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Cimentação de Poços

Prof. Dr. Antonio Rodolfo Paulino Pessoa


Engenharia do Petróleo I
Introdução
• Em 1902 se deu início ao uso do cimento Portland em
processo manual de mistura;

• O primeiro uso de cimento em poço de petróleo ocorreu na


Califórnia (Campo Lompoc) em 1903;

• Em 1910 Almond A. Perkins patenteou o método de


bombeamento onde a pasta é deslocada para o poço através do
vapor, água ou fluido de perfuração;

• Em 1922 Erle P. Halliburton patenteou o Jet Mix, misturador


automático, ampliando assim as possibilidades operacionais;

• A partir de 1923, começou fabricação de cimentos especiais


para a indústria do petróleo.
Introdução
• Após a descida do revestimento, geralmente o espaço anular entre a
tubulação de revestimento e as paredes do poço é preenchido com
cimento;

• A cimentação do espaço anular é realizada, basicamente, mediante o


bombeio de pasta de cimento e água, que é deslocada através da
própria tubulação de revestimento;

• Após o endurecimento da pasta, o cimento deve ficar fortemente


aderido à superfície externa do revestimento e à parede do poço, nos
intervalos previamente definidos.
Conceito
A cimentação de um poço consiste em bombear um volume
calculado de pasta de cimento pelo interior do revestimento
até chegar ao final do poço e retornar pelo espaço anular entre
o poço e o revestimento.

Unidade de cimentação
Objetivos
• Fixar o revestimento totalmente ou apenas na parte
inferior;

• Isolar as zonas permeáveis para impedir a comunicação


entre elas evitando a migração de fluído;

• Pressurização de uma zona mais superficial;

• Permitir colocar o poço em produção de forma


controlada.
Funções
• Isolar e suportar o revestimento;

• Selar zonas com perda de circulação;

• Proteger o revestimento da corrosão causada pela água e/ou


gás da formação;

• Evitar "blowouts" devido ao isolamento do anular entre


formação e revestimento;

• Proteger a sapata do revestimento contra impacto quando da


perfuração da próxima fase;

• Evitar movimentação de fluidos entre zonas diferentes.


Cimento
É o material aglomerante mais importante em
termos de quantidade produzida. Ele constitui-se de
um aglomerante hidráulico que endurece e
desenvolve resistência compressiva quando
hidratado.

Componente químico Percentual

Cal (CaO) 60% a 67%

Sílica (Si02 ) 17% a 25%

Alumina (AI203) 3% a 8%

Óxido de Ferro ( Fe203) 0,5% a 6%


Cimento - Tipos
Os cimentos Portland usados em poços de petróleo
recebem a seguinte classificação API, em função da sua
composição química, da temperatura e pressão do poço.
• Classe A: Pode ser usado até a profundidade de 1.830 m
quando não se exige propriedades essenciais;

• Classe B: Pode ser usado até a profundidade de 1.830 m


quando as condições do poço exigem moderada resistência ao
sulfato;

• Classe C: Pode ser usado até a profundidade de 1.830 m


quando se requer alta resistência ao sulfato;

• Classe D: Pode ser usado entre as profundidades de 1.830 m


até 3.050 m, sob condições de temperatura e pressão
moderadamente altas.
Cimento - Tipos
• Classe E: Pode ser usado entre as profundidades de 1.830 m a
4.270 m sob condições de temperaturas e pressões altas;

• Classe F: Pode ser empregado entre as profundidades de


3.050m a 4.880m sob condições de temperaturas e pressões
altas;

• Classe G e H: São empregados até a profundidade de 2.440 m


sem adição de aditivos especiais ou até profundidades maiores
com a adição de aditivos especiais. Tem composição compatível
com aditivos aceleradores ou retardadores de pega, podendo
ser usados praticamente em todas as condições previstas para
os cimentos das classes A até E;

• Classe J: Para uso em profundidades de 3.660 até 4880 m,


sob condições de pressão e temperatura extremamente
elevadas.
Cimento - Tipos

Classe G

Classe C
Cimento - Aditivos
• Redutores de densidade (Estendedores): bentônita é o mais
comum redutor de densidade em porcentagem de até 12 % do
peso do cimento;

• Aceleradores de pega: o cloreto de sódio e cálcio são


aceleradores de pega;

• Retardadores de pega: são empregados para aumentar o


tempo de bombeabilidade do cimento em poços com
temperaturas elevadas. São fabricados à base de
lignossulfonatos e seus derivados, ácidos orgânicos, derivados
de celulose e derivados de glicose.
Cimento - Aditivos
• Controladores de filtrado: Atuam reduzindo a permeabilidade
do reboco de cimento, formado em frente às zonas permeáveis,
e/ou aumentando a viscosidade do filtrado. Os polímeros
derivados da celulose e polímeros sintéticos são redutores de
filtração mais utilizados;

• Redutores de fricção: Alteram as propriedades reológicas da


pasta. Por reduzirem a viscosidade aparente das pastas,
possibilitam o bombeio com maior vazão e menor perda de
carga. Utilizam-se dispersantes orgânicos.
Cimento - Aditivos

Sem Antiespumante

Com Antiespumante
Tipos de cimentação
Cimentação primária - Operação que consiste na
colocação de uma pasta de cimento no espaço anular
entre o poço aberto e a coluna de revestimento.
Tipos de cimentação
Cimentação Secundária - São as demais operações de
cimento realizadas no poço, excetuando-se a cimentação
primária. As operações mais realizadas na cimentação
secundária são:
Squeeze de Cimento
Produção de óleo

Água

Recimentação Tampão de cimento Squeeze


Tipos de cimentação
Recimentação - É a correção da cimentação primária,
quando o cimento não alcança a altura desejada no
anular. O revestimento é canhoneado em dois pontos. A
recimentação só é feita quando se consegue circulação
pelo anular, através destes canhoneados.
Tipos de cimentação
Tampões de Cimento - Consistem no bombeamento para
o poço de determinado volume de pasta, com o objetivo de
tamponar um trecho do poço.

