Você está na página 1de 22

Engenharia Civil

COMPARAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO CONCRETO PRODUZIDO COM SEIXOS


ROLADOS E DO CONCRETO PRODUZIDO COM BRITA
COMPARISON OF RESISTANCE OF CONCRETE PRODUCED WITH ROLLED PEBBLES AND
CONCRETE PRODUCED WITH BRITA
Como citar esse artigo:

JESUS, Antônio Josiel; FILHO, Fernando Silva; MEDEIROS, Flávio


Eduardo Rodrigues; CORREA, William: COMPARAÇÃO DA
RESISTÊNCIA DO CNCRETO PRODUZIDO COM SEIXOS ROLADOS
E DO CONCRETO PRODUZIDO COM BRITA. Anais do 1° Simpósio de
TCC, das faculdades FINOM e Tecsoma. 2019; 582-603

Antônio Josiel de Jesus1, Fernando Silva Filho1, Flávio Eduardo Rodrigues Medeiros1, William Correa2
1 Acadêmicos do Curso de Engenharia Civil
2 Professor e Orientador Curso de Engenharia Civil

Resumo: Esse trabalho apresenta uma comparação entre a resistência de dois tipos de concretos feitos
com dois tipos distintos de agregados graúdos. A análise dos resultados do traço foi feita através de testes
de compressão em laboratório, e comparando suas resistências, indicando, assim, se o concreto produzido
com material britado, como agregado graúdo, tem melhor resistência se comparado com o concreto
produzido com seixos rolados no lugar da brita.

Palavras-chave: Agregado; Compressão; Comparação; Resistência.

Abstract: This work presents a comparison between the resistance of two types of concretes made with two
types of different aggregates. The analysis of the results of the traces will be done through laboratory
compression tests, and compared their resistance, thus indicating if the concrete produced with material
crushed as a large aggregate, has better resistance when compared with the concrete produced with rolled
pebbles in place of the gravel.
Keywords: Aggregate; Compression; Comparison; Resistance.
1 1 1
Contato: antoniojosiel27@gmail.com ; fernando_silvafsf@hotmail.com ; flavio_eduardo23@hotmail.com ;

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, nas obras civis de maior porte utiliza-se, na maioria das vezes,
grandes quantidades de concreto realizado com material britado, devido ao seu fácil
acesso e comercialização no mercado próximo as obras, além do baixo custo oferecido
ao consumidor, aumentando assim o seu consumo e tornando-se hábito a utilização
desse único material agregado graúdo.
Os seixos rolados como agregado graúdo não são de comum utilização na nossa
região por ser um material difícil de ser encontrado no mercado e também com custo mais
elevado, mas com boas características mecânicas para fabricação de concretos, sendo
que este foi utilizado para efeito de estudo de resistência em um traço pré-determinado.
583

Foram apresentados dados e comparado qual concreto atingiu melhor resistência a


compressão ao término dos 28 dias.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1- Agregados

PETRUCCI (1978) fala que os materiais granulares são aqueles que apresentam
formas e volumes indefinidos, onde suas dimensões são adequadas para a utilização em
várias áreas da engenharia. São matérias granulares provenientes da britagem da rocha,
materiais extraídos dos leitos dos rios (seixos rolados) e materiais encontrados em
abundância em meios naturais (jazidas). Os agregados são de grande importância para a
economia do concreto e em suas características físicas, como a sua resistência. YAZIGI
(2009), citado por HABITZREITER (2015), define que:
1. Filler atravessa a peneira de nº 200, normalmente encontrado no fundo dos tanques de
lavagem de britas.
2. Areia é um material natural passante na peneira de 4,8mm.
3. Pó de pedra, material retirado através da moagem de rocha passante na peneira de
4,8mm.
4. Seixos rolados são materiais naturais encontrados em jazidas ou em leitos dos rios que
ficam retidos em peneiras de 4,8mm.
5. Britas são rochas britadas retidas na peneira de 4,8mm comercialmente divididas em:
pedrisco que vai de 4,8 a 9,5mm, brita 1(um), que vai de 9,5 a 19mm, brita 2(dois), que
vai de 19 a 38mm e brita 3(três), que vai de 38 a 76mm.

