Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Trabalho de Campo da Disciplina: Ciências Politicas


Tema: Participação política

Nome do Estudante: Ângelo João Cleto

Nome do Tutora: Lilamo Pereira

Lichinga, Agosto de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
FACULDADE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Trabalho de Campo da Disciplina: Ciências Politicas


Tema: Participação política

Nome do Estudante: Ângelo João Cleto

Nome do Tutora: Lilamo Pereira

Lichinga, Agosto de 2023


Índices
1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ............................................................................................................ 3

1.2. Metodologia ................................................................................................................. 3

2. Participação política ............................................................................................................ 4

2.1. Noção de participação política ..................................................................................... 4

2.1.1. Modalidades/tipos de participação política .......................................................... 4

2.1.2. Características dos tipos de Participação Política................................................. 5

2.1.3. Da participação eleitoral a novas formas de participação política ....................... 5

2.1.4. Tipos de participantes políticos segundo o activismo .......................................... 6

2.2. A causalidade da participação política ......................................................................... 6

2.2.1. Perfil psicológico .................................................................................................. 6

2.2.2. Condicionantes sociais ......................................................................................... 7

2.2.3. Escolha racional .................................................................................................... 7

2.2.4. Ambiente político e social .................................................................................... 7

2.2.5. Modelo de L. Milbrath ......................................................................................... 7

3. Conclusão ............................................................................................................................ 8

4. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 9


3

1. Introdução
O conceito de participação política é extremamente complexo porque inclui, ou leva em
consideração, uma variedade enorme de atividades e práticas que estão orientadas para a
política. Definição mínima de participação política: ação de indivíduos e grupos com a
finalidade de influenciar o processo político. Com base nessas considerações preliminares, o
objectivo deste trabalho é levar ao conhecimento dos estudantes as formas mais comuns de
participação política que existem, bem como o entendimento das hipóteses que ajudam a
explicar as razões que inibem ou estimulam os cidadãos a participarem da política da forma
como o fazem.

1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender sobre a participação política.

1.1.2. Específicos
 Definir o conceito de participação politica;
 Identificar os tipos de participação política;
 Explicar a causalidade da participação política.

1.2.Metodologia
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa
bibliográfica, utilizando a abordagem qualitativa, que é uma técnica de pesquisa que utiliza
como base de dados conteúdos materiais já publicados em revistas, livros, artigos e teses, assim
como também materiais disponíveis na internet.
4

2. Participação política
2.1. Noção de participação política
Conforme o contexto histórico, social e político, a expressão “participação política” se presta a
inúmeras interpretações. Se considerarmos apenas as sociedades ocidentais que consolidaram
regimes democráticos, por si só, o conceito pode ser extremamente abrangente.

A participação política designa uma grande variedade de atividades, como votar, se candidatar
a algum cargo eletivo, apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir financeiramente
para um partido político, participar de reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder
à discussão de assuntos políticos etc. De acordo com Silveira (2018), o conceito de participação
política obedece duas dimensões, nomeadamente: dimensão objectiva e dimensão subjectiva.

Na dimensão objectiva, a participação política implica acções concretas por parte dos indivíduos
face ao sistema político. Baseia-se no comportamento. Por outro lado, na dimensão subjectiva
a participação política implica predisposições para a acção por parte dos indivíduos face ao
sistema político. Baseia-se nas atitudes (Silveira, 2018, p. 27).
Em relação ao campo da cultura política, Almond & Verba (1989, cit. em Silveira, 2018)
definiram três dimensões da cultura política:

 Cognitiva: conhecimento e compreensão das regras;


 Afectiva: sentimento em relação ao sistema político (instituições e actores);
 Avaliação: juízo sobre resultados políticos do sistema.

Nesta concepção, mais importante do que a acção (participação efectiva), a participação política
exprime as atitudes face à acção (participação latente). Até porque esta define em grande
medida aquela. Entretanto, a participação política pode ser compreendida como sendo o
conjunto de acções e de comportamentos que aspiram a influenciar de forma mais ou menos
directa e mais ou menos legal as decisões de detentores do poder no sistema político (Silveira,
2018).

