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UNIDADE I

Introdução à Tecnologia do Concreto de Cimento Portland

1. Generalidades

1.1 Definição

Concreto é o produto resultante de uma mistura homogênea, devidamente proporcionada,


de cimento Portland – daí o nome de concreto de cimento Portland – agregado miúdo,
agregado graúdo e água de forma a tender às especificações do projeto tanto no estado
fresco como no estado endurecido.

Apresenta duas fases distintas: a pasta (cimento + água) e o agregado.

Funções da pasta Funções do agregado


- preencher os vazios entre os grãos - reduzir o custo do concreto
- envolver os grãos - reduzir as variações de volume (diminuir as
- dar impermeabilidade ao concreto retrações)
- conferir trabalhabilidade ao concreto - contribuir com grãos capazes de resistir a
esforços solicitantes (desde que apresentem
resistência superior à da pasta)

1.2 Classificação dos Concretos


Os concretos podem ser classificados:
Quanto às propriedades dos aglomerantes comum
baixo calor de hidratação
moderado calor de hidratação
alta resistência inicial – ARI
resistentes ao ataque de águas sulfatadas

Quanto aos tipos de agregados leves – executados com agregados leves


(argila expandida, pérolas de isopor)
pesados – confeccionados com agregados de
elevada massa específica (minério de barita,
magnetita, limonita)
normais – executados com agregados
normais (areia quartzosa, brita granítica)

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Quanto à consistência fracamente plásticos: abatimento de tronco
de cone (slump) inferior 5 cm
medianamente plásticos: slump entre 5 e 15
cm
fortemente plásticos: slump acima de 15 cm

Quanto ao processo de mistura, transporte e manual


lançamento mecânico

Quanto ao processo de adensamento manual


(vibração) mecânico

Quanto ao seu destino estrutural - pontes, edifícios, barragens


secundário - pisos, floreiras

Quanto ao processo de dosagem dosagem empírica


dosagem experimental

Quanto à textura Gordo – quando apresenta elevado teor de


argamassa
Magro – quando apresenta baixo teor de
argamassa
Rico – quando possui alto teor de cimento
Pobre – quando possui baixo teor de cimento

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1.3 Classificação dos Cimentos Nacionais

A ABNT apresenta seis tipos de cimento normatizados, sendo que alguns se subdividem
totalizando dez variedades. Cabe ressaltar que a disponibilidade de alguns tipos de cimento
é regional e alguns só são fabricados segundo encomendas especiais.

Norma Tipo Sigla Classe


CP I – Cimento Portland Comum 25, 32, 40
NBR 5732/91 Cimento Portland
(EB-1/91) Comum CP I – Cimento Portland Comum c/
25, 32, 40
adição
CP II E – Cimento Portland Composto
25, 32, 40
c/ escória
NBR
Cimento Portland CP II Z – Cimento Portland Composto
11578/91 25, 32, 40
Composto c/ pozolana
(EB-2138)
CP II F – Cimento Portland Composto
25, 32, 40
c/ Filler
NBR 5735/91 Cimento Portland de CP III – Cimento Portland de Alto
25, 32, 40
(EB-208) Alto Forno Forno
NBR 5736/91 Cimento Portland
CP IV – Cimento Portland Pozolânico 25, 32
(EB-758) Pozolânico
NBR 5733/91 Cimento Portland de CP V ARI - Cimento Portland de Alta
(EB-2) Alta Resistência Inicial Resistência Inicial
Cimento Portland de MRS - Cimento Portland de moderada
25, 32
moderada resistência a resistência a sulfatos
sulfatos e moderado
NBR 5737/86 calor de hidratação e
ARS - Cimento Portland de alta
cimento Portland de 20
resistência a sulfatos
alta resistência a
sulfatos

Limites para a composição dos cimentos

Clínquer – sulfato Escória granulada Material Material


Sigla
de cálcio (%) (%) pozolânico (%) Carbonático (%)
CP I 100 0 0 0
CPI – S 99 - 95 0 1–5 0
CP II – E 94 – 56 6 – 34 0 0 – 10
CP II – Z 94 – 76 0 6 – 14 0 – 10
CP II – F 94 – 90 0 0 0 – 10
CP III 65 – 25 35 – 70 0 0-5
CP IV 85 – 45 0 15 – 50 0-5
CP V 100 - 95 0 0 0-5

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1.4 Classificação dos Agregados segundo a NBR 7211:1983

