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NIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

Aplicação de Enzimas na Indústria Têxtil

Érika Imada Barcelos


Ieda Friederichs
Tatiane Goularte

Florianópolis, junho de 2009.


Sumário

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. HISTÓRICO........................................................................................................... 4
3. ENZIMAS .............................................................................................................. 4
4. ETAPAS DO BENEFICIAMENTO TÊXTIL ............................................................ 5
4.1. DESENGOMAGEM ............................................................................................ 6
4.2. PURGA .............................................................................................................. 8
4.3. ALVEJAMENTO ................................................................................................. 9
4.4. TINGIMENTO................................................................................................... 10
4.5. ACABAMENTO ................................................................................................ 11
4.6. TRATAMENTO DE EFLUENTES ..................................................................... 13
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 14
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 15

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1. INTRODUÇÃO

Os processos enzimáticos podem ser utilizados para alterar as


propriedades das fibras têxteis e têm como principal vantagem, sobre a
utilização de reagentes químicos, o fato de não implicarem qualquer efeito
nocivo ao meio ambiente. Fato este, pelo qual nos últimos anos, com a
crescente conscientização e preocupação pelo meio ambiente, muitas
pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de aplicar enzimas nas
diferentes etapas do beneficiamento têxtil.
A utilização de enzimas no processo têxtil, visando à remoção das
impurezas não celulósicas denomina-se biopreparação, biopurga, purga
enzimática ou bioscouring e apresenta inúmeras vantagens, contribuindo para
o melhoramento ecológico do processo, pois substitui produtos químicos
normalmente utilizados, em alguns processos têxteis, reduzindo
consideravelmente o impacto ambiental assim como os danos às fibras. A
enzima utilizada no processo melhora a qualidade das fibras, pois é altamente
específica, permitindo a produção de produtos acabados de melhor qualidade
com relação ao aspecto visual, toque e propriedades de resistência. Reduz o
desgaste do equipamento e confere maior flexibilidade na sua utilização.
Possibilita economia de energia, requer maior controle do processo e possibilita
aumento de produtividade. [1]

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2. HISTÓRICO

A literatura destaca alguns pontos históricos, que marcaram o


conhecimento e o controle da atividade enzimática que hoje se emprega
rotineiramente. A atividade catalítica de enzimas tem sido utilizada pelo homem
há milhares de anos, em processos tais como fermentação do suco de uva
para obtenção do vinho, fabricação de queijo e pão. No entanto, estas eram
apenas aplicações práticas, uma vez que o conhecimento do modo de ação
dos catalisadores biológicos só recentemente foi elucidado, precedido por uma
serie de fatos que culminaram nos conhecimentos para utilização de enzimas
em diferentes ramos da atividade humana.
A maceração do linho foi a primeira aplicação biotecnológica no
processamento de têxteis. Há mais de 2.000 anos, o crescimento de
microorganismos no linho era usado para a separação das fibras dos caules da
planta. As amilases, ainda hoje usadas para a remoção de gomas de amido
dos tecidos após a tecelagem, eram as únicas enzimas aplicadas no
processamento de têxteis até a década de 1980. [2]
No final da década de 1970, descobriu-se que as celulases
acrescentavam detergência à lavação de tecidos e removiam a fibrilação em
múltiplas lavações. Hoje, as celulases são incluídas em muitos detergentes em
pó, especialmente aqueles que são ativos na faixa alcalina. As celulases
também têm sido empregadas na remoção enzimática de fibrilas e de
pilosidade dos tecidos ou malhas de algodão, etapa esta conhecida como bio-
polimento. Foram descobertas também outras aplicações para essas enzimas,
que dão um aspecto envelhecido aos artigos de denim e outras peças de
vestuário.

3. ENZIMAS

As enzimas são as unidades funcionais do metabolismo celular, que


conferem à célula a capacidade de ativar e controlar uma grande variedade de
reações indispensáveis ao seu funcionamento. As enzimas são catalisadores
muito potentes e eficazes e quimicamente são definidas como proteínas.

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Um catalisador é uma substância que acelera uma reação química, até
torná-la instantânea ou quase instantânea, ao diminuir a energia de ativação.
Como catalisadores, as enzimas atuam em pequena quantidade e se
recuperam indefinidamente. Não levam a cabo reações que sejam
energeticamente desfavoráveis, não modificam o sentido dos equilíbrios
químicos, mas aceleram sua realização.
Algumas enzimas são capazes de aumentar a taxa de certas reações
cerca de 1014 vezes, sem requerer condições extremas de temperatura,
pressão e pH.
A catálise ocorre numa área constituída pelo conjunto de aminoácidos
diretamente envolvidos no processo de catálise, chamados centro ativo da
enzima. O “centro ativo” da enzima ocupa apenas 10 a 20% do volume total da
mesma. É aqui que toma lugar a química enzimática. Devido à sua estrutura
tridimensional, as enzimas são específicas para as reações que catalisam. [4]
Em outras palavras, são específicas para os substratos em que vão atuar.

