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Efeito da Concentração do Ácido Sulfúrico e Hipoclorito de Sódio na quebra de

Dormência das Sementes de Feijão Manteiga (Phaseolus vulgaris)


(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitação em Gestão de Laboratório)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Efeito da Concentração do Ácido Sulfúrico e Hipoclorito de Sódio na quebra de
Dormência das Sementes de Feijão Manteiga (Phaseolus vulgaris)

Projecto de Pesquisa da cadeira de CRDE a ser


apresentado ao Departamento de Ciências,
Engenharia, Tecnologia e Matemática, Curso de
Ensino de Química, para fins avaliativos.
Orientado por: Neuana Fernando Neuana.

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
1.1. Contextualização.........................................................................................................................3
1.2. Delimitação do Tema..................................................................................................................4
1.3. Problematização..........................................................................................................................5
1.4. Justificativas................................................................................................................................5
1.5. Objectivos...................................................................................................................................6
1.5.1.  Geral....................................................................................................................................6
1.5.2. Objectivos Específicos..........................................................................................................6
1.7. Enquadramento do Tema.............................................................................................................7
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................8
2.1. Conceito de Dormência..........................................................................................................8
2.1.1. Classificação da Dormência............................................................................................9
2.1.2. Causas da Dormência...................................................................................................10
2.2. Métodos de Superação da Dormência...................................................................................11
2.2.1. Escarificação Química..................................................................................................11
2.2.2. Escarificação Mecânica................................................................................................11
2.2.3. Imersão em Água..........................................................................................................12
2.3. Feijão Manteiga (Pheseolus vulgaris L.)..............................................................................12
2.3.1. Origem e Caracterização Morfológica..........................................................................13
CAPÍTULO III: METODOLOGIA......................................................................................................15
3.1. Tipo de Pesquisa........................................................................................................................15
3.1.1. Quanto a Natureza..............................................................................................................15
3.1.2. Quanto aos Objectivos........................................................................................................15
3.1.3. Quanto a Abordagem..........................................................................................................15
3.1.4. Quanto aos Procedimentos Técnicos..................................................................................15
3.2. Parte Experimental................................................................................................................16
3.2.1. Colecta das Sementes de Feijão Manteiga (Phaseolus vulgaris)........................................16
3.2.2. Esterilização das Sementes de Feijão..................................................................................16
3.2.3. Verificação da Quebra de Dormência.................................................................................16
3.3. Técnicas de Análise de Dados...................................................................................................18
4. Referências Bibliográficas................................................................................................................19
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
O feijão é um dos alimentos encontrados em maior quantidade em todo o território nacional,
em particular na província de Niassa e é cultivado em quase todos países. Sendo os feijões
mais consumidos pertencem à família Fabaceae e à espécie Phaseolus vulgaris L.

A importância social do feijão como alimento substituto de proteínas animais e o consumo


generalizado pela população justifica o esforço de pesquisa no sentido de obter melhores
níveis de produtividade e a garantia do abastecimento interno do produto. A produção de
feijão vulgar em Moçambique vem aumentando em função da necessidade cada vez mais
crescente de alimentação para a população. A área de produção está estimada em 89,9 ha,
estando a província de Tete com a maior área (29,92 ha), seguida de Niassa (28,57 ha) e
Zambézia (12,41 ha) (Mussalama et al., 2021).

Apesar da alta capacidade de produção de sementes, as plantas daninhas apresentam


adaptações e algumas plantas passaram a desenvolver, evolutivamente, mecanismos para
garantir sua sobrevivência. A dormência das sementes é uma das principais características das
plantas para evitar sua germinação e emergência em ambiente desfavorável para o
desenvolvimento (Baccin et al., 2019). A dormência é um mecanismo de defesa das sementes
contra as variações do ambiente, as quais dificultam ou impedem sua actividade metabólica
normal (Silva et al., 2018). Estudos prévios demonstram a necessidade de superação da
dormência à família Fabaceae.