São usados nos casos de perda de circulação, abandono


definitivo ou temporário do poço, como base para desvios,
compressão de cimento, etc.
Tipos de cimentação
Squeeze - Operação que consiste em forçar uma pasta de
cimento nos canhoneados do revestimento e/ou em canais
formados pela má cimentação.
Objetivo:
 Correção da cimentação primária;
 Isolamento de zonas;
 Abandonar zonas depletadas;
 Combate a perda de circulação nas zonas de interesse.
Equipamentos da cimentação

• Silos de cimento;
• Unidades de cimentação;
• Linhas de cimentação;
• Cabeça de cimentação.
Equipamentos da cimentação
Silos de cimento - Local onde o cimento é estocado .
Estes silos operam a baixa pressão, quando da descarga do
cimento.
Equipamentos da cimentação
Unidades de cimentação - Constam geralmente de dois
motores para fornecer energia, dois tanques de 10 bbl, para
água e aditivos, duas bombas triplex, dois conversores para
converter movimento rotativo dos motores no movimento
alternativo das bombas e sistema de mistura de pastas onde a
água e os aditivos são bombeados sob pressão por pequenos
orifícios, fluindo em jatos sob um funil por onde chega o
cimento.
Equipamentos da cimentação
Unidades de cimentação
Equipamentos da cimentação
Linhas de cimentação - É uma tubulação de alta pressão
que faz a ligação entre a unidade de cimentação e o poço.
Equipamentos da cimentação
Cabeça de cimentação - Fica conectada ao topo da coluna
de revestimento, onde recebe a linha de cimentação, podendo
abrigar em seu interior os tampões de borracha que separam a
pasta do fluido de perfuração.

Single-plug
Acessórios da cimentação
• Sapata;

• Colchões de lavagem;

• Tampões;

• Colar ( flutuante, retentor);

• Colar de Estágio;

• Centralizadores;

• Arranhadores;

• Packer (External Casing Packer – ECP).


Acessórios da cimentação
Colchões de lavagem - Evita a contaminação da pasta pelo
fluido de perfuração e vice-versa.

Colchão de
lavagem
Acessórios da cimentação
Tampões – São feitos de borracha e evitam a contaminação
da pasta de cimento pelo fluido.
Acessórios da cimentação
Packer (ECP) - Obturador inflável permanente, que pode
ser instalado na coluna de revestimento para promover a
vedação do espaço anular em pontos críticos ou para
isolamento de intervalos de interesse.
Sequência operacional da cimentação primária
Sequência operacional da cimentação primária
1º - Montagem das linhas de cimentação

Linhas de alta pressão da unidade de cimentação


Sequência operacional da cimentação primária
2º - Circulação para condicionamento do poço

Finalidades:

• Verificar condições de circulação do poço;

• Ajustar propriedades do fluido de perfuração (facilitar remoção);

• Resfriamento do poço (um tempo de retorno).


Sequência operacional da cimentação primária
3º - Bombeio do colchão de lavagem
• Bombeado à frente do cimento;
• Auxilia na remoção do reboco;
• Melhora aderência do cimento.

Colchão de
lavagem
Sequência operacional da cimentação primária
4º - Teste de pressão das linhas de cimentação

• Testar as linhas → Verificar vazamentos;

• Pressões de teste: Normalmente 1.500 a 3.000 psi;

• Tempo de teste: Aproximadamente 3 minutos.


Sequência operacional da cimentação primária
5º - Lançamento do tampão de fundo
• Limpar o interior do revestimento;
• Membrana de baixa resistência na parte central;
• É lançado a frente da 1ª pasta de cimento;
• Ao atingir o colar ou a sapata ele se rompe e permite a passagem da
pasta.
Sequência operacional da cimentação primária
6º - Mistura e bombeamento da 1º pasta

Preparando a pasta de cimento

Deslocando para dentro do poço

Mistura da pasta de cimento


Sequência operacional da cimentação primária
7º - Mistura e Lançamento da 2ª pasta:

• É mais cara que a 1ª pasta;

• Cobre a parte inferior da coluna: 100 – 150 m;

• Garante uma cimentação mais eficiente.


Sequência operacional da cimentação primária
8º - Lançamento do tampão de topo

• É rígido;

• Lançado após a 2ª pasta;

• Separa a 2ª pasta do fluido de perfuração.


Sequência operacional da cimentação primária

9º - Deslocamento com fluido de perfuração

 Deslocar as pastas de cimento


Sequência operacional da cimentação primária

10º - Pressurização do revestimento para teste de vedação do


tampão de topo
Sequência operacional da cimentação primária
FIM!

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