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Práticas em Química

Geral Aplicado
à Biomedicina
Material Teórico
Soluções; Cálculo Estequiométrico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Fernando Perna

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Soluções; Cálculo Estequiométrico

• Soluções;
• Cálculo Estequiométrico.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer o procedimento correto para preparar soluções;
• Conhecer as diferentes formas de quantificar uma solução;
• Conhecer os processos de diluição de soluções;
• Familiarizar-se com as principais grandezas químicas;
• Conhecer as leis ponderais, os seus fundamentos e implicações;
• Balancear reações químicas;
• Efetuar cálculos estequiométricos de acordo com os seus princípios fundamentais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Soluções
Introdução
Soluções são misturas homogêneas formadas por, pelo menos, um soluto e um
solvente – geralmente em maior quantidade. Podem se apresentar nos três estados
físicos, sendo as soluções líquidas as mais importantes. Dessas, destacam–se as
soluções cujo solvente é a água.

Devido às pequenas dimensões das partículas do soluto – menores que 1 nm


de diâmetro –, não é possível separar os componentes de uma solução por sedi-
mentação ou por filtração, sendo necessária, para isso, a destilação do solvente.
Por outro lado, são misturas estáveis, mantendo–se indefinidamente na ausência de
interferências externas.

1 nm = 10–9 m

Preparo de Soluções
As soluções usadas em laboratório podem ser de dois tipos: não volumétrica e
volumétrica. Uma solução não volumétrica corresponde apenas à adição de um
soluto a um solvente, sem preocupação com a exatidão de quantidades (Figura 1).
As quantidades utilizadas no seu preparo são conhecidas de forma aproximada –
quando medidas, são com exatidão de apenas uma ou duas casas decimais. Como
resultado, o valor da sua concentração é aproximado, quando não é desconside-
rado por não ser uma informação necessária à finalidade da solução. Por isso, não
tem aplicação analítica.

Figura 1 – Preparo de uma solução: o soluto é adicionado ao solvente e a mistura


é homogeneizada; as quantidades utilizadas não são medidas com exatidão
Fonte: Acervo do Conteudista

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Em uma solução volumétrica, a quantidade de soluto e o volume de solução são
conhecidos com grande exatidão, consequentemente, o valor da sua concentração
também é conhecido com grande exatidão. Esse tipo de solução é utilizado em
análises quantitativas, pois o resultado da análise depende diretamente da confiabi-
lidade do valor da concentração.

Os passos necessários para preparar uma solução podem variar, mas são basi-
camente os seguintes:
1. Pesar com exatidão, em um béquer ou em um vidro de relógio, a quantida-
de de soluto necessária, se for um sólido, deve estar o mais seco possível;

O preparo de soluções com fins analíticos requer grande exatidão na massa de soluto.
Explor

Para isso, utilizam-se balanças com quatro ou até cinco casas decimais, denominadas ba-
lanças analíticas.

2. Adicionar um volume de solvente muito inferior ao volume final preten-


dido, porém suficiente para solubilizar totalmente a amostra. Para o pre-
paro de soluções aquosas, usa–se água destilada. Se esse processo causar
alguma variação de temperatura, aguardar até que a pré–solução atinja a
temperatura ambiente;
3. Estabelecido o equilíbrio térmico, transferir a pré–solução para um balão
volumétrico de tamanho adequado com a ajuda de um funil;
Explor

Balões volumétricos de diferentes tamanhos: http://bit.ly/2KU7rGB

4. Lavar o béquer e funil com a menor quantidade possível de solvente para


que se tenha uma transferência quantitativa do soluto. Solutos líquidos po-
dem ser transferidos diretamente para o balão, com o auxílio de uma pi-
peta volumétrica.

Figura 2 – Pipetas volumétricas de diferentes tamanhos,


usadas para medir e transferir volumes fixos de líquidos
Fonte: Wikimedia Commons

A partir desse ponto deve–se tomar cuidado para que não haja resíduos de
líquidos acima do menisco do balão, que podem afetar a concentração final
da solução;

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

5. Completar o volume da solução do balão com solvente até a marca do me-


nisco, com o ajuste fino feito com um conta–gotas;

Importante! Importante!

Nunca se deve adicionar ao recipiente um volume de solvente igual ao volume da solu-


ção, pois o soluto também tem volume e, assim, a quantidade de solvente necessária é
menor que o volume final da solução.

6. Tampar o balão e homogeneizar a solução virando o balão para baixo e para


cima algumas vezes.

Figura 3 – Sequência de preparo de uma solução


Fonte: Acervo do Conteudista

1: pesagem da amostra; 2: preparo da pré–solução; 3: equilíbrio térmico;


4: transferência para o balão volumétrico; 5: lavagem com solvente; 6: ajus-
te fino do menisco; 7: homogeneização; 8: solução pronta.

Menisco
Quando um líquido está contido em um tubo de vidro suficientemente estreito,
como uma bureta ou o pescoço de um balão, a sua superfície assume uma forma
curva, chamada de menisco.

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Figura 4 – Leitura de meniscos em vidraria não graduada (balão
volumétrico à esquerda) e em vidraria graduada (bureta à direita)
Fontes: Acervo do Conteudista

Você Sabia? Importante!

Que a palavra menisco vem do grego mene = Lua e do diminutivo iskos; meia-lua, em
uma referência ao formato assumido pela superfície do líquido?

