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TECNOLOGIA DO BETÃO

Módulo 1 – INERTES: britas e areias.

1
Inertes (tout venant),em sacos, BIGBAGS

2
Agregados usados no fabrico de betão

3
INERTES
GENERALIDADES
As propriedades essenciais que se exigem ao inerte são de natureza
geométrica, física e química.

1.Forma adequada e dimensões proporcionadas

2.Propriedades térmicas adequadas

3.Propriedades químicas adequadas em relação ao ligante e às acções


exteriores

4.Isenção de substâncias prejudiciais

(A melhor informação que se pode obter sobre a qualidade de um inerte


é a observação do comportamento do betão feito com ele). 4
INERTES
CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES
Os inertes podem ser agrupados de diferentes maneiras
conforme o ponto de vista considerado:

1. Petrográfico

2. Massa volúmica

3. Baridade

4. Modo de obtenção

5. Dimensão das partículas. 5


INERTES

CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES


Sob o ponto devista petrográfico e porque os inertes
são materiais originários de rochas, classificam-se em:

1. Ígneos

2. Sedimentares

3. Metamórficos. 6
INERTES
Ilustração da pega e
endurecimento do
cimento Portland. (a)
grãos de cimento são
misturados com água.
Após 15 minutos. (b)
a reação de pega dá
ligação fraca. A real
resistência vem com
a reação de
endurecimento (c),
que leva alguns dias.
[ Fonte: ASHBY, 2007]

7
INERTES

[ Fonte: ASHBY, 2007]

8
INERTES

CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES


Sob o ponto de vista de massa volúmica, classificam-se em:

1. Inertes de massa volúmica normal, entre 2,3 a 3,0 g/cm3

2. Inertes pesados, superior a 3,0 g/cm3

3. Inertes leves, inferior a 2,3 g/cm3.

9
INERTES

CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES


Conforme o modo como são obtidos, classificam-se
em:

1. Rolados, sedimentares de origem clástica

2. Britados, obtidos por fractura de rochas não clásticas.

10
INERTES

CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES

Segundo o ponto de vista das dimensões, classificam-se


em:
Inerte
1. grosso, o que é retido no peneiro com malha de
5 mm de abertura
1.Godo, rolado, burgau, se é de origem sedimentar.

2.Brita, quando é partido artificialmente.


11
Areia, com dimensões inferiores a 5 mm.
2.
INERTES

CLASSIFICAÇÃO DOS INERTES


Segundo o ponto de vista das baridade ou massa da unidade de
volume do inerte contido num recipiente, classificam-se em:

1. Ultra leve

2. Leve

3. Denso normal

4. Extradenso.
12
Classificação do inerte quanto à sua
baridade
Clasificação do Baridade Exemplos de Aplicação e
inerte kg/m3 inertes designação
dobetão

Ultra leve <300


Polistireno Com funções
expandido. estritamente de
Vermiculite. isolamento térmico
Perlite expandida. e sem funções de
Vidro expandido. resistência

13
Classificação do inerte quanto à sua baridade

Clasificação Baridade Exemplos de Aplicação e


do inerte kg/m3 inertes designação
dobetão

Leve
300 a 1.200 Argila expandida. Com funções de
areia Xisto expandido. isolamento
300 a 950 Escória de alto térmico, com
inerte grosso forno expandida. funções de
Cinzas volantes resistência
sinterizadas. como betão
Pedra pomes. estrutural 14
Classificação do inerte quanto à sua
baridade

Clasifica Baridade Exemplos de Aplicação e


ção do kg/m3 inertes designação
inerte dobetão
Denso
1200 a 1700 Areia Normal, com
(normal)
950 a 1700 Godo função de
Rocha britada resistência.

15
Classificação do inerte quanto à sua
baridade
Classificação Baridade Exemplos Aplicação e
do inerte kg/m3 de inertes designação
do betão
Extradenso > 1700 Limonite Funções de
Magnetite protecção
Barita contra
radiações
atómicas e
funções
resistentes.
16
INERTES
MINERAIS PREJUDICIAIS E BENÉFICOS
Os principais minerais cuja presença é indesejável são:

1. Sílica, sob a forma de opala, calcedónia, tridimite ou cristobalite.

2. Certos calcáreos dolomíticos.

3. Feldspatos potássicos, sódicos ou calco-sódicos alterados


(caulinos).

4. Óxidos de ferro

5. Minerais argilosos.
17
INERTES
RESISTENCIA MECÂNICA

1. O inerte influi em todas as propriedades do betão e especialmente na sua


resistência através da composição granulométrica, da sua própria tensão de
rotura e da resistência da ligação entre a pasta de cimento e a sua superfície.

2. À medida que cresce a dosagem de cimento de um betão a sua tensão de


rotura tende para um valor constante, que depende da tensão de rotura da
rocha que constitui o inerte.

3. Normalmente a tensão de rotura da rochas utilizadas como inertes é superior


a 60 ou 70 MPa.
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INERTES
RESISTENCIA MECÂNICA

1. O inerte influi em todas as propriedades do betão e especialmente na sua


resistência através da composição granulométrica, da sua própria tensão de
rotura e da resistência da ligação entre a pasta de cimento e a sua superfície.

2. À medida que cresce a dosagem de cimento de um betão a sua tensão de


rotura tende para um valor constante, que depende da tensão de rotura da
rocha que constitui o inerte.

3. Normalmente a tensão de rotura da rochas utilizadas como inertes é


superior a 60 ou 70 MPa. 19
INERTES
DETEMINAÇÃO DA TENSÃO DE ROTURA DA ROCHA

1. Colhem-se amostras na pedreira donde se extraem cubos de 5 cm de aresta ou


cilindros de altura igual ao diâmetro mínimo de 5 cm.

2. Se os planos de xistosidade ou estratificação forem aparentes devem tomar-se pelo


menos 12 provetes.

3. Ensaiam-se metade dos provetes com as bases paralelas aos planos de estratificação
ou de xistosidade e a outra metade com as bases perpendiculares a esses planos

4. Não se verificando estratificação na amostra basta ensaiar 6 provetes.

20
INERTES
DETEMINAÇÃO DA TENSÃO DE ROTURA DA ROCHA

1. Em ambos os casos metade dos provetes ensaiam-se secos a 105º±3º C,


até peso constante e a outra metade após imersão e saturação á
temperatura ambiente.

