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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA


MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE ANÁLISE (MIA)

PROF. ABREU CALIQUENALA ROBERTO

LUANDA-2018

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE ANÁLISE (MIA)

PROF. ABREU CALIQUENALA ROBERTO


Licenciado em Química, opção de Química Analítica pela Faculdade de
Ciências da Universidade Agostinho Neto. Luanda - Angola

E-mail: caliquenalaroberto@outlook.com / Contacto: 937956449

(Adaptação para os alunos do ensino técnico-profissional)

LUANDA-2018

Apresentação da brochura
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A brochura é sem dúvida uma ferramenta que constitui uma mais-valia para
os alunos do ensino médio técnico-profissional e não só, pois servirá como uma
das poucas referências bibliográficas a sua disposição para o estudo e
compreensão da disciplina de Química Analítica (métodos instrumentais).

A Química Analítica Quantitativa é estudada nos cursos médios técnico-


profissionais na área de formação de Química e no ensino superior da mesma
área de formação. É a parte da química que estuda os métodos, as técnicas e os
instrumentos usadas para medir ou quantificar a matéria nas suas diversas
formas. Os métodos da análise quantitativa estão genericamente classificados
em: Métodos clássicos e Métodos Instrumentais. Sendo os métodos
Instrumentais o nosso tema de eleição nesta brochura, pois corresponde aos
conteúdos programados para a 12ªclasse do ensino médio técnico-profissional.

Assim, pretende-se que através desta brochura os alunos possam:


- Ampliar os conhecimentos em Química;
- Perspectivar campos de actividade profissional futura;
- Compreender o papel do conhecimento científico, e da Química em
particular, nas decisões do foro social e ambiental;
- Compreender o papel da experimentação na construção do conhecimento
(científico);
- Desenvolver capacidades e atitudes fundamentais, estruturantes do ser
humano, que lhes permitam ser cidadãos “críticos” e intervenientes na
sociedade;
- Compreender a cultura científica (incluindo as dimensões crítica e ética)
como componente integrante da cultura actual;
- Desenvolver uma visão integradora da Ciência, da Tecnologia, da Sociedade
e do Ambiente;
- Melhorar as capacidades de comunicação escrita e oral, utilizando suportes
diversos, nomeadamente as Tecnologias da Informação e Comunicação;

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- Ponderar argumentos sobre assuntos científicos socialmente controversos,
etc.

Objectivos

1. Apresentar os fundamentos da química analítica;

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2. Classificar e definir os métodos analíticos;
3. Classificar e definir os métodos instrumentais;
4. Entender os critérios para selecção de um método analítico;
5. Analisar a calibração de métodos instrumentais;
6. Definir sinais de excitação, ruídos e razão sinal-ruído.
7. Apresentar o princípio e os conceitos fundamentais dos métodos ópticos
ou espectroscópicos de análise
8. Estudar o espectro electromagnético e os efeitos da radiação
electromagnética ao interagir com a matéria
9. Discutir os conceitos de absorção, emissão e espectros de absorção e de
emissão
10. Apresentar os métodos de cálculos da concentração
11. Determinar a concentração de espécies químicas absorventes por
espectrofotometria de absorção molecular no Ultra violeta e Visível.

SUMÁRIO

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Apresentação da brochura………………….…………………………………………….3

Objectivos………………………………………………………………………………………..5

INTRODUÇÃO

I.1. Aplicação Geral e desenvolvimento da Análise Química……………………………9

I.2. Introdução à Análise Quantitativa……………………………………………………10

I.2.1. Exactidão dos resultados Analíticos………………………………………………..12

I.3. Métodos Instrumentais de Análise……………………………………………..…….12

I.3.1. Instrumento de medida……………………………………………………………....12

I. 3.2. Sinais, ruído e razão sinal-ruído……………………………………………….…..14

I.3.3. Tipos de métodos Instrumentais em função do sinal de excitação………….…15

I.4. Critérios para selecção de um método analítico…………………………………….16

I. 5. Calibração de métodos instrumentais………………………………………………16

MÉTODOS ÓPTICOS OU ESPECTROANALÍTICOS DE ANÁLISE

II.1. Introdução – Conceitos fundamentais………………………………………….……20

Consegue responder?................................................................................................23

2. Espectrofotometria…………………………………………………………………...……24

2.1. Absorção e emissão da radiação electromagnética…………………..……………..24

2.1.1. Absorção………………………………………………………………………………...25

2.1.2. Emissão…………………………………………………………………………………25

2.2. Espectros de absorção e de emissão………………………………………………….26

2.3. Interacção da radiação electromagnética com a matéria………………………….28

2.4. Espectroscopia de absorção na região ultravioleta e visível………………………29

2.4.1. Vantagens e campo de aplicação da espectrofotometria de absorção no uv-


visível…………………………………………………………………………………………...31

2.5. Análise quantitativa…………………………………………………………………….32

2.5.1. Medida da absorção (absorvância)………………………………………………….32

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2.5.2. Instrumentação (constituição: fotómetro ou espectrofotómetro)……………….33

2.5.2.1. Espectrofotómetro de feixe simples e duplo…………………………………….35

2.5.2.2. Espectrofotómetros………………………………………………………………….37

2.5.3. Medida experimental da absorvância e transmitância………………………….40

2.6. Leis fundamentais da absorção da radiação electromagnética…………………..41

2.6.1. Absortividade………………………………………………………………………….42

2.6.2. Limitações da lei de Beer……………………………………………………………43

2.6.3. Desvios próprios à lei de Beer……………………………………………………….44

2.6.3.1. Desvios aparentes Químicos………………………………………………………44

2.6.3.2. Desvios instrumentais……………………………………………………………...46

2.7. Determinação da concentração em espectrofotometria de absorção molecular na


região ultravioleta e visível………………………………………………………………....47

2.7.1. Método da curva de calibração………………………………………………………47

2.7.2. Método de adição de padrão…………………………………………………………51

Consegue responder?................................................................................................54

INTRODUÇÃO

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A Química Analítica é uma das muitas ramificações da Química Geral, a
ciência que estuda a matéria, sua composição, suas propriedades e suas
transformações. Na verdade, a Química Analítica é a aplicação prática da
Química Geral (ferramenta de pesquisa).

Por ser tão importante e presente, a Química precisa ser estudada e


compreendida, sua complexidade e vastidão tem justificado o porquê de sua
ramificação. É por isso que ouvimos e estudamos várias áreas da Química como
por exemplo: a Química Orgânica, Química Inorgânica, Química Analítica,
Química Física, Bioquímica, Química Quântica, etc. Todas essas ramificações
é com fito de se explicitar ou esclarecer os diferentes aspectos desta ciência
mãe.

A Química Analítica (Ciência que faz a análise da matéria) é o ramo da


Química que estuda os aspectos qualitativos e quantitativos da matéria.

A análise química da matéria pode ser realizada de duas formas, dependendo


da necessidade do analista:
1ª - Quando se deseja determinar quais são as substâncias presentes em
determinada amostra, a análise é qualitativa.
2ª - Quando se deseja determinar a quantidade de cada componente ou de
certos componentes presentes na amostra, a análise é quantitativa.

O objectivo geral da aplicação da análise química é: Identificar, separar e


quantificar.

Cada um destes pontos pode ser aplicado isoladamente ou sequencialmente na


mesma amostra. Nesta brochura vamos apenas nos concentrar no estudo dos
aspectos quantitativos, ou seja, a Química Analítica Quantitativa.

I.1. Aplicação geral e desenvolvimento dos métodos da


análise Química

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• Dentre as aplicações práticas da análise química estão:
1- Desenvolvimento de novos produtos: onde se determinará se a composição
da mistura apresenta certas características que adequam à sua finalidade.
2- Análise quantitativa do ar, água e solo para determinar a quantidade de
poluentes.
3- Análise de solos
4- Composição geológica de rochas e amostras de solos
5- Controle de qualidade de alimentos

Nos primeiros anos da Química, a maioria das análises era realizada por
separação dos componentes da amostra por precipitação, extracção ou
destilação. Em análises qualitativas os componentes separados eram
identificados por sua cor, ponto de fusão ou ebulição, solubilidade, odor,
actividade óptica ou seus índices de refracção. Em análises quantitativas,
utilizavam-se medidas titulométricas ou gravimétricas.

Ainda hoje os laboratórios empregam muitos métodos clássicos de separação


e determinação de analitos, mas sua aplicação está diminuindo em função dos
novos métodos instrumentais.

Devido ao desenvolvimento tecnológico a que os processos estão sujeitos, a


análise química também se desenvolveu e actualmente, a maioria das análises
tanto qualitativas quanto quantitativas são realizadas através de
instrumentos ou aparelhos apropriados, desenvolvidos para realizar uma
gama muito grande de análises, surgindo então a Análise Instrumental.