Limites granulométricos de agregado miúdo

Percentagem Retida Acumulada


Abertura
(mm) Zona 1 Zona Zona 3 Zona 4
(muito fina) 2 (fina) (média) (grossa)
9,5 0 0 0 0
6,3 0–3 0–7 0–7 0–7
4,8 0 – 5 (A) 0 – 10 0 – 11 0 – 12
2,4 0 – 5 (A) 0 – 15 (A) 0 – 25 (A) 5 (A) – 40
1,2 0 – 10 (A) 0 – 25 (A) 10 (A) – 45 (A) 30 (A) – 70
0,6 0 – 20 21 – 40 41 – 65 66 – 85
0,3 50 – 85 (A) 60 (A) – 88 (A) 70 (A) – 92 (A) 80 (A) – 95
0,15 85 (B) - 100 90 (B) - 100 90 (B) - 100 90 (B) - 100
(A) Pode haver uma tolerância de até no máximo 5 unidades (%) em um só dos limites marcados com a letra A ou distribuídos em vários deles.
(B) Para agregado miúdo resultante de britamento, este limite pode ser 80.

Limites granulométricos de agregado graúdo

Graduação Percentagem retida acumulada, em massa, nas peneiras de abertura nominal em mm


152 76 64 50 38 32 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4
0 - - - - - - - - 0 0 - 10 - 80 – 100 95 - 100
1 - - - - - - - 0 – 10 - 80 - 100 92 - 100 95 - 100 -
2 - - - - - 0 0 - 25 75 – 100 90 – 100 95 - 100 - - -
3 - - - 0 0 – 30 75 – 100 87 – 100 95 - 100 - - - - -
4 - 0 0 - 30 75 - 100 90 – 100 95 - 100 - - - - - - -
Para brita 5, a norma tem recomendações específicas.

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1.5 Propriedades do Concreto

A escolha de um material de engenharia, para uma aplicação específica, deve levar em


conta a sua capacidade de resistir a uma força aplicada. No caso do concreto, a seleção
apropriada dos materiais e a dosagem são, sem dúvida, passos importantes para produzir
um concreto que atenda às especificações de resistência e durabilidade da estrutura. Esse
objetivo, no entanto, pode não ser atingido, se uma atenção adequada não for dada às
operações às quais o concreto é submetido nas primeiras idades. O termo “primeiras
idades” abrange apenas um pequeno intervalo de tempo (p.e. os dois primeiros dias após
sua produção) no total de expectativa de vida útil do concreto, mas durante esse período
numerosas operações são realizadas (mistura, transporte, lançamento, adensamento, cura e
desmoldagem), às quais são influenciadas pelas propriedades do concreto no estado
fresco. Evidentemente, o controle simultâneo das operações nas primeiras idades e das
características do concreto fresco, é essencial para assegurar que o elemento de concreto
acabado, seja estruturalmente adequado, apresentando propriedades no estado
endurecido, condizentes com a finalidade para a qual foi projetado.

1.5.1 Propriedades do Concreto no Estado Fresco

a) Trabalhabilidade

É a propriedade do concreto fresco que identifica sua maior ou menor aptidão para ser
empregado com determinada finalidade, sem perda de homogeneidade. A trabalhabilidade
apresenta duas propriedades fundamentais: a consistência e a coesão.

A consistência é função da quantidade de água adicionada ao concreto. Esta propriedade


simplesmente avalia quão “duro (seco) ou mole” está o concreto, sendo um dos principais
fatores que influenciam a trabalhabilidade, não devendo, no entanto, ser confundida com
ela.

A coesão é a propriedade do concreto de manter sua homogeneidade durante o processo de


adensamento. É função da quantidade de finos presente na mistura bem como da
granulometria dos agregados graúdo e miúdo e da proporção relativa entre eles. Os fatores
que afetam a trablhabilidade podem ser divididos em internos e externos

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Os fatores internos são consistência (função da relação água/materiais secos – umidade do
concreto); traço (proporção relativa entre cimento e agregado); granulometria (distribuição
granulométrica dos agregados e proporção relativa entre eles); forma dos grãos dos
agregados tipo e finura do cimento. Já os fatores externos: tipo de aplicação (finalidade),
tipo de mistura (manual ou mecânica), tipo de transporte (calhas, bombas, etc), tipo de
lançamento, tipo de adensamento, dimensões da armadura e peça a executar

Medida da trabalhabilidade

A definição de trabalhabilidade, a natureza composta desta propriedade e a sua dependência


dos fatores descritos anteriormente, são as razões pelas quais nenhum método único de
ensaio pode ser projetado para medir a trabalhabilidade. Muitos aparelhos e métodos têm
sido desenvolvidos com o objetivo de medi-la, no entanto todos apresentam limitações por
não conseguirem introduzir todas as variáveis no fenômeno. Por este motivo, a maioria dos
métodos utilizados, restringe-se praticamente a medir a consistência e baseiam-se em uma
das seguintes proposições:

- medida da deformação causada a uma massa de concreto fresco, pela


aplicação de força determinada;

- medida do esforço necessário para gerar na massa do concreto fresco, uma


deformação preestabelecida.

