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Honghi Tran
Pulp & Paper Center e and
Department of Chemical Engineering
And Applied Chemistry
University of Toronto
Toronto, Canada
RESUMO
O forno de cal é usado para converter lama de cal em cal para que seja
reusada na planta de caustificação no processo de recuperação Kraft.
Muitos dos problemas encontrados nas operações do forno de cal podem
ser relacionados com a química do forno, incluindo emissões de TRS e SO 2,
formação de cinzas, anéis e incrustação do refratário. Entender a
composição da lama de cal e as principais reações químicas envolvidas é
uma importante etapa no desenvolvimento de medidas prevenidas de
problemas.
INTRODUÇÃO
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CaCO3(s) = CaO(s) + CO2 (g) ... Reação 3
Média Range
CaCO3 95 92 - 97
MgO 1,04 04 - 1,6
SiO2 0,29 0,1 - 0,9
Al2O3 0,14 0,05 - 0,3
Fe2O3 0,05 0,01 - 0,4 Impurezas
P2O5 0,86 0,2 - 1,4
Na2O 1,14 0,05 - 1,6
K2O 0,09 0,04 - 0,12
SO3 0,91 0,3 - 2,5
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Com a movimentação da lama de cal através do forno a composição muda
assim que a decomposição da lama inicia. A temperatura de decomposição
da lama de cal depende grandemente da pressão parcial local de CO 2 e a
quantidade de impurezas da lama. Visto que a concentração de CO 2 nos
gases do forno variam de 12% de CO2 próximo ao queimador para
aproximadamente de 25% ao final deste, a temperatura de decomposição
varia de 800 a 820ºC (1470 a 1510ºF). Durante a decomposição, a
temperatura dos sólidos permanece constante em função do calor
absorvido. Ela somente aumenta quando a maior parte do CaCO 3 nos
sólidos foi calcinada.
Cal recuperada consiste dos mesmos ingredientes que a lama de cal, menos
o peso do CO2 que foi liberado no forno. Em base percentual, cal recuperada
contem aproximadamente 1,6 vez mais impurezas que lama de cal (Figura
2). Em fornos que queimam combustíveis com alto teor de enxofre, a cal
recuperada contém uma quantidade de enxofre muito maior que na lama em
função das reações de sulfatação entre a lama de cal e o SO 2 nos gases do
forno.
IMPUREZAS
Embora a lama de cal seja composta por 95% em peso de CaCO 3 e a cal
90% em peso de CaO, eles não são a principal causa de problemas nas
operações do forno. CaCO3 se decompõe para formar CaO, o qual é
relativamente inerte no meio ambiente do forno. Visto que CaO puro não se
funde em temperaturas abaixo de 2.600ºC (4710º F), são as impurezas que
causam problemas no forno de cal.
COMPOSTOS DE SODIO
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A figura 3 mostra esquematicamente como a composição do sódio solúvel
em água muda conforme a lama vai se movendo para dentro do forno. No
final ele torna-se uma mistura de Na2CO3 e Na2SO4, que na presença e
outras impureza na lama, funde à aproximadamente 800ºC. A temperatura
de fusão é aproximadamente a mesma que a temperatura de calcinação da
lama do forno.
Pelo fato do sódio solúvel em água ser derivado do licor branco, o seu
conteúdo na lama geralmente aumenta com:
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Sódio Protegido (Guarded sodium)
Este tipo de sódio é o menos conhecido dos três tipos. Ele não é solúvel em
água em temperatura ambiente, mas torna-se solúvel depois que a lama for
aquecida a altas temperaturas. Resultados de estudos laboratoriais {1}
sugerem que este tipo de sódio é formado durante o processo de
caustificação, onde alguns íons Na+ precipitam juntamente com íons de Ca++
assim que eles reagem com CO32- no licor verde (Figura 4). Estes íons Na+
estão escondidos ou “guardados – protegidos” na treliça da estrutura
cristalina da calcita (CaCO3); logo estão protegidos da CaCO3 insolúvel em
água.