Figura 01- Classificação quanto ao peso unitário dos agregados.

Fonte: Reproduzido de Bauer (2012, p. 64)


584

2.2- Aglomerantes

De acordo com BAUER (1999), os aglomerantes são produtos com função de fixar
e, até mesmo, aglomerar alguns tipos de materiais. Esses aglomerantes são materiais
obtidos através da calcinação da própria rocha natural sem transformação de qualquer
tipo de adição; os aglomerantes artificiais, que também são originados por calcinação e
misturas de pedras através de composição já conhecida e dosificada. Já o aglomerante
aéreo, simplesmente não endurece se não estiver ao ar livre, além de ter pouca ou
nenhuma presença de argila, não podendo realizar qualquer tipo de trabalho com água;
aglomerantes hidráulicos obtém-se uma boa cura tanto ao ar quanto na água com
proporção adequada de argila.

2.3- Cimento Portland

PETRUCCI (1978) cita que o cimento Portland é o resultado da moagem do


material clínquer obtido através do cozimento até a fusão do incipiente, sendo mais ou
menos 30% de fase líquida de mistura de calcário, argila dosada e homogeneizada para
que o cal se misture e combine com a argila sem prejudicar o cozimento.
Para AMBROZEWICZ (2012), além do cimento ser um pó fino ele também contém
propriedades aglutinantes chegando a ação de endurecimento com obtenção da água,
sendo assim um aglomerante hidráulicos. Depois do seu estado endurecido mesmo sob
influência da água ele não se deteriore.
Segundo a ABCP o cimento tem propriedades aglomerantes e é encontrado como
um pó fino que endurece quando em contato com água. Na forma de concreto pode-se
dizer que quando seco tem características de uma rocha artificial, sendo muito consumido
pela humanidade.

2.4- Tipo de cimento Portland

Segundo AMBROZEWICZ (2012), para facilitar a compressão e o entendimento


quanto ao cimento Portland, foi designado letras iniciais como: CP que identifica (Cimento
Portland) seguido de números em algarismo romano l ao V para indicar o tipo de cimento,
já a sua resistência, a compressão indicada pelos números (25, 32 e 40) que pode ser
determinada através de corpos de prova padrão.
585

2.4.1- Classificação dos cimentos Portland e suas adições

 Cimento Portland Comum (CP l): Tendo apenas o gesso como aditivo para regularizar a
pega.
 Cimento Portland Composto (CP ll): Sendo o tipo de cimento Portland que se encontra
entre o cimento comum e o cimento com adição de escória ou pozolana.
 Cimento Portland de alto-Forno (CP lll): É produzido com adição de escória granular de
alto forno. Por tanto a escória proporciona propriedade hidráulica ao concreto.
 Cimento Portland Pozolânico (CP IV): Adicionando a pozolana ao clínquer, após a
moagem a reação dos mesmos com hidróxido de cálcio aumenta as propriedades
aglomerantes do cimento.
 Cimento Portland de alta resistência inicial (CP V- ARI): Devido a adição de calcário e
argila ao clínquer obtém-se alta resistência aos primeiros dias da sua aplicação.

Figura 02 - Nomenclatura dos cimentos Portland


NOME TÉCNOLOGICO SIGLA CLASSE IDENTIFICAÇÃO

25 CPI-25
Cimento Portland 32 CPI-32
CPI
Cimento Portland Comum 40 CPI-40
Comum;
(NBR-5732) 25 CPI-S-25
Cimento Portland
CPI-S 32 CPI-S-32
Comum com Adição
40 CPI-S-40
Cimento Portland
25 CPII-E-25
Comum composto CPII-E
32 CPII-E-32
com Escoria
40 CPII-E-40
Cimento Portland Cimento Portland
25 CPII-Z-25
Comum; Comum composto CPII-Z
32 CPII-Z-32
(NBR-11578) com Pozolana
40 CPII-Z-40
Cimento Portland
25 CPII-F-25
Comum composto CPII-F
32 CPII-F-32
com Filler
40 CPII-F-40