A análise instrumental não dispensa, o conhecimento das análises via


húmida tradicional, nem os fundamentos básicos da instrumentação utilizada,
visto que o técnico químico não deve tornar-se um mero “seguidor de receitas
ou de roteiros” e, muito menos, um “leitor de manuais de aparelhos”.

I.2. Introdução à Análise Quantitativa

Como vimos na apresentação da brochura, a Química Analítica


Quantitativa é a parte da Química que estuda os métodos, as técnicas e os

9
instrumentos usadas para medir ou quantificar a matéria nas suas diversas
formas.

- Os métodos da Química Analítica Quantitativa são classificados em: clássicos


ou instrumentais.

Fig.1-Esquema de Classificação e subclassificação dos Métodos Analíticos

Esta classificação é histórica, com os métodos clássicos precedendo os


instrumentais por um século ou mais.
• Métodos Clássicos de Análise
Os métodos clássicos são subclassificados em métodos gravimétricos e
volumétricos.
Os métodos gravimétricos determinam a massa do analito ou de algum
composto quimicamente a ele relacionado na amostra. Nos métodos
volumétricos mede-se o volume da solução padrão contendo reagente em
quantidade suficiente para reagir completamente com todo analito presente na
solução amostra.
- Estes métodos não envolvem nenhum equipamento sofisticado, utilizando
apenas vidrarias e reagentes. As análises quantitativas que utilizam os
métodos convencionais (clássicos) geralmente são baseadas na:

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1) Pesagem, através de uma balança de precisão ou balança analítica
(Gravimetria);
2) Medição de volume, através de vidrarias ou recipientes cuidadosamente
calibradas tais como: buretas graduadas, erlenmeyers e suporte universal com
garras (Volumetria).
Mas devido à necessidade de determinação de concentrações extremamente
baixas de diferentes espécies químicas com rapidez, a análise química
encontra-se dependente da disponibilidade de equipamentos modernos o que,
em muitos casos, permite a automação das análises.

• Métodos Instrumentais de Análise


- Os métodos analíticos instrumentais consistem na medida de uma das
propriedades físicas do analito, tais como condutividade, potencial eléctrico,
absorção ou emissão de luz (radiação), razão massa/carga e fluorescência.
Nestes métodos envolvem a utilização de equipamentos sofisticados, mas
também pode envolver reacções químicas em algumas etapas. Muitas vezes são
menos precisas do que os métodos clássicos, embora sejam mais rápidos. São
utilizados na quantificação e identificação dos constituintes minoritários
presentes em uma amostra.
A medida das propriedades físicas do analito começou a ser empregada para
análise quantitativa de uma variedade de analitos orgânicos, inorgânicos e
bioquímicos. Um pouco mais tarde, surgiram as técnicas cromatográficas que
substituíram a destilação, extracção e precipitação de componentes em
misturas complexas, antes da determinação qualitativa ou quantitativa. Estes
novos métodos para separação e determinação de espécies químicas são
conhecidos em conjunto como Métodos Instrumentais de Análise.
Apesar de mais utilizado em relação aos métodos clássicos, podem ter seu
uso limitado em função dos seguintes motivos:
1. Alto custo dos equipamentos electrónicos;
2. Não existência de um equipamento disponível para determinada análise;

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3. Existência de requerimento de um método convencional sob o aspecto legal,
por se tratar de um método oficial;
4. Em casos raros, os métodos clássicos podem apresentar resultados melhores
que os instrumentais.

I.2.1. Exactidão dos resultados analíticos


Os métodos gravimétricos e volumétricos podem alcançar uma exactidão de
até 99,9%, quando o composto analisado se encontra em mais de 10% na
amostra. Para componentes presentes em quantidades menores que 10%, a
exactidão cai bastante, e então a escolha do método apropriado deve recair em
métodos mais sofisticados e exactos como métodos instrumentais.

• Quantidade relativa do componente analisado


Os componentes podem ser classificados em maiores (mais de 1%), menores
(0,01 – 1%), micros (menores de 0,01%) e traços (ppm e ppb) em relação ao peso
total da amostra. Para os componentes maiores, são perfeitamente aplicáveis
os métodos gravimétricos e volumétricos. Para os componentes menores e
micro, é geralmente necessário o emprego de técnicas mais sofisticadas e
altamente sensíveis, como métodos instrumentais.

I.3. Critérios para selecção de um método analítico


Como as técnicas apresentadas têm diferentes graus de complicação,
sensibilidade, selectividade, custo e tempo, é importante escolher a melhor
técnica para realizar uma determinação analítica. Para isso, é necessário
levar em consideração:
a) Tipo de análise: elementar ou molecular, rotineira ou episódica.
b) Problemas decorrentes da natureza do material investigado: substâncias
corrosivas, radioactivas, afectadas pela água, calor, etc.
c) Interferências de outros componentes do material.

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d) Intervalo de concentração que precisa ser investigado.
e) Exactidão exigida.
f) Facilidades disponíveis (tipo de equipamento)
g) Tempo necessário para completar a análise
h) Número de análises de mesmo tipo que devem ser efectuadas.
i) Natureza da amostra
j) Espécie de informação que se procura
k) Quantidade da amostra disponível

I.4. Métodos Instrumentais de Análise


I.4.1. Instrumentos de medição

- Os métodos instrumentais de análise consistem na medição de uma das


propriedades físicas do analito presente numa solução amostra. Nestes
métodos, os instrumentos para as análises químicas convertem a informação
armazenada nas características físicas e químicas da substância em um tipo
de informação que pode ser manipulada e interpretada pelo homem. Para
conseguir esta informação, é necessário fornecer um ESTIMULO (na forma de
energia eléctrica, mecânica, nuclear, electromagnética), para se obter a
RESPOSTA do sistema em estudo.
Por exemplo: A passagem de um feixe de luz visível de uma estreita faixa de
comprimentos de onda através da amostra, permite-nos medir o quanto foi
absorvido pela substância, e esse valor tem relação directa com a concentração
do analito na amostra.

O processo de medição é básico num método instrumental. Portanto, é


importante conhecer os diversos passos envolvidos em qualquer determinação,
tais como:

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a) Geração de Sinal: a maioria das medições físicas são registros da
resposta de uma substância a um sinal imposto.
Exemplo: Na determinação da condutividade requer uma corrente eléctrica
e uma medição da absorção requer um feixe de luz. Quase sempre, os sinais
ópticos se originam em uma fonte, e os eléctricos em um gerador.
b) Detecção e Tradução: geralmente, a informação é detectada e
transformada em uma forma de saída útil através de um só componente.
Por exemplo: Um tubo fotoeléctrico não somente detecta sinais de luzes como
as transforma em correntes eléctricas.
c) Amplificação: geralmente os detectores que respondem transformando a
informação original em um sinal eléctrico, seja corrente ou voltagem, são
preferidos devidos à possibilidade de amplificação através do uso da
electrónica.
d) Computação: sua função é a conversão do sinal a uma forma útil de
apresentação.
Por exemplo: Nos espectrofotómetros de leitura directa, as concentrações
são calculadas automaticamente, usando os dados brutos dos sinais.
e) Apresentação ou Saída: representada por valores impressos em papel ou
mostrados em visores, indicador de deflexão de um medidor, etc.

I.4.2. Sinais, ruído e razão sinal - ruído


O sinal de saída de um instrumento analítico flutua de uma forma
aleatória. Essas flutuações limitam a precisão do instrumento e representam
o resultado de um grande número de variáveis incontroláveis do instrumento
e do sistema químico em estudo. O termo ruído é empregado para descrever
essas flutuações e cada variável não controlada é uma fonte de ruído. Sendo
assim, o valor médio da saída de um instrumento é camada de sinal e o desvio
padrão do sinal é a medida do ruído.
A relação sinal-ruído é geralmente definida como a razão entre o valor
médio do sinal de saída e o desvio padrão. À medida que os instrumentos

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modernos têm se tornado mais computadorizados e controlados por circuitos
electrónicos sofisticados, muitos métodos tem sido desenvolvidos para se
aumentar a razão sinal-ruído das saídas dos instrumentos.

I.4.3. Tipos de métodos Instrumentais

• Relação entre o sinal de excitação com o tipo de método Instrumental.


