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AULA 3
Materiais de Construção I
1.1 Inertes
Os inertes para betões são materiais granulados, constituídos por partículas de
rochas, naturais ou artificiais, com dimensões que variam geralmente entre cerca de 20 cm e
0,10 mm. Dispersos pela pasta de cimento, constituem no betão o seu “esqueleto” perfazendo
70 a 80% do seu volume.
O seu emprego deve-se a razões técnicas e económicas, mas é necessário tomar em conta que
as características do inerte afectam profundamente o comportamento do betão.
— Classificação
2) Obtenção:
— Rolados (naturais ou provenientes da erosão, sedimentação e depósitos das
rochas originárias);
— Britados (artificiais ou por fracturas de rochas).
3) Dimensões:
— Inerte Grosso ou Pedra (Ø ≥ 4.76 mm), pode ser rolado (godo e seixo ou
calhau) ou britado (Brita);
— Inerte Fino ou Areia (Ø < 4.76 mm), também rolado (caso comum) ou britado
(pó de pedra).
4) Massa Volúmica:
3
— Inerte Leve (mv < 2.3 g/cm );
3 3
— Inerte Normal (2.3 g/cm ≤ mv ≤ 3.0 g/cm );
3
— Inerte Pesado (mv > 3.0 g/cm ).
Em qualquer caso, as propriedades que hoje se exigem dos inertes são essencialmente de
natureza geométrica, física e química, designadamente:
A forma das partículas influi muito sobre as propriedades do betão, tais como a
trabalhabilidade, ângulo de atrito interno, compacidade e, em última análise, sobre todas a
que dependem da quantidade de água de amassadura.
Para medir a forma das partículas podem seguir-se dois (2) processos:
— fazer medições geométricas sobre cada uma das partículas;
— determinar certas propriedades do seu conjunto (Ex.: permeabilidade, baridade, tempo de
escoamento de um dado volume de inerte por um orifício).
V V
γ= 3
=1,91 3
π ⋅N N
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ENG.ALNURMOMADE Materiais de Construção I – Aula 3
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UNIVERSIDADE UNILURIO
O inerte excepcionalmente bom tem um coeficiente superior a 0,4 sendo bons os inertes com
coeficientes entre 0,3 a 0,4.
Limites mínimos (NP): 0,12 para inerte rolado e 0,15 para inerte britado.
2) Resistência M ecânica
À medida que cresce a dosagem de cimento de um betão a sua tensão de rotura tende para um
valor constante, que depende da tensão de rotura da rocha que constitui o inerte (limite
mínimo fixado em 60 a 70 MPa). Dai a resistência do betão só dependerá da resistência da
pasta de cimento.
3) Propriedades térmicas
o
A temperatura deve estar entre 4 a 60 C e a diferença entre os dois coeficientes deve ser no
-6 o -1
máximo igual a 5x10 C .
Os calores específicos são muito menos variáveis e situam-se quase todos em cerca de 0,20 cal
-1 o -1
g C .
4) Propriedades químicas
A composição química e mineralógica dos inertes e a sua reactividade com o ligante, ou com as
impurezas existentes no próprio agregado, que poderão potenciar reacções prejudiciais no
seio do betão.
a) Reacção, em meio húmido, entre os álcalis do cimento (sódio e potássio nele existente)
e a sílica não perfeitamente cristalizada do inerte;
b) Reacção dos álcalis do cimento com carbonato de magnésio de certos calcários
dolomíticos;
c) Reacção de determinadas formas de alumina com sulfatos em presença de soluções
sobresaturadas de hidróxido de cálcio fornecidas pela hidratação do cimento.
Por outro lado, há outros minerais cuja presença é normalmente indesejável, como sulfuretos,
gesso, óxidos de ferro, feldspatos alterados (caulinizados), minerais argilosos, etc..
É natural existirem partículas com propriedades por vezes perniciosas para o betão; também,
dadas as condições da sua formação, pode estar contaminado com outras substâncias
estranhas.
o Acção química:
a) Partículas que dão origem a reacções químicas expansivas com o cimento (referidas
atrás);
b) Impurezas de origem orgânica (húmus ou lodo orgânico resultante da decomposição
parcial, pelos micróbios do solo, dos detritos vegetais e animais, ou por
apodrecimento de substâncias orgânicas, como a madeira, etc.);
c) Impurezas de origem mineral (sais) com destaque para os sulfatos, sulfuretos e
cloretos.
Os cuidados a ter com o armazenamento dos inertes e a medição correcta das quantidades a
introduzir na betoneira aquando do fabrico do betão são operações condicionantes da
garantia da qualidade dos materiais.
a) Evitar a segregação;
b) Evitar a contaminação com substâncias estranhas;
c) Evitar a rotura das partículas de modo a não alterar a granulometria;
d) Uniformizar a humidade.
Quanto a medição, ela deve fazer-se preferencialmente em peso (obrigatório para betões de
alta qualidade), devendo-se respeitar a precisão de ±3% da quantidade requerida, quer para os
inertes quer para o cimento, água e adjuvantes.