O ensaio universalmente usado, que mede a consistência do concreto, é denominado ensaio


de abatimento de tronco de cone. Para o mesmo propósito, o segundo método em ordem de
importância é o ensaio Vebe, que tem mais significado para misturas mais secas. O terceiro
método é o ensaio de fator de compactação que procura avaliar a característica de
compactabilidade de um mistura de concreto. Detalhes sobre estes dois últimos ensaios de
medida de trabalhabilidade serão abordados no capítulo destinado a ensaios do concreto no
estado fresco.

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b) Segregação e Exsudação

A segregação é definida como sendo a separação dos componentes do concreto fresco de


tal forma que a sua distribuição não é uniforme. Existem dois tipos de segregação. O
primeiro, que é uma característica das misturas secas, consiste na separação dos agregados
da argamassa do concreto (p.e. vibrações excessivas). O segundo, é a exsudação que é
característica dos concretos muito fluídos.

A exsudação é uma forma particular de segregação, sendo definida como um fenômeno


cuja manifestação externa é o aparecimento de água na superfície do concreto recentemente
lançado. Esse fenômeno é provocado pela impossibilidade dos constituintes sólidos do
concreto fixarem toda a água da mistura.

É importante reduzir a tendência de exsudação da mistura de concreto, porque a


compactação total, que é essencial para atingir o potencial máximo de resistência
(propriedade do concreto no estado endurecido), não será possível após o concreto ter
segregado. O fenômeno da exsudação apresenta-se sob várias formas: parte da água de
exsudação sobe à superfície; uma grande parte porém fica retida embaixo dos agregados
maiores e nas barras horizontais da armadura, quando elas existirem. Se a perda de água
exsudada fosse uniforme em toda a superfície e fosse retirada por processos tais como
extração à vácuo, a qualidade do concreto seria melhor como resultado de uma redução da
relação água/cimento. Na prática, entretanto, isto não acontece. Normalmente as cavidade
deixadas pela água exsudada sob os agregados e sob as armaduras são grandes e numerosas
na parte superior da peça concretada, que é, portanto mais fraca do que a parte inferior do
elemento estrutural. Nata porosa associada à manifestação externa de exsudação, é causada
pela tendência da água percolar nos capilares internos do concreto carregando as partículas
finas do cimento, areia e argila (impureza do agregado), depositando-se na superfície sob
forma de lama. Quando uma peça concretada apresentar características de nata porosa, esta
superfície apresentará tendências a pulverulência. Conseqüentemente, a nata porosa de uma
superfície de concreto deverá sempre ser removida por escovamento, lavagem ou
jateamento, antes da próxima camada de concreto ser lançada.

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Medida da Segregação e Exsudação

Não existem ensaios para medida de segregação exsudação; a observação visual e a


inspeção por testemunhos extraídos de concreto endurecido são, geralmente, adequados
para determinar se a segregação é um problema em uma dada situação. Existe, porém, um
ensaio normatizado da ASTM para a medição da taxa de exsudação e a capacidade total de
exsudação de uma mistura de concreto. Segundo a ASTM C 232 (equivalente no Brasil
ABNT Projeto 18-301-03-004. 1994), uma amostra de concreto é colocada e consolidada
num recipiente de 25cm de diâmetro e 28cm de altura. A água de exsudação acumulada na
superfície é retirada em intervalos de 10 minutos nos primeiros 40 minutos e , daí em
diante, em intervalos de 30 minutos. A exsudação é expressa em termos da quantidade de
água acumulada na superfície, em relação à quantidade de água existente na amostra.

Causas e Controles

Uma combinação de consistência inadequada, quantidade excessiva de partículas do


agregado graúdo com massa específica muito baixa ou muito alta, pouca quantidade de
partículas finas (baixo consumo de cimento e areia ou areia de granulometria deficiente) e
métodos impróprios de lançamento e adensamento, são geralmente as causas de segregação
e exsudação em concreto. Obviamente os problemas poderão ser reduzidos se houver um
maior controle na dosagem e nos métodos de manuseio e lançamento do concreto.

