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Faculdade de Ciências

Departamento de Geologia
Cursos de Geologia Aplicada e Cartografia e Pesquisa Geológica
IIIº nível
Geologia de Hidrocarbonetos
Tema: Porosidade e Permeabilidade das rochas sedimentares, seu potencial
para geração e acumulação de Hidrocarbonetos
3º Grupo

Discentes
Valombe, Plautila Doroteia André
Simango, Kelven Ulisses
Ramos, Leandro
Firissi, Marlene Caima

Docente:
Msc. Belarmino Massingue

Maputo, Novembro de 2023


Porosidade e permeabilidade

Introdução
O presente trabalho aborda acerca da porosidade e permeabilidade das rochas
sedimentares, seu potencial para a geração e acumulação de hidrocarbonetos.
As rochas sedimentares são rochas formadas pela junção de detritos ­ chamados de
sedimentos. Os sedimentos, por sua vez, são partículas de rochas oriundas de sua
fragmentação pela ação dos agentes externos de modificação do relevo, tais como a água,
os ventos e os seres vivos. Dessa forma as rochas sedimentares formam ­ se obedecendo
á seguinte sequência:
• Uma rocha anteriormente existente vai lentamente se desgastando pela acção da
água e demais agentes erosivos;
• Em seguida, esses sedimentos são transportados e fixados em outra área, quase
sempre levados pela água, mas também pelos ventos.
Essas rochas, portanto, terão as suas características relacionadas com o tipo de sedimentos
que lhe deram origem. Por esse motivo, elas são classificadas em vários tipos de rochas
sedimentares.
Rochas clásticas ou detríticas, é o tipo mais comum e corresponde as rochas formadas por
restos de outras rochas que se fragmentaram mecanicamente em sedimentos. O arenito,
por exemplo, é uma rocha sedimentar que surge de fragmentos de outras rochas, com
destaque para fragmentação do granito.
Rochas químicas, são formadas a partir de sedimentos que se formam a partir do
intemperismo químico (decomposição) de outras rochas preexistentes. Geralmente,
ocorre com a saturação da água pelos minerais e sedimentos. Quase sempre, as rochas
sedimentares químicas são formadas por um único mineral e formam cristais tais como a
calcite e a dolomite.
Rochas orgânicas, são as rochas que se formam a partir de restos orgânicos de animais, a
exemplo do calcário.
A importância das rochas sedimentares dá­se principalmente no meio econômico, pois, é
nestas rochas que se acumulam fósseis que a longo período dão origem aos combustíveis
fosseis (petróleo, carvão, mineral e gás natural), alem de permitir agrupar restos orgânicos
de animais existentes no passado). As rochas sedimentares são também usadas como
materiais de construção.

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Porosidade e permeabilidade

Indice
Introdução .................................................................................................................................... 2
Porosidade ..................................................................................................................................... 4
Classificação da porosidade ...................................................................................................... 4
Permeabilidade .............................................................................................................................. 5
Classificação da permeabilidade das rochas ............................................................................. 5
Potencial para geração e acumulação de Hidrocarbonetos ........................................................... 7
1. Matéria orgânica ................................................................................................................ 7
2. Maturação .......................................................................................................................... 7
3. Reservatório ...................................................................................................................... 7
4. Armadilhas ........................................................................................................................ 8
Conclusão .................................................................................................................................... 10

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Porosidade e permeabilidade

Porosidade
Em geologia, define­se porosidade como a capacidade das rochas sedimentares de
armazenarem fluidos entre os grãos dos sedimentos. A porosidade está intimamente ligada
ao tamanho de sedimentos e o seu grau de compactação, pois, quanto maior a
granulometria, maior será a porosidade da rocha.

Figura 1. Matriz rochosa e os espaços dos poros Figura 2. Matriz rochosa e poros preenchidos por água e
hidrocarbonetos

Em meio poroso, alguns poros podem estar interconectados e outros não. Por isso, apenas
a porosidade efetiva (relação entre os espaços vazios interconectados de uma rocha e o
volume total da rocha) é de interesse; isto porque os poros isolados não possuem a
capacidade de contribuir no escoamento de fluidos. Este parâmetro é representado através
da seguinte expressão:
𝑉𝑝
∅=
𝑉𝑡
A porosidade é uma propriedade de grande importância para a área de hidrocarbonetos
pois, o volume total de petróleo no reservatório é diretamente proporcional a ela.

