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P.O.Trentin (1); I.C. Magro (2); L.R.M. Neubern Souza (2); J.S. Bonini (3); C.Angulski da Luz (4)
Resumo
Atualmente, o concreto é consumido em grande escala no Brasil. Porém, se aplicado em condições adversas
pode deteriorá-lo. Uma dessas situações é a sua utilização em locais onde há contato direto com agentes
químicos agressivos, como os sulfatos, que, ao reagirem com o concreto, causam expansão, fissuração e
redução gradual de resistência, prejudicando sua durabilidade. Para aprimorar o desempenho e a durabilidade
do concreto, é necessário analisar o componente que tem influência nessas características: o aglomerante,
sendo o cimento Portland (CP) o mais utilizado. O CP, além de consumir grande quantidade de matérias-
primas naturais e não apresentar durabilidade adequada em ambientes agressivos, emite CO2 durante seu
processo produtivo. Um dos aglomerantes que pode ser utilizado em substituição ao CP é o cimento
supersulfatado (CSS), que além de não ter clínquer em sua composição, é produzido a partir de subprodutos
industriais, sendo seus principais constituintes a escória de alto-forno (até 90%), o sulfato de cálcio (10-20%)
e uma pequena quantidade de ativador alcalino (até 5%). O objetivo deste trabalho foi comparar o
comportamento do CSS e do CPV ARI RS quando ao ataque por sulfato de sódio. Os resultados mostram
que que nas primeiras semanas o comportamento entre os cimentos foi semelhante, mas que, em idades
tardias, o CSS apresentou menor variação dimensional, evidenciando seu melhor comportamento em relação
ao ataque por sulfato de sódio.
Palavra-Chave: cimento supersulfatado, ataque por sulfato, durabilidade.
Abstract
Nowadays, the concrete has been consuming on a large scale in Brazil. However, often its application under
adverse conditions can deteriorate it. One of these situations is its use in places where there is direct contact
with aggressive chemical agents, such as sulfates, which, when reacted with concrete, cause expansion,
cracking and gradual reduction of resistance, impairing its durability. To improve the performance and durability
of the concrete, it is necessary to analyze the component that has a direct influence on these characteristics:
the binder, Portland cement (CP) being the most used. In addition to consuming a large quantity of natural raw
materials and not having adequate durability in aggressive environments, the CP emits CO2 during its
production process. One of the binders that can be used as a substitute for CP is supersulfated cement (SSC),
which, besides having no clinker in its composition, is produced from industrial by-products, its main
constituents being blast furnace slag (up to 90 %), calcium sulfate (10-20%) and a small amount of alkaline
activator (up to 5%). The objective of this work was to compare the behavior of CSS and ARV RS CPV when
attacked by sodium sulfate. The results show that in the first weeks the behavior among the cements was
similar, but that, at later ages, the SS presented a smaller dimensional variation, evidencing its better behavior
in relation to the attack by sodium sulfate.
Keywords: supersulfated cement, sulfate attack, durability.
ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019 1
1 Introdução
Tendo avançado os estudos da propriedade hidráulica da escória granulada de alto-forno,
surge o cimento supersulfatado (CSS) com uma proposta sustentável de cimento. No
processo de obtenção do CSS é observado de maneira significante o impacto ambiental
quando comparado ao do cimento Portland, com a diminuição da emissão de CO2 na
atmosfera, menor extração de recursos naturais pois utiliza subproduto industriais, além da
redução da quantidade de energia (GRACIOLI et al., 2016).O CSS apresenta em sua
constituição uma alta porcentagem de escória de alto-forno (80-85%), subproduto do
beneficiamento do aço, acrescido de sulfato de cálcio (10-15%) e uma pequena quantidade
de ativador alcalino (até 5%) (ANGULSKI DA LUZ; HOOTON, 2019). Os mecanismos de
reação para obtenção e hidratação não são completamente esclarecidos na literatura, mas
a seguir pode-se observar a reação de forma simplificada:
Os íons presentes na escória (C5S3A) como o alumínio, cálcio e silício são liberados na
presença do ativador alcalino (CH) e reagem com sulfato de cálcio (CS) formando as fases
de etringita (C6AS3H32) e o silicato de cálcio hidratado (CSH), principais produtos da
hidratação do CSS (ANGULSKI DA LUZ; HOOTON, 2015).
O CSS apresenta algumas vantagens em relação ao cimento Portland, se destacando
pelo uso reduzido de matérias-primas, menor calor de hidratação e boa durabilidade em
ambientes com altas concentrações de sulfatos (GRACIOLI et al., 2016).
De acordo com relatos encontrados na literatura, o ataque por sulfatos em materiais
cimentícios ocorre frequentemente em áreas marítimas e de rejeitos industriais devido à
grandes quantidades de sulfatos. Esse processo é desencadeado por reações químicas
entre os produtos de hidratação do cimento já endurecido e os íons sulfatos, originando
produtos expansivos, como a etringita tardia e a gipsita, levando a uma perda de resistência
desses materiais e ocasionando rachaduras severas em suas estruturas (ALEKSIC, 2010;
BASISTA; WEGLEWSKI, 2009; DING et al., 2018).