Para realizar a quebra desta dormência, podem ser utilizados diversos métodos como a
manipulação da luz ou o uso de substâncias que causem este resultado (Silva et al., 2018). A
superação da dormência se dá por métodos diferentes para cada espécie, sendo estes
relacionados ao tipo de dormência. No caso de dormência promovida devido a
impermeabilidade do tegumento, utiliza-se métodos como a imersão em solventes,
escarificação química (ácido sulfúrico), resfriamento ou exposição a altas temperaturas ou
escarificação mecânica, pois é necessário alterar alguns constituintes visando promover
modificações no eixo embrionário. Já quando o embrião se encontra dormente os métodos
geralmente são a escarificação a baixa temperatura ou tratamento com hormônios. Quando as
duas características apresentam-se combinadas o método utilizado é a escarificação mecânica
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ou com H2SO4. Outros tratamentos químicos, mecânicos, luminosidade, tratamentos térmicos


também tem eficiência, dependendo da espécie em qual são empregados (Baccin et al., 2019).
Dentre os métodos usados para superar a dormência em sementes, o uso de substâncias
reguladoras e o uso de ácidos para escarificação química, tem se destacado (C. R. G. Cardoso
et al., 2020). De acordo com Silva et al. (2018), o uso do ácido sulfúrico é comum para a
quebra da dormência tegumentar, no entanto a sua eficiência está relacionada com o tempo de
exposição ao ácido e à espécie. O hipoclorito de sódio também vem sendo utilizado em
diferentes concentrações e tempos de imersão. É um potente oxidante, logo sua acção na
quebra de dormência pode ser resultante de modificações nas propriedades das membranas do
tegumento ou fornecendo oxigénio adicional para as sementes (C. R. G. Cardoso et al., 2020).

A ocorrência de dormência tegumentar, que se caracteriza pela impermeabilidade do


tegumento à água, tem sido freqüentemente constatada em sementes de diversas espécies da
família Fabaceae, o que impede o processo de embebição da semente e, conseqüentemente, a
germinação (Mantoan et al., 2012). Tal facto é observado nas sementes de Pheseolus vulgaris,
tornando-se necessária a aplicação de tratamento pré-germinativo para superação da
resistência mecânica do tegumento.

Diante do exposto, o trabalho foi elaborado com objectivo de avaliar o efeito do uso de
hipoclorito de sódio e acido sulfúrico na emergência das sementes Phaseolus vulgaris
popularmente conhecida por feijão manteiga.

1.2. Delimitação do Tema


Aborda-se nesta pesquisa sobre o Efeito da Concentração do Ácido Sulfúrico e Hipoclorito de
Sódio na quebra de Dormência das Sementes de Phaseolus vulgaris. A pesquisa devera ser
realizada na cidade de Lichinga no, onde serão colectadas as sementes do feijão e os testes de
verificação da quebra de dormência será efectuada no Laboratório de Química da
Universidade Rovuma Extensão de Niassa. Quanto a delimitação temporal, prevê-se a sua
realização para o mês de Julho de 2022. 

Quanto a delimitação do conteúdo, vale ressaltar que serão analisados apenas os efeitos dos
factores referentes a alternância da concentração do ácido sulfúrico, hipoclorito de sódio e o
tempo de imersão em relação ao índice de velocidade de emergência das sementes de feijão
manteiga. Este processo será assistido por um planejamento experimental.
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1.3. Problematização
As sementes das espécies da família Fabaceae (a que pertence o feijão manteiga) apresentam
o fenómeno de dormência, que é causada pela impermeabilidade do tegumento à água é um
tipo de dormência bastante comum e está associada a espécies de diversas famílias botânicas.

Nas leguminosas, assim como em Pheseolus vulgaris (feijão manteiga), é frequente a


ocorrência de tegumentos duros, espessos e impermeáveis que restringem a entrada de água e
oxigénio e oferecem alta resistência física ao crescimento do embrião, que causam dormência
à semente. Em ambiente natural, essa dormência é quebrada por processos de escarificação, a
qual consiste em qualquer tratamento que resulte na ruptura ou enfraquecimento do
tegumento, permitindo a entrada de água e gases e, assim, dando início ao processo
germinativo. A previsão de emergência das sementes é difícil, devido a essa característica de
diversidade de estádios de dormência das espécies, o que por sua vez dificulta o controle.

Uma das técnicas muito usadas para a superação da dormência é a escarificação acida com o
emprego do acido sulfúrico. Porem, existem condições que devem ser levadas a cabo de modo
a permitir que este processo germinativo seja eficaz. Dentre elas podemos destacar a
concentração da solução, a temperatura e o tempo de imersão por exemplo.