2.1.1. Modalidades/tipos de participação política


Silveira (2018) afirma que, quanto ao tipo de participação politica existem tres tipos que são:

 Participação convencional: tipo de participação política típica de um sistema político


democrático, ligada às eleições. Relacionada com a estabilidade.
 Participação não convencional: tipo de participação política de protesto quanto ao
funcionamento de um sistema político, sendo os meios de protesto legais ou no limite
da lei. Relacionada com a mudança.
5

 Participação ilegal: tipo de participação política de protesto quanto ao funcionamento


de um sistema político, sendo os meios de protesto contrários à lei. Relacionada com a
ruptura.

2.1.2. Características dos tipos de Participação Política


Tipos de Participação Característica
 Votar
 Participar nas actividades de um partido
 Contribuir financeiramente para um partido ou campanha
Participação  Contactar eleitos
convencional  Assinar uma petição
 Pertença a uma organização política ou para política
 Consumo activo de informação política
 Discussão de assuntos políticos
 Ocupação pacífica e construtiva de propriedades abandonadas
 Fazer greve
 Participar em manifestação
Participação não  Propagandear a abstenção ou o voto nulo
convencional  Boicotar um produto
 Organizar uma marcha lenta ou um bloqueio de trânsito
 Barricar-se em local simbólico
 Pinturas de murais
 Terrorismo
 Agredir políticos
 Destruição de propriedade de instituições (governativas,
Participação ilegal
financeiras, etc)
 Participar em piquete coactivo
 Boicotar locais de voto
Fonte: Autor (2023)

Estes são alguns exemplos de formas de participação política activa (ou seja, participação
política numa perspectiva objectiva). Numa perspectiva subjectiva, seria igualmente
participação o apoio.

Existe cada vez mais um esbatimento entre a participação convencional e não convencional,
sendo esta integrada institucionalmente e encarada como natural. Alguns autores falam por isso
apenas em “velhas” e “novas” formas de participação política, sendo as novas caracterizadas
por uma maior espontaneidade, cariz mais directo e maior visibilidade social.

2.1.3. Da participação eleitoral a novas formas de participação política


Segundo Silveira (2018), “a participação eleitoral é tida como a principal forma de participação
política. Esta visão é uma visão shumpeteriana da Democracia: os cidadãos deveriam limitar-
se a exercer o voto para escolher quem governa e a submeter-se às suas decisões” (p. 29).
6

Mas mesmo esta visão da participação política limitada ao voto, acaba na prática por envolver
outros tipos de participação associada às eleições: angariação de financiamento e de pessoas
para fazer campanha; procura de informação sobre candidatos; discussão de propostas eleitorais;
juízo de avaliação dos incumbentes e dos novos candidatos; etc (Silveira, 2018, p. 28).
Esta é a centralidade da participação eleitoral: ela desperta outros tipos de participação política.
No entanto, vários estudos empíricos têm vindo a registar um aumento recente significativo da
participação não convencional (e um decréscimo acentuado da participação convencional).

2.1.4. Tipos de participantes políticos segundo o activismo


De acordo com Silveira (2018), podemos distinguir tipos de participantes políticos com base
no seu grau de activismo político, ou seja, no seu grau de envolvimento em actividades políticas
(qual o nível de recursos que despenderam).

L. Milbrath distingue entre três tipos de participantes: gladiadores, espectadores e apáticos. “Os
termos gladiadores, espectadores e apáticos foram tirados de uma analogia com os papéis
desempenhados numa competição de gladiadores romanos. Um pequeno grupo de gladiadores
luta para agradar os espectadores, que por sua vez torcem, batem palmas e finalmente votam
para decidir quem ganhou a batalha (eleição). Os apáticos nem assistem ao show” (Silveira,
2018, p. 29).
A distribuição pela sociedade americana (anos 60) era a seguinte: gladiadores (7%);
espectadores (60%); apáticos (33%). Outra classificação é a de Kaase e Marsh (1979):

 Inactivos (apáticos): podem, no máximo, consumir passivamente informação política


e assinar uma petição quando solicitados.
 Conformistas (espectadores): utilizam apenas formas convencionais de participação
e, ainda assim, selectiva e ocasionalmente.
 Reformistas (gladiadores): empenhados activamente na utilização de formas
convencionais e não-convencionais.
 Activistas (gladiadores): empenhados activamente na utilização de formas
convencionais, não-convencionais e ilegais.
 Contestatários (gladiadores): empenhados activamente na utilização de formas não-
convencionais e ilegais.

