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UTILIZAÇÃO DAS ROCHAS E DOS

SOLOS COMO MATERIAL DE


CONSTRUÇÃO E MATERIAL
INDUSTRIAL
Introdução
Exploração de Rochas para Construção
Qualidades Exigidas das Rochas
Propriedades Físicas,
Mecânicas e Químicas
INTRODUÇÃO

Os materiais rochosos na forma granular são denominados de


agregados.

Estes materiais devem possuir dimensões e propriedades


adequadas para o seu uso em construção.

Três fatores básicos para utilização:


a) Qualidade do material: durabilidade, resistência e baixo
custo;
b) Volume de material útil;
c) Transporte, ou seja, a localização geográfica da jazida.
EXPLORAÇÃO DAS ROCHAS PARA
CONSTRUÇÃO

a) Afloramento: É a emergência de uma rocha à


superfície da terra;
b) Ocorrência: É toda a presença de rocha suscetível
de fornecer material para as finalidades visadas;

c) Jazidas: É toda ocorrência economicamente


explorável;
d) Pedreira: É toda ocorrência de rocha em
exploração industrial.
QUALIDADES EXIGIDAS NAS ROCHAS

“Em geral, a falta de homogeneidade é


indício de má qualidade.”
QUALIDADES EXIGIDAS NAS ROCHAS

Resistência mecânica: É a capacidade de suportar a


ação das cargas aplicadas sem entrar em colapso;

Durabilidade: É a capacidade de manter suas


propriedades físicas e mecânicas com o decorrer do
tempo e sob ação de agentes agressivos;
QUALIDADES EXIGIDAS NAS ROCHAS

Trabalhabilidade: É a capacidade de ser afeiçoada


com o mínimo de esforço;

Estética: É a aparência da pedra para fins de


revestimento ou acabamento.
PROPRIEDADES FÍSICAS

Absorção
Peso específico aparente
Porosidade
Condutibilidade e dilatação térmica
Dilatação por embebição
Dureza
Aderência
Forma
ABSORÇÃO

“É a capacidade dos vazios da rocha (total ou


parcial) de serem preenchidos por certa
quantidade de líquido (absorvido por
capilaridade).”
PESO ESPECÍFICO APARENTE

“É a relação entre o peso de um fragmento seco e


seu volume.”
POROSIDADE

“Porosidade elevada em rochas normalmente


fechadas (ígneas) pode indicar má qualidade (mas
depende da finalidade do material).”

“Quanto maior porosidade, maior absorção


percentual de água, menor resistência.”
POROSIDADE

Classificação da porosidade e índice de vazios em rochas. Fonte: Maciel


Filho (1997).

Classe Índice de vazios Porosidade (%) Termo


1 > 0,43 > 30 muito alta
2 0,43 – 0,18 30 – 15 Alta
3 0,18 – 0,05 15 – 5 Média
4 0,05 – 0,01 5–1 Baixa
5 < 0,01 <1 muito baixa
CONDUTIBILIDADE E DILATAÇÃO TÉRMICA
A primeira é a capacidade que a rocha possui de absorver
calor, sendo geralmente pequena.

O coeficiente de condutibilidade térmica em geral é de


0,008 para sedimentos, 0,006 para rochas ácidas e 0,004
para as básicas.

A segunda mede quanto uma rocha se dilata por aumento


de temperatura, o coeficiente térmico (λ) é obtido pela
relação da extensão ou dilatação linear (ε) e a variação de
temperatura (T):
DILATAÇÃO POR EMBEBIÇÃO

“É dada pela variação no comprimento da


amostra entre as situações seca e
saturada.”
DUREZA

“É avaliada pela maior ou menor


facilidade com que ela pode ser
serrada ou polida.”
ADERÊNCIA

“Maior ou menor aptidão da rocha em deixar-se


ligar por uma argamassa. A fratura e a porosidade
influem nesta propriedade.”
FORMA

“Fragmentos obtidos na britagem poderá


traduzir sua maior ou menor resistência e
trabalhabilidade quando utilizado na
construção civil.”