A segregação em misturas muito secas pode ser reduzida por um pequeno acréscimo na
quantidade de água da mistura. Na maioria dos casos, entretanto, faz-se necessário uma
atenção especial á granulometria do agregado. Isto pode significar uma diminuição da
dimensão máxima do agregado graúdo e o uso de mais areia ou uma areia mais fina. Um
aumento da quantidade de cimento, o uso de adições minerais e incorporação de ar são
medidas comumente empregadas para combater a tendência se segregação em misturas de
concreto.

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c) Perda de Abatimento

A perda de abatimento pode ser definida como a perda de fluidez do concreto fresco com o
passar do tempo. A diminuição do abatimento é um fenômeno normal em todos os
concretos porque resulta do enrijecimento gradual e pega da pasta de cimento Portland
hidratada. Ocorre quando a água livre é consumida no processo de hidratação do cimento,
por adsorsão na superfície e por evaporação.

Importância

Quando ocorre de forma prematura, a perda de abatimento pode significar aumento do


torque da caçamba betoneira, aderência do concreto ao caminhão betoneira ou à caçamba,
necessidade de taxa extra de água (comprometendo a resistência final e durabilidade),
dificuldades de bombeamento e lançamento, queda na produtividade da obra.

Causas e Controle

As causas mais freqüentes de perda prematura de abatimento são:

- uso de cimento de pega anormal;

- tempo muito longo desde a operação de mistura até o lançamento e


adensamento; e

- temperatura elevada do concreto seja devido ao calor de hidratação


excessivo ou ao fato dos demais materiais constituintes terem sido armazenados
ou expostos a uma temperatura ambiente elevada.

Eliminando-se as possibilidades de atraso na concretagem, mantendo-se a temperatura do


concreto entre 10º C e 21º C e conhecedon-se as características do cimento utilizado, pode-
se controlar perfeitamente a perda de abatimento no concreto.

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d) Mudanças Iniciais de Volume

Algumas horas depois de ter sido lançado, em peças de elevada profundidade, como um
bloco ou pilar, observa-se que a superfície superior do concreto assentou, ou seja, apresenta
seu nível um pouco inferior ao das paredes da forma. Além disso, surgem pequenas fissuras
horizontais. Este fenômeno é denominado retração por pré-endurecimento ou retração pré-
pega ou retração plástica.

Como resultado desta redução de volume, as fissuras se desenvolvem acima das obstruções
para uniformizar o assentamento do concreto. Elas são paralelas entre si, afastadas umas
das outras de 0,3 a 1,0 m e variam de 25 a 50 mm de profundidade.

Causas e Controle

Podem ser causa da retração plástica:

- exsudação;

- absorção de água pelo lastro, pelo agregado ou pelas formas; e

- rápida perda de água por evaporação (alta temperatura do concreto, baixa


umidade relativa, vento de alta velocidade)

Para a prevenção da retração plástica algumas medidas são necessárias:

- umedecimento prévio de lastro formas ( e agregados – quando absorventes e


muito secos);

- construção de quebra-vento temporário;

- manter baixa a temperatura do concreto fresco;

- reduzir o tempo de lançamento/início de cura; e

- proteger a peça de cimento recém concretada.

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e) Tempo de Pega

As reações entre cimento e água são responsáveis pela pega do concreto, embora o tempo
de pega do cimento não seja o mesmo tempo de pega do concreto com ele confeccionado.
A pega do concreto é definida como o início da solidificação de uma mistura fresca de
concreto. Este tempo é arbitrariamente definido por um método de ensaio de resistência à
penetração.

Os tempos de início e fim de pega, não registram mudanças nas características do concreto.
São apenas pontos de referência. O primeiro indica aproximadamente o tempo a partir do
qual o concreto não poderá mais ser misturado, lançado e compactado; o segundo, aponta o
tempo após o qual a taxa de crescimento de resistência passa a ser representativa. Estes
tempos não têm que coincidir com perda de trabalhabilidade e início da resistência
mecânica.

Os principais fatores que controlam os tempos de pega do concreto são os componentes do


cimento, a relação água/cimento, a temperatura e os aditivos. Cimentos que são de pega
rápida, falsa pega ou pega instantânea, produzirão concretos com características
semelhantes.

f) Temperatura

Quando a concretagem se dá em clima quente, o principal problema que pode surgir é a


formação de fissuras por retração plástica. Em clima frio, a cura por tempo insuficiente
pode retardar e até impedir a taxa de desenvolvimento da resistência, atrasando a remoção
das formas e o cronograma da obra. A remoção prematura das formas, antes do concreto
atingir um certo nível de resistência mecânica, pode causar grandes danos econômicos e
perdas humanas.

