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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO POLITÉCNICO (IPUC)


ENGENHARIA QUÍMICA

Laboratório de Química Analítica

Gabriel Filipe Santos de Assis


Paulo Edmar de Sa Junior

Analise instrumental: Potenciometria

Orientadora: Maria José de Sousa Ferreira da Silva

BELO HORIZONTE
24/11/2023

A Química Analítica é o ramo da Química responsável por desenvolver métodos que


permitem a identificação e/ou quantificação de elementos e/ou compostos químicos
que estão presentes em uma amostra. Essas análises são divididas em duas
categorias: via-úmida (aquelas análises clássicas que são realizadas em bancadas e
requer reagentes específicos para sua identificação) e instrumentais (análises que são
realizadas a partir de equipamentos específicos).
Quando você pretende apenas identificar quais espécies estão presentes numa
amostra, sendo elas atômicas ou moleculares, independente da sua quantidade, você
utiliza-se técnicas de Análise Qualitativa para a sua determinação. Por outro lado, caso
você já saiba os componentes presentes na sua amostra e apenas deseja determinar a
quantidade dessas espécies, você utiliza-se de técnicas de Análise Quantitativa.
Até o início do século XX, a maioria das análises que envolviam separação de
compostos químicos eram realizadas por extração, destilação ou por reações de
precipitação. Em análises qualitativas, as espécies eram identificadas a partir da sua
coloração, odor, pontos de fusão, pontos de ebulição e solubilidade, enquanto em
análises quantitativas, os compostos eram quantificados a partir de análises
titulométricas e/ou gravimétricas.

MÉTODOS INSTRUMENTAIS
Os métodos analíticos instrumentais consistem na medida das propriedades físicas do
analito, tais como condutividade, potencial de eletrodo, absorção ou emissão de luz,
razão massa/carga e fluorescência. Nestes métodos envolvem a utilização de
equipamentos sofisticados, mas também pode envolver reações químicas em algumas
etapas. Muitas vezes são menos precisas do que os métodos clássicos, embora sejam
mais rápidos. São utilizados na quantificação e identificação dos constituintes
minoritários. Os químicos começaram a explorar outros fenômenos relacionados com
as propriedades dos analitos nos anos 30, mais precisamente na metade. A medida das
propriedades físicas do analito começou a ser empregada para análise quantitativa de
uma variedade de analitos orgânicos, inorgânicos e bioquímicos. Um pouco mais tarde,
surgiram as técnicas cromatográficas que substituíram a destilação, extração e
precipitação de componentes em misturas complexas, antes da determinação
qualitativa ou quantitativa. Estes novos métodos para separação e determinação de
espécies químicas são conhecidos em conjunto como Métodos Instrumentais de
Análise. A Figura 1 mostra a classificação e subclassificação dos Métodos Analíticos.
A Tabela 1 mostra uma relação entre o método instrumental e o sinal empregado para
caracterizá-lo.

SELEÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO


O método analítico selecionado deve ser eficiente, sempre que possível, simples,
rápido; não deve implicar em danos aos materiais em que as amostras serão tratadas e
analisadas; não deverá ser passível de erros sistemáticos (perdas por volatilização e
adsorção, riscos de contaminações, etc.); a seletividade deve ser conhecida; deverá se
empregado com mínima manipulação e, os resultados serão obtidos com a máxima
segurança operacional. Idealmente, a escolha deverá ser feita por um método
devidamente validado. O método validado estabelece quais os analitos que poderão
ser determinados, especificando-se a matriz ou as matrizes e os riscos de
interferências, ou seja, fornece as condições apropriadas para a obtenção dos
resultados que possibilitem a solução do problema. Para seleção de um método
analítico é essencial definir claramente a natureza do problema analítico.

CALIBRAÇÃO DE MÉTODOS INSTRUMENTAIS


A calibração é uma etapa fundamental na medida. Ela pode ser analisada através do
desempenho de um instrumento. Os critérios de desempenho característico de um
instrumento, critérios estes que podem ser usados para decidir se um método
instrumental é ou não apropriado para resolver determinado problema analítico, são
classificados em precisão, bias, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração
e seletividade.