Com base no exposto levanta-se a seguinte questão norteadora:


Qual é o efeito da alternância em termos da concentração do acido sulfúrico (H 2SO4),
hipoclorito de sódio (NaClO) e do tempo de imersão no processo de superação de dormência
do feijão manteiga (Pheseolus vulgaris L.)?

1.4. Justificativas
A cultura de feijão assume um papel bastante importante na alimentação das famílias
moçambicanas, para além de servir como uma das principais fontes de renda para alguns
agricultores em diferentes províncias com maior destaque para a província de Niassa.

A importância social do feijão como alimento substituto de proteínas animais e o consumo


generalizado pela população justifica o esforço de pesquisa no sentido de obter melhores
níveis de produtividade e a garantia do abastecimento interno do produto. Neste sentido torna-
se relevante efectuar-se estudos objectivando o melhoramentos das condições de produção
desta cultura bem como a sua maximização, neste sentido, tornam-se necessários estudos que
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avaliem a eficácia de tratamentos pré-germinativos na quebra da dormência de suas sementes,


visando abreviar, aumentar e uniformizar a sua germinação.

O estudo ira fornecer ao ramo das ciências as condições optimizadas de superar a dormência
da cultura do feijão manteiga, possibilitando desta maneira o uso minimizado de reagentes
para o efeito em estudo pois o conhecimento dos processos responsáveis pela germinação
destas sementes é indispensável visando a optimização do manejo. A pesquisa poderá
fornecer uma previsão do período com maior fluxo de emergência de desta espécie e
consequentemente auxiliar na tomada de decisão para a realização do manejo adequado.

1.5. Objectivos

1.5.1.  Geral
 Analisar o Efeito do Ácido Sulfúrico e Hipoclorito de Sódio na quebra de dormência
do feijão manteiga (Phaseolus vulgaris)

1.5.2. Objectivos Específicos

 Obter soluções para o processo de quebra de dormências das sementes de Phaseolus


vulgaris (feijão manteiga);
 Verificar a influência da alternância na concentração do ácido sulfúrico, hipoclorito de
sódio e do tempo de imersão na quebra de dormência de Phaseolus vulgaris;
 Verificar o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) das sementes de Phaseolus
vulgaris nas diferentes condições de estudo;
 Determinar as condição óptimas para a quebra de dormência de das sementes de
Phaseolus vulgaris.

1.6. Questões de Pesquisa

Quest. 1: Como devem ser processadas as soluções para o seu uso na quebra de dormências
das sementes de feijão?

Quest. 2: Qual é a influência da alternância da concentração do ácido sulfúrico, hipoclorito de


sódio e do tempo de imersão na quebra de dormência de Phaseolus vulgaris?

Quest. 3: Como varia o Índice de Velocidade de Emergência (IVE) das sementes de


Phaseolus vulgaris nas diferentes condições de estudo?
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Quest. 4: Quais são as condição óptimas para a quebra de dormência de das sementes de
Phaseolus vulgaris?

1.7. Enquadramento do Tema


O tema enquadra-se numa das linhas de pesquisa do curso de Química denominada:
Desenvolvimento das técnicas de produção e aproveitamento racionalizado dos recursos nas
comunidades, visto que procura optimizar o processo de produção de produtos alimentícios
como é o caso especifico de feijão manteiga.
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CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Conceito de Dormência


Uma semente ‘dormente’, não tem capacidade de germinar, num período de tempo
especificado, em uma ou mais combinações de condições ambientais nas quais a semente
germinaria normalmente se não estivesse com dormência (Piveta, 2009).

Assim, remetendo a um conceito clássico de dormência, a semente dormente não germina em


condições ambientais normalmente consideradas favoráveis ou adequadas. Concluiu-se que as
sementes dormentes apresentavam algum bloqueio interno à germinação, o qual deve ser
superado por intermédio de um processo conhecido como pós-maturação ou quebra de
dormência, para que então a semente fique apta a germinar (V. J. M. Cardoso, 2009).

