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Se pensarmos um pouco nas aplicações da Química Analítica, podemos ver que ela
representa um dos ramos mais importantes das ciências químicas.
Senão vejamos:
Por exemplo, nas refinarias de petróleo existem unidades destinadas a eliminar dos
produtos petrolíferos (naftas, querosenos, etc.) enxofre e seus compostos que são
indesejáveis pois provocam problemas como corrosão nos motores, nas cozinhas, etc.
onde estes combustíveis vão ser usados.
A qualidade de um produto que se fabrica deve ser controlada, quer dizer, antes de ser
colocado no mercado, é necessário saber se a sua composição corresponde àquela que
deve ter.
Ainda nas ciências agronómicas, mediante a análise química das plantas se pode
conhecer, seguir e corrigir a sua nutrição.
2. A ANÁLISE QUÍMICA
Quando se pretende analisar uma amostra de um certo material (cimento, mineral, solo,
água, um produto alimentar qualquer, etc.) pode-se estar interessado num resultado
qualitativo ou quantitativo.
Por exemplo, se se colocar a questão “Há Cr na amostra?” sem qualquer indicação sobre
quanto Cr existe, efectua-se uma análise qualitativa – apenas identificação de o que está
numa amostra desconhecida.
Se se pretende antes saber qual o teor de Cr presente, estamos perante uma análise
quantitativa ou determinação – identificação de quanto está presente.
Então, aparentemente, uma resposta quantitativa terá mais interesse que uma resposta
qualitativa.
A amostra a ser submetida à análise química tem que ser representativa do conjunto onde
foi extraída.
Existem procedimentos de amostragem para diferentes tipos de materiais que devem ser
seguidos antes da amostra dar entrada num laboratório de análise química.
Nas últimas décadas do século XIX, a invenção do espectroscópio abriu caminho para um
campo de grande importância nas ciências químicas: a Análise Instrumental.
Nesta última consideram-se quatro variantes conforme o tipo de reacção química que se
verifica: ácido-base, precipitação, complexação e oxidação-redução.
Como métodos electroquímicos pode-se citar a polarografia (em que se mede a corrente
eléctrica), a potenciometria (em que se mede o potencial eléctrico), a condutimetria (em
que se mede a condutividade eléctrica), diversos métodos electrolíticos como a
electrogravimetria, a coulometria, a amperometria.
Isto faz com que as técnicas instrumentais sejam imprescindíveis para a análise de
elementos-traço ou vestigiais.
Faz-se pois o acompanhamento de todo o processo analítico que pode ser parcial
ou totalmente automatizado.
- peso/volume da solução
NaCl:
58.5
5 × 10-3 (g) × × 200 = 1.6479 g Peso molecular NaCl = 58,5 g
35.5
- Molaridade (M)
- Formalidade (F)
então, não será correcto dizer solução de CaCl2, por exemplo, 1 M, pois ela é
1M em Ca2+
e
2M em Cl-
- Normalidade (N)
Tratando-se de :
P.M.
Ácido Eq-gr = o +
P.M.: peso molecular
n H cedidos pelo ácido
P.M.
Base Eq-gr = o −
n OH cedidos pela base
P.M.
Sal Eq-gr = o
n total de c arg as + ou −
Exemplos:
P.M.H3PO 4
H3PO4 H+ + H2PO4- Eq-gr = 1M <> 1N
1
P.M.H3PO 4
H3PO4 2H+ + HPO42- Eq-gr = 1M <> 2N
2
P.M.sal
Al2(SO4)3 2Al3+ + 3SO42- Eq-gr = 1M <> 6N
6
P.M.KMnO 4
MnO4- + 8H+ + 5e- Mn2+ + 4H2O Eq-gr = 1M <> 5N
5
n1 n2
X1 = X2 = n1: no. de moles do soluto
n1 + n 2 n1 + n 2
n2: no. de moles do solvente
∑Xi = 1
2
XH2O = = 0.4
5
3
XC2H5OH = = 0.6 (ou 1 – 0.4 = 0.6)
5
- Molalidade (m)
Existem duas outras unidades frequentemente empregues para soluções usadas em análise
instrumental, que são µg/mL ou ppm e ng/L ou ppb.
Também vem referida como ppm que significa partes por milhão e representa o
peso do soluto (em g) em 1 milhão (106) de mL da solução.
Também vem referida como ppb que significa partes por bilião e representa o
peso do soluto (em g) em 1 bilião (109) de mL da solução.
As unidades empregues para exprimir esses teores no material sólido são µg/g ou ppm e
ng/g ou ppb.
ppm: significa partes por milhão, ou seja, g do elemento em 1 milhão (ou 106) de g da
amostra.
ppb: significa partes por bilião, ou seja, g do elemento em 1 bilião (ou 109) de g da
amostra.
4. REACÇÕES IÓNICAS
Por exemplo, quando se mistura uma solução de Na2SO4 com uma solução de BaCl2,
forma-se um precipitado de BaSO4 :
As soluções iniciais contêm iões Na+, SO42-, Ba2+ e Cl-, dos quais apenas SO42- e Ba2+
intervêm na reacção química.
Outros exemplos :
- dissociação de HF
HF H+ + F-
5. GRAVIMETRIA
Porém, quando aplicável, a gravimetria é ainda um dos métodos analíticos mais exactos.
Os padrões comerciais usados para calibrar instrumentos são muitas vezes derivados de
procedimentos gravimétricos.
Exemplo:
A determinação anterior pode também ser efectuada fazendo passar o vapor de água
libertado por aquecimento da amostra por, por exemplo, MgClO4, pesando-se este
adsorvente antes e depois da experiência.
- separa-se o precipitado por filtração, lava-se e calcina-se até peso constante (para
que haja correspondência entre a composição química do composto e a sua
fórmula química)
- o precipitado deve ser puro, ou pelo menos deve ser de pureza conhecida na
altura da medição final, isto é, aquando da sua formação o precipitado não deve
incluir quantidades significativas de qualquer outra substância, a menos que estas
substâncias sejam fàcilmente removidas durante as fases de lavagem e de
secagem
- o precipitado deve estar numa forma física que permite o seu fácil
manuseamento (deve, por exemplo, consistir de partículas suficientemente
grandes para ficarem retidas no meio filtrante)
- o agente precipitante
- a temperatura
- o pH
Pode acontecer que os esforços para que uma condição seja satisfeita prejudique o
cumprimento de outras.
Por isso, o método gravimétrico usado é, muitas vezes, o compromisso entre as três
condições referidas.
∆
2Fe(OH)3 → Fe2O3 + 3H2O
∆
2Al(OH)3 → Al2O3 + 3H2O
∆
CaC2O4 + 1/2 O2 → CaO + 2CO2
nucleação
e
crescimento cristalino.
Quer dizer, nesta fase, os iões em solução juntam-se de forma aleatória e formam
pequenos agregados.
Uma solução saturada é aquela que está em equilíbrio com o sólido não dissolvido.
Por isso, é conveniente ter as soluções bastante diluídas na altura da mistura de modo a
promover a formação de cristais grandes.
Nos processos de precipitação analítica quase nunca se obtém cristais com forma
geométrica perfeita, pois o crescimento cristalino não se faz uniformemente em todas as
faces do cristal.
Uma razão para esse facto é a adsorção de iões estranhos que, enquanto adsorvidos,
podem inibir ou favorecer o crescimento em certas faces.
É muito importante ter-se em conta o tamanho das partículas do precipitado pois, se elas
forem muito pequenas, podem ou obstruir os poros do papel de filtro ou passar pelo papel
sem chegar a serem retidas.
Se as partículas forem grandes, a área superficial de contacto com espécies estranhas que
eventualmente possam ficar ligadas é menor, reduzindo o grau de contaminação do
precipitado.
sendo
fi: factor ou coeficiente de actividade do ião i
zi: carga do ião
µ: força iónica
1
∑
2
µ= Ci z i
2 i
A equação 5-1 mostra que o coeficiente de actividade diminui quando a força iónica
aumenta.
a = f.C
Então
K ap
Ksp =
f Ag + . f Cl−
1/ 2
K ap
s= (5-2)
f±
Este efeito diz respeito à influência do excesso de um dos iões do precipitado na sua
solubilidade.
Por isso, para assegurar uma precipitação quantitativa, conforme referido na nota em 5.1,
junta-se um excesso do agente precipitante.
É claro que esse excesso não pode ser exagerado pois irá aumentar a solubilidade quer
por aumento da força iónica quer por formação de complexos solúveis.
Exemplo:
↑↓
Ag(NH3)+, Ag(NH3)2+
Por exemplo, a solubilidade de BaSO4 em soluções de HNO3 é maior que em água pura
porque SO42- reage com H+ para dar HSO4-.
Se a solubilidade não variar muito com a temperatura, pode-se filtrar a solução a quente
(ex.: Fe(OH)3).
Muitos precipitados inorgânicos são sólidos iónicos de modo que a sua solubilidade em
água é maior que num solvente não polar.
No entanto, por esse processo diminui-se também a solubilidade de impurezas pelo que o
precipitado fica menos solúvel mas é também menos puro.
Um precipitado pode ser contaminado por substâncias que são solúveis nas condições de
precipitação.
- Adsorção superficial
- Oclusão
- Inclusão
Os iões das impurezas ocupam ao acaso locais da rede cristalina que normalmente
são ocupados por iões que pertencem à rede.
Também se pode chamar a este fenómeno substituição isomorfa, uma vez que,
durante a precipitação, um ião do precipitado é substituído por um ião estranho
que possui um tamanho semelhante.
Por exemplo, BaSO4 pode ser contaminado por K+ (raio iónico = 1,33Ao) pois
este ião substitui fàcilmente Ba2+ (raio iónico = 1,35Ao) na rede cristalina do
precipitado.