Classificação da porosidade
De acordo com Murray (1960), existem dois tipos principais de porosidade, a saber:
• Porosidade primária ou sindeposicional: é a que se desenvolve aquando da
deposição de sedimentos. Pode ser intergranular ou intragranular. Este tipo de
porosidade tende a diminuir com o soterramento, pelo efeito da compactação
mecânica e da diagênese. Comum em arenitos.
• Porosidade secundária ou pós-deposicional: é a que se forma após a deposição
dos sedimentos, no caso de poros relacionados a processos de cimentação,
dissolução, movimentação tectónica, compactação ou desidratação. Comum em
rochas carbonáticas.
Exemplos: Dissolução de grãos em arenitos e carbonatos; Cavidades de
dissolução em carbonatos.
A porosidade primária pode ser controlada pelos seguintes factores:
o Granulometria- estudos demonstram que quanto menor o tamanho dos grãos,
maior será a porosidade. Assim sendo, sedimentos mais finos tendem a possuir

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Porosidade e permeabilidade

maior porosidade, como é o caso das areias finas, quando comparadas as areias
grossas.
o Grau de seleção- quanto maior for a seletividade dos grãos, maior será a
porosidade. Isto acontece porque, quanto maior for a selectividade de um
sedimento, menor será a quantidade de detritos finos para o preenchimento de
espaços vazios deixados entre os mais grossos. Em casos deste gênero, as
partículas mais finas viriam a bloquear a passagem dos poros, reduzindo a
porosidade.
o Forma e arredondamento das partículas: quanto mais esféricos e arredondados
forem os grãos, menor será a porosidade, pois o seu empacotamento será mais
fechado (firme) em relação aos sedimentos mais angulosos, cujo empacotamento
pode se classificar como mais aberto (livre). (Fraser, 1935)
o Petrofábrica: Em termos de petrofábrica, tanto a orientação espacial como o grau
de empacotamento dos grãos devem ter influência, contudo, é muito difícil de ser
medida em rochas consolidadas.
o Compactação e cimentação: a compactação afecta negativamente e porosidade,
pois, quanto mais compactos forem os sedimentos, menor será o espaço livre para
o preenchimento por hidrocarbonetos e água.

Permeabilidade
A permeabilidade é a propriedade de uma rocha que permite a passagem de fluidos através
dela, sem se deformar estruturalmente ou causar deslocamento relativo das suas partes
componentes (KENITIRO SUGUIO, Geologia Sedimentar).
Todas as rochas permeáveis podem ser porosas, mas nem todas as rochas porosas são
permeáveis, em virtude de os poros não comunicarem entre si ou de serem de tamanho
tão pequeno que não permitam a passagem do fluido. (ex. Argilas­ impermeáveis, dado
que apesar de terem muitos poros, eles são pequenos e encontram­se fechados).
Classificação da permeabilidade das rochas
• Permeabilidade Primária: originada no período de deposição da camada
sedimentar.
• Permeabilidade Secundária: resulta da alteração da matriz rochosa por
compactação e cimentação (redução da permeabilidade) e por fraturamento e
dissolução (aumento da permeabilidade)
A permeabilidade é definida pela lei de Darcy em um fluxo suficientemente lento,
permanente e unidirecional (Dullien, 1992).

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Porosidade e permeabilidade

𝑄𝜇𝐿
𝑘 = 𝐴(𝑃 , Onde:
1 −𝑃2 )

Q­ Razão volumétrica do fluido 𝑐𝑚3 ⁄𝑠)


𝜇­ Viscosidade do fluido (𝑐𝑃)
L­ Comprimento do meio poroso na direção do fluxo (𝑐𝑚)
A­ área seccional da amostra (𝑐𝑚2 )
𝑃1 − 𝑃2 diferença de pressão hidrostática (𝑎𝑡𝑚)
A unidade de permeabilidade é o Darcy, conforme mostra a equação:
𝑐𝑚3
1( ) 1(𝑐𝑃)1𝑐𝑚
𝑠
1 𝑑𝑎𝑟𝑐𝑦 =
1(𝑐𝑚2 )1(𝑎𝑡𝑚)
Um meio poroso possui a permeabilidade igual a 1 Darcy se a diferença de pressão de 1
atm produzir uma taxa de escoamento de 1cm3/s de um fluido com uma viscosidade igual
a 1 cP através de um cubo com 1cm de lado.
A permeabilidade também pode ser medida em um laboratório a partir de uma amostra,
mas não há um instrumento capaz de medir a permeabilidade directamente no campo.
Entretanto ela pode ser calculada através de equações diferencias ao se submeter o
reservatório a uma condição dinâmica e monitorar as respostas de pressão e temperatura
(Dullien, 1992), esse processo recebe o nome de teste de formação(well­test).
Enquanto o tamanho do grão tem um efeito insignificante na porosidade da rocha, esse
parâmetro tem um efeito predominante na permeabilidade. Isso ocorre porque se lida com
o escoamento e com o atrito do fluido contra a superfície da área dos grãos de rocha. Cada
grão de rocha esta envolvido por uma superfície molhada, onde a velocidade do fluido é
sempre 0 e onde o atrito esta escoando. Dessa forma, para um mesmo fluido e para meios
da mesma porosidade, ocorre um atrito maior quando o fluido passa por um meio
empacotado com grânulos finos do que com grãos mais largos, logo a permeabilidade
será menor nos grãos menores do que nos grãos maiores considerando que ambos tem a
mesma porosidade.