4. ETAPAS DO BENEFICIAMENTO TÊXTIL

É um conjunto de processos aplicados aos materiais têxteis, objetivando


transformá-los a partir do estado cru em artigos acabados com boas
propriedades de solidez e resitência.
No beneficiamento primário entram as operações mecânicas, físicas,
químicas, bioquímicas e físico-químicas destinadas a eliminar as impurezas
das fibras têxteis e prepará-las o acabamento final.
Já no secundário são conferidas características específicas ao material
como cor, estampa e melhora da maciez.
O fluxograma abaixo apresenta os processos da indústria têxtil que
utilizam enzimas:

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Matéria-prima

Desengomagem

Mercerização e
purga

Alvejamento

Tingimento

Tratamento de
Efluentes

Acabamento

Produto
acabado

Figura 1 – Fluxograma das etapas de beneficiamento na indústria têxtil.

4.1. DESENGOMAGEM

Durante a produção dos tecidos, os fios são submetidos a forças consideráveis


de torção e dobradura. Para evitar a quebra dessas fibras, é comum o uso de gomas
nos fios e tecidos. A grande maioria das gomas usadas atualmente é feita à base de
amido (eficiente e de baixo custo).
O processo de desengomagem enzimática foi introduzido no mercado há muito
tempo, no entanto não é tão usado como o processo tradicional que usa produtos
alcalinos.

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A desengomagem é usada para remover a goma aplicada anteriormente para
tecelagem. As fibras sintéticas são geralmente engomadas com gomas solúveis em
água, que são facilmente removidas por lavação com água quente, ou no processo de
cozimento. As fibras naturais, tais como algodão, são muitas vezes engomadas com
gomas ou misturas de gomas e outros materiais. A remoção das gomas antes do
cozimento é necessária porque elas podem reagir e causar a mudança de cor quando
exposto ao hidróxido de sódio no cozimento.

A remoção das gomas à base de amido envolve basicamente o tratamento do


tecido em soluções que contém amilases, além de alguns tensoativos. Como em
outros casos do uso de enzimas em processos industriais, a quantificação da ação da
enzima em um meio complexo é difícil.
As amilases podem ser divididas em dois tipos principais: α-amilase e β-amilase.
Ambos os tipos são similares no sentido de que hidrolisam ligações glicosídicas nas
moléculas de amido, mas os pontos nos quais as reações ocorrem são muito
diferentes. As α-amilases atacam as cadeias aleatoriamente e são designadas como
dextrinogênicas ou liqueficantes. As β-amilases removem sucessivamente as unidades
de maltose a partir das extremidades redutoras e são designadas como
sacarogênicas.

Existem alguns fatores que podem influenciar no rendimento da desengomagem


enzimática tais como:

• Insumos auxiliares: Os insumos auxiliares atuam sobre a atividade da enzima,


por exemplo, o cloreto de sódio aumenta a estabilidade ao calor e, os
penetrante "quebram o filme" formado pela goma, auxiliando a umectarão do
substrato;
• Tempo de desengomagem: O tempo tem que ser dosado o suficiente para que
a enzima possa solubilizar por completo todo o amido, porém não deve ser
demasiadamente prolongado, pois pode haver prejuízo para o substrato;
• Temperatura empregada: Deve ser controlada de acordo com o tipo de enzima,
sabe-se que a diminuição de 10 ºC durante a operação de desengomagem faz
com que haja a diminuição de 50% de atividade da enzima, prejudicando o
efeito da e desengomagem;
• pH do banho: Quando o pH se localiza na faixa ideal proporciona alta atividade
à enzima e um máximo de estabilidade ao calor. O pH ideal para a
desengomagem deve estar entre 6 a 7;

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• Dureza da água: A presença de cálcio e/ou magnésio no banho de
desengomagem aumenta a atividade da enzima. Daí costuma-se empregar
cloreto ou sulfato de cálcio ou magnésio;
• Presença de contaminantes: São agentes que inibem ou até chegam a destruir a
enzima. Normalmente são corpos estranhos ao banho de desengomagem.

Figura 2 – Equipamento destinado para a desengomagem.