A dormência de sementes é normalmente definida como uma condição negativa, ou seja, um


estado em que uma semente viável falha em germinar sob condições ambientais ‘favoráveis’
ou ‘normalmente adequadas’ à germinação. Em geral, a própria categorização da dormência é
baseada nos tratamentos (escarificação, estratificação, fitorreguladores, etc) que liberam a
semente desse bloqueio, promovendo a germinação (V. J. M. Cardoso, 2009).

Geralmente considera-se dormência o facto da semente não germinar, mas essa definição é
um tanto inadequada, pois factores externos como meio ambiente podem afectar o
desenvolvimento da semente assim como factores associados a mesma, diante esse fenómeno
a explicação que se encaixa adequadamente é o fato das sementes estarem viáveis, com local
favorável para sua propagação e não germinar.

Sendo um processo natural, a germinação é influenciada negativamente ou positivamente por


factores internos ou externos, sendo eles respectivamente: inibidores ou luz, temperatura e
oxigénio. Cerca de 1/3 das sementes germinam em condições favoráveis, quando isso não
ocorre é estabelecido algum grau de dormência (Souza, 2019).

A semente fez da dormência um mecanismo de sobrevivência para determinadas condições


climáticas, com objectivo de se manter viva e viável quando em contacto com condições
favoráveis. A dormência tem a influência no atraso da germinação, mas é de extrema
importância para sobrevivência das espécies a longo prazo, fazendo com que as sementes
venham a emergir em situações especiais. Para o silvicultor, a dormência pode ajudar ao ser
armazenada e ao mesmo tempo ser um empecilho, tornando irregular e dificultando a sua
produção (Souza, 2019).
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2.1.1. Classificação da Dormência


A dormência pode ser classificada de acordo sua origem ou de mecanismos que a provoquem.
As modalidades são: dormência primária (quando dispersa da planta-mãe) ou secundária
(quando instalada depois da dispersão); dormência exógena (tegumentar) ou endógena
(embrionária).

Segundo Costa (2009), classificada de acordo com a origem e mecanismos que às


desenvolvem, a dormência, seguindo a classificação “origem”, é dividida em dois tipos,
primária e secundária. A dormência primária consiste no início do ciclo, quando as sementes
são formadas e dispersas da planta-mãe já apresentando a dormência que se instala no
processo de maturação. A dormência secundária, diferente da primária, ao ser dispersa não
apresentam dormência, contudo, a desfavoráveis condições que essas sementes são instaladas
para à germinação, provoca a ocorrência desse factor. Diante os casos abordados e os estudos
realizados, ainda não se sabe até que ponto essas divisões diferem entre si.

Há duas maneiras de classificar a dormência em sementes, segundo Fowler e Bianchetti


(2000), sendo elas exógena (tegumentar) ou endógena (embrionária), podendo ocorrer de
forma paralela, sendo que as duas ocorrem na mesma espécie ou independente uma da outra.
Caracterizada pela não germinação das sementes expostas a condições ambientais favoráveis,
ocorrendo de forma primária, quando são dispersas da planta mãe já com esse empecilho.

3.1.1. Dormência Exógena

A dormência exógena ou tegumentar possui a característica da impermeabilidade da “casca”


ou tegumento à gases ou água, fazendo com que o embrião não se disponibilize dos nutrientes
necessários para seu desenvolvimento. Em muitos casos, quando separado o embrião do
tegumento que o reveste, a germinação ocorre normalmente. Considerada dormente, essas
sementes possuem o tecido que as envolvem como um empecilho que não pode ser superado
ou rompido. Os fungos e bactérias presentes no solo, fazem o papel de quebra de dormência
nessas espécies ao degradarem seus tegumentos (Fowler; Bianchetti, 2000).

Causada primariamente pelo tegumento, pelo endocarpo, pelo pericarpo ou por órgãos
extraflorais, em geral por pouca ou nenhuma participação direta do embrião na sua superação.
Os mecanismos responsáveis por essa modalidade de dormência estão relacionados à
impermeabilidade, ao efeito mecânico, ou à presença de substâncias inibidoras dos tecidos.
(Cardoso, 2004).
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A germinação nesse caso pode ser bloqueada por factores como: - Interferência na absorção
de água, característica de espécies das famílias Malvaceae, Fabaceae, Convolvulaceae e
Chenopodiaceae; - Impedimento mecânico, tecidos ao redor do embrião são resistentes; -
Impedimento de trocas gasosas, os tecidos limitam as trocas gasosas entre o embrião e o
meio; e Presença de inibidores, impedimento químico presente na semente (Fowler;
Bianchetti, 2000).