Um menisco pode ser côncavo ou convexo, dependendo do líquido e da super-


fície sobre a qual se forma.

Figura 5 – Menisco côncavo (esquerda) e convexo (direita)


Fonte: Acervo do Conteudista

Meniscos côncavos formam–se quando as forças de atração entre as partículas


do líquido e as paredes do recipiente – adesão – são mais intensas que as forças de
atração das partículas do líquido entre si – coesão – por exemplo entre vidro e água
– Por outro lado, se as forças de coesão superarem as de adesão, então o menisco
será convexo – por exemplo, entre vidro e mercúrio.

Existem casos em que o menisco parece plano, tal como quando uma solução aquosa é colo-
Explor

cada em recipientes de certos tipos de plástico.

A leitura do volume de um líquido que forma um menisco deve ser feita de modo
que a linha de visão do observador tangencie a parte inferior para meniscos cônca-
vos (Figura 6); para meniscos convexos, utiliza–se a parte superior.

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Figura 6 – Leitura de menisco


Fontes: Acervo do Conteudista

Figura 7 – Visualização de meniscos: côncavo (esquerda) e convexo (direita)


Fonte: Acervo do Conteudista

Se o líquido for transparente, a parte inferior do menisco deverá coincidir com a


linha de aferição, se for opaco, utiliza–se a sua parte superior.

Figura 8 – Visualização do menisco para líquidos transparentes (esquerda) e opacos (direita)


Fonte: Acervo do Conteudista

A posição correta do observador é essencial para que a leitura do nível do líquido


esteja correta, evitando erros de paralaxe – erros de leitura devido a diferenças na
posição do observador, causados por variações no ângulo de visão.

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Figura 9 – Erros de leitura (em vermelho) devido à paralaxe, o valor correto está indicado em verde
Fonte: glossary.periodni.com

Quantificação de Soluções
O conceito de concentração está ligado às quantidades de soluto e de solvente
presentes em uma solução. Cada uma das diferentes relações entre as quantidades
de soluto, de solvente e de solução é genericamente denominada concentração.

Comumente, utiliza–se a seguinte convenção para indicar a qual componente da


solução determinada grandeza se refere:
• Índice 1: quantidades relativas ao soluto, por exemplo, n1 – quantidade de
matéria de soluto;
• Índice 2: quantidades relativas ao solvente, por exemplo, m2 – massa de solvente;
• Sem índice: quantidades relativas à solução, por exemplo, V – volume de solução.

Uma solução volumétrica contém uma quantidade exatamente conhecida de so-


luto e de solvente em um volume bem definido de solução, ou seja, a sua concen-
tração é conhecida com exatidão.

As grandezas utilizadas para expressar as quantidades de soluto e de solvente em


uma solução podem variar, portanto, existem formas diferentes de expressar a sua
concentração. A seguir são apresentadas as formas mais importantes de expressar
a concentração de uma solução.

Concentração
Concentração de uma solução é a razão entre a massa de soluto e o volume da solução.

m1
C=
V

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Normalmente, a massa é expressa em gramas e o volume, em litros, e assim a


unidade de concentração é grama/litro (g/L). Contudo, isso não é uma regra fixa,
sendo aceitas variações, como g/mL, mg/L, mg/mL, g/cm3 etc.

Densidade
A densidade de uma solução corresponde à razão entre a massa e o volume da solução.

m
d=
V

Assim como ocorre com a concentração, é usualmente expressa em g/L, mas


também são aceitas variações.

Título
O título de uma solução é dado pela razão entre as massas de soluto e de solução.

m1
T= m = m1 + m 2
m

Obrigatoriamente, ambas as massas devem ser expressas na mesma unidade


– usualmente em gramas – e, portanto, o título é uma grandeza adimensional;
devido à sua definição, não pode assumir qualquer valor:

0<T<1

Apesar de o título ser amplamente utilizado, soluções não são rotuladas com
valores decimais; em vez disso, tal forma de concentração é indicada em porcen-
tagem. Por exemplo, uma solução formada dissolvendo 25 g de soluto em 75 g de
solvente tem título igual a 0,25, sendo rotulada como solução a 25%.

É relativamente comum encontrar soluções quantificadas em porcentagem volume/volume,


Explor

ou, um tanto inapropriadamente, em porcentagem massa/volume. Nesses casos, o tipo de


porcentagem deve ser explicitado. Na ausência de qualquer indicação, a porcentagem deve
ser entendida como uma relação massa/massa.

Molaridade
A molaridade de uma solução corresponde à razão entre a quantidade de maté-
ria de soluto e o volume da solução.

n1
M=
V (L)

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A denominação recomendada para essa grandeza é concentração em quantidade
de substância, mas comumente tal recomendação não é seguida.

Por sua vez, a quantidade de matéria de soluto é calculada dividindo a massa do


soluto pela sua massa molar:

m1 (g )
n1 =
M r1 (g )

Sendo Mr1 a massa molar do soluto.

Para esses cálculos, obrigatoriamente as massas devem ser expressas em gra-


mas e o volume de solução, em litros, assim, a sua unidade é mol/L.

Importante! Importante!