PRECISÃO
A precisão pode ser definida como sendo a medida da reprodutibilidade de um
experimento. Em outras palavras, é a proximidade dos resultados em relação
aos demais, obtidos exatamente da mesma forma.

BIAS
Bias é a medida do erro sistemático, dada pela equação 01: t bias = μ − x (01), onde μ é
concentração média de um analito em uma amostra que tem uma concentração
verdadeira de xt .

SENSIBILIDADE
A sensibilidade é indicada pela capacidade do equipamento em medir a menor
concentração possível do analito. Dois fatores limitam a sensibilidade: a inclinação da
curva de calibração e a reprodutibilidade ou precisão dos dispositivos de medida.
Quando dois métodos apresentam a mesma precisão, o método que apresentar a
maior inclinação na curva será escolhido.

LIMITE DE DETECÇÃO
A definição mais usual para limite de detecção é que este é dado pela menor
concentração do analito que pode ser detectado em um nível confiança
preestabelecido.

FAIXA DE CONCENTRAÇÃO
A faixa de concentração é aquela até onde permanece ou apresenta a linearidade da
curva de calibração, conforme mostra a Figura 2.
SELETIVIDADE
A seletividade refere-se ao quanto o método aplicado a determinado analito está livre
de interferências de outras espécies contidas na amostra. Os critérios de desempenho
de um instrumento estão apresentados na Tabela 3 e podem ser definidos e
relacionados como seguem:
Tabela 3. Critérios numéricos e características para seleção de um método analítico
Além disso, outras características devem ser consideradas na escolha do método a ser
empregado, são elas: velocidade facilidade e conveniência, habilidade requerida do
operador, custo e disponibilidade de equipamentos e, custo por amostra.

SINAIS, RUÍDO E RAZÃO SINAL-RUÍDO


O sinal de saída de um instrumento analítico flutua de uma forma aleatória. Essas
flutuações limitam a precisão do instrumento e representam o resultado de um grande
número de variáveis incontroláveis do instrumento e do sistema químico em estudo. O
termo ruído é empregado para descrever essas flutuações e cada variável não
controlada é uma fonte de ruído. Sendo assim, o valor médio da saída de um
instrumento é camada de sinal e o desvio padrão do sinal é a medida do ruído. A
relação sinal-ruído é geralmente definida como a razão entre o valor médio do sinal de
saída e o desvio padrão. À medida que os instrumentos modernos tem se tornado mais
computadorizados e controlados por circuitos eletrônicos sofisticados, muitos métodos
tem sido desenvolvidos para se aumentar a razão sinal-ruído das saídas dos
instrumentos.
Potenciometria
A potenciometria ou método potenciométrico de análise química se baseia na medida
da diferença de potencial entre dois eletrodos que estarão em contato com a solução
do analito, isto é, baseia-se na medida da diferença de potencial entre um eletrodo
indicador e um eletrodo de referência expostos à solução do analito. O potencial do
eletrodo indicador varia com a concentração da espécie química de interesse,
enquanto o potencial do eletrodo de referência permanece constante.
O eletrodo de referência é um eletrodo cujo potencial é fixo e constante durante a
análise, ou seja, o potencial desse eletrodo não varia com a concentração da espécie
química a ser determinada. O eletrodo indicador é sensível à variação da espécie de
interesse, que, por sua vez, influencia o potencial.
A potenciometria direta baseia-se na medida do potencial de um eletrodo indicador
para a determinação de uma espécie química em solução. Neste caso, sabe-se, por
exemplo, que quando um metal M é colocado em uma solução que contém seu íon
Mn+, um potencial de eletrodo, E, se estabelece. O valor do mesmo é dado pela
seguinte equação, denominada equação de Nernst:
E = E0 + (RT/nF) ln[Mn+]
Na equação de Nernst:
E: pode ser determinado ligando-se o eletrodo indicador a um eletrodo de referência e
medindo-se a voltagem da célula formada.
E0: é o potencial padrão do eletrodo;
R: é a constante universal dos gases, cujo valor é 0,0821 L atm K-1 mol-1 ;
T: é a temperatura da solução na escala Kelvin;
n: quantidade de matéria de elétrons envolvidos na semi-reação do eletrodo;
F: é a constante de Faraday, cujo valor é 96.485 C mol-1;
[Mn+]: concentração molar do íon metálico de interesse.
Substituindo-se os valores das grandezas acima na equação de Nernst é possível
calcular a concentração do íon de interesse.
APLICAÇÕES
Os analistas realizam mais medidas potenciométricas do que, talvez, qualquer outro
tipo de medida química instrumental. O número de medidas potenciométricas feitas
diariamente é surpreendente!