3.1.2. Dormência Endógena

Caracterizada pela não germinação das sementes, ocorrendo de forma secundária, causada por
alterações fisiológicas quando expostas a condições ambientais desfavoráveis para à
germinação após sua colheita.

A dormência endógena ou embrionária, possui relação directa com à imaturidade do embrião,


ou inibição fisiológica, impedindo assim que o embrião venha a se desenvolver. Em casos
especiais há a dormência dupla, ocorrendo os dois processos na mesma espécie, quando a
radícula apresenta dormência, porém menos intensa que a do epicótilo. Quando o epicótilo
não se desenvolve, denominamos de dormência epicotelial (Fowler; Bianchetti, 2000).

Os cotilédones estão intimamente ligados a essa categoria, estudos foram feitos retirando o
cotilédone do embrião dormente, permitindo assim o desenvolvimento do mesmo. Eles
exercem efeito inibidor sobre o eixo embrionário fazendo com que atrase ou não ocorra a
germina (Bewley; Black, 1994).

Segundo Costa (2009), a dormência endógena pode ser subdividida em morfofisiológica:


junção da dormência fisiológica e morfológica; fisiológica: inibidores químicos no embrião,
fazendo com que haja um desbalanço hormonal, dificultando sua germinação; e morfológica:
embrião não completamente desenvolvido quando suas sementes são dispersadas.

2.1.2. Causas da Dormência


A germinação das sementes é bloqueada pelos seguintes factores (Fowler & Bianchetti,
2000):

a) Interferência na absorção de água: as sementes das famílias das Leguminosae, Cannaceae,


Convolvulaceae, Malvaceae e Chenopodiaceae apresentam na testa camadas de um tecido
chamado de osteosclereides, que impede a entrada de água e atrasa a germinação por vários
anos.
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b) Impedimento mecânico: vários tecidos ao redor do embrião são extremamente resistentes, e


se o embrião não consegue penetrá-los não germinará. Entretanto, em alguns casos, o embrião
produz a enzima mananase que enfraquece o tecido resistente, superando a dormência;

c) Interferência nas trocas gasosas: os tecidos impermeáveis que circundam o embrião


limitam sua capacidade de trocas gasosas, impedindo a entrada do oxigénio, limitante à
germinação, mantendo-a dormente.

d) Presença de inibidores: foram encontrados, nas sementes de muitas espécies, inibidores


químicos de diferentes classes, localizados no tegumento e no embrião, que são retidos pela
semente embebida, ao invés de se dispersarem no meio, bloqueando a germinação. Em alguns
casos, contudo, o tegumento parece ter efeito inibidor químico mais intenso do que mecânico,
necessitando-se da lavagem das sementes para sua remoção e superação da dormência.

2.2. Métodos de Superação da Dormência


Entre os métodos utilizados com sucesso para a superação da dormência de espécies florestais
destacam-se a escarificação química, mecânica e a imersão em água. A aplicação e eficiência
desses tratamentos dependem da intensidade da dormência, bastante variável entre espécies,
procedências e anos de colecta.

2.2.1. Escarificação Química


O método de escarificação química consiste na quebra de dormência por meio de ácidos,
geralmente eh utilizado o acido sulfúrico ou clorídrico, que permite a semente a semente
executar trocas com o meio, água e/ou gases.

Recomenda-se para escarificação química que as sementes sejam imersas em acido sulfúrico
em tempo determinado, que varia para cada espécie, à temperatura alternada de 19º C a 25º C,
logo após estas são lavadas em água corrente e disposta para germinar (Souza, 2019).

2.2.2. Escarificação Mecânica


Este método tem se mostrado bastante eficaz para a superação da dormência de algumas
espécies florestais, em especial as leguminosas. O procedimento consiste, basicamente, em
submeter as sementes a abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa
o que irá desgastar seu tegumento, proporcionando condições para que absorva água e inicie o
processo germinativo.
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Para que se obtenham resultados positivos na utilização do processo, são necessárias algumas
precauções, como o tempo de exposição das sementes à escarificação e a pureza do lote, pois
sementes com impurezas comprometem a eficiência do tratamento (Fowler & Bianchetti,
2000).

