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AUDITORIA DE OBRAS
TCU
AUDITORIA DE OBRAS
MATERIAL DE APOIO PARA A AULA Nº 3
I- APRESENTAÇÃO ........................................................................................1
II - PRÉ-REQUISITOS ......................................................................................1
II.1 CONCRETO .............................................................................................1
II.1.1 Cimento Portland ..........................................................................1
II.1.2 Agregados....................................................................................2
II.1.3 Aditivos .......................................................................................3
II.1.4 Dosagem do concreto ....................................................................4
II.1.5 Preparo, Transporte, Aplicação e Cura ..............................................5
II.1.6 Propriedades e características do concreto ........................................6
II.1.7 Tipos de concreto ..........................................................................7
II.1.8 Esforços solicitantes.......................................................................8
II.1.9 Principais defeitos e reparos em estruturas de concreto .................... 10
II.2 AÇO PARA CONCRETO ............................................................................... 13
II.3 NOÇÕES DE SOLOS .................................................................................. 14
II.3.1 Classificações dos solos ................................................................ 14
II.3.2 Principais índices físicos................................................................ 17
II.3.3 Permeabilidade ........................................................................... 19
II.4 HIDROLOGIA ......................................................................................... 19
II.4.1 O ciclo hidrológico ....................................................................... 19
II.4.2 A água na natureza ..................................................................... 21
II.4.3 Precipitação................................................................................ 21
II.4.4 Vazão ........................................................................................ 22
II.4.5 Bacia hidrográfica........................................................................ 23
II.5 HIDROMETRIA ....................................................................................... 24
II.5.1 Medição de nível d’água ............................................................... 24
II.5.2 Medição de vazão ........................................................................ 24
II.5.3 Medição de descarga sólida........................................................... 24
II.5.4 Medição de chuva........................................................................ 25
II.5.5 Medição de dados climatológicos.................................................... 25
II.6 ESTUDOS HIDROLÓGICOS ........................................................................... 25
II.7 PRINCIPAIS MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS ......................... 27
III - REFERÊNCIAS (3ª AULA): .......................................................................... 29
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JÚLIO CÉSAR DE FREITAS GUIMARÃIES AUDITORIA DE OBRAS
I- Apresentação
Pretende-se que o material aqui contido forneça aos concursandos informações suficientes
ao bom desenvolvimento da prova, dentro da área específica. A apostila foi elaborada de
forma a possibilitar, mesmo àqueles que não têm formação na área de engenharia,
entendimento necessário sobre os temas abordados. Seu conteúdo está estruturado em seis
capítulos: Pré-Requisitos (conceitos básicos de concreto, solos e Hidrologia), Estruturas
Hidráulicas, Aproveitamento Hidrelétrico, Irrigação e Drenagem, Obras Portuárias e Obras de
Saneamento. O primeiro capítulo, apesar de não fazer parte explicitamente do programa,
torna-se necessário para possibilitar um melhor aproveitamento dos demais assuntos.
Outros conceitos básicos, seja da área tecnológica (Topografia, Mecânica dos
Solos/Investigações Geotécnicas), seja da área de auditoria/orçamentação, serão
desenvolvidos no escopo dos demais módulos – Auditoria, Obras Rodoviárias e Edificações.
II - Pré-requisitos
II.1 Concreto
cimento (aglomerante);
areia (agregado miúdo);
brita (agregado graúdo);
água;
aditivos (eventual).
Os principais constituintes do Cimento Portland, são a Cal (CaO), a Sílica (SiO2), a Alumina
(Al2O3) e o Óxido de ferro (Fe2O3).
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Componentes (% de massa)
Classe de Clínquer +
Sigla Escória de Material Material
Resistência Sulfato de
Alto-Forno Pozolânico Carbônico
Cálcio
CP-I 25-32-40 100 -- -- --
CP-I-S 25-32-40 99-95 1-5 1-5 1-5
CP-II-E 25-32-40 94-56 6-34 -- 0-10
CP-II-Z 25-32-40 94-76 -- 6-14 0-10
CP-II-F 25-32-40 94-90 -- -- 0-10
CP-III 25-32-40 62-25 35-70 -- 0-5
CP-IV 25-32 85-45 -- 15-50 0-5
CP-V-ARI -- 100-95 -- -- 0-5
Fonte: Referência [2]
A escolha do tipo de cimento está condicionada às características que o concreto deve ter
em função de sua aplicação. Assim, por exemplo:
II.1.2 Agregados
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II.1.3 Aditivos
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Caso a fração agregado graúdo contenha duas classes de brita (britas 1 e 2, por exemplo), o
traço pode ser expresso por 1:A:B:C, onde “B” é a quantidade de brita 1 e “C” a quantidade
de brita 2, ambas por quilo de cimento.