Figura 3.Efeito do tamanho dos grãos na permeabilidade.

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Porosidade e permeabilidade

Potencial para geração e acumulação de Hidrocarbonetos


Um reservatório é uma formação que armazena petróleo, gás natural e água em
proporções variadas. Esses fluidos estão contidos nos poros e cavidades das rochas
sedimentares, interconectados para permitir o movimento fluido no reservatório. Para que
um reservatório apresente potencial para hidrocarbonetos, devem existir as seguintes
condições:
1. Matéria orgânica
A composição química da matéria orgânica é diversificada, refletindo a complexidade dos
organismos da sua origem. Principais constituintes, como proteínas, carboidratos e
lipídios, contribuem para essa diversidade. A geração e preservação da matéria orgânica
dependem de dois requisitos fundamentais: uma alta produtividade orgânica e uma
deficiência de oxigênio, o que vai resultar na formação de uma boa rocha fonte. Os
ambientes de alta produtividade são os seguintes: margens continentais, lagos, mares
restritos e deltas.
2. Maturação
A matéria orgânica posteriormente pode ser dividida em dois componentes: betume e o
kerogênio. O kerogênio é o composto orgânico mais abundante na terra e é um termo
usado para compostos orgânicos complexos cuja composição depende da origem.
Essa substância, composta por diversas proporções de carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O), é classificada em quatro tipos, baseando­se na presença de macerais
específicos. Os macerais predominantes podem ser leptinite, exinite, vitrinite ou
inertinite, e estes podem ser usados para a identificação do ambiente de deposição da
rocha fonte.
Cada variedade de kerogênio está associada à um certo tipo hidrocarbonetos, e sua
presença em uma rocha pode ser identificada por meio de propriedades ópticas, como cor,
fluorescência e reflectância.
3. Reservatório
Um reservatório é uma formação que armazena petróleo, gás natural e água em diferentes
proporções. Estes fluídos estão contidos nos poros e cavidades das rochas sedimentares,
os mesmos encontram­se interconectados permitindo que os fluídos se movam no
reservatório.
A relação entre porosidade e permeabilidade para uma determinada rocha não é
necessariamente próxima ou direta. No entanto, a alta porosidade está frequentemente
associada à alta permeabilidade. Estas não só afectam o potencial de armazenamento de
Hidrocarbonetos, mas afectam também a sua migração onde uma boa permeabilidade vai
facilitar a migração primária e secundária dos hidrocarbonetos. Para que tenhamos um
reservatório com potencial de hidrocarbonetos, devem existir as seguintes condições:
1. A rocha sedimentar deve ter uma porosidade suficiente para conter os fluídos no
reservatório e permeabilidade para permitir o seu movimento
2. As rochas devem conter hidrocarbonetos em quantidades aceitáveis

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Porosidade e permeabilidade

3. Deve haver alguma força motriz natural dentro do reservatório, geralmente água,
que permite a migração secundária
4. Armadilhas
Armadilhas de hidrocarbonetos, por vezes denominadas armadilhas de petróleo, referem­
se a formações subterrâneas em que um reservatório permeável está coberto por alguma
estrutura de baixa permeabilidade. Esta estrutura pode ter diversas configurações, mas
todas elas impedem a migração ascendente dos hidrocarbonetos.
Estas armadilhas são geralmente classificadas em três categorias: estruturais,
estratigráficas e hidrodinâmicas. Armadilhas estruturais originam­se por meio de
processos tectônicos, gravitacionais ou compactacionais. Já as armadilhas estratigráficas
formam­se devido a variações litológicas na deposição ou são geradas por alterações nos
sedimentos ou fluidos durante a diagênese. Por fim, as armadilhas hidrodinâmicas são
menos comuns e resultam da diferença de pressão da água em circulação, criando uma
inclinação no contato entre hidrocarbonetos e água.

Figura 4.Perfil de um sistema petrolífero

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Porosidade e permeabilidade

Referencias bibliográficas
o SUGUIO, Kenitiro- Geologia Sedimentar, Editora Blucher
o SANSONE, Eduardo Cesar-Porosidade das rochas, Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo
o Geologia do Petróleo, PGT - Petroleum Geoscience Technology
o VILANCULO, Oldim L. A. C- Determinação de Porosidade e Tamanho dos poros
a partir de imagens petrográficas usando dados de reservatório de gás, Offshore
da bacia de Moçambique, 2019

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Porosidade e permeabilidade

Conclusão
No presente trabalho fica concluído que o potencial das rochas sedimentares para geração
e acumulação de hidrocarbonetos, é necessário que as mesmas apresentem porosidade e
permeabilidade boa para que haja possibilidade da existência de petróleo, sendo que é de
extrema importância que haja acima dessa formação uma superfície não porosa e
permeável.

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