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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE CARATINGA – FUNEC

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC


NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD

QUÍMICA ANALÍTICA

Profª. Kelle Gomes

CURSO DE
AGRONOMIA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO
DISCIPLINA: Química Analítica UNEC / EAD
Unidade 1 - Fundamentos da analítica

1.1. Introdução química analítica

O que é Química Analítica?

A química analítica é o ramo da química desenvolve e aplica métodos e proce-


dimento para a separação, identificação de determinação quantitativa e qualita-
tiva de espécies ou elementos químicos. As técnicas e métodos dessa ciência são
utilizados nas áreas da biologia, indústria, medicina, meio ambiente, agricultura, en-
genharias, geologia e industriais.

Por que estudar Química Analítica?

O chocolate e o café, normalmente, são alimentos escolhidos pelos estudantes


para estimular a memória, o raciocínio e ajudar na concentração. Esses alimentos têm
em sua composição, principalmente, a molécula de cafeína (Figura 1), que age esti-
mulando o sistema nervoso central, atuando assim, no aumento da resistência física,
da concentração, evitando o sono e provocando a sensação de bem-estar.

Figura 1 Molécula de cafeína

Devido a crescente ingestão desses alimentos por adolescentes e esportistas,


vários estudos têm verificado a relação e efeitos nocivos e potenciais de abuso de
cafeína do risco de cardiopatias e neoplasias gastrointestinais. Assim, podemos ques-
tionar qual seria a quantidade de cafeína presente numa barra de chocolate? Ou em

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uma xícara de café? Como podemos medir a quantidade de cafeína presente nestes
alimentos?
O objetivo de uma análise química é chegar a alguma conclusão. A química
analítica permite identificar e quantificar a natureza de uma substância presente em
uma amostra. Muitos problemas analíticos começam com uma pergunta, é um cien-
tista traduz essas perguntas em medições.

1.2. Análise química

A química analítica subdivide-se em dois tipos: a


identificação da natureza de uma substancia presente na
amostra desconhecida é classificada como Análise Quali-
tativa e; a identificação da quantidade desta substancia pre-
Qualitativa
sente na amostra é classificada como Análise Quantitativa. Qual substância
está presente?
Quantitativa
Quanto da substância
Análise qualitativa está presente?

A Análise Qualitativa é empregada quando se pretende determinar ou identifi-


car as espécies ou elementos químicos presentes numa amostra, sejam eles atômicos
ou moleculares, de origem vegetal, animal ou mineral. Essa identificação pode ser
realizada através das características físico-químicas como cor, odor e pH.

Análise quantitativa

Na Análise Quantitativa são determinadas as quantidades das espécies ou ele-


mentos químicos presentes, através de técnicas gravimétricas, volumétricas, instru-
mentais, dentre outras, que mensuram e expressam numericamente os componentes
das amostras. Os resultados são apresentados através da determinação das concen-
trações, volumes ou massa exata da substancia.

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1.3. Métodos de análise

Os métodos analíticos classificam-se em Clássicos


ou Instrumentais. No desenvolver da Química a maioria
das análises empregadas eram se separação dos analitos
por técnicas de precipitação, destilação ou extração.
Analito
Elemento de interesse
Os métodos classificados como clássicos ainda numa análise.

são muito utilizados, sobretudo para as macroanálises. São Espécie


Qualquer substância de
caracterizados por utilizarem equipamentos e vidrarias sim- interesse.

ples, de baixo custo e fácil acesso, e proporcionarem resultados confiáveis. A identifi-


cação das espécies químicas presentes é realizada por tratamento da amostra com
reagentes que após o contato com as mesmas o analito produz compostos identifica-
dos pela cor, solubilidade, liberação de gás, etc. A quantificação destas espécies, por
sua vez, é feita por técnicas simples e precisas, como as titulações volumétricas e
medidas gravimétricas.

Os métodos instrumentais surgiram a partir do sé-


culo 20, com o avanço da tecnologia mediante estudos que
observaram medidas de propriedades físicas dos analitos,
como a emissão e absorção de luz e a condutividade elé-
Dimensão
trica, que permitem realizar uma análise quantitativa de uma da amostra
variedade de analitos. Macroanálise: > 0,1g
Semimicroanálise: 0,01g a 0,1g
São métodos recomendados para análises rotineiras Microanálise: 10-4g a 10-2g
Ultramicroanálise: < que 10-4g
e necessitam de equipamentos mais sofisticados, com custo
mais elevado que demandam calibração e profissionais capacitados. O crescimento
das técnicas instrumentais foi favorecido pelo aperfeiçoamento dos dispositivos ele-
trônicos e dos computadores, que permitiram a utilização de técnicas como a espec-
troscopia, eletroanalítica e cromatografia líquida de alta eficiência.

