizado como o material recém-misturado, sendo que se


apresenta no estado plástico, ou seja, ainda com a capacidade de propiciar a
moldagem, com aplicação de cargas, permanecendo moldado após cessar a aplicação
da carga.

Propriedades

As propriedades desejáveis são as que asseguram a obtenção de uma mistura fácil de


transportar, lançar e adensar, sem que haja segregação.

 Consistência;
 Segregação (integridade da massa);
 Exsudação (poder de retenção de água);
 Trabalhabilidade;
 Massa específica;
 Textura.

 Consistência

É o maior ou menor grau de fluidez da mistura fresca, relacionando-se, portanto, com


a mobilidade da massa. O principal fator que influi na consistência é o teor
água/cimento (a/c).
O processo de determinação de consistência mais utilizado no Brasil, devido à
simplicidade e facilidade com que é executado na obra é o Ensaio de abatimento-
SLUMP TEST.

Processo de execução do SLUMP TEST

• O cone deve ser molhado internamente e colocado sobre uma chapa metálica,
também molhada;

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• Uma vez assentado firmemente sobre a chapa, enche-se o cone com concreto
em 03 camadas de igual altura;
• Cada uma dessas camadas é socada com 25 golpes, com uma barra de ferro de
5/8” (16mm);
• Terminada a operação retira-se o cone verticalmente. A operação de retirar o
molde deve ser realizada em 5 s a 10 s.
• Mede-se o abatimento da amostra.

A operação completa, desde o início de preenchimento do molde com concreto até


sua retirada, deve ser realizada sem interrupções e completar-se em um intervalo de
150 s.

Abatimento recomendado para diferentes tipos de obras:

Abatimento em cm
Tipo de Obra
Máximo Mínimo
Bloco sobre estava e sapata 8 2
Viga e parede armada 10 2
Pilar de edifício 10 2
Laje maciça e nervurada 8 2

 Segregação

Separação dos componentes da mistura, seja dos agregados, seja da pasta; fazendo
com que ela deixe de ser uniforme. Ocorre principalmente pelo fato de os
constituintes da mistura apresentarem dimensões e massas específicas diferentes.

A segregação pode ocorrer de duas formas:


 Interna:quando as partículas maiores e mais pesadas tendem a assentar na
parte inferior;

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 Externa:quando as partículas maiores tendem a separar da mistura durante o
lançamento.

São consequências da segregação:


 Heterogeneidade do concreto endurecido;
 Alterações nas relações agregado/cimento e água/cimento dentro do material.

Fatores que afetam a segregação:


 Quantidade de água: Concretos muitos secos ou úmidos facilitam a segregação;
 Adições ou aditivos:
• A adição de pozolanas, particularmente em misturas pobres reduz a
segregação;
• A incorporação de ar tem efeito análogo: as bolhas de ar funcionam como
material fino;
• Aditivos superfluidificantes produzem concretos fluidos e não segregáveis
pela elevada redução da água de amassamento, especialmente nas
misturas ricas.

Concreto não segregado Concreto segregado

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 Exsudação

A exsudação é uma forma particular de segregação, é a tendência da água de


amassamento de vir à superfície do concreto recém-lançado. Também pode ser
entendida como a perda imediata de água após o adensamento, sendo causada
principalmente pela falta de finos no concreto, o que acarreta problemas a uma
correta hidratação do cimento.

Caracterização quantitativa da exsudação:


 Profundidade da lâmina d'água;
 Velocidade em que a exsudação ocorre;
 Duração da exsudação.

Dentro de certos limites a exsudação é benéfica, pois diminui a relação água/cimento


inicial; mas em geral prevalecem as consequências negativas.

Em decorrência da exsudação obtém-se um concreto poroso e menos resistente. Ela


pode ser controlada pelo proporcionamento adequado de um concreto trabalhável,
evitando-se o emprego de água além do necessário. Àsvezes, corrige-se a exsudação

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pela adição de grãos relativamente finos, que compensam as deficiências dos
agregados.

 Trabalhabilidade

É a propriedade do concreto fresco que identifica sua maior ou menor aptidão para ser
empregado com determinada facilidade sem perda de sua homogeneidade. É
caracterizada pela medida da consistência do concreto.

Fatores internos:
• Consistência;
• Traço do concreto;
• Granulometria do concreto;
• Forma do grão do agregado;
• Aditivos;

Fatores externos:
• Mistura;
• Transporte;
• Lançamento;
• Adensamento;
• Características da peça.

Água de amassamento

A água utilizada na mistura do concreto deve ser isenta de teores prejudiciais de


substâncias estranhas, tais como: óleo, ácidos, sais, matéria orgânica e outras que
possam interferir nas reações da hidratação do cimento, prejudicar a durabilidade e
afetar a coloração final do concreto.
Quase todas as águas naturais são apropriadas para amassamento. É necessário
precaução quanto às águas de pântano e as de rejeito industrial. A água do mar é
inadequada para estruturas de concreto armado e protendido devido à corrosão
provocada pelo teor de sal.

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Parâmetros da água a serem empregados na produção de concreto

pH 5,5 - 9,0
Sólidos Totais ≤ 5000 mg/l
Sulfatos ≤ 2000 mg/l
Cloretos - concreto simples ≤ 2000 mg/l
Cloretos - concreto armado ≤ 700 mg/l
Cloretos - concreto protendido ≤ 500 mg/l
Açúcar ≤ 5 mg/l
Matéria Orgânica 3 mg/l

Anotações do aluno

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ADITIVOS PARA CONCRETO

Aditivos são produtos químicos que, adicionados em pequenas quantidades aos


concretos de cimento Portland, modificam algumas de suas propriedades, melhorando
seu desempenho em determinadas condições.

Tipos de aditivos
• Tipo P – Plastificante
• Tipo R – Retardador
• Tipo A – Acelerador
• Tipo PR – Plastificante Retardador
• Tipo PA – Plastificante Acelerador
• Tipo IAR – Incorporador de Ar
• Tipo SP – Superplastificante
• Tipo SPR – Superplastificante Retardador
• Tipo SPA – Superplastificante Acelerador.