A segundo Souza (2019), escarificação mecânica é a abrasão das sementes sobre superfície
áspera, podendo ser lixa, piso áspero, entre outros, que faça com que o tegumento seja
rompido facilitando a absorção de água pelo embrião. A escarificação deve ocorrer ao lado
oposto do hilo, evitando que a radícula seja danificada.

A dormência pode ser superada realizando incisões superficiais no tegumento, que é o método
de escarificação, ela ocorre na natureza através da ingestão da semente por animais passando
pelo trato intestinal, por queimadas, acidez do solo ou por acção de microorganimos (Souza,
2019).

2.2.3. Imersão em Água


Imersão em água quente: a imersão em água quente constitui-se num eficiente meio para
superação da dormência tegumentar das sementes de algumas espécies florestais. A água é
aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, onde as sementes são imersas e
permanecem por um período de tempo também variável, de acordo com cada espécie;

O método de água quente é utilizado em sementes que apresentam tegumento impermeável,


consiste na imersão das sementes na água, com temperatura de 76 a 100°C, dependendo da
necessidade de cada espécie. A imersão em água quente é eficaz para superar a dormência
tegumentar das sementes de algumas espécies florestais. A água aquecida até uma
temperatura inicial, a alternância de temperatura varia de espécie, e coloca-se as sementes
imersas, permanecendo por período também variável (Souza, 2019).

Imersão em água fria: sementes de algumas espécies apresentam dificuldades para germinar,
sem contudo estarem dormentes. A simples imersão das sementes em água, à temperatura
ambiente (25ºC) por 24 horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de longos
períodos de armazenamento, e que causa a secagem excessiva das sementes, impedindo-as de
absorver água e iniciar o processo germinativo (Fowler & Bianchetti, 2000).

2.3. Feijão Manteiga (Pheseolus vulgaris L.)


O feijoeiro comum é uma planta herbácea, pertencente à família Fabaceae, que compreende as
leguminosas, subfamília Faboideae, gênero Phaseolus e espécie Phaseolus vulgaris L. (Pinto,
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2016). Trata-se da espécie mais importante, dentro das cinco mais cultivadas do género, por
ser a mais antiga e a mais cultivada nos cinco continentes. Teve origem na América Central e
na América do Sul, de onde surgiu grande variedade de grãos de diferentes cores, formas e
tamanhos sendo tais características visuais a base para a classificação das actuais classes
comerciais de feijão.

Esta planta consiste em caule; folhas que são compostas por três folíolos ovais; flores que se
reúnem em cachos e podem ser brancas, amarelas, azuis ou vermelhas, conforme a variedade
do feijão; e fruto que é denominado vagem que, quando apresenta-se madura e bem seca abre-
se, liberando os grãos de feijão (Pinto, 2016).

O ciclo vegetativo dessa leguminosa varia de 75 a 110 dias, e nesse período a planta deve ser
abastecida de água e nutrientes. Os períodos de semeadura-colheita do feijão apresentam
variações de ano para ano, com isso, a produção do feijão, embora distribuída ao longo do
ano, necessita do armazenamento para garantir a oferta deste produto em todas as regiões do
país, evitando a escassez na entressafra e diminuindo a oscilação de preços no mercado (Faria,
2012).

2.3.1. Origem e Caracterização Morfológica


Existem dois centros primários de origem para o género Phaseolus, sendo o primeiro, e mais
importante, aquele localizado na América Central, nos altiplanos do México e da Guatemala,
e o segundo, na Ásia Tropical. A espécie Phaseolus vulgaris L. é originária do primeiro
centro, onde era cultivada pelos indígenas pré-colombianos desde o Canadá até o Chile e a
Argentina, sendo que a domesticação ocorreu há mais de 7.000 anos (Faria, 2012).

O feijão teve sua origem na Europa, resultando de mutações genéticas do feijão comum
introduzido da América. Sua evolução e seu melhoramento ocorreram na França e nos Países
Baixos, entre outros. As primeiras cultivares apropriadas para colheita de vagens verdes
foram obtidas em princípios do século XIX, através de cruzamentos entre feijões cultivados
na Europa e material genético procedente da América Central. Posteriormente, essas
cultivares foram introduzidas na América do Norte, onde cruzamentos subsequentes foram
realizados com feijões da região, obtendo-se novas cultivares de maior potencial produtivo
(Faria, 2012).

