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Abstract: The addition of minerals to the cement causes changes in the microstructure of
cement composites, making able to mitigate the degradation caused by sulfate attack. In the
1. INTRODUÇÃO
O concreto deve ser durável, mantendo sua capacidade de desempenhar sua função
prevista, preservando sua forma, resistência e condição de utilização. Porém, a durabilidade
não é só função do material, mas sim da interação do material com o meio ambiente onde
ele está inserido, devendo, portanto, ser capaz de resistir, além dos esforços que estará
sujeito, aos processos de deterioração devido aos agentes agressivos do meio (SILVA
FILHO, 1994; MEHTA; MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 2016). Os processos de deterioração
podem ter origem em fenômenos físicos, químicos ou mecânicos, mas raramente possuem
uma única causa, podendo ocorrer processos físicos e químicos simultaneamente (HOPPE
FILHO et al., 2015; NEVILLE, 2016).
Neste contexto, destaca-se o ataque por sulfatos como um importante fenômeno
químico de degradação do concreto. Os íons SO42-, que podem ter origem tanto interna
como externa, quando presentes na solução dos poros da matriz, reagem com o hidróxido
de cálcio (portlandita), silicato de cálcio hidratado (C-S-H), monossulfato hidratado e, ainda,
com o C3A do cimento não hidratado, formando gipsita, etringita secundária e taumasita
(CASANOVA; AGULLÓ; AGUADO, 1996; PINHEIRO-ALVES, 2007; MEHTA; MONTEIRO,
2008). A expansão e a ruptura que ocorre no concreto pelo ataque por sulfato se devem ao
fato de tanto a gipsita como a etringita formada ocuparem um volume maior do que os
compostos que lhe deram origem (NEVILLE e BROOKS, 2013). Além disso, pode ocorrer
perda de massa e diminuição progressiva da resistência devido a perda da coesão dos
produtos da hidratação do cimento (MEHTA e MONTEIRO, 2008). O tipo de cátion
Tabela 1 - Proporção de mistura das argamassas para IAP com cal e ID com cimento.
Massa dos materiais (g)
Argamassas Hidróxido Areia Material Aditivo
Cimento Água
de cálcio normal cerâmico Plastificante
Argamassa para
- 208 1872 476,4 478,2 -
IAP com cal
Argamassa A para
624 - 1872 - 300 -
ID com cimento
Argamassa B para
468 - 1872 156 295,79 4,21
ID com cimento
Tabela 2 - Proporção de mistura das argamassas para avaliação do potencial de mitigação ao ataque
por sulfatos em solução de sulfato de sódio.
Massa dos materiais (g)
Argamassas Areia Material
Cimento Água
normal Cerâmico
Argamassa com 0% de substituição 750 -
Argamassa com 3% de substituição 727,5 22,5
Argamassa com 5% de substituição 712,5 2400 37,5 450
Argamassa com 12% de substituição 660 90
Argamassa com 20% de substituição 600 150
Para os ensaios de índice de atividade pozolânica com cal e com cimento e avaliação
quanto ao potencial de mitigação ao ataque por sulfatos em solução de sulfato de sódio foi
constituída a granulometria da areia proveniente do rio Tibagi com 4 frações iguais da série
normal, sendo elas as frações retidas nas peneiras de abertura 1,20, 0,60, 0,30 e 0,15 mm,
conforme a NBR 7214 (ABNT, 2012). O cimento Portland utilizado foi do tipo CPIIF-40. O
hidróxido de cálcio PA foi produzido pelo fabricante Dinâmica® Química Contemporânea
Ltda. O sulfato de sódio PA utilizado foi produzido pelos fabricantes Fmaia® e Biotec®. O
aditivo plastificante utilizado foi o Eucon PL 310, do fabricante Viapol®.
A mistura dos materiais nestes ensaios foi feita conforme recomendações da NBR
7215 (ABNT, 1996), porém os materiais secos foram misturados e homogeneizados antes
de serem colocados na argamassadeira para garantir que a adição, que é um pó muito fino,
estivesse bem misturada aos materiais e evitar a formação de grumos.
Para os dados obtidos no ensaio de ataque por sulfatos, a análise estatística foi
realizada utilizando o valor da diferença entre o desvio padrão das leituras das barras
imersas em solução de sulfato de sódio e desvio padrão das barras em solução saturada de
cal, tendo em vista que o cálculo da expansão resultante é função da diferença entre as
médias das leituras das barras imersas em cada solução.
Marciano (1993 apud Hoppe Filho et al., 2015) propõe que aos 42 dias a expansão
resultante limite é de 0,030% e para valores abaixo deste limite a argamassa pode ser
considerada resistente ao ataque por sulfatos. Como mostrado na Figura 5, a argamassa de
referência não é resistente ao ataque por sulfatos, apresentando valor de expansão superior
a 0,030%, e nenhuma das porcentagens de substituição apresentou uma redução capaz de
atingir o limite proposto. O aumento na porcentagem de substituição aumentou o valor da
expansão resultante o deixando ainda mais distante de 0,030%.
a b
O uso da adição de cerâmica aumentou a expansão das barras de argamassa
expostas à solução de sulfato de sódio possivelmente pelo fato da adição aumentar a
porosidade da argamassa, pois o material cerâmico não é capaz de realizar as reações
pozolânicas que modificariam a microestrutura da matriz e, desta forma, alterariam o
comportamento da argamassa frente à ação dos ínos sulfato. Quanto mais porosa a matriz,
maior o ataque por sulfatos de origem externa. Como no ataque a argamassa tem seus
poros preenchidos com etringita, que possui volume maior que os compostos que substituiu,
a expansão resultante nestas argamassas é maior. As barras com substituição
apresentaram maior expansão e tiveram seus poros preenchidos com uma quantidade
maior de etringita, como mostra as análises das micrografias das argamassas mostradas na
Figura 6.
a b
4. CONCLUSÕES
5. AGRADECIMENTOS
______. NBR 7214: Areia Normal para ensaio de Cimento. Rio de Janeiro, 2012.
CASANOVA, I.; AGULLÓ, L.; AGUADO, A. Aggregate expansivity due to sulfide oxidation –
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HOPPE FILHO, J.; SOUZA, D.J.; MEDEIROS, M. H. F. de; PEREIRA, E.; PORTELA, K. F..
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