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MATERIAIS PÉTREOS

ESTRADAS II

São Carlos – Setembro 2020 Profa. Dra. Ana Furlan / Prof. Dr. Glauco Fabbri
MATERIAIS PÉTREOS
São materiais inertes, granulares, sem forma e
Agregados dimensões definidas, com propriedades adequadas
para compor camadas ou misturas para utilização nos
mais diversos tipos de obras.

Podem ser classificados em Naturais e Artificiais.

▪ Naturais: inclui todas as fontes de ocorrência natural e são obtidos por


processo convencional de desmonte, escavação e dragagem em depósitos
continentais, marinhos, estuários e rios. Ex: pedregulho, areias, etc.

▪ Artificiais: são obtidos por meio de britagem de rocha (basalto, granito,


etc) ou seixos rolados, ou ainda especiais como no caso das escórias de alto
forno.
CLASSIFICAÇÃO

Os agregados podem ser classificados de várias maneiras, sendo as mais


utilizadas:

▪ quanto à granulometria (tamanho);

▪ quanto à graduação;

▪ quanto à natureza.
Quanto à granulometria (tamanho)

Os agregados são classificados quanto ao tamanho em:

▪ graúdo: materiais com dimensões maiores que 2,0mm (retido na peneira


n°10). São as britas, cascalhos, seixos, etc;

▪ miúdo: material com 0,075mm < D < 2,0mm (passa na peneira n°10 e
retido na peneira n° 200). São as areias, pó de pedra etc;

▪ material de enchimento (fíler): material com pelo menos 65% das


partículas menores que 0,075mm (peneira n°200). Ex: cal hidratada,
cimento Portland, pó de pedra, etc.
Quanto à graduação
Em relação à graduação os agregados podem ser :

▪ Densa (bem graduada): apresenta distribuição granulométrica contínua,


tendo finos suficientes para preencher os vazios deixados pelas partículas
maiores;
▪ Aberta: apresenta distribuição granulométrica contínua, mas com
insuficiência de material fino (menor que 0,075mm) para preencher os
vazios entre as partículas maiores;
▪ Uniforme: apresenta a maioria de suas partículas com tamanhos em faixa
bastante estreita (curva granulométrica bastante íngreme);
▪ Descontínua: apresenta pequena porcentagem de agregados com
tamanhos intermediários.
CLASSIFICAÇÃO GRADUAÇÃO
MISTURAS CONTÍNUA E DESCONTÍNUA

Escolha:
Agregados bons
Agregado quanto à forma
Graúdo e à resistência

Material
Intermediário
Fonte: Horst Erdlen –
Fíler JRS, Alemanha apud
Oliveira (2007)
(SMA – Stone Matrix Asphalt)
QUANTO À CARGA ELÉTRICA SUPERFICIAL
devido à quebra da estrutura cristalina, sua superfície
Rocha Britada sempre apresenta cargas elétricas fracas que, de
acordo com o tipo de rocha, podem ser positivas ou
negativas.

Os agregados podem ser classificados em:


▪ eletro-positivos: como no caso dos basaltos, diabásios, gabros e calcáreos
▪ eletro-negativos: como no caso dos arenitos, quartzitos, granitos e gnaisses.

É interessante não confundir esse critério de classificação com o


utilizado somente para as rochas eruptivas, que as classifica em ácidas e
básicas, pois nem sempre uma rocha eletro-positiva é básica (% SiO2 total <
65%), como é o caso do calcáreo.
PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS AGREGADOS

1. Resistência Mecânica
2. Durabilidade
• Análise Petrográfica
• Sanidade
3. Índice de Forma
4. Equivalente areia
5. Adesividade
PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS AGREGADOS
RESISTÊNCIA MECÂNICA: O agregado graúdo deve resistir ao impacto e
ao desgaste por atrito entre partículas.

A resistência mecânica pode ser avaliada pelos ensaios:

1. ENSAIO DE ABRASÃO LOS ANGELES;


2. ENSAIO DE IMPACTO TRETON.
ENSAIO DE ABRASÃO LOS ANGELES
Reproduz o impacto na amostra através da queda das esferas de aço sobre
os agregados e da queda dos próprios agregados, uns sobre os outros ou
contra as paredes do equipamento, e simula o desgaste por meio do atrito dos
agregados entre si e com as paredes do tambor enquanto este gira.

Os resultados podem ser influenciados pela forma das partículas.

Os valores permitidos para o Abrasão Los Angeles são:

pedregulho  50%
pedra britada  40%
laterita → experiência local
Máquina de Abrasão Los Angeles

Máquina de abrasão Los Angeles


Embreagem

Tampa

Carga abrasiva
ENSAIO DE IMPACTO TETRON

Consiste basicamente em submeter uma amostra de 20 fragmentos de rocha,


de dimensões entre 1/2” e 5/8”, afeiçoados manualmente, a 10 golpes de um
soquete com peso aproximado de 15 kg, caindo de uma altura de 38 cm.

Como os fragmentos são afeiçoados manualmente, não existe


influência da forma nos resultados do ensaio.
Equipamento para ensaio Treton

Guia

Cilindro

Soquete
Propriedades
DURABILIDADE: Além da resistência mecânica, os agregados devem
possuir inércia química, para garantir a permanência de suas propriedades
ao longo do tempo.

ANÁLISE PETROGRÁFICA: É utilizado para a identificação de substâncias


cristalinas e baseia-se na interferência que a luz polarizada sofre ao
atravessar o retículo cristalino dos minerais.