2. A tensão adoptada será a menor obtida em todos os ensaios.

3. A menor das tensões de rotura é normalmente a dos provetes saturados


sujeitos a uma tensão de compressão paralela à direcção do plano de
estratificação ou de xistosidade.
21
INERTES

RESISTÊNCIA MECÂNICA

1. O inerte influi em todas as propriedades do betão e especialmente na sua


resistência através da composição granulométrica, da sua própria tensão
de rotura e da resistência da ligação entre a pasta de cimento e a sua
superfície.

2. À medida que cresce a dosagem de cimento de um betão a sua tensão de


rotura tende para um valor constante, que depende da tensão de rotura
da rocha que constitui o inerte.

3. Normalmente a tensão de rotura da rochas utilizadas como inertes é


superior a 60 ou 70 MPa. 22
INERTES
ENSAIO DE ESMAGAMENTO

Quando não é possível estudar a rocha originária e se dispõe de partículas


que compõem o inerte, como é o caso das rochas clásticas, realiza-se o
ensaio de compressão confinada designado por ensaio de esmagamento,
descrito na especificação E 154 do LNEC e na norma inglesa BS 812.

O ensaio é realizado sobre as partículas que passaram através do peneiro


de malha com 12,7 mm de abertura e ficaram retidas no de 9,52mm. A
amostra deve ser seca a 105º±3º C, e em seguida colocada num molde
cilíndrico com 154 mm de diâmetro interior, 140 mm de altura e paredes
com 16 mm de espessura, onde é convenientemente compactada.
23
INERTES
ENSAIO DE ESMAGAMENTO (2)
1. Coloca-se um êmbolo com 152 mm de diâmetro na parte superior da amostra.

2. O conjunto molde cilíndrico e êmbolo é colocado entre os pratos de uma máquina de


compressão aplicando-se progressivamente uma força de 400 kN, a um ritmo de 650 N/s.
3. Retirada a força verifica-se a percentagem de amostra que passou através do peneiro de
malha 2,38 mm.
4. A relação multiplicada por 100 entre a massa do material que passou neste peneiro e a
massa inicial da amostra é a resistência do inerte ao esmagamento.
5. V. Fig. 1.1., pág. 20 do livro do LNEC, Fabrico e Propriedades do Betão, Vol. I, Susa
Coutinho, A.
6. Segundo o Regulamento Português o inerte é aceitável quando a resistência ao
esmagamento é igual ou inferior a 45 %. 24
Máquina de
ensaio ao
esmagamento

25
26
A INFLUÊNCIA DA FORMA DO INERTE NA TRABALHABILIDADE DO BETÃO

Há uma diferença nítida entre uma partícula cúbica britada e uma


partícula cúbica rolada.
A primeira tem faces planas e arestas vivas e a segunda tem faces
arredondadas sem arestas.
Daqui resulta que o ângulo de atrito interno do betão confecionado
com o inerte rolado é mais pequeno, o que conduz a uma maior
trabalhabilidade e melhor arranjo das partículas, obtendo-se
portanto maior compacidade.
O inerte grosso produz um betão áspero, difícil de compactar e que
apresenta um limiar na trabalhabilidade: o excesso ou falta de água
pode provocar uma variação brusca e sensível na trabalhabilidade.
27
A INFLUÊNCIA DA FORMA DO INERTE NA TRABALHABILIDADE DO BETÃO (2)
A areia fina em placas ou lamelas diminui a trabalhabilidade, exigindo
um acréscimo de água.
A existência de partículas lamelares é importante pois elas tendem a
orientar-se num plano horizontal passando a haver planos privilegiados.
Debaixo das lamelas pode formar-se uma película de água resultante da
exsudação do betão ou segregação da água do betão fresco que impede
a aderência da pasta de cimento.
Daqui resulta um aumento considerável da permeabilidade, diminuição
da tensão de rotura e em raríssimos casos em que o betão fique sujeito
a temperaturas negativas, a água dessa película pode congelar,
começando a provocar rotura do betão nessas zonas.
. 28
RESISTÊNCIA À CONGELAÇÃO DA ÁGUA

Podemos às vezes em condições extremas ter que fabricar


betão para resistir a alternâncias de temperaturas inferiores
e superiores a 0º C.
Como se sabe a água ao congelar, à pressão ordinária,
aumenta de volume cerca de 8 %.
Quando está no interior dum sólido poroso este fica
portanto sujeito a uma expansão que lhe é comunicada pela
aumento do volume de água ao passar ao estado sólido.
Uma só congelação pode ser suficiente para lhe destruir a
coesão. 29
INERTES
PROPRIEDADES TÉRMICAS (1)
O coeficiente de dilatação térmica do inerte influi no do betão.
Mas o aspeto principal que se deve considerar é o facto do
coeficiente térmico do inerte , sobretudo o de maiores
dimensões poder ser muito diferente do da pasta de cimento.
Então uma grande variação na temperatura pode introduzir
uma diferença apreciável nas tensões relativas do inerte e da
pasta de cimento, donde resulta a rotura da ligação entre estes.

30
INERTES
PROPRIEDADES TÉRMICAS(2)
Uma certa diferença entre os coeficientes de dilatação do inerte e da pasta de
cimento não é perniciosa quando a temperatura não saia fora do intervalo de 4º
C a 60 º C e a diferença entre os dois coeficientes não seja superior a 5x10(-6) º
C(-1).
O coeficiente de dilatação térmica da pasta de cimento depende da composição
do betão, da proporção da água e idade do betão. Varia de 11 a 16 x 10(-6)º C (-
1).
O coeficiente de dilatação térmica da argamassa varia de 8 a 12 x 10(-6)º C (-1).
O coeficiente de dilatação térmica das rochas mais vulgares de 0,9 a 16 x 10(-6)º
C (-1).
31
INERTES
REACÇÕES EXPANSIVAS ENTRE O CIMENTO E O INERTE(1)
A aderência do cimento ao inerte resulta de combinações
químicas entre os componentes hidratados do cimento e o inerte
e da afinidade entre a respectivas redes cristalinas, obtendo-se
assim continuidade na zona de ligação cimento-inerte, o que
contribui para maior homogeneidade e resistência do sólido.
Há contudo a possibilidade de se originarem reacções químicas
expansivas entre o cimento e o inerte, que conduzem à formação
de substâncias que não têm propriedades aglomerantes.
32
INERTES
REACÇÕES EXPANSIVAS ENTRE O CIMENTO E O INERTE(2)
As reacções expansivas que se conhecem são de 3 tipos:
Reacção
 em meio húmido entre os álcalis de cimento (sódio e potássio) e a
sílica não perfeitamente cristalizada.
Reacção
 de álcalis do cimento com o carbonato de magnésio de certos
calcários dolomíticos.
Reacção
 de determinadas formas da alumina do inerte com sulfatos, quer
provenientes do meio exterior, quer do próprio betão, em presença de
soluções sobressaturadas de hidróxido de cálcio fornecido pela hidratação
do cimento Portland.
33
INERTES

