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1. Definição........................................................................ 3
2. Anatomia da Tireoide................................................ 6
3. Histologia da Tireoide.............................................12
4. Fisiologia da Tireoide...............................................13
5. Exame Físico da Tireoide.......................................21
6. Ausculta Tireoidiana................................................28
7. Palpação de Linfonodos ........................................31
8. Descrição do Exame Tireoidiano........................32
Referências Bibliograficas..........................................34
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 3
Figura 1. Representação da glândula tireoide. Aspecto folicular, com dois lobos e uma região central de união,
o istmo. Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Fonte https://www.endocrino.org.br/
entendendo-tireoide-hipotireoidismo/
Figura 2. Representação da glândula tireoide e o feedback com hormônios hipotalâmicos, em especial o TSH que
regula a liberação hormonal da tireoide. Fonte: Fiocruz. Fonte: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4308/1/
Taise%20Lima%20de%20Oliveira%20Caracteriza%C3%A7%C3%A3o%20cl%C3%ADnica%20e%20molecu-
lar%20de%20pacientes%20com%20hipertireodismo....pdf
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 5
SAIBA MAIS!
História e curiosidades
A palavra tireoide tem origem do Grego ‘thyreos’ e ‘oides’ que significam, respectivamente,
‘escudo’ e ‘forma de’. Ou seja, denomina o formado de escudo característico da glândula,
esta que também é visualizada como formato de borboleta por muitos. Ela foi descoberta
por Thomas Warton, em 1656.
Inicialmente acreditava-se que a tireoide possuía apenas função de modelar a região an-
terior do pescoço, ou seja, era um órgão basicamente estético e somente no século XIX as
funções endócrinas começaram a ser descobertas e correlacionadas com os efeitos clínicos.
Em 1835, o médico inglês Robert James Graves descreveu uma das doenças mais comuns
da tireoide conhecida como Doença de Graves, causa importante de hipertireoidismo. No
século seguinte, Emil Theodor Kocher, médico alemão, produziu um livro, Doenças da Glân-
dula Tireoide, onde descreveu desde a etiologia, sintomatologia ao tratamento do bócio e,
em 1909, conquistou o honrado prêmio Nobel de medicina por descrever funções glandula-
res junto a seu grupo de estudo.
Mas e a arte, será que essa glândula despertou algum interesse cultural?
Leonardo Da Vinci, um gênio da pintura e desenhos, foi o primeiro artista a desenhar a
glândula a partir de seu interesse peculiar pela anatomia humana e destaque mundial
como anatomista. Este é o autor de inúmeras pinturas anatômicas como do sistema
cardiovascular, sanguíneo, ósseo e, como nosso foco de estudo, a tireoide.
Figura 3. Representação da glândula tireoide por Leonardo da Vinci, este que foi o primeiro pintor a re-
presentar a glândula em forma de desenho. Fonte: https://www.giuliannomolina.com.br/post/2019/03/05/
da-vinci-e-a-tire%C3%B3ide
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 6
Figura 4. Representação das relações anatômicas da tireoide. Podem ser visualizados músculos, artérias, órgãos
como a traqueia, esôfago e glândulas paratireoides. Fonte: Moore, Livro de Anatomia Humana, 7ª edição.
Figura 5 e 6. Representação das relações anatômicas da tireoide por tomografia computadorizada em corte transver-
sal– imagem 5 e ressonância magnética em corte transversal – imagem 6. Fonte: Moore, Livro de Anatomia Humana,
7ª edição.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 8
Figura 7. Irrigação arterial e drenagem venosa da tireoide. A imagem também representa os nervos e músculos em
contato direto com a tireoide Fonte: Moore, Livro de Anatomia Humana, 7ª edição.