Apesar de o seu uso ter sido descontinuado há muitos anos, ainda é possível encontrar
soluções com a concentração expressa em Normalidade (N), cuja unidade é o equiva-
lente/litro (eq/L). Apesar do desuso, ainda é empregada em farmacopeias e na área da
saúde. No último caso, por tratar de soluções diluídas, comumente envolve valores da
ordem de miliequivalentes (meq/L); por exemplo, a concentração normal de potássio no
sangue humano varia entre 3,8 e 5,0 meq/L.
A normalidade deve ser convertida em Molaridade (M) pela expressão:
N = kM
Sendo k uma constante cujo valor depende da natureza do soluto:
• Ácidos: número de átomos de hidrogênio ionizáveis, por exemplo, para H2SO4, k = 2;
• Bases: número de íons OH–, por exemplo, para NaOH, k = 1;
• Sais: número total de cargas positivas ou de cargas negativas, por exemplo, para
Al2(SO4)3, k = 6;
• Íons: carga do íon – em módulo –, por exemplo, para o ânion PO43–, k = 3;
• Substâncias oxirredutoras: variação do número de oxidação da espécie, que depende
da reação em que participar, por exemplo, em uma reação em que o íon MnO4– é con-
vertido em Mn2+, o número de oxidação do manganês muda de +7 para +2 e k = 5, mas
se formar MnO2, o número de oxidação muda de +7 para +3 e k = 4.

Correlações Entre as Grandezas


Trabalhando matematicamente com as definições das diferentes grandezas de
concentração, é possível deduzir uma correlação entre as quais:

C = d · T = M · Mr1

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Essa correlação permite converter uma grandeza em outra. Nesse caso, é funda-
mental garantir que as unidades das concentrações sejam as mesmas, por exemplo,
um cálculo envolvendo a conversão da concentração de uma solução expressa em
g/mL em molaridade – expressa obrigatoriamente em mol/L – deve ser iniciado
pela conversão da unidade de concentração para g/L.

Para cálculos envolvendo título deve ser utilizado o seu valor decimal. Assim,
para uma solução 38%, usa–se 0,38.

Diluição de Soluções
É comum que laboratórios armazenem soluções em uma concentração mais
alta, denominadas soluções–estoque, que são diluídas de acordo com o seu uso.

Diluído Concentrado
Figura 10 – Mudanças na concentração de um corante vermelho
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

Diluições correspondem à simples adição de solvente na solução, sem alterar a


quantidade de soluto, de modo que a concentração final é menor que a inicial.

Solução inicial (A) Solução inicial B)


Quantidade de soluto: m1A Quantidade de soluto: m1B
m m
CA = 1A Þ m1A = CA VA CB = 1A Þ m1B = CB VB
VA VA
Como m A = m B
ß
CA VA = CB VB

Sendo:
• CA: concentração da solução A;
• VA: volume da solução A;
• CB: concentração da solução B;
• VB: volume da solução B.
O mesmo raciocínio vale para soluções cujas concentrações são expressas em
outras grandezas, resultando em:

M AVA = MBVB TAm A = TBmB

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Mistura de Soluções
Consiste na mistura de duas ou mais soluções em um mesmo recipiente. Nesse
caso, a concentração da solução final é um valor intermediário às concentrações
das soluções que foram misturadas.

Misturas de soluções podem envolver solutos que reagem entre si e solutos que
não reagem entre si. Para os propósitos desta Unidade serão consideradas apenas
misturas de solutos que não reagem. Nesses casos, a quantidade de soluto na solu-
ção final é a soma das quantidades dos solutos presentes em cada alíquota.

Solução inicial ( A) Solução inicial (B ) Solução inicial (C )


Quantidade de soluto: m1A Quantidade de soluto: m1B Quantidade de soluto: m1C
m1A m1A m1C
CA = CB = CC =
VA VA VC
ß ß ß
m1A = CA VA m1B = CB VB m1C = CC VC
Como m A + m B = m C
ß
CA VA + CB VB = CC VC

Analogamente, para soluções de concentrações expressas em molaridade


ou título:

M AVA + MBVB = MCVC TAmA + TBmB = TCmC

Cálculo Estequiométrico
Grandezas Químicas
A Química é uma ciência que estuda propriedades da matéria e as transforma-
ções. Para realizar esse estudo, são utilizadas grandezas específicas, relacionadas à
quantidade de substância.

Quantidade de Matéria e Mol


A quantidade de partículas existentes em 1 mol é definida como sendo exata-
mente 6,02214076 × 1023 partículas – comumente arredondada para 6,02 × 1023
–, chamada de constante de Avogadro (NA) em homenagem a Amedeo Avoga-
dro, advogado e químico amador italiano que propôs a ideia básica desse conceito
no início do século XIX.

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Importante! Importante!

Trata-se de valor definido pelo Codata – Committee on Data of the International Science
Council –, que é um comitê interdisciplinar internacional que periodicamente divulga re-
latórios com valores recomendados para constantes físicas e fatores de conversão; confi-
ra o site The Nist Reference on Constants, Units, and Uncertainty, constante das referências
ao final desta Unidade.

Até maio de 2019, 1 mol era definido como o número de átomos existentes em 12 g
de carbono-12.

Você Sabia? Importante!

Que o valor da constante de Avogadro foi determinado experimentalmente pela primei-


ra vez em 1865, pelo cientista austríaco Johann Josef Loschmidt?

Essa correlação é geral, logo, 1 mol corresponde a 6,02 × 1023 partículas de


qualquer natureza:
• 1 mol de átomos: 6,02 × 1023 átomos;
• 1 mol de moléculas: 6,02 × 1023 moléculas;
• 1 mol de íons: 6,02 × 1023 íons.

