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Tutoria: Proliferação celular

Maria Clara Lopes, 4º p


(“pomo de adão”) e a fúrcula esternal, a nível
vertebral C5-T1.
OBJETIVOS: Descrever a anatomia da tireoide ♥ Apresenta uma relação anatômica
- Analisar a epidemiologia, os fatores de risco, anterior com a traqueia, que é
tipos histológicos, apresentações clinicas, praticamente “abraçada” pela glândula.
avaliação diagnóstica do câncer da tireoide ♥ Por trás da traqueia, correm os nervos
- Explicar as formas de tratamento do câncer da laríngeos recorrentes e encontra-se o
tireoide bem diferenciado (papilífero) e o impacto esôfago – estas estruturas têm relação
do tratamento cirúrgico da tireoidectomia e o anatômica posterior com a tireoide.
consequente uso da medicação contínua.

ANATOMIA DA TIREOIDE

- O nome “tireoide” é em razão do seu formato


semelhante a um escudo (do grego: thyreos =
escudo, eidos = forma).

- A tireoide é a maior glândula endócrina do corpo


humano, sem ductos, que pesa
aproximadamente 20g, sendo responsável pela
produção dos hormônios tireoidianos (T3 - tri-
iodotironina e T4 - tiroxina, além da calcitonina),
envolvidos com diversos componentes da
homeostase (função cerebral, cardiovascular,
intestinal, metabolismo celular, produção de
calor, etc.).

♥ Aumenta a velocidade metabólica dos


tecidos.
♥ Aumenta o consumo de oxigênio.
♥ Aumenta a frequência cardíaca, a
ventilação e a função renal. - A glândula tireoide tem dois lobos laterais
♥ É necessária para a produção do piriformes (direito e esquerdo) unidos por um istmo
hormônio de crescimento e é importante situado anteriormente do segundo ao quarto anel
no crescimento do SNC. (cartilagem) traqueal.
♥ Aumenta a deposição de cálcio e fosfato
nos ossos (calcitonina). ♥ Pode haver assimetria entre os lobos,
geralmente o direito sendo um pouco
maior que o esquerdo. cada lobo
medindo aproximadamente 4 cm de
comprimento, 2 cm de largura e 1,5-2,0 cm
de profundidade.
o Isso é importante, pois em doenças
que ocorre aumento da glândula,
suas características ajudam na
descrição. (ex.: doença de Graves
- glândula aumentada, com
aproximadamente 60 g) em vez de
glândula aumentada 3x.
♥ A porção posterior dos lobos piriformes
- Posição anatômica: A tireoide situa-se a meio contém as pequenas glândulas
caminho entre o ápice da cartilagem tireoide
paratireoides (duas de cada lado), EPIDEMIOLOGIA
produtoras do paratormônio (PTH).
- O câncer da tireoide é o mais comum da região
- Um terceiro lobo – o lobo piramidal – pode ser da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as
eventualmente encontrado fixado ao istmo, mulheres do que os homens. Pela mais recente
apresentando uma forma alongada, como um estimativa brasileira (2018), é o quinto tumor mais
remanescente da extremidade caudal do ducto frequente em mulheres nas regiões Sudeste e
tireoglosso. Nordeste (sem considerar o câncer de pele não-
melanoma).
♥ Em raros pacientes, um cisto pode ser
encontrado entre a base da língua e a
cartilagem tireoide (cisto tireoglosso),
representando um remanescente
embriológico do ducto tireoglosso.

- A tireoide tem um suprimento sanguíneo rico,


proveniente da artéria tireóidea superior (ramo da
carótida externa) e da artéria tireóidea inferior
(ramo do tronco tireocervical da artéria
subclávia). Ainda há uma pequena artéria
tireóidea caudal, ramo da artéria inominada.

- A drenagem venosa se faz pelas veias tireóideas


superior, lateral e inferior, conduzindo o sangue
para as veias jugulares internas ou troncos
braquiocefálicos.

- Histologicamente, a glândula é formada por uma


infinidade de folículos esféricos, com presença de
epitélio de células cuboides especializadas em
produzir os hormônios tireoidianos (células
foliculares tireóideas).