- Pós-precipitação
Este tipo de coprecipitação, como o nome indica, ocorre depois do precipitado ter
sido formado.
Se CaC2O4 é precipitado a partir de uma solução que contém também iões Mg2+ e
deixarmos o precipitado em contacto com o líquido-mãe por tempo excessivo,
coprecipita o MgC2O4.
NV = N’V’
N e N’: normalidades do titulante e do titulado
Exemplo: Dissolveu-se 0,270 g de ácido oxálico num balão volumétrico de 250 mL.
Se 10 mL desta solução forem titulados com 20 mL de permanganato de
potássio, qual a molaridade desta última solução?
A reacção em causa é:
P.M. H2C2O4 = 90 g
P.M.
Eq-g H2C2O4 = = 45 g
2
0,270
No. eq-g = = 0,006 (ou 6 meq)
45
6
N H2C2O4 = = 0,024
250
Portanto,
0,024 × 10 = N KMnO4 × 20
N KMnO4 = 0,012
P.M. 158
Eq-g KMnO4 = = = 31,5 g
5 5
0,012
M KMnO4 = = 0,0024
5
0,270 1
Concentração de H2C2O4 = ×
90 0,250
= 0,012 M
A equação química anterior mostra que 5 moles de H2C2O4 reagem com 2 moles de
KMnO4.
Portanto,
2
o número de mmoles de KMnO4 que foram usados é = × 0,12
5
= 0,048
0,048
Concentração de KMnO4 =
20
= 0,0024 M
O que na prática se mede é o ponto termo que é indicado pela mudança brusca de uma
propriedade física da solução.
No método clássico da volumetria esta mudança brusca pode ser acompanhada pela
variação de cor de uma substância que se adiciona à solução a titular chamada indicador.
Existem também métodos instrumentais para detectar o fim da reacção que envolvem a
medição:
- da corrente eléctrica que passa numa célula em que se aplica uma voltagem
constante (titulação amperométrica)
Para reduzir este erro deve-se efectuar um ensaio em branco em que se titula o mesmo
volume de uma solução que contém todas as substâncias adicionadas (incluindo o mesmo
número de gotas do indicador) excepto o analito.
A solução de concentração conhecida pode ser preparada directamente pesando uma certa
quantidade de uma substância e dissolvendo-a num volume conhecido da solução.
Neste caso tem-se um padrão primário que deve ser suficientemente puro, estável e, de
preferência, com peso molecular elevado.
No entanto, há muitos reagentes usados como titulantes como por exemplo o HCl e que
não satisfazem às condições de um padrão primário.
- carbonato de sódio
- bórax
- permanganato de potássio
Assim temos:
• volumetria ácido-base
• volumetria de precipitação
• volumetria de complexação
• volumetria redox
7. TITULAÇÃO ÁCIDO-BASE
Nas figuras seguintes (Fig. 7.1 e 7.2) representam-se as curvas de titulação para os
diferentes tipos:
AF/BF Af/BF
pH pH
>7
7
<7
BF/AF
Bf/AF
Vtt Vtt
Fig. 7.1. Curvas de titulação de AF com Fig. 7.2. Curvas de titulação de Af
BF e de BF com AF com BF e de Bf com AF
7.2. Indicadores
HIn H+ + In-
cor A cor B
Então, se o pH aumenta, o que é o mesmo que dizer que se a [H+] diminui, aumenta a
concentração da forma In- (pode ser interpretado com base no Princípio de Le Châtelier),
predominando a cor B do indicador.
[H + ][In − ]
KHIn =
[HIn ]
[H+] = KHIn
[HIn ]
[In ]
−
[H + ] [HIn ]
=
K HIn [In − ]
Se
[HIn] ≥ 10 [In-]
ou
[H+] ≥ 10 KHIn
ou
pH ≤ pKHIn – 1
observa-se a cor A.
Anàlogamente, se
[In-] ≥ [HIn]
ou
1
[H+] ≤ KHIn
10
ou
pH ≥ pKHIn +1
observa-se a cor B.
A variação de cor não ocorre num valor fixo de pH mas dentro de um certo intervalo que
se chama zona de viragem do indicador.
pH
cor B
zona de viragem
7 do indicador
cor A
Vtt
• azocompostos
têm zona de viragem ácida
exemplos: alaranjado de metilo, violeta de metilo, vermelho de metilo
• sulfoftaleínas
normalmente apresentam 2 zonas de viragem: uma a soluções muito ácidas e outra a
soluções neutras ou moderadamente alcalinas
preparam-se a partir dos seus sais (porque só estes são solúveis em água) ou por
dissolução da sulfoftaleína numa solução diluída de NaOH
exemplos: azul de timol, vermelho de fenol
• ftaleínas
são normalmente incolores em meio ácido e diversamente coradas em meio alcalino
são fracamente solúveis em água, sendo o álcool o solvente mais apropriado
exemplos: fenolftaleína, timolftaleína
Na literatura podem ser encontradas tabelas de indicadores com as cores das duas formas,
ácida (HIn) e básica (In-), as respectivas zonas de viragem bem como o modo de
preparação.
Indicador bicolor
Porém, na prática é desvantajoso usar uma grande concentração do indicador pois este vai
concorrer com o analito na reacção com o titulante.
Se o analito for um ácido forte ou uma base forte, não há reacção do titulante com o
indicador (que é um ácido ou base fracos), enquanto o analito não tiver sido consumido
quantitativamente.
Se o indicador estiver presente em pequena quantidade (apenas a necessária para dar uma
cor distinta à solução), uma gota do titulante em excesso origina uma mudança brusca de
cor.
Indicador monocolor
Neste caso existe uma concentração mínima da forma corada necessária para a sua
visualização que se designa por concentração mínima detectável.
Sendo
[H+] = KHIn
[HIn ]
[In ]
−
vem
+ C HIn − [In − ]
[H ] = KHIn
[In − ]
C
= KHIn HIn−
− 1
[In ]
Para
[In-] = concentração mínima detectável
O efeito de electrólitos que não reagem com o titulante na cor do indicador manifesta-se
de 2 modos:
- Influência na KHIn
Este efeito pode ser apreciado quantitativamente para valores baixos da força
iónica escrevendo a KHIn em termos de actividade e aplicando a teoria de Debye-
Huckel.
HIn H+ + In-
a In − .a H +
KHIn =
a HIn
f In − . f H + [In − ][H + ]
= .
f HIn [HIn ]
f HIn [HIn ]
fH+.[H+] = KHIn. .
f In − [In − ]
f HIn [HIn ]
aH+ = KHIn. .
f In − [In − ]
[HIn ]
= 10
[In − ]
sendo zIn- = -1
fHIn ~1
pH = (pKHIn – 1) – 0,5 µ
7.2.3.3. Temperatura
- modificando o pH da solução
Por exemplo, se à solução diluída de NaOH adicionar fenolftaleína, ela ficará rosa
mas verifica-se que a solução voltará a incolor se a temperatura aumentar, pois o pH
diminui.
Outros sistemas coloidais podem causar mudanças profundas na cor dos indicadores.
Como se sabe, o pH no ponto termo (p.t.) da titulação não coincide com o ponto de
equivalência (p.e.).
Comete-se pois um erro de titulação pois a mudança de cor do indicador ocorre antes ou
depois do p.e.
7.2.4.1. Titulação de ácido forte com base forte (ou base forte com ácido forte)
pH no p.e. = 7
Veq = 25 mL
10 −4 × 75
ε=- × 100 %
50 × 0,1
= - 0,15 %
Indicador: fenolftaleína
pH no p.e. = 7
Veq = 25 mL
10 − (14−9) × 75
ε=+ × 100 %
50 × 0,1
= + 0,02 %
A fórmula geral para descrever o erro de titulação de ácido forte com base forte é:
x.Vt
ε= × 100 %
C a .Va
em que
x: – (concentração do ácido não neutralizado no p.t.)
ou
+ (concentração do excesso de base adicionado)
Se o p.t. é atingido antes do p.e., há excesso de ácido e o erro de titulação será por
defeito.
O erro de titulação pode ser descrito em termos da % de ácido não neutralizado que existe
no p.t.
[HA ]
ε=- × 100 %
[HA] + [A − ]
[ H + ][ A − ]
sendo Ka =
[HA]
[H + ][A − ] / Ka
ε=- × 100 %
[H + ][A − ] / Ka + [A − ]
[H + ]
=- × 100 % (7-1)
[H + ] + Ka
pKa = 4,73
pH no p.e. = 8,72 (calcular)
Veq = 25 mL
10 −4
ε=- × 100 %
10 − 4 + 10 − 4,73
= - 84 %
A equação 7-1 mostra que, no caso da titulação de ácido fraco, contràriamente ao que
sucede no caso da titulação de ácido forte, o erro de titulação é independente da
concentração usada.
Indicador: fenolftaleína
A curva de titulação depois do p.e. é idêntica à da titulação ácido forte com base forte.
10 − (14−9) × 40
ε=+ × 100 %
20 × 0,1
= + 0,02 %
Se o p.t. é atingido antes do p.e., há excesso de base e o erro de titulação será por defeito.
O erro de titulação pode ser descrito em termos da % de base não neutralizada que existe
no p.t.
B + H2 O BH+ + OH-
[BH + ]
Kb = [OH-]
[B]
[B]
ε= - .100 %
[B] + [BH + ]
1
=- . 100 %
1 + [BH + ] /[ B]
1
=- .100 %
1 + Kb /[OH − ]
[OH − ]
=- .100% (7-2)
[OH − ] + Kb
Indicador: fenolftaleína
pKb = 4,75
[OH-] no p.t. = 10-5
Veq = 20 mL
10 −5
ε=- .100 %
10 −5 + 10 − 4,75
= -36 %
A equação 7-2 mostra que, como no caso da titulação de ácido fraco, o erro de titulação é
independente da concentração usada.