Cimento Portland de alto-forno 25 CPIII-25


CP-III
(NBR5735) 32 CPIII-32
40 CPIII-40
Cimento Portland Pozolânico
(NBR 57360) CP-IV 25 CP-IV-25
32 CP-IV-32
Cimento Portland alta Resistência
CP-V-ARI
Inicial (NBR 5735) - CP-V-ARI

Fonte: Ambrozewicz (2012, p. 87)


586

2.5- Água

Segundo YAZIGI (2014), a água desenvolve o papel de tornar o concreto maleável


facilitando o seu transporte, adensamento em formas, assim como reagir quimicamente
com o cimento. Ainda, com YAZIGI (2014), a quantidade de água no concreto melhora
sua trabalhabilidade, porém a quantidade excessiva dessa água pode diminuir a
resistência do concreto. Já AMBROZEWICZ (2012) cita que a água para a fabricação do
concreto deve ser isenta de substâncias estranhas ou prejudiciais aos aglomerantes.
Sendo satisfatórias águas potáveis com teores de PH variando entre 5,8 e 8,0.

2.6- Concreto
2.6.1- Concreto de cimento Portland
Para BAUER (2000), o concreto é uma mistura homogênea dos agregados,
aglomerantes, aditivos e água. Já YAZIGI (2014), fala que o concreto do cimento Portland
é composto pela mistura de aglomerantes, agregados e água, tendo esta mistura boa
plasticidade no início da sua preparação, ponto importante para sua trabalhabilidade. E
depois do seu endurecimento, suas características de projeto incluem resistência à
compressão e tração.
Segundo PETRUCCI (1978), os adicionantes têm a função de modificar as
propriedades químicas e físicas do concreto como: impermeabilização, diminuição de
calor para menos perda de água e aumento da resistência do concreto no seu estado de
rigidez.

2.6.1.1- Propriedades do concreto não endurecido e endurecido

AMBROZEWICZ (2012) afirma que temos como propriedade do concreto fresco a


consistência que se relaciona com a fluidez variando com a quantidade de água. A
medida da consistência do concreto é o que define a trabalhabilidade do mesmo, essa
consistência pode ser afetada pela temperatura ambiente. Já no concreto endurecido
temos a resistência mecânica como principal característica, seguido a durabilidade,
permeabilidade e absorção de água, ponto importante para evitar danos futuros, devido
aos ataques da água a estrutura metálica utilizada nos concretos armados. YAZIGI (2014)
cita algumas propriedades importantes para o concreto não endurecido e concreto
endurecido:
587

2.6.1.2- Concreto não endurecido:


 Trabalhabilidade
 Exsudação (transpiração)
 Tempos de início e de fim de pega.
2.6.1.3- Concreto endurecido:
 Resistência aos esforções mecânicos
 Propriedades técnicas
 Deformações em face das ações extrínsecas e soluções mecânicas
 Permeabilidade
 Durabilidade diante da ação do meio ambiente.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1- Área de estudo

A área de estudo está diretamente ligada à fabricação de concreto estrutural.


3.2- Materiais e equipamentos
3.2.1 Cimento
O tipo de cimento utilizado é o CP ll 32, que atende os requisitos da norma para
classe de agressividade adotada a fins de estudos comparativos entre os dois tipos de
concreto, segundo a NBR 6118, figura abaixo, classe de agressividade 2 para uma
melhor resistência.
Figura 03- Classe de agressividade Ambiental (CAA)

Fonte: NBR- 6118 item 6.1 da norma (2014,p.16)


588

3.2.2- Agregado

Foram utilizados agregados que seguem a classe característica de granulometria,


sendo minerais compostos por grãos duros conforme cita a NBR 07211.
Para agregados graúdos, foram utilizados materiais britados passantes na peneira
de 31,5mm e retidos na peneira de 25mm e seixos rolados também passantes na
peneira de 31,5 mm e retidos na peneira de 25 mm conforme a figura 04.

