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Disciplina de Materiais de Construção I

Aula 05
AGLOMERANTES – CIMENTO PORTLAND
Concreto & Cimento

• O consumo mundial atual de concreto é de aproximadamente 23 bilhões


ton/ano.
• Este nível de produção demanda:
• 3,4 bilhões ton. cimento
• 18 bilhões ton. agregados
• 2 bilhões ton. água
• A fabricação de cimento é responsável por ~7% das emissões globais
de CO2.

Fontes: USP, UFBA, UNISINOS , UNIJUI - FAESA


Consumo de CONCRETO

CONCRETO 761
USINAS
23 DE ITAIPU

bilhões
toneladas por
ano
160000
ESTÁDIOS
MARACANÃ

3,3 ton / hab/ano ~10 kg / hab/dia


CIMENTO
Cimento Portland é a denominação convencionada mundialmente para o
material usualmente conhecido na construção civil como cimento.
O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo
inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência
por meio de calcinação de calcários moles e argilosos.
Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente
pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino.
CIMENTO
A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor inglês
Joseph Aspdin, em 1824, que foi responsável pela elaboração do chamado
“Cimento Portland”, que fazia referência a uma ilha britânica detentora de
excelentes jazidas de minério utilizado para cimento, sendo que essas
rochas apresentavam excelentes propriedades de durabilidade e solidez.
Construindo fornos de alvenaria em forma de garrafa, com doze metros de
comprimento, Aspdin alcançou temperaturas elevadas que imprimiam uma
maior qualidade ao seu cimento.
CIMENTO
Alguns pesquisadores supõem que esse tipo de material já teria sido notado
pelo homem pré-histórico, quando o mesmo percebeu que as pedras
próximas às fogueiras soltavam um pó que endurecia com a ação do
sereno.
Uma das mais antigas evidências de uso do cimento aparece nas pirâmides
do Antigo Egito. Naquela época, preocupados em erguer as suntuosas
pirâmides, os egípcios desenvolveram um tipo de cimento fabricado através
de uma mistura de gesso calcinado. Entre os gregos, notamos o emprego
de terras vulcânicas que também endureciam quando misturadas à água.
CIMENTO
As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram
construídas com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega de
Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli, que
possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água.
CIMENTO - Definição

O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes,


aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água (aglomerante
hidráulico).
“Esse tipo de material em contato com a água entra em
processo físico-químico, tornando-se um elemento sólido com grande
resistência à compressão e resistente à água e a sulfatos.”
Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido à ação da
água, o cimento Portland não se decompõe mais.
CIMENTO - Definição

Material em forma de pó constituído de silicatos e aluminatos de cálcio, que ao


serem misturados com água, hidratam-se, endurecem a massa e tendo por
consequência uma elevada resistência mecânica, por isso:
“Misturado com água e outros materiais de construção, tais como: a
areia, a pedra britada, o pó-de-pedra, a cal e outros, resulta nos concretos
e nas argamassas usadas na construção de casas, edifícios, pontes,
barragens, túneis, etc.”
CIMENTO - Composição
O cimento Portland é composto de clínquer e adições.
As adições podem variar de um tipo de cimento para outro e são
principalmente elas que definem os diferentes tipos de cimento.
O clínquer de cimento Portland pode ser definido como um material obtido
através da sinterização de rochas carbonáticas e argilosas, ou outro
material similar que possua composição semelhante e suficiente reatividade.
Estes materiais, previamente moídos, dosados e homogeneizados, são
submetidos a tratamento térmico em forno rotativo, na temperatura de queima
de 1450°C, onde ocorrem fusões parciais e, durante o resfriamento, nódulos
de clínquer são produzidos.
CIMENTO - Composição
Esquema Fabricação de Cimento

CALCÁRIO ARGILA MIN. FERRO SÍLICA


(CaO, MgO, SiO2) (SiO2, Al2O3, Fe2O3) Fundente, Fe2O3 (SiO2, energia)

MOINHO

T ≈ 1450 ºC

CIMENTO
GESSO MOAGEM
CLÍNQUER (~5%) FINAL PORTLAND
Comum
CIMENTO - Composição

CaO - calcário C
SiO2 - sílica S
Al2O3 - alumina A
Fe2O3 - F
MgO - Magnésia
K2O e Na2O Álcalis
SO3 Trióxido de enxofre
CIMENTO - Composição
É a principal matéria prima necessária para a fabricação do cimento.
A composição necessária para a geração do clínquer é corrigida pela
adição de argilas e outros minerais.