IMPUREZAS CONTIDAS NO INERTE

1.O inerte natural em virtude de ser originário de rochas da


características mais diversas contém por vezes partículas perniciosas
para o betão.
2.Dadas as suas condições de formação pode estar contaminado por
outras substâncias estranhas.
3.Estas impurezas podem interferir química e fisicamente com o cimento.

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INERTES

IMPUREZAS CONTIDAS NO INERTE (2)

Impurezas que interferem quimicamente:


1.Reacções químicas expansivas com o cimento.

2.Impurezas de origem orgânica.

3.Impurezas de origem mineral (sais minerais).


A POLITÉCNICA TECNOLOGIA DO BETÃO 2016 35
INERTES

IMPUREZAS CONTIDAS NO INERTE (3)

Impurezas que interferem fisicamente:


1.Partículas com dimensões iguais ou inferiores às do cimento, que
interferem na estrutura do material hidratado, enfraquecendo-o.
2.Partículas com resistência baixa.

3.Partículas com expansões e contrações excessivas devidas ás


alternativas de embebição e secagem.
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INERTES
IMPUREZAS DE ORIGEM ORGÂNICA
A matéria orgânica que se encontra nos inertes compõe-se principalmente de
húmus ou lodo orgânico, que resulta da decomposição parcial pelos micróbios do
solo de detritos vegetais e animais.
O húmus forma-se por um processo contínuo de decomposição e reconstrução,
não tendo portanto composição química constante.
As matérias predominantes são os ácidos húmicos que podem interferir na presa e
no endurecimento do betão, retardando a presa, reduzindo a resistência inicial do
betão e por vezes reduzindo a resistência final do betão.

37
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS

Muitos sais minerais misturados com o inerte podem provocar alterações


na presa e no endurecimento do betão quer ainda provocar a
deterioração do betão pela sua meteorização, mas ainda originando
reacções prejudiciais com o cimento e com as armaduras de betão.
Estão neste caso certos compostos de chumbo e zinco, óxidos de ferro,
sulfatos (especialmente gessos), sulfuretos e cloretos.

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INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (2)
Compostos de chumbo e zinco, solúveis em água da cal podem retardar muito a presa.
Ex: 0,8% de chumbo solúvel expresso em óxido retarda a presa em 7 dias.
De notar que a galena (sulfureto de chumbo) e a blenda (sulfureto de zinco) dão
excelentes inertes para o betão desde que não estejam meteorizados.
Apenas a parte meteorizada destes minerais, solúvel em água de cal altera os tempos
de presa e endurecimento.
NOTA: Sempre que se atrasa a presa as tensões de rotura a longo prazo são superiores
ás que se verificam quando não há retardo.

39
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (3)
Sulfatos.
Podem reagir com a alumina do cimento ou do inerte originando o
sulfoaluminato de cálcio, reacção que é expansiva quando se dá no seio do
cimento Portland.
Pode ser perigosa se o teor do sulfato do inerte for muito elevado.
Os limites do teor de sulfato pelo regulamento português de betão são:
0,5 % no cimento Portland

1,0 % no cimento de alto forno



40
2,0 % no pozolânico ou no betão com pozolana

INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (4)
Compostos ferrosos.

Podem produzir manchas de ferrugem e por oxidação


provocar variações volumétricas excessivas.

Porém reagem pacificamente com a cal sem efeitos


perniciosos.
41
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (5)
Sulfuretos de ferro, (pirite, marcassite e pirrotite).
Originam manchas e expansões no betão, especialmente em condições de
temperatura e humidade elevadas.

A oxidação lenta da pirite no estado sólido dá origem a expansões locais que levam
à formação de crateras.
Reagindo com a água e o oxigénio formam um sulfato ferroso que depois se
decompõe em hidróxido, o que dá origem a manchas de ferrugem e em sulfatos que
podem reagir com os aluminatos como vimos anteriormente.

42
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (6)
Sulfuretos de ferro, (pirite, marcassite e pirrotite).
É possível a oxidação de certos sulfuretos em determinados meios, que os
transforma em sulfatos, o que nos conduz ao caso anterior.
O regulamento Português do Betão permite a presença das seguintes
quantidades de sulfuretos:

Para o betão de cimento Portland, até 0,2 % da massa de cimento.


Para o betão pré-esforçado, o valor desce para 0,05 %.

43
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (6)
Sulfuretos de ferro, (pirite, marcassite e pirrotite).
No betão de cimento Portland de ferro e de alto forno não se tolera a existência
de sulfuretos nos inertes, pois tais cimentos possuem sempre sulfuretos
provenientes das escórias.
No caso do betão com cimento pozolânico ou com pozolana, o limite máximo é

de 0,5 % da massa do ligante no betão simples,


0,2 % no betão armado

0,05 % quando haja contacto com as armaduras do betão pré-esforçado.

44
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (7)
Cloretos.
Os cloretos podem existir nos inertes naturais ou provir da água com a
qual estiveram em contacto.
Em geral os inertes extraídos do mar contêm sais em que predominam os
cloretos e os sulfatos.
Os cloretos alteram o tempo de presa do cimento e a velocidade de
endurecimento.
45
INERTES
IMPUREZAS CONSTITUIDAS POR SAIS MINERAIS (8)
Cloretos (2).
Se há armaduras de aço a presença do ião cloro promove a sua oxidação sob a forma de
ferrugem provocando não só a diminuição das secções do aço como a sua mas também
expansão, pois a formação de ferrugem faz-se com um notável aumento de volume, que
acaba por romper o revestimento do betão, o que acelera o processo de corrosão.
No caso de betão pré-esforçado em que a armadura sob tensão contacta com o betão ou
com a argamassa de injecção, não se admitem quantidades e cloretos superiores a 0,05 %
da massa do cimento.