Figura 04 - Limites da distribuição granulométrica do agregado graúdo

Fonte: NBR 07211-Limites de distribuição do agregado graúdo. (2005, p. 08)

Já os agregados miúdos, foram utilizados conforme a norma NBR 07211 (figura


05) um módulo de finura que trabalhe dentro da zona caracterizada como ótima para o
teste de comparação dos dois tipos de concreto.

Figura 05 - Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo

Fonte: NBR 07211-Limites de distribuição do agregado miúdo. (2005, p. 05)


589

3.2.3- Água
A água utilizada na fabricação dos dois tipos de concreto veio do abastecimento
público, sendo uma água boa para fabricação de concretos e sem precisão de ser
ensaiada, segundo a NBR 15900.

3.2.4- Equipamentos para elaboração dos corpos de prova e ensaios

Os equipamentos utilizados para moldagem dos corpos de prova, seguiram os


requisitos da norma NBR 5738 (2015), já para os equipamentos de teste à compressão
seguiram os requisitos da NBR 5738 (2015). Já os demais equipamentos utilizados
foram para mistura e homogeneização do concreto: pás, baldes, mangueiras, carrinho
de mão, balança, dosadores, peneiras e EPIs, segundo especificações do próprio
fabricante.

3.3- Metodologia
3.3.1- Definição do traço

A elaboração do traço foi definida de acordo com as normas da Associação


Brasileira de Cimento Portland – (ABCP)
PETRUCCI (1978) cita que o traço se origina por indicar a quantidade dos
elementos contidos no concreto, tendo em vista que deve-se colocar o cimento sempre
como referência, representando a sua quantidade em quilos, litros, saco e quantidade
presente em um metro cúbico de concreto, já os demais componentes presentes no
traço são representados pelo seu volume, apresentando-se como traço misto. YAZIGI
(2014) fala que o concreto deve ser dosado em proporções determinadas para que após
a cura, esse, atinja os valores de resistência pré-estabelecidos no projeto. Ele ainda
coloca que pode se adotar traços com base em experiências de outras obras, desde que
os materiais tenham as mesmas características utilizadas anteriormente e explica que
esse costume é aceito para pequenas edificações, ainda Yazigi (2009), descreve que
para determinação do traço deve ser fixado o Fck do concreto, resistência característica
a compressão prevista para os 28 dias esperados para comprovar a resistência.
590

3.3.2- Definição da preparação do concreto

YIAZIGI (2014) defende que fabricação do concreto se dá pela mistura de um ou


mais agregados e água, com um aglomerante, de acordo com um traço pré-estabelecido
para um determinado tipo de projeto. Ademais, AMBROZEWICZ (2012) cita que a
preparação do concreto nada mais é que a mistura dos componentes do traço.

3.3.3- Elaboração do traço de concreto para o teste de resistência a


compressão

PETRUCCI (1978) demonstra o traço da seguinte forma: 1: m: g: Observação: m


- kg de agregado miúdo por kg de cimento; g - kg de agregado; graúdo por kg de
cimento e a - kg de água por kg de cimento.

Fck do concreto aos 28 dias

 fc28 = fck + 66 ( kg/cm²) controle rígido da concretagem


 fc28 = fck + 90 (kg/cm²) para assegurar um bom desempenho da concretagem.
 fc28 = fck + 115 (kg/cm²) moderado controle da concretagem.

De acordo com RODRIGUES (2005) citado por HABITZREITER (2015), pode-se


seguir os métodos citados pela ABCP para definir a dosagem de concreto de um traço.
São eles:

1° Passo: determinação da relação água/cimento.


Desvio-padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto
de acordo com a figura 7.

Figura 07- Desvio-padrão a ser adotado em função da condição de


preparo do concreto

Fonte: Reproduzida da NBR 12655 (ABNT, 2015)


591

O trabalho aplicou-se a Condição B para as classes C10 e C20, o cimento em


massa e a agua em volume com dispositivo para dosar. Os agregados medidos em
massas de acordo com a (NBR – 12655 ABNT 2015, p.17).
Encontrado o desvio padrão, pode-se então calcular a resistência do concreto
aos 28 dias diante da fórmula citada pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento
Portland).