A curva de titulação depois do p.e. é idêntica à da titulação base forte com ácido forte.
10 −4 × 2Vi
ε=+ . 100 % Vi: volume inicial
0,1 × Vi
= + 0,2 %
- o ponto de equivalência
Seja a titulação de 25 mL de HCl 0,25 N com NaOH 0,1 N (neste caso é indiferente
considerar a concentração molar ou normal).
VNaOH = 0 mL
VNaOH = 10 mL
Vtotal da solução = 25 + 10 = 35 mL
0,25
[H+] =
35
= 0,0071 M ⇒ pH = 2,2
Região 3: p.e.
H+ + OH- H2 O
pH = 7
VNaOH = 20 mL
Vtotal da solução = 25 + 20 = 45 mL
0,75
[OH-] =
45
Para a construção da curva de titulação completa, tomam-se vários pontos nas regiões 2,
3 e 4, adicionando diferentes volumes do titulante e efectuando os cálculos conforme
atrás apresentados.
Seja a titulação de 50 mL de ácido acético (abreviadamente HA) 0,1 N com NaOH 0,1 N.
Ka HA = 1,8 × 10-5
VNaOH = 0 mL
HA H+ + A-
[H + ][A − ]
Ka =
[HA]
[H + ]2
≈ Ca: concentração inicial do ácido
Ca
[H+] = KaCa
= 1,8 × 10 −5 × 10 −1
VNaOH = 15 mL
A partir da adição de NaOH até imediatamente antes de se atingir o p.e., existe uma
mistura de HA por reagir e de A- produzido pela reacção
HA + OH- A- + H2 O
Vtotal da solução = 50 + 15 = 65 mL
1,5 meq de NaOH adicionados reagiram com 1,5 meq de HA para dar 1,5 meq de A-.
Pode-se construir uma tabela mostrando as concentrações das várias espécies presentes:
HA + OH- A- + H2 O
início 5 - -
adição - 1,5 -
reacção - 1,5 - 1,5 1,5
fim 3,5 - 1,5
3,5
[HA] =
65
1,5
[A-] =
65
Como já foi referido, antes do p.e., temos uma solução de HA e da sua base conjugada A-
e o pH é dado pela equação (ver manual de Química Analítica I):
pH = pKa + log
[A ] −
(7-3)
[HA ]
1,5 / 65
pH = - log (1,8 × 10-5) + log
3,5 / 65
Neste caso,
[A-] = [HA]
Veq = 50 mL
Então, para
VNaOH = 25 mL (= ½ Veq)
pH = pKa = 4,74
Se tivermos uma curva de titulação, pode-se tirar o valor de pKa lendo o valor de pH
quando Vb = ½ Veq.
Região 3: p.e.
pH > 7
HA + OH- → A- + H2 O
início 5 - -
adição - 5 -
reacção -5 -5 5
fim - - 5
A- + H2 O HA + OH-
[OH-] = KbCb
10 −14 5
= −5
×
1,8 × 10 100
VNaOH = 60 mL
A base NaOH é muito mais forte que a base A-, pelo que se pode considerar que o pH é
determinado pela concentração do excesso de OH- em solução.
1
[OH-] = M ⇒ pOH = 2,1 ⇒ pH = 11,9
110
Vb = ½ Veq
e
pH = pKa
pH
Vb (mL) Vb (mL)
Fig. 7.4. a) Curvas de titulação de vários Af com diferentes pKa com a mesma BF
b) Curvas de titulação do mesmo Af com diferentes concentrações Ca com a
mesma BF
Quanto mais fraco for Af ou quanto menor a sua concentração menor é o declive da
curva, chegando a não poder detectar-se o p.e.
Na prática não se efectuam titulações de um ácido ou de uma base muito fracos ou com
concentrações demasiadamente baixas.
Va = 0 mL
B + H2 O BH+ + OH-
Temos uma mistura da base B e do ácido conjugado BH+, ou seja, uma solução-tampão.
pH = pKa + log
[B] com pKa do ácido BH+
[BH ]
+
Va = ½ Veq
pH = pKa
Região 3: no p.e.
Va = Veq
Toda a base B reage com o ácido adicionado para dar o respectivo ácido conjugado
B + H+ → BH+
BH+ B + H+
Considere-se a titulação de 15,0 mL de uma base diprótica B 0,12 M com HCl 0,10 M.
pKb1 = 4,00
pKb2 = 9,00
B + H+ → BH+ (7-4)
O primeiro Veq é
10 × 0,12
Veq1 = = 12,0 mL
0,10
O segundo Veq é
Veq2 = 2 Veq1
= 24,0 mL
pois a reacção 7-5 requer exactamente o mesmo número de moles de HCl da reacção 7-4.
Va = 0 mL
B + H2 O BH+ + OH-
0,12 – x x x
Kb1 =
[BH ][OH ]
+ −
[B]
x2
10-4 =
0,12 − x
x = [OH-]
Va = 2,0 mL
Entre o ponto antes da adição do titulante e o primeiro p.e. temos uma solução-tampão
contendo B (por reagir) e BH+ resultante da reacção
B + H+ → BH+
pH = pKa2 + log
[B] (7-6)
[BH ]+
pKa2 = 14 – pKb1
= 14 – 4 = 10
1
pH = 10 + log
0,2
= 10,70
Para
Vb = ½ Veq1 = 6,0 mL
pH = pKa2 = 10
Região 3: 1º p.e.
Veq1 = 12 mL
B + H+ → BH+
A base B foi totalmente convertida na espécie BH+ que é a forma intermédia do ácido
diprótico BH22+.
[H+] ≈
[ ]
K a1 K a 2 BH + + K a1 K w
(7-7)
[
K a1 + BH + ]
10
[BH+] = 0,12 ×
22
= 0,0545 M
= 3,16 × 10-8
pH = 7,50
1
pH ≈ (pKa1 + pKa2)
2
1
pH = (5 + 10) = 7,50
2
Vb = 15,0 mL
BH+ + H+ → BH22+
pH = pKa1 + log
[BH ] +
[BH ]2
2+
0,9
= 5 + log
0,3
= 5,48
Região 5: no 2º p.e.
Veq2 = 24 mL
Toda a base B reagiu com o ácido para dar BH+ e todo o BH+ reagiu com o ácido para dar
BH22+.
BH22+ BH+ + H+
CBH22+ – x x x
Ka1 =
[BH ][H ]
+ +
[BH ] 2
2+
10
CBH22+ = 0,12 × = 0,0353
34
x2
Ka1 = 10-5 =
0,0353 − x
x = [H+]
Va = 30 mL
30 − 24
[H+] = 0,10
30 + 10
pH
Va (mL)
1ª derivada 2ª derivada
VNaOH(mL) pH V (ml) ∆V(mL) ∆pH ∆pH/∆V ∆V(mL) ∆2pH/∆V2
8,50 4,245
8,55 0,10ª) 0,155 1,55
8,60 4,400 0,10b) 0,71
8,65 0,10 0,226 2,26
8,70 4,626 0,10 0,81
8,75 0,10 0,307 3,07
8,80 4,933 0,10 0,33
8,85 0,10 0,340 3,40
8,90 5,273 0,10 -0,83
8,95 0,10 0,257 2,57
9,00 5,530 0,1 -0,68
9,05 0,10 0,189 1,89
9,10 5,719 0,15 -0,39
9,20 0,20 0,261 1,30
9,30 5,980
ª) A título de exemplo ∆V=0,10mL é calculado subtraindo os 2 volumes consecutivos 8,60-8,50 da 1ª
coluna da tabela
b)
A título de exemplo ∆V=0,10mL é calculado subtraindo os 2 volumes consecutivos 8,65-8,55 da 3ª
coluna da tabela
Exemplifica-se a seguir os cálculos para se obter a 1a. e a 2a. derivadas para os dois
primeiros volumes:
4,400 − 4,245
∆pH/∆V = = 1,55
8,60 − 8,50
2,26 − 1,55
∆2pH/∆V2 = = 0,71
8,65 − 8,55
Para o cálculo analítico do Veq considera-se a região em que a 2a. derivada muda de sinal:
0,33
Veq = 8,80 + 0,1
0,33 + 0,83
= 8,8 + 0,028
= 8,83 mL
O gráfico de Gran usa dados referentes à região antes do p.e. (normalmente 0,8 Veq ou
0,9 Veq até Veq).
Titulação de Af /BF:
HA H+ + A-
[H + ][A − ]
Ka =
[HA]
Antes do p.t.
HA + OH- A- + H2 O
ou seja, 1 mole de OH- reage com 1 mole de HA para dar 1 mole de A-.
- molesOH − VbCb
[A ] = =
Vtotal Va + Vb
VbCb Va + Vb
Ka = [H+] .
Va + Vb VaCa − VbCb
VbCb
= [H+]
VaCa − VbCb
Rearranjando,
VaCa − VbCb
Vb [H+] = Ka (7-8)
Cb
VaCa
= Ka ( − Vb )
Cb
Sendo
VaCa = VeqCb
VaCa
= Veq
Cb
[H+] = 10-pH
O gráfico obtém-se representando Vb. 10-pH vs. Vb e corresponde a uma recta de declive
-Ka.
Vb. 10-pH = 0
0 = Ka (Veq-Vb)
ou seja,
Veq = Vb
A Fig. 7.7 mostra o gráfico de Gran para o mesmo exemplo tomado no método gráfico
das derivadas.
Vb = 8,84 ml
Vb.10-pH
A função de Gran Vb.10-pH não chega realmente a 0, porque 10-pH nunca é igual a 0.
A razão por que a função não atinge o valor 0 é que se considerou a aproximação de que
cada mole de OH- gera 1 mole de A-, o que não é verdade à medida que Vb se aproxima
de Veq.