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Para se avaliar a resistência a que uma estrutura é capaz de resistir, utiliza-se de métodos
estatísticos. Assim, são coletados (moldados) corpos de prova de concreto quando de sua
fabricação e, admitindo-se que a distribuição dos valores da resistência à compressão em
torno de sua média possa ser bem representada por uma curva de Gauss (distribuição
normal), pode-se definir a tensão de dosagem (fcj), uma vez que se disponha das seguintes
informações:
Vale lembrar que, em caso de utilização de aditivos, esses devem ser aplicados, em
quantidade pré-estabelecida, no início ou durante o processo de mistura dos componentes.
O transporte pode ser feito de várias formas, desde manual – através de carrinhos de mão
ou de jericas – até bombeado desde a central, passando por caminhões betoneiras e
esteiras.
Para que o concreto atinja o desempenho esperado, torna-se imperiosa a realização de sua
cura segundo metodologia estabelecida em conjunto projetista-executor. A “cura” do
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concreto abrange um conjunto de medidas que têm por objetivo principal evitar a
evaporação da água utilizada na mistura do concreto. Particularmente para peças expostas
ao sol e ao vento, a cura criteriosa e prolongada (até 7 dias, e, em casos especiais, mais)
pode aumentar a resistência final em 20%, ou mais, além de evitar o surgimento de trincas
por retração, inaceitáveis em peças que devem ser submetidas a esforços por líquidos –
reservatórios, por exemplo. A cura pode ser feita por irrigação/aspersão direta e contínua
das superfícies expostas, recobrimento com areia ou sacos de tecidos que são mantidos
úmidos, recobrimento com lonas plásticas, aplicação de filmes impermeabilizantes (cura
química), entre outros.
Com relação ao concreto endurecido, isto é, a partir da pega, existem várias propriedades e
características que passam a ser destacadas:
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densidade – adota-se como 2,3 a 2,4 para o concreto simples e 2,5 para o concreto
armado;
resistência à abrasão – cresce com a utilização de agregados mais duros e de maior
diâmetro, com o aumento da resistência à compressão e com o grau de polimento
da superfície endurecida;
condutibilidade elétrica – a resistividade do concreto varia entre 104 e 107ohms/cm²;
o concreto é mau condutor de eletricidade, mas não chega a ser um isolante;
dilatação térmica – em geral, da ordem de 10 a 20x10-6/°C;
resistência ao fogo – até temperaturas da ordem de 100°C as resistências à
compressão e à tração não se alteram; para estruturas expostas a temperaturas
superiores, começa a existir um decréscimo desses valores, chegando a 95% para a
tração e 50% para a compressão, para uma temperatura de 800°C;
adesão – varia com o grau de aspereza (mais áspera, maior adesão) e com a
limpeza da superfície (isenta de pó); é comum o uso de produtos (resinas do tipo
epóxi e outros) para garantir uma maior adesão;
durabilidade – a resistência mecânica do concreto pode reduzir com o tempo se este
for atacado por uma série de agentes sejam mecânicos (choques, vibração, abrasão,
fadiga), físicos (temperatura), químicos (águas agressivas e agentes reativos) e até
biológicos (bactérias);
permeabilidade – apesar de baixa, ela existe, já que o concreto é um material
obrigatoriamente poroso (pela sua constituição e forma de fabricação); pode ser
reduzida com a adoção de uma série de cuidados, desde a dosagem (inclusive com
a incorporação de aditivos) até a execução.
Para identificação das propriedades e características do concreto, existe uma série de
ensaios, cabendo mencionar os realizados para verificação da resistência à compressão. Para
concretos novos, moldam-se corpos de prova por ocasião da concretagem para ensaiá-los
(rompê-los) com diversas idades – 3, 7, 28 dias – de acordo com metodologia definida em
norma. A norma também define a interpretação dos resultados e os critérios de aceitação ou
não da estrutura. Já para estruturas antigas, existem ensaios destrutivos (retirada de corpos
de prova) e não-destrutivos (esclerômetros e ultra-som).
Simples – também denominado concreto massa ou magro, é aquele que não é dotado de
armadura ou esta existe em pequena taxa, sem ser considerada na estabilidade da estrutura
(toda a solicitação externa é resistida pelo concreto);
Armado – é aquele dotado de armadura de aço; como o concreto resiste bem à compressão,
mas mal à tração, o aço é incorporado à massa para vencer esse último tipo de solicitação;
isto é possível porque os módulos de elasticidade (E) dos dois materiais são da mesma
ordem de grandeza;
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Os esforços externos simples que solicitam uma estrutura de concreto são os seguintes:
compressão;
tração;
flexão;
torção;
cisalhamento ou esforço cortante.