Fórmula 01- Resistência a compressão a n dias (n – idade do concreto a


ser analisado referente ao tempo de cura)

𝑓𝑐𝑗 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 ∗ 𝑠𝑑

Fonte: ABCP

Adota-se o desvio padrão em função de preparo do concreto com o resultado


obtido através do fc28, definindo o fator a/c pretendido ao concreto com base a
resistência desejada. Assim utilizando a curva de Abrams diante da figura 08.

Figura 08 - Curva de Abrams

Fonte: BAUER (2000, p.163).

Com o resultado obtido através da curva de Abrams, verificar o fator a/c do


concreto com relação a classe de agressividade ambiental (NBR 6118 – ABNT, 2003,
p.16).
592

Figura 09 - Classe de agressividade ambiental

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2003, p.16)

Já com a agressividade ambiental do concreto determinada, pode-se verificar a


agressividade correspondente a qualidade do concreto diante da figura abaixo:

Figura 10 - correspondente entre classe de agressividade e qualidade do


concreto

Referência: NBR 6118 (ABNT, 2003, p.18)

Obtido os resultados da relação a/c através da curva de Abrams e classe de


agressividade ambiental, utiliza-se o menor valor para a relação água cimento.

2º Passo: Consumo de materiais.

Água: Com o diâmetro máximo do agregado já definido e o abatimento


desejado pode-se determinar o consumo de água em l/m³ de acordo com a figura
abaixo:
593

Figura 11 - Consumo de água em (l/m³)

Referência: AMBROZEWICZ (2012, p.160)

Consumo de cimento: o consumo de cimento se dá através do consumo de


água em l/m³ pela relação água /cimento.

Fórmula 2 - Consumo de cimento

Referência: ABCP

Consumo de agregado graúdo: Para encontrar o consumo de agregado graúdo


emprega-se o diâmetro máximo característico do mesmo sempre em mm, além do
modulo de finura (MF) do agregado miúdo. O consumo do agregado graúdo é dado em
volume compactado a seco, levando em consideração um m³ de concreto. Como mostra
a Figura 12 abaixo.
Figura 12 - Consumo de agregado graúdo

Referência: AMBROZEWICZ (2012, p.161)


594

Volume compactado seco de agregado graúdo (m³/m³ de concreto): utiliza-se a


fórmula 03 para converter o volume de agregado graúdo compactado dado por m³ em
unidade de massa, sendo kg/m².

Fórmula 03 - Conversão de volume m³ do agregado graúdo para massa


kg/m².
𝐶𝑏 = 𝑉𝑐 ∗ 𝛿𝑏

Referência: ABCP

Sendo: Cb: Consumo de brita, Vc: Volume compactado seco de agregado graúdo,
δb: Massa unitária compactada de agregado graúdo. Consumo de agregado miúdo:
Para determinar o volume de agregado miúdo (Vm) utiliza-se a equação abaixo:

Fórmula 4 – Determinação de volume do agregado miúdo

Referência: ABCP

Sendo: Cc: Consumo de Cimento Vm: Volume de agregado miúdo Ca: Consumo
de água Cb: Consumo de agregado graúdo γa: Massa específica da água γc: Massa
específica do cimento γb: Massa específica do agregado graúdo
Fórmula 05: consumo de agregado miúdo em kg/m³

Cm = Vm * ym

Fonte: ABCP

Sendo: Cm: Consumo de agregado miúdo, Vm: Volume de agregado miúdo, Ym:
Massa específica do agregado graúdo
595

3º Passo: Representação do traço

Com os valores definidos através das fórmulas mencionadas acima, pode-se


apresentar o traço.
Apresenta-se o traço da seguinte maneira:
Cimento: Agregado miúdo: Agregado graúdo: Água.
Definição do traço em massa. Tem-se:

Onde: Cm - consumo de agregado miúdo.