γ HA
Vb.10-pH = Ka (Veq-Vb)
γ A−
Sendo a actividade
= 10-pH
γ HA
Então, variando a força iónica, varia também .
γ A−
Esta variação pode ser evitada mantendo a força iónica quase constante com um
electrólito como por exemplo NaNO3.
Mesmo sem adicionar o sal, os últimos 10-20% dos dados antes do Veq dão uma recta
γ
razoável porque o quociente HA não varia muito.
γ A−
Titulação de Bf/AF:
γB 1
Va.10+pH = . (Veq-Va)
γ BH + Ka
sendo
Va : volume do ácido
Ka : constante de dissociação de BH+
γB 1
- .
γ BH + Ka
A concentração de Na+ é:
CbVb
[Na+] = (7-12)
Va + Vb
Ct = [HA] + [A-]
CaVa
=
Va + Vb
αA- =
[A ] −
Ct
donde
CaVa
[A-] = αA- (7-13)
Va + Vb
Ka
α1 =
[ ] +
H + Ka
Substituindo [Na+] dada pela equação 7-10 e A- dada pela equação 7-13 na equação 7-11
do B.C.
CbVb CaVa
[H+] + = αA- + [OH-]
Va + Vb Va + Vb
rearranjando, obtém-se
α A− −
[H ] − [OH ]
+ −
CbVb Ca
φ ≡ = (7-14)
CaVa
1+
[H ] [+
− OH − ]
Cb
Para um dado valor de pH tira-se o volume do titulante que produz a respectiva [H+].
CbVb
φ ≡ representa a fracção da titulação do Af com a BF
CaVa
φ Vb
0,5 1
Veq (pH = pKa)
2
1 Veq
2 2Veq
Veq = 10 ml
Ca = 0,02 M Kw
[OH-] =
H+[ ]
Va = 50 ml Ka
-7
αA- =
[ ]
+
H + Ka
Ka = 7,08 × 10
Kw = 10-14
Tab.7.2. Folha de cálculo que usa a equação 7-14 para calcular a curva de titulação de 50
ml de um Af 0,02 M (pKa = 6,15) com NaOH 0,1 M
A B C D E F G
1 Titulação de Af/BF
2
3 Cb= pH [H+] [OH-] Alfa Fi Vb(mL)
4 0,1 3 0,001 1E-11 0,000707 -0,0488 -0,48804
5 Ca= 3,93 0,000117 8,51E-11 0,00599 0,000115 0,001153
6 0,02 4 0,0001 1E-10 0,00703 0,002028 0,020282
7 Va= 5 0,00001 1E-09 0,066119 0,065612 0,656123
8 50 6,15 7,08E-07 1,41E-08 0,500019 0,499981 4,99981
9 Ka= 7 1E-07 1E-07 0,876238 0,876238 8,762376
10 7,08E-07 8 1E-08 0,000001 0,986072 0,986132 9,861317
11 Kw= 9,18 6,61E-10 1,51E-05 0,999068 0,999976 9,999758
12 1,00E-14 10 1E-10 0,0001 0,999859 1,005865 10,05865
13 11 1E-11 0,001 0,999986 1,060592 10,60592
14 12 1E-12 0,01 0,999999 1,666665 16,66665
15
16 C4=10^-B4
17 D4=Kw/C4
18 E4=Ka/(C4+Ka)
19 F4=(E4-(C4-D4)/Ca)/(1+(C4-D4)/Cb)
20 G4=F4*Ca*Va/Cb
Pode-se usar o GOAL SEEK do Excel para nomear as células tornando as fórmulas mais
compreensivas.
Ir ao menu INSERT
A janela vai perguntar se quer usar o nome Cb que aparece na célula A3. Se quiser
este nome, clicar OK
Faz-se o mesmo para as outras células na coluna A para nomear Ca, Va, Ka e Kw.
Em D4 escrever = Kw/C4
Fazer o mesmo que para C
Em E4 escrever = Ka/(C4+Ka)
Fazer o mesmo que para C
Em F4 escrever = (E4-(C4-D4)/Ca)/(1+(C4-D4)/Cb)
Fazer o mesmo que para C
Em G4 escrever = F4*Ca*Va/Cb
Fazer o mesmo que para C
Selecciona-se CHART
curve
14
12
10
8
pH
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Vb
B.C.:
[H+] + [BH+] = [A-] + [OH-]
Como se viu no item 7.10.1., para HA, a concentração total ou analítica do ácido fraco é:
Ct = [HA] + [A-]
CaVa
=
Va + Vb
αA- =
[A ] −
Ct
Ka
=
[ ]+
H + Ka
αHA =
[HA ]
Ct
[H ] +
=
[H ]+ Ka
+
αBH+ =
[BH ] +
C tB
[H ] +
=
[H ]+ K
+
BH +
CbVb
CtB =
Va + Vb
CbVb CaVa
[H+] + αBH+ . = αA- . + [OH-]
Va + Vb Va + Vb
α A− −
[H ] − [OH ]
+ −
CbVb Ca
φ ≡ = (7-15)
CaVa
α BH + +
[H ] − [OH ]
+ −
Cb
A Tabela 7.3 dá equações que podem ser aplicadas para diferentes situações de titulações
ácido-base e que são derivadas a partir do B.C. e das composições fraccionais para várias
concentrações.
Elas são úteis para folhas de cálculo em Excel para cálculo das curvas de titulação
conforme se exemplificou no item 7.10.1.
Titulação de BF com AF
1+
[H ] − [OH ]
+ −
CaVa Cb
φ = =
CbVb
1−
[H ]− [OH ]
+ −
Ca
CbVb Ca
φ = =
CaVa
1+
[H ] − [OH ]+ −
Cb
CaVa Cb
φ = =
CbVb
1−
[ ] [
H − OH − +
]
Ca
CbVb Ca
φ = =
CaVa
α BH + +
[ ] [
H − OH − +
]
Cb
CaVa +
Cb
φ = =
CbVb
αA −−
[H ] [ +
− OH − ]
Ca
CbVb Ca
φ = =
CaVa
1+
[H ] − [OH ]
+ −
Cb
CaVa 2
Cb
φ = =
CbVb
1−
[H ]− [OH ] + −
Ca
em que:
φ : fracção de titulação (fracção do percurso até ao 1º ponto de equivalência)
Ca: concentração inicial do ácido
Cb: concentração inicial da base
α: fracção de dissociação do ácido ou fracção de hidrólise da base
Va: volume do ácido
Vb: volume da base adicionado
CÁLCULO DE α:
Sistemas monopróticos
αHA =
[H ] +
αA- =
Ka
[H ]+ Ka
+ [ ]
+
H + Ka
αBH+ =
[H ] +
αB =
K BH +
[H ]+ K
+
BH +
[H ]+ K
+
BH +
em que:
Ka: constante de dissociação do ácido HA
KBH+: constante de dissociação do ácido BH+
Sistemas dipróticos
αH2A =
[H ] + 2
αHA- =
[H ]K +
1
[H ] + [H ]K
+ 2 +
1 + K 1K 2 [H ] + [H ]K
+ 2 +
1 + K 1K 2
K 1K 2
αA2- =
[H ] + [H ]K
+ 2 +
1 + K 1K 2
2+ [H ] + 2
αBH+ =
[H ]K +
a1
=
αBH2
[H ] + [H ]K
+ 2 +
a1 + K a1 K a 2 [H ] + [H ]K
+ 2 +
a1 + K a1 K a 2
K a1 K a 2
αB =
[H ] + [H ]K
+ 2 +
a1 + K a1 K a 2
em que:
K1: constante de dissociação do ácido H2A
K2: constante de dissociação do ácido HÁ- Ka1=Kw/Kb2 sendo Kb2 a constante de hidrólise da
Ka1: constante de dissociação do ácido BH22+ base BH+
Ka2: constante de dissociação do ácido BH+ Ka2=Kw/Kb1 sendo Kb1 a constante de hidrólise da
base B
8. TITULAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO
Muitos catiões metálicos como Zn, Ni, Co, Mn, Al, Fe, Pb, Cu, etc., formam hidróxidos e
sulfetos muito insolúveis.
Porém, a precipitação desses metais sob a forma desses compostos não é estequiométrica
devido à adsorção de iões como S2- ou OH- e outros iões estranhos.
Por isso, para determinar esses catiões metálicos, recorre-se muitas vezes à volumetria de
complexação em vez da titulação por precipitação.
pM = -log [Mn+]
ou de
pX = -log [X-]
À medida que se adiciona solução de AgNO3, Ag+ reage completamente com Cl- até ao
ponto de equivalência.
Depois do ponto de equivalência, a [Ag+] aumenta porque todo o Cl- já terá sido
consumido, estando-se a adicionar Ag+ directamente à solução.
Para construir a curva de titulação tomam-se pontos nas 4 regiões já referidas: antes da
adição do titulante, antes do ponto de equivalência, no ponto de equivalência e depois do
ponto de equivalência.
VAgNO3 = 0 mL
VAgNO3 = 20 mL
Vtotal da solução = 50 + 20 = 70 mL
Ks
=
[Cl − ]
Se a concentração inicial de Cl- é suficientemente elevada (>10-3 M), o termo [Cl-]do AgCl
na equação 8-1 pode desprezar-se até às proximidades do ponto de equivalência.
Calculando [Cl-]
50 × 0,1 − 20 × 0,05
[Cl-] =
70
Ainda nesta região antes do p.e., considere-se um volume do titulante próximo do Veq,
por exemplo,
VAgNO3 = 99,95 mL
Região 3: p.e.
Neste ponto adiciona-se exactamente Ag+ necessário para reagir com todo o Cl-.
O 1o. termo da equação 8-1 é então nulo e o Cl- que existe em solução provém apenas do
equilíbrio de solubilidade do AgCl.
