UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

Inst. de Química

CIMENTAÇÃO DE POÇOS
DE PETRÓLEO

Prof. Julio Cezar de Oliveira Freitas

 Cimentação

1 - O QUE É?
Posicionar pasta de cimento no anular (revestimento x poço).

2 - PORQUE?
A- Integração revestimento formação
B- Proteção do revestimento
C- Isolamento e proteção das formações
 HISTÓRICO
⮚O primeiro uso de cimento em poço de petróleo ocorreu na Califórnia em
1883;

⮚Em 1910 Almond A. Perkins: bombeio da pasta para o poço através de

vapor, água ou fluido de perfuração.

⮚A partir de 1923, fabricantes americanos e europeus de cimento passaram a

fabricar cimentos especiais para a indústria de petróleo, onde certas
propriedades da pasta de cimento foram trabalhadas ao longo do tempo.
 HISTÓRICO

⮚ Atualmente, as pastas podem se manter fluidas a altas temperaturas

e pressão por cerca de 4 horas, em geral, permitindo seu deslocamento
em poços profundos. A partir deste tempo, a pasta endurece
rapidamente e as atividades no poço só podem ser retomadas de 6 a 8
horas após a cimentação.
 TIPOS DE CIMENTAÇÃO

CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA
Função:

⮚ Isolamento das formações;

⮚ Aderência mecânica entre revestimento/formação;
⮚ Proteção do revestimento contra corrosão.

CIMENTAÇÃO SECUNDÁRIA
Função:

⮚ Tamponamentos;
⮚ Recimentação;
⮚ Compressão de cimento (Squeeze).
Cimento Portland
 Cimento:
É um aglomerante hidráulico, resultante da moagem do
clinquer, obtido pelo cozimento até a fusão parcial, de mistura
de calcário e argila

SiO2 Al2O3
CaCO3
Fe2O3
Na2O K2O
convenientemente dosada e homogeneizada, de tal forma que,
após o cozimento não resulte cal livre em proporções
prejudiciais
Após o cozimento é feita a adição de sulfato de cálcio
(gesso), em proporção adequada para regularizar a pega, e em
seguida é feita moagem.
 Fluxograma de Obtenção do Cimento Portland
Clínquer
Calcário (silicatos,
calcinação a aluminatos,ferro-
+
1400oC aluminatos, cal livre,
Argila compostos alcalinos)
fusão parcial

Obtenção do Cimento
Portland
Clínquer Moagem
+ Cimento
em moinho
Sulfato de cálcio Portland
de bolas
Matérias-Primas usadas na Obtenção do Cimento Portland
Processo de fabricação
 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CIMENTO PORTLAND

Óxidos Compostos
CaO C 3CaO. SiO2 20 a 70% C 3S
SiO2 S 2CaO. SiO2 10 a 50 % C 2S
Al2O3 A 3CaO. Al2O3 5 a 20 % C 3A
Fe2O3 F 4CaO. Al2O. 5 a 15% C4AF
Fe2O3
 Classificação do cimento Portland

Tipo de
Norma (NBR) Descrição
cimento

CP I 5732 Cimento Portland Comum

Cimento Portland
CP II 11578
Composto
Cimento Portland Alto
CP III 5735
forno
Cimento Portland
CP IV 5736
Pozolânico
Cimento Portland Alta
CP V 5735
resistência inicial
Tipos de cimento API e algumas características (Nelson, 1990)

Nota: (MRS: Média Resistência a Sulfatos; ARS: Alta Resistência a

Sulfatos).
 Sistemas de Pastas de Cimento
⮚Pastas de cimento, ou simplesmente pasta, é a mistura de cimento, água e
aditivos, com a finalidade de se obter propriedades físicas e químicas especificas,
destinadas a operação de cimentação, neste caso, relacionada aos poços
petrolíferos.

+ =
Água de mistura

Cimento

+ Pasta
Água Aditivos químicos
 Hidratação do cimento

H2O
H2O H2O
C3
S CaSO4
H2O H2O
C3
A C2
S H2O
H2O C4AF
H2O H2O
H2O
 CIMENTAÇÃO

Primária: cimentação principal de cada coluna de

revestimento, levada a efeito logo após sua descida ao poço.
Seu objetivo básico é colocar uma pasta de cimento não
contaminada em determinada posição no espaço anular entre
o poço e a coluna de revestimento, de modo a se obter fixação
e vedação eficiente e permanente deste anular.