. 46
INERTES
PARTÍCULAS FINAS(1)
Por definição Partículas Finas são todas as que passam através do peneiro de 75 µm de abertura: Argila,
dimensões inferiores 2 µm e Silt ou Pó de pedra proveniente da britagem, dimensões entre 2 µm e 60µm.
A argila pode revestir as partículas do inerte, estar presente sob a forma de grumos ou ainda dispersa e
misturada com o inerte sob a forma de pó.
Se a argila reveste o inerte impede a perfeita ligação cimento-inerte, com repercussão importante nas
tensões de rotura.

47
INERTES
INERTES LEVES
Utilizam-se na composição de betões leves (com massa volúmica inferior a 1800 kg/m3), o que
diminuindo o peso próprio das estruturas, sem comprometer a resistência permite construções
de maior altura ou de maiores vãos.
Como o coeficiente de condutibilidade térmica é tanto menor como o quanto menor é a massa
volúmica do material, o betão leve contribui para para a diminuição do consumo de energia
quando se faz o condicionamento do ar no interior das construções.

48
INERTES
INERTES LEVES (2)
Os inertes leves mais empregados são os seguintes:
Poliestireno expandido

Vermiculite expandida

Perlite expandida

Vidro expandido

Argila expandida

Xisto expandido

.
49
INERTES
INERTES LEVES (3)
Os inertes leves mais empregados são os seguintes (Cont.):
Escória de alto forno expandida

Cinzas volantes sinterizadas (fly ash)


Jorra

Pedra pomes

50
INERTES
INERTES LEVES (4)
Polistireno expandido
A
 matéria prima é constituída por grânulos de polistireno contendo uma substância capaz de gerar
gases. Por aquecimento destes grânulos em vapor de água o polistireno amolece e a substância passa
ao estado gasoso, o que permite a expansão do polímero.
Obtém-se
 grânulos de forma esférica ou em forma de pastilhas com dimensões até 2 mm. A sua
baridade é de 12 a 14 kg/m3.
É o inerte mais leve que se conhece, com o nome comercial de styropor.

51
INERTES
INERTES LEVES (5)
Vermiculite expandida
A
 vermiculite é um material lamelar que se assemelha à mica e que se encontra na América
e em África.
Quando
 aquecida rapidamente a temperaturas de 650 a 1000º C, as lamelas abrem-se
expandindo-se de várias vezes a sua espessura (até 30 vezes).
Atinge baridades de
 60 a 130 kg/m3.

.
52
INERTES
INERTES LEVES (6)
Perlite expandida
A
 perlite é um vidro vulcânico da família dos feldspatos que ocorre em diferentes
regiões da América, Itália, Ulster, etc.
Quando
 aquecida rapidamente até 900-1100 º C expande-se devido ao desenvolvimento
de vapor, formando um material celular com baridade de 30 a 240kg/m3.

53
INERTES
INERTES LEVES (7)
Vidro expandido
O
 vidro sodocálcico de composição corrente, moído e misturado com um agente de
expansão, é granulado e depois aquecido, obtendo-se grânulos de 3 a 25 mm, com baridade
de 150 a 300 kg/m3.
É uma boa
 aplicação dos detritos de fibras de vidro e até do vidro de garrafas.
Não há ataque do vidro pelo cimento.

.
54
INERTES
INERTES LEVES (8)
Argila expandida (1)
É o inerte leve
 mais aplicado.
Segundo
 Sousa Coutinho, LNEC, 70 % do inerte leve utilizado pela indústria da construção é
argila expandida.
Para
 a fabricação de grânulos de argila expandida exige-se um argila expansiva à qual se
juntam substâncias que ampliam tal expansibilidade.

.
55
INERTES
INERTES LEVES (8)
Argila expandida (2)
Aquecendo
 esta mistura a 1100-1200 º C alguns dos minerais que constituem a argila fundem, outros
componentes decompõem-se desenvolvendo gases no interior da argila que não podem escapar para o
exterior devido à fase líquida que envolve as partículas da argila provocando o aumento de volume da argila
piroplástica.
A
 necessidade do aparecimento duma fase em fusão com viscosidade suficientemente elevada para
aprisiona os gases origina uma restrição na escolha da argila.

.
56
INERTES
INERTES LEVES (8)
Argila expandida (3)
Os
 teores de sílica, alumina e fundentes (cal, magnésia, óxido de ferro e álcalis) não devem ultrapassar
determinados limites, sem o que a argila não fundirá a uma temperatura suficientemente baixa ou fundiria numa
massa insuficientemente viscosa .
O
 inerte de argila expandida é preparado em fornos rotativos.
O
 processo patenteado na Dinamarca na década de 40 conhecido por LECA, Light Expansed Clay Aggregate, tem
uma baridade entre 350 a 700 kg/m3

57
INERTES
INERTES LEVES (9)
Xisto expandido
As condições para a expansão do xisto são semelhantes às da argila expansiva.

O xisto carbonífero, resíduo da exploração das minas de carvão, é altamente expansivo.


Porém
 nunca foi feito no LNEC um estudo sistemático das características do produto e
da sua aplicação industrial no betão.

58
INERTES
INERTES LEVES (10)
Escória de alto forno expandida (1)
A escória de alto forno é um subproduto da extracção do ferro fundido, que é lançada à saída do alto forno
(a 1400-1500ºC) sobre jactos de água.
O vapor de água assim produzido provoca a formação de bolhas de ar e vapor e a escória expande
arrefecendo.
Obtém-se uma rocha alveolar lembrando a pedra pomes natural, mas com textura superficial escoriácia.
A baridade do inerte grosso é inferior a 800 kg/m3 e a da areia a 1000kg/m3

59
INERTES
INERTES LEVES (10)
Escória de alto forno expandida (2)
Fig. 2.47-Granulação da escória.
A escória em fusão cai sobre a roda dentada que a projecta em pequenas
partículas, arrefecidas por meio de jactos de água.

