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Búzios, RJ
1. INTRODUÇÃO
A maior parte da energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão e do gás
natural. Como o consumo mundial de combustíveis fósseis tem aumentado em uma proporção
muito maior que o ritmo de produção, podendo gerar graves mudanças climáticas, associadas
a uma preocupação com o desenvolvimento sustentável, as fontes renováveis de energia
tornaram-se extremamente necessárias. Dentre tais fontes disponíveis pode-se destacar o uso
de plantas oleaginosas como fonte de matéria–prima para produção de energia, insumo muito
interessante do ponto de vista energético (SUAREZ, 2009).
A hidroesterificação surge como uma rota alternativa que pode ser utilizada para
produzir biodiesel. Nela, as matérias-primas são totalmente transformadas em biodiesel
independente da acidez e da umidade que possuem. Esse é um grande diferencial quando
comparado ao processo convencional de transesterificação. O processo de hidroesterificação
envolve uma etapa de hidrólise seguida de esterificação. Em ambos os processos faz-se uso de
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2. METODOLOGIA
A reação de hidrólise, estequiometricamente balanceada, tomada como base para o
estudo termodinâmico pode ser descrita informalmente da seguinte maneira:
Esta estequiometria foi assumida admitindo-se que a reação do triglicerídeo com a água
produz duas moléculas de ácido linoléico (C18:2), uma de ácido oléico (C18:1) e o glicerol.
Essa aproximação foi baseada na composição do óleo de soja, onde estes dois ácidos graxos
respondem por mais de 70% da composição, com predomínio do ácido linoléico.
A partir da análise da contribuição de grupos realizada por Joback e Reid (1987), foi
possível obter uma equação para a entalpia padrão na fase gasosa, para cada componente,
levando-se em consideração a contribuição dos grupos presentes, conforme Equação (1).
Δ, = 66,5 −
∆
1
De modo semelhante à entalpia, o cálculo da entropia de cada substância foi realizado pelo
método de Joback e Reid (Equação 3):
∆S =
∆!
3
A variação da energia livre de Gibbs pode ser obtida matematicamente a partir das
variações de entalpia e de entropia do sistema reacional, conforme Equação (5) (Oliveira,
2010):
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.$
) = exp -− 0 6
/&
A partir da Eq. (6), pode-se obter as respectivas constantes de equilíbrio para cada
temperatura utilizando a Equação (7), tomando-se a variação de entalpia como sendo
constante na faixa de temperaturas de interesse.
) Δ% 1 1
ln - 0=− - − 0 7
) / & &
A partir dos valores das constantes de equilíbrio, calculam-se as respectivas conversões,
para cada temperatura, utilizando-se da relação de equilíbrio para a reação da hidrólise. No
presente trabalho, foram calculadas as conversões considerando-se tanto o sistema ideal
quanto real.
Estes modelos possuem uma parte combinatorial e uma parte residual. A parte
combinatorial leva em consideração diferenças na forma e tamanho entre as moléculas na
mistura e pode ser identificada como uma combinação entrópica. Já a parte residual considera
as interações energéticas entre os grupos que compõem as moléculas e pode ser identificada
como uma contribuição entálpica (Oliveira, 2010).
Φ
? Φ
Φ
ln 5
6789 = ln + @
ln + 4
− >B 4B 9
>
2 Θ
>
B
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sendo:
>
C
Φ
= 10
∑B >B CB
>
@
Θ
= 11
∑B >B @B
?