A tabela 1 mostra uma relação entre o método instrumental e o sinal
empregado para caracterizá-lo:
Sinais Métodos Instrumentais
Absorção de Radiação Espectrofotometria e Fotometria (raio-X, UV, visível, IV),
Ressonância Magnética Nuclear e espectroscopia de
Ressonância Electrão Spin.
Emissão de Radiação Espectroscopia de Emissão (raio-X, UV, visível, electrão),
Fluorescência, Fosforescência e Luminescência (raio-X,
UV, visível).
Espalhamento de Turbidimetria, Nefelometria, Espectroscopia Raman
Radiação
Refracção de Radiação Refratometria, Interferometria
Difracção de Radiação Raio-X e Métodos de Difracção de Electrões
Rotação de Radiação Polarímetro (polarimetria)
Potencial Eléctrico Potenciometria e Cronopotenciometria.
Carga Eléctrica Coulometria.
Corrente Eléctrica Polarografia, Amperometria
Resistência Eléctrica Condutimetria.
Razão Massa/Carga Espectrometria de Massa.
Velocidade de Reacção Métodos Cinéticos.
Propriedades Térmicas Condutividade térmica e Métodos Entalpimétricos.
Radioactividade Métodos de activação e diluição de isótopos.

I.5. Calibração de Métodos Instrumentais

A calibração é uma etapa fundamental na medida. Ela pode ser analisada


através do desempenho de um instrumento.

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Os critérios de desempenho característico de um instrumento, critérios
estes que podem ser usados para decidir se um método instrumental é ou não
apropriado para resolver determinado problema analítico, são classificados em:
precisão, bias, sensibilidade, limite de detecção, faixa de concentração e
selectividade.

1. A precisão pode ser definida como sendo a medida da reprodutibilidade


de um experimento. Em outras palavras, é a proximidade dos
resultados em relação aos demais, obtidos exactamente da mesma
forma.
2. Bias é a medida do erro sistemático, dada pela equação 01:

Bias = μ – xt (01)
Onde μ é concentração média de um analito em uma amostra que tem uma
concentração verdadeira de xt.
3. A sensibilidade é indicada pela capacidade do equipamento em medir a
menor concentração possível do analito. Dois factores limitam a
sensibilidade: a inclinação da curva de calibração e a reprodutibilidade
ou precisão dos dispositivos de medida. Quando dois métodos
apresentam a mesma precisão, o método que apresentar a maior
inclinação na curva será escolhido.
4. Limite de detecção pode ser definido pela menor concentração do analito
que pode ser detectado em um nível confiança preestabelecido.
5. A selectividade refere-se ao quanto o método aplicado a determinado
analito está livre de interferências de outras espécies contidas na
amostra.
6. A faixa de concentração é aquela até onde permanece ou apresenta a
linearidade da curva de calibração, conforme mostra a Figura 2.

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Fig.2- Linearidade da recta na faixa de concentração

Além desses critérios, outras características devem ser consideradas na


escolha do método a ser empregado, tais como: velocidade, facilidade e
conveniência, habilidade requerida do operador, custo e disponibilidade de
equipamentos e custo por amostra.

- Os critérios de desempenho de um instrumento estão apresentados na


Tabela 2 e podem ser definidos e relacionados como:
Critérios Características
Precisão Desvio Padrão Absoluto, Desvio
Padrão Relativo, Coeficiente de
Variação, Variância.
Bias Erro Sistemático Absoluto, Erro
Sistemático Relativo.
Sensibilidade Sensibilidade de Calibração,
Sensibilidade Analítica
Limite de Detecção Desvio Padrão do Branco
Faixa de Concentração Limite de Quantificação,
Limite de Linearidade
Selectividade Coeficiente de Selectividade

A tabela abaixo (3) ajuda a compreender as diferenças de velocidade, custos,


exactidão e limites de concentração detectável por cada método analítico. Com

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essas informações, pode-se escolher o método que melhor se adequa à
determinação do analito numa amostra analítica dependendo apenas da
complexidade da sua matriz.

- Lembrando que: 𝑝𝐶 = −𝑙𝑜𝑔[𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑡𝑜] e C = [𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑡𝑜]. Analito é a espécie química de


interesse na amostra em análise ou seja, é a substância cuja concentração quer se
determinar numa amostra analítica.

CAPÍTULO II- MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS DE ANÁLISE


II.1. Introdução – Conceitos fundamentais

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Os métodos ópticos ou espectroscópicos de análise, são métodos que
baseiam-se nos efeitos da interacção entre a radiação electromagnética com a
matéria.

Consideramos alguns aspectos mais importantes desta interacção:

1) Radiação electromagnética
A radiação electromagnética é uma forma de energia que se propaga no
espaço a enormes velocidades e em linha recta. Entre as formas da radiação
electromagnética, a luz e o calor radiante são 2 formas mais facilmente
reconhecíveis. Outras manifestações da radiação electromagnética são os raios
gama (γ), raios X, radiação ultravioleta, microondas e ondas de rádio.

• Natureza da Luz ou Radiações Electromagnética (R.E)

Fig.3- Espectro electromagnético (região visível ou luz branca)

– A luz ou R.E revela características ONDULATÓRIAS e CORPUSCULARES.

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Os fenómenos ópticos tais como (a): interferência, refracção, reflexão,
difracção, etc. São descritos satisfatoriamente, considerando a R.E como um
movimento ondulatório. Porém... O movimento ondulatório falha na
interpretação da ABSORÇÃO e EMISSÃO da energia radiante.

Por isso, os fenómenos de Absorção e Emissão são descritos com o


postulado de que a R.E consiste de partículas discretas de energia
denominada fotão ou quantum (quanta).

Desta forma, a característica ondulatórias e corpuscular da R.E devem ser


complementares e não isoladas, pois ambas descrevem perfeitamente o
comportamento da radiação electromagnética quando esta interage com
diversas formas de matéria. Assim, entende-se que: “Onda = fluxo com grande
número de fotões”.

2) Propriedades Ondulatórias
A R.E. pode ser considerada “uma forma de energia radiante que se
propaga como uma onda”

– O movimento ondulatório é caracterizado por vários parâmetros, tais como:


comprimento de onda (Λ), frequência da radiação ( 𝜐 ), velocidade (c), amplitude
(A), etc.

a) Comprimento de onda (Λ): é distância linear entre dois máximos ou


mínimos de onda.

– O Λ tem diversas unidades: micrometros (μm), manómetro (nm) e Ângstron


(A)
• 1 μm = 10-6 m; 1 nm = 10-9 m; 1 A = 10-10 m
– Obs: o Λ depende do meio onde a onda se propaga
b) Frequência (𝜐): é o número de oscilações do campo por segundo
Unidade (𝜐 ): Hertz (Hz) ou ciclo/s

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c) Velocidade (c): é o produto da frequência (𝜐) pelo comprimento de onda
dá a velocidade da radiação no meio.
c = Λ.𝜐
– No vácuo: “c” de uma onda é independente da frequência e tem valor máximo:

Cvácuo = 3 x 1010 cm/s = 300.000 Km/s

Cmeio < Cvácuo pela interacção do campo magnético com a matéria (electrões do
meio).

Quando a R.E. é absorvida ou emitida ocorre uma transferência de


energia de um meio para outro.

– A energia de um fotão absorvida ou emitida depende da frequência da


radiação:
E = h. 𝜐
– Onde:
•E= energia do fotão expresso em Joule (J)

• 𝜐 = Frequência em Hertz ou s-1

•h = Constante de Planck = 6,6256 x 10-34J.s


c
– Em termos: E = h. 𝜐 → 𝜐 = c/ Λ então, E = h = h . Portanto, um fotão de alta

frequência (curto Λ) é mais energético do que um de baixa frequência (longo
Λ).

Tabela 3: Relação entre os comprimentos de ondas, frequência da radiação e


efeitos ao interagir com a matéria.

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II.2. ESPECTROFOTOMETRIA

Mede a radiação (ou luz) que é absorvida ou emitida por uma espécie
química presente numa solução. A quantidade da radiação absorvida ou
emitida, é proporcional a concentração do analito na amostra.
• Quantidade de radiação absorvida ou emitida = ∝⨉c

Em que c é a concentração do analito na solução amostra.


A base da absorção ou emissão da luz, é a interacção da radiação
electromagnética com a matéria (espécie química).

2.1. Absorção e Emissão da radiação


2.1.1. Absorção da radiação

Em espectroscopia, entende-se por absorção o processo no qual uma espécie


química num meio transparente faz diminuir a intensidade de certas
frequências da radiação electromagnética.

Quando um feixe de radiação atravessa um meio material – sólido, líquido


ou gasoso – certas frequências podem ser selectivamente absorvidas. A energia
dos fotões absorvida é fixada por átomos ou moléculas da amostra, que
consequentemente, sofrem excitação, passando de seu estado energético
fundamental para estados energéticos superiores. Por isso, dizemos que
quando uma molécula absorve um fotão, a energia da molécula aumenta.

M + h → M*
M* → M + calor
• A espécie M* pode emitir a radiação fluorescente ou fosforescente ou ela
decompõe-se (decomposição fotoquímica) para formarem assim as espécies de
outra natureza. Os átomos, as moléculas e os iões possuem um número
limitado de níveis energéticos quantizados. Para que a absorção possa ocorrer,
c
o fotão excitador deve possuir uma energia apropriada ( E = h = h ).