= Ks1/2
Ks
=
[Ag + ]
O 2o. termo [Ag+]do AgCl na equação 8-2 pode desprezar-se excepto para pontos muito
próximos do ponto de equivalência.
Assim, para
VAgNO3 = 100,05 mL
= 2,41 × 10-5 M
1,78 × 10 −10
[Cl-] =
2,41 × 10 −5
Ainda nesta região antes do p.e., considere-se agora um volume do titulante bastante
afastado do Veq, por exemplo,
VAgNO3 = 150mL
= 1,25 × 10-5 M
Ks
[Cl-] =
[Ag + ]
1,78 × 10 −10
=
1,25 × 10 − 2
pCl
8
pAg
Fig. 8.2. Curvas de titulação mostrando Fig. 8.3. Curvas de titulação mostrando
o efeito de diferentes concentrações do a influência do Ks na titulação de 25 mL
analito e do titulante de X- 0,1 M com Ag+ 0,05 M
8.2. Indicadores
Neste método usa-se a cor vermelha do Ag2CrO4 para assinalar o ponto termo.
Por exemplo, na dosagem de Cl-, este ião é precipitado como AgCl por titulação com
uma solução aferida de AgNO3 na presença de uma certa quantidade de K2CrO4.
Pode-se calcular o valor da [CrO42-] para que Ag2CrO4 não precipite antes do p.e.
No p.e.,
= 1,33 x 10-5 M
Ks 2
[CrO42-] =
[Ag + ]2
= 0,014 M
Portanto, 0,014 M seria a concentração que CrO42- deveria ter no p.e. para que este
coincidisse com o p.t.
No entanto, esta concentração daria uma cor amarela muito intensa à solução
prejudicando a observação da cor do precipitado de Ag2CrO4 pelo que, na prática, é
necessário usar uma [CrO42-] mais baixa.
VAgNO 3 em excesso
ε= × 100 %
VAgNO 3 necessário para atingir o p.e.
No p.e.
= 1,33 x 10-5 M
No p.t.
[CrO42-]p.t. = 5 x 10-3 M
1/ 2
+ Ks 2
[Ag ]p.t. = −3
5 × 10
= 2,21 x 10-5 M
Ks1
[Cl-]p.t. =
2,21 × 10 −5
= 0,81 x 10-5 M
Sendo
[(2,21 x 10-5 – 1,33 x 10-5) + (1,33 x 10-5 – 0,81 x 10-5) + 2 x 10-5] x 100 =
= 3,4 x 10-3
3,4 × 10 −3
VAgNO3 em excesso =
0,1
= 3,4 x 10-2 mL
3,4 × 10 −2
ε= x 100 %
50
= 0,068 %
Se em vez de 0,1 M as concentrações dos reagentes forem de 0,01 M, o erro seria de 0,68
%.
Note-se que a maior fonte de erro é a quantidade de AgNO3 necessária para visualizar o
precipitado de Ag2CrO4.
8.2.1.2. Influência do pH
Neste método a titulação deve ser efectuada em solução neutra ou ligeiramente alcalina,
num intervalo de pH entre 7 e 10.
Em soluções ácidas, CrO42- dá lugar aos iões HCrO4- e Cr2O72- pois ocorrem as seguintes
reacções:
Considerando o B.M. para o ião CrO42- e tomando para concentração total de CrO42- o
valor de 5 x 10-3 M como se referiu atrás:
= 5 x 10-3
Assim:
pH [CrO42-]
7 3,7 x 10-3
6 10-3
5 1,2 x 10-4
Quer dizer, para pH < 7, a [CrO42-] diminui ràpidamente aumentando o erro da titulação
pois tem que se adicionar mais AgNO3.
Então, a quantidade mínima de OH- que pode existir em solução sem que haja
precipitação de AgOH (ou de Ag2O) é dada por:
2,6 × 10 −8
[OH-] =
2,2 × 10 −5
= 1,2 x 10-3 M
No entanto, para prevenir excessos locais de AgNO3 durante a titulação que permitem a
formação temporária de AgOH ou Ag2O, o pH deve ser um pouco mais baixo.
7 < pH < 10
Já o mesmo não se aplica aos iões I- e SCN- devido à adsorção de CrO42- à superfície dos
respectivos precipitados.
O indicador usado é uma solução de um sal de Fe3+ sendo o ponto termo da titulação
detectado através da formação de um complexo vermelho de FeSCN2+.
Este complexo não é muito estável mas a concentração mínima detectável é muito
pequena, apenas 6,4 x 10-6 M.
Em soluções aquosas Fe3+ existe sob a forma de Fe(H2O)63+ que é uma espécie muito
acídica (K∼10-2) e que se ioniza dando outras espécies contendo OH- e que são de cor
laranja e castanha.
Titula-se uma solução ácida de Ag+ com uma solução aferida de SCN-.
= 10-6 M
[FeSCN 2+ ]
[Fe3+]p.e. =
[SCN − ].138
6,4 × 10 −6
= = 0,046 M
10 −6 × 138
[Fe3+]p.t. = 0,015 M
Quando todo o Ag+ tiver sido consumido, SCN- reage com Fe3+ para formar o complexo
vermelho de FeSCN2+.
Como AgCl é mais solúvel que AgSCN, o ponto termo pode ser afectado pela ocorrência
da seguinte reacção secundária ou reacção de metátese:
[Cl−] Ks AgCl
Keq = =
[SCN −] Ks AgSCN
1,78 × 10 −10
=
10 −12
= 178
Quer dizer, AgCl dissolve-se lentamente e é substituído por AgSCN pois SCN-
adicionado como titulante reage tanto com o Ag+ em excesso na solução como com o Ag+
do precipitado de AgCl, provocando um erro por defeito na titulação (porque se gasta
mais SCN-).
No p.e.
[Ag+]p.e. = [Ag+]do AgCl + [Ag+]do AgSCN
= [Cl-]p.e. + [SCN-]p.e.
= 1,33 x 10-5 M
10 −12
[SCN-]p.e. =
[Ag + ] p.e.
= 7,50 x 10-8 M
[FeSCN 2+ ]
[Fe3+]p.e. =
[SCN − ].138
6,4 × 10 −6
=
7,5 × 10 −8 × 138
= 0,62 M
Como já foi referido, costuma-se juntar à solução uma quantidade do indicador de modo
a que a
[Fe3+]p.t. = 0,015 M
No p.t.
6,4 × 10 −6
[SCN-]p.t. =
1,5 × 10 − 2 × 138
= 3,1 x 10-6 M
+ 10 −12
[Ag ]p.t. =
3,1 × 10 −6
= 3,2 x 10-7 M
1,78 × 10 −10
[Cl-]p.t. =
3,2 × 10 − 7
= 5,6 x 10-4 M
Considerando a razão
[Cl−]p.t .
∼ 180
[SCN − ] p.t .
o que significa que a [Cl-]p.t. é controlada pela reacção de metátese cuja Keq é 178 como
atrás indicado.
Se se titular 50 mL de Cl- 0,1 N com AgNO3 também 0,1 N, o volume final da solução é
100 mL e o número de milimoles de SCN- em excesso é dado por:
[(3,1 x 10-6 – 7,5 x 10-8) + (1,33 x 10-5 – 3,2 x 10-7) + (5,6 x 10-4 – 1,33 x 10-5) +
= 5,7 x 10-2
5,7 × 10 −2
ε=- x 100 %
50 × 0,1
= -1,2 %
Quer dizer, a quantidade de Cl- que se calcula é menor em 5,7 x 10-2 milimoles, dado que:
no. mmoles Cl- = no. mmoles de Ag+ adicionado – no. de mmoles de Ag+ em excesso
||
no. de mmoles de SCN- gasto
O cálculos efectuados mostram que o erro será mais elevado se se tomar uma
concentração de Cl- mais baixa e que a maior contribuição para o seu valor provém do 3o.
termo dentro do parênteses recto que corresponde ao número de mmoles de SCN-
adicionado para provocar o aumento de Cl- na solução devido à reacção de metátese.
- ou proteger AgCl com uma substância imiscível com água como por exemplo, o
nitrobenzeno, éter ou clorofórmio
Sal de Ag Ks
AgSCN 10-12
AgBr ∼ 10-13
AgI ∼ 10-16
Na dosagem de outros aniões que formam com Ag+ sais mais solúveis que AgCl como
por exemplo, PO43-, AsO43-, etc., é absolutamente necessário separar o precipitado
formado antes de adicionar SCN-.
Exemplo: Titulação de Cl- com Ag+ usando como indicador, o fluoresceinato de sódio.
Antes do p.e.:
Os iões de fluoresceinato não são adsorvidos pois o precipitado prefere os iões da rede
Cl-.
Depois do p.e.:
Existem Ag+ em excesso que são adsorvidos para formar a primeira camada.
Em seguida, são adsorvidos os aniões fluoresceinato do indicador que formam com Ag+ o
sal mais insolúvel que outros aniões em solução.
O indicador não adsorvido tem uma cor amarelo-esverdeada e, quando adsorvido, fica
vermelho.
Para melhor visualização da cor junta-se dextrina ou amido que impede a coagulação das
partículas do precipitado, aumentando a sua superfície e tornando mais efectiva a
adsorção do indicador.
HFl H+ + Fl-
Para valores de pH < 7 a fluoresceína existe principalmente sob a forma ácida HFl que
não é adsorvida.
M+ + X- MX(s)
O balanço de massas (B.M.) estabelece que a concentração total (ou o número total de
moles) de uma substância em solução é igual à soma das concentrações (ou do número de
moles) de todas as espécies sob as quais a substância se pode encontrar
Então
B.M para M:
B.M. para X:
Rearranjando,
VM = VX0 0X
[ ] [ ]
C0 + M + − X −
(8-3)
[ ] [ ]
+
CM − M + X
−
input: valores de pM
output: valores de VM
Passos a seguir:
Introduzir os valores de Ks, Vo, Co(I), Co(Ag) que são constantes na coluna A
O primeiro valor de pM = 15,08 foi seleccionado por tentativas para dar um valor
pequeno de Vm.
