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2. ETAPAS DE HIGIENIZAÇÃO
O processo de limpeza no laticínio inicia-se com uma pré-lavagem para
a remoção de partículas de sujidade e de alguns microrganismos (que são
arrastados com os outros resíduos) aderidos nas superfícies, pois dificilmente
serão encontradas poeiras e outras substâncias que necessitem de escovação
e varredura. Além disso, a força da água ao sair da mangueira é capaz de
retirar mecanicamente essas sujidades.
Numa segunda etapa, ocorre a lavagem, onde aplicam-se os
detergentes para auxiliar na remoção de resíduos mais aderidos à superfícies,
incapazes de serem eliminados apenas na pré-lavagem. Os detergentes atuam
sobre as partículas de sujidade, diminuindo a sua ligação às superfícies e para
tanto podem ser utilizados materiais abrasivos auxiliares, como escovas,
esponjas, vassouras, etc.
Em seguida, dá-se o enxague para a remoção completa das partículas
liberadas pelo detergente aplicado e uma vez mais de alguns microrganismos.
Posteriormente, é necessário realizar desinfecção, aplicando o desinfetante,
seguido de enxague para remoção completa dos produtos e dos
microrganismos liberados por ele. Por fim, realiza-se a secagem, que tem como
finalidade a remoção da água em excesso, de modo a evitar que a umidade
residual favoreça o crescimento de microrganismos.
2.1. LIMPEZA
Nesse processo são utilizadas ações física (varrer, escovar), química
(utilização de detergentes) ou mecânica (bombas de água de alta pressão, etc.)
sobre uma determinada superfície. Na indústria, geralmente utiliza-se o
conjunto dessas manobras para aumentar a eficiência.
Os detergentes desempenham um papel fundamental nesse processo,
pois modificam a capacidade de penetração e remoção da sujidade pela água,
conferindo vantagens em relação à sua utilização, devido as suas diferentes
propriedades:
Poder umectante – possui capacidade de contato com a superfície a ser
limpa;
Poder emulsionante – possui capacidade de emulsificar gorduras
removidas pela ação do detergente;
Poder floculante – possui capacidade de manter em suspensão as
partículas emulsionadas;
Poder de enxaguante – possui capacidade de se destacar da superfície
de limpeza;
Poder hidrolisante – possui capacidade de hidrolisar gorduras e
proteínas.
2.2. DESINFECÇÃO
A desinfecção é usada para reduzir o número de microrganismos
viáveis, por remoção ou destruição e para prevenir o crescimento microbiano
durante o período de produção, sem alterar a superfície de limpeza. Este
processo pode ser alcançado mediante a aplicação de agentes ou processos
(químicos ou físicos) a uma superfície limpa. A desinfecção é especialmente
requerida em superfícies úmidas, as quais oferecem condições favoráveis ao
crescimento de microrganismos, e podem ser realizadas de duas formas no
laticínio:
a) Desinfecção por calor – é um bom método, pois não é corrosivo e destrói
todos os tipos de microrganismos. No entanto, apresenta a limitação de não
poder ser utilizada em superfícies sensíveis ao calor, e de ser relativamente
cara. Este tipo de desinfecção é eficaz se assegurarmos que a temperatura
atinge toda a superfície a desinfetar e durante o tempo necessário para a
destruição dos microrganismos (apresenta bons resultados em circuitos
fechados).
b) Desinfecção química – é a que se encontra mais generalizada na indústria
alimentar. Na prática, não existem desinfetantes universais, pelo que é preciso
algum cuidado na escolha e aplicação dos desinfetantes. Os desinfetantes
mais usados são:
Cloro e compostos de cloro: são os hipocloritos, considerados bons
antimicrobianos, não deixam sabores nos produtos quando na
concentração ideal e são muito utilizados por serem baratos. Ex.:
solução hiperclorada de CaCl2 a 100-200ppm ou hipoclorito de sódio a
10%). Geralmente são utilizados em temperatura de 50ºC para
aumentar a eficiência.
Compostos de iodo: precisam de pouco tempo de contato com as
superfícies, eliminam um largo espectro de bactérias e auxiliam na
prevenção da formação de biofilmes. É importante ressaltar que os
compostos iodados são inativados na presença de resíduos alimentares
e sujidades, por isso a superfície já deve estar limpa quando utilizado.
Geralmente são utilizados nas concentrações de 25 a 50mg/L.