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Essa excitação pode ser produzida por várias formas, tais como:

a) Bombardeamento com electrões


b) Exposição a uma corrente eléctrica
c) Exposição ao calor de uma chama
d) Irradiação com um feixe de radiação electromagnética ou fonte de luz
e) Reacção química exotérmica.

2.1.2. Emissão da radiação


Quando o electrão perde a excitação ou a energia absorvida, passa de um
estado energético mais elevado para outro menos elevado, ao fazer isso ele
emite energia na forma de radiação electromagnética.
Quanto maior é o salto energético que o electrão realiza ao deslocar-se de
uma órbita mais externa para outra mais interna, maior é a frequência do fotão
emitido (e menor seu comprimento de onda) e maior é a energia emitida.
As partículas excitadas têm uma duração relativamente curta. Após
aproximadamente 10-8 segundos elas retornam ao estado fundamental e a
energia é devolvida ou em forma de calor (mais frequente), ou a espécie
excitada sofre uma transformação química (reacção fotoquímica) ficando a
energia retida no sistema, ou em outros casos, a radiação é reemitida como
fluorescência ou fosforescência.

Fig.3- Absorção e emissão de energia

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- Em espectrofotometria de absorção ou de emissão, usa-se com frequência
as radiações ultravioletas e visíveis para determinação da concentração de
espécies químicas em amostras analíticas coradas (coloridas).

2.2. ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO ULTRA-VIOLETA E VISÍVEL

Para que uma substância seja capaz de absorver a radiação


electromagnética a um dado comprimento de onda nas regiões ultravioleta ou
visível do espectro electromagnético; deve possuir grupos cromoforos na sua
estrutura química capazes de absorver essas radiações e promover transições
electrónicas.

Grupos cromoforos: São grupos funcionais que possuem insaturação ou


pares de electrões móveis que apresentam absorção característica na região
ultravioleta ou do visível do espectro electromagnético. Veja alguns exemplos
de transições electrónicas na tabela 5 a seguir:

• Outros exemplos de grupos cromoforos:

- O grupo carboxilo (- COOH): absorve na região entre 200 – 210 nm

- Aldeido (-CHO): 210; 280 – 300nm, Amino (-NH2): 195nm


- Brometo (-Br): 208nm, Dissulfeto (-S-S-): 194; 255nm
- Éster (-COOR): 205nm, Éter (-O-): 185nm, Nitro (-NO2): 210nm
- Nitroso (-NO): 302nm, Tiocarbonila (=C=S-): 205nm,
- Tioeter (-S-): 194; 215nm, Tiol (-SH): 195nm.

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Obs: Na prática, a região do UV-Vis importante para a espectrofotometria no
UV-Vis vai de 180 a 780 nm.

2.2.1. Espectros

As características de absorção ou de emissão de uma espécie química é


convenientemente descrita por meio de um espectro, gráfico em forma de picos
ou bandas que descrevem a intensidade da luz, absorvância, transmitância e
absortividade em função do comprimento de onda, número de onda, frequência
da radiação etc.

- Espectros de absorção

As características de absorção de uma espécie são convenientemente


descritas por meio de espectro de absorção que representa a variação de uma
grandeza tais como absorvância, a transmitância, a absortividade específica ou
absortividade molar em função do comprimento de onda, do número de onda
ou da frequência da radiação.

Fig.5- Espectros de absorção molecular na região Ultra-violeta e Visível

- Espectros de Emissão
A radiação emitida pelos átomos excitados ao retornarem ao estado
fundamental, pode ser exibida em espectro de emissão, como se fossem
“fotografias” das transições electrónicas dos átomos ou moléculas das espécies
químicas.

26
Temos dois tipos de espectros de emissão: De Linha ou atómico e contínuos ou
molecular.
a) Espectros de linhas ou atómico
É composto por uma série de linhas estreitas paralelas correspondentes a
cada comprimento de onda emitido geradas pela excitação de átomos
individuais do elemento químico na fase gasosa. São emissões de REM na
região do visível e UV e é tanto mais cheio de linhas quanto maior for o número
de transições electrónicas que o átomo pode realizar. Por isso, é característico
(específico) para cada elemento, e serve para identificá-lo.

b) Espectro contínuo ou molecular

É composto por uma faixa de comprimentos de onda emitidos, formado por


uma banda sem diferenciação entre uma faixa e outra. São emissões de REM
provocadas por um sólido incandescente (filamento de uma lâmpada, por
exemplo), nas regiões do UV, visível e IF.

Fig.6- Espectros de absorção atómica e molecular

27
2.3. Análise quantitativa

2.3.1. Medida da absorção (absorvância)

A medida da absorção (A) é feita através de um instrumento analítico de


medida chamado espectrofotómetro. Neste, selecciona-se o comprimento de
onda (na região ultravioleta ou visível), no qual a espécie em estudo possui a
sua máxima capacidade de absorção. A resposta deste estímulo é dada no
monitor do instrumento na forma de transmitância ou de absorvância. O
valor da transmitância ou de absorvância dependerá da intensidade da
radiação incidente (P0) e da radiação transmitida pela solução (P). O anti-
logaritmo do quociente (P/P0) é a transmitância da solução.

P
T=
Po (I)

Em que T é a transmitância da solução, P e Po representam respectivamente


a intensidade ou potência da radiação transmitida e a intensidade ou
potência da radiação incidente.

A transmitância é frequentemente expressa em percentagem:


P
%T = 100%
Po (I.1)

A absorvância e a transmitância são inversamente proporcionais; Quanto


Po
maior a transmitância, menor a absorvância: A = − log 10 T = log (II)
P

28
Fig.7- Representação gráfica para soluções de KMnO4 em λ = 545 nm e um caminho óptico de 1 cm.

a) Representa a curva %Transmitância versus c


b) Representa a curva Absorbância versus c

2.3.1.1. Medida experimental da absorvância e transmitância

A medida da absorvância e transmitância é feita em recipiente transparente


que é habitualmente chamado por célula fotométrica ou simplesmente célula.

Todas as medidas (padrões e amostras) devem usar-se células o mais


“parecidas” possíveis; para compensar as perdas da radiação ou potência
incidente por reflexão e espalhamento:

Fig.12- Perdas por reflexão e por dispersão

Para compensar esses efeitos, compara-se a potência do feixe transmitido


pela solução com a do feixe transmitido por mesmo recipiente contendo um
líquido chamado “solução em branco” ou “o branco”1 que é o solvente puro

1
É chamada também solução de referência.

29
ou solvente e todos outros reagentes excepto a espécie em análise. Assim, a
transmitância ou absorvância medida é obtida por equações:
Psolução P
T= 
Pbranco P0
Pbranco P
A = log  log 0
Psolução P
Daqui por diante, os símbolos P0 e P referem-se a potência da radiação
depois de ter atravessado as células contendo o branco e a solução
respectivamente.

• Leitura da transmitância ou absorvância num Instrumento de feixe


simples

- No instrumento de feixe simples, o feixe de radiação que emerge ao

monocromador ou ao filtro passa através de uma célula de absorção e depois,


incide no detector. Devido a esta construção, a medida das absorvâncias ou
transmitância é feita da seguinte maneira:
• Ajustar o comprimento de onda desejado. Utilizar o sistema
compensador para levar a leitura do aparelho a 0%T ou absorvância infinita
quando o detector fica no escuro. (Ajustamento do 0%T).

• Ajustar o aparelho para a leitura de 100%T ou A = 0 colocando-se no


feixe radiante uma célula de referência contendo a solução não absorvente (o
branco) (Ajustamento de 100%T).

• Remover a célula de referência e colocar no feixe radiante a célula


contendo a solução cuja absorvância se pretende medir. Tomar a leitura.

- A flutuação do potencial da fonte de alimentação afecta fortemente a


potência do feixe radiante, por isso, deve-se repetir os 3 passos citados em cada

30
medida da absorvância ou da transmitância de uma solução qualquer que seja,
padrão ou amostra.

• Instrumento de feixe duplo

- A luz fornecida pelo filtro ou monocromador atravessa alternadamente


a solução de referência e a amostra por meio de um interruptor giratório
que assegura uma intensidade e distribuição idêntica de 2 feixes.

Fig.11- Esquema do (espectro)fotómetro de feixe duplo

2.3.2. LEIS FUNDAMENTAIS DA ABSORÇÃO DA RADIAÇÃO


ELECTROMAGNÉTICA

Os métodos espectrofotométricos baseiam-se em duas leis


fundamentais da absorção química: A lei de Bouguer - Lambert e a
lei de Beer

31
- Partindo do princípio que: A quantidade de radiação absorvida ∝⨉c pode

concluir-se que a quantidade de radiação absorvida é uma função linear da

concentração: A = f(c)

Fig.13- Relação da quantidade de radiação absorvida (A) com a concentração do analito

Desta relação obtém-se: A = a b C (III)


A= absorvância
a= absortividade molar (ε: L mol -1cm-1)
b= caminho ou percurso óptico (cm)
C= concentração em (mol L-1ou g/L)
• Lei de Beer combinada (Lei fundamental da absorção de radiação)

- A lei de Beer combinada é frequentemente representada por:

A=abc ou A= bc

- Lambert estudou a transmissão de luz por sólidos homogéneos e Beer


estendeu o trabalho de Lambert ao estudo de soluções.