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Função dos aditivos

Podemos dizer que os objetivos fundamentais dos aditivos para concreto são:
 Ampliar as qualidades de um concreto;
 Minimizar seus pontos fracos;
 Aumentar a plasticidade do concreto;
 Reduzir o custo em termos de consumo de cimento;
 Acelerar ou retardar o tempo de pega;
 Reduzir a retração;
 Aumentar a durabilidade.
As melhorias provocadas pelos aditivos variam de acordo com o tipo de aditivo
utilizado, e deve-se considerar com muita cautela onde o concreto será empregado.
Portanto, a escolha do aditivo depende fundamentalmente do tipo de emprego do
concreto e do desempenho necessário esperado em tal situação.
Nota:Os aditivos não são um remédio para corrigir erros provenientes da falta de
qualidade dos demais componentes, nem para o despreparo da mão-de-obra para
transporte, lançamento e adensamento do concreto.
Tipo P – Plastificante

Produto que aumenta o índice de consistência do concreto mantida a quantidade de


água de amassamento ou que possibilita a redução de, no mínimo, 6% da quantidade
de água de amassamento para produzir um concreto com determinada consistência.

Benefícios da sua aplicação:


 Maior resistência mecânica;
 Maior impermeabilidade e durabilidade;
 Minimização de retração, fissuramento e exsudação;
 Melhor proteção e aderência da armadura;
 Fácil adensamento e bombeamento;
 Melhor aspecto em caso de concreto aparente.

Tipo R – Retardador

Produto que aumenta os tempos de início e fim de pega do concreto

Benefícios da aplicação:
 Permitem maior tempo de manuseio do concreto;
 Evita o efeito acelerador das temperaturas elevadas;
 Após a pega não interferem no processo de endurecimento do cimento;
 Inibem o surgimento de juntas frias, quandoa concretagem é interrompida;
 Permite a concretagem das peças de difícil acesso e vibração, ou nos casos de
grandes volumes de concreto, evitando o surgimento de trincas térmicas.

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Tipo A – Acelerador

Produto que reduz os tempos de início e fim de pega do concreto, bem como acelera o
desenvolvimento das suas resistências iniciais.

São utilizados para:


 Acelerar o início das operações de acabamento;
 Reduzir o tempo necessário para cura;
 Aumentar a velocidade de desenvolvimento da resistência para permitir a
remoção de formas com mais rapidez visando liberar mais cedo a construção
para os serviços ou em serviços de reparos urgentes, como vedações
hidráulicas;
 Podem ser usados também quando o concreto é aplicado em temperaturas
baixas, em torno de 2 a 4°C.

Tipo PR – Plastificante Retardador

Os aditivos plastificantes retardadores de pega para concreto são produtos isentos de


cloreto que promovem a dispersão do material cimentício, possibilitando a produção
de concretos com um maior índice de consistência e/ou a redução da água de
amassamento, conferindo maior tempo de pega.

Benefícios da aplicação:

 Reduz a água de amassamento e promove aumento das resistências mecânicas


permitindo uma possível redução do consumo de cimento para uma certa
resistência;
 Aumenta o índice de consistência do concreto, tornando o concreto mais
trabalhável;
 Melhora a durabilidade e acabamento do concreto;
 Diminui a permeabilidade e fissuramento do concreto;
 Facilita o bombeamento, adensamento e lançamento do concreto;
 Aumenta o tempo de pega e diminui o calor de hidratação do concreto,
tornando-o mais trabalhável em climas quentes;
 Aumenta o tempo de trabalhabilidade do concreto.

Tipo PA – Plastificante Acelerador

Os aditivos plastificantes aceleradores propiciam a aceleração das reações iniciais de


hidratação do cimento e de endurecimento do concreto, resultando em rápido ganho
das resistências iniciais.

Benefícios da aplicação:
 Promove ganho de resistência em baixas temperaturas;
 Promove redução dos tempos de início e fim de pega;
 Promove resistências iniciais do concreto mais elevadas;
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 Promove redução do tempo de desforma de peças pré-fabricadas.

Tipo IAR – Incorporador de Ar

A aplicação mais importante deste aditivo é em misturas de concreto que deverão


resistir aos ciclos de congelamento e descongelamento. Seu uso torna as partículas de
cimento hidrófobas (que repelem água) e é normalmente empregado em concretos,
massa e concretos leves.

Benefícios da aplicação:
 Melhoria da trabalhabilidade;
 Redução da água de amassamento;
 Redução da segregação;
 Redução da exudação.

Nota:Os tensoativos usados como incorporadores de ar normalmente consistem de sais de


resina de madeira, materiais proteicos, ácidos graxos e alguns detergentes sintéticos.

Tipo SP – Super Plastificante

São também chamados de aditivos redutores de água de alta eficiência, pois a redução
de água varia de 20 a 30%. A utilização deste aditivo proporciona o aumento das
propriedades mecânicas, que é geralmente proporcional à redução do fator
água/cimento. Há uma maior velocidade na hidratação do cimento e os concretos
apresentam resistências de 1, 3 e 7 dias maiores do que nos concretos sem aditivos e
mesmo fator água/cimento.

As categorias principais de superplastificantes são:


• Condensados sulfonados de melamina-formaldeído,
• Condensados sulfonados de naftaleno-formaldeídos e
• Condensados de lignossulfonatos modificados.

Tipo SPR – Superplastificante Retardador

Benefícios da aplicação:
 Eficiente redutor da água de amassamento;
 Aumento da trabalhabilidade sem segregação e sem exsudação;
 Adequação da trabalhabilidade em climas quentes e úmidos.

Tipo SPA – Super Plastificante Acelerador

Benefícios da aplicação:

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 Aumenta a resistência à compressão, inicial e final, a resistência à flexão e o
módulo de elasticidade;
 Reduz a quantidade de água de amassamento, exsudação, o tempo de pega e a
permeabilidade;
 Melhora a coesão do concreto.

Aditivos especiais

Além dos aditivos citados ainda existem aditivos para outras finalidades, como por
exemplo:
 Ação anti-bactericida;
 Impermeabilizante.

Aditivos Bactericidas e Similares

Organismos com fungos, bactérias ou insetos podem prejudicar o concreto.


Aditivos compostos de sulfato de cobre e pentaclorofenol permitem o controle do
crescimento de algas ou líquens no concreto endurecido.

Aditivos Impermeabilizantes

Os aditivos impermeabilizantes visam impedir a penetração de água no concreto, ou


seja, tornam o concreto hidrófobo. Desta forma, a água é empurrada para fora dos
poros capilares.
A atuação destes aditivos se faz pela reação com o hidróxido de cálcio da pasta de
cimento hidratada, exemplos de produtos são: ácido esteárico e algumas gorduras
vegetais e animais.