Cg - consumo de agregado graúdo.
Ca - consumo de água.
C - quantidade de cimento.
Podemos estabelecer uma dosagem feita em massa, já a medida do cimento foi
feita em recipiente adequado para não sofrer alteração na relação do traço e a água com
medidor apropriado para sua utilização. Assim, chegaremos aos resultados desejados,
com as medições adequadas dos materiais. Os agregados graúdos e miúdos também
foram medidos de acordo com a quantidade estabelecida para a realização dos testes.
Utilizou –se uma balança de precisão para medida em peso da quantidade de material
de acordo com o traço pré-estabelecido.

3.3.4- Execução do concreto

Para não sofrer perda ou falta de concreto para o preenchimento dos corpos de
provas, optamos por fazer uma quantidade excedente ao necessário para a realização
dos testes, onde foi utilizado vinte e cinco quilos de cimento. E os agregados medidos de
acordo com a quantidade de cimento especificado no traço unitário.
Já com os materiais separados e com as quantidades definidas para cada análise
foi utilizado uma betoneira para elaboração do concreto.

3.3.4.1- Fabricação do concreto na betoneira

Bauer (2001), cita que, regras de fabricação do concreto em relação a ordem de


colocação dos materiais na betoneira é de critério do executante. Sendo que de boa
596

prática, aconselha-se a colocação primeiro de parte da água, seguido dos agregados


graúdos, logo após o cimento e, por fim, os agregados miúdos juntamente com o
restante da água.
Segundo Yazigi (2009), o cimento não deve ser priorizado como um dos primeiros
elementos a ser colocado na betoneira, podendo haver perda de parte do cimento
quando a betoneira estiver seca ou encapsulamento interno da betoneira quando a ela
estiver molhada. Sugere-se a colocação da água seguido dos agregados graúdos e,
então, a colocação do cimento para que ocorra uma boa interação entre a água com as
partículas do cimento, e, por fim, o agregado miúdo.

3.3.5- Ensaio da consistência pelo abatimento

Yazigi (2009) fala que um ensaio de abatimento de tronco de cone deve ser feito
no primeiro concreto do dia em uma obra ou sempre que for retirado corpos de prova.
De acordo com NBR NM 67, o ensaio de abatimento de tronco é feito em uma placa de
base metálica e quadrada de lado igual ou maior a 500mm, umedecida. Com um molde
de 300mm de altura e diâmetro inferior de 200mm, diâmetro da parte superior de
100mm, também umedecido para recebimento do concreto a ser ensaiado. O
enchimento do molde para o ensaio deve ser rápido e em três camadas de um terço do
molde, com compactação de 25 golpes da haste de socamento. A retirada do molde
deve ser feita na direção vertical e cuidadosamente em movimentos constantes, sendo
feito num tempo de 5 a 10 segundos.
Figura 13 - Molde de abatimento tronco de cone

Fonte: NBR NM 67 (ABNT, 1998, p.06)


597

A medição do abatimento do concreto deve ser feita imediatamente após a


retirada do molde. Onde as medidas são comparadas entre a altura do molde e a
diferença pelo abatimento do concreto, arredondando os 5 mm mais próximos.

Figura 14 - Medida de abatimento do tronco de cone

Fonte: NBR MN 67 (ABNT, 1998, p.08)

3.3.6- Corpos de prova


O procedimento para moldagem e cura dos corpos de prova deve seguir conforme
NBR 5738 (ABNT, 2005).
O modelo utilizado para o molde de corpo de prova é o cilíndrico de metal com
juntas estanque. As dimensões utilizadas seguem de acordo com a norma, sendo 100
mm de diâmetro e altura de 200 mm com tolerância de 1% para o diâmetro e 2% para a
altura. Levando em considerações o diâmetro máximo do agregado graúdo.
Para o adensamento manual utilizou – se uma haste de aço nas camadas de
volumes aproximados conforme a norma NBR 5738 (ABNT, 2005).
Figura 15 - Número de camadas para moldagem de corpos de prova

Fonte: NBR 5738 (ABNT, 2015, p. 05)


598

Os corpos de provas foram fabricados no local do seu armazenamento evitando o


transporte e manuseio dos mesmos corpos. A cura inicial foi feita em local protegido
durante as primeiras 24 horas, se desmoldados após esse período, ficando armazenado
em tanque de cura, identificados e não empilhados conforme a norma NBR 5738 (ABNT,
2005).