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1.4. Etapas gerais em uma análise química

São vários os processos envolvidos dos diversos tipos de análises químicas,


contudo, algumas etapas são comuns a todas as metodologias (Figura 2).

1 2 3
Definição do Seleção do
problema método Amostragem
analítico analítico

4 5 6
Tratamento de
Preparo da
Análise dados e
amostra
Interpretação

Figura 2 Etapas da análise química

O primeiro passo é dado pela definição do problema analítico (etapa 1), ou


seja, quais questões pretende-se responder através de medidas químicas. Em se-
guida seleciona-se o método analítico (etapa 2) apropriado ou necessário, bem
como desenvolve-se novos procedimentos, para fazer as medições necessárias.
A escolha do método analítico deve considerar alguns fatores: a eficiência do
método, bem como sua simplicidade e rapidez; não deve causar danos ao recipiente
(exemplo a vidraria) em que a amostra será tratada; não deve causar qualquer perda
ao constituinte a ser analisado; não deve permitir ou promover a contaminação da
amostra e deve permitir a máxima segurança operacional.
Para todas as análises a amostra é indispensável, dessa forma, a amostragem
é a etapa seguinte (etapa 3), em que consiste de um processo de seleção do material
representativo para ser analisado. Trata-se de uma etapa de suma importância para
o processo, pois, uma amostra mal constituída gera resultados que não têm signifi-
cado algum, ou seja, não representam a amostra como um todo.

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A etapa 4 de uma análise química constitui-se do preparo da amostra. Nesta
etapa há uma conversão da amostra representativa da etapa anterior em uma forma
apropriada para a análise, através, se necessário, do aumento da concentração do
analito, remoção ou mascaramento das espécies que podem interferir na análise quí-
mica.
O passo seguinte é a análise da amostra (etapa 5), seja ela sólida, líquida ou
gasosa, de acordo com os métodos analíticos previamente selecionados na etapa 1,
a partir da qual serão medidas as concentrações, em replicata com porções idênticas,
e realizados os cálculos necessários à determinação do teor do analito. O tratamento
de dados e interpretação (etapa 6) constituem a última etapa da análise. Nesta etapa
os resultados encontrados podem ser comparados com padrões analíticos certifica-
dos, tornando sempre que necessário a realização de um tratamento estatístico para
validar os resultados.

1.5. Medidas químicas

Para a realização de experimentos químicos é necessário conhecer algumas


unidades de medida. Os cientistas em todo o mundo usam um conjunto de unidade
de medidas correspondentes às grandezas físicas e suas derivações chamado Sis-
tema Internacional de Unidades (SI). Os padrões de comprimento, tempo, massa,
tempo, temperatura termodinâmica, quantidade de substância e corrente elétrica, uni-
dade frequentemente utilizadas na Químicas estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1 Unidades fundamentais do SI


Grandeza Unidade Símbolo Definição moderna
É a distância percorrida pela luz no vácuo em uma
Comprimento Metro m fração de 1/299.792.458 s.
É a massa do protótipo quilograma feito da lida de
Massa Quilograma kg Pt-Ir e guardado em Sèvres, França.
O segundo equivale a 9.192.631.770 períodos de
Tempo Segundo s radiação correspondente a uma certa transição de
energia de um átomo de Césio.
É definida de acordo com o ponto triplo da água
Temperatura Kelvin K seja 273,16K e a temperatura do zero absoluto
seja 0 K.
O mol é definido em termos do número de Avoga-
Quantidade de
Mol Mol dro, que define como 6,022x1023 o número de par-
substância tículas contidas em um mol.

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Corresponde à corrente que produz uma força de
Corrente elétrica Ampère A 2.10-7 N entre dois fios condutores paralelos, es-
paçados em 1 m.
É uma magnitude definida como o espaço ocu-
Metro cú- pado por um corpo tridimensional. Um metro cú-
Volume m³ bico (1m³) corresponde a uma capacidade de
bico
1000 litros.