Se o valor inicial de VM for abaixo do ponto inicial real, então VM na coluna E será
negativo.
Outras instruções para uso da folha de cálculo para curvas de titulação podem ser
seguidas recorrendo ao item 7.10 referente a titulações ácido-base.
Tab.8.1. Folha de cálculo que usa a equação 8-3 para calcular a curva de titulação de 25
ml de I- 0,10 M com Ag+ 0,05 M (KsAgI = 8,30x10-17)
A B C D E
1 Titulação de I-com Ag+
2
3 Ks = pAg [Ag+] [I-] VM
8,30E- 8,31764E-
4 17 15,08 16 0,099788 0,035392
5 Vo = 15 1E-15 0,083 3,195489
6 25 14 1E-14 0,0083 39,32247
7 CoI = 12 1E-12 0,000083 49,87571
8 0,1 10 1E-10 8,3E-07 49,99876
9 CoAg = 8 0,00000001 8,3E-09 50
10 0,05 6 0,000001 8,3E-11 50,0015
11 4 0,0001 8,3E-13 50,1503
12 3 0,001 8,3E-14 51,53061
13 2 0,01 8,3E-15 68,75
14
15 C4 = 10^-B4
16 D4 = Ks/C4
17 E4 = Vo*(CoI+C4-D4)/(CoAg-C4+D4)
A Fig. 8.4 mostra a curva de titulação construída a partir da folha de cálculo da Tab.8.1.
16
14
12
10
pAg
8
6
2
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
VAg+ (m L)
9. TITULAÇÃO DE COMPLEXAÇÃO
O ligando pode ser mono- ou polidentado (bi-, tri-, tetra-, etc.) conforme o número de
ligações com o átomo central.
Por exemplo, CN- é monodentado porque se liga ao ião metálico através de apenas um
átomo, o átomo de C; etilenodiamina é bidentado porque se liga ao ião central por meio
de 2 átomos de N.
É um ligando que forma complexos 1:1 muito estáveis com a maioria dos iões metálicos
(excepto os iões univalentes).
A dificuldade de o EDTA ser pouco solúvel em água é resolvida usando o seu sal
dissódico.
KfMgY2- = 5 × 108
K´f = α Y 4 − . Kf
α Y 4− =
[Y ]
4−
C EDTA
em que CEDTA representa a concentração total de todas as espécies de EDTA não ligadas
ao ião metálico.
A reacção de complexação é
αY 4− = 0,054
VEDTA = 0 mL
VEDTA = 10 mL
Vtotal da solução = 50 + 10 = 60 mL
4
[Mg2+] = = 0,067 M ⇒ pMg = 1,2
60
Região 3: no p.e.
VEDTA = 50 mL
5
[MgY2-] = = 5 × 10-2 M
100
[Mg2+] = [Y4-] = x
5 × 10 −2
=
x2
x = [Mg2+]
VEDTA = 60 mL
1
[Y4-] = M
110
5
[MgY2-] = M
110
5 110
=
[Mg 2+ ] ⋅ 1 110
pMg
4,37
50 mL VEDTA
A grandeza do salto de pM na curva de titulação será tanto maior quanto maior o valor de
Kf do complexo MY2-.
M + L ML
Kf =
[ML]
[M ][. L]
B.M. para M:
C M VM
[M] + [ML] =
VM + VL
B.M. para L:
C L VL
[L] + [ML] =
VM + VL
C M VM
[M] + Kf [M] [L] =
VM + VL
ou
C M VM
[M] (1+Kf [L]) = (9-2)
VM + VL
C M VM
[L] + Kf [M] [L] =
VM + VL
ou
C L VL
C L VL V + VL
[L] (1+Kf [M]) = ⇒ [L] = M (9-3)
VM + VL 1 + Kf [M ]
C L VL
VM + VL C M VM
[M] 1 + Kf =
1 + Kf [M ] VM + VL
1 + Kf [M ] −
[M ] + Kf [M ]
2
C L VL CM
φ = = (9-4)
C M VM
Kf [M ] +
[M ] + Kf [M ]
2
CL
Quando φ = 1 VL = Veq
1 1
φ = VL = Veq
2 2
Para um valor definido de pH, Kf deve ser substituído por K´f conforme já referido em
9.1.
Kf = 4,9 × 1010
α Y 4 − = 0,36
A Tabela 9.1. representa a folha de cálculo em que a equação 9-4 é usada para calcular a
curva de titulação de Ca2+ com EDTA.
Tab.9.1. Folha de cálculo que usa a equação 9-4 para calcular a curva de titulação de 50
mL de Ca2+ 0,04 M com EDTA 0,08 M num meio de pH = 10 (K´f = 1,8 × 1010)
A B C D E
1 Titulação de Ca2+ com EDTA
2
3 CM = pM M Fi VL
4 0,04 1,398 0,039994 9,21E-05 0,002302
5 VM = 1,5364 0,02908 0,200212 5,005312
6 50 2 0,01 0,666667 16,66667
7 CL = 3 0,001 0,962963 24,07408
8 0,08 4 0,0001 0,996255 24,90638
9 Kf = 5,914 1,22E-06 1 25
10 1,80E+10 7 1E-07 1,000552 25,0138
11 8 1E-08 1,005555 25,13888
12 8,86 1,38E-09 1,040246 26,00616
13
14 C4 = 10^-B4
15 D4 = (1+Kf*C4-(C4+Kf*C4^2)/CM)/(Kf*C4+(C4+Kf*C4^2)/CL)
16 E4 = D4*CM*VM/CL
Em A3, A4, A5, A6, A7, A8 escrever respectivamente CM=, VM=, CL=, Kf=, pM=,
M=
Em B3, B4, B5, B6, B7, B8 escrever respectivamente 0,04, 50, 0,08, 1,80E+10, 1,5
(ou qualquer outro valor arbitrado de pM), =10^-B7
Em D7 escrever = CM*VM/CL*(1+Kf*B8-(B8+Kf*B8^2)/CM)/(Kf*B8+(B8+Kf*B8^2)/CL)
Tab. 9.2. Folha de cálculo que usa GOAL SEEK para variar pM de modo a obter um
valor de VL = 25 mL
A B C D
1 GOAL SEEK VL
2
3 CM= 0,04
4 VM= 50
5 CL= 0,08
6 Kf= 1,80E+10
7 pM= 5,914662 25
8 M= 1,22E-06
9
10
11
12
13 B8 = 10^-B7
14 D7 = CM*VM/CL*(1+Kf*B8-(B8+Kf*B8^2)/CM)/(Kf*B8+(B8+Kf*B8^2)/CL)
Para usar o GOAL SEEK para variar pM na célula B7 até aparecer em D7 o valor 25
(mL) que é o valor de VL, procede-se do seguinte modo:
Seleccionar a célula D7
Em MAXIMUM CHANGE pôr, por exemplo, 0,001 (isto diz ao GOAL SEEK para
encontrar uma resposta dentro de 0,001 da resposta desejada)
A Fig. 9.2. mostra a curva de titulação construída a partir da folha de cálculo da Tab.9.1.
10
6
pCa
0
0 10 20 30
VEDTA (mL)
Fig. 9.2. Curva de titulação de 50 mL de Ca2+ 0,04 M com EDTA 0,08 M a pH =10
Outros pontos, para além do volume de 26 mL de EDTA, podem ser obtidos calculando-
se pCa para diferentes valores de VL usando o GOAL SEEK conforme se acabou de
descrever.
Se se inverter a titulação, ou seja, titular o ligando com o ião metálico, a equação a usar
na folha de cálculo para a fracção do percurso até o p.e. será o inverso da equação 9-4:
Kf [M ] +
[M ] + Kf [M 2 ]
C M VM CL
φ = = (9-5)
C L VL
1 + Kf [M ] −
[ ]
[M ] + Kf M 2
CM
9.3. Indicadores
Para assinalar o ponto termo da titulação usam-se indicadores que formam complexos
com iões metálicos e que têm cores diferentes conforme se encontram livres ou ligados.
À medida que se adiciona EDTA, este reage com o Mg2+ que se encontra livre na
solução.
Quando todo o Mg2+ livre tiver sido usado, o EDTA que se adicionar há-de deslocar o
indicador do complexo vermelho MgIn.
A mudança da cor vermelha da solução devida ao MgIn para azul do In assinala o fim da
titulação.
A maior parte dos indicadores de iões metálicos são também indicadores ácido-base com
valores de pKa que podem ser encontrados na literatura.
Exemplos de indicadores:
- negro de eriocromo T
- alaranjado de xilenol
- murexida
- violeta de pirocatecol
- calmagite
A cor do indicador livre depende do pH pelo que a maior parte dos indicadores só podem
ser usados em certas zonas de pH.
Por exemplo, o alaranjado de xilenol muda de amarelo para vermelho quando se liga a
um metal a um pH = 5,5. Esta mudança é fácil de se observar.
Então quando se usa este indicador não se deve levar o pH acima de 11,5 pois a viragem
de cor de vermelho a laranja não seria perceptível.
A zona recomendada situa-se entre 6,5 e 11,5 em que a viragem se dá de vermelho a azul.
Para que um indicador seja usado na titulação directa de um metal com EDTA é preciso
que o complexo metal-EDTA seja mais estável que o complexo metal-indicador.
Numa titulação directa o analito (ião metálico) é titulado directamente com EDTA.
Podem ser usados complexantes auxiliares como, por exemplo, amónia, tartarato, citrato,
trietanolamina, para impedir a precipitação do ião metálico na ausência do EDTA.