1 mol – 6,02 x 1023 partículas

Massa Atômica
Massa atômica é definida como a massa de um átomo de um elemento químico.
O padrão para a unidade de massa atômica é estabelecido como a massa de 1/12
do átomo de carbono–12 e a sua unidade é a de massa atômica – símbolo: u.

Em livros antigos, a unidade de massa atômica é simbolizada por “uma”. Em algumas áreas,
Explor

a unidade utilizada é o Dalton (Da), normalmente para designar as massas de macromolécu-


las, como proteínas e polímeros, equivalendo a 1 u.

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Dividido em
12C
12 partes iguais

1u
(unidade de
massa atômica)
1
do átomo de 12C
12
Figura 11 – Definição da unidade de massa atômica

As massas de todos os átomos são definidas de acordo com esse padrão. Elas in-
dicam quantas vezes a massa de um átomo é maior que o padrão – 1/12 da massa
do carbono–12. Assim, a massa atômica de 1 átomo de sódio é 23 u, de 1 átomo
de manganês é 55 u, de um átomo de iodo é 127 u etc.

Figura 12 – A massa de um átomo de flúor é igual a 19 unidades de massa atômica


Fonte: Acervo do Conteudista

A massa atômica de um determinado elemento X é representada por Ar(X), por


exemplo, para o átomo de flúor da Figura anterior, Ar(F) = 19 u. Uma unidade de
massa atômica – 1,00000 u – corresponde a 1,66054 × 10–24 g.

Massa Atômica de um Elemento


Para um elemento que possui isótopos, a sua massa atômica corresponde à mé-
dia ponderada das massas atômicas desses isótopos. Por exemplo, para o elemento
boro, que possui dois isótopos naturais (Tabela 1), tem–se:

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Tabela 1 – Massas atômicas e abundâncias dos isótopos de boro


Isótopo Massa atômica (u) Abundância natural (%)
10
B 10,0129371 19,9
11
B 11,0093055 80,1
Fonte: Handbook CRC of Chemistry and Physics, 2002

(10, 0129371×19,9)+ (11, 0093055 ×80,1)


Média ponderada =
100
Média ponderada = 10,8110282u
ß
Ar (B )= 10,811u
(Valor encontrado na tabela periódica )

O mesmo tipo de cálculo é feito para todos os elementos que possuem isótopos.

A massa do elétron é tão pequena que, na prática, é desprezada. Disso resulta que a massa
Explor

de íons, espécies químicas resultantes da perda ou do ganho de um ou mais elétrons é igual


à massa do átomo neutro, por exemplo, Ar(Fe) = Ar(Fe3+) = 55,855 u.

Massa Molecular
A massa molecular é definida da mesma forma que a massa atômica: quantas
vezes a massa de uma molécula é maior que 1/12 da massa do átomo de carbo-
no–12, representada por Mr(X) para uma molécula X. O seu cálculo é feito simples-
mente somando as massas atômicas dos átomos que a constituem:

Mr(N2O5) = (2 × 14,007) + (5 × 16,00) ⇒ Mr(N2O5) = 108,014 u

O cálculo é o mesmo para compostos iônicos, porém, nesse caso refere–se à


massa–fórmula, embora seja comum o uso indistinto de massa molecular para
compostos iônicos – se covalentes.

Massa Molar
Massa molar é a massa de 1,0 mol de uma substância – átomos, moléculas ou
íons – expressa em gramas.

Tabela 2 – Massas de 1 mol de substâncias


Massa atômica/ Número de átomos/
Substância Massa (g)
Molecular (u) Moléculas
Magnésio (Mg) 24,30 24,30 6,02 x 1023
Enxofre (S) 32,06 32,06 6,02 x 1023
Argônio (Ar) 39,95 39,95 6,02 x 1023

20
Massa atômica/ Número de átomos/
Substância Massa (g)
Molecular (u) Moléculas
Água (H2O) 18,02 18,02 6,02 x 1023
Cloro (Cl2) 51,45 51,45 6,02 x 1023
Glicose (C6H12O6) 180,16 180,16 6,02 x 1023

Apesar de 1 mol de qualquer substância ter o mesmo número de partículas, as


massas correspondentes são diferentes (Figura 13).

Figura 13
Fonte: Adaptado de BERKELEY, 2010

Amostras de 1 mol (6,02 × 1023 partículas) de diferentes substâncias; a


partir da esquerda, no sentido horário: Cu (cobre metálico, 63,55 g), H2O
(água, 18,02 g), S8 (enxofre, 256,51 g), C12H22O11 [sacarose (açúcar comum,
342,31 g)] e Hg (mercúrio metálico, 200,59 g).

O conceito de massa molar amplia a correlação de grandezas:

ìï Ar (X )(g )
1mol- 6,02´ 10 23 partículas - ïí
ïï Mr (X )(g )
î

Sendo:

Ar(X) (g): massa atômica do elemento X expressa em gramas.

Mr(X) (g): massa molecular da molécula X expressa em gramas.

Uma correlação útil que surge da correlação acima é:

m m
n= ou n =
Ar (X ) M r (X )

Sendo:

n: quantidade de matéria (mol).

m: massa (g).

Ar(X)/Mr(X): massa molar (g/mol).