1.5.2 Propriedades do Concreto no Estado Endurecido

a) Massa específica

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A massa específica do concreto normalmente utilizada é a massa por unidade de volume,
incluindo os vazios. Ela varia principalmente com o tipo de agregado empregado. Como
valores usuais costuma-se tomar:

- concretos não-armados: 2.300kg/m3


3
- concretos armados: 2.500 kg/m

Com a utilização de agregados leves é possível atingir valores da ordem de 1.800kg/m3 e


3
com agregados pesados, 4.700kg/m .

b) Resistência aos esforços mecânicos

Resistência à compressão (fc)


A resistência à compressão simples é a característica mais importante de um concreto. Esta
característica é medida por meio de ensaios de corpos-de-prova, os quais dependem
basicamente do tamanho e forma dos corpos-de-prova e da duração do carregamento.

Com relação ao primeiro, a solução consiste na adoção de formas e dimensões


normatizadas que, da melhor maneira possível, reproduzam as condições de funcionamento
real da estrutura. A norma brasileira adota de peças cilíndricas com 15 cm de diâmetro e 30
cm de altura ou 10 cm de diâmetro e 30cm de altura serem ensaiadas, pelo menos aos 28
dias após sua preparação.

Com relação à duração do carregamento, este será sempre de curta duração em ensaios com
corpos de prova, conforme será visto mais adiante.

A resistência do concreto não é uma grandeza determinística. Ela está sujeita a dispersões
cujas causas principais são variações aleatórias da composição, das condições de fabricação
e da cura. Além destes fatores aleatórios, existem também influências sistemáticas como:
influência atmosférica (verão/inverno), equipes de trabalho, entre outros.

Os resultados dos ensaios à compressão obedecem, muito aproximadamente, a uma curva


normal de distribuição de freqüências (curva de Gauss), conforme indica a Figura 1.

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Figuara 1 – Representação das dispersões (Duarte Filho, 2003)

Para uma distribuição de resultados considerada normal, sendo n o número de corpos de


prova ensaiados, a resistência à compressão média fcm e o desvio padrão S do lote são dados
por:

1 n
f cm = ∑ f ci ,
n i =1
(1.1)

∑ (f ci − f cm )
2
(1.2)
s= i =1
.
n −1

O problema prático que existe é, dado o diagrama de freqüências, determinar um valor que
seja representativo da resistência do concreto. A média aritmética (equação 1) apresenta o
inconveniente de não levar em conta a dispersão da série de valores.

Analisando dois concretos com mesma resistência média e diferente dispersão, não há
dúvidas que o mais seguro é aquele de menor dispersão, pois possui menos pontos com
resistência menor que a média (Figura 2). Desta forma, caso fosse adotada a resistência
média como parâmetro de resistência, dever-se-ia utilizar coeficientes de segurança
variáveis segundo a qualidade de execução do concreto.

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freqüência 3 1

fci
fck2 = fck3 fck1
fcm3 fcm1 = fcm2

Figura 2 – Concretos com mesma resistência média e diferentes desvios padrão.

Resistência característica do concreto (fck)

É uma medida estatística que leva em conta a dispersão de resultados para a resistência à
compressão de um lote de amostra. Define-se como resistência característica do concreto o
valor mínimo estatístico acima do qual ficam situados 95% dos resultados experimentais
(Figura 3).

Pelo conhecimento matemático da curva de Gauss, tem-se:

f ck = f cm − 1,645 s . (1.3)

Figura 3 – Resistência característica do concreto.

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A partir de medições e ensaios realizados em centenas de obras, verificou-se que o desvio
padrão se mostra independente da resistência do concreto. Considera-se que apenas a
qualidade de execução influi sobre seu valor, sendo que seu valor é função do processo de
dosagem adotado.

A nova versão da norma (NB1:2003) estabelece resistência característica mínima de 20


MPa para concretos apenas com armadura passiva (sem protensão) e 25 MPa para
concretos com armadura de protensão (para casos de agressividade ambiental fraca). O
valor de 15 MPa pode ser usado apenas para obras de fundações e obras provisórias. A
norma também limita o valor máximo de resistência para o qual permanecem válidas as
fórmulas e hipóteses estabelecidas em seu texto: 50MPa.

Conforme será apresentado posteriormente, quando o risco de deterioração da estrutura


aumenta (ambientes industriais ou marinhos, por exemplo.), o valor da resistência
característica mínima exigida por norma aumenta.