Sua atuação é melhor entendida pela figura da página a seguir.
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Esforços simples
σ = P/S,
sendo σ a tensão atuante (em kPa ou MPa ou kgf/cm²), P a força atuante (em kN ou MN ou
kgf) e S a área em que a força é aplicada, ou área resistente (em m² ou cm²). Obs.: 1MPa
= 10kgf/cm² = 10atm = 103mca.
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madeira, etc. Tais limites de tensão variam de acordo com o material e, no caso do
concreto, variam de acordo com a especificação do calculista.
σ=E.ε
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O aço é um produto siderúrgico, obtido a partir do ferro fundido ou do ferro doce, por
diversos processos, com baixo teor de carbono – entre 0,2% e 1,7%. Tem densidade da
ordem de 7,65 (peso específico = 7,65tf/m³), boa resistência ao impacto, alta resistência ao
desgaste. Suas resistências à tração e à compressão são da mesma ordem de grandeza.
Em termos comerciais, o aço para concreto é classificado de acordo com sua resistência à
tração. Assim, tem-se, genericamente, a denominação CA-XX, onde CA significa aço para
concreto e XX a resistência à tração (tensão de escoamento mínima) em kgf/mm². XX pode
assumir os valores de 25, 32, 50 e 60. O aço para concreto é vendido em barras de 12,0m
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de comprimento em diversos diâmetros (bitolas): 4,2 , 5,0 , 6,0 , 8,0 , 10,0 , 12,5 , 16,0 ,
20,0 , 25,0 , 32,0 e 40,0mm.
O estudo dos solos é de suma importância pelo fato de se constituírem em material natural
de construção – de menor custo de obtenção relativamente aos materiais industrializados –
e, também, de consistirem da base para fundação da maioria das obras de engenharia.
As partículas que formam os solos podem ser agrupadas, de acordo com suas dimensões e
segundo escala granulométrica brasileira, estabelecida pela ABNT, em:
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Curvas Granulométricas
Obtida uma amostra do solo, para se determinar sua curva granulométrica, utiliza-se de
duas metodologias complementares, em função do diâmetro dos grãos. Primeiro, passa-se a
amostra por uma série de peneiras cujas aberturas das malhas seguem dimensões
normatizadas. Em cada peneira, ficam retidas as respectivas frações de material mais grosso
– pedregulho e areia. A parcela do solo constituída de finos, que passou por todas as
peneiras e foi colhida no fundo cego do conjunto, é ensaiada por sedimentação, através do
método de sedimentação contínua em meio líquido. Essa segunda parte do ensaio consiste
em, após dispersar parte da fração que passou em todas as peneiras (finos com
d<0,074mm) em uma mistura água-defloculante, agitando-a em um dispersor, verte-se a
solução em uma proveta graduada, completando com água até 1,0 litro, agitando
novamente, pondo em repouso a mistura e introduzindo na proveta um densímetro. Em
seguida, inicia-se uma série de leituras de afundamento do densímetro a intervalos
crescentes (30s, 1min, 2min, 4min, ...) contados do instante em que se pôs a proveta em
repouso. Com base nas leituras e considerando a lei de Stokes, que relaciona o diâmetro
equivalente da partícula com sua velocidade de sedimentação em um meio líquido de
viscosidade e peso específico conhecidos, pode-se montar a parte inferior da curva
garnulométrica.
dos Solos. Esse sistema, apresentado na tabela seguinte, utiliza-se de letras que
representam as iniciais em inglês para:
G – gravel (pedregulho);
S – sand (areia);
C – clay (argila);
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Assim, por exemplo, SW, trata-se de um solo arenoso bem graduado, GM, um solo
pedregulhoso com razoável parcela de silte e, CL, um solo argiloso com baixa plasticidade. O
conceito de solo bem ou mal graduado pode melhor ser entendido pela figura a seguir.
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Um caso à parte são os solos de formação orgânica, formados a partir de vegetais – plantas
e raízes – e animais – basicamente, conchas.