3.3.7- Ensaio de compressão de corpos de prova

O equipamento de compressão tem a capacidade compatível com os ensaios a


serem realizados, permitindo o ajuste dinâmico de distância até a parte superior dos
corpos a serem ensaiados, assim como dois pratos de ajuste com finalidade de
centralização dos corpos de prova e leitura digital com ponto máximo de carga aplicada.
Os ensaios dos corpos de prova foram feitos respeitando as idades de 07, 14, 21
e 28 dias com os limites de rompimento conforme a norma NBR 5739 (ABNT, 1994)
figura 16, onde os corpos que não foram ensaiados permaneceram em processo de cura
em tanque de hidratação conforme a norma NBR 5738 (ABNT, 2005).

Figura 16 - Tolerância de tempo para ensaio de compressão em função


da idade de ruptura

Fonte: NBR 5739 (ABNT, 1994, p. 03)

4 RESULTADOS

A determinação do traço em massa utilizado leva em consideração a massa


especifica dos materiais ensaiados por outros autores. Sendo: 1: 2,574: 1,7: 0,48
representação do traço utilizado em unidade de massa para agregado graúdo britado.
Para preenchimento de 4 moldes de corpo de prova de 10x20cm, utiliza-se em kg.
599

Cimento: 8,83kg
Agregado graúdo: 22,72kg
Agregado miúdo: 15 kg
Água: 4,24 l

Já para os seixos rolados como agregado graúdo utilizado: 1: 2,574: 1,399: 0,48,
representação do traço utilizado em unidade de massa. Para o preenchimento de 4
moldes de corpo de prova de 10x20cm, utiliza-se em kg.

Cimento: 8,83kg
Agregado graúdo: 22,72kg
Agregado miúdo: 12,35 kg
Água: 4,23 l

A resistência de compressão final dos corpos de prova, são obtidas de acordo


com a fórmula 06 para cálculo de resistência a compressão em Mpa.

Fórmula 06 - Cálculo da resistência a compressão

𝑓𝑐 =

Fonte: NBR 5739 (ABNT, 2007)

Onde: F - Força máxima alcançada, em newtons.


D - Diâmetro do corpo de prova em mm.

4.1- Resultados obtidos através dos ensaios a compressão

Os testes foram realizados no laboratório da Faculdade do Noroeste de Minas


– FINOM, situada na MG-188, s/n – Fazendinha, Paracatu-MG. Sobre a orientação do
orientador do trabalho. Onde foram obtidos os resultados dos ensaios feitos nos corpos
de prova em suas respectivas idades, apresentados nas figuras 17 a 20 para concreto
com material britado como agregado graúdo e para o concreto com seixo rolado como
agregado graúdo.
600

Já na figura 21 temos a média de resistência a compressão obtida no ensaio


de laboratório para cada idade dos corpos de prova, tanto para brita quanto para os
seixos rolados.
Figura 17- Ensaio a compressão aos 07 dias
ENSAIO DE COMPRESSÃO AOS 07 DIAS

Corpos de prova Concreto fabricado com brita (Mpa) Concreto fabricado com seixo rolados (Mpa)

CP 1 14,6 13,6
CP 2 14,9 12,9
CP 3 13,5 14,1

Fonte: Foto tirada pelos autores.

Figura 18- Ensaio a compressão aos 14 dias


ENSAIO DE COMPRESSÃO AOS 14 DIAS

Corpos de prova Concreto fabricado com brita (Mpa) Concreto fabricado com seixo rolados (Mpa)

CP 1 16,8 19,4
CP 2 15,9 18,5
CP 3 17,5 16,5

Fonte: Foto tirada pelos autores.

Figura 19- Ensaio a compressão aos 21 dias


ENSAIO DE COMPRESSÃO AOS 21 DIAS

Corpos de prova Concreto fabricado com brita (Mpa) Concreto fabricado com seixo rolados (Mpa)

CP 1 23,2 22,1
CP 2 22,3 23
CP 3 22,7 22,9

Fonte: Foto tirada pelos autores.