Drenagem linfática
Sobre a drenagem linfática, os vasos pré-traqueais e paratraqueais. Os
da glândula seguem no tecido con- pré-laríngeos drenam para linfono-
juntivo interlobular e se comunicam dos cervicais superiores e os pré-tra-
com a rede capsular de vasos linfáti- queais e paratraqueais tem a dre-
cos, a sequência de drenagem ocor- nagem para os linfonodos cervicais
re para os linfonodos pré-laríngeos, profundos inferiores.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 10
Figura 8. Drenagem linfática da tireoide, laringe e traqueia. Imagem com representação da drenagem da região ante-
rior do pescoço para os respectivos plexos diferenciados pela coloração na legenda. Fonte: Moore, Livro de Anatomia
Humana, 7ª edição.
Figura 9. Vista posterior da tireoide evidenciando as glândulas paratireoides. São evidenciadas duas do lado direito e
uma do lado esquerdo. Há ainda uma glândula paratireoide situada inferiormente à glândula tireoide não visualizada
na imagem. Fonte: Moore, Livro de Anatomia Humana, 7ª edição.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 12
Figura 10 e 11. A imagem 10 representa os folículos tireoidianos como esferas, preenchidos por coloide. A imagem
11 representa os folículos e as células parafoliculares secretoras de calcitonina. Fonte: Imagens do livro Junqueira e
Carneiro. Histologia Básica, 10ª edição.
T3 e T4
A dosagem de T3 e T4 totais ocorre por radioimunoensaio e os valores considerados normais
são: T3 total – 70 a 190 ng/dl e T4 total – 5 a 12 ng/dl. Contudo, várias condições, bem como
uso de medicamentos, podem interferir nos valores basais desses hormônios e, assim, isola-
damente, não são confiáveis para determinar a função tireoidiana. Dentre os medicamentos,
têm destaque a fenitoína, diazepam, heparina e fenilbutazona, estes com efeito de reduzir os
níveis de T4 totais. Em decorrência dessas alterações, a medida realizada é de T4 livre e T3
livre no soro, sendo estes que penetram nos tecidos e exercem suas funções. Neste caso, a
dosagem é feita por quimioluminescência, radioimunoensaio e ensaio imunoenzimático.
Valores de referência:
• T3 livre = 0,2 a 0,52ng/dl
• T4 livre = 0,9 a 2 ng/dl
Você deve estar se perguntando, será que toda alteração tireoidiana vai cursar com valores
anormais desses hormônios facilitando assim o diagnóstico? A resposta é NÃO!
Você precisa ficar atento, pois cerca de 5% dos pacientes com hipertireoidismo podem ter
valores de T4 normais. Enquanto isso, apenas o T3 vai estar elevado, visto que a conversão
periférica de T4 em T3 é que está elevada, caracterizando o hipertireoidismo franco – tire-
otoxicose. Por isso, se faz necessário a dosagem dos dois hormônios na avaliação inicial do
paciente.
Mas e no hipotireoidismo? Aqui é diferente! Fique atento, pois pacientes com sintomas de
hipotireoidismo tem elevação de TSH e maior produção de T3 do que de T4, assim, apenas
o T4 pode ser solicitado, fazendo uso racional e lógico dos exames laboratoriais disponíveis.
TSH
Como já mencionado, o TSH é essencial na investigação de distúrbios tireoidianos, bem como
para definir se o distúrbio é primário (na própria glândula tireoide), secundário (hipófise) ou
terciário (hipotálamo). Qual sua diferença básica? A sensibilidade para diagnóstico de hiperti-
reoidismo primário e hipotireoidismo primário!
Os métodos de radioimunoensaio para avaliar o TSH apenas detectavam concentrações de
TSH maiores ou iguais a 1 mU/L, assim, era possível identificar o hipotireoidismo, mas não
o hipertireoidismo, quando o TSH pode apresentar valores inferiores aos supracitados. Por-
tanto, utilizava-se o teste de estimulação com TRH, quando inicialmente o TSH era dosado e
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SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 16
posteriormente infundido o TRH, em caso de não elevação do TSH era confirmado o hiperti-
reoidismo primário. Porém, já existem testes ultrassensíveis disponíveis e o limiar de detecção
é de 1 mU/L, facilitando o diagnóstico. Os valores a serem considerados de TSH são os refe-
renciados abaixo, mas lembre-se de que existem variações a partir do laboratório que devem
vir indicadas no laudo.