Secundária: operações emergenciais de cimentação,

visando permitir a continuidade das operações.
CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA
ETAPAS DE UMA OPERAÇÃO DE CIMENTAÇÃO

1. Circulação.

2. Teste de linhas.

3. Injeção de colchão lavadores / espaçadores

4- Mistura e injeção da pasta

5- Liberação do tampão de topo (plug)

6- Deslocamento da pasta
 COLCHÕES LAVADORES E ESPAÇADORES

Finalidades
• Remoção química do reboco deixado pelo fluido de
perfuração (C. lavador);
• Remoção física do reboco deixado pelo fluido de perfuração
(C. espaçador);
• Remoção do fluido e reboco.
Etapas de uma cimentação primária
CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA
Animação
 CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

Retorno da pasta pelo

anular
 CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

O papel da Cimentação Primária

✔Aderência, Isolamento e Proteção

Deficiência na capacidade selante:

✔Densidade incorreta;
✔Fluido de perfuração e reboco;
✔Perda de filtrado → entrada de gás na coluna de pasta;
✔Alta permeabilidade da pasta;
✔Contração volumétrica;
✔Aderência deficiente;
 CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

O que deve ser considerado?

✔Definir temperatura de circulação;

✔Escolha de aditivos;
✔Conhecimento geológico (pressões, porosidade,
permeabilidade, formações)

Densidade, Controle de Filtrado, Estabilidade e Água

Livre, Tempo de Espessamento e Resistência à
Compressão
 CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA
VARIÁVEIS A SEREM CONSIDERADAS EM
UMA CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

✔ Diâmetro, Profundidade Vertical e Medida

Poço
✔ Inclinação e Propriedades da Formação

✔ Tipo, Propriedades, Peso específico

Fluido de Perfuração ✔ Compatibilidade com a pasta e com os
colchões
✔ Diâmetro, Roscas, Profundidade de
Assentamento,
Revestimento ✔ Equipamentos Flutuantes, centralizadores,

✔ Arranhadores, Ferramentas de Estágio

✔ Tempo de descida do revestimento,

Operações de sonda ✔ Tempo de Circulação antes da Cimentação,

✔ vazões de Circulação
 CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA
VARIÁVEIS A SEREM CONSIDERADAS EM
UMA CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA

✔ Tipo, Volume, Peso específico,

Pasta de Cimento Propriedades,
✔ Aditivos, Testes piloto

✔ Tipo de misturador, Tampões de

borracha,
Unidade de Bombeio e mistura
✔ Colchões, Movimento da coluna,
Vazão

✔Responsabilidade das partes

Pessoal envolvidas
Cimentação Secundária

Squeeze de Cimento
Produção de óleo

Água

Recimentação Tampão de cimento Squeez

e
 CIMENTAÇÃO SECUNDÁRIA
• Classificação :

Tampão de cimento: Consiste no bombeamento de determinado volume de

pasta para o poço, visando tamponar um trecho deste. É aplicado nos casos de
perda de circulação, abandono (total ou parcial) do poço, como base para
desvios, etc.
 CIMENTAÇÃO SECUNDÁRIA

Recimentação: É a correção da cimentação primária, quando o cimento não

alcança a altura desejada no anular. A recimentação só é feita quando se
consegue circulação pelo anular, através de canhoneios (perfuração realizada no
revestimento). Para possibilitar a circulação com retorno, a pasta é bombeada
através de coluna de perfuração.
 CIMENTAÇÃO SECUNDÁRIA

Compressão de cimento ou Squeeze: Consiste na injeção forçada de

cimento sob pressão, visando corrigir localmente a cimentação primária, sanar
vazamentos no revestimento ou impedir a produção de zonas que passaram a
produzir água.
 Squeeze
(animação)
O que se buscava anteriormente no projeto
de pasta?
✔Resistência à compressão
✔Baixa permeabilidade
✔Resistência aos ataques químicos

Atualmente, quais os requisitos importantes

para um projeto de pasta ?
✔Pastas mais flexíveis;
✔Resistentes a choques e aos esforços;
✔Baixa permeabilidade;
✔Resistência aos ataques químicos;
✔Resistentes a migração de gás;
Revestimento
Condutor:

▪ Contenção de formações superficiais

▪ Rigidez para cabeça de poço

▪ Cravado: Terra e Mar
▪ Jateado: Mar
▪ Cimentado: Terra e Mar
Revestimento
Superfície:

▪ Proteger zonas de água doce;

▪ Suportar BOP;

▪ Suportar próximos revestimentos.