O solo é um material constituído por partículas sólidas, com vazios entre elas, que poderão
estar preenchidos total ou parcialmente por água. Assim, sendo (ver figura):
O peso específico das partículas (γg), isto é, o peso específico real de material sólido, é dado
por:
γg = Ps / Vs
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δ = γg / γa
γ = Pt / Vt
O peso específico aparente de um solo seco (γs), isto é, com h = 0, é dado por:
γs = Ps / Vt
ε = Vv / Vs
O peso específico de um solo saturado (γsat), isto é, com S = 100%, é dado por:
O peso específico de um solo submerso (γsub) difere do peso específico do solo saturado
(γsat) porque, no primeiro caso, as partículas sólidas sofrem o empuxo da água. Então:
Ou, ainda:
γsub = γsat – γa
A diferença entre solos saturados e submersos pode ser melhor entendida pela figura a
seguir.
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II.3.3 Permeabilidade
Gradiente hidráulico entre dois pontos é a razão entre a diferença de cota piezométrica
(carga hidráulica) entre esses dois pontos e a distância entre eles, ou:
i = ∆h/d
onde,
i = gradiente hidráulico (m/m);
∆h = diferença entre as cargas hidráulicas dos 2 pontos (m);
d = distância entre os 2 pontos (m).
Percolação é a passagem de água (ou outro líquido) através de um meio poroso. O solo é
um meio poroso e a água percola através dele. A velocidade com que a água percola através
de um meio poroso (o solo, por exemplo) é dada pela seguinte equação, conhecida como
Lei de Darcy:
v=k*i
onde,
v = velocidade de percolação (cm/s)
k = coeficiente de permeabilidade (cm/s)
i = gradiente hidráulico (adimensional).
O coeficiente de permeabilidade é função do tipo de material sendo crescente com sua
porosidade – volume de vazios relativo. A tabela abaixo apresenta a faixa mais comum de
variação dos coeficientes de permeabilidade de alguns tipos de solo.
II.4 Hidrologia
“Hidrologia é a ciência que estuda a água na natureza. Faz parte da Geografia Física e
abrange, em especial, propriedades, fenômenos e distribuição da água na atmosfera, na
superfície e no subsolo da Terra”. (N. L. de Sousa Pinto)
A água existe na natureza, nos três estados físicos, em quantidade certa e definida. No
entanto, devido aos movimentos de rotação e translação da Terra, à atração gravitacional da
Terra e de outros astros, em particular, da Lua, e, principalmente, ao aquecimento
proporcionado pelo Sol, toda a água existente em nosso planeta encontra-se em constante
mudança de seu estado físico e de sua posição, porém dentro de um ciclo fechado,
denominado ciclo hidrológico.
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Segundo a WMO – Organização Meteorológica Mundial, o Brasil, e boa parte dos países da
América do Sul, classificam-se como países com disponibilidade de água doce “muito alta”,
relativamente à população. A produção hídrica de nosso país corresponde a quase 20% da
mundial, sendo que cerca de 13,7% da água doce superficial do planeta encontra-se no
Brasil.
Apenas 9 países dividem cerca de 60% das fontes renováveis de água doce do mundo,
ocupando o Brasil a primeira posição, com Rússia em segundo (2/3 das fontes brasileiras) e
Estados Unidos em terceiro.
II.4.3 Precipitação
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Tipos de Chuva
II.4.4 Vazão
Ao volume de água que passa numa determinada seção de um curso d’água, na unidade de
tempo, dá-se o nome de vazão ou descarga líquida. A vazão de um rio, numa dada seção, é
variável ao longo tempo, sendo função, dentre outros fatores, da quantidade de chuva que
cai em sua área de influência – denominada bacia hidrográfica – ver item 2.1.4.
Uma fórmula simples, porém muito importante, sendo empregada direta ou indiretamente
em quase todos os dimensionamentos hidráulicos, é a denominada equação da
continuidade:
Q=v*A
onde:
Q = vazão (m³/s);
v = velocidade média do fluxo (m/s);
A = área da seção transversal (m²);
ou seja, a vazão é diretamente proporcional à velocidade do escoamento e à área da seção.
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Chama-se bacia hidrográfica de uma dada seção de um curso d’água à área em que,
qualquer gota de chuva que incida sobre ela acabe passando na seção considerada,
desprezados os fenômenos da evaporação, interseção, transpiração, infiltração, etc. Em
outras palavras, bacia hidrográfica de uma dada seção é toda a área que drena para aquela
seção.
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II.5 Hidrometria
A medição de nível d’água é feita pela simples leitura em réguas (escalas graduadas)
instaladas em margens, estruturas, etc, devidamente referenciadas a marcos topográficos
(RN’s). Quando as réguas precisam ser instaladas em locais onde não existam pessoas que
possam lê-las freqüentemente (em geral, duas vezes ao dia), utilizam-se aparelhos
registradores de nível em seu lugar. Esses registradores são dotados de bateria que lhe dão
autonomia de 2, 3 ou mais meses.