Compostos de amônio quaternário: apresentam uma boa capacidade de
higienização e permanecem nas superfícies, devendo realizar um
enxague eficiente. Apresenta como vantagens a baixa atividade
corrosiva e não são tóxicos, devendo ser utilizado nas concentrações
entre 200 e 1200mg/L.
3. HIGIENE NA PRODPRIEDADE
Evitar o crescimento bacteriano através do resfriamento rápido e boa
limpeza garante um bom retorno de qualquer investimento. Devido à natureza
do leite, é necessário limpar o equipamento de ordenha ao final de cada
sessão. Isto significa que toda a instalação deve ficar sem resíduos de leite,
eliminando dessa forma a principal condição de vida das bactérias, a presença
de alimento. Altas temperaturas e desinfecção completa da instalação
destroem a maioria das bactérias.
Os latões são o segundo vasilhame que entra em contato com o leite, já
que o primeiro é o balde ou recipiente da ordenha mecânica. A higiene desses
utensílios deve ser realizada no posto de refrigeração, visto que a IN nº62 de
2011 torna EXCLUSIVO o transporte do leite para a usina de beneficiamento
ou fábrica de laticínios realizada em caminhão-tanque. Essa higienização deve
ser feita por um operador utilizando tanques de alvenaria ao lado da plataforma
de recepção. As etapas que abrangem são:
*Lavagem manual – indicada quando o recebimento de volume do leite é de até
5.000L/ dia
a) Pré-lavagem – utilizar água a temperatura ambiente, com o auxílio de uma
mangueira;
b) Lavagem – realizado em outro tanque com água quente (máximo de 60ºC),
utilizando detergentes e escova;
c) Sanitizar – utilizar germicidas, fechar os latões e devolver para fonte
produtora.
d) Secagem – colocá-los sobre estrados para escorrer.
*Lavagem mecânica – indicada quando o recebimento de volume do leite é
maior que 5000L/dia, realizado em máquinas em forma de cilindro
a) Colocar o latão de cabeça para baixo e as tampas em plataforma metálica
no interior da máquina que realizará a passagem do utensílio em vários
compartimentos
b) Pré-lavagem – a máquina realiza a pré-lavagem com água
c) Lavagem com detergente alcalino clorado – esse processo dura entre 5 e 10
minutos, sendo que inicialmente a água estará a 60ºC e ao final do processo a
38-40ºC, enxaguado com água corrente
e) Lavagem com detergente ácido – enxaguado com água corrente a
temperatura ambiente
f) Sanitização – solução hiperclorada (200ppm) ou vapor
g) Secagem – retirar da máquina e colocados sobre estrados para escorrer.
3. HIGIENE NO LATICÍNIO
As normas higiênico-sanitárias e tecnológicas do leite definem que os
pisos, paredes, equipamentos, maquinários, instrumentos de trabalho e
utensílios em geral, devem ser rigorosamente lavados e higienizados
diariamente, dando-se ênfase às dependências onde se elaboram produtos
comestíveis. A inspeção municipal, estadual ou federal determinará a
raspagem, pintura, reformas e substituições de pisos, paredes, tetos, janelas,
portas, equipamentos, utensílios, outros materiais e objetos que possam estar
comprometendo a higiene geral do estabelecimento.
O responsável técnico do estabelecimento deverá fornecer à inspeção,
detalhado “Plano de Higienização” do estabelecimento, contendo informações
básicas sobre a natureza do material de limpeza e higienização das diversas
dependências, equipamentos, maquinários e utensílios, bem como a técnica
utilizada.
3.1. CAMINHÃO-TANQUE
Os equipamentos que transportam o leite também devem ser
higienizados após a entrega na indústria (posto de refrigeração, usina de
beneficiamento ou fábrica de laticínios). Os caminhões que transportam o leite
devem ser higienizados manual ou mecanicamente ao descarregar o leite no
posto de refrigeração, na usina de beneficiamento ou fábrica de laticínios. A
higienização do caminhão dá início com a abertura das tampas da cisterna e
registros de saída.
a) Pré-lavagem – realizada com água industrial sob pressão (Figura 2)
b) Lavagem com detergentes – o operador entra no tanque com vassouras de
cerdas finas, específicas para essa finalidade. Pode ser feita mecanicamente,
porém é menos comum
c) Enxague – água corrente e esgotamento residual (esvaziamento).
d) Sanitização – solução hiperiodada ou hiperclorada através bicos injetores,
seguido de esgotamento e fechamento dos registros. Em seguida, lacrar tampa
cada cisterna.