Figura 20- Ensaio a compressão aos 28 dias


ENSAIO DE COMPRESSÃO AOS 28 DIAS

Corpos de prova Concreto fabricado com brita (Mpa) Concreto fabricado com seixo rolados (Mpa)

CP 1 27,8 25,7
CP 2 28,2 26,5
CP 3 27,1 27,8

Fonte: Foto tirada pelos autores.


601

De posse dos resultados dos ensaios dos corpos de prova, temos então uma
média dos valores obtidos, sendo representada na figura 21 abaixo.

Figura 21- Média dos resultados conforme a idade do concreto ensaiado


MÉDIAS CONFORME A IDADE DO ENSAIO

IDADE (DIAS) Concreto fabricado com brita (Mpa) Concreto fabricado com seixo rolados (Mpa)

07 DIAS 14,3 13,5


14 DIAS 16,7 18,1
21 DIAS 22,7 22,6
28 DIAS 27,7 26,7

Fonte: Foto tirada pelos autores.

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas atuais obras da construção civil o concreto mais utilizado tem como principal
material granular a brita calcária, mas como foi identificado através desse estudo, existe,
também, um material com boas características para uso no concreto, o seixo rolado,
apresentando uma resistência aproximada ao concreto feito com brita.
Pode-se observar que o concreto foi produzido em betoneira estacionária para
ambos testes, de acordo com os traços mencionados nesse trabalho, tendo o cuidado
com o peso de cada material utilizado, assim como a ordem dos materiais colocados na
betoneira, o processo de confecção dos corpos de provas e teste realizado em
laboratório, obedecendo as normas que regem as atividades acima.
De acordo com os resultados obtidos para os testes tanto para o concreto
produzido com seixos rolados quanto para o produzido com brita se mostrou satisfatório,
tendo em vista a resistência de projeto de 34 Mpa, obtendo resultados aproximados para
ambos, sendo aos 28 dias uma resistência para o concreto com brita de 27,7 Mpa e o de
seixos rolados de 26,7 Mpa.
602

6. REFERÊNCIAS

AMBROZEWICZ, Paulo Henrique Laporte.; Materiais de Construção. São Paulo: Pini,


2012.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos.; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto armado,


eu te amo. 8. ed. Revista segundo a norma de concreto armado NBR 6118/2014. São
Paulo: Blucher, 2015.

BAUER, L.A. Falcão.; Materiais de construção. 5. ed. Revisão técnica João Fernandes
Dias. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

YAZIGI, Walid.; A técnica de edificar. 14. ed. rev. e atual.- São Paulo: Pini: Sinduscon,
2014.

PETRUCCI, Eladio G.R.; Concreto de cimento Portland. 13. ed. Revisto por Vladimir
Antônio Paulon. São Paulo: Globo, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Básico sobre cimento.
Disponível em: < http://www.abcp.org.br/conteudo/basico-sobre-cimento/basico/basico-
sobrecimento#.VRhec_zF9Cg > Acesso em: 13/05/2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Agregados para concreto -


Especificação. NBR 7211. Rio de Janeiro, 2005. 11p.

____.NBR 12655: Concreto de cimento Portland - Preparo, controle, recebimento e


aceitação - Procedimento. Rio de Janeiro, 2015. 18p.

____.NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro,


2003. 221p.

____.NBR 15900: Água para amassamento do concreto Parte 1- Requisitos. Rio de


Janeiro, 2009. 11p.

____.NBR 16697: Cimento Portland – Requisitos. Rio de Janeiro, 2018. 12p.

____.NBR NM 33: Concreto - Amostragem de concreto fresco. Rio de Janeiro, 1998. 5p.

____.NBR 5739: Concreto – Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndrico. Rio


de Janeiro, 1994. 4p.
603

____.NBR 5738: Concreto — Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova.


Rio de Janeiro, 2015. 9p.

____.NBR 7680: Concreto — Extração, preparo, ensaio e análise de testemunhos de


estruturas de concreto Parte 1: Resistência à compressão axial. Rio de Janeiro, 2015.
24p.

Você também pode gostar