Pode-se apresentar as conclusões dos dois pesquisadores na forma de uma lei


conhecida como a Lei de Beer - Lambert da seguinte forma:

- A um dado comprimento de onda e para uma dada substância, a absorvância


é directamente proporcional à concentração da espécie absorvente, para a
mesma espessura é proporcional à espessura quando se fixa a concentração.

32
A = ∝C ou A = kc (Beer) e A = ∝b ou A = kb (Lambert)

Onde: c – concentração e b – caminho ou percurso óptico

2.3.2.1. Absortividade

O coeficiente de proporcionalidade a denomina-se absortividade. A


absortividade a é o valor da absorvância por unidade de concentração e por
unidade de espessura.

A absortividade a é uma propriedade da substância (propriedade


intensiva) e depende do comprimento de onda da radiação, da natureza da
substância absorvente e da natureza do solvente no caso de soluções. A
temperatura afecta às vezes a absortividade.

Em dependência da unidade da concentração, utilizam-se diferentes


termos. Para a concentração expressa em grama por litro, a absortividade é
chamada de absortividade específica e designada também por a. Quando a
concentração é molar, este coeficiente de proporcionalidade se denomina por
absortividade molar (). É evidente que a absortividade molar é igual ao
produto da absortividade específica por massa molar do absorvente.

 = a (l g −1cm−1 )  M (g mol −1 )

2.3.3. Determinação da concentração em espectrofotometria de


absorção no Uv-Visível

O cálculo da concentração com base nos valores da absorvância medida pode


ser feito de várias maneiras dentre os quais temos: os métodos de cálculo
absoluto, métodos do gráfico e métodos comparativos ou analíticos (curva de
calibração e adição de padrão).

33
2.3.3.1. Cálculo da concentração. Método da curva de calibração

Em princípio, basta medir nas mesmas condições a absorvância de uma


solução padrão de concentração Cp e da solução amostra de concentração Cx
obtendo-se assim os valores Ap e Ax respectivamente. Então:

Ax
Ap = a.b.Cp Ax = a.b.Cx e Cx = Cp
Ap

Com objectivo de minimizar a influência dos erros experimentais


encontrados em cada operação tais como o erro em calibração da pipeta, do
balão aferido, em pesagem, na leitura etc. Aplica-se o método de curva de
calibração.

2.3.3.2. Preparação da curva de calibração

Prepara-se uma série de soluções coradas de concentração crescente do


padrão adicionando volumes adequados da solução padrão-mãe, outros
reagentes necessários e a água para obter o mesmo volume final de todas as
soluções. Mede-se a absorvância a um comprimento de onda cuidadosamente
seleccionado. Lança-se os resultados num gráfico da absorvância contra a
concentração do padrão.

Se os pontos experimentais ficam praticamente alinhados numa recta, o


sistema obedece ą lei de Beer no intervalo de concentração em estudo.

A concentração da amostra é calculada utilizando esta curva como se


indica na figura.

Separadamente e nas mesmas condições mede-se a absorvância da solução


amostra (Ax) e põe-se no lugar correspondente no eixo da ordenada, traça-se
uma linha paralela ao eixo de abcissas até que se cruza com a recta do gráfico.

34
Do ponto de cruzamento, traça-se uma linha perpendicular ao eixo de abcissa.
A abcissa do ponto de intercepção é a concentração do elemento em análise na
solução.

Fig.14- Curva de calibração.

Uma curva de calibração pode ser reutilizada se o controlo periódico não


descobre nenhum desvio. Geralmente, a concentrações elevadas, verifica-se um
certo desvio à lei de Beer, contudo é possível aproveita esta curva caso não haja
outra alternativa.

- Tratamento dos valores experimentais por método de mínimos


quadrados2

Os dados obtidos durante a preparação da curva de calibração podem


tratados por método de mínimos quadrados para obter a equação da “melhor
recta”. Supõe-se que existe uma relação linear entre uma grandeza mensurável
3 y e a concentração c quer dizer

y = A + B x (4)

Onde A é uma constante chamada a ordenada na origem e B é o declive da


recta (o coeficiente angular; o coeficiente de proporcionalidade). Além disso,

2
Ver a Química Analítica Quantitativa.
3
A absorvância é uma das grandezas mensuráveis
4
Na maioria das máquinas de cálculo de bolso, a equação da melhor recta é representada nesta forma; em muitos
livros da Química Analítica, usa-se a forma A = m×c + b onde A é a absorvância.

35
qualquer desvio dos pontos individuais com respeito a linha recta provenha só
do erro da medida de y o que significa que não existe nenhum erro nos valores
de x.

Exemplo:
A concentração do Fe(II) na forma do complexo 1,10- fenantrolina nas
soluções de uma série de padrão é dada na tabela. Trata-se 25,0 ml da solução
amostra de mesma maneira e volume final é de 50,0 ml. A absorvância é
medida a 510 nm na célula de 10 mm. Vem:
concentração de Fe(II) Absorvância a 510 nm

na solução, ppm. b = 10 mm

2,00 0,164
5,00 0,425
8,00 0,628
12,00 0,951
16,00 1,260
20,00 1,582

➢ Construir a curva de calibração.

➢ Deduzir a equação da melhor recta.


➢ Calcular a concentração de Fe2+ na amostra se a absorvância é o médio
de 3 medidas sabendo que A1 = 0,102; A 2 = 0,237; A3 = 0,858; A4 = 1,830
(em amostras diferentes).

Solução: A equação da melhor recta achada por método de mínimos quadrados


por meio de um calculador de bolso é:

A = 0,0148 + 0,07812 C r = 0,99978

36
- A Curva de calibração é construída abaixo:

Absorvância
1.800

1.600

1.400

1.200

1.000

0.800

0.600

0.400 y = 0.07812x + 0.01478


0.200 R² = 0.99956
0.000
0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
Concentração de Fe(II), ppm

Fig.15-. Curva de calibração na análise do Fe(II) com 1,10-fenantroléina

• Conclui-se que a recta passa realmente pela origem.

➢ O cálculo da concentração de Fe2+nas soluções amostras é


determinado através das seguintes expressões:
𝐴𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 −0,01478
a)[𝐹𝑒 2+ ] = , na solução diluída
0,07812

[𝐹𝑒 2+]×50,00 𝑚𝐿
b) [𝐹𝑒 2+ ]𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 = 25,00 𝑚𝐿

-A concentração das soluções de amostras após o tratamento é de: 1,12, 2,84;

10,8 e 23,23 ppm respectivamente.

2.3.3.3. Cálculo da concentração. Método de adição de padrão

Quando na solução amostra há substâncias interferentes, a


determinação se toma inexacta ou impossível. A eliminação das interferências
pode ser feita recorrendo a uma separação tais como a precipitação, a extracção
por solvente líquido; a separação cromatográfica etc. O uso das substâncias

37
mascarantes é bastante frequente. Caso os efeitos de interferência forem
fracos, prefere-se utilizar o método de adição de padrão.

Como se procede? Prepara-se varias soluções, todas elas contêm a mesma


parte alíquota de solução amostra e concentrações diferentes do padrão
adicionado. Mede-se a absorvância de cada solução a um comprimento de onda
bem seleccionado. A representação gráfica da absorvância contra a
concentração do padrão adicionado é uma recta que não passa pela origem por
que a absorvância correspondente a concentração nula do padrão adicionado é
a absorvância da solução amostra. O valor da concentração da amostra é dado
por valor da abcissa na origem.

O método pode aplicar-se com tanta mais precisão quanto maior for o
número de soluções utilizadas.

A aplicação do método de adição de padrão requer que as soluções


obedeçam à lei de Beer. Pode-se utilizar o método de mínimos quadrados para
achar a equação da melhor recta.

A = b + m. C

A concentração na amostra tratada é calculada por:

b
Cx =
m

Cx neste contexto é só a concentração da substância em análise na solução


obtida depois dos tratamentos. A concentração na amostra deve ser calculada
por:

Vamostra
Cox = Cx 
Valíquota

38
Absorvância

A2

A1

A0

Cx 0 Cp,1 Cp,2 Concentração do padrão

Fig.16- Gráfico no método de adição de padrão

Exemplo:

Transferem-se para os balões aferidos de 50,0 ml por meio de pipeta as


alíquotas de 10,0 ml de uma amostra de água. Adicionam-se com cuidado a
cada balão 0,00; 5,00; 10,00; 15,00; 20,00 ml da solução padrão de 11,1 ppm em
Fe(III). Em seguida, acrescentam-se um excesso de tiocianato para dar o
complexo vermelho Fe(SCN)2+ e diluem-se a 50,0 ml. As absorvâncias medidas
possuem valores de 0,240; 0,437; 0,621; 0,809 e 1,009 respectivamente na
célula de 0,982 mm.