Aditivos Minerais

Aditivos minerais são materiais pozolânicos do tipo microssílica, cinzas volantes e


pozolanas naturais (lavas vulcânicas).

Estes materiais tem a capacidade de, nos concretos:


 Aumentar a durabilidade e as resistências nas idades avançadas;
 Diminuir a liberação do calor de hidratação.

Microssílica

A microssílica é um subproduto da reação entre quartzo de alta pureza e carvão na


produção de silício metálico e ligas ferro-silício.O contato desse material com a água e
o cimento disponível no concreto origina uma reação conhecida na literatura como
pozolânica. Tal reação tem como principal característica a formação de um gel que se
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distribui por toda estrutura do material, elevando assim a resistência mecânica do
concreto. Além disso, essa adição confere ao concreto um aumento da resistência ao
calor.

Nanotubos de carbono (NTC)

Os nanotubos de carbono (NTCs) são estruturas de carbono que, após sintetizadas,


obtêm forma de cilindros em escala nanométricas. Os benefícios da adição destes
materiais ao concreto ainda estão sob estudo e em todo o mundo existem pesquisas
que evidenciam melhorias na resistência à compressão, à tração e porosidade em
argamassas e pastas produzidas com NTCs.

Nota:A adição de nanotubos ao cimento Portland é como se microscópicos cabos de aço


fossem acrescentados ao material, gerando uma protensão no concreto que pode chegar a
200 MPa.

Bilionésimo
1
= 0,000000001 = 1 x 10−9
1 000 000 000 000

Anotações do aluno

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DOSAGEM DO CONCRETO

Dosagem é o proporcionamento adequado e mais econômico dos materiais que


compõem o concreto: cimento, areia, brita, água e aditivos.

Materiais constituintes

Requisitos para a dosagem

• Trabalhabilidade
• Resistência físico-mecânica
• Permeabilidade/Porosidade
• Condição de exposição
• Custo

Resistência Especificada

Compressão Simples Em todos os projetos

Tração por compressão diametral

Tração na flexão
Projetos Especiais
Módulo de deformação

Desgaste por abrasão

Influência dos materiais no concreto

Cimento

O aumento do teor de cimento proporciona maior plasticidade, maior coesão, menor


segregação, menor exsudação, maior calor de hidratação e maior variação volumétrica
ao concreto.

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Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
Agregado miúdo

O aumento do teor de agregado miúdo acarreta o aumento do consumo de água,


aumento do consumo de cimento, maior plasticidade, entre outros.

Agregado graúdo

Quanto mais arredondado e liso, maior a plasticidade e menor a aderência. Se for


lamelar consumem mais cimento, areia e água e diminuem a resistência. Os melhores
agregados são cúbicos e rugosos.

Métodos de dosagem ABCP

Adaptado do método da ACI (American Concrete Institute), para agregados brasileiros


e concretos de consistência plástica a fluida.

Fornece uma primeira aproximação da quantidade dos materiais devendo-se realizar


uma mistura experimental.

Cimento
Características dos materiais
Agregados

Concreto
Fixar a relação a/c

Determinar o consumo
dos materiais

Apresentação do
traço

Características dos materiais

Cimento

 Tipo;
 Massa específica;
 Resistência do cimento aos 28 dias.

Agregados

 Análise Granulométrica: Módulo de finura do agregado miúdo (MF) e Dimensão


máxima característica do agregado graúdo (DMC);
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 Massa específica;
 Massa unitária compactada.

Concreto

 Consistência desejada no estado fresco


 Condições de exposição
 Resistência de dosagem do concreto

𝑓𝑐28 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65𝑆𝑑

Onde:𝑆𝑑 = 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜

NBR 12655 – Definição do Fc28

Condições de Preparo em Função do Desvio Padrão

Condição A – (Aplicável a todas as classes de concreto): o cimento e os agregados são


medidos em massa, a água de amassamento é medida em massa ou volume com
dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos agregados. (Sd = 4,0 MPa)

Condição B– (Aplicável para as classes C10 até C20): o cimento é medido em massa, a
água de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os
agregados em massa combinada com volume. (Sd = 5,5Mpa)

CondiçãoC – (Aplicável somente para os concretos de classe C10 e C15):o cimento é


medido em massa, os agregados são medidos em volume, a água de amassamento é
medida em volume e a sua quantidade é corrigida em função da estimativa da
umidade dos agregados e da determinação da consistência do concreto. (Sd = 7,0Mpa)

Desvio Padrão Conhecido (sd)

𝑛
𝑖=1(𝑋𝑖− 𝑥 )²
𝑠𝑑 =
𝑛−1

Fixação do fator a/c

 Durabilidade – ACI (American Concrete Institute) ou NBR 12655/2016


 Resistência Mecânica – A escolha do a/c é função da curva de Abrams

Exemplo: Cimento CP-II E 32

Concreto Portland, tipo II (Composto com Escória), com resistência de 32MPa, aos 28
dias.

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Utilização da Curva de Abrams

Faz-se uso da Curva de Abrams quando:

 Resistência do cimento é conhecida.


 Resistência média do cimento é conhecida.
 Se a resistência for desconhecida, utilizar da resistência mínima de Norma, a
que vem impressa no saco de cimento.

Anotações do aluno

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Determinação aproximada do Consumo de Água (CA)

Consumo de Água aproximado (kg) por m3 de concreto


Dmáx agregado graúdo (mm)
Abatimento (mm)
9,5 19 25 32 38
40 a 60 220 195 190 185 180
60 a 80 225 200 195 190 185
80 a 100 230 205 200 195 190

Determinação do consumo de cimento (Cc) por m³ de concreto:

O consumo de cimento por m³ de concreto (Cc) é dado pela equação abaixo. Observe
que o consumo de cimento depende diretamente do consumo de água(CA).