A partir da resistência característica, a NB1 define as classes de concreto, identificadas pela


letra “C” e o número que representa a resistência característica à compressão aos 28 dias
(exemplo: C25 – concreto com fck = 25MPa).

Resistência à tração

É uma propriedade de difícil determinação direta. Sua importância está ligada à capacidade
resistente da peça (esforço cortante) e à fissuração, além de alguns tipos de aplicação como
é o caso de pavimentos de concreto. Normalmente a resistência a tração é desprezada para
efeito de cálculo. Pode ser determinada de três modos:

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1. por compressão diametral: rompe-se o cilindro confeccionado para a
resistência à compressão conforme mostra a Figura 4 (NBR 7222/83);

2 .P
ft = (1.4)
π .D.L
D

Figura 4: Representação esquemática do ensaio de tração por compressão diametral

2. na flexão de corpos-de-prova prismáticos (módulo de ruptura). O ensaio é


realizado como mostra a Figura 5.

P
P/2
P/2
L/3
L/3 P. L
L/3
f tf = (1.5)
a3
L
a

Figura 5: Representação esquemática do ensaio de tração na flexão

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3. tração direta (tração pura), realizado como mostra a Figura 6.

Figura 6: Representação esquemática do ensaio de tração pura (Fonte: Duarte Filho, 2003)

De acordo com a NBR 6118:2003 (item 8.2.5), a resistência à tração direta fct (tração pura)
pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp (resistência obtida no ensaio diametral) ou 0,7 fct,f
(resistência obtida no ensaio de tração na flexão)

No entanto, como todo projeto é desenvolvido a partir da resistência característica à


compressão (fck), a NBR 6118:2003 estabelece a seguinte expressão para a resistência à
tração direta média (fctm):
2/3
f ctm = 0,3 f ck , em MPa (1.6)

Não se deve adotar valores inferiores a 0,7 fctm e nem superiores a 1,3 fctm:

f ctk,sup = 1,3 f ctm , (1.7)


f ctk,inf = 0,7 f ctm . (1.8)

Os sub-índices “inf” e “sup” significam, respectivamente, valor inferior e valor superior. A


escolha dos valores fctk,inf e fctk,sup é determinada pela norma em cada situação particular e
não faz parte do escopo desta disciplina.

Fatores intervenientes

O concreto é um material que resiste bem aos esforços de compressão e mal aos esforços de
tração. Sua resistência a tração é da ordem de um décimo da resistência à compressão. O
concreto resiste mal ao cisalhamento, em virtude de tensões de distensão que então se
verificam em planos inclinados.

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Os principais fatores que afetam a resistência mecânica são:

Relação água/cimento

É o principal fator a ser controlado quando se deseja atingir uma determinada resistência.
Diz-se que a resistência do concreto é inversamente proporcional à relação água-cimento.
Esta relação não é linear e pode normalmente ser expressa pela função:

A
f = (1.9)
Ba / c
cj

Esta expressão é conhecida como "Lei de Abrams". Na realidade, a relação água/cimento


determina a resistência do concreto porque o excesso de água colocado para promover uma
consistência necessária ao processo de mistura, lançamento e adensamento deixam, após o
endurecimento, vazios na pasta de cimento. Quanto maior for o volume de vazios, menor
será a resistência do material e sua durabilidade.

Idade

A resistência do concreto progride com a idade. Isto pode ser explicado pelo mecanismo de
hidratação do cimento que se processa ao longo do tempo. Para projetos, costuma-se
utilizar a resistência do concreto aos 28 dias como padrão uma vez que, a partir desta idade
(para o cimento Portland Comum), o incremento de resistência é muito pequeno.

Forma e graduação dos agregados

Em igualdade de relação água/cimento, diz-se que os concretos confeccionados com seixos


tendem a ser menos resistentes do que aqueles confeccionados com pedra britada. Isto
pode ser justificado pela menor aderência pasta/agregado. Entretanto este efeito só é
significativo para concretos de elevada resistência.

A granulometria do agregado graúdo também tem uma influência sobra a resistência do


concreto. Concretos executados com britas de menor diâmetro tendem a gerar concretos
mais resistentes, mantida a relação água/cimento. Entretanto, estas duas assertivas devem

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ser analisadas com muito cuidado. Tanto concretos executados com seixos ou com britas
de maior diâmetros produzem concretos, para uma dada trabalhabilidade, com menor
exigência de água, baixando, desta forma, a relação água/cimento da mistura.
Normalmente este efeito é muito mais significativo que o anterior, principalmente para o
caso do diâmetro maior dos agregados, no caso de concretos de resistência usual ou baixa.
No caso de concretos de alta resistência, esta tendência pode se inverter.