O complexo Pb-tartarato deve ser menos estável que o complexo Pb-EDTA, caso
contrário a titulação não pode efectuar-se.
9.4.2. Contra-titulação
O excesso de EDTA é então titulado com uma solução-padrão de um outro ião metálico.
O ião metálico a usar na contra-titulação não deve deslocar o analito do seu complexo
com EDTA.
Exemplos:
Em geral usa-se uma solução equimolar de EDTA-Mg que se junta à solução que contém
o metal Mn+ a dosear.
O ião metálico Mn+ é tratado com um excesso de Mg-EDTA para deslocar Mg2+ o qual é
depois titulado com uma solução-padrão de EDTA.
Então, quando se junta a solução de Mg-EDTA à solução contendo o metal Mn+ ocorre a
seguinte reacção:
pois
K´f MYn-4 > K´f MgY2-
Em ambos os casos
A titulação indirecta com EDTA pode ser aplicada a aniões que precipitam com certos
iões metálicos.
Lava-se o BaSO4 e ferve-se em seguida com excesso de EDTA a pH = 10 para levar Ba2+
de novo para a solução na forma de Ba-EDTA.
Por este processo de titulação indirecta podem também ser determinados CO32-, CrO42-,
S2-.
[Ca2+] + [Mg2+]
[Ca2+] + [Mg2+] = 1 mM
A água é considerada
Ela é benéfica se usada como água de irrigação porque os iões de Ca2+ e Mg2+ tendem a
coagular partículas coloidais no solo aumentando assim a permeabilidade do solo à água.
A titulação com EDTA a pH 10 em meio amoniacal, usando como indicador por exemplo
o EBT, dá a concentração total de Ca2+ e Mg2+.
Este indicador só forma complexo estável com Ca2+ e não com Mg2+.
A fracção da dureza devida ao ião HCO3- chama-se dureza temporária pois, por fervura,
∆
-
2HCO3 → CO32- + CO2 + H2O
A quantidade de Ca2+ e Mg2+ associada a outros iões como Cl- e sobretudo SO42- designa-
se por dureza permanente porque não é removida por fervura.
Neste caso a curva de titulação mostra a variação do potencial da pilha com o volume
do titulante.
Eo Ce4+/Ce3+ = 1,70 V
Eo Fe3+/Fe2+ = 0,735 V
A reacção redox é
1, 70 − 0 , 735
0 , 059
Keq = 10
= 10 16,36
= 2,3 × 1016
VCe4+ = 20 mL
De acordo com a reacção redox, para um certo número de milimoles de Ce4+ adicionados
e que vão ser consumidos, forma-se um número igual de milimoles de Ce3+ e de Fe3+.
Vtotal da solução = 50 + 20 = 70 mL
3
[Fe2+] =
70
= 0,043 M
2
[Fe3+] = [Ce3+] =
70
= 0,028 M
3 / 70
EFe = 0,735 – 0,059 log
2 / 70
= 0,725
1
Vtt = Veq
2
EFe = E 0Fe
= 0,735 V
Região 2: no p.e.
VCe4+ = 50 mL
E oFe + E oCe
Eeq =
2
1,70 + 0,735
=
2
= 1,217 V
VCe4+ = 75 mL
75 × 0,1 − 50 × 0,1
[Ce4+] =
125
= 2 × 10-2 M
50 × 0,1
[Ce3+] =
125
= 4 × 10-2 M
4 × 10 −2
ECe = 1,70 – 0,059 log
2 × 10 − 2
= 1,698 V
E(V)
1,8
1,2
0,6
20 40 60 80 VCe4+ (mL)
' 3 × 0,059
= E 10 +
n1
' 3 × 0,059
= E 02 -
n2
A viragem de cor do indicador deve dar-se entre aqueles 2 valores de potencial, isto é, o
potencial formal do indicador deve situar-se entre E1 e E2
'
E1 < E 0In < E2
Eo’Fe3+/Fe2+ = 0,68 V
Eo’Ce4+/Ce3+ = 1,44 V
0,1
E1 = 0,68 – 0,059 log
99,9
∼ 0,86 V
100
E2 = 1,44 – 0,059 log
0,1
∼ 1,26 V
O potencial no p.e. é
0,68 + 1,44
Eeq = = 1,06 V
2
E(V)
1,26 ...................
1,06
0,86
VCe4+ (mL)
Eo’Sn4+/Sn2+ = 0,14 V
Eo’Fe3+/Fe2+ = 0,68 V
0,059 0,1
E1 = 0,14 – log
2 99,9
∼ 0,23 V
100
E2 = 0,68 – 0,059 log
0,1
∼ 0,50 V
O potencial no p.e. é
0,68 + 2 × 0,14
Eeq = = 0,32 V
3
0,50 − 0,23
+ 0,23 = 0,36 V
2
A curva de titulação é assimétrica em relação ao p.e. com este mais próximo do potencial
E1 do sistema Sn que envolve maior número de electrões conforme se mostra na Fig.
10.3.
E(V)
0,50
0,36 p. inflexão
0,32 p.e.
0,23
VFe3+ (mL)
Como nas titulações anteriores, pretende-se desenvolver uma equação que descreva a
curva de titulação sem recorrer a aproximações (excepto admitir que os coeficientes de
actividade são constantes).
T + A → T- + A+
As reacções parciais são:
T + e- T-
e
A+ + e- A
E = E 0T – 0,059 log
[T ]
−
⇒
[T ] = 10(E
−
0 – E) / 0,059
T
[T] [T]
=τ
E = E 0A – 0,059 log
[A] ⇒
[A] 0
= 10(E A – E) / 0,059
[A ]
+
[A ]
+
=α
B.M. para T:
B.M. para A :
1 -
[T ] + [T-] = CT α [A+] + [A+] = CA
τ
1
[T-] ( +1) = CT [A+] (α + 1) = CA
τ
1+ τ
[T-] ( ) = CT
τ
τ.C T CA
[T-] = [A+] =
1+ τ 1+ α
[T-] = [A+]
Portanto,
τ.C T CA
= (10-3)
1+ τ 1+ α
CT
φ =
CA
φ =1
3CT
φ =
2 CA
Da equação 10-3
CT 1+ τ
=
CA τ (1 + α )
e a fracção da titulação que dá a equação principal para a curva de titulação redox é então
1+ τ
φ = (10-4)
τ (1 + α )
α (1 + τ )
φ =
1+ α
input: valores de E
output: φ
Então
VT (mL) φ
50 1
25 0,5 (25/50)
55 1,1 (55/50)
ou seja,
VT
φ = (10-5)
Veq
Usa-se a equação 10-4 para obter as voltagens E para diferentes volumes VT (50, 36 e 63
mL).
Neste caso
Veq = 50 mL
quando
VT = 50 mL
A reacção de titulação é
e as semi-reacções
= 10(1,70 – E) / 0,059
0
α = 10(E A – E) / 0,059
= 10(0,767 – E) / 0,059
Em A1 escrever E_T =
Em A2 1,7
Em A3 E_A =
Em A4 0,767
Em A5 Nernst =
Em A6 0,059
Em A7 Veq =
Em A8 50
Nomear as células A
Em C2 escrever = 10^((E_T-B2)/0,059)
Em D2 = 10^((E_A-B2)/0,059)
Em E2 = (1+C2)/(C2*(1+D2))
Em G2 = Veq*E2 (OUTPUT)
Para melhor precisão na construção das curvas de titulação, dado que estas apresentam
um salto junto do p.e., recomenda-se que se introduza uma precisão de 12 dígitos para φ
enquanto se faz variar E para encontrar o potencial no p.e.
Tab.10.1. Folha de cálculo para a titulação de 100 mL de Fe2+ 0,05 M com Ce4+ 0,1 M
A B C D E F G
1 E_T = E vs SHE Tau Alfa Fi E vs SCE VT (mL)
2 1,7 0,6 4,40624E+18 676,875 0,001475 0,359 0,07376
3 E_A = 0,7 8,89513E+16 13,66448 0,068192 0,459 3,409598
4 0,767 0,767 6,50968E+15 1 0,5 0,526 25
Nernst
5 = 0,8 1,79571E+15 0,275853 0,783789 0,559 39,18946
6 0,059 1 7,31824E+11 0,000112 0,999888 0,759 49,99438
7 Veq = 1,2 298247128,6 4,58E-08 1 0,959 50
8 50 1,4 121547,425 1,87E-11 1,000008 1,159 50,00041
9 1,6 49,53535209 7,61E-15 1,020188 1,359 51,00938
10 1,7 1 1,54E-16 2 1,459 100
11 1,2335 80682556,93 1,24E-08 1 0,9925 50
12 0,7912 2,53154E+15 0,388889 0,72 0,5502 36
13 1,665483 3,846153846 5,91E-16 1,26 1,424483 63
14
15
16 C2 = 10^((E_T-B2)/Nernst) E2 = (1+C2)/(C2*(1+D2)) G2 = Veq*E2
17 D2 = 10^((E_A-B2)/Nernst) F2 = B2-0,241
A Fig. 10.4 mostra a curva de titulação construída a partir dos dados da folha de cálculo
da Tab. 10.1.
1,6
1,4
1,2
E vs SCE (V)
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 20 40 60 80 100 120
VT (mL)
10.3. Indicadores
Um indicador redox é um composto que exibe cores diferentes nas formas oxidada e
reduzida.
0,059 [In ]
EIn = EoIn – log red
n [In ox ]
[In red ] 10
≥
[In ox ] 1
[In red ] 1
≤
[In ox ] 10
0,059
EIn = E 0In ±
n
Note-se que a zona de viragem será tanto mais estreita quanto maior for o número n de
electrões envolvidos na reacção de equilíbrio do indicador.