𝐶𝐴
𝐶𝑐 = ( 𝑒𝑚 𝑘𝑔)
(𝑎/𝑐)

Determinação do consumo de agregados

Para obter o ótimo teor de agregado graúdo, utilizamos:


 Dimensão máxima do agregado graúdo
 Módulo de finura da areia

Já para obtenção do ótimo teor de areia:


 Teor de pasta
 Consumo de agregado graúdo

Tabela: Determinação do Consumo de Agregado Graúdo (Cb)

Volume Compactado de Agregado Graúdo (m³) por m³ de concreto (Vcb)


Dimensão Máxima (mm)
MF
9,5 19 25 32 38
1,8 0,645 0,77 0,795 0,82 0,845
2 0,625 0,75 0,775 0,8 0,825
2,2 0,605 0,73 0,755 0,78 0,805
2,4 0,585 0,71 0,735 0,76 0,785
2,6 0,565 0,69 0,715 0,74 0,765
2,8 0,545 0,67 0,695 0,72 0,745
3 0,525 0,65 0,675 0,7 0,725
3,2 0,505 0,63 0,655 0,68 0,705
3,4 0,485 0,61 0,635 0,66 0,685
3,6 0,465 0,59 0,615 0,64 0,665
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Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
Obtemos o consume de agregadograúdo(Cb) atráves da equaçãoabaixo:

𝐶𝑏 = 𝑉𝑐𝑏 𝑥 𝜌𝑐𝑏 (𝐾𝑔)

Onde;
Vcb = Volume do agregado seco por m³ de concreto
ρcb = Massa unitária compactada do agregado graúdo

Composição com dois agregados graúdos

• Critério do menor volume de vazios;


• Proporcionar as britas de maneira a obter a maior massa unitária compactada.

Britas Proporção
B0, B1 30% B0 e 70% B1
B1, B2 50% B1 e 50% B2
B2, B3 50% B2 e 50% B3
B3, B4 50% B3 e 50% B4

Consumo de Agregado Miúdo (Areia) - Ca

𝐶𝑐 𝐶𝑏 𝐶𝐴
𝑉𝑎 = 1 − ( + + )
Ɣ𝑐 Ɣ𝑏 Ɣ𝐴

𝐶𝑎 = Ɣ𝑎 𝑥 𝑉𝑎 (em kg)

Onde;
Va – volume de areia
Cc – consumo de cimento
CA – consumo de água
Ca – consumo de areia
Ɣ − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎

Apresentação do traço (em peso)

Traço Cimento (Cc) : Areia (Ca) : Brita (Cb) : a/c (CA)


𝐶𝑐 𝐶𝑎 𝐶𝑏 𝐶𝐴
∶ ∶ ∶
𝐶𝑐 𝐶𝑐 𝐶𝑐 𝐶𝑐
Onde:
Cc = Consumo de cimento.

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Cuidados e Correções

 Em caso de falta de argamassa: acrescentar areia, mantendo constante a


relação a/c;
 Em caso de excesso de argamassa: acrescentar brita, mantendo constante a
relação a/c;
 Ao lidar com agregados com alta absorção de água: acrescentar no consumo de
água.

Quadro: Exemplo de aplicação do método

Cimento CP II E-32 Brita Concreto

Ɣ = 3100 kg/m³ fck = 25,0 MPa


Abatimento = 90 ± 10 mm
Sd = 5,5 MPa
Areia Ɣ = 2700 kg/m³
MF = 2,60 δ = 1500 kg/m³(compactada)
Inchamento de 30% com δ = 1430 kg/m³ (b1 solta)
06% de umidade δ = 1400 kg/m³ (b2 solta) Proporção das Britas
Ɣ = 2650 kg/m³ Dmáx. = 25 mm
δ = 1470 kg/m³ (solta)
B1 = 80% e B2 = 20%

Solução:

Etapa 01: Determinar relação a/c

𝑓𝑐28 = 25,0 + 1,65 ∗ 5,5

𝑓𝑐28 = 34,0 𝑀𝑃𝑎

- Resistência do cimento = 32,0 MPa


a/c = 0,475
- Resistência do concreto = 34,0 MPa

Etapa 02: Determinar consumo de materiais por m³ de concreto

Consumo de água:

- Abatimento = 90 mm
CA = 200 Kg
- Dmáx. = 25 mm

50
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Consumo de cimento:

200 Cc = 421 kg
= 421
0,475

Consumo de brita:

- MF = 2,60
Vcb = 0,715 m³
- Dmáx. = 25 mm

- Cb= 0,715 x 1.500 = 1.072 kg

 Cb1 = 1072 x 0,80 Cb1 = 858 kg

 Cb2 = 1072 x 0,20 Cb2 = 214 kg

Consumo de areia:
𝑐𝑖𝑚 𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 á𝑔𝑢𝑎
𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 1 − + +
𝛾𝑐𝑖𝑚 𝛾𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 𝛾á𝑔𝑢𝑎
421 1072 200
𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 1 − + +
3100 2700 1000
𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 1 − 0,732

𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 0,268

𝐶𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 𝑉𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑥 𝛾𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎

𝐶𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 0,268 𝑥 2650

𝐶𝑎 = 710 𝑘𝑔

Etapa 03:Apresentação do traço

Cimento : areia : brita 01 : brita 02 : água/cimento


710 858 214 200
1: ∶ ∶ ∶
421 421 421 421

1 ∶ 1,686 ∶ 2,038 ∶ 0,508 ∶ 0475

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Dosagem em volume

A dosagem pode ser feita em volume,o cimento é medido em cacos inteiros e a água
em recipientes graduados. Desta forma obtemos boa precisão nas medidas desses
materiais.
Para medir os agregados após sua transformação em volumes correspondentes a um
saco de cimento, o usual é providenciar padiolas.
 O volume da caixa deve corresponder ao volume do agregado
 Considerando-se que as padiolas são transportadas por dois homens, não
convém que a massa total ultrapasse 60 kg.
 Medidas usuais são largura = 35 cm e comprimento = 45 cm.

Unit. 01 saco
Materiais 1,0 m³ Volume (l) Areia (Um. 6% Padiolas (cm)
(kg) (kg)
Inc. 30%)
Cimento 421 01 50 50 kg 50 kg 01 saco
(E) (A)
Areia 710 1,686 84 57 74 02 x (45 x 35 x 24)
(B)
Brita 01 858 2,038 102 71 71 02 x (45 x 35 x 23)
Brita 02 214 0,58 25 18 (C) 18 01 x (45 x 35 x 11)
(D)
Água 200 0,475 24 24 19 19 l

Anotações do aluno

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PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO

O concreto endurecido é o material que se obtém pela mistura dos componentes, após
o fim da pega do aglomerante.