“Pode ser classificada como cúbica, alongada,


lamelar e quadrática.”
PROPRIEDADES MECÂNICAS

Resistência à compressão simples


Resistência ao choque (ao impacto de um corpo duro)
Resistência ao desgaste
Resistência a britabilidade e esmagamento
Resistência ao congelamento e degelo
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

É determinada medindo-se a carga de ruptura de uma


amostra, isenta de falhas e defeitos.

No geral, elevados valores de resistência à


compressão uniaxial implicam em materiais de alta
resistência mecânica.

OBS: As rochas mais alteradas têm tendência a


oferecer menor resistência aos esforços compressivos
do que as rochas não alteradas.
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

Detalhe de corpos de prova com esforços aplicados perpendicular (à


esquerda) e paralelos (à direita) à estruturação da rocha (adaptado de
Frascá 2003).

“Caso o corpo seja homogêneo a ruptura é determinada sem definir


orientação.”
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

Classificação das rochas quanto à resistência. Fonte: ISRM (1978).

σc (Mpa) Designação
<1 Extremamente branda
1–5 Muito branda
5 – 25 Branda
25 – 50 Resistência média
50 – 100 Resistente
100 – 250 Muito resistente
> 250 Extremamente resistente
ISRM = International Society for Rock Mechanics
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

Equipamento utilizado para determinação da resistência à compressão.


Detalhe dos corpos desde o trincamento até a ruptura. Fonte: Soraia
M.C. Maia (2004).
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES

A determinação da compressão é obtida através da


seguinte fórmula:

T = (F / A) x g

onde, T = Tensão (carga de ruptura - Mpa)


F = Força exercida no corpo de prova (Kgf)
A= Área de aplicação da carga (mm2)
g = Aceleração da gravidade: 9,80665 (m/s2)
RESISTÊNCIA AO CHOQUES (AO IMPACTO
DE CORPO DURO)

“É a resistência que uma rocha oferece ao impacto


de um peso que cai de certa altura.”

“A resistência da rocha ao impacto é obtida através


da determinação da altura de queda (cm) de uma
esfera de aço que provoca o fissuramento e ruptura
do corpo de prova.”
RESISTÊNCIA AO CHOQUES (AO IMPACTO
DE CORPO DURO)

“Está diretamente relacionado ao grau de


tenacidade da rocha, propriedade dependente da
mineralogia e textura da mesma.”

“Para cada amostra, o resultado é a média


aritmética das alturas de queda que provocaram
fissura e fratura dos corpos-de-prova, expresso em
cm.”
RESISTÊNCIA AO CHOQUES (AO IMPACTO
DE CORPO DURO)

Dispositivo para ensaio de impacto. Fonte: Soraia M.C. Maia (2004).


RESISTÊNCIA AO CHOQUES (AO IMPACTO
DE CORPO DURO)

Detalhe do ensaio antes e durante a ruptura da placa de rocha. Fonte:


Soraia M.C. Maia (2004).
RESISTÊNCIA AO DESGASTE

Mostra o comportamento da rocha quando submetida à


abrasão de outros corpos ou ao atrito mútuo.

Existem duas maneiras de executar este ensaio:

Por abrasão quando o material é atritado contra um disco


horizontal que gira (desgaste Amsler), usando areia ou
coríndon (dureza 9), ou por atrito mútuo de pedaços de rocha
(desgaste Los Angeles).
RESISTÊNCIA AO DESGASTE

No método de desgaste Amsler, o resultado é obtido no


corpo através da medida da espessura antes e após o
percurso, através de um dispositivo de medida de
espessura que, após 500 m e 1000 m de percurso são
adquiridos, respectivamente, pela diferença entre a leitura
final e a leitura inicial.
RESISTÊNCIA AO DESGASTE

Máquina Amsler para medir o desgaste a abrasão e detalhe da pista de


desgaste e dos corpos de prova. Fonte: Soraia M.C. Maia (2004).
RESISTÊNCIA AO DESGASTE

Dispositivo de medida da perda de espessura. Fonte: Soraia M.C.