Tipo de cimento

É sabido que a composição química do cimento (proporção de C3S e C2S) influencia a


evolução de resistência dos concretos. A adição de escórias e pozolanas também tem uma
grande influência na resistência, bem como a finura (quanto mais fino, maiores são as
resistências iniciais do cimento).

Forma e dimensão dos corpos-de-prova

O corpo-de-prova para ensaio de resistência à compressão do concreto, normatizado no


Brasil, são os cilindros de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura ou 15 cm de diâmetro e 30
cm de altura, sendo este último ainda o mais usado.

Com respeito a forma dos corpos-de-prova, pode-se afirmar:

- a resistência obtida em ensaios com cubos de concreto é mais alta do que


aquela obtida em corpos-de-prova cilíndricos (cilindro aproximadamente igual
a 80% da resistência do cubo);

- quanto maiores as dimensões do cilindro (mantida a relação h/d=2), menores


são as resistências obtidas.

Velocidade de aplicação de carga

Maiores velocidades tendem a gerar valores de resistência mais elevados. Isto ocorre
porque em velocidades mais baixas existe um tempo maior para a propagação de fissuras
que ocorrem durante o carregamento, levando assim o corpo-de-prova ao colapso em níveis

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de carga inferiores. Por isso a velocidade é normatizada. No Brasil é de 0,3 a 0,8 MPa/s
(530 a 1410 kgf/s).

Duração da carga

Para cargas de curta duração, o concreto resiste maiores níveis de carga. A explicação para
isto também reside na velocidade de propagação das fissuras.

c) Permeabilidade e absorção

Enquanto a porosidade se refere à totalidade dos vazios e a absorção é função dos poros que
têm comunicação com o exterior, a permeabilidade tem relação com a continuidade destes
canais.

O concreto é um material que por sua própria constituição é poroso, uma vez que não é
possível preencher completamente todos os vazios existentes entre os agregados, com uma
pasta de cimento. Várias são as razões da porosidade:

- a necessidade quase sempre presente de se utilizar uma quantidade de água


superior a que se precisa para hidratar o aglomerante e esta água ao evaporar
deixa vazios;

- com a combinação química diminuem os volumes absolutos do cimento e


água que entram na reação;

- inevitavelmente, durante o amassamento do concreto, incorpora-se ar na


massa.

A interconecção destes vazios de água ou de ar poderá tornar o concreto permeável. Para


se concretos com baixa absorção e permeabilidade, deve-se proceder da seguinte maneira:

- utilizar baixa relação água/cimento, seja pelo aumento do consumo de


cimento, seja pela utilização de aditivos redutores de água (plastificantes,
superplastificantes e incorporadores de ar), ressaltando-se que um aumento
excessivo no consumo de cimento nos concretos pode gerar fissurações por

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retração hidráulica e autógena devido à grande quantidade de pasta existente na
mistura;

- substituição parcial do cimento por pozolanas (cinzas volantes, cinza da


casca do arroz ou sílica ativa). Este procedimento promove um preenchimento
de vazios capilares do concreto pela reação entre pozolana e hidróxido de cálcio
liberado nas reações de hidratação do cimento;

- utilização de agregados com um teor maior de finos, desde que estes não
sejam de natureza argilosa.

d) Variações volumétricas - Retração

A retração do concreto (shrinkage) é uma deformação independente do carregamento


(deformação volumétrica) que ocorre devido à tendência da umidade do concreto
permanecer em equilíbrio com a umidade do meio exterior.

A retração é um processo irreversível, no qual o concreto vai gradualmente reduzindo seu


volume devido à perda de água (que não está quimicamente associada) para o ambiente.
Neste processo, a água é inicialmente expulsa das fibras externas, o que cria condições de
deformações diferenciais entre a periferia e o miolo e gera tensões capazes de provocar
fissuração no concreto (caso não se utilize armadura para prevenir esta ocorrência).

Os fatores que influem na retração do concreto são:

- condições ambientais (maior umidade relativa do ar → menor retração);

- espessura da peça (maior espessura → menor retração);

- fator água/cimento (maior a/c → maior retração); e

- consumo de cimento (maior consumo → maior retração).

A deformação de retração pode ser substancialmente reduzida caso se faça uma eficiente
cura (manutenção da umidade do concreto fresco evitando a expulsão prematura da água
quimicamente inerte). Quando esta diminuição não for suficiente, será necessário reduzir a
distância máxima em relação ao centro de dilatação, utilizando-se juntas definitivas na
estrutura (ou juntas de concretagem).