Propriedades do concreto endurecido

• Resistência
• Durabilidade
• Impermeabilidade
• Aparência

 Resistência Mecânica

Capacidade de resistir às diversas condições de carregamento que possa estar sujeito


quando em serviço. Dentre elas destacam-se as resistências à compressão, à tração, à
flexão e ao cisalhamento.
O processo de endurecimento dos concretos à base de cimento Portland é muito
longo, podendo levar mais de dois anos para completar-se.Com a idade, o concreto
endurecido vai aumentando sua resistência a esforços mecânicos e aos 28 dias de
idade já adquiriu cerca de 75 a 90% de sua resistência total.
É na resistência mecânica apresentada pelo concreto endurecido (28 dias após a sua
execução) que se baseia o cálculo dos elementos de concreto.

Fatores que influenciam na resistência mecânica do concreto:


 Fator água/cimento
 Idade
 Forma e granulometria dos agregados
 Tipo de cimento
 Condições de cura

Cura do concreto

Procedimento utilizado para favorecer a hidratação do cimento que consiste no


controle da temperatura e no movimento da água de dentro para fora e de fora para
dentro do concreto. Visto que as condições de umidade e temperatura, principalmente
nas primeiras idades, tem importância muito grande para as propriedades do concreto
endurecido.

53
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
 Durabilidade e Impermeabilidade

A durabilidade tem capacidade que o concreto possui de resistir à ação do tempo, aos
ataques químicos, à abrasão ou a qualquer outra ação de deterioração. Dependendo
do tipo de ataque, físico ou químico, em que o concreto, depois de endurecido, será
submetido, é que deve ser feita a escolha dos materiais e da dosagem.
A impermeabilidade está relacionada com a durabilidade. Um concreto impermeável
impedeo acesso de agentes agressivos.

Fatores que podem interferir na durabilidade e impermeabilidade dos concretos:

 Porosidade da pasta

Quanto menos porosa mais impermeável será a pasta e, consequentemente, o


concreto.

 Agressão química

Principalmente de sulfatos que reagindo com o hidróxido de cálcio livre e o


aluminato de cálcio hidratado presentes no cimento. Essa reação aumenta o
volume dos sólidos causando expansão que, por sua vez, provoca fissuração, que
poderão resultar na total deterioração da peça endurecida. Esses efeitos podem
ser atenuados se a relação água/cimento não ultrapassar: 0,40 para peças
delgadas, com menos de 2,5 cm de recobrimento, de armadura, e 0,45 para outras
estruturas.No caso de se utilizar cimentos resistentes a sulfatos, o fator
água/cimento deverá ser de 0,45 e 0,50, respectivamente, conforme recomendada
o ACI – American Concrete Institute.

 Retração Hidráulica

É resultante da retração da pasta de cimento que, ao sofrer modificações de


volume, devidas à movimentação da água, exerce tensões sobre o agregado,
provocando fissuração no concreto, abrindo dessa forma caminho a agressão de
agentes exteriores. Os fatores que influenciam na retração hidráulica são:
concentração de agregados, fator água/cimento, dimensões da peça, condições de
cura.

 Água

Principal agente destruidor.

54
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 Retirada das formas e escoramento

Verificação das deformações do concreto.

 Deterioração por desgaste superficial

Abrasão (tráfego de veículos), cavitação (bolhas e mudanças bruscas na direção das


águas).

 Deterioração por ação do congelamento

Ciclos gelo-degelo causam fissuração e descascamento do concreto.

 Deterioração por fogo

O concreto reage melhor que outros materiais em contato com fogo. Em


temperaturas até 700 a 800ºC o concreto mantém resistência suficiente por
períodos longos.

 Reação Álcali-Agregado

Reação química envolvendo íons alcalinos do cimento e a sílica dos agregados.


Formação de gel higroscópico que expandem e causam deformações que vão
diminuindo a resistência do concreto, permitindo o aparecimento de fissuras.

 Corrosão da armadura: reações de corrosão do metal (ferrugem da armadura);


é necessário que o concreto tenha um cobrimento adequado das armaduras.
55
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Estabilidade Dimensional

Um material é denominado perfeitamente elástico se as deformações aparecem ou


desaparecem imediatamente com a aplicação e remoção das tensões. O concreto é um
material elástico, até certo limite.

Fluência do concreto

Sob tensão permanente, a deformação cresce com o tempo. O aumento da


deformação, durante o tempo em que a carga, ou parte dela, permanece atuando, é
devido à fluência do concreto. A fluência, então, é o aumento de uma deformação com
o tempo sob a ação de cargas ou tensões permanentes.
A fluência de peças de concreto, quando submetidas a cargas de longa duração, deve-
se à migração das moléculas de água adsorvida existentes na pasta endurecida de
cimento.

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Fluência do concreto – Fator interveniente: Teor de agregado na mistura

Fluência do Concreto – Fator interveniente: Tipo de cimento

Fluência do Concreto – Fator interveniente: Consumo de cimento

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Fluência do Concreto – Fator interveniente: Dimensões da peça

Anotações do aluno

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CONTROLE TECNOLÓGICO

É o controle realizado para aceitação da resistência do concreto. É o conjunto de ações


determinadas no projeto, para assegurar que a obra apresente conformidade com este
projeto.

Corpo de prova

Exemplar

n número de exemplares

Formação dos lotes

Volume máximo de concreto:

 50 m3 ensaio de compressão e flexão

 100 m3 ensaio de flexão

Números de andares = 1;

Tempo máximo de concretagem = 3 dias de concretagem no prazo máximo de 07 dias.

59
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Amostragem

Há 02 (dois) tipos de controle da resistência do concreto executado: Controle


Estatístico por Amostragem Total ou Parcial.
Qualquer que seja o tipo de controle adotado, a amostragem deve ser feita de modo
aleatório durante as operações de concretagem, moldando corpos-de-prova para
obtenção dos exemplares do lote.

Controle do Concreto por Amostragem Total

Moldagem de corpos-de-prova de todos os caminhões betoneiras. A amostragem total


não se aplica para concreto preparado na obra.
Faz-se o ensaio de dois corpos de prova de cada betonada empregada na estrutura.
Além disso, realiza-se o mapeamento do lançamento do concreto ao longo da
estrutura, de modo que seja rastreável a região onde cada lote de concreto foi

empregado.