Clínquer

Clínquer

Prof. Claudio S. Kazmierczak – Propriedades dos materiais aplicados à construção civil - Cimentos e adições - PPG Eng. Civil - UNISINOS v.2012
CIMENTO - Composição
Matérias primas: Argila
É constituída por silicatos complexos que contém ferro, alumínio, potássio, magnésio,
sódio, cálcio, titânio .
Principais compostos: Al2O3 SiO2 Fe2O3 H2O
Sua composição pode ser corrigida com a adição de areia, bauxita ou minério de ferro.

Prof. Claudio S. Kazmierczak – Propriedades dos materiais aplicados à construção civil - Cimentos e adições - PPG Eng. Civil - UNISINOS v.2012
CIMENTO - Composição
Matérias primas: Gesso

É adicionado ao clínquer com o objetivo de regular o tempo de


endurecimento após a adição de água.

Prof. Claudio S. Kazmierczak – Propriedades dos materiais aplicados à construção civil - Cimentos e adições - PPG Eng. Civil - UNISINOS v.2012
ESTRUTURA FÁBRICA
CIMENTO - Fabricação
Matéria Prima:
Nomenclatura utilizada

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
Via Úmida
A matéria prima é moída e homogeneizada dentro da água.

É a mais antiga e mais eficaz para obter homogeneização de materiais


sólidos. Está em desuso pois requer maior consumo de energia e está
sendo substituída por via seca

Via Seca
A homogeneização se realiza a seco.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
Carvão/Coque/óleo
Depósito de
Mix Combustíveis

Pré-aquecedor
Britador Moinho de Carvão

Calcário
Depósito

Argila
Moinho de Cru
Silos de Cimento Homogeneização Gesso

Separador
Clínquer
Depósito de
Escória ou
Clínquer
Moinho de Cimento pozolana

Calcário

Ensacamento GRANELEIRO

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Extração da matéria-prima
✓ Britagem
✓ Pré-homogeneização e Dosagem
✓ Moagem do “cru”
✓ Homogeneização
✓ Pré-aquecimento
✓ Cozedura
✓ Resfriamento
✓ Moagem e adições
✓ Embalagem e Expedição
CIMENTO - Fabricação
✓ Extração da Matéria-Prima
O primeiro passo na
produção de cimento é
extrair as matérias-
primas, calcário e
argila, das pedreiras. A
exploração de
pedreiras é feita
normalmente a céu
aberto e a extração da
pedra pode ser
mecânico ou com
explosivos.
Mina extração de Calcário
FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Britagem
O material, após extração, apresenta-se em blocos, sendo necessário reduzir
o seu tamanho a uma granulometria adequada.

Transporte e britagem de Calcário


FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Pré-homogeneização e Dosagem
O material britado é transportado para a fábrica e armazenado em silos verticais ou
armazéns horizontais.

Essa armazenagem pode ser combinada com uma função de pré-homogeneização


que consiste em colocar por camadas o calcário e a argila.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Pré-homogeneização e Dosagem

As matérias-primas selecionadas são depois dosadas, tendo em consideração a


qualidade do produto a obter (clínquer).
Essa dosagem é efetuada com base em parâmetros químicos pré-estabelecidos.

Clínquer

75-80% de calcário 20-25% de argila.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Pré-homogeneização e Dosagem
Silos Verticais

Armazém Horizontal

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Moagem do “Cru”

Definida a proporção das matérias-primas, elas são retomadas dos locais de


armazenagem e transportadas para moinhos onde se produz o chamado "cru“
(mistura finamente moída).

Simultaneamente à moagem ocorre um processo de adição de outros materiais:


areia (SiO2), cinzas de pirite (Fe2O3) e bauxite (Al2O3), de forma a obter as
quantidades pretendidas dos compostos que constituem o "cru": cálcio, sílica,
alumínio e ferro, essenciais na fabricação do cimento.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Moagem do “Cru”

Moinho de cru vertical


FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Homogeneização

A mistura de “cru”, devidamente dosada e com a finura


adequada, deve ter a sua homogeneização assegurada para
permitir uma perfeita combinação dos elementos
formadores do Clínquer.