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Retração Plástica

Variação do volume do concreto ainda no estado fresco com a perda de água. Isto ocorre
normalmente em lajes quando a concretagem acontece em climas quentes e/ou sob a ação
de ventos. Provoca fissuras mapeadas. Pode ser prevenida pela proteção da superfície
usando-se lonas para cobri-la logo após a concretagem.

Retração autógena

A reação de hidratação do cimento é acompanhada de uma redução de volume ou seja, o


volume dos compostos hidratados é menor do que a soma dos compostos anidros mais
água. Este é um fenômeno que leva ao aparecimento de fissuras e ocorre principalmente em
concretos ricos em cimento. Sua prevenção é difícil a não ser que sejam utilizados cimentos
ou aditivos especiais compensadores de retração. Pode ser minimizada se for utilizado um
menor consumo de cimento possível no concreto, que pode ser conseguido através do uso
de aditivos redutores de água.

Retração hidráulica irreversível

Variação do volume do concreto endurecido pela saída de água dos poros capilares. O
concreto normalmente é produzido com uma quantidade de água superior à necessária para
a hidratação de seu cimento. Durante o seu processo de endurecimento, parte da água que
inicialmente saturava o material evapora. Dependendo do tamanho dos poros onde esta
água estava alojada, esta saída provoca uma aproximação das partes sólidas do gel de
cimento hidratado, reduzindo seu volume, o que gera fissuras no concreto. Uma maneira de
minimizar o problema é prevenindo a saída precoce da água por meio de procedimentos de
cura, que serão mais bem explicados na unidade III, desta discipliana.

Retração hidráulica reversível

Com a mudança da umidade do concreto, após seu endurecimento, ocorre uma entrada ou
saída de água dos poros capilares que, pelo mesmo motivo descrito no item anterior, faz
com que o concreto aumente ou diminua de volume. Esta contração ou expansão pode ser
prejudicial em alguns casos, causando fissuras no próprio material ou em estruturas
adjacentes. Um exemplo é o caso de alvenaria de blocos de concreto. Se estes blocos são

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assentados úmidos, vão posteriormente secar e retrair causando tensões na argamassa de
assentamento.

Dilatação e retração térmica

É a variação do volume do material sólido com a mudança de temperatura.

Deformação lenta ou fluência

Quando uma estrutura de concreto é submetida a um carregamento ocorrem deformações


imediatas ou instantâneas. Se esta carga for mantida sobre a estrutura, com o passar do
tempo, ela continua se deformando lentamente. Isto é devido a um fenômeno parecido com
o da retração hidráulica, pois ocorre devido a saída de água dos poros capilares do concreto
situados na região comprimida das estruturas, por ação das forças de compressão. Este
fenômeno é responsável, por exemplo, pela fissuração de alvenarias construídas sob vigas
de concreto armado ou sob lajes planas de grandes dimensões.

A fluência é portanto uma deformação que depende do carregamento. Constata-se, na


prática, que a deformação de uma peça de concreto armado pode ser maior em um tempo t
do que aquela observada anteriormente, mantido o mesmo carregamento.

Uma peça carregada axialmente com pressão constante ao longo do tempo e igual a σc
(Figura 7).

Figrua 7: – Deformação lenta (fluência). Adaptado de Süssekind, 1984.

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No instante de aplicação da carga, a peça sofre uma deformação específica imediata dada
por:

∆L ci σ c
ε ci = = . (1.10)
L E ci

Devido a esta deformação imediata ∆L ci , ocorre uma redução de volume da peça,


provocando o deslocamento de água quimicamente inerte para regiões onde sua evaporação
já tenha se processado. Isto desencadeia um processo ao longo do tempo que é análogo à
retração. Assim, a deformação inicial ∆L ci continua crescendo até um máximo ∆L ct no
tempo infinito (mantido constante o carregamento).

Assim como a retração, a deformação lenta é mais rápida no início, tendo tendência
assintótica com o tempo, atingindo a deformação final após um período de 2 a 3 anos.

Então, pode-se concluir que a fluência depende dos seguintes fatores:

- condições ambientais (maior umidade relativa do ar → menor fluência);

- espessura da peça (maior espessura → menor fluência);

- fator água/cimento (maior a/c → maior fluência);

- consumo de cimento (maior consumo → maior fluência);

- idade do concreto quando do carregamento (idade menor → maior fluência).

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