4.2. PURGA

As fibras de algodão, no estado cru, são formadas em média por 94% de


celulose e os restantes 6% incluem proteínas, substâncias pécticas, ceras graxas e
materiais minerais. O material não celulósico confere às fibras um caráter hidrofóbico e
uma coloração amarelada. A purga tem o objetivo de retirar essas impurezas.
A purga do algodão e outras fibras celulósicas vêm sendo efetuada em meio
alcalino, geralmente em presença de produtos tensoativos e agentes seqüestrantes.
Este processo convencional para a purga do algodão usando químicos alcalinos tem
diversas desvantagens, pois gera uma forte carga química, junto com as grandes
quantidades de álcali e outros químicos usados. A água residual tem um alto pH que
necessita ser neutralizado com ácidos sulfúricos ou dióxidos de carbono. Também
pode ser alta a relação DQO/DBO.
Estudos foram realizados para ver os efeitos da aplicação de pectinases e
celulases para melhorar a absorvência de tecido de algodão. A conclusão foi que o
uso simultâneo das duas enzimas produz um efeito sinérgico que resulta numa
limpeza mais eficiente tanto no tempo quanto na uniformidade do tratamento. A
pectinase é uma enzima que degrada a pectina (polissacarídeo de cadeia longa), e
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essa pectina atua como uma cola entre as impurezas, que deseja ser retirada, e as
fibras de algodão. Como a degradação dela, as impurezas são mais facilmente
retiradas.
As vantagens potenciais que torna a purga enzimática comercialmente atrativa
incluem água residual mais facilmente tratável, economia de energia e melhor
compatibilidade com outros processos, maquinaria e materiais.
Comparando a purga obtida com o emprego de pectinase com a obtida
empregando soda cáustica, ambos seguidos de um alvejamento com peróxido de
hidrogênio, chegou-se a conclusão que para o processo alcalino a perda de peso é 1%
superior ao do processo enzimático, obtendo-se neste um melhor grau de branco para
a mesma degradação da celulose.

4.3. ALVEJAMENTO

O processo de alvejamento visa remover a cor amarelada do algodão e deixá-lo


branco, sendo o agente ativo principalmente o peróxido de hidrogênio ou hipoclorito de
sódio, em meio alcalino, que deve ser removido da água de lavagem dos tecidos de
algodão alvejados. Acontece que, para tal, é necessário um elevado consumo de água
e energia.
Os resíduos de peróxido de hidrogênio utilizados na etapa de alvejamento em
contato com pigmentos sensíveis à oxidação podem sofrer pequenas alterações na
tonalidade. No processo convencional, os resíduos de peróxido de hidrogênio são
removidos através de vários enxágües ou da adição de um redutor inorgânico. Esse
processo necessita de uma grande quantidade de água e as últimas quantidades de
peróxido de hidrogênio e a alcalinidade são muito difíceis de serem eliminadas. A
neutralização é uma reação redox que gera sais como produtos finais que terminarão
no efluente da indústria. Também, essa reação é conduzida a altas temperaturas para
acelerar o processo, levando a um consumo maior de energia.
Neste caso, podem-se utilizar as peroxidases para reduzir o peróxido de
hidrogênio. Além disso, os produtos (efluentes) desta reação não causam problemas
ecológicos, como a elevada carga de sais, e a quantidade de enzimas usada são
muito menores que a quantidade de agente redutor inorgânico.
É interessante ressaltar que a utilização de enzimas no processo de alvejamento
não visa o branqueamento do tecido, mas sim a redução do peróxido de hidrogênio.

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Figura 3 – Equipamento destinado ao alvejamento.

4.4. TINGIMENTO

O tingimento é uma operação destinada a colorir uniformemente os materiais


têxteis, a qual depende da interação entre as fibras têxteis, água, corante e compostos
aditivos.
Dentre as enzimas relacionadas a essa etapa de beneficiamento está a catalase
e a peroxidase que permitem a preparação do material a ser tingido. Para que o
corante possa penetrar nas fibras sem o risco de oxidação e conseqüente alteração da
cor, é necessária a remoção do peróxido de hidrogênio proveniente do alvejamento.
Para isso, o material é enxaguado com um redutor (enzimas).
Além das quantidades usadas serem muito menores do que numa reação redox
com agentes redutores inorgânicos, os produtos da reação não trazem problemas
ecológicos.
Na reação enzimática da peroxidase com o peróxido de hidrogênio não precisam
ser temidas reações adicionais, porque essa reação também ocorre conforme o
mecanismo do sítio ativo. As peroxidases não têm sequências de aminoácidos que
poderiam reagir com pigmentos e modificá-los. Dessa forma o tingimento pode ser
realizado imediatamente ao final da reação enzimática, sem necessidade de
escoamento do banho. Essa medida favorece a queda do consumo de produtos
químicos, de energia e de água.
As peroxidases também podem ser utilizadas para a oxidação dos corantes
residuais na água de lavagem, removendo-os e impedindo-os de provocarem
manchas no tecido.