Para realizar a medição do volume de água que passa na unidade de tempo (vazão) numa
dada seção transversal de um curso d’água, realiza-se a medição de dois parâmetros
simultaneamente – velocidade e área da seção transversal – e obtém-se a vazão pelo
produto dos dois.
Os cursos d’água carregam, no bojo da massa líquida, sedimentos que são originários de
toda a bacia hidrográfica, desde a cabeceira, até a seção em consideração. A quantidade de
sedimentos produzidos em uma bacia é função de uma série de fatores, entre os quais,
cobertura vegetal, formação pedológica e geológica, nível de antropomorfismo, regime de
chuvas, área e declividade média da bacia.
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Sedimentos mais finos, como grãos de argila e silte, são carreados em suspensão na massa
líquida. Areias, principalmente mais grossas e pedregulhos, são arrastados pelo fundo dos
rios.
Para fazer a medição desses dois tipos de sedimentos – em suspensão e de fundo ou arrasto
– utiliza-se de tipos diferentes de equipamentos. Um colhe amostras de água ao longo de
várias verticais da seção transversal que são analisadas em laboratório quanto à sua
composição granulométrica. Outro aparelho é responsável por colher amostras de material
do fundo do rio, que também segue para análise granulométrica em laboratório. As seções
de coleta de amostras de suspensão e fundo são as mesmas de medição de descarga
líquida. Com base nas informações coletadas, é possível estimar o transporte sólido do rio –
em toneladas por ano.
A chuva é medida pelo volume precipitado em dado local num dado período – um dia, por
exemplo. A medição é efetuada em aparelhos denominados pluviômetros que nada mais são
do que recipientes nos quais a abertura superior, por onde a chuva entra, é padronizada.
Diariamente, num horário pré-estabelecido, em geral às 7 horas, faz-se a medição do
volume precipitado. Como o volume foi coletado através de uma área padronizada,
converte-se o valor medido em altura de chuva, em mm. Assim, a quantidade de chuva num
dado período é expressa em unidade linear – o mm.
Também aqui, nos casos onde não haja ninguém que possa realizar as leituras diárias,
emprega-se um registrador de chuva em lugar do pluviômetro.
Os estudos hidrológicos são levados a termo com base em dados e informações primários
(levantados em campo) e secundários (levantados em escritório a partir de diversas fontes),
aplicando-se métodos estatísticos, determinísticos ou mistos. A aplicação do tipo de
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Para pequenas bacias – teoricamente, até 5km², mas, na prática, até 20 ou 30km² – é
muito comum o emprego do método racional. Esse método, de simples aplicação, está
baseado na utilização da chamada fórmula racional, a seguir transcrita, que pressupõe
condições simplificadoras.
Q = (C * i * A)/3,6
Os métodos que conferem tratamento estatístico à massa de dados de vazão podem ser
empregados tanto para determinação vazões de cheia quanto de estiagem. Para serem
adotados, necessitam de histórico de informações na bacia. Caso tal série de dados não
exista – ou seja de pequena amplitude temporal – mas existam dados no entorno, em bacias
com características semelhantes – vegetação, formação geológica, regime de chuva, área de
drenagem, etc. – pode-se lançar mão de um estudo de regionalização de vazões, para
transpor os resultados para a seção de interesse. Os estudos estatísticos associam
determinado valor de vazão a um específico tempo de recorrência – ou tempo de retorno. O
tempo de recorrência (T) é o inverso da probabilidade de ocorrência de um evento de igual
ou maior magnitude. Exemplificando, adotando-se um tempo de recorrência de 1000 anos,
determina-se uma vazão de valor Q1000. Em qualquer ano da vida útil da estrutura, a
probabilidade de ocorrer uma vazão com essa magnitude, ou superior (risco), é de 1/1000
ou seja 0,001 ou ainda 0,1%. Para mais de um ano, ou, ao longo de toda a vida útil da
estrutura, o risco (r), definido como a probabilidade da vazão de projeto, associada a um
determinado tempo de recorrência (T), ser igualada ou ultrapassada, é definido pela
fórmula:
r = 1 – (1 – (1/T))n
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Interferências no leito de grandes rios ou no mar são sempre respaldadas por longos e
profundos estudos. Dada a sua magnitude, a realização de tais obras requer um
planejamento detalhado, sob pena de ocorrerem grandes e graves acidentes. Tal
planejamento é levado a termo por uma equipe experiente e multi-disciplinar.
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