2.2. A causalidade da participação política


2.2.1. Perfil psicológico
Influência da personalidade na predisposição para a participação (maneiras de ser, atitudes,
crenças, valores). A importância da identificação partidária (modelo de Michigan): modo como
cada indivíduo percepciona e avalia os partidos políticos. São as atitudes dos indivíduos face à
oferta partidária que vai condicionar o seu comportamento. O que está em causa é uma
7

orientação afectiva (atracção ou repulsa) que, quando existe, faz o indivíduo envolver-se mais
(Silveira, 2018, p. 30).

2.2.2. Condicionantes sociais


Os factores sociais (perfil sociodemográfico do indivíduo) são relevantes na propensão para a
participação devido às diferenças que introduzem no acesso à informação; pressões sociais;
impacto directo das decisões políticas (Lipset). Como por exemplo: profissão; nível de
rendimento; nível de escolaridade; idade; socialização política; pertença a organizações sociais
(Silveira, 2018, p. 30)

2.2.3. Escolha racional


Influência de uma análise de custo-benefício por parte de cada indivíduo para participar ou não
politicamente. O que leva um indivíduo a participar: existência de recompensas directas na
participação; uma noção de dever cívico. O que leva um indivíduo a não participar: custos de
participação demasiado elevados face aos resultados atingíveis; lógica free-rider (Silveira,
2018, p. 30).

2.2.4. Ambiente político e social


Influência de factores institucionais e conjunturais na participação política: oferta partidária;
sistema eleitoral; sistema social; conjuntura económica; conjuntura política (Silveira, 2018, p.
31).

2.2.5. Modelo de L. Milbrath


A decisão de participar ou não (e depois, se a opção for participar, a decisão de como participar)
deriva da interacção entre factores psicológicos, sociais e ambientais (não há qualquer
determinismo nos factores). O fluxo de retroacção (feedback loop) significa que a decisão de
participar (ou não participar) terá implicações nesses factores (Silveira, 2018, p. 31).
8

3. Conclusão
Conclui-se que, o conceito de participação política obedece duas dimensões: objectiva e
subjectiva. Na dimensão objectiva, a participação política implica acções concretas por parte
dos indivíduos face ao sistema político. Baseia-se no comportamento. Por outro lado, na
dimensão subjectiva a participação política implica predisposições para a acção por parte dos
indivíduos face ao sistema político. Baseia-se nas atitudes. Entretanto, a participação política
pode ser compreendida como sendo o conjunto de acções e de comportamentos que aspiram a
influenciar de forma mais ou menos directa e mais ou menos legal as decisões de detentores do
poder no sistema político.

Quanto ao tipo de participação politica existem tres tipos que são: Participação convencional:
tipo de participação política típica de um sistema político democrático, ligada às eleições.
Relacionada com a estabilidade. Participação não convencional: tipo de participação política de
protesto quanto ao funcionamento de um sistema político, sendo os meios de protesto legais ou
no limite da lei. Relacionada com a mudança. Participação ilegal: tipo de participação política
de protesto quanto ao funcionamento de um sistema político, sendo os meios de protesto
contrários à lei. Relacionada com a ruptura.
9

4. Referências Bibliográficas
Dallari, Dalmo de Abreu. (2004). O que é participação política. São Paulo: Brasiliense.

Silveira, Pedro. (2018). Introdução à Ciência Política: Tópicos orientadores de apoio


pedagógico. Universidade Beira Oriental: Covilhã.

Você também pode gostar