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A aptidão da lã para a tintura pode ser melhorada por um tratamento enzimático.
Isto resulta da decomposição da barreira hidrófoba pelas lipases lipoproteicas
deixando a fibra mais acessível para o banho aquoso de pigmentos. Além disso, a
decomposição das proteínas no interior da fibra causa um melhor acesso e mobilidade
das moléculas aos pigmentos. Ao mesmo tempo, a melhora da absorção do corante
com o uso da enzima não promove nenhuma danificação visível.

Figura 4 – Equipamento destinado ao tingimento.

4.5. ACABAMENTO

Nas etapas de acabamento do tecido são conferidas características especiais


ao material, como aumento da maciez e aspecto desbotado.
O termo “biofinishing” ou biopolimento indica o processo de acabamento de
produtos celulósicos com a ajuda de celulases. Os seguintes objetivos de acabamento
podem ser almejados:
• Obtenção de brilho, maciez ao tato e polimento
• Produção de boa ótica de superfície
• Produção de uma ótica com efeito de usado
O biopolimento foi introduzido inicialmente com o objetivo de fornecer ao tecido
de algodão uma aparência mais limpa, suave e um toque mais agradável. Isso porque
as celulases degradam as fibras soltas e microfibrilas remanescentes na superfície do
material.
No entanto, atualmente, é utilizado em todas as áreas de tecidos celulósicos.
Por ser um processo de ação degradativa, resulta num tecido com menor peso e

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resistência. Para que essas perdas sejam apenas moderadas é necessário o controle
das operações do processo, como temperatura, pH e tempo.
Um novo ramo na moda do jeans, o “used look”, roupas com aparência
envelhecida são obtidas com um tratamento conhecido por “stone-wash”. Neste caso
as calças jeans, já prontas para serem vendidas, são lavadas em máquinas com
tambor, nas quais são adicionadas pedras-pomes e até mesmo um agente de
branqueamento. Os fios de urdume, cuja estrutura anular é tingida, são danificados
pela abrasão mecânica nas pedras-pomes de modo que os lugares não tingidos
transluzem. Em conjunto com lugares irregularmente clareados e branqueados surge
então a aparência típica de “washout” ou “used look”. Este processo apresenta
inúmeras desvantagens, pois causa o desgaste rápido e ruptura das máquinas de
lavar, das centrífugas e das secadoras devido aos fragmentos de pedras; provocam
excessiva abrasão, piorando a qualidade do artigo; causam problemas ambientais
(geração de efluentes não biodegradáveis).
As celulases podem substituir as pedras-pomes no desbotamento do jeans,
possuindo a vantagem de propiciar um melhor toque já que não causa grande
degradação da fibra, aspecto de desbotado mais uniforme e menor resistência à
flexão. O controle do pH ao se alcançar a temperatura ótima, bem como a desativação
da enzima ao término da reação são medidas para evitar a danificação do material.
A produção enzimática de lã sem aparência de feltros envolve a aplicação de
proteases.
Essa alteração no toque resulta da ação intensiva das proteases para decompor a
camada escamosa responsável pela formação desses feltros. Durante este processo
ocorre também uma perda da densidade de lã porque as enzimas também agem no
interior da fibra durante a reação.
Mudanças na superfície da lã com o uso dessas enzimas podem propiciar um toque
similar ao da casimira fazendo com que tecidos mais simples tenham o aspecto dos
mais nobres.

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Figura 5 – Equipamento utilizado para fazer stone-wash.