Segundo Mehta e Monteiro (2008), os componentes do cimento hidratado mais propícios a
ataque de sulfatos são o hidróxido de cálcio e as fases que contêm alumina. Dentre os
sulfatos mais descritos na literatura (Na2SO4, CaSO4, MgSO4 e (NH4)2SO4) o escopo se
direcionará ao sulfato de sódio. Uma das primeiras reações que ocorrem pelo ataque do
sulfato de sódio é a conversão do monossulfoaluminato em etringita, reação 1, a seguir
(ALEKSIC, 2010) :
2 Materiais e Métodos
A Figura 1 a seguir relacionada apresenta o fluxograma com as atividades desenvolvidas
nesse trabalho.
Fazendo a análise dos difratogramas é possível perceber que, após a calcinação, surgiram
os picos da anidrita (CaSO4), ou seja, significa que o material di-hidratado se tornou anidro.
2.2 Métodos
2.2.1 Formulação do CSS
Com o objetivo de comparação entre o cimento supersulfatado e o cimento Portland, foram
preparadas pastas de CP V-ARI RS e de CSS (80% de escória de alto-forno, 20% de
anidrita e 5% de CP V-ARI como ativador alcalino).
3 Resultados
Considerando-se que o limite de expansão estabelecido pelo NIST Test é de 0,10% em 56
dias, pode-se observar na Figura 5, que o cimento Portland ultrapassa esse limite aos 42
dias de ataque. Já o comportamento do CSS caracteriza-se pela retração desde o início
das análises, o que também pode ser nocivo para as pastas de cimento, pois a retração
causa fissuração da pasta.
Figura 5 – Variação dimensional dos corpos de prova submetidos ao ataque por NaSO4
Quanto a variação de massa, como pode ser observado na Figura 6, ambos os tipos de
cimento encontram-se entre os limites estabelecidos pela metodologia NIST Test, com
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variação inferior a 1%. Analisando o comportamento do CSS nota-se uma pequena redução
da quantidade de massa. Já o cimento Portland apresentou ganho de massa em todas as
verificações realizadas, com aumento mais acentuado a partir dos 14 dias em solução de
NaSO4. De acordo com Pinto (2019), o ganho de massa pode estar associado a formação
de produtos a partir da reação entre os íons sulfatos e fases hidratadas, que se depositam
nos espaços vazios disponíveis e promovem a densificação da amostra. Além disso, a
entrada de maior quantidade de solução nos corpos de prova também acarreta no ganho
de massa.
Figura 6 – Variação de massa dos corpos de prova submetidos ao ataque por NaSO4
(a) (b)
Figura 7 – Corpos de prova submetidos ao ataque por NaSO4: (a) CP V-ARI RS; (b) CSS
4 Conclusão
Neste estudo, que buscou comparar o comportamento do cimento supersulfatado em
relação ao cimento Portland frente ao ataque por sulfato de sódio, verificou-se melhor
comportamento apresentado pelo CSS. Embora o comportamento do CSS e do CP sejam
semelhantes quanto à variação de massa, nota-se significativa diferença entre eles na
análise de variação dimensional, sendo que o CP V-ARI RS apresentou expansão acima
do limite permito pelo NIST Test aos 42 dias de ataque por sulfato de sódio. O
comportamento de retração apresentado pelo CSS está de acordo com os resultados
encontrados na literatura, que apontam que o CSS apresenta boa durabilidade em
ambientes agressivos, especialmente quando exposto ao ataque por sulfatos. Apesar disso,
a retração excessiva apresentada pelo CSS também pode causar fissuração das pastas,
prejudicando sua durabilidade. Dessa forma, indica-se que estudos mais longos sejam
realizados para avaliar o comportamento do cimento supersulfatado quando exposto ao
ataque por sulfatos.
5 Referências
ALEKSIC, M. Development and Standardization of the NIST Rapid Sulphate
Resistance Test. 2010. 192 f. Dissertation (Master of Science in Applied Sciences) -
University of Toronto, Toronto, 2010.
GRACIOLI, B.; RUBERT, S.; VARELA, M. V. F.; BEUTLER, C. S.; FRARE, A.; ANGULSKI
DA LUZ, C. The phosphogypsum as a raw material in supersulfated cements ( CSS ) made
with low calcium sulfate content. In: Proceedings of the 6th Amazon e Pacific Green
Materials Congress and Sustainable Construction Materials Lat-RILEM Conference,
2016.
GRACIOLI, B.; VARELA, M. F. V.; BEUTLER, C. S.; FRARE, A.; ANGULSKI DA LUZ, C.;
PEREIRA FILHO, J. I. Considerations on the mechanical behavior and hydration process
supersulfated cement (CSS) formulated with phosphogypsum. Revista Matéria, v. 22, n.
01, 2017.
QUANLIN, N.; RUI, Z. Effect of supersulphated cement on sulfate attack of cement mortar.
In: International Conference on Advances in Energy and Environmental Science (ICAEES
2015), China, 2015.