Um sódio guardado pode ser expresso como (Ca 1–x, Na2x)CO3 onde x é
menor que 0,01. Sua presença na lama de cal distorce e enfraquece a
estrutura cristalina do CaCO3, fazendo com que a lama se decomponha a
temperatura menor que a de CaCO3 pura. Este tipo de sódio é
provavelmente o mais problemático visto que não pode ser removido por
lavagem. No forno, no entanto, o sódio guardado é liberado como Na 2CO3 e
torna-se solúvel em água quando a lama é aquecida acima de 400ºC
(reação 8).
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Sódio Total
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refratários na parte mais fria embaixo de uma grossa camada de depósitos
na forma de anel.
FORMAÇÃO DE ANEIS
Existem três tipos principais de anéis que acontecem em fornos de cal (4).
Anéis de lama, os quais estão localizados entre os primeiros 30 metros a
partir da seção de correntes, acredita-se que se formem quando a lama tem
uma úmida maior que a normal, e quando a temperatura na alimentação é
baixa. Anéis de lama são macios, mas podem se formar com rapidez.
Anéis denominados Mid–Kiln acontecem no meio do forno, começando
próximo ao inicio da zona de calcinação e terminando a aproximadamente
30 metros da parte frontal. Este é o tipo mais comum e também o mais
problemático. Acredita-se que se forma como resultado da recarbonatação
de partículas de CaO, como será discutido mais tarde. Anéis na parte
frontal acontecem próximo ao queimador e são formados como resultado da
sulfatação do CaO em altas temperaturas.
Outros tipos de anéis ocorrem com menos freqüência; estes incluem anéis
que são formados em função do gotejamento do combustível liquido na
parte frontal, seguido de aglomeração de partículas de cal e anéis que são
formados pela aglomeração de grandes bolas de lama.
Para que o anel se forme, lama de cal ou partículas da cal produzida devem
primeiro aderir às paredes do forno. A capacidades das partículas em aderir
é uma função do seu tamanho e da quantidade da fase liquida que cobre a
superfície destas. Em geral partículas molhadas e pequenas tendem a
aderir mais rapidamente que as grandes e secas. A pegajosidade da lama
de cal é determinada pela presença da fase liquida, a qual pode ser tanto
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água em baixa temperatura quanto material fundido a altas temperaturas.
Lama de cal com baixo conteúdo de sólidos pode não ficar completamente
seca após a seção das correntes e desta maneira pode contribuir para a
formação de anéis de lama. Afastando-se da zona de calcinação, a fusão de
compostos de sódio solúvel em água e sódio guardado na lama de cal
podem contribuir com o aumento da pegajosidade da lama de cal e/ou das
partículas da cal produzida, e conseqüentemente com a formação de anéis
do tipo frontal ou Mid-Kiln.
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Para fornos que possuem elevado input de enxofre e sódio, a sinterização
de partículas de cal que foram revestidas com CaSO 4 na presença de
Na2SO4 podem também aumentar a resistência dos depósitos do anel (4).
A queima de gases não condensáveis (GI) no forno de cal pode ter um efeito
sobre os anéis. Ela faz com que a chama do queimador seja instável
resultando em oscilação de temperatura na parte frontal, e desta forma
promovendo o endurecimento do anel via recarbonatação. O enxofre nos
gases não condensáveis também pode contribuir com o endurecimento do
anel via sulfatação.
FORMAÇÃO DE PÓ
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A extensão da formação de pó é determinada por três fatores principais:
tamanho de partículas sólidas, velocidade local dos gases e taxa de
alimentação de lama. Desses fatores, o tamanho das partículas sólidas é o
mais importante; ela depende muito do grau de aglomeração da lama de cal
da alimentação e da quantidade de nódulos de cal na zona de calcinação.