4.6. TRATAMENTO DE EFLUENTES

Os contaminantes provenientes do processo têxtil dependem do tipo de fibras


processadas e dos produtos químicos empregados, bem como da tecnologia aplicada.
Os efluentes líquidos são tóxicos e geralmente não biodegradáveis, sendo muitas
vezes resistentes à destruição por métodos de tratamento físico-químico. Estes são
eficientes na remoção de material particulado, porém são deficientes quando se tratam
de corantes, surfactantes e aditivos orgânicos dissolvidos.
O problema de cor intensa nos efluentes têxteis é conseqüência de grande
quantidade de corantes não-fixados, ionizados, principalmente os corantes reativos
que possuem pequena degradabilidade, tornando sua eliminação difícil tanto pelos
processos físico-químicos quanto pelo biológicos.
Geralmente após os tratamentos de precipitação-coagulação, segue-se o
biológico via sistema de lodos ativados. Este consiste basicamente na agitação das
águas residuárias em presença de microorganismos e de oxigênio, durante o tempo
necessário para metabolizar e flocular uma grande parte da matéria. Apresenta a
vantagem do baixo tempo de residência, mas por outro lado gera grande volume de
efluentes e é bastante suscetível à composição do efluente. [3]
Dessa forma, buscam-se novas alternativas que utilizam microorganismos
capazes de degradarem de maneira eficiente um grande número de poluentes a um
baixo custo operacional, como a utilização de fungos formadores de biofilme que
produzem enzimas fortemente oxidativas. Estas conseguem oxidar grande variedade
de compostos considerados tóxicos e recalcitrantes.
As potenciais vantagens do tratamento enzimático quando comparadas a
tratamentos convencionais incluem a aplicação em materiais recalcitrantes específicos

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para removê-los por precipitação ou transformação em outros produtos inócuos;
atuação em concentrações altas e baixas dos contaminantes; aplicação em ampla
faixa de pH, temperatura, salinidade e fácil controle. Podem também mudar as
características de um determinado rejeito para torná-lo mais receptivo ao tratamento,
ou auxiliar na bioconversão dos rejeitos em produtos de maior valor agregado.
Dentre as enzimas utilizadas, pode-se citar as enzimas lignolíticas,
provenientes de fungos da decomposição branca que têm a capacidade de descolorir
os corantes têxteis, mediante a polimerização ou degradação destes. O potencial
destes fungos tem sido atribuído à sua habilidade em degradar uma variedade de
compostos xenobióticos via um mecanismo de radical livre mediado pelas peroxidases
e lacases, enzimas que têm um potencial de oxidação-redução muito elevado em
relação a compostos fenólicos e aminas aromáticas presentes nos efluentes
industriais.
Outros fungos produzem enzimas que agem sobre compostos recalcitrantes
específicos aumentando sua biodegradabilidade ou removendo-os por precipitação,
como a enzima tirosinase, obtida através de cogumelos Agaricus bispora. A tirosinase
atua sobre grupamentos fenólicos presentes na estrutura dos corantes e catalisa duas
reações distintas: a o-hidroxilação de monofenóis a catecóis e a desidrogenação dos
catecóis a o-quinonas.

5. CONCLUSÃO

Em virtude dos produtos químicos utilizados nas diversas etapas do


processamento têxtil serem, na maioria das vezes, altamente agressivos ao ambiente;
é fundamental a busca por insumos que substituam os convencionais tanto em relação
a contaminação quanto a qualidade do produto final.
Devido a especificidade das enzimas é possível obter um produto de melhor
qualidade com menores danos a fibra já que seu efeito é mais ameno quando
comparado aos métodos tradicionais. Dessa forma, melhoram a resistência do
material e quando se trata dos processos de acabamento, diminuem a abrasão e o
conseqüente desgaste dos equipamentos envolvidos.
Além da notável otimização no beneficiamento devido a economia de energia,
produtos químicos e água; a utilização de enzimas gera um resíduo mais facilmente
tratável.
Contudo, apesar dos avanços na área, ainda faz-se necessário um maior
conhecimento dos mecanismos de atuação das enzimas perante substratos

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específicos visando operar nas condições que propiciem o melhor aproveitamento das
mesmas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, R. T.; PEREIRA JR., N.; ANDRADE, C. M. M. C., Aplicação de enzimas em


processos industriais têxteis. Paper apresentado no XIX CNTT e 6ª FENATÊXTIL, Fortaleza,
Ceará, 2000. [1]

GÜBITZ G. M.; Uma introdução à biotecnologia e à enzimologia e suas aplicações na indústria


têxtil, Química Têxtil, no 73, dezembro, 2003. [2]

ANDRADE F.; Remoção de cor de efluentes têxteis com tratamento de lodos ativados e um
polieletrólito orgânico. Tese de mestrado em Engenharia Ambiental, UFSC, Florianópolis,
2003. [3]

BUGG, T., An Introdution to Enzyme and Coenzyme Chemistry, Blackwell Science Ltd,
1997.[4]

Sites consultados em Junho de 2009:

http://www.abqct.com.br/artigost/tecnologia_textil_Basica.pdf

http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_pos2004/textil/efluentes.htm
http://bath.eprints.org/4068/
http://74.125.47.132/search?q=cache:-
dMYsI5iRJIJ:www.empreende.1afm.com/htm/doc/31f3.PDF+peroxidase+tingimento&cd=6&hl
=de&ct=clnk
http://www.citeve.pt/bin-cache/XPQC1DD5C15916DF7273C88ZKU.pdf

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