60
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Controle Estatístico por Amostragem Total

Consiste na amostragem 100%, ou seja, todas as betonadas são amostradas e


representadas por um exemplar que define a resistência à compressão daquele
concreto naquela betonada. Neste caso, o valor da resistência característica à
compressão do concreto estimada (fck,est) é dado por:

Fck,est = fc, betonada

Onde;
fc,betonada é o valor da resistência à compressão do exemplar que representa o
concreto da betonada.

Nota: Aplicação realizada à critério do responsável técnico.

Controle do concreto por Amostragem Parcial

É a moldagem de corpos de prova de betonadas alternadas e de modo aleatório, para


formação de lotes. Deste modo, é o procedimento feito sem o completo mapeamento
do lançamento do concreto ou em que são ensaiados exemplares de apenas algumas
betonadas.

Grupo I (Classes até C50)  mínimo 06 exemplares


61
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Grupo II (Classes superiores a C50)  mínimo 12 exemplares

Resultado de resistência exemplar

Análise Estatística para Amostragem Parcial:


 Para 06 ≤ n < 20:

f1  f 2  f 3 ....... f m1 (1)


fck ,est  2( )  fm
m1
Onde;
𝑛
𝑚 = 2 (n ímpar – desprezar o valor mais alto de n)

f1, f2,..., fm = valores das resistências dos exemplares, em ordem crescente

Nota:Não se tomará para fck,est valor menor que ψ6 x f1, onde:

fck est = Ψ6 * f1(2)


Onde Ψ6 – varia de acordo com a tabela a seguir.

Valores de Ψ6 para o número de amostras "n"


Condições
de Preparo 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥16

A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1 1,02

B ou C 0,75 0,8 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1 1,02

Atenção Os valores de n entre 2 e 5 são empregados para os casos excepcionais.

Ou seja, o fck,est a ser considerado será o maior valor entre os dois das fórmulas (1)
e (2).

62
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 Para n ≥ 20:

𝑓𝑐𝑘 𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65 𝑆𝑑


Onde;
fcm = resistência média dos exemplares do lote

Sd = desvio padrão do lote

Desvio Padrão(Sd):

𝑛
𝑖=1(𝑋𝑖− 𝑥 )²
𝑠𝑑 =
𝑛−1

Controle Estatístico – Casos Excepcionais

• Lotes de no máximo 10 m3
• n entre 02 e 05
• fck,est = Ψ6 * f1

Aceitação da Estrutura

 Aceitação automática quando ofck,est ≥ fck

 Ações corretivas:
 Revisão do projeto estrutural, verificando se pode ser aceita;
 Esclerometria;
 Caso negativo, extrair e ensaiar testemunhos;
 Aceitação da estrutura quando as conclusões sobre as condições de
segurança da estrutura são satisfatórias.

 Não conformidade final:


 Aceitação da estrutura com restrição do uso ou carregamento;
 Reforço da estrutura;
 Demolição da parte condenada.

63
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Exercício
Para os valores de resistência abaixo, faça as análises de controle estatístico por
amostragem parcial e total, sabendo que o concreto foi produzido na condição B para
fck = 30,0 MPa.

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CONTROLE TECNOLÓGICO

Definições segundo a NBR 12655/2015

Cabe aoprofissional responsável pelo projeto estrutural as seguintes competências:

a) registro da resistência característica à compressão do concreto, f ck, obrigatório


em todos os desenhos e memórias que descrevem o projeto tecnicamente;
b) especificação de fckj para as etapas construtivas, tais como: retirada de
cimbramento, aplicação de protensão ou manuseio de pré-moldados;
c) especificação dos requisitos correspondentes à durabilidade da estrutura e
elementos pré-moldados, durante sua vida útil, incluindo a classe de
agressividade adotada em projeto;
d) especificação dos requisitos correspondentes às propriedades especiais do
concreto, durante a fase construtiva e vida útil da estrutura.

Cabe ao profissional responsável pela execução da obra as seguintes competências:

a) escolha da modalidade de preparo do concreto;


b) escolha do tipo de concreto a ser empregado e a sua consistência, dimensão
máxima do agregado e demais propriedades, de acordo com o projeto e com as
condições de aplicação;
c) atendimento a todos os requisitos de projeto, inclusive quanto à escolha dos
materiais a serem empregados;
d) recebimento e aceitação do concreto;
e) cuidados requeridos pelo processo executivo e pela retirada dos escoramentos,
levando em consideração as peculiaridades dos materiais (em particular do
cimento) e as condições de temperatura ambiente;
f) efetuar a rastreabilidade do concreto lançado na estrutura.

Responsável pelo recebimento do concreto:

Os responsáveis pelo recebimento do concreto são o proprietário da obra e o


responsável técnico pela obra, designado pelo proprietário.

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Critérios de aceitação para recebimento de estruturas de concreto

A aceitação das estruturas de concreto é feita segundo a NBR 12655 e com base no
controle da resistência do concreto recebido ou produzido na obra.

Esta atividade, chamada de Controle Tecnológico, abrange as seguintes etapas:

Controle Tecnológico

Estado Fresco Estado Endurecido

Recebimento Resistência à compressão

Trabalhabilidade Formação de lotes

Controle no Recebimento

Ensaio de abatimento do tronco de cone (SLUMP TEST) – NBR NM 67/1998

Abatimento (mm) Tolerâncias


20 < a ≤ 90 ± 10
90 < a ≤ 150 ± 20
a ≥ 160 ± 30

Para concreto produzido na obra é recomendado realizar o SLUMP TEST:

 Na primeira amassada e sempre que ocorrerem alterações na umidade dos


agregados;
 Ao reiniciar o preparo após interrupção;
 Se o tempo de concretagem for igual ou superior a 2h;
 Na troca de operadores;
 Cada vez que forem moldados corpos de prova.

Já para concreto dosado em central recomenda-se realizar o SLUMP TEST:


• Em todo caminhão betoneira;
• 5 minutos após o término da homogeneização;
• Após descarga de 0,5m³.