Valores de TSH
Valor normal = 0,5 a 5 mU/L
Hipertireoidismo primário = TSH < 0,5 mU/L
Hipotireoidismo primário = TSH > 5 mU/L
Não esqueça que os exames são solicitados a partir das suspeitas diagnósticas sempre de
forma bem direcionada, evitando custos dispensáveis ao sistema de saúde e o desgaste do
próprio paciente. Logo, avalie o contexto clínico, sinais e sintomas e solicite de forma racional
e coerente.
Imagem
Ultrassonografia de tireoide (USG)
A USG é o exame indicado por ser o mais sensível em identificar alterações benignas ou não.
No caso de nódulos tireoidianos, a sensibilidade chega a 95% e nódulos não palpáveis no
exame físico podem ser identificados mesmo em fases iniciais de desenvolvimento. Por mais
que a maioria dos nódulos tireoidianos seja de caráter benigno, a avaliação ultrassonográfica
é essencial para identificar e estadiar os mesmos, evitando progressão de doenças, princi-
palmente se fatores de risco associados. O exame é essencial para descrever o tamanho
dos nódulos, quantidade, contornos, ecogenicidade, composição, vascularização, presença
ou ausência de calcificações que podem ser indícios de malignidade. A partir de alterações
identificadas pode ser sugerida a avaliação com punção aspirativa por agulha fina (PAAF) que
permite caracterizar a constituição histológica do nódulo.
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Cintilografia
Esse exame permite tanto a avaliação da imagem retratada quanto a captação do iodo, tam-
bém sugerindo ou não malignidade pelo funcionamento da glândula. Vamos analisar um
exemplo clássico: paciente com nódulo tireoidiano e TSH suprimido. Este necessita de cintilo-
grafia que ira indicar se o nódulo capta ou não o iodo, ou seja, se é quente ou frio. Os nódulos
frios são suspeitos e precisam da avaliação ultrassonográfica.
Figura 12 e 13. 12 - Representa nódulo frio – não capta iodo radioativo. Observa-se que a tireoide está captando
o iodo, ou seja, há produção hormonal intensa. 13 - Representa nódulo quente – capta iodo radioativo. Fonte: aula
Sanarflix.
Outros exames
A tomografia computadorizada e ressonância magnética não são exames solicitados de ro-
tina por não apresentarem informações mais específicas sobre as alterações tireoidianas e
por não possuírem melhor custo benefício. Podemos dizer que a indicação prática ocorre se o
nódulo tireoidiano estiver em região subesternal, além dos limites considerados habituais, por
exemplo, um bócio mergulhante.
Figura 14. Bócio mergulhante intratorácico com desvio de traqueia avaliado na tomografia computadorizada,
seta laranja indicando desvio à direita da traqueia. Seta verde indicando bócio. Fonte: http://www.spenzieri.com.
br/2015/07/04/bocio-mergulhante/
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SAIBA MAIS!
Teste do perclorato
O perclorato (KClO4) é uma substância que compete com o iodo não organificado pela capta-
ção nas células foliculares da tireoide, ou seja, inibe o transporte de iodo na tireoide por inibir
a bomba de iodeto nas células foliculares.
O teste de clareamento com perclorato consiste na avaliação da captação do iodo 2 a 4 horas
e, em seguida, administração de perclorato na dose de 500 a 1000 mg e novas medidas de
captação por 60 a 90 minutos. O valor levado em consideração é se existir uma queda de
captação superior a 10 a 15% quando comparado a valores iniciais por representar falha na
organificação do iodo. Se existir uma descarga de iodo maior que 50% representa completo
defeito de organificação.