Detecta a existência de minerais secundários (argilas) e micro-


fissuramento na rocha, além de visualizar cor, forma, tamanho,
clivagem e índice de refração dos minerais que a constituem.
Propriedades
SANIDADE: alguns agregados podem sofrer processos de desintegração
química quando expostos às condições ambientais no pavimento.
A característica de resistência à desintegração química é quantificada
através de ensaio que consiste em atacar o agregado com solução super
saturada de sulfato de sódio ou sulfato de magnésio, em cinco ciclos de
imersão com duração de 16 a 18 horas cada, à temperatura de 21°C,
seguidos de secagem em estufa.

A perda de massa resultante desse ataque químico ao agregado


pode ser de no máximo 12% para 5 ciclos de imersão (valor variável
em função do organismo regulador e o uso do agregado).
Ensaio de Sanidade

Fonte: Programa Pró-Asfalto


Propriedades
A forma das partículas dos agregados influi na
trabalhabilidade e na resistência ao cisalhamento das
misturas asfálticas e muda a energia de compactação
necessária para alcançar certa densidade.

ÍNDICE DE FORMA: é a relação entre a menor e maior dimensões de uma


partícula.
Define-se agregado de forma cúbica como sendo aquele que possui este
índice ≥ 0,6.
A forma ideal dos agregados é a cúbica, que conduz a um melhor
entrosamento entre partículas, produzindo maior travamento (maior resistência
ao cisalhamento).
Índice de Forma
Agregados lamelares superfície específica maior que os
ou alongados cúbicos

consumos maiores de asfalto em


misturas asfálticas.

Agregados com textura superficial rugosa: proporcionam maior


atrito entre si, melhor adesividade aos produtos asfálticos;
Preferência
Agregados com baixa porosidade (agregados muito porosos
absorvem muita água ou asfalto).
AGREGADO GRAÚDO
Forma do agregado
Índice de Forma
Basalto da Região de São Carlos
Densidade Real: 2,872
Índice de Forma
Granito da Região de Campinas
Densidade Real: 2,608
Índice de Forma
Gabro da Região de Limeira
Densidade Real: 2,832
AGREGADO GRAÚDO
Propriedades
ADESIVIDADE: interesse especial em misturas asfálticas já que a função do
ligante é aderir (ou ligar) às partículas do agregado.

Desenvolve-se em função de “afinidades” eletro-químicas existentes entre


asfalto e agregado.

Os ensaios para determinação das características de adesividade podem ser


subdivididos em dois grupos:

1. avaliam o comportamento de partículas de agregados recobertas por


ligantes asfálticos;
2. avaliam o desempenho de determinadas propriedades mecânicas de
misturas sob ação da água.
ADESIVIDADE GRAÚDA OU ENSAIO RRL MODIFICADO

A mistura não-compactada é imersa em água (temperatura de 40°C, período


de 72 horas) e as partículas cobertas pelo ligante asfáltico são avaliadas
visualmente.

Como resultado do ensaio tem-se:

1. Adesividade Satisfatória: se não houver nenhum deslocamento;

2. Adesividade Não-satisfatória: se houver deslocamento parcial ou total das


película do asfalto.
ADESIVIDADE GRAÚDA OU ENSAIO RRL MODIFICADO
ADESIVIDADE GRAÚDA OU ENSAIO RRL MODIFICADO

Adesividade Não Satisfatória


ADESIVIDADE GRAÚDA OU ENSAIO RRL MODIFICADO
Adesividade
ADESIVIDADE MIÚDA OU RIEDEL WEBER

Consiste da imersão de várias amostras de agregado miúdo envolvido com


asfalto em:

1. água destilada (solução 0)


2. soluções de carbonato de sódio com concentrações crescentes (solução 1
= mol/256, solução 2 = mol/128, ... até solução 9 = mol).

A imersão é feita por 1 minuto com a solução em ebulição.

Qualidade do agregado em termos de adesividade: conforme o número da


solução (0 a 9) na qual houve o descolamento da película de asfalto.
ADESIVIDADE MIÚDA OU RIEDEL WEBER
ADESIVIDADE MIÚDA OU RIEDEL WEBER

ADESIVIDADE DESLOCAMENTO NA SOLUÇÃO NO


MÁ 0
SATISFATÓRIA 1, 2, 3
BOA 4, 5, 6, 7, 8
ÓTIMA 9
ADESÃO E COESÃO – suscetibilidade à umidade induzida
Mistura asfáltica
agregado+asfalto+vazios

ADESIVIDADE DESLOCAMENTO NA Perda


SOLUÇÃO NO
de coesão:
Perda de adesão: água no asfalto,

água na interface 0 amolecimento da
agregado-asfalto mistura
SATISFATÓRIA 1, 2, 3
BOA 4, 5, 6, 7, 8
ÓTIMA 9
ADESÃO E COESÃO – suscetibilidade à umidade induzida

• Deslocamento: a água desloca a película de


asfalto do agregado;
• Desprendimento: a umidade do agregado
separa-o do asfalto;
• Emulsificação; a água incorpora-se ao asfalto;
• Lavagem hidráulica: a água aprisionada nos
vazios lava o asfalto da mistura.
ADESÃO E COESÃO – AASHTO T 283

2) -18  3°C, por 16 h

1)Dessecador/bomba
- saturação 3) 60  1°C, por 24  1 h
ADESÃO E COESÃO – ASTM D 4867

3) 60  1°C, por 24  1 h

1)Dessecador/bomba
- saturação
ADESÃO E COESÃO – suscetibilidade à umidade induzida

DER-SP (ET-DE-P00/027A)
A mistura asfáltica é considerada satisfatória
quanto à suscetibilidade à umidade induzida
quando a relação entre a resistência à tração
média do grupo de CPs condicionados
(AASHTO T-283) e a resistência à tração do
grupo de CPs virgens for maior ou igual 70%.

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