A homogeneização é executada em silos verticais de


grande porte, através de processos pneumáticos e por
gravidade.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Homogeneização

Silo de Homogeneização FONTE: FAESA


CIMENTO - Fabricação
✓ Pré-aquecimento
Antes do “cru” entrar no forno, este será aquecido ao passar
pela torre de ciclones, onde é iniciado a fase de pré- Mistura Gás
Crua
aquecimento.
400 ºC

Na torre dá-se a descarbonatação e


inicia-se a pré-calcinação do material.

Forno
900 ºC
Arrefecimento 1450 ºC
de Clínquer
150 ºC
Temperatura da chama é de 2000 ºC FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Cozedura

Com as transformações físico-químicas ocorridas na torre de ciclones devido às


variações térmicas, o "cru" dá lugar à farinha, produto apto para entrar no forno.

Ao entrar no forno, a farinha desloca-se lentamente


até ao fim deste passando por um processo de
clinquerização (1300~1500ºC), resultando no clinquer,
produto com aspecto de bolotas escuras.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação

✓ Cozedura

Forno: Cozedura Torre de Ciclone: Pré-aquecimento


FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Cozedura
No forno a farinha sofre as seguintes transformações:

➢ A secagem da pasta na temperatura de 100º C;


➢ A carbonatação, na temperatura de 500º C a 900º C, onde o calcáreo se
transforma em óxido de cálcio pela reação:
CaCO3 → CaO (cal) + CO2 (gás carbônico).
(100%) (56%) (44%)

➢ Reação da sílica e alumina com o CaO na temperatura de 900º C a 1200º C;


➢ Formação dos compostos cristalinos do clinquer, que são os aluminatos e
silicatos de cálcio, na temperatura de 1450º C. (principais)

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Cozedura
➢A primeira reação que se processa é a reação do óxido de ferro com a
alumina e a cal, formando ferro aluminato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 –
(C4AF), até esgotar-se o ferro.

➢ A segunda reação é a combinação da alumina com o excedente de CaO


formando o aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 - (C3A), até esgotar-se a
alumina.

➢ Finalmente, acontece a formação do silicato tricálcio 3CaO.SiO2 - (C3S) e


o silicato dicálcico 2CaO.SiO2 - (C2S) podendo ainda resultar CaO livre em
pequenas quantidades.

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Resfriamento

Uma vez cozido, o clínquer sai do forno e segue para o arrefecedor onde sofre uma
diminuição brusca de temperatura que lhe confere características importantes do
cimento.

O calor transportado pelo clínquer é transferido para o ar que é recuperado,


melhorando assim o rendimento térmico do processo.

Arrefecedor

Clínquer

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
✓ Moagem e Adições
O cimento resulta da moagem do Clínquer, Gesso e Aditivos (cinzas volantes,
escórias de alto forno, filler calcário) que irão dar as características ao cimento.

Após a moagem, o cimento produzido é normalmente transportado por via


pneumática ou mecânica e armazenado em silos ou armazéns horizontais.

Moinho de Bolas

FONTE: FAESA
CIMENTO - Fabricação
A remessa do cimento ao mercado pode ser feita de duas ✓ Embalagem e
maneiras: a granel ou em sacos.
Na forma de granel é transferido diretamente do silo de Expedição
armazenagem para caminhões-cisterna, cisternas para
transporte ferroviário ou para navios de transporte de
cimento.
Na forma de saco, o cimento é embalado (através de
máquinas ensacadeiras) e depositados em paletes.
Imagens de expedição e transporte do
cimento (granel e sacos paletizados)

FONTE: FAESA
COMPOSIÇÃO DO CIMENTO
Matéria-prima Compostos Abreviação

Calcário 3CaO.SiO2 C3S (silicato tricálcico)


(CaO + SiO2 +
Fe2O3 + CO2) 2CaO.SiO2 C2S (silicato dicálcico)

3CaO.Al2O3 C3A (aluminato tricálcico)


Argila
(SiO2 + Al2O3 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF (ferro aluminato tetracálcico)
+ Fe2O3 + H2O)

Sílica
(SiO2)
COMPOSIÇÃO DO CIMENTO

RESUMO DA
FORMAÇÃO
DO
CLÍNQUER

Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 (de 20 a 65%) C3S (alita)