- Calcular a concentração do Fe3+ em água,

Solução. O problema pode resolver-se de várias formas: método gráfico;


método analítico. Para achar a equação da melhor recta, pode-se calcular a
concentração do padrão adicionado em cada solução. Contudo, é possível
considerar como variáve1 o volume do padrão adicionado. A equação da melhor
recta achada tem a forma:

A = 0,2412 + 0,0382 Vp r = 0,9999

A concentração do Fe(III) na amostra é equivalente a adição de

0, 2412
= 6,314 ml da solução padrão.
0,00382

39
0,2412  11,1ppm
C0x = = 7,01 ppm
0,00382  10,0

Determinção do Fe em água. Método de adição


de padrão

Absorvãncia
1.200

1.000

0.800

0.600

0.400
y = 0.0382x + 0.2412
0.200 R² = 0.9998

0.000
-10.00 0.00 10.00 20.00 30.00

Volume do padrão adicionado

Fig: Representação gráfica dos dados da experiência


A  Cp
Como: C 0x =
B  Vx

Pode-se assumir que as incertezas do Cp; do Vp; do Vt são desprezíveis em


comparação com as do A e de B da equação da melhor recta.

2.4. Limitações da lei de Beer

A lei de Bouguer – Lambert, quer dizer a proporção directa entre a


absorvância e o percurso óptico é sempre verificada. Contudo são
frequentemente encontrados os desvios da variação linear entre a absorvância
medida e a concentração quando o percurso óptico b é constante.

40
- O afastamento aparente dos dados experimentais em relação à lei de Beer,
quer dizer em relação à linha recta que representa a variação da absorvância
em função da concentração, é chamado desvio.
 = A medida - A

O desvio pode ser positivo ou negativo. Alguns desses desvios são


fundamentais e representam as limitações da lei de Beer. Os desvios da lei de
Beer classificam-se em desvios instrumentais e desvios químicos.

2.4.1. Limitações próprias da lei de Beer

- A lei de Beer descreve satisfatoriamente a absorção do meio que contém as


concentrações bastante baixas dos absorventes (c <0,01 M). Neste sentido, é
uma lei limite.

- Às elevadas concentrações, usualmente maior do que 0,01M, a distância


média entre as espécies responsáveis por absorção diminui e chega a um
ponto que afecta a distribuição de carga das espécies vizinhas. Esta
interacção, por sua vez, faz variar a possibilidade das espécies absorverem,
a um dado comprimento de onda da radiação. Como o grau de interacção
depende da concentração, a ocorrência desse fenómeno provoca desvios de
linearidade da lei de Beer. Esse efeito encontra-se as vezes no meio contendo
as baixas concentrações de absorvente mas elevadas concentrações de outras

41
espécies, particularmente dos electrólitos. Os iões não absorventes ao
aproximar-se das partículas do absorvente alteram a absortividade do
último devido à interacção electrostática. Esse efeito dos electrólitos pode ser
minimizado pela diluição.

Há uma outra causa dos desvios à lei de Beer. Para concentrações


bastante elevadas, o índice de refracção  do meio absorvente varia em função
da concentração. Esta variação pode afectar o valor da absortividade e por isso,
conduzir a um desvio à lei de Beer.

2.4.2. Desvios aparentes químicos

- Aparecem os desvios aparentes químicos à lei de Beer quando a substância


em análise se dissocia, se associa ou reage com o solvente formando-se os
produtos que possuem os espectros de absorção diferentes do espectro da
substância em análise.

• Um exemplo típico é a solução aquosa de um indicador ácido/base HIn.


A variação da cor é associada ao deslocamento do equilíbrio:
HIn  H+ + In-

cor 1 cor2
Ambas formas do indicador absorvem a radiação utilizada para medir a
absorvância (transmitância) e por consequência nem sempre a absorvância é
proporcional à concentração total do indicador. Em outras palavras, verifica-se
um desvio à lei de Beer.

• Um outro exemplo é a solução do ião cromato CrO42–. Em solução aquosa,


o ião cromato pode sofrer as seguintes reacções:

2CrO42– + 2H+  Cr2O72– + H2O

42
max=375 nm max=350 e 450 nm
Se houver elevada concentração de H+ ou de OH–, o equilíbrio fica totalmente
deslocado a direita ou a esquerda respectivamente. Portanto a lei de Beer é
verificada. Mas à concentrações moderadas do H+, a absorvância não é
directamente proporcional a concentração total do crómio (devido ao equilíbrio
entre as duas formas). Nesta situação diz-se que ocorreu um desvio químico à
lei de Beer.

O mesmo efeito se encontra na solução aquosa do cloreto de cobalto dissolvido


em ácido clorídrico. Na solução, estão presentes os iões Co(H2O)62+ de cor rósea
e CoCl42– de cor azul:
Co(H2O)62+ + 4Cl–  CoCl42– + 6H2O

- Essa reacção provoca desvio à lei de Beer.

2.4.3. Desvios instrumentais

- Os desvios instrumentais são aqueles que se originam da maneira de


que a medida da absorvância é feita. O uso da radiação policromática,
a presença das radiações parasitas é 2 causas principais do desvio
instrumental.

Exemplos de situações que desencadeiam os erros instrumentais:

- Desgaste nos fotodetectores


- Troca de lâmpada por outra não correspondente

43
2.5. Vantagens e campo de aplicação da espectrofotometria de
absorção no UV e no Visível

A espectrofotometria de absorção no ultravioleta e visível é uma das


ferramentas mais amplamente utilizadas para a análise quantitativa. Entre
as características mais importantes deste método, citamos as seguintes:

 As grandes aplicações. Um grande número de substâncias inorgânicas


e orgânicas absorvem nas regiões ultravioleta e visível portanto são
susceptíveis de ser determinadas quantitativamente. Muitas substâncias, elas
próprias não absorvem nas citadas regiões mas depois de ser tratadas por um
reagente adequado e podem se tornar absorventes.

 A elevada sensibilidade. Frequentemente, as absortividades molares


variam entre 5.000 e 40.000, particularmente para os complexos de
transferência de carga de espécies inorgânicos. Estas elevadas absortividades
permitem os limites de detecção no intervalo de 10-4 a 10-5 mol/l. Uma
modificação adequada no procedimento de análise possibilita ampliar a
sensibilidade a 10-6 mesmo a 10-7 M.

 A selectividade entre moderada e alta. Caso haja um comprimento de


onda a onde a substância em análise é a única espécie absorvente na amostra,
não é necessária uma prévia separação. Além disso, quando se encontra um
alargamento da banda de absorção, pode-se fazer as correcções baseadas na
medida a outros comprimentos de onda.

 Boa exactidão. O erro relativo numa medida espectrofotométrica ou


fotométrica típica fica na ordem de 1 a 3%. As técnicas especiais permitem
frequentemente reduzir o erro relativo a poucas decimais por cento.

 A facilidade e a comodidade. As medidas espectrofotométricas com os


aparelhos modernos são rápidas e cómodas. Além disso, a medida pode ser
automatizada.

44
• Consegue responder?

1. O que entende por Química Analítica? Classifique e subdivida os


métodos analíticos de determinação quantitativa.

2. Sobre os métodos instrumentais diga:

a) Em que consistem?

b) Classifique-os.

3. Que parâmetros são avaliados para analisar a eficiência de


funcionamento de um instrumento analítico de medida? Explique
resumidamente cada um deles.

45
4. Qual é a diferença entre radiação electromagnética e espectro
electromagnética.

5. Apresente as regiões do espectro electromagnético em função do


comprimento de onda. Indique no espectro, as regiões de altas e baixas
frequências de radiação e justifique!

6. Que comprimento de onda (Λ) deve-se seleccionar a um


espectrofótometro de absorção molecular no UV-Visível, para que este
produza uma resposta analítica sobre uma amostra contendo uma
solução avermelhada de [Fe(CNS)6]3-, sabendo que a frequência da
radiação incidente é de 4,62⨉1010 hertz? - Converta o comprimento de
onda (Λ) de metro (m) para nanómetro (nm).

7. Determine as frequências da radiação emitida, quando se emana fogos


de artifícios sobre o céu, usando uma substância orgânica inflamável
multifuncional (-OH, -NO2, -N=N-) sabendo que estes absorvem à 890 Aº;
5750 pm e 620 nm respectivamente.