.
60
INERTES
INERTES LEVES (10)
Escória de alto forno expandida (3)
Fig. 2.47-V. livro SOUSA COUTINHO, Fabrico de betão, Vol I,
LNEC, existente na Biblioteca da Uiversidade Politécnica.

.
61
INERTES
INERTES LEVES (11)
Cinzas volantes sinterizadas (1)
As cinzas volantes são o resíduo da combustão do carvão pulverizado queimado , por exemplo na

centrais térmicas.
Têm finura semelhante ao do cimento Portland normal.

Para
 sua preparação como inerte leve são humedecidas e colocadas num depósito rotativo onde
se agregam em pequenas partículas esféricas, que em seguida se sinteterizam a cerca de 1200ºC.

62
INERTES
INERTES LEVES (11)
Cinzas volantes sinterizadas (2)
Formam-se
 então nódulos porosos, duros, que são posteriormente britados e
selecionados.
A
 baridade é inferior a 960 kg/m3 para o inerte grosso e a 1200 kg/m3 para a
areia.

.
63
INERTES
INERTES LEVES (11)
Cinzas volantes sinterizadas (3)
SINTERIZAÇÃO
 é um processo de aglomerar partículas num sólido dotado de coesão por meio de um
aquecimento.
Para
 se dar a sinterização é necessária a presença duma fase líquida ou a existência de difusão entre
sólidos.
No primeiro caso quando se forma uma fase líquida esta é parcial e perde a fluidez logo que arrefece.

64
INERTES
INERTES LEVES (11)
Cinzas volantes sinterizadas (4)
As
 cinzas volantes são o resíduo finamente dividido da queima do carvão pulverizado ou
moído, que é arrastado nos gases de combustão.
Ao
 queimar-se o carvão que em regra é previamente moído até passar no peneiro 75 µm de
abertura, a parte combustível arde instantaneamente, enquanto a parte não combustível,
essencialmente constituída por xistos e argilas, entra parcialmente em fusão.

.
65
INERTES
INERTES LEVES (11)
Cinzas volantes sinterizadas (5)
Consoante
 o tipo de forno e a finura do carvão , algumas destas partículas aglomeram-se numa espécie
de clínquer, que cai no fundo do forno , dando origem à jorra.
Outras
 devido às suas pequenas dimensões, são transportadas nos gases de combustão, podendo ser
captadas antes de saírem para a atmosfera.
O
 material assim obtido, constituído fundamentalmente por partículas de forma arredondada, com
diâmetro médio de cerca de 10 µm, designa-se por “cinzas volantes”, (Fly Ash).

66
INERTES
INERTES LEVES (12)
Jorra

É o resíduo da combustão do carvão, (hulha, antracite, coque, etc) nos fornos


industriais que foi fundido ou sinterizado em pedaços.
É um material duro, de cor escura, de aspecto escoriácio.
Não se usa em betão armado devido a um potencial de corrosão do aço.
A baridade é de 550 a 800 kg/m3.

.
67
INERTES
INERTES LEVES (13)
Pedra pomes
É uma rocha lávica, de
 natureza ácida, rica portanto em sílica, arrefecida rapidamente ao ar.
A
 sua textura é celular, devido á existência de numerosas bolhas de gases que se
desenvolvem quando da sua solidificação.
Tem o aspecto duma rocha
 rugosa mas não vitrificada.
A baridade
 varia de 500 a 900 kg/m3.

.
68
69
Variação da resistência à compressão do betão
em função da massa volúmica de diferentes
agregados leves

70
71
72
TORRE
PICASSO
em Madrid,
construído
com betão
leve com
ARLITA

73
74
INERTES
INERTES DE ELEVADA DENSIDADE (1)
Para aumentar a densidade do betão é necessário empregar inerte de elevada densidade ,
geralmente maior do que 4.
O
 material mais vulgarmente empregado como inerte pesado é a barita, (sulfato de bário)
com densidade de 4 a 4,4.
Usam-se
 também minérios de ferro como a limonite, magnetite, hematite, goetite, ilmenite
(óxido de ferro e titânio),e volframite (tungstato de ferro e manganésio).

.
75
INERTES
INERTES DE ELEVADA DENSIDADE (2)
Os
 minérios de ferro não deverão estar alterados pois a metereorização tende a pulverizá-los
passando a ter uma elevada absorção de água diminuindo a massa volúmica do betão.
O
 aço (densidade 7) dá também um óptimo inerte pesado mas é difícil obter com ele formas e
granulometrias correctas par se comporem betões de trabalhabilidade aceitáveis.
A diferença de
 densidades entre estes componentes do betão contendo pedaços ou partículas de
aço, torna o betão muito segregável e heterogéneo.

76
77
78
79
80
81
82
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O
CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(1)
Nos
 slides anteriores enunciámos as características que os
inertes devem possuir.
Mas
 para o cálculo da composição do betão, isto é, para a
determinação das quantidades dos componentes, em peso
por unidade de volume do betão, é necessário conhecer
outras propriedades dos inertes, que são, V. slide seguinte:
83
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O
CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(2)

Massa
 volúmica das partículas
Absorção

Humidade

Baridade

Granulometria

84
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(3)
Massa volúmica das partículas
É a relação entre a massa de um corpo e o seu volume.

Aplicada ao inerte refere-se à massa volúmica das partículas individuais e não à massa agregada em conjunto. As massas
volúmicas dos inertes mais vulgares que constituem as rochas mais usadas na construção são:
Basalto = 2,8 kg/cm3 Pórfiro=2,73 kg/cm3 Quartzite=2,62kg/cm3 kg/cm3
Granito=2,67 kg/cm3 Sílex=2,70 kg/cm3 Grés=2,50 kg/cm3
Calcário=2,66 Kg/cm3

. 85
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(4)
Absorção(1)
A absorção de água do inerte é determinada a partir da diminuição da massa de uma amostra de
inerte saturado de água (com a superfície seca), p1, seca em estufa a 105º C, p3.
A relação entre a perda de massa (p1-p3) expressa em percentagem é a absorção A.
A=(p1-p3)/p3x100

.
86
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(4)
Absorção(2)
Quando todos os poros estão cheios de água o inerte fica saturado.
Colocando ao ar este material alguma água contida nos poros evaporar-se-á, dizendo-se então inerte seco ao ar.
Prolongando a secagem em estufa, o inerte diz-se seco em estufa.
Mas se for abandonado na atmosfera sem qualquer protecção o inerte reconstitui a humidade correspondente ao
estado seco ao ar.