De forma simples, esse teste indica disormoniogênese que é o efeito da expulsão do iodo da
glândula pelo perclorato. Valores normais são até 5% de liberação do iodo.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 19
Paratormônio
Produção,
armazenamento e Definição Relações anatômicas 15 a 30g
secreção
Folículos
Coração Artérias tireóideas
superiores e inferiores
Gastrointestinal Coloide
Plexo venoso tireóideo
Gênito-urinário
Células C
Ossos Linfonodos pré-laringeos,
paratraqueais e pré-traqueais
ALTERAÇÕES
NA HISTÓRIA E
EXAME FÍSICO
Teste do perclorato
Avaliar alta ou
Benigno
seguimento
↓ TSH ↓ T3 e T4 livres
Maligno Cirurgia
Cintilografia
>1 cm ou
PAAF
<1 cm suspeito
Nódulo frio Nódulo? USG
<1 cm e não sugestivo
Considerar follow up
de malignidade
Nódulo quente
Avaliar alta ou
seguimento
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Figura 15. Representa a palpação anterior da tireoide. O examinador deve palpar as estruturas anatômicas superiores
e inferiores até chegar a tireoide, palpá-la com dois a três dedos de um lado e após o outro, deixando as duas mãos no
pescoço. Fonte: https://rc.site.med.br/index.asp?PageName=tireoide.
Figura 16. Representa a palpação posterior da tireoide. O examinador deve palpar as estruturas anatômicas supe-
riores e inferiores até chegar à tireoide, palpá-la com dois a três dedos de um lado e após o outro, deixando as duas
mãos no pescoço. Fonte: https://semiologiasobral.wordpress.com/2013/05/05/exame-da-tireoide/.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 23
Figura 17. A esquerda da imagem é evidenciado o bócio tireoidiano do paciente, enquanto na imagem a direita o
mesmo, ao elevar os braços acima da cabeça, fica hiperemiado pela compressão da veia cava superior. Fonte: http://
ole.uff.br/wp-content/uploads/sites/414/2019/08/Sinal-de-Pemberton.pdf
2) À USG tireoidiana
A USG tireoidiana é um elemento importante na abordagem diagnóstica, pois evidencia ca-
racterísticas específicas de malignidade, quando presentes. Além disso, tem uma sensibilida-
de muito maior quando comparada à palpação glandular na detecção de nódulos tireoidianos.
Após realização da USG, para sistematizar a investigação e orientar condutas diagnósticas,
existe um sistema de avaliação importante na existência de nódulos tireoidianos, o TI-RADS.
Abaixo citamos as alterações suspeitas e pontuação no TI-RADS.
• Composição - nódulos com consistência cística e espongiforme em geral estão associa-
dos à benignidade, pois cisto significa composição líquida e espongiforme também tem
maior tendência a acumular líquido e não há grandes referências de tumores malignos
com essa composição. Dessa forma, a pontuação é zero. O risco se eleva com nódulos
mistos que é formado por componente líquido e sólido, pontuando, então 1 e, por fim, os
nódulos sólidos representam grande risco de malignidade, por isso maior pontuação: 2
pontos.
• Cor – a cor anecoide representa nódulo com consistência líquida pontuando zero, enquan-
to isoecogênico tem cor semelhante da tireoide, logo, ganha apenas um ponto. O fato de
ser hipoecogênico indica, em geral, malignidade, por isso ganha 2 pontos.
• Bordas – a análise do contorno também é essencial para desconfiar de malignidade, neste
caso, bordas suaves, com contornos bem definidos normalmente são os tumores benig-
nos e recebem 0 pontos, porém, invasão ou extensão extratireoidiana representa maligni-
dade na maioria dos casos. Sendo assim, a pontuação varia de 2 a 3 pontos.
• Formato – O formato pode ser mais largo que alto – benignidade – ou pode ser mais alto
do que largo que é mais significativo de profundidade e, por isso, malignidade. A pontua-
ção é zero para o primeiro caso e 3 para o segundo.
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• Focos ecogênicos – Focos ecogênicos são achados dos nódulos tireoidianos que podem
ou não ser suspeitos. No caso de coloides espessos e aspecto de “casca de ovo” indicam
benignidade recebendo 1 ponto; calcificações grandes são sugestivas de malignidade
recebendo 2 pontos e calcificações pequenas são bastante sugestivas de malignidade
recebendo então 3 pontos.