8. Que frequência de radiação de obtém, ao emitir uma radiação com


comprimento de onda de 460 nm?

9. Que quantidade de energia uma solução contendo um complexo corado


absorve, ao estimula-la com uma radiação com comprimento de onda de
1567 Aº (Ângstron)?

46
2.4.3. Instrumentação

• Fotómetro ou Espectrofotómetro?

- O termo colorímetro é geralmente restrito aos instrumentos visuais e


fotoeléctricos mais simples para a região visível. O termo espectrofotómetro
usa bandas de comprimentos de onda mais estreitos, produzidas por um
monocromador. Todas as formas devem ter certas características e
componentes em comum; alguns dos instrumentos mais simples podem omitir
um ou mais itens, e a sequência na qual a radiação passa de um item para o
outro não é a mesma.
- Na COLORIMETRIA VISUAL usa-se como fonte a luz branca natural ou
artificial. As determinações são feitas num instrumento chamado
COLORÍMETRO OU COMPARADOR DE CORES.

- Na ESPECTROFOTOMETRIA a fonte de radiação emite da região visível até


a região UV (160 a 780 nm) do EEM o que necessita de um instrumento mais
complicado e por isso, mais caro – o ESPECTROFOTÔMETRO.

47
Em geral, os espectrofotómetros são instrumentos compostos por um conjunto
de componentes do seguinte tipo:
- Uma fonte de radiação electromagnética
- Um conjunto de componentes ópticos que levam esta radiação até a
amostra
-Um compartimento de amostra e um ou mais detectores que medem a
intensidade de radiação.

Fig.8- Esquema simplificado de um espectrofotómetro

Fig.8.1- Esquema em bloco de um espectrofotómetro

48
2.4.3.1. Espectrofotómetros de feixe simples e de feixe duplo

Fig.9- Espectrofotómetro de feixe simples(a) e de feixe duplo (b)

1) Fonte de luz - A fonte de radiação utilizada na absorção ou na


fluorescência deve produzir um feixe com potência suficiente para
facilitar a detecção e a medida. A fonte deve produzir um feixe estável
que permite medir P0 e P. Só nestas condições, a medida da absorvância
é reprodutível. A fonte espectroscópica pode ser fonte contínua ou fonte
de linhas. A primeira fonte emite as radiações de todos os comprimentos
de onda da região de espectro em questão. A fonte de linhas emite uma
ou mais riscas muito estreitas com comprimento bem conhecido.

49
2) Selector de comprimento de onda – permite isolar uma banda muito estreita
de radiação. É necessário notar que nenhum selector é capaz de produzir
a radiação de um único comprimento de onda.

- Existem 2 tipos de selectores de comprimento de onda: o filtro e o


monocromador. O monocromador tem as vantagens de produzir as radiações
mais monocromáticas de comprimento contínuo numa gama espectral larga.
Os filtros são muito simples, baratos.

Os filtros isolam de uma fonte contínua as radiações de uma banda


estreita absorvendo as radiações restantes. Há 2 tipos de filtro: filtro de
interferência filtro de Fabry-Perrot) e filtro de absorção.

O filtro de absorção consiste geralmente em placa de vidro colorido que


por absorção remove uma parte da radiação incidente. A largura da banda das
radiações transmitidas por filtro de absorção é muito maior do que a do filtro
de interferência e varia de 35nm a 250 nm.

3) Células - São feitas de materiais transparentes à radiação na região


espectral de trabalho. Têm a forma rectangular, com uma largura óptica
de 1 cm. Para o uso de soluções aquosas existem células baratas de
poliestireno. As células padrão são feitas em vidro, para operar nos
comprimentos de onda de 340 a 1.000 nm (visível), mas para operar em
comprimentos de onda mais baixos (até 185 nm, UV), as células devem
ser feitas de sílica ou de quartzo.

As espessuras das células variam de 1 a 10 cm. As células de absorção devem


manter-se rigorosamente limpas, pois tanto as impressões digitais como restos
de amostras anteriores podem ser, causas de erros consideráveis nas
determinações quantitativas.

50
4) Detectores - Dispositivos sensíveis capazes de responder rapidamente
numa larga gama de comprimentos de onda, produzir um sinal eléctrico
que possa ser facilmente amplificado e tenha um pequeno ruído de fundo.

Fig.10- Detectores

2.4.3.2. Espectrofotómetros

Os espectrofotómetros utilizam monocromadores para isolar uma banda


espectral desejada, empregado no intervalo do visível ao UV. O campo de
trabalho deste instrumento se estende de 220 nm a 1000 nm e dispõe de 2
fontes de radiação:
- Uma lâmpada de hidrogénio ou deutério para a região UV, e uma lâmpada
de tungsténio para o visível e infravermelho. O instrumento tem dois fototubos,
um para ser usado acima de 600 nm e outro, abaixo de 600 nm.

51
- O monocromador é constituído por um prisma de quartzo ou uma rede de
difracção. Ao deixar o monocromador, o feixe de radiação é reflectido por uma
série de espelhos para atingir o obturador electromecânico.

- Mecanismo de funcionamento: A luz é emitida da lâmpada (2), purificada


nos filtros (3) e condensada sobre a fenda de entrada (4). O feixe de luz
atravessa a fenda de entrada e é reflectido pelo espelho plano, sendo
condensado pelo espelho colimador sobre a rede de difracção (5), que obtém-se
a varredura dos comprimentos de onda. O feixe de luz que passa pela fenda de
saída atravessa o compartimento de amostras (7) – cubeta – e atinge o detector
(8).

• Tipos de espectrofotómetros e custos de compra

Espectrofotómetro para a região visível: projectados para operar no intervalo


de λ de 380 a 800 nm, simples construção, de feixe único e rede de difracção,
relativamente baratos (< U 1.000 até U$ 3.000), resistentes e portáteis.
Aplicação mais comum é a análise quantitativa. Possui fonte de filamento de
tungsténio, rede de difracção simples, célula fotoeléctrica.

- Espectrofotómetros para a região UV/visível: faixa de medição de λ de 190 a


210 nm (extremo inferior) e 800 a 1.000 nm (extremo superior), equipado com
lâmpadas intercambiáveis de tungsténio e hidrogénio ou deutério, tubos
fotomultiplicadores e redes de difracção, leitura digital. Seu preço varia de U$
2.000 a U$ 8.000.

- Espectrofotómetros computadorizados: operam na região de 190 a 800 nm de


λ, com varredura de λ. As amostras são lidas e as absorvâncias calculadas com
a ajuda de softwares.

52
- Pó sobre a ampola da lâmpada
- Uso de filtros de outros aparelhos. Cada vez que se troca um filtro, o
instrumento deverá ser recalibrado.
- Uso de tubos de vidro comum ao invés de cubetas especialmente fabricadas
para o aparelho
- Perda de calibração do comprimento de onda

- Flutuações na fonte de radiação.

• Consegue responder? (Parte 2)


1. Enuncie a lei de Beer combinada e escreva a equação desta.

2. Qual é a diferença entre a absortividade específica e a absortividade molar


de um absorvente?

3. Define os termos: espectro de absorção de um absorvente; o máximo de


absorção?

53
4. Porquê é aconselhável medir a absorvância (ou transmitância) de uma
substância no seu máximo de absorção? Justifique!

5. Uma solução contendo 8,75 ppm de KMnO4 apresenta uma transmitância


de 0,743 em uma célula de 1,00 cm a 520 nm. Calcular a absortividade molar
do KMnO4.

6. O berílio (II) forma um complexo com a acetilacetona (166,2 g mol_1).


Calcular a absortividade molar do complexo, dado que uma solução 1,34
ppm apresenta uma transmitância de 55,7% quando medida em uma célula
de 1,00 cm a 295 nm, o comprimento de onda de máxima absorção.

7. A 580 nm, o comprimento de onda de seu máximo de absorção, o complexo


FeSCN2+ apresenta uma absortividade molar de 7,00⨉103 L cm_1 mol_1.

Calcule: (a) A absorvância de uma solução 3,75 ⨉10-5 mol L-1 do complexo a

580 nm em uma célula de 1,00 cm.


(b) A absorvância de uma solução na qual a concentração do complexo é duas
vezes aquela do item (a).
(c) A transmitância das soluções descritas nos itens (a) e (b).
(d) a absorvância de uma solução que apresenta a metade da transmitância
daquela descrita no item (a).
8. Uma alíquota de 5,00 mL de uma solução que contém 5,94 ppm de ferro (III)
é tratada com um excesso apropriado de KSCN e diluída para 50,00 mL.
Qual é a absorvância da solução resultante a 580 nm em uma célula de 2,50
cm; considerando que a absortividade da espécie absorvente é ….