87
INERTES
 VALORES DE ABSORÇÃO DE ALGUNS INERTES

INERTE ABSORÇÃO %
GRANITO 0a1
CALCÁREO BRITADO 0,5 a 1
GRÉS 2a7
AREIA 0a2

88
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO(4)
Humidade (1)
O inerte quando exposto à intempérie adquire e conserva uma quantidade apreciável de humidade.
Assim, além da humidade aprisionada pelo inerte no seu interior por absorção, temos que adicionar a nova
parcela de água aderente à superfície, chamada teor de humidade ou simplesmente humidade.
O teor total da água do inerte é igual à soma da absorção com o teor de humidade.

89
QUADRO-Humidades médias de inertes

Classe do inerte Módulo de Humidade %


D/d, mm finura
Areia natural 2,8 4a5
Areia britada 2,8 6a8
Brita 9,5/2,4 6,0 1,5 a 4
Brita 19,1/4,8 6,8 0,5 a 1,5
Brita 25/9,5 7,1 0,8 a 2,5
Brita 38/19,1 7,9 0,1 a 1,5
Brita 50/25 8,2 0,1 a 1,0

90
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (5)

Baridade e volume de vazios


Chama-se baridade à massa por unidade de volume aparente duma classe de inerte.

A
 baridade dum inerte depende do seu grau de compactação, do modo como está
arranjado no interior do seu continente, da forma das partículas.
A
 Fig. 1.31 pág. 104, Sousa Coutinho, mostra a variação da baridade duma areia em
função da sua humidade, grau de compactação (solta ou compactada) e com a máxima
dimensão do inerte, com variações de baridade de 1100 a 1800 kg/m3.

. 91
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (1)
A granulometria condiciona a compacidade do betão e portanto todas as propriedades do betão.
Chama-se granulometria à distribuição das percentagens das partículas de determinadas dimensões que compõem o inerte.
Sob o ponto de vista granulométrico a dimensão duma partícula é definida pela abertura de uma malha com forma determinada através da qual ela
passa ficando retida numa malha idêntica de menor dimensão.
A dimensão assim determinada exige que se definam dois parâmetros:
 Forma de abertura da malha, quadrada ou circular e diferença entre aberturas de duas malhas consecutivas.

92
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (2)
Praticamente a análise granulométrica é realizada agitando o inerte através de uma série de peneiros arranjados por ordem tal que os da malha mais
larga estejam na parte superior e os de malha mais apertada na inferior e pesando o material retido em cada peneiro.
Conhecendo-se a massa inicial da amostra calcula-se a percentagem da massa dos resíduos nos peneiros.
Sendo a granulometria uma questão de percentagem de partículas de determinada dimensão é-se conduzido à avaliação de percentagens de volume das
partículas.
Pressupõe-se que todas a partículas têm a mesma massa volúmica.

93
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3)
Peneiros e suas características (1)
A malha dos peneiros pode ser quadrada ou redonda.
Normalmente os peneiros de abertura redonda são empregados para os inertes mais grossos.
As aberturas das malhas dos peneiros são normalizadas em diferentes países.
Nos E.U.A. as normas ASTM para efeito da análise granulométrica dos inerte destinados a betão usam peneiros cujas aberturas formam
uma série geométrica de razão 2, começando em 0,075 mm.

94
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3)
Peneiros e suas características (2)
Os peneiros mais grossos são designados pela dimensão da abertura , até cerca de 5 mm.

Os de abertura inferior a 5 mm são designados pelo número de malhas por polegada linear.

O peneiro nº 30 indica que tem 30 aberturas por polegada quadrada ou 30x30 por polegada quadrada.

O peneiro nº 4 com 4,76 mm de abertura é o peneiro que convencionalmente separa o inerte grosso da areia.

95
SÉRIE DE PENEIROS ASTM EMPREGADOS NA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

DESIGNAÇÃO DO PENEIRO ABERTURA DA MALHA DIÃMETRO DO ARAME DA


(mm) REDE (mm)
6” 152,4 -
3” 76,1 5,8
1½“ 38,1 4,6
¾” 19,0 3,3
3/8” 9,51 2,3
nº 4 4,76 1,5
nº 8 2,38 1,0
nº 16 1,19 0,65
nº 30 0,595 0,39
nº 50 0,297 0,22
nº 100 0,149 0,11
nº 200 0,075 0,05 96
97
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3)
Técnica de obtenção duma análise granulométrica (1)
A amostra antes da análise granulométrica deve ser seca ao ar ou em estufa para evitar a agregação das partículas finas e a obturação fácil
dos peneiros cuja malha é mais apertada.
As massas mínimas das amostras a serem peneiradas estão indicadas no Quadro 1.13, pág.110, Sousa Coutinho.
A amostra deve ser representativa do conjunto.
Para reduzir a amostra grande à dimensão necessária para o ensaio pode usar-se o método do esquartelamento.

98
Massas mínimas das amostras para análise granulométrica

Máxima dimensão do inerte Massa minima da amostra (kg)


(mm)
76,1 50
50,8 35
38,1 15
25,4 5
19,0 2
12,7 1
9,51 0,5
6,35 0,2
4,76 0,2 99
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3)
Técnica de obtenção duma análise granulométrica (2)
A peneiração pode ser realizada à mão, sendo agitado cada peneiro em separado até que não passe mais de 1% da massa nele retida, ao
fim de um minuto de peneiração.
Os movimentos devem ser dados em todas as direcções, para trás e para a frente, para a esquerda e para a direita, imprimindo um
movimento circular no sentido do movimento dos ponteiros do relógio e em sentido contrário.
Deve evitar-se uma espessura demasiada de material sobre o peneiro, de modo a obrigar todas as partículas a entrarem em contacto com a
rede.

100
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3)

Técnica de obtenção duma análise granulométrica (3)

Os resultados são registados numa tabela indicando:


Massa retida em cada peneiro
Percentagem retida em cada peneiro
Percentagem total que passa através do peneiro (percentagens acumuladas)
Percentagem total que fica retida no peneiro (complemento para 100 dos valores anteriores).