 Laboratórios clínicos determinam gases sanguíneos como importantes


indicadores no diagnóstico de doenças.
 Efluentes industriais e municipais são continuamente monitorados para
determinar o pH e a concentração de poluentes.
 Os oceanógrafos determinam dióxido de carbono e outras propriedades
relacionadas em água do mar.
 Estudos fundamentais para se determinar constantes de equilíbrio
termodinâmicas, tais como Ka, Kb e Kps.

titulação potenciométrica
Titulação potenciométrica é um método volumétrica em que o potencial entre dois
eléctrodos é medido (eléctrodo de referência e indicador) como função do volume do
reagente adicionado.

As titulações potenciométricas são preferidas às titulações manuais, pois são mais


precisas. São também mais facilmente adaptáveis a automação, onde sistemas de
titulação automáticos podem processar volumes de amostra maiores com o mínimo de
envolvimento do analista.

A titulação potenciométrica é um meio útil de caracterização de um ácido. O pH de


uma solução é medido em função da quantidade de titulante adicionado. A mudança
de pH é pequena até ao ponto final onde existe um ponto de mudança. A força de um
ácido ou base determina o ponto de mudança. O ponto final é encontrado pelo gráfico
de pontos e determinação da localização súbita do pH.

A titulação potenciométrica acontece quando um eletrólito é medido usando um


analito. Esta medida é conseguida usando dois eléctrodos, um eléctrodo indicador e
um de referência. Os dois eléctrodos juntos formam meia célula que segura o
potencial elétrico. O cálculo final ou conclusão é a gota que ocorre quando o teste está
completo entre os eléctrodos indicador e de referência.
Existem quatro tipos de titulação que se enquadram na categoria de titulação
potenciométrica, a saber, titulação ácido-base, titulação redox, titulação
complexométrica e titulação por precipitação . Uma breve descrição de cada um
desses tipos de titulação é fornecida abaixo.

Titulação Potenciométrica ácido-base: Este tipo de titulação potenciométrica é usado


para determinar a concentração de um determinado ácido / base neutralizando-o
exatamente com uma solução padrão de base / ácido cuja concentração é conhecida.

Titulação Potenciométrica redox: Este tipo de titulação potenciométrica envolve um


analito e titulante que sofrem uma reação redox . Um exemplo desse tipo de titulação
seria o tratamento de uma solução de iodo com um agente redutor que produz íon
iodeto (um indicador de amido é usado para obter o ponto final).

Titulação Potenciométrica complexométrica : Este tipo de titulação também pode ser


referido como quelatometria. Neste método, um complexo colorido é formado,
indicando o ponto final da titulação. Este método é usado para determinar uma
mistura de íons metálicos em uma determinada solução.

Titulação Potenciométrica de precipitação: Este tipo de titulação envolve uma reação


entre o analito dado e o titulante em que um precipitado insolúvel é formado. O ponto
final desta titulação é observado quando a adição do titulante não forma mais um
precipitado.

Quando é feita uma titulação potenciométrica, o interesse é focado sobre alterações


na emf de uma célula eletrolítica quando um titulante de concentração conhecida é
adicionado a uma solução do desconhecido. O método pode ser aplicado a todas as
reações titrimétricas desde que a concentração de pelo menos uma das substâncias
envolvidas possa ser seguida por meio de um eléctrodo indicador adequado. A curva
de titulação pode ser seguida ponto por ponto, traçando como ordinante, sucessivos
valores de célula emf (pH) vs. o correspondente volume de titulante adicionado.
Referencias
BASSETT, J.; DENNEY, R. C.; JEFFERY, G. H. & MENDHAN, J., VOGEL Análise
inorgânica quantitativa,., Editora Guanabara S.A., Rio de Janeiro, 1992

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https://pt.slideshare.net/marcelazmarques/potenciometria-relat
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quimica/files/2019/03/Potenciometria.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=DG3lqBNeEcE

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