9. Uma solução contendo o complexo formado entre Bi (III) e a tiouréia


apresenta uma absortividade molar de 9,32 ⨉103 L cm_1 mol_1 a 470 nm.
(a) Qual é a absorvância de uma solução 6,24⨉10_5 mol L_1 do complexo a 470
nm em uma célula de 1,00 cm.

54
(b) Qual é a porcentagem de transmitância da solução descrita no item (a).
(c) Qual é a concentração molar do complexo em uma solução que apresenta a
absorvância descrita no item (a) quando medida a 470 nm em uma célula de
5,00 cm.

10. Avalie as quantidades que faltam na tabela a seguir. Quando necessário,


use o valor 200 como massa molar do analito.

11. Transferem-se para os balões aferidos de 50,0 ml por meio de pipeta as


alíquotas de 10,0 ml de uma amostra de água. Adicionam-se com cuidado a
cada balão 0,00; 5,00; 10,00; 15,00; 20,00 ml da solução padrão de 11,1 ppm
em Fe(III). Em seguida, acrescentam-se um excesso de um reagente para
dar o complexo vermelho e diluem-se a 50,0 ml. As absorvâncias medidas
possuem valores de 0,240; 0,437; 0,621; 0,809 e 1,009 respectivamente na
célula de 10,0 mm.
- Calcular por um método adequado a concentração em mg/L do Fe3+ em
água.

55
12. Um composto X deve ser determinado por espectrofotometria UV/visível.
Uma curva de calibração é construída a partir de soluções padrão de X com
os seguintes resultados: 0,50 ppm, A=0,24; 1,5 ppm, A=0,36; 2,5 ppm,
A=0,44; 3,5 ppm, A= 0,59; 4,5 ppm, A = 0,70. Uma amostra de X forneceu
uma absorvância igual a 0,50 nas mesmas condições de medida dos padrões.
Encontre a inclinação e a intersecção da curva de calibração, o erro padrão
em y, a concentração da amostra de X de concentração desconhecida, o
desvio padrão na concentração de X. Construa um gráfico da curva analítica
e determine, manualmente, empregando o gráfico, a concentração da
amostra.

13. Uma forma comum de determinar fósforo em urina consiste em tratar a


amostra, com molibdénio (VI) após se remover as proteínas, e então reduzir
o complexo 12- molibdofosfato com ácido ascórbico para fornecer uma
espécie de cor azul intensa. A absorvância do azul de molibdénio pode ser
medida a 650 nm. Um paciente produziu 1.122 mL de urina em 24 horas.
Uma alíquota de 1,00 mL da amostra foi tratada com Mo (VI) e ácido
ascórbico e foi diluída para um volume de 50,00 mL. Uma curva analítica
foi preparada tratando-se alíquotas de 1,00 mL de soluções padrão de fosfato
da mesma forma que a amostra de urina. As absorvâncias dos padrões e da
amostra de urina foram medidas a 650 nm, obtendo-se os seguintes
resultados:

56
a) Encontre a inclinação, o intercepto e o erro padrão em y da curva de
calibração. Construa um gráfico da curva de calibração. Determine a
concentração em ppm de P na amostra de urina e seu desvio padrão a partir
da equação da recta obtida por mínimos quadrados. Compare a concentração
desconhecida com aquela obtida manualmente por meio do gráfico da curva
de calibração.
(b) Qual massa, em gramas, foi eliminada pelo paciente por dia?
(c) Qual é a concentração de fosfato na urina em mmol/L

III. Espectroscopia Atómica

• Introdução

A espectrofotometria atómica é um método que conjuga três técnicas com uso


Analítico, a saber: a emissão atómica, a absorção atómica e a fluorescência
atómica. São usadas em determinações qualitativas e quantitativas de
aproximadamente 70 elementos.

57
A sensibilidade destes métodos atinge tipicamente gamas de concentração
na ordem dos ppm (partes por milhão) ou até mesmo ppb (partes por bilião).
Outras vantagens destes métodos são a rapidez, a elevada selectividade e
custos relativamente moderados.
O estudo espectrofotométrico através da aplicação da radiação ultravioleta
ou visível só é possível se estes se encontrarem no estado gasoso, onde os
átomos ou iões encontram-se bem separados uns dos outros.
Consequentemente, o primeiro passo de todos os procedimentos da
espectroscopia atómica é a atomização, ou seja, o processo a partir do qual a
amostra é volatilizada e decomposta de forma a produzir um gás composto por
átomos. A eficiência e reprodutibilidade do passo de atomização determinam
em grande parte a sensibilidade, precisão e exactidão do método; é por isso que
é o passo mais crítico da espectroscopia atómica.
• Em síntese:

Passos envolvidas nas análises usando a Espectrofotometria Atómica

58
• Absorção atómica – ocorre a partir de átomos no estado
fundamental.
• Emissão atómica – ocorre a partir de átomos no estado excitado.

3.1. Espectrofotometria de Absorção Atómica (EAA)

A Espectrofotometria de Absorção Atómica é uma técnica analítica de


detecção qualitativa e determinação quantitativa de determinados elementos,
recorrendo à absorção de radiação pelos átomos no seu estado gasoso.

59
A sua elevada sensibilidade, torna este método adequado para a análise
de microelementos ou elementos vestigiais, presentes como impurezas ou
como componentes normais de amostras.

• Quando a radiação com um comprimento de onda adequado incide


num grupo de átomos livres, no seu estado fundamental, os átomos
podem absorver essa radiação, passando estes para um estado
excitado (Absorção Atómica).

A espectrofotometria de absorção atómica é responsável pela medição da


quantidade de radiação absorvida por um átomo no estado gasosa.
Neste método a substância em estudo na amostra é decomposta em átomos por
meio de uma chama, um forno ou plasma.

60
- A relação entre os átomos no estado fundamental e no estado excitado, em
função da temperatura do sistema de atomização, pode ser obtida pela equação
𝑁1 𝑔
de Boltzmann: = 𝑔1 × 𝑒 −∆𝐸/𝐾×𝑇
𝑁0 0

𝑁1 - Número de átomos no estado excitado

𝑁0 - Número de átomo no estado fundamental


𝑔1
- Razão dos pesos estatísticos dos estados fundamentais e excitados
𝑔0

∆𝐸=hv – Energia de excitação

T- Temperatura em Kelvin (1,381×10-23J/K)


𝑁1
Não é possível medir 𝑁1 , mas sim a razão . 𝑁1 é desprezível em relação a
𝑁0

𝑁0 , em outras palavras, pode-se dizer que nas condições de trabalho da


espectrofotometria de absorção atómica a temperaturas inferiores à 3000 ºC e
comprimento de onda menores que 760 nm, praticamente todos os átomos
permanecem no seu estado fundamental, podendo absorver energia. Veja a
𝑁1
tabela: Valores da relação para alguns elementos
𝑁0

61
• Aplicação da distribuição de Boltzamann

= Dados = = Fórmula =

𝑔∗ = 2

𝑔0 = 1

T=2600K

∆𝐸 = 3,371 × 10−19 𝐽/á𝑡𝑜𝑚𝑜

3,371×10−19 J
−( )
N∗ 2 10−23 J N∗
• k= 1,381×10-23J/K
1,381× K ×2600K
= 1×e → = 1,67 × 10−4
N N

Este valor, indica que no sistema há relativamente pouquíssimos átomos de


sódio no estado excitado (~0,02%).

Determinação da concentração

A concentração do analito na amostra é determinada através da medição da


radiação ultra violeta ou visível absorvida pela espécie química (átomo gasoso
no estado fundamental);

A combinação das leis de Beer e Lambert é igualmente de extrema


importância para Espectrofotometria de Absorção Atómica, pois permite
relacionara a concentração dos átomos no estado fundamental com a absorção
da radiação electromagnética monocromática; em resumo tem-se:
𝐼
A= 𝑙𝑜𝑔 𝐼0 = 𝑎 × 𝑏 × 𝑐
𝑡

62
A – Absorvância

𝐼0 - Intensidade da radiação incidente emitida pela fonte de luz

𝐼𝑡 - Intensidade da radiação transmitida (radiação não absorvida)

𝑎 - Coeficiente da absorção do meio ou absortividade

𝑏 - Espessura ou percurso óptico / volume de absorção

𝑐 - Concentração dos átomos no estado fundamental

A concentração é geralmente determinada em partes por milhão (ppm; 𝜇𝑔/𝑔)


ou ainda em partes por trilhão (ppt; pg/g). A solução do analito deve sempre
ser diluída a concentrações em ppm.
Aqui empregam-se também os métodos de cálculos de concentração
considerados na espectrofotometria de absorção molecular: Os métodos
comparativos: Curva de calibração e adição de padrão.

• Esquema síntese da instrumentação usada na espectroscopia


atómica

63
• Instrumentação fundamental para absorção atómica

64
Resumo as três áreas da espectroscopia atómica

65

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