A escolha do indicador deve ser feita de modo a que o seu potencial se situe entre o do
titulante e o do titulado, sendo o caso mais desejável quando
EoIn ≅ Eeq
Tem larga aplicação na titulação de sais de Fe2+ com soluções de sulfato de Ce4+.
- Solução de amido que forma um composto de cor azul com o iodo I3-.
Este oxidante tem uma cor rosa pelo que, logo após se atingir o ponto de equivalência, a
solução adquire a cor rosa do KMnO4.
O gráfico de Gran usa dados imediatamente antes do ponto de equivalência para localizar
o volume de equivalência Veq.
[
Fe 2+
E = E o − 0,059 log 3+
] – Eref (10-6)
[
Fe ]
em que
Eo é o potencial para o sistema Fe3+/Fe2+
[Fe 2+ ] Veq − V
=
[Fe 3+ ] V
que, substituído na equação 10-6 e após rearranjo matemático para um sistema em que o
número de electrões envolvidos é n, dá a seguinte equação linear do tipo y = a + bx:
V. 10-nE / 0,059 = Veq. 10-n (Eref – Eo) / 0,059 – V. 10-n (Eref – Eo) / 0,059 (10-7)
O gráfico de Gran de V. 10-nE / 0,059 vs. V é uma recta cuja intersecção no eixo dos x é o
Veq pois para
y=0
V = Veq
Se a força iónica variar com a adição do titulante, deve-se usar apenas os últimos 10-20%
dos valores antes do Veq.
V. 10-nE / 0,059
Por vezes é necessário ajustar o estado de oxidação do analito antes deste ser titulado.
Usam-se para isso reagentes oxidantes ou redutores que se designam por prévios.
Por exemplo, Mn2+ pode ser pré-oxidado a MnO4- e depois titulado com Fe2+.
O excesso do reagente deve ser eliminado para que não interfira nas etapas subsequentes
da titulação.
- Persulfato S2O82-
Dissolve-se em meio ácido concentrado para dar Ag2+ com um poder oxidante
semelhante ao da mistura S2O82- e Ag+.
O excesso pode também ser removido por fervura.
- Redutor Jones
- Redutor Walden
- Cd metálico
Em meio fortemente ácido (pH < 1), MnO4- é reduzido a Mn2+ que é incolor, segundo a
reacção:
O meio ácido que se usa é o de H2SO4 pois os outros ácidos fortes como HClO4 e HNO3
podem actuar como oxidantes e HCl pode ser oxidado pelo MnO4- para dar Cl2.
Além disso, em solução aquosa estão normalmente presentes impurezas orgânicas que
podem reduzir MnO4- a MnO2.
Filtra-se o MnO2 formado através de um filtro de vidro sinterizado (não papel de filtro) e
guarda-se o reagente num frasco de vidro escuro para evitar que ocorra a seguinte reacção
Nas titulações com Cr2O72- podem ser usados como indicadores a difenilamina ou
difenilbenzidina.
Ce4+ + e- → Ce3+
O potencial formal do sistema Ce4+/Ce3+ varia consoante o meio ácido escolhido (HClO4,
HNO3, HCl, H2SO4).
Os indicadores que podem ser usados são a ferroína ou outras fenantrolinas substituídas.
As soluções de Ce4+ podem ser preparadas a partir de vários sais como (NH4)2Ce(NO3)6,
Ce(HSO4)4, (NH4)4Ce(SO4)4.2H2O ou CeO2.xH2O.
As soluções em HCl são instáveis devido à oxidação de Cl- a Cl2 pelo Ce4+.
A aferição de soluções de Ce4+ pode ser feita com Na2C2O4 ou As2O3 como no caso de
KMnO4.
O iodo molecular I2 é pouco solúvel em H2O (s = 1,33 x 10-3M), pelo que se preparam as
soluções de iodo dissolvendo I2 numa solução de KI pois a solubilidade aumenta por
formação do complexo I3-:
Como se referiu no item 10.3. o indicador usado em titulações com iodo é o amido que
apresenta uma grande sensibilidade para o iodo (a concentração mínima detectável é de
cerca de 10-5 – 10-6 M).
A reacção global é:
As soluções acídicas de I3- são instáveis porque o excesso de I- é lentamente oxidado pelo
oxigénio do ar:
Esta reacção é ainda facilitada pela acção da luz ou calor e alguns iões como por exemplo
Cu2+ e NO2-.
A aferição tem que efectuar-se a pH entre 4 e 9 para que a reacção seja quantitativa nào
podendo ultrapassar 9 devido à reacção de dismutação do iodo.
Cada análise é repetida várias vezes e os resultados são apresentados na tabela seguinte :
• O método A apresenta uma média coincidente com o valor certificado. Dizemos que
a exactidão do método é boa.
• O método B tem uma média que se afasta do valor 30.00 e, portanto, a sua exactidão
não é boa.
• O valor 22.40 no método C é muito diferente dos restantes o que leva a pensar que
deverá resultar de um engano de cálculo, de um erro na leitura da balança, de perda
de material durante a análise, ou de qualquer outro erro cometido por negligência.
Então, esse valor não tem significado e, consequentemente, é rejeitado ; não entra no
cálculo da média.
A dispersão nos outros resultados não é grande e, por isso, a precisão é boa.
A média é próxima do valor certificado pelo que dizemos que o método apresenta boa
exactidão.
Esquematizando,
amostra % Cu d i= x i − x
x1 28.30 1.72
x2 30.10 0.08
x3 32.00 1.98
x4 29.60 0.42
x5 30.10 0.08
x =30.02 d =0.86
0.08
× 100 = 0.27 % ou seja, da ordem de 0.3 %
30.02
Exactidão:
0.02
Erro relativo: + × 100 = + 0.07 % ou seja, da ordem de 0.1 %
30.00
• Grosseiros
Erros grosseiros:
Podem ser definidos como erros que são tão sérios que não há outra alternativa senão
abandonar o ensaio e recomeçar.
Erros sistemáticos:
São erros que fazem com que os resultados se desviem do valor verdadeiro no mesmo
sentido, i.é, numa série de repetições, todos os resultados ou são mais altos ou mais
baixos que o valor certo.
A exactidão nunca pode ser completamente conhecida porque o valor verdadeiro nunca
pode ser exactamente determinado, devendo-se, em seu lugar, usar um valor aceite ou
recomendado.
Erros de método
Má calibração do instrumento
Calibração da balança com massas não aferidas
Material volumétrico usado (pipetas, balões volumétricos, buretas) com volumes
não aferidos
Impurezas nos reagentes
Dissolução do material dos recipientes (Pt, Fe, Cr, Ni, etc)
Soluções-padrão com título mal determinado
• Erros de trabalho
Uma prática seguida para detectar erros sistemáticos consiste em aplicar o método usado
em materiais de referência e depois tratar os resultados com a ajuda de testes estatísticos
de significância.
Erros acidentais :
São erros que fazem com que os resultados individuais caiam num e noutro lado do valor
médio.
Surgem quando se efectuam medições repetidas de uma certa grandeza e, por isso,
afectam a precisão dos resultados.
Exemplos:
- leitura de 1,8536 g na balança analítica cuja precisão é de 0,2 mg
Os erros acidentais nunca podem ser eliminados, embora possam ser minimizados se
trabalharmos com cuidado suficiente e repetirmos as medições.
Esquematizando:
valor certo
A avaliação dos erros acidentais, que aparecem simplesmente por medições repetidas, é
feita por meio de testes estatísticos (por conveniência, admite-se que os erros sistemáticos
estão ausentes já que eles podem ser identificados e eliminados).
Note-se que µ e σ são características de uma população hipotética pois, na prática, não
efectuamos um número ∞ de medições.
O modelo matemático geralmente usado para mostrar a distribuição dos dados é a curva
ou distribuição normal, também conhecida por curva ou distribuição de Gauss.
A amostra aleatória, que deve ser representativa da população estudada, é então usada
para estimar parâmetros da população (média, variância, etc.).
µ é estimado a partir de
x = ∑ xi n
i
σ é estimado a partir de
∑ (x − x)
2
i
i
s=
n −1
. variância
∑ (x − x)
2
i
s2 = i
n −1
s
CV = .100%
x
Porém, ao calcular-se a média, usa-se um grau de liberdade, deixando apenas (n-1) graus
de liberdade para os resíduos ( x i - x ) para calcular o desvio-padrão.
18 e 12
Como já foi referido, o valor µ para uma população de dados nunca pode ser
exactamente determinado porque, para isso, teríamos que efectuar um número infinito de
medições.
É então útil considerar uma zona de valores dentro da qual se pensa que µ vai cair.
O termo confiança implica que podemos afirmar, com um certo grau de certeza, isto é,
com uma certa probabilidade, que o intervalo de confiança inclui o valor verdadeiro.
x - ts / n < µ < x + ts / n
Para mais estudos sobre estatística aplicada à Química Analítica pode consultar a
bibliografia recomendada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alexeev, V.: Análise Quantitativa, 1983, Editora Lopes da Silva, Porto, 3a. ed., 574 pp.
Miller, J. C. e Miller, J. N.: Statistics for Analytical Chemistry, 1993, Ellis Horwood PTR
Prentice Hall, London, 3a. ed., 233 pp.
Miller, J. C. e Miller, J. N.: Basic Statistical Methods for Analytical Chemistry. Part I.
Statistics of Repeated Measurements. A Review, Analyst, vol.113, 1988, 1351-1356.
Miller, J. N.: Basic Statistical Methods for Analytical Chemistry. Part 2. Calibration and
Regression Methods. A Review, Analyst, vol.116, 1991, 3-14.
Vogel, A. I.: Análise Química Quantitativa, revista por Jeffery, G. H., Bassett, J.,
Mendham, J., Denney, R. C., traduzido por Macedo, H., 1992, Livros Técnicos e
Científicos Editora S. A., 5a. ed., 712 pp.