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Anotações do aluno

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EXEMPLO PRÁTICO

TABELA Nº38 - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRES-


SÃO AXIAL DOS CONCRETOS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO DO ARCO INVER-
TIDO DEFINITIVO DAS OBRAS DO TÚNEL DA ALÇA SENA MADUREIRA

DATA LOCAL ÍNDICE DE Resistência à compressão Fornecedor RELATÓRIO


DA DE CONSISTÊNCIA (MPa) na idade de e DE ENSAIO
MOLDAGEM APLICAÇÃO (mm) 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS (1) Consumo EPT
14/03/1996 Estaca 1010+0,00 130 22,5 / 22,9 25,5 / 25,8 32,7 / 33,4 CON-4276
a 140 20,9 / 21,5 20,9 / 22,6 30,5 / 30,8
1013+0,00 m 150 22,1 / 22,6 23,2 / 24,3 29,9 / 27,6 (2)
160 21,7 / 22,1 23,4 / 23,8 30,6 / 27,2
135 26,4 / 28,0 29,0 / 29,5 35,1 / 35,2
130 27,7 / 28,9 30,0 / 31,1 40,2 / 39,6
18/03/1996 Estaca 1013+0,00 170 13,6 / 22,1 24,3 / 25,5 27,7 / 28,0 CON-4925
a 140 21,3 / 22,2 23,8 / 24,6 29,8 / 32,6
1016+15,00 m 110 19,2 / 22,7 27,7 / 28,9 31,2 / 27,6 (2)
120 19,7 / 22,9 23,2 / 23,4 28,5 / 29,7
150 14,4 / 14,9 24,0 / 25,5 29,9 / 30,6
100 23,8 / 25,2 24,3 / 28,5 28,4 / 26,6

TABELA Nº38 - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRES-


SÃO AXIAL DOS CONCRETOS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO DO ARCO INVER-
TIDO DEFINITIVO DAS OBRAS DO TÚNEL DA ALÇA SENA MADUREIRA

DATA LOCAL ÍNDICE DE Resistência à compressão Fornecedor MAIOR VALOR


DA DE CONSISTÊNCIA (MPa) na idade de e DO EXEMPLAR
MOLDAGEM APLICAÇÃO (mm) 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS (1) Consumo 7 DIAS
14/03/1996 130 22,5 / 22,9 25,5 / 25,8 32,7 / 33,4 25,8
140 20,9 / 21,5 20,9 / 22,6 30,5 / 30,8 22,6
150 22,1 / 22,6 23,2 / 24,3 29,9 / 27,6 (2) 24,3
160 21,7 / 22,1 23,4 / 23,8 30,6 / 27,2 23,8
135 26,4 / 28,0 29,0 / 29,5 35,1 / 35,2 29,5
130 27,7 / 28,9 30,0 / 31,1 40,2 / 39,6 31,1
18/03/1996 170 13,6 / 22,1 24,3 / 25,5 27,7 / 28,0 25,5
140 21,3 / 22,2 23,8 / 24,6 29,8 / 32,6 24,6
110 19,2 / 22,7 27,7 / 28,9 31,2 / 27,6 (2) 28,9
120 19,7 / 22,9 23,2 / 23,4 28,5 / 29,7 23,4
150 14,4 / 14,9 24,0 / 25,5 29,9 / 30,6 25,5
100 23,8 / 25,2 24,3 / 28,5 28,4 / 26,6 28,5

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MAIOR VALOR
DO EXEMPLAR

33,4
30,8
29,9
30,6
35,2
40,2
28,0
32,6
31,2
29,7
30,6
28,4
f1  f 2  f 3 ....... f m1
fck ,est  2( )
m1

28,0  28,4  29,7  29,9  30,6


f ck ,est  2( )
5

fck,est= 28,0 MPa


Não poderá ser tomado fck,estmenor que 6 •f1

fck,est 0,99 • 28,0

fck,est= 27,7 MPa


fck,est= 28,0 MPa ≥ fck = 25 MPa

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Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
Para lotes com mais de 20 exemplares

𝑓𝑐𝑘, 𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65 𝑆𝑑


Onde;

fcmj= resistência média dos exemplares do lote, na idade de j dias;


1,65 = valor da variável reduzida “t” de Student, correspondente à
probabilidade de 5% dos resultados ocorrerem abaixo da resistência
característica fck;

s = o desvio padrão do lote, para n-1 resultados.

Solução:

Média = 31,7 MPa

Desvio = 3,35 MPa

Coeficiente de variação = 10,56%

Fck est.= 26,2 MPa

Anotações do aluno

71
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BARRAS DE AÇO PARA CONCRETO ARMADO

Aço para concreto armado é a designação dada a todos os aços adequados para a
utilização como armadura nas estruturas de concreto armado. Os vergalhões para
concreto armado classificam-se como barras, quando obtidas exclusivamente por
laminação a quente, e como fios, quando obtidos por trefilação ou laminação a frio.
São utilizadas em concreto armado barras redondas lisas ou com saliências ou, em
alguns casos, malhas ou telas soldadas.
As barras lisas são fabricadas apenas para aços de baixa resistência, enquanto que as
barras de aço de alta resistência exigem saliências. As malhas soldadas podem ser
compostas por barras lisas (diâmetros menores) ou com saliências (diâmetros
maiores).

Classificam-se como barras os elementos obtidos por laminação a quente, com


comprimento nominal de 05 mm ou superior. Ex.: CA-25 e CA-50. E, como fios, os
elementos de diâmetro nominal inferior a 10 mm, obtidos por trefilação ou laminação
a frio, cujo processo de fabricação permita o fornecimento em rolos de grandes
comprimentos. Ex.: CA-60.

Fabricação de aços para concreto armado

Os aços para concreto armado são ligas de ferro que contém, para melhorar as suas
propriedades, elementos como carbono, manganês, silício, cromo e também
impurezas não metálicas como combinações de fósforo e enxofre.Conforme sua
composição resultaem propriedades diferentes, sendo que o teor de carbono
desempenha papel principal.A resistência do aço aumenta com o teor de carbono na
sua composição ou mesmo a adição de outros elementos formando a ligas. O mesmo
efeito pode também ser obtido por meio de tratamento posterior, térmico ou
mecânico.Quanto ao processo de fabricação, os aços para concreto armado
classificam-se em aços de dureza natural e aços deformados a frio.

Laminação a quente

Também denominado de aço de dureza natural, esse tipo de aço é obtido por
laminação a quente. Apresentam geralmente um limite de escoamento bem definido e
suas propriedades dependem unicamente da sua composição química.

Características:

72
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 Alta resistência mecânica;
 Boa ductibilidade, apresentando grandes deformações sem ruptura (região
plástica acentuada);
 Podem apresentar patamar de escoamento durante o ensaio de tração (curva
tensão x deformação).