A soma dos resíduos dos peneiros deve ser igual com 1 % de tolerância, à massa inicial da amostra.

101
10
2
10
Peneiros da
série ASTM para
análise
granulométrica

104
Peneiros da
série ASTM para
análise
granulométrica

105
106
Exemplo duma análise granulométrica
ABERTURA DA RESÍDUO RESÍDUO NO PERCENTAGEM TOTAL PERCENTAGEMDO
MALHA NO PENEIRO DE INERTE QUE INERTE RETIDO NO
(mm) PENEIRO (%) PASSA ATRAVÉS DO PENEIRO (%)
(g) PENEIRO (%)
19,0 - - 100,0 0,0
9,51 18,8 1,9 98,1 1,9
4,76 41,9 4,2 93,9 6,1
2,38 195,8 19,6 74,3 25,7
1,19 337,5 33,8 40,5 59,5
0,595 319,4 31,9 8,6 91,4
0,297 75,2 7,5 1,1 98,9
0,149 10,0 1,0 0,1 99,9
Refugo 1,4 0,1 - -
Total 1000,0 383,4
Módulo de 3,83 107
Finura
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
INTERPRETAÇÃO DUMA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
119
Curva granulométrica 1: GRANULOMETRIA EXTENSA BEM GRADUADA.

Elementos com

diferente dimensão,

do que

resulta um melhor

imbricamento das

partículas entre si e

consequente melhor

resistência mecânica.
INTERPRETAÇÃO DUMA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
120
Curva granulométrica 2: GRANULOMETRIA UNIFORME

Elementos com

dimensão,

aproximadamente

igual:

Exemplo areia

duma praia.
INTERPRETAÇÃO DUMA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
121
Curva granulométrica 3: GRANULOMETRIA EXTENSA MAL GRADUADA.

Falta de elementos

com determinada

dimensão,

mal graduado
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Curva granulométrica (1)

O
 traçado gráfico da curva granulométrica permite apreciar rapidamente a granulometria do inerte e as deficiências que
possa ter de partículas de determinada dimensão.
No
 traçado da curva escolhem-se para ordenadas as percentagens de material que passa através de cada peneiro, graduando-
se o eixo respectivo de 0 a 100 de baixo para cima, numa escala aritmética e para abcissas as aberturas dos peneiros em
escala logarítmica. No caso de aberturas em progressão geométrica de razão 2, as distâncias são iguais de abertura a
abertura.

122
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3):
Curva granulométrica (2)

Fig.
 1.32 pág. 112, Sousa Coutinho, apresenta um exemplo de uma curva
granulométrica.
A tracejado representa-se a área que é proporcional ao módulo de finura.

Escala das abcissas proporcional ao logaritmo da abertura da malha.


123
124
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Cálculo do Módulo de Finura (1)

Define-se
 módulo de finura como a soma das percentagens totais que ficam retidas em cada peneiro, da
série normal, dividida por 100.
A
 série normal é a que começa no peneiro de 0,149 mm de abertura e se estende até à máxima
dimensão do inerte.
No
 gráfico da Fig. 1.32 pág. 112, as ordenadas estão na escala decimal e as abcissas em escala
logarítmica, do que resulta afastamentos iguais para peneiros crescendo em escala geométrica de razão
2.

125
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Cálculo do Módulo de Finura (2)

Uma
 interpretação do módulo de finura pode ser a dimensão
média ponderada do peneiro do grupo onde é retido o
material, sendo os peneiros contados a partir do mais fino.
Por
 exemplo uma areia com um módulo de finura de 3,00
significa que a dimensão média é a correspondente ao 3º
peneiro da série, 0,595mm de abertura.
126
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Cálculo do Módulo de Finura (3)

Assim
 como o módulo de finura 5,00 significa que a
dimensão média é a correspondente ao peneiro com 2,38
mm de abertura, 5º peneiro da série.
Outra
 interpretação útil para o cálculo da composição do
betão, é a de que o módulo de finura é um número
proporcional à área a tracejado da figura.
127
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Designação do Inerte (1)

Normalmente o inerte é designado por dois números separados por um traço.


O primeiro D representa a sua máxima dimensão, o segundo


 d a mínima dimensão.
Por exemplo 50,8/19,0 significa que as partículas do inerte estão compreendidas entre 50,8 e 19,0 mm.

No
 entanto o inerte pode conter 10 % de partículas com dimensão superior a 50,8 mm e 5% de partículas
com dimensão inferior a 19,0 mm. V. fig. 1.33 pág.114.

128
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Amostragem (1)

Antes de proceder aos ensaios dos inertes há que realizar as sua amostragem.

A amostra deve ser representativa do material considerado.


A
 Norma D 75 da ASTM, American Society for Testing and Materials, descreve
as regras de amostragem que se devem seguir.

129
INERTES
DETERMINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O CÁLCULO DA COMPOSIÇÃO DO BETÃO (6)
Granulometria (3): Amostragem (2)

A
 amostra principal deve ser constituída por diversas porções retiradas de diferentes locais do depósito, da superfície, do
centro e do fundo.
Geralmente
 é suficiente uma dezena de porções. Mas se o depósito está muito segregado será necessário um número
maior de colheitas.
A
 melhor ocasião para proceder à colheita é à entrada da betoneira ou à sua chegada ao estaleiro, durante a descarga.
Procura-se retirar
 uma porção no início, outra no meio e outra no fim da descarga.

130
131
132
Pasta= cimento + água

133
Argamassa: Cimento + água + agregados finos

134
Betão simples = cimento + água + agregados finos
(areias) + agregados grossos (britas)

135
Exemplo de segregação do betão

136
EXSUDAÇÃO:

forma de segregação,
na qual a água do
betão sobe para a
superfície deste
diminuindo a
resistência do betão
e também a sua
trabalhabilidade.