1.6. Soluções

Uma solução é uma mistura homogênea de duas ou


mais substâncias. A espécie em menor quantidade em uma
solução é chamada de soluto, e a espécie em maior quan-
tidade é chamada de solvente. Substância homogênea
Apresenta mesma composi-
A concentração química ([ ] ou C) de uma substân- ção em qualquer região. Ex.
mistura de água + açúcar
cia refere-se à quantidade de soluto contida em um dado
volume ou massa de solução ou solvente. Esta concentra-
ção é válida para qualquer quantidade de solução, indepen-
dente da massa e do volume. A concentração entre “[ ]” é
expressa em mol·L -1 e representa a concentração do analito
no equilíbrio.
Substância heterogênea
Apresenta diferenças de re-
gião para região. Ex. mistura
de água + óleo.
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 (𝑔)
[ ]𝑜𝑢 𝐶 = 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 (𝑔⁄𝐿) =
𝑉 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝐿)

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 (𝑔)


[ ]𝑜𝑢 𝐶 = 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 (𝑚𝑜𝑙 ⁄𝐿) = 𝑔
𝑀𝑀 ( ) 𝑥 𝑉 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝐿)
𝑚𝑜𝑙

A molaridade (M) é o número de mols de uma substância contidos em um litro


(L) de solução, e varia com a temperatura pois o volume de uma solução normalmente
aumenta quando ela é aquecida.

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𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜
𝑀 = 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝐿 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

A molalidade (m) é a concentração expressa em número de mols de um soluto


por quilograma de solvente, e ela não muda quando ocorre variação de temperatura.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜


𝑚 = 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

Exemplo
Uma porção de 100 mL (= 100 x 10-3L ou 0,1L) água do mar contém 2,70 g de
cloreto de sódio (NaCl). Qual a concentração em mol.L-1 de NaCl no oceano?

Solução
Dados:
• número de mols de sal é 2,70g
• massa molecular do NaCl é 22,99 g/mol (Na) + 35,45 g/mol (Cl) = 58,44 g/mol
• volume da solução de 100 mL (= 100 x 10-3 L ou 0,1L)

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 (𝑔)


[ 𝑁𝑎𝐶𝑙 ]𝑜𝑢 𝐶𝑁𝑎𝐶𝑙 = 𝑔
𝑀𝑀𝑁𝑎𝐶𝑙 ( ) 𝑥 𝑉 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝐿)
𝑚𝑜𝑙

2,70 (𝑔)
[ 𝑁𝑎𝐶𝑙 ]𝑜𝑢 𝐶𝑁𝑎𝐶𝑙 = 𝑔
58,44 ( ) 𝑥 0,1 (𝐿)
𝑚𝑜𝑙

2,70 (𝑔)
[ 𝑁𝑎𝐶𝑙 ]𝑜𝑢 𝐶𝑁𝑎𝐶𝑙 = 𝑔
5,844 ( ) (𝐿)
𝑚𝑜𝑙

(𝑔)
[ 𝑁𝑎𝐶𝑙 ]𝑜𝑢 𝐶𝑁𝑎𝐶𝑙 = 0,46 𝑔
( ) (𝐿)
𝑚𝑜𝑙

𝑚𝑜𝑙
(𝑔)𝑥 ( )
𝑔
[ 𝑁𝑎𝐶𝑙 ]𝑜𝑢 𝐶𝑁𝑎𝐶𝑙 = 0,46
(𝐿)

[ 𝑵𝒂𝑪𝒍 ]𝒐𝒖 𝑪𝑵𝒂𝑪𝒍 = 𝟎, 𝟒𝟔 𝒎𝒐𝒍⁄𝑳

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1. Faça uma pesquisa sobre as etapas da análise de água.


2. Uma porção de 10 mL (= 100 x 10-3L ou 0,1L) água do mar contém 1,50 g de
cloreto de sódio (NaCl). Qual a concentração em mol.L-1 de NaCl no oceano?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. De Maria, Yara Yanaê; Gomide, Lígia Maria Micai. Cafeína E Café: A Dualidade
Entre Seus Efeitos Tóxicos E Antioxidantes. Revista InterSaúde, [S.l.], v. 1, n.
1, p. 73-85, sep. 2019. ISSN 2674-869X.
2. M. Richter, S. C. S. Lannes. Ingredientes usados na indústria de chocolates
Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Phar-
maceutical Sciences vol. 43, n. 3, jul./set., 2007.
3. Harris, D.C. Análise Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: Livros Téc-
nicos Científicos Editora S.A., 2005.876p.
4. Skoog, D.A., Princípios de análise instrumental. Porto Alegre. Bookman, 5ª
Ed. 836p. 2002.
5. Vogel, A.I. Química Analítica Qualitativa. 5. ed. Buenos Aires: Kapelusz,
1981. 665p.

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