Maia (2004).
RESISTÊNCIA A BRITABILIDADE E
ESMAGAMENTO

“Mostra o comportamento do material


rochoso quanto a sua fragmentação
(processos de cominuição).”
RESISTÊNCIA AO CONGELAMENTO E AO
DEGELO

Consiste em submeter à amostra a 25 ciclos de


congelamento e degelo e verificar a eventual queda de
resistência por meio da execução de ensaios de
compressão e após os ensaios de congelamento e
degelo.
RESISTÊNCIA AO CONGELAMENTO E AO
DEGELO

O coeficiente de enfraquecimento (K) é calculado pela


relação entre a resistência após os ciclos de
congelamento e degelo e a resistência no estado
natural.

Valores próximos a 1 são indicativos de que a rocha não


sofreu modificações significativas pela ação do
congelamento/degelo.
PROPRIEDADES QUÍMICAS

Reação álcali-agregado

Adesividade
PROPRIEDADES QUÍMICAS

Reação álcali-agregado: reação de alguns


minerais com os álcalis livres do cimento
portland, provoca uma expansão após a pega
do concreto.

Os minerais reativos com os álcalis do cimento


são: opala, calcedônia, zeólitas.
PROPRIEDADES QUÍMICAS

Adesividade: é a qualidade que o agregado


deve possuir de se deixar recobrir por uma
película (ligante) betuminosa, a qual deve
resistir à ação da água, sem se romper.

Podem ser classificados em hidrofílicos (má) e


hidrofóbicos (boa).
AGREGADOS E BLOCOS DE PEDRAS

O grande volume de rochas utilizados na


construção civil é constituídos por fragmentos
irregulares.

Logo, estes materiais devem satisfazer às


exigências de resistência mecânica,
durabilidade e de alguma trabalhabilidade,
não importando a estética.
AGREGADOS E BLOCOS DE PEDRAS
Modalidade em que o material é oferecido e usado.

• Agregado – material natural de propriedades


adequadas ou obtidas por fragmentação artificial de
rocha.
Dimensões: miúdo (0,075 e 4,8 mm) e graúdo (4,8 a
100 mm)

• Pedra britada ou brita – proveniente do britamento


de rocha.
Dimensões: 4,8 e 100 mm.
AGREGADOS E BLOCOS DE PEDRAS
Classificação da brita de acordo com as dimensões nominais (ABNT –
NBR 7225)

Pedra Britada Tamanho nominal (mm)


Número Mínimo Máximo
1 4,8 12,5
2 12,5 25
3 25 50
4 50 76
5 76 100
AGREGADOS E BLOCOS DE PEDRAS

• Pedrisco – dimensões: 0,075 a 4,8mm.

• Pó de pedra ou filer – dimensão inferior a 0,075mm.

• Pedregulho – é o material natural inerte, de forma arredondada.


Dimensões: entre 2,0 e 100 mm.

Areia – é o material natural


Dimensões: entre 0,075 e 2,0 mm.

Areia Tamanho (mm)


Grossa > 1,2
Média 1,2 – 0,42
Fina < 0,42
AGREGADOS E BLOCOS DE PEDRAS

• Bloco de pedra – é a pedra angulosa, em geral, obtida


por fragmentação artificial
Dimensão: > que 10 cm.

• Matacão – é a pedra arredondada


Dimensão: > que 10 cm.

• Pedra amarroada (de mão) – é a pedra bruta.


• Bloco de pedra • Matação

• Bloco de pedra
Lastro de vias férreas e pavimentos
Usados como brita em tamanhos progressivos de baixo para
cima, sobre o solo.