Revestimento
Intermediário:

▪ Isolar formações com pressões

anormalmente baixas ou altas;

▪ Isolar formações desagregadas;

Revestimento
Produção:
▪ Confinar FHC (formações com hidrocarboneto);
▪ Isolamento entre zonas (evitar migração de

fluidos, conectividade de zonas com pressões diferentes) ;

▪ Suportar esforços durante a
produção.
 Liner:

▪ Eliminar revestimento completo.

Custo, peso excessivo da coluna, disponibilidade de
tubo, etc...

▪ Suspenso no último revestimento.

Revestimentos:
Revestimentos:
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO

Diversos acessórios são conectados ou afixados à coluna de revestimento, visando

garantir o melhor resultado da cimentação.

Sapata – Colocada na extremidade da coluna, a sapata serve de guia de introdução

no poço, podendo receber em seu interior um mecanismo de vedação, para evitar
que a pasta, por ser mais pesada que o fluido de perfuração, retorne ao interior do
revestimento após seu deslocamento.
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO

Colar – O colar serve para reter os tampões de cimentação, podendo conter

mecanismos de vedação (flutuante ou diferencial) como os da sapata. Tem em
suas extremidades roscas do mesmo tipo usadas na coluna, sendo previamente
conectado a um tubo de revestimento, para maior rapidez da operação.
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO
Tampão de fundo – É um tampão de borracha com uma membrana de baixa
resistência em sua parte central . Lançado na coluna à frente da pasta de cimento, é
por esta empurrado até que toque no colar retentor (ou flutuante), quando a
membrana se rompe permitindo a passagem da pasta. Visa raspar o filme de sólidos
do fluido de perfuração que se adere à parede do revestimento, evitando a
contaminação da pasta.
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO
Tampão de topo – É um tampão rígido de borracha, lançado após a pasta,
separando-a do fluido de perfuração que a deslocará, para evitar sua
contaminação. É retido pelo colar, causando um aumento de pressão que
indica o término do deslocamento, permitindo a realização do teste de
estanqueidade da coluna.
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO

Centralizadores – São peças compostas de um jogo de lâminas curvas de aço, que

são afixados externamente à coluna de revestimento, visando centralizá-lo e causar
um afastamento mínimo da parede do poço, para garantir a distribuição do cimento
no anular e evitar a prisão da coluna por diferencial de pressão.
 ACESSÓRIOS PARA CIMENTAÇÃO

Arranhadores – Tem a função de remover mecanicamente o reboco que se

forma na parede do poço. Tal remoção é feita através dos movimentos verticais
(reciprocações) ou de rotação da coluna.
PROBLEMAS NA CIMENTAÇÃO
Caminhos potenciais de vazamento existentes ao longo da vida de um
poço

trajeto: (a) e (b) entre o cimento e o revestimento; c) através do cimento;

(d) através do revestimento; (e) com as fraturas; (f) entre o cimento e a
formação.
Celia & Bachu, 2003)
 CURSO DE CIMENTAÇÃO DE POÇOS
PETROLÍFEROS

ADITIVOS QUÍMICOS PARA CIMENTAÇÃO

DE POÇOS PETROLÍFEROS

Prof. JULIO CEZAR DE O. FREITAS

Introdução:
Aditivos para cimentos

• Substâncias químicas que visam otimizar as propriedades das

pastas de cimento:
- Reologia;
- Tempo de espessamento/Bombeabilidade;
- Perda de filtrado;
- Resistência a compressão;
- Água livre;
- Estabilidade;
Aditivos Função

⮚Controladores de filtrado Diminuem a permeabilidade do reboco de cimento e/ou

aumentam a viscosidade do filtrado. A redução do filtrado previne
a desidratação prematura da pasta.

⮚Aceleradores de pega Aumentam a taxa de hidratação do cimento, através do aumento

do caráter iônico da fase aquosa

⮚Retardadores de pega Têm efeito contrário ao dos aceleradores, decrescem a taxa de

hidratação.
⮚Dispersantes Reduzem a velocidade aparente, o limite de escoamento e a força
gel das pastas,
melhorando suas propriedades de fluxo.
⮚Estendedores Visam reduzir a densidade ou aumentar o rendimento da pasta.