Silicato bicálcico 2CaO.SiO2 (de 10 a 55%) C2S (belita)
Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 (de 0 a 15%) C3A
Alumino ferrato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 (de 5 a 15%) C4AF (celita)
MgO
Alcális
Cal LIvre
COMPOSIÇÃO DO CIMENTO
Outros componentes do cimento Portland que apresentam importância são:
• Óxido de magnésio – MgO
Se o óxido de magnésio cristalizar-se, transformando-se em periclase, poderá sob
certas condições de umidade transformar-se em brucita, que é um elemento
expansivo;
• Álcalis
Os álcalis presentes no cimento são os óxidos de sódio e de potássio, com os quais
se determina o equivalente alcalino, expresso em Na2O, mediante a expressão Na2O
+ 0,658K2O.
OBS:
Quando o equivalente alcalino é superior à 0,4% e o agregado utilizado com o
cimento apresenta determinadas características mineralógicas, existe a
probabilidade, em condições especiais de umidade, desses agregados reagirem com
os álcalis do cimento, reação essa de caráter expansivo, designada por reação
álcalisílica, álcali-silicato e álcali-carbonato, dependendo daquelas
característicasmineralógicas dos agregados;
COMPOSIÇÃO DO CIMENTO

• Cal livre
Na mistura do calcário com a argila para a formação do clínquer, nem
todo o CaO combina com a sílica e alumina, existindo portanto um
pequeno excesso de CaO, denominado de cal livre, que não deve
ultrapassar o teor de 2%.

Quando este teor é elevado, a reação desta cal com a água


provoca expansões e grande liberação de calor trazendo problemas no
uso do aglomerante.
ADIÇÕES ao Clínquer
Gesso – 3% ,controlar o tempo de pega,
Escórias de Alto-forno - obtidas durante a produção de ferro-gusa nas indústrias siderúrgicas
e se assemelham aos grãos de areia – ligante hidráulico – melhora resistências e outras
características como durabilidade.
Materiais ricos em sílica (SiO2) amorfa

Cinza volante – rejeito das termelétricas – cinza da queima do carvão vegetal.

Sílica ativa – rejeito da fabricação do ferro silício.

Cinza de casca de arroz – rejeito da agricultura


ADIÇÕES ao Clínquer
Materiais carbonáticos
São rochas moídas, que apresentam carbonato de cálcio.
Serve também para tornar os concretos e as argamassas mais trabalháveis, pois
são materiais finos, funcionando como um verdadeiro lubrificante.
Quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário.
Vídeo: Como se faz o cimento 6’16”
A produção de cimento
Impacto Ambiental
POPULAÇÃO CONSUMO

ATIVIDADES INDUSTRIAIS

CONSUMO ENERGÉTICO

NÍVEIS DE POLUIÇÃO

USO DE RECURSOS NATURAIS


Cimento: Emissões de CO2
• Processo de calcinação
CaCO3 → CaO + CO2
1kg → 0,56kg + 0,44kg
• Considerando o consumo energético
• A cada 1000kg de clínquer, gera-
se aproximadamente 900kg de
CO2 Grandes desafios:
• Calcinação → ~52% Elevada emissão de CO2
Elevado consumo energético
• Energia → ~48% Consumo de matéria-prima não
renovável: calcário e argila
HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
• Após a adição de água ao cimento Portland os cristais que imediatamente
reagem com ela são os de C3A, reação esta que seria quase instantânea
não fosse a ação de retardamento provocada pelo gesso.
• A seguir reagem com a água os cristais de C3S e somente a partir de 7
dias é que se inicia a reação do C2S com a água, tal reação é lenta e
ocorre por bem mais de 28 dias.
• A alta resistência inicial é dada pelo C3S e pelo grau de moagem do
clínquer.
No entanto desta reação resulta muita cal hidratada, que poderá
comprometer a estabilidade química do cimento.
Este composto é solúvel, sendo motivo de desagregação do concreto, pois
em contato com águas sulfatadas, forma etringita (sal de Candlot) que é
expansiva.
HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
Componentes da hidratação:
Aluminatos
Silicatos
Hidróxido de cálcio
Aluminatos - são responsáveis pela perda de consistência e pela solidificação inicial
da pasta de cimento.
• Silicatos hidratados
São cristais insolúveis denominados de tobermorite;
• Hidróxido de cálcio
Os cristais de hidróxido de cálcio, denominados de portlandite ou cal de hidratação
são oriundos principalmente da reação de C3S com água. São cristais solúveis na
água e, portanto, lixiviáveis quando ocorre percolação através do concreto.
Esta cal dissolvida também pode reagir com o CO2 do ar, formando carbonato de
cálcio, que é um sal insolúvel e gera eflorescências brancas.
Os sulfatos da água do mar também reagem com esta cal formando sulfato de cálcio
que se combina com a alumina do C3A formando sulfoaluminato de cálcio (etringita)
que é expansivo.
Silicatos

Produzem cálcio-silicatos hidratados (denominados C-S-H) que


determinam as propriedades no estado endurecido.
também é retardado pelo gesso.