Função:
>Suportar dormentes, distribuir as cargas das rodas,
constituírem um meio de drenagem da água sob os
dormentes,

>Constituir como um meio para aplainamento da pista,

>Permitir que os trilhos movam verticalmente sob as cargas


aplicadas repentinamente,

>Reduzir os efeitos dos impactos,

>Retardar ou evitar o crescimento dos vegetais.


Lastro de vias férreas e pavimentos
Lastro de vias férreas e pavimentos
• Pedra britada – pavimentos das estradas, na base, no
revestimento betuminoso e de concreto de cimento.

• Paralelepípedos e pedras irregulares – calçamento


de ruas ou estradas.
Enrocamentos e Filtros
Enrocamentos

Solicitações:
1.Forças mecânicas de elevada compressão devido a
cargas pontuais, forças de descompressão de tensões
pontuais, atrito;

2. Ação da intempérie acima da zona de saturação


por umedecimento e secagem, variação da
temperatura, ação de sais em obras marinhas.
Enrocamentos

Propriedades exigidas:

Resistência à compressão, resistência à tração,


resistência ao desgaste e resistência ao
intemperismo.
Filitos

Função de permitir a passagem da água e impedir a

passagem de partículas finas. Normalmente construídos

com areia limpa.


Filitos

Solicitações:

1.Atrito, abrasão e impacto, na fase de execução, e à


compressão, conforme a sua posição num
enrocamento ou aterro maior;

2. Possíveis reações químicas.


Filitos

Propriedades exigidas:

Resistência à compressão, resistência à abrasão e


insolubilidade.
Filitos
PEDRA DE CANTARIA, REVESTIMENTO E
CALÇAMENTO
Pedra de Cantaria

É a pedra que, tendo sido afeiçoada manualmente, com


o uso de ferramentas adequadas, estar pronta para ser
utilizada em construções e equipamentos.

Atua hora como elemento estrutural, ora como


ornamentação e, muitas vezes, atende às duas funções
(fazer parte da estrutura da obra e, portanto receber os
esforços; e embelezar).
Pedra de Cantaria

Utilização:

Meio-fio, pórticos, parapeitos de janelas, balcões,


paredes, muros, blocos esculpidos em catedrais,
palácios, etc
Pedra de Revestimento

“Embeleza e protege a superfície.”


Pedra de Calçamento
“Parelepípedos e pedras irregulares, sendo menos
exigentes quanto à estética.”
Pedra para construção de cercas
Obtenção

1. Pedras de cantarias, de revestimento e de


calçamento – artesanalmente, evitando explosivos.

2. Blocos de matações – cortados em tamanhos


desejados, através de cunhas ou utilizando-se
explosivos.

3. Rochas maciças (granitos e mármores) – extraídos


em grandes blocos e, posteriormente, são talhados
ou fatiados com serras usando ferro, areia e água.
Solicitações

1. Intemperismo (umedecimento e secagem, variação


térmica, ação química da água da chuva);

2. Ataque químico por substâncias de limpeza;

3. Flexão (durante seu afeiçoamento e colocação);

4. Desgaste (dependendo de seu uso, como pias,


escadas, etc).
Propriedades Exigidas
Beleza (cor)
Sanidade
Resistência ao intemperismo
Resistência à ação dos ácidos
Trabalhabilidade
Resistência à tração (flexão)
Resistência ao desgaste
Homogeneidade
Ausência de fissuras
Dureza
Baixa absorção
Baixa porosidade e impermeabilidade
Resistência ao calor
Propriedades Exigidas
APLICAÇÃO DE ARGILAS E ARÉIAS
Argilas – Verifica-se plasticidade, quando molhadas e rigidez,
depois de submetidas a aquecimento adequado.

Aplicações: cerâmica, núcleo impermeável de barragens,


inseticidas, borracha, papel, lama para perfuração (petróleo), etc.

Areias -
Aplicações:

Obras civis: feitura de concreto, material filtrante na construção de


drenos de estradas e de barragens (extraídos dos rios);

Indústria: fabricação do vidro e preparo de moldes para fundição


(retiradas das praias).

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