4
= C − @
− C
+ 1 12
2
C
= FG /G 13
G
@
= FG HG 14
G
onde: ri é o volume dos grupos de van der Waals, qi é área superficial, z o número de
coordenação, Φ i a fração volumar e Θi a fração da área superficial. Os índices i e k são
referentes às substâncias envolvidas na reação e aos subgrupos de cada molécula,
respectivamente.
ln 5
%;< = FG [ ln ГG − ln ГG ] 15
G
ΘN ΨON
ln ГG = HG [1 − ln ΘL ΨNO − ] 16
∑ Θ ΨN
L N
HL PL
ΘL = 17
∑Q HQ PQ
Parâmetros de interação de grupo amn estão tabelados em Reid et al. (1988). Estes
parâmetros foram obtidos a partir de um banco de dados utilizando uma grande quantidade de
resultados experimentais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para sistemas ideais, as conversões (ℇ foram obtidas através da seguinte relação:
4ℇa
)= 21
1 − ℇ − 3ℇb
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Para sistemas reais foi necessária a aplicação do modelo UNIFAC, segundo as equações
apresentadas por Smith et al. (2007) para a conversão ideal ponderada pelos coeficientes de
atividade, segundo a Equação (22).
4ℇa 5b 5ac 5Z
)= 22
1 − ℇ − 3ℇb 5d 5cb
É possível perceber que é mais favorável trabalhar com razões altas de água/óleo,
contudo, há um limite de favorecimento do equilíbrio com o excesso de água, visto que existe
um determinado ponto em que o aumento da quantidade de água não compensa, pois não
provoca grande mudança na conversão, como pode ser detectado ao se comparar os valores de
conversão para as razões 30 e 40. Na simulação do sistema real foi diagnosticada uma
limitação matemática do método numérico (método de Newton) utilizado para achar o zero de
função expressa pela Equação 22. A fim de evitar problemas de convergência, o valor inicial
adequado da conversão para foi de 0,999. A Figura 3 mostra a relação conversão versus
temperatura, para uma razão molar água/óleo igual a 15, tendo sido verificado que a
conversão é pouco influenciada pela temperatura.
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Figura 3 - Relação conversão versus temperatura para a razão molar água/óleo igual a 15
A partir da Figura 02, nota-se que a conversão real e a ideal possuem uma diferença
ínfima. Mesmo o sistema não sendo ideal, o comportamento apresentado pode ser devido a
uma possível compensação de efeitos entre desvios positivos e negativos. Os valores dos
coeficientes de atividade, em diferentes razões molares (temperatura fixa a 220°C), bem como
os quocientes entre eles apresentados na Equação 22, estão dispostos na Tabela 02.
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O critério de idealidade para soluções tem como base o caráter das forças de Van der
Waals. O sistema proposto não se trata de um líquido puro, no qual a semelhança química
entre as moléculas permite admitir uma uniformidade entre as forças de coesão, mas sim de
uma substância diluída em um líquido, existindo assim três tipos diferentes de interações
moleculares: soluto – soluto; soluto – solvente e solvente – solvente. É válido avaliar o
comportamento do coeficiente de atividade da água diante da diluição, ou seja, em maiores
razões molares.
5b 5ac 5Z
Razão Molar 5d 5c 5b 5a 5Z
5d 5cb
4. CONCLUSÃO
O estudo da modelagem termodinâmica realizada neste trabalho revelou a utilidade do
método de contribuição de grupos proposta por Oliveira (2010) para a obtenção da entalpia e
da entropia padrões. A simulação das conversões de equilíbrio, considerando-se uma situação
ideal, não apresentou diferença significativa relativa aos valores reais. Com relação à razão
molar água/óleo, concluiu-se que esta deve ser aumentada para que sejam atingidas
conversões maiores, porém faz-se necessário um estudo adicional acerca da viabilidade
econômica.
5. REFERÊNCIAS
JOBACK, K.; REID, R.; Estimation of pure-component properties from group-
contributions, Chemical Engineering Communications v.57, 1987.
LINSTROM, P. J.; MALLARD, W.G.; Eds. NIST Chemistry WebBook, Nist Standard
Reference Database Number 69, National Institute of Standards and Technology,
Gaithersburg MD, 20899. Disponível em: http: //webbok.nist.gov, (retrieved in 2008-2009).
REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M.; POLING, B. E.; The Properties of Gases and
Liquids; 4 ed. New York: McGran- Hill, 1988.