As cultivares de feijão podem ser divididas conforme o hábito de crescimento da planta. As


indeterminadas ou volúveis possuem um meristema apical vegetativo que possibilita
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crescimento contínuo das plantas (Athanázio, 1993) e têm a capacidade de se enrolarem em


suportes ou tutores, e atingem mais de 2,0 m de altura. As inflorescências formam-se de
gemas axilares de folhas e ramos, com período de floração além de 25 dias, sendo que o ciclo
de vida, para a maioria das cultivares, situa-se entre 100 e 110 dias.

As cultivares de crescimento determinado, também chamadas de arbustivas ou rasteiras ou


anãs, têm seus ápices encerrados por inflorescências (Athanázio, 1993), que se originam da
haste principal e dos ramos laterais. As plantas atingem cerca de 60 cm de altura e apresentam
período curto de floração, em torno de 14 dias. A maturação das vagens é, em geral, uniforme.
Normalmente, o ciclo dessas variedades situa-se entre 60 e 80 dias; algumas delas, porém,
podem ir além dessa faixa (Faria, 2012).
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CAPÍTULO III: METODOLOGIA


3.1. Tipo de Pesquisa
Aqui fazemos uma classificação da pesquisa com base em critérios referentes a natureza, aos
objectivos, a forma de abordagem e procedimentos técnicos.

3.1.1. Quanto a Natureza


Do ponto de vista da sua natureza trata-se de uma pesquisa aplicada pois objectiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à optimização dos métodos de quebra de
dormência do feijão manteiga.

3.1.2. Quanto aos Objectivos


Trata-se de uma pesquisa explicativa, procura explicar os porquês das coisas e suas causas,
por meio do registo, da análise, da classificação e da interpretação dos fenómenos observados.
Visa a identificar os factores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos
fenómenos; “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das
coisas.”

3.1.3. Quanto a Abordagem


Sob ponto de vista da abordagem a pesquisa assume o carácter quantitativo pois os dados de
pesquisa serão poderão ser traduzidos em estimativas estatísticas. Os dados obtidos serão
quantificados, o que significa traduzir em números e informações para classificá-las e analisá-
las. Para este efeito serão empregados recursos e técnicas estatísticas (percentagem, média,
moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc.).

3.1.4. Quanto aos Procedimentos Técnicos


Quanto a este critério, trata-se de uma pesquisa experimental, visto que no estudo,
seleccionamos as variáveis que serão capazes de influenciá-lo, definimos as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objecto.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular directamente as variáveis relacionadas


com o objecto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis proporciona o
estudo da relação entre as causas e os efeitos de determinado fenómeno. Através da criação de
situações de controle, procuramos evitar a interferência de variáveis intervenientes.
Interferimos directamente na realidade, manipulando a variável independente, a fim de
observar o que acontece com a dependente. A pesquisa experimental estuda, portanto, a
relação entre fenómenos, procurando saber se um é a causa do outro.
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3.2. Parte Experimental


A parte experimental da pesquisa engloba desde o processo colecta das sementes de
Phaseolus vulgaris, eterificação das sementes e a verificação da quebra de dormências das
sementes utilizando-se os mais diversos reagentes. Esta ultima etapa será realizada com base
um planejamento factorial descrito no ponto ‘’3.6.3.1’’.

3.2.1. Colecta das Sementes de Feijão Manteiga (Phaseolus vulgaris)


Na pesquisa serão utilizadas sementes de feijão manteiga (Phaseolus vulgaris), estas serão
adquiridas comercialmente na cidade de Lichinga, serão adquiridas no mercado de Chiuaula
apenas a variedade em estudo. Para garantir a utilização exclusiva de sementes puras, serão
seleccionadas sementes com características físicas aparentemente sadias e uniformes.

3.2.2. Esterilização das Sementes de Feijão


O preparo das sementes de Phaseolus vulgaris será dirigida pelo processo de esterilização.
Antes deste procedimento, primeiramente as sementes deverão ser lavadas em água destilada
e posteriormente secas com um papel absorvente de modo a promover a remoção da
humidade superficial das sementes.