137
Devia usar
manga
comprida
para proteger

138
ENSAIO SLUMP TEST

139
SLUMP TEST

O ensaio só é válido se o abaixamento


for verdadeiro, ou seja, se o
abaixamento não deformar.
Caso se sucedam dois ou mais
abaixamentos deformados, tal indica
que o betão não possui a plasticidade e
coesão adequadas para efectuar o
ensaio, devendo realizar-se uma nova
amassadura.
140
a)abaixamento verdadeiro
b)abaixamento deformado
Regras de apiloamento do cone de Abrams

142
SLUMP
TEST

143
Passos para a realização do SLUMP TEST

144
SLUMP TEST
Ensaio de Trabalhabilidade do betão
simples

Cone de
Abrams

145
Ensaio de slump test

146
147
SLUMP

Baixo valor de slump indica menos trabalhabilidade


Alto valor de slump indica alta trabalhabilidade. 148
SLUMP TEST

149
SLUMP TEST

150
151
SLUMP TEST
152
Enchimento duma laje com betão bombeado

153
154
Betão lançado através duma calha
Enchimento de cubos de betão para ensaio à compressão simples aos 3, 7, 14 e 28 dias

156
Máquina de rebentamento de cubos de betão à compressão

157
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
15
8CONCEITO DE VALOR CARACTERÍSTICO
 As medidas da resistência dos betões apresentam grande
dispersão de resultados em torno da média.
 Tomando-se a resistência à compressão dos concretos, se os
valores forem plotados num diagrama onde no eixo das
abscissas se marcam as resistências e no eixo das ordenadas
as freqüências com que as resistências ocorrem, quanto maior
o número de ensaios mais o diagrama terá a forma da curva de
distribuição normal de Gauss, como mostrado na Figura do
slide seguinte.
Diagrama de frequências de um betão (RÜSCH, 1981).
15
9
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
16
0
A curva de distribuição normal é definida pelo valor
médio (fm) e pelo desvio padrão (s).
 Quanto menos cuidados forem dispensados em todas
as fases até o ensaio do corpo-de-prova, maior será o
desvio padrão (dispersão dos resultados).
 A Figura do slide seguinte mostra as curvas de dois
diferentes betões, com resistências médias iguais,
porém, com quantidades bem diferentes.
Curvas de dois betões com qualidades diferentes (RÜSCH, 1981)

16
1
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
16
2 Se tomada a resistência média o betão com maior dispersão de resultados apresenta menos
segurança que o outro concreto, donde se conclui que a adoção da resistência média não éum
parâmetro seguro para ser considerado nos cálculos.
 Por este motivo as normas introduziram o conceito de “valor característico da resistência”
(fk), que, de acordo com a NBR 6118/03 (item 12.2), são aqueles que, num lote de um
material, têm uma determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido desfavorável
para a segurança.
 Podendo também ser definido como o valor menor que a resistência média (f m) e que tem
apenas 5 % de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material.
 Desse modo, a utilização de dois diferentes concretos com características de qualidade
diferentes fica segura, como mostrado na Figura do slide seguinte.
 A vantagem do betão com menor dispersão sobre aquele de maior dispersão será a economia,
com menor consumo de cimento.
,
Betões com qualidades diferentes mas mesma resistência característica,(RÜSCH 1981).
16
3
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
16
4Admitindo a curva de Distribuição Normal de Gauss e o quantil de 5 % para a resistência, o
valor característico da resistência fica definido pela expressão:

onde:
 f = resistência característica do material (f = resistência, k = valor característico);
k

 f = resistência média do material;


m

 s = desvio padrão;
 1,65 s corresponde ao quantil de 5 % da distribuição normal.
Uso de aditivos no fabrico de betão

165
Fonte: Aula prática no LEC 2020
ADJUVANTES LÍQUIDOS. Da esquerda para a
direita: Anti-lavagem , redutor de retração, redutor
1

de água, agente espumante, inibidor de corrosão,


introdutor de ar.

166
ADJUVANTE
 Segundoa definição de A. de Sousa Coutinho,
adjuvante é :
 “asubstância utilizada em percentagem
inferior a 5% da massa do cimento, adicionada
durante a amassadura, aos componentes
normais das argamassas e betões, com o fim de
modificar certas propriedades destes
materiais, quer no estado fluído, quer no
estado sólido, quer ainda no momento da
passagem de um estado para o outro.” 167
ADJUVANTE

 A quantidadetotal de adjuvantes a utilizar não deve exceder a


dosagem máxima recomendada pelo fornecedor, nem ultrapassar
os 50g de produto por kg de cimento.
 Os adjuvantes têm importância nas seguintes situações:
 Permitem alcançar propriedades que de outro modo possam
não ser possíveis de obter;
 Permitem melhorar determinadas propriedades
seleccionadas;
 Permitem obter fórmulas mais económicas;
 Ajudam a ultrapassar problemas com transporte, colocação,
compactação e acabamento;
 Ajudam a ultrapassar deficiências de outros materiais. 168
BETÃO CICLÓPICO
O betão ciclópico é um material muito utilizado em fundações, muros de suporte
de gravidade. Além dos componentes convencionais do betão, possui a adição de
pedra graúda colocada à mão.
A quantidade de pedra de mão no betão varia conforme o tipo de estrutura onde
ele será utilizado, mas como ordem de grandeza podemos estimar esta
quantidade em torno de 20 a 25%.

169
ENSAIO DE TRACÇÃO DO AÇO

170
ENSAIO DE DOBRAGEM DO AÇO

171
IDADE DO BETÃO: Resistência à Compressão

 A resistência à compressão aumenta com a idade do


betão, admitindo-se as seguintes relações entre as
resistências a diversas idades e a resistência aos 28
dias:
 Resistência aos 3 dias: σ3 = 0,40 σ28
 Resistência aos 7 dias: σ7 = 0,65 σ28
 Resistência aos 90 dias: σ90 = 1,20 σ28
 Resistência aos 360 dias: σ360 = 1,35 σ28

 Estas relações dependem do valor da resistência, da


172
relação água-cimento e do tipo de cimento.
TECNOLOGIA DO BETÃO
INERTES

 BIBLIOGRAFIA BÁSICA

 COUTINHO, A. Sousa (1988); Fabrico e propriedades do betão, Volumes


I e II, LNEC

 COUTINHO, A. Sousa (1988); Propriedades das matérias-primas,


Volumes I e II, Lisboa: LNEC.

173
RUY MOREIRA CRAVO
 MSc, MBA, PhD
 ruycravo@mail.telepac.pt
 moreiracravoruy@gmail.com
 00258-843 841 557
 00258-822 897 294

174

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