2C3S + 6H → C3S2H3(61 %) + 3CH(39 %) Maior resistência


2C2S + 4H → C3S2H3(82 %) + CH (18 %)  ao ataque químico

• O fenômeno de hidratação dos silicatos é o mais importante para a


determinação das características no estado endurecido.

Pror. Marlova P. Kulakowski - Materiais de Construção Civil II – Aglomerantes – Eng. Civil - UNISINOS
C3S - silicato tricálcico (Alita)
Silicatos
➢É o principal responsável pela resistência e propriedades mecânicas do cimento
➢São cristais de forma poligonal, denominados de alita
➢É a fase que reage mais rapidamente com a água: a hidratação é rápida (inicia em
poucas horas) e mediamente exotérmica
➢Percentual do clínquer: 20% a 65% da massa do clínquer

C2S – silicato dicálcico (Belita)


➢Juntamente com a alita, é responsável pela resistência e propriedades mecânicas do
cimento
➢São cristais sem forma muito definida, mas geralmente arredondados
➢Reage lentamente com a água: após cerca de um ano, atinge a mesma resistência
da alita, por isso Contribui para o desenvolvimento da resistência mecânica do
cimento, principalmente em idades mais avançadas
➢A hidratação é lenta, e não gera muito calor
➢Percentual do clínquer: 10% a 55% da massa do clinquer
C3A - Aluminato tricálcico Aluminatos
➢Inicia sua reação em grande velocidade, e continua sua hidratação até
idades mais avançadas. Contribui pouco para o acréscimo de resistência do
cimento
➢São cristais que têm aspecto variável, sendo em geral pequenos e mal
formados, apresentando pega instantânea com altíssimo calor de
hidratação.
➢Provoca pega instantânea: Em função de sua reação rápida, é altamente
exotérmico
➢Reage com sulfatos, gerando produtos expansivos
➢Percentual do clínquer: 0% a 15% da massa do clinquer
➢Contribui para a “pega” (endurecimento inicial) do cimento
➢Possui elevado calor de hidratação
➢Pode acarretar problemas de durabilidade se presente em elevados teores

6  Ca  2+ +  3SO4 2- +  AlO4  - + aq → C6AS3H3(2)


Etringita (primeiro hidrato a cristalizar-se)
Aluminatos

C4AF – ferroaluminato tetracálcico

•Inicia suas reações logo após as reações do C3A, em grande velocidade,


porém baixa muito sua velocidade de hidratação em idades mais
avançadas.
•Contribui pouco para o acréscimo de resistência do cimento
•Em função de sua reação rápida, é mediamente exotérmico
•É o composto que confere cor ao cimento
•Também é retardado pelo gesso.
•Percentual do clínquer: de 5 a 15%
Resumo das propriedades dos compostos do cimento

Propriedades C3S C2S C3A C4AF

Resistência à compressão em
Boa Fraca Boa Fraca
primeiras idades

Resistência à compressão em
Boa Boa Fraca Fraca
idades posteriores
(>C3S)

Velocidade de hidratação Média Lenta Rápida Rápida

Calor gerado Média Pequena Grande Média


(cal/g) 120 60 320 100

Resistência a agressividade Média Boa Fraca Fraca


HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
Representação esquemática macroscópica
• Grãos de cimento + água → formação do gel (liberação de calor e
retração química) → densificação
1. Amassamento (mistura)
• Grãos dispersos em água.
2. Hidratação superficial (minutos):
• Grãos afastados; interrupção da hidratação
3. Reação com cristalização de “agulhas”(horas):
• Início da pega: cristais se tocam;
• Fim da pega: formação de gel contínuo
4. Reforço das ligações do gel (dias)
• Formação dos cristais.