Após identificação de características suspeitas pode ser indicativo de PAAF ou não, como
descrito na tabela acima.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 28
SAIBA MAIS!
Tireoidite de Riedel ou tireoidite fibrótica crônica
É uma doença autoimune da tireoide que foi descrita pela primeira vez em 1883 por Bernhard
Riedel. Caracteriza-se por inflamação glandular que tem disseminação para regiões próximas
ao pescoço formando um extenso bócio tireoidiano, duro, indolor e com fibrose sistêmica.
É uma doença rara, com predominância no sexo feminino, cerca de 80% quando comparado
a homens e com idade média entre 40 e 60 anos, mas pode ocorrer em outras faixas etárias,
em menor intensidade. Há teorias sobre as prováveis causas da autoimunidade, dentre elas
um distúrbio fibrótico primário que seria causa de 30% dos casos, enquanto os demais se-
riam autoimunes e por doenças sistêmicas causadas por IgG4.
Dentre os sinais e sintomas proeminentes destaca-se rouquidão, obstrução gradual das vias
respiratórias por compressão da traqueia pelo bócio extenso, disfagia, tosse seca e o hipoti-
reoidismo presente em 30% dos casos diagnosticados.
Para avaliação diagnóstica são solicitados hormônios tireoidianos como T3, T4 livres e TSH
confirmando o hipotireoidismo e anticorpos que estarão elevados no soro. Contudo, a con-
firmação ocorre pela avaliação histológica. É importante buscar outros focos de fibrose na
suspeita de fibroesclerose multifocal.
O tratamento consiste no uso de corticoide como sintomático, minimizando os processos
inflamatórios ou o tamoxifeno que é um bloqueador de estrogênio que retarda o desenvolvi-
mento da doença. Por fim, em caso de confirmação do hipotireoidismo a opção de levotiroxina.
Fique atento, pois, por ser uma doença autoimune, crônica e progressiva, se o tratamento
não ocorrer de forma satisfatória os sintomas podem progredir com alterações na qualidade
de vida dos pacientes pela disfagia, rouquidão e sintomas respiratórios, além de compro-
metimento sistêmico em caso de fibroesclerose multifocal. Logo, reconhecer a patologia e
estabelecer também a investigação sistêmica faz parte do diagnóstico e intervenção corretos.
SE LIGA! TIREOTOXICOSE
A tireotoxicose é definida como uma síndrome clínica pelo excesso de hormônios tireoidianos
circulantes que ocorre pelo funcionamento excessivo da glândula tireoide e produção e/ou
liberação hormonal em excesso. Não necessariamente a glândula precisa estar hiperfuncio-
nante, visto que em situações de agressão aos folículos os hormônios são liberados em gran-
des quantidades inicialmente ocasionando o hipertireoidismo, até que os estoques hormo-
nais sejam esgotados. Os sinais e sintomas evidentes na tireotoxicose ocorrem pelo estímulo
adrenérgico como taquicardia, ansiedade, nervosismo. Além disso, sintomas como perda de
peso, aumento do ritmo intestinal e problemas cardiopulmonares podem estar presentes. A
avaliação do paciente com sintomas de tireotoxicose deve ser minuciosa como menciona-
do nos tópicos acima, incluindo anamnese, histórico familiar, hábitos de vida e exposição a
fatores de risco, bem como exame físico detalhado na tireoide. Em muitos casos o bócio é
evidente ao exame físico. Dentre os principais elementos ao exame destacam-se: tamanho
aumentado, presença de nódulos, alteração de consistência e sopro tireoidiano. Esses pacien-
tes devem ser avaliados com TSH ultrassensível, T4 livre e T3.