Trefilação por tração

Os aços deformados a frio são aqueles obtidos por deformação a frio após a
laminação. Através de um trabalho mecânico (estiramento, torção, relaminação,
trefilação) executado a frio em um aço de dureza natural, consegue-se aumentar a sua
resistência. Porém, quando aquecido a altas temperaturas, o aço deformado a frio
perde essa resistência e retorna à condição de aço de dureza natural.

Características:

 Maior resistência mecânica;


 Baixa ductibilidade, apresentando pequenas deformações até sua ruptura
(região plástica reduzida);
 Não apresentam patamar de escoamento durante o ensaio de tração (curva
tensão x deformação atípica).

Característica de aderência

A aderência é melhorada sensivelmente se as barras possuírem nervuras ou saliências


na sua superfície. As nervuras permitem um engrenamento mecânico (encaixe) entre
as barras e o concreto, criando pequenos dentes de concreto que são solicitados por
corte e se opõem ao deslizamento da barra.

As nervuras podem ser longitudinais outransversais.

Categorias de aço - (NBR 7480)

Os vergalhões em barras (CA-25 e CA-50) são utilizados como matéria-prima para


fabricação das armaduras empregadas na construção em concreto armado. Os fios de
aço (CA-60) são utilizados na fabricação de telas eletrossoldadas, armações treliçadas e
estribos, também destinados à construção civil.

73
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
O que determina a classe de um vergalhão é sua característica mecânica, como
resistência à tração e ao escoamento. A barra deve suportar cargas e sobrecargas até
os limites determinados sem deformar-se permanentemente.

Categoria Limite de escoamento Limite de Alongamento (em


kgf/mm² (MPa) resistência dm)
CA25 25 (250) 1.20 x L.E. 18
CA50 50 (500) 1.10 x L.E. 8
CA60 60 (600) 1.05 x L.E. 5

Cordoalhas para concreto protendido

Concreto Protendido é o concreto armado ao qual se acrescenta mais um


carregamento através de cabos de protensão. São peças de concreto, tais como vigas e
lajes, nas quais tensões internas são induzidas por meio de aço de protensão.

Para entender os princípios do concreto protendido é importante estar ciente das


capacidades estruturais do aço e do concreto. O concreto é muito resistente à
compressão, mas relativamente fraco na tração. Uma viga comum de concreto armado
suporta uma carga através de tensões de compressão desenvolvidas na sua parte
superior e não resiste às tensões de tração na parte inferior; assim, ela fissura. Barras
de aço de reforço são colocadas na zona inferior para resistir à tração e controlar a
fissuração.

Viga comum de concreto armado:

Olhando o corte transversal dessa mesma viga de concreto armado, a parte superior
está comprimida e a parte inferior, fissurada, está apenas segurando as barras de aço
na posição. As barras são bastante longas e, frequentemente, determinam quão larga
a viga deve ser.

O concreto na parte superior não fissurada da viga está comprimido, partindo de zero
onde a fissura se inicia até o seu valor máximo junto à face superior. O concreto na
parte inferior da viga está tracionado e toda essa tração é suportada pelos vergalhões.

74
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
Seção transversal e diagrama de tensão de uma viga comum de concreto armado:

Para o concreto protendido os cabos são posicionados nas fôrmas em faixas e


distribuídos regularmente.

75
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Fabricação das cordoalhas não aderentes

Os procedimentos de fabricação de cabos não aderentes devem estar de acordo com


as exigências do Instituto da Pós-Tração Americano (PTI), "Especificações para Cabos
Monocordoalha Não Aderentes", publicado em julho de 1993.

O primeiro passo no processo de fabricação é o cobrimento da cordoalha com graxa.

A cordoalha de aço é a mesma utilizada na protensão aderente. Depois de fabricada


em comprimento de aproximadamente 11.000 metros, ela é levada ao equipamento
de engraxamento e extrusão do plástico.

A cordoalha nua é coberta com graxa inibidora de corrosão e então revestida com a
bainha plástica. O processo começa passando a cordoalha por um aplicador de graxa
que recobre a cordoalha uniformemente com a quantidade exata de graxa inibidora de
corrosão. A cordoalha coberta de graxa segue pela máquina extrusora, que aplica e
regula a espessura adequada de plástico derretido. Posteriormente, a cordoalha passa
por uma canaleta de água para que seja resfriada antes de ser novamente enrolada.

A bobina de 11 t, com a cordoalha revestida pela bainha plástica, é então transferida


para a linha de corte, onde é cortada em bobinas menores, de até 3 t, para despacho
aos clientes.

76
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
Bobina com 11 t de cordoalha Bobina com 03 t de cordoalha
plastificada pronta para
despacho

Recebidas as bobinas, a firma de protensão ou a própria obra providencia o corte das


cordoalhas nos comprimentos do projeto. Em seguida, recebem uma ancoragem pré-
cravada em uma das extremidades formando cabos monocordoalhas. São então
etiquetados e identificados para transporte.

Todo cuidado deve ser tomado para assegurar que as ancoragens passivas estejam
fixadas de acordo com as diretrizes da firma de protensão. Os cabos cortados e
enrolados são cintados juntos usando uma amarração de aço com um material de
proteção entre os cabos enrolados e a amarração, pois, assim, a bainha plástica não
será danificada.

Todos os cabos enrolados devem ser identificados com o nome da obra, número do
pavimento, concretagem, etc.

Só então os cabos enrolados são carregados em caminhões e remetidos para o


canteiro de obras. Uma vez entregues, o armazenamento, o manuseio e a colocação
dos cabos é de responsabilidade da construtora e/ou do instalador.

Na imagem anterior vemos um estoque de cabos cortados e enrolados, com


ancoragens pré-blocadas, devidamente etiquetadas. Amarração com arame cabo a
77
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
cabo. Para amarração de conjuntos de cabos deve ser usada cinta protetora para não
danificar a bainha plástica.

Nota:Para facilitar a identificação dos cabos e seus respectivos comprimentos, alguns


projetistas estruturais já definem em seus projetos a marcação dos cabos com tinta spray
por meio de uma combinação de três cores. Assim o instalador pode identificar mais
facilmente a diferença de comprimento entre os cabos.

Anotações do aluno

78
Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Gumieri, A.G. Notas de aula: Materiais de Construção I. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte.

Bauer, L. A. F. Materiais de Construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 488 p.

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Apostila de Materiais de Construção II – Profª Nara Miranda de Oliveira Cangussu

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