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Volume Molar
Corresponde ao volume ocupado por 1,0 mol de uma substância – em qualquer
estado físico. Para gases, cujos volumes dependem da temperatura e pressão em
que se encontram, adotam–se condições–padrão denominadas Condições Nor-
mais de Temperatura e Pressão (CNTP), definidas como:

CNTP: T = 0 °C (273,15 K) e P = 1,0 atm

Lei de Avogadro
Em 1811, Amedeo Avogadro – o mesmo cientista da constante de Avogadro –,
enunciou a seguinte Lei que leva o seu nome:

Lei de Avogadro: “volumes iguais de gases diferentes, submetidos às mesmas con-


dições de temperatura e pressão, contêm os mesmos números de moléculas”.

Volume: 5,0 L 5,0 L 5,0 L


Massa: 4,20 g 6,66 g 9,16 g
Temperatura: 20° C 20° C 20° C
Pressão: 1,0 atm 1,0 atm 1,0 atm
Número de moléculas: 1,25 x 1023 1,25 x 1023 1,25 x 1023
Figura 14 – Lei de Avogadro

A Lei de Avogadro é de aplicação geral. A partir disso, o volume molar de um


gás qualquer nas CNTP é:

Vm = 22,4 L (CNTP)

22
O volume de 22,4 L resulta do comportamento de gases ideais, o volume molar de gases
Explor

reais comumente desvia um pouco desse valor.

A correlação das grandezas químicas pode ser ampliada para incluir substân-
cias gasosas:

ìï Ar (X )(g )
1mol- 6,02´ 10 23 partículas - ïí - 22,4L(CNTP)
ïï Mr (X )(g )
î

É possível obter o volume de um gás em condições diferentes das CNTP, mas


esse cálculo está além dos objetivos desta Unidade.

Utilizando a correlação anterior, podem–se efetuar cálculos reunindo todas as


grandezas químicas utilizando uma simples regra de três. Por exemplo:
1. Calcular a massa de 8,52 × 1020 moléculas de SeO2:

M r (SeO 2 )= 78,97 + (2´ 16, 00)Þ M r (SeO 2 )= 110,97 u


6, 02´ 1023 moléc. SeO 2 - M r (SeO 2 )
6, 02´ 10 moléc. SeO 2 -
23
100,97 g
8,52´ 1020 moléc. SeO 2 m
8,52´ 1020 ×110,97
m= Þ m = 0,157 g de SeO 2
6, 02´ 1023

2. Calcular quantos mols de F2 existem em 37,9 L do gás, nas CNTP:

1 mol F2 - 22, 4 L F2
n - 37,9 L F2
37,9
n= Þ n = 1, 69 mol de F2
22, 4

Leis Ponderais
As leis ponderais são leis naturais que regem as reações químicas, estabelecidas
no final do século XVIII a partir dos trabalhos de vários pesquisadores. Compõem
a base do cálculo estequiométrico, necessário em diversos processos químicos.
Foram obtidas experimentalmente a partir do estudo das relações entre as massas
de reagentes e produtos em uma reação química.

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

Lei de Lavoisier – Lei de Conservação da Massa


A Lei de conservação da massa foi proposta em 1774 pelo “Pai da Química
Moderna”, o químico francês Antoine Laurent de Lavoisier.

Lei de Lavoisier: a soma das massas das substâncias reagentes em um recipiente


fechado é igual à soma das massas dos produtos da reação.

Realizando experimentos em sistemas fechados, para evitar que a reação fosse


afetada pelo ar, Lavoisier verificou que a massa total dos reagentes era sempre igual
à massa dos produtos.

Figura 15 – Esquema da aparelhagem utilizada por Lavoisier em seus experimentos de conservação da massa
Fonte: Acervo do Conteudista

Você Sabia? Importante!

Que os experimentos realizados por Lavoisier se basearam em estudos realizados 14 anos


antes pelo escritor e cientista russo Mikhail Vasilyevich Lomonossov e contaram com a
colaboração de sua esposa, Marie Anne Lavoisier?

Essa lei se justifica pelo fato de uma reação química consistir no rearranjo de áto-
mos, que não são criados ou destruídos no processo. Como o número de átomos
participantes da reação não muda, a massa do sistema também se mantém.

A Lei de Lavoisier não se aplica a reações nucleares, pois envolvem a conversão de parte da
Explor

massa dos reagentes em energia, de acordo com a famosa equação de Einstein: E = mc2,
nesse caso, a massa dos reagentes é maior que a massa dos produtos.

Lei de Proust – Lei das Proporções Definidas


A Lei das proporções definidas foi formulada em 1794 pelo químico francês
Joseph Louis Proust.

24
Lei de Proust: um composto químico contém sempre os mesmos elementos com-
binados na mesma proporção em massa.

Proust percebeu que os elementos que participam da composição de uma subs-


tância pura, independentemente de como é formada, sempre apresentam a mesma
proporção em massa. Por exemplo, para a reação de formação de cal extinto:

CaO + H2O → Ca(OH)2

Exp. 1 4,00 g – 5,28 g ⇒ mCaO/mCa(OH)2 = 0,757

Exp. 2 7,00 g – 9,25 g ⇒ mCaO/mCa(OH)2 = 0,757

Exp. 3 10,0 g – 13,2 g ⇒ mCaO/mCa(OH)2 = 0,757


Esquema 1 – Independentemente da massa inicial de CaO, a razão entre
a sua massa e a de Ca(OH)2 formado é constante

A Lei de Proust implica que a variação na proporção entre os átomos de uma


substância leva à formação de uma substância diferente, com propriedades próprias.