3.2.3. Verificação da Quebra de Dormência


A verificação da quebra de dormência será realizada pelo método de escarificação química
pela imersão das sementes de Phaseolus vulgaris em acido sulfúrico, hipoclorito de sódio em
diferentes concentrações e tempos de imersão (ver plenejamento experimental).

Após a imersão em acido sulfúrico (H2SO4) e hipoclorito de sódio (NaClO), procedera a


lavagem em água corrente por 5 minutos para eliminação do resíduo de acido e sódio na
semente.

Em seguida, todos os tratamentos serão levados a estufa com circulação forçada de ar por 12
horas a 30ºC, para retirada da água superficial com o objectivo de atingirem um teor de água
compatível com o armazenamento e comercialização (aproximadamente 10%).

O teste de emergência de plântulas será conduzido sob condições ambientais de laboratório,


utilizando-se como substrato areia lavada e esterilizada. As sementes serão semeadas a uma
profundidade de 0,5 cm, em caixas de plástico, contendo o substrato humedecido com
quantidade de água equivalente a 50% da capacidade de retenção, mantendo-se um turno de
rega de dois dias.
17

3.2.3.1. Planejamento Factorial


Com vista a se aferir os efeitos da concentração de concentração do acido sulfúrico, de
hipoclorito de sódio e do tempo de imersão serão realizados diferentes ensaios de acordo com
um roteiro experimental referente ao planejamento experimental 2 3 variando-se as condições
experimentais com base nos seguintes níveis:

Tabela 1: Factores a serem estudados para a germinação e o índice de velocidade de germinação


Factores de Estudo Níveis
(-1) (+1)
A: Concentração de H2SO4 (%) 49 98
B: Concentração de NaClO (%) 2,5 10
C: Tempo de Imersão (min) 30 60
Fonte: Elaborada pela Autora (2022)

De acordo com os factores em estudo, serão realizados 8 ensaios em triplicata (com três
repetições) variando-se os seus parâmetros com base na variação dos factores de estudo em
seus níveis altos e baixos, como descreve a tabela a baixo:

Tabela 2. Condições das variáveis independentes para a verificação da quebra de dormência.


Ensaio A: [H2SO4] (%) B: [NaClO] (%) C: Tempo de Imersão (min)

1 49 2,5 30
2 98 2,5 30
3 49 10 30
4 98 10 30
5 49 2,5 60
6 98 2,5 60
7 49 10 60
8 98 10 60
Fonte: Elaborada pela Autora (2022).

As respostas ou variáveis dependentes a serem analisadas são a germinação e o índice de


velocidade de Emergência (IVE), ser expressos em percentagem.
O cálculo de índice de velocidade de emergência será efectuado pelo somatório do número de
plântulas normais a cada dia, dividido pelo número de dias decorridos até à formação da
plântula, para isso será utilizada a fórmula, (C. R. G. Cardoso et al., 2020):
E1 E2 En
IVE= + +…+
N1 N2 Nn
Onde:
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IVE = índice de velocidade de emergência;


E1, E2 ...En = números de plântulas normais emergidas na primeira, segunda até a última
contagem;
N1, N2 ...Nn= número de dias da semeadura à primeira, segunda até a última contagem.

Nos experimentos, serão contabilizadas plântulas normais as quais possuíam parte aérea com
tamanho superior a 1,5 cm e raiz primária bem desenvolvida, por um período de 14 dias. O
índice de velocidade de germinação será realizado em conjunto com o teste de germinação,
para o cálculo deverão ser realizadas contagens diariamente a partir do surgimento da
primeira plântula normal até que o número de plântulas se torne constante.

3.3. Técnicas de Análise de Dados


Para a análise dos dados referentes a germinação do feijão manteiga em diferentes condições
será usado o teste de analise de variância (ANOVA) com base na utilização do teste t de
Student de modo a se efectuar as comparações entre os tratamentos do delineamento
experimental. Para este efeito poderá usar-se recursos digitais para o processamento dos
dados. Estes dados poderão fornecer a faixa das melhores condições para a quebra de
dormência das sementes de Phaseolus vulgaris.
19

4. Referências Bibliográficas
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