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EMISSÕES DE TRS
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Em fornos que queimam somente gás natural, emissões de TRS somente
acontecem em casos de elevado residual de licor branco na lama de cal,
visto que gás natural não contém enxofre.
EMISSÕES DE SO2
Uma parte desses óxidos de enxofre é capturada pela cal produzida através
da formação CaSO4 (reação 10), e através de hidróxido de sódio na lama via
formação de Na2SO4 (reação 5). O restante sai do forno com o fluxo de
gases. O enxofre capturado é recuperado sob a forma de Na 2SO4 quando a
cal recuperada reage com o licor verde nos slakers e/ou caustificadores
(reação 14).
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Visto que CaO é largamente usado para controle de emissões de SO 2 em
caldeiras que queimam óleo ou carvão, sua habilidade na captura de SO 2
em fornos de cal é mais limitada em função da baixa temperatura dos
sólidos no forno e a falta de contato prolongado entre os gases do forno e os
sólidos. Como resultado, emissões elevadas de SO 2 podem acontecer em
fornos que queimam combustíveis contendo concentração de enxofre junto
com CNCG (gases incondensáveis GI)
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Um bom tijolo deve possuir baixa porosidade e boa resistência química e a
choques térmicos. Em geral tijolos com baixo conteúdo de alumina não
conseguem, de forma adequada, resistir ao ataque químico em altas
temperaturas, enquanto que tijolos com elevado conteúdo de alumina são
mais susceptíveis a choques térmicos. Sob condições normais de
operação, tijolos com 40 a 70% Al2O3 parecem preencher os dois requisitos
(3).
SUMÁRIO
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AGRADECIMENTOS
Uma grande parte deste artigo está baseado nos resultados obtidos através
de um programa de pesquisa sobre “Mecanismos de Formação de Anéis em
Fornos de Cal, conduzido por muitos estudantes e pesquisadores da
Universidade de Toronto. O programa recebeu apoio da Ahlstrom
Corporation, E.B. Eddy Foresty Products Ltd., James River Coporation,
Geórgia Pacific Corporation, International Paper Company, Chemetics
International Corporation Potlatch Corporation, Union Camp Corporation,
Weyerhaeuser Paper Company e o Ministério das Faculdades e
Universidades de Ontário.
REFERÊNCIAS
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Proceedings of the International Chemical Recovery Conference, TAPPI Press, p.
153 (1992).
4. Tran H.N and Barham D., “ An Overview of Ring Formation in Lime Kilns”,
Tappi Journal, 74, [1] 131 (1991).
5. Tran, H.N., Mao, X and Barhan, D., “ Mechanisms of Ringing in Lime Kilns”,
Journal of Pulp and Paper Science, 19 [4] J167-J175 (1993).
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7. Lindrblom, j., “Sintering in the Kraft Pulp Mill Studies in the Rotary Kiln and
Recovery Boiler”, Ph.D. thesis, Department of Chemical Engineering Design,
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Conference Proceeding, Tappi Press, p.115 (1989).
10. Adams, T.N., “Lime Reburning”, Tappi Kraft Recovery Operations Short, Tappi
Press, p. 41-54 (1991).
11. Gorog, P.J. and Fraser, DG., “Selections of High Alumina Bricks for use in lime
Sludge Kilns Proceedings of International Chemical Recovery Conference, Tappi
Press, p. 441-445 (1992).
12. Stiles, D.., “Recent Refractory Trends in lime recovery kilns – Factors affecting
these trends Tappi Kraft Recovery Operations Short, Tappi Press, p.61-65 (1991).
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Figura 2: Impurezas na lama de cal e cal queimada
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Figura 4: formação de sódio protegido
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Figura 6: Enriquecimento de sódio no forno de cal
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Endurecimento das partículas de cal via recarbonatação
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Resistência das pelotas recarbonatadas
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TRS resultante de lavagem da lama deficitária
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