NO
NO2 N2O
N:O = 1:1
N:O = 1:2 N:O = 2:1
Neurotransmissor entre
Irritante aos pulmões Analgésico e sedativo
células nervosas
Figura 16 – Diferentes proporções entre os átomos em uma substância implicam
em substâncias diferentes, com propriedades específicas
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

Balanceamento de Reações Químicas


Uma reação química consiste na reorganização dos átomos dos reagentes para
formar novas substâncias. Em respeito à Lei de conservação das massas de Lavoi-
sier, a quantidade de átomos de cada elemento químico deve ser igual nos reagentes
e produtos.

Balancear uma reação consiste em inserir números inteiros antes das substân-
cias participantes – denominados coeficientes estequiométricos –, de modo que
as quantidades de cada tipo de átomo antes e depois da reação sejam iguais. Por
exemplo, a combustão incompleta do carbono:

C + O2 → CO

25
25
UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

O modo como a reação está escrita desrespeita a Lei de Lavoisier, pois o


número de átomos de carbono não se conserva, sendo, então, necessário realizar
o balanceamento.

Existem reações em que não é necessário realizar nenhuma operação de balanceamento,


Explor

ocorrendo automaticamente quando a reação é escrita, por exemplo:


SO3 + H2O → H2SO4

É importante que o balanceamento seja feito sem alterar a composição das


substâncias, pois isso desrespeita a Lei de Proust. Assim, converter CO em CO2 é
um erro grave, pois isso cria outra substância, com propriedades diferentes (Tabela 3).

CO CO2
Figura 17
Fontes: Adaptado de Wikimedia Commons

Estruturas das moléculas de monóxido de carbono (esquerda) e de dióxido


de carbono (direita): a alteração na proporção entre os átomos resulta em
uma substância diferente; esfera preta: átomo de carbono; esfera vermelha:
átomo de oxigênio.

Tabela 3 – Propriedades do monóxido (CO) e do dióxido de carbono (CO2)


Propriedade COa CO2b
PF (°C) – 205,2c – 78,4 (sublima)c
PE (°C) – 191,5c –
d (g/cm ) a 20° C
3
0,001145 d
0,001842d
Solubilidade (mL/100 mL H2O),
2,3 88
a 20° C
Estabilidade Altamente inflamável Não combustível
Toxidade Venenoso Inerte
Limite de exposição (ppm) 50 5000

Balanceamento pelo Método das Tentativas


A maneira mais simples para realizar o balanceamento de uma reação química,
que se aplica na maior parte das vezes, é o de tentativa e erro. Por esse processo,
atribuem–se coeficientes estequiométricos às substâncias de modo a equilibrar as
quantidades de átomos de cada elemento químico. O processo pode ser facilitado
seguindo algumas etapas:

26
• Atribuir um coeficiente estequiométrico para balancear o elemento que estiver
em maior quantidade;
• Para igualar o número de átomos na equação, insere–se o índice de um desses
como coeficiente de outro;
• Continuar o procedimento com os demais elementos até que todos este-
jam balanceados;
• Balancear substâncias simples por último, principalmente H2 e O2;
• Conferir o balanceamento para verificar se as quantidades de todos estão corretas.

Importante! Importante!

• Respeitar a seguinte ordem de balanceamento pode ajudar no processo:


» Metais;
» Não metais;
» Oxigênio;
» Hidrogênio.
• Não se costuma indicar o coeficiente estequiométrico unitário, entende-se que, para
substâncias escritas sem coeficiente, é igual a 1;
• Os coeficientes estequiométricos devem ser os menores números inteiros possíveis,
caso haja algum coeficiente fracionário, devem ser eliminados multiplicando todos os
coeficientes da reação pelo mesmo número.

Um exemplo desse procedimento é o balanceamento da reação de combustão


completa do propeno (C3H6), matéria-prima utilizada na produção do polipropileno:

C3H6 + O2 → CO2 + H2O

Etapas:
1. Balancear os átomos de hidrogênio: C3H6 + O2 → CO2 + 3 H2O;
2. Balancear os átomos de carbono: C3H6 + O2 → 3 CO2 + 3 H2O;
3. Balancear os átomos de oxigênio: C3H6 + 9/2 O2 → 3 CO2 + 3 H2O;
4. Multiplicar todos os coeficientes estequiométricos por 2 para ter apenas
números inteiros: 2 C3H6 + 9 O2 → 6 CO2 + 6 H2O.

Balanceamento pelo Método das Semirreações


Algumas reações ocorrem com a transferência de elétrons entre as substâncias
participantes, tais reações são chamadas de reações de oxirredução, ou redox.
A quantidade de elétrons ganha ou perdida é indicada pelo número de oxidação.

Alguns termos importantes referentes a esse tipo de reação:


• Oxidação: perda de elétrons, por exemplo: Na → Na+ + e–;

27
27
UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

• Redução: ganho de elétrons, por exemplo: H2O2 + 2 e– → 2 OH–;


• Agente oxidante: substância que leva à oxidação da outra ao receber os seus
elétrons, portanto, sofre redução;
• Agente redutor: substância que leva à redução da outra ao transferir–lhe os
seus elétrons, portanto, sofre oxidação.

Importante! Importante!

Elétrons não existem em solução, portanto, reações de oxidação e de redução não ocor-
rem isoladamente, estando sempre associadas – os elétrons são sempre transferidos de
uma substância para outra.