SINTOMAS % SINAIS %
Nervosismo 99 Taquicardia 100
Sudorese excessiva 91 Bócio 97
Intolerância ao calor 89 Tremor 97
Palpitação 89 Pele quente e úmida 90
Fadiga 88 Sopro na tireoide 77
Perda de peso 85 Alterações oculares 71
Dispneia 75 Fibrilação atrial 10
Fraqueza 70 Ginecomastia 10
Aumento de apetite 65 Eritema palmar 8
Sintomas oculares 54
Edema de membros 35
inferiores
Hiperdefecação 33
Diarreia 23
Distúrbios menstruais 20
Anorexia 9
Ganho ponderal 2
Tabela 2. Manifestações clínicas do hipertireoidismo. Adaptada do Consenso brasileiro para o diagnóstico e trata-
mento do hipertireoidismo: recomendações do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia.
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 30
SE LIGA! O BÓCIO
Falar sobre a tireoide automaticamente remete a ocorrência de bócio, apesar do mesmo não
ser condição essencial em diversas patologias. Mas então porque essa associação? O bócio
é a denominação de qualquer aumento da glândula tireoide seja de forma simétrica, assimé-
trica, unilateral, bilateral, em tamanhos pequenos só percebidos à palpação ou extensos, po-
dendo ser mergulhantes, por exemplo, invadindo o mediastino. Ele é classificado como difuso
ou nodular; atóxico (sem alteração funcional glandular) ou tóxico (hipertireoidismo); benigno
ou maligno; endêmico ou esporádico. É uma alteração predominante em mulheres de idade
média entre 20 e 40 anos como de costume nas doenças tireoidianas.
Figura 18. Bócio tireoidiano extenso com desvio de estruturas cervicais. Fonte: Aula Sanarflix.
As causas do bócio são diversas como a carência de iodo na dieta, principalmente em regiões
geográficas desprovidas desse elemento, caracterizando o surgimento de bócios endêmicos;
doenças autoimunes; tumores; infecções e proliferação folicular excessiva (bócio coloide).
Os sinais e sintomas característicos são percebidos inicialmente pelas alterações locais, ana-
tômicas, pelo abaulamento na região anterior do pescoço, em seguida, com o avanço do mes-
mo surgem sinais e sintomas funcionais pela compressão de outras estruturas como traqueia
e esôfago causando, respectivamente dificuldade respiratória e disfagia. Mas atente-se: es-
ses são casos extremos.
O diagnóstico ocorre pela avaliação clínica e laboratorial evidenciando ou afastando altera-
ções hormonais tireoidianas bem como presença ou ausência de malignidade e o tratamento
segue de acordo com as características do bócio. Por exemplo, se presença de nódulo ma-
ligno, compressão traqueal e presença de bócio mergulhante ocorre indicação cirúrgica, a
tireoidectomia; se acometimento ganglionar a abordagem é estendida para drenagem linfá-
tica com esvaziamento cervical. Contudo, sem evidencia de alterações funcionais ou risco de
malignidade o bócio pode ter seguimento clínico, com avaliações periódicas.
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NÍVEL I NÍVEL IV
1/3 Inferior da
Trígono Submandibular
V. Jugular Interna
NÍVEL II NÍVEL V
1/3 Superior da
Trígono Cervical Post.
V. Jugular Interna
1/3 Médio da
Trígono Cervical Ant.
V. Jugular Interna
Figura 19. Representa os níveis de cadeias ganglionares, variando de I a VI. Fonte: Aula Sanarflix
SEMIOLOGIA DA TIREOIDE 32
↑ T3 e T4 livres ↓ T3 e T4 livres
Fibroelástica
Endêmico ou esporádico
Sim PAAF Sem alterações
Regular
Difuso ou nodular
Móvel
SUSPEITO USG Bócio
Ausculta
Tóxico ou atóxico Indolor
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
Assmann TS; Huf F; Mota GA et al. Tireoidite Aguda. Revista Conhecimento Online – Ano
3 – Vol. 1 – Março de 2011.
Endocrinologia clínica / editor responsável Lucio Vilar ; editores associados Claudio Elias
Kater...[et al.]. - [5.ed.]. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2013.
Tratado de endocrinologia clínica / Bernardo Léo Wajchenberg, Antonio Carlos Lerario, Ro-
berto Tadeu Barcellos Betti. - 2. ed. - São Paulo: AC Farnacêutica, 2014.
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