Pror. Marlova P. Kulakowski - Materiais de Construção Civil II – Aglomerantes – Eng. Civil - UNISINOS
Etapas de hidratação de
uma partícula de cimento:
C3S - silicato tricálcico;
C2S - silicato bicálcico;
C3A - aluminato tricálcico;
C4AF - aluminoferrato
tetracálcico;
C-S-H - silicato de cálcio
hidratado;
AFt – tri-sulfoaluminato de
cálcio hidratado;
AFm – mono-sulfoaluminato
de cálcio hidratado.
Dimensões: partícula de
cimento - 1 a 90 µm; C3S -
25 a 65 µm; C2S - 20 a 40
µm; C3A - 1 a 60 µm.

http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-83122009000200006 59
Clínquer de cimento Portland: hidratação

Hidratação
C3A + H20 => C6A S3H3(2) - etringita
C4AF + H20 => etringita
C2S e C3S + H20 => C - S – H
Outros produtos: C – H (20% a 25% do total)

etringita
C-S-H Silicatos hidratados de cálcio

C-H
Hidróxido de
cálcio

Prof. Claudio S. Kazmierczak – Propriedades dos materiais aplicados à construção civil - Cimentos e adições - PPG Eng. Civil - UNISINOS v.2012
Água na Hidratação
Água NÃO EVAPORAVEL
• É a água necessária para a completa hidratação do cimento.
• Da ordem de 23% do peso do cimento (a/c=0,23).
• Sofre retração de 25% de volume ao reagir com o cimento.
• Retração química ou autógena (irreversível)
✓Água intramolecular (água de gel) - presente entre as camadas de C-S-H,
sendo perdida somente por secagem com umidade inferior a 11% (retração
autógena);
✓Água quimicamente combinada - integrante da estrutura dos produtos
hidratados do cimento (C-S-H, Ca(OH)2, sulfoaluminatos de cálcio
hidratados).

61
Água na Hidratação
Água EVAPORÁVEL 15 a 20% do peso do cimento (A/C=0,20);
• RESPONDEM PELA RETRAÇÃO POR SECAGEM
✓Água capilar - livre das forças de atração exercidas pela superfície sólida (água
livre ou retida por tensão capilar);
• Necessária para conferir a trabalhabilidade ao concreto.
• Está dispersa entre os grãos de gel, formando uma rede de canais capilares
• Aumenta a permeabilidade
• Diminui a resistência mecânica
• Responsável pela RETRAÇÃO HIDRÁULICA (parcialmente reversível)
Quanto mais rápido sai á água do concreto, mais fissuras terá

✓Água adsorvida - refere-se àquela água próxima da superfície do sólido, sob


influência das suas forças de atração.

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Água na Hidratação
Vazios presentes na pasta endurecida:

✓ Espaço intramolecular do C-S-H - vazio existente entre as camadas de C-S-H,


não tendo influência quanto à resistência e permeablidade.

✓ Ar incorporado - vazios obtidos por meio de aditivos (50 a 200µm), a fim de


incrementar a trabalhabilidade, ou durante a operação de mistura (até 3mm) - ↓
resistência e ↑ permeabilidade.
✓ Vazios capilares - espaço não preenchido pelos componentes sólidos da pasta (cimento
anidro + água = produtos de hidratação + vazios) – porosidade
o m„ acroporos (>50nm) - ↓ resistência e ↑ permeabilidade;
o microporos (<50nm) - retração por secagem e fluência.

A fluência é uma deformação no concreto que depende do carregamento atuante.


Corresponde a uma contínua (lenta) deformação do concreto, que ocorre ao longo do tempo,
sob a ação de cargas permanentes.
1. Qual a definição de cimento?
EXERCÍCIOS
2. De que o cimento é composto?
3. O que é clinquer?
4. Quais são os materiais da composição do cimento, e suas abreviações?
5. Para que é adicionado o gesso no cimento?
6. Quais são as etapas do processo de produção do cimento?
7. No forno de cozedura de produção do cimento, ocorre a formação dos compostos cristalinos do clinquer, quais
são eles, e suas abreviações?
8. Quais são as adições principais ao clinquer?
9. O que são materiais carbonáticos e como eles atuam em concretos e argamassas quando presentes no
cimento?
10. Qual é o principal problema ambiental da produção de cimento?
11. Durante a hidratação do cimento, os 4 compostos básicos do cimento desempenham suas funções. Quais são
as funções e características de cada um deles (C3S, C2S, C3A e C4AF).
12. Como podemos classificar a água na hidratação do cimento, fale sobre elas.
13. O que são vazios capilares?
Sempre que precisar converse com um saco de
cimento. A gente só pode acreditar naquilo que
um dia pode se tornar concreto.
Alexsandra Paiva

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