O método de tentativa e erro normalmente não se presta para o balanceamento


de reações de oxirredução. Nesse caso, utiliza–se o método das semirreações, ba-
seado no número de elétrons ganhos ou perdidos em cada substância. Para tal, é
necessário identificar as substâncias que sofreram oxidação e redução, o que é feito
a partir das seguintes regras:
• Em substâncias simples, como H2, N2, Fe, Ne etc., o número de oxidação do
átomo é igual a zero;
• Em íons simples, como Fe2+, Fe3+, Cu2+, Na+, Cl–, S2– etc., o número de oxida-
ção do átomo é igual à sua carga elétrica;
• Em íons compostos por dois ou mais elementos, como SO42–, NO3–, NH4+ etc.,
a soma dos números de oxidação de cada átomo deve ser igual à carga do íon;
• Em substâncias compostas, como H2O, H2SO4, NO2, NaCl, FeSO4 etc., a soma
dos números de oxidação de cada átomo deve ser igual a zero;
• Quando formam uma substância, alguns átomos têm o número de oxidação
fixo ou limitado a poucos valores:
» Metais alcalinos e prata: + 1;
» Metais alcalino–terrosos, zinco e cádmio: + 2;
» Alumínio: + 3;
» Enxofre em sulfetos: – 2;
» Hidrogênio: na maioria dos casos: + 1; em hidretos (M+H–): – 1;
» Oxigênio: na maioria dos casos: – 2; em peróxidos (R–O–O–R’): – 1.
• Outros átomos têm o número de oxidação variável, em função dos átomos aos
quais se ligam:
» Carbono: – 4, + 2, + 4;
» Germânio: + 2, + 4;
» Enxofre: – 2, + 4, + 6;

28
» Manganês: + 2, + 3, + 4, + 7;
» Nitrogênio: – 3, – 2, – 1, + 1, + 2, + 3, + 4, + 5.

O balanceamento de reações redox obedece aos seguintes passos:


1. Identificar as substâncias que sofrem oxidação e redução, verificando alte-
rações nos números de oxidação;
2. Escrever reações simplificadas das semirreações de oxidação e de redução;
3. Balancear os elementos diferentes de H e O;
4. Balancear os átomos de O pela adição de H2O;
5. Balancear os átomos de H pela adição de H+;
6. Balancear as cargas elétricas pela adição de elétrons (e–);
7. Multiplicar as semirreações por números inteiros de modo a igualar os
números de elétrons;
8. Somar as semirreações, cancelando as espécies que aparecem em la-
dos opostos.

Como exemplo, considere o balanceamento da reação entre o íon mernangana-


to (MnO4–) e o ácido oxálico (H2C2O4):

MnO4– + H2C2O4 → Mn2+ + CO2

Etapas:
1. Identificar as substâncias oxidadas e reduzidas:

MnO4– + H2C2O4 → Mn2+ + CO2

+7 –2 +1 +4 –2 +2 +4 –2

Verificar se o átomo de manganês sofre redução e o de carbono, oxidação;


2. Escrever as semirreações simplificadas:

MnO4– → Mn2+

H2C2O4 → CO2

3. Balancear os elementos diferentes de H e O:

MnO4– → Mn2+ (já está balanceado)

H2C2O4 → 2 CO2

4. Balancear os átomos de O pela adição de H2O:

MnO4– → Mn2+ + 4 H2O

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UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

H2C2O4 → 2 CO2 (já está balanceado)

5. Balancear os átomos de H pela adição de H+:

MnO4– + 8 H+ → Mn2+ + 4 H2O

H2C2O4 → 2 CO2 + 2 H+

6. Balancear as cargas elétricas pela adição de elétrons (e–):

MnO4– + 8 H+ + 5 e – → Mn2+ + 4 H2O

H2C2O4 → 2 CO2 + 2 H+ + 2 e –

7. Multiplicar as semirreações por números inteiros de modo a igualar os


números de elétrons:

2 MnO4– + 16 H+ + 10 e– → 2 Mn2+ + 8 H2O

5 H2C2O4 → 10 CO2 + 10 H+ + 10 e–

8. Somar as semirreações, cancelando as espécies que aparecem em la-


dos opostos:
6
2MnO +16 H+ 10e−

4  2Mn 2++ 8H 2 O
5H 2 C2 O 4  10CO 2 + 10H + + 10e−
2MnO 4 + 5H 2 C2 O 4 + 16H 
− +
2Mn 2+ + 10CO 2 + 8H 2 O

Cálculo Estequiométrico
A estequiometria – do grego stoikheion = elemento e metron = medida – estuda
as quantidades de reagentes necessários para produzir uma certa quantidade de pro-
dutos. Através desses cálculos é possível saber as quantidades de cada substância que
serão utilizadas em uma reação e as quantidades de produtos que serão formados.

Pode–se calcular essas quantidades em mols, em massa, em número de partícu-


las – moléculas ou átomos – e em volume.

Qualquer problema estequiométrico baseia–se primariamente na proporção em


mols dos participantes da reação e na aplicação das leis ponderais. A partir disso,
o simples uso de uma regra de três é suficiente para efetuar os cálculos.

O cálculo estequiométrico é utilizado nas mais diversas áreas que tratam de


transformações químicas – indústrias química, farmacêutica, petroquímica etc.

Para os objetivos desta Unidade serão considerados os seguintes princípios:

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• Não existe reagente em excesso ou limitante;
• As reações são completas – todos os reagentes são convertidos em produtos;
• Não há impurezas.

Considere o seguinte problema: que massa de clorato de potássio (KClO3) deve


ser decomposta para formar 40,0 L de oxigênio, medidos na CNTP? A sua reso-
lução não é difícil e pode ser facilitada se alguns passos simples forem seguidos:
1. Montar a reação química e balanceá–la:

2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2

2. Escrever a proporção em mols das substâncias de interesse – obtidas a


partir dos coeficientes estequiométricos:

2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2

2 mol – 2 mol – 3 mol

3. Adaptar os números de mols às grandezas mencionadas no enunciado


do problema utilizando a correlação das grandezas químicas discutida no
início da Unidade:

2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2

2 mol – 2 mol – 3 mol

2 Mr(KClO3) —— 3 Vm

Nessa etapa, manter os coeficientes estequiométricos;


4. Montar a regra de três inserindo os valores numéricos das grandezas envolvidas:

2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2

2 mol – 2 mol – 3 mol

2 · 122,545 g —— 3 · 22,4 L

5. Inserir a incógnita e o dado informados no enunciado do problema:

2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2

2 mol – 2 mol – 3 mol

2 · 122,545 g — 3 · 22,4 L

m ——— 40,0 L

31
31
UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

6. Calcular o valor da incógnita resolvendo uma regra de três:

2 ×122,545 ×40
m= Þ m = 145,89 g de KClO3
3 ×22, 4

Vale ressaltar a importância de escrever e balancear corretamente a reação que


representa o processo em discussão; caso isso não seja feito corretamente, todas as
etapas seguintes estarão incorretas, bem como o resultado do cálculo.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Atividade – Soluções
Na Rede Internacional Virtual de Educação (Rived), a atividade denominada
Soluções oferece um simulador interativo on-line que permite o preparo de soluções
a partir da diluição de uma solução-estoque.
https://bit.ly/2MF6JQf

Vídeos
Concept of Mole – Part 1
O vídeo intitulado Concept of Mole – Part 1, apresenta o conceito de mol de forma
simples e de fácil compreensão – embora em inglês, é possível acionar legendas com
tradução automática para o português.
https://youtu.be/4q2elWPfB6A
Concept of Mole – Avogadro’s Number
O vídeo intitulado Concept of mole – Avogadro’s number, apresenta o número
de Avogadro de forma didática – embora em inglês, é possível acionar legendas com
tradução automática para o português.
https://youtu.be/13i3xbuaCqI
Quão Grande é um Mol?
O vídeo intitulado Quão Grande é um Mol?, menciona a origem do conceito de mol
e faz algumas comparações do tamanho de 1 mol com objetos macroscópicos.
https://youtu.be/j8k2_NOXwXY
Compreensão Visual Sobre o Balanceamento de Equações Químicas
Finalmente, o vídeo intitulado Compreensão Visual Sobre o Balanceamento de
Equações Químicas, faz uma breve apresentação sobre o procedimento para balancear
reações químicas – o menu à esquerda do site apresenta outras opções de balanceamento
de reações.
https://bit.ly/2ZdcI0Y

Leitura
Segurança no Laboratório Químico
Sobre soluções, o artigo intitulado Segurança no Laboratório Químico, discute itens
elementares para a segurança no laboratório químico.
https://bit.ly/2Mv1frB

33
33
UNIDADE Soluções; Cálculo Estequiométrico

 Leitura
O Uso da Balança Analítica
Já o artigo intitulado O Uso da Balança Analítica, indica os pontos mais importantes
a serem considerados em operações de pesagem utilizando balança analítica.
https://bit.ly/31RkFdY
Quantidade de Matéria e Concentração
O artigo intitulado Quantidade de Matéria e Concentração, apresenta as definições
de quantidade de matéria, mol e concentração, além das diversas unidades aceitas pelo
sistema internacional para expressar concentração.
https://bit.ly/2ZiMjmw
Influência da Leitura do Menisco na Calibração de Equipamento Volumétrico
O texto intitulado Influência da Leitura do Menisco na Calibração de Equipamento
Volumétrico, faz uma análise estatística da influência de erros na leitura do menisco
sobre o resultado da calibração de equipamentos.
https://bit.ly/2TBmr3q
Como a Química funciona?
Já acerca de cálculo estequiométrico, o artigo intitulado Como a Química funciona?,
faz um breve resumo de alguns dos principais conceitos da Química, tais como o
princípio de Avogadro e as leis ponderais.
https://bit.ly/2ZfRpjr
Quantidade de Substância
O artigo intitulado Quantidade de Substância, ressalta os principais aspectos do
conceito de quantidade de substância.
https://bit.ly/2NmLCST

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Referências
ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna
e o meio ambiente. Trad. Ricardo Bicca de Alencastro. 5. ed. Porto Alegre, RS:
Bookman, 2013.

BASSET, J. et al. Vogel – análise inorgânica quantitativa. Trad. Aïda Espinola.


4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

BROWN, T. L. et al. Química: a Ciência central. Trad. Robson Mendes Matos.


9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

KOTZ, J. C.; TREICHEL JR, P. M. Química geral e reações químicas. Trad.


Noveritis do Brasil. 2 v. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

RUSSELL, J. B. Química geral. Trad. Márcia Guekezian. 2 v. 2. ed. São Paulo:


Makron Books, 1994.

35
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Você também pode gostar