♥ No interior de cada folículo há um material


denominado “coloide”.
♥ Os folículos estão embebidos no estroma
glandular, que contém a microvasculatura
e as células intersticiais, entre elas as
células parafoliculares (células medulares - O câncer de tireoide representa < 1-3% das
C), secretoras de um outro hormônio – a malignidades, acometendo cerca de 40 pessoas
calcitonina, que, tal como o PTH, está para cada um milhão de indivíduos.
envolvida no metabolismo do cálcio e do ♥ Entre 90-95% dos casos são classificados
fósforo. como tumores bem diferenciados (sua
citoarquiquetura é parecida com o tecido
normal):
o carcinoma papilífero (principal):
entre 50 e 80% dos casos
o carcinoma folicular: entre 15 a 20%
dos casos
o carcinoma de células de Hürthle,
este último uma variante do
folicular.
▪ Todos têm origem na célula
folicular.
♥ A maior parte do restante (10 a 15%) é
representada pelos tumores pouco
diferenciados. Estes são:
o carcinoma medular de tireoide,
cuja origem é a célula C
parafolicular (secretora de exemplo: história de radioterapia (linfoma), vítimas
calcitonina); de acidentes nucleares.
o carcinoma anaplásico, originário
- História familiar: o risco chega a ser dez vezes
do epitélio folicular, muitas vezes a
mais alto em parentes de primeiro grau,
partir de um tumor bem
particularmente em se tratando de certas
diferenciado previamente
“síndromes de câncer de tireoide hereditário” (ex.:
existente.
polipose adenomatosa familiar, síndrome de
♥ Indiferenciados: linfoma de tireoide
Cowden, entre outras).
- Estimativas de novos casos: 13.780, 1.830 sendo
Folicular:
homens e 11.950 mulheres (2020 - INCA).
- Deficiência de iodo: a incidência de carcinoma
- Número de mortes: 869, sendo 298 homens e folicular é maior em regiões geográficas onde
571 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por ainda existe carência de iodo na dieta.
Câncer - SIM).
♥ A suplementação de iodo em algumas
ONCOGÊNESE dessas áreas reduziu a ocorrência da
doença
- A transformação neoplásica do epitélio
♥ Acredita-se que o mecanismo seja o
tireoidiano ocorre em células que sofreram
estímulo trófico por níveis constantemente
alterações genéticas cumulativas, tanto em proto-
elevados de TSH.
oncogenes quanto em genes supressores
tumorais. - Exposição à radiação ionizante: aqui a
importância deste fator é menor. A maioria dos
- Portanto, observa-se que a mutação está
cânceres de tireoide associados à radiação
presente em combinações variadas, estando
ionizante é do tipo papilífero.
relacionadas com os receptores de superfície
celular (RET, MET, TRK), as moléculas que realizam OBS: As “síndromes de câncer de tireoide
papel de segundo mensageiro, ou seja, faz a hereditário” NÃO se associam ao carcinoma
transdução dos sinais (BRAF ou Ras), além dos folicular
fatores de transcrição que vão atuar inibindo o
crescimento celular (p53, PAX8-PPARgama) TUMORES POUCO DIFERENCIADOS

Medular

- Neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM 2A e


2B): trata-se de uma síndrome especial de
“câncer de tireoide hereditário”, na qual se
observa predominância do carcinoma medular –
marco da síndrome – em associação a outros
tumores endócrinos.

- Carcinoma medular de tireoide familiar (não


FATORES DE RISCO NEM): neste caso, há história apenas de CMT, sem
os comemorativos da síndrome de neoplasia
- Os fatores de risco para câncer de tireoide são
endócrina múltipla.
condições associadas a uma chance maior de se
adquirir as já referidas mutações genéticas. E ♥ Nos casos de CMT esporádico (80%), o
algumas específicas estão mais ligadas a tumor tende a ser unilateral e isolado. Já
determinados tipos de carcinoma. nos casos de NEM 2 ou CMT familiar (20%
restantes), o tumor tende a ser precoce
TUMORES BEM DIFERENCIADOS:
(surgindo na infância), bilateral e
Papilífero: multicêntrico. Estes últimos estão muito
associados a mutações no gene RET
- Exposição à radiação ionizante (principal): até os
anos 60, a radioatividade era utilizada para tratar Anaplásico:
doenças infantis como acne, amigdalite e
- Antecedentes de neoplasia tireoidiana: cerca de
hipertrofia das adenoides. Todavia, seu uso foi
20-30% dos carcinomas anaplásicos possuem
proscrito devido à nítida associação com câncer
história prévia ou atual de Ca de tireoide bem
de tireoide na vida adulta... Outras formas de
diferenciado.
exposição também aumentam o risco, por
♥ A aquisição de certas mutações genéticas - Na prática atual, o diagnóstico do carcinoma
adicionais (ex.: inativação do p53) parece papilífero se baseia nas características nucleares
promover a desdiferenciação da célula mesmo na ausência de arquitetura papilífera. Os
cancerígena, originando o clone núcleos das células do carcinoma papilífero
“anaplásico”. contêm cromatina muito fina e dispersa, que
♥ Uma história de bócio multinodular confere aspecto opticamente claro, dando
também pode ser encontrada em até origem à designação de núcleos em vidro fosco
metade dos doentes, e configura fator de
risco.
♥ A doença é muito mais comum em
mulheres e idosos.

TUMORES INDIFERENCIADOS

Linfoma

- Tireoidite de Hashimoto: após alguns anos de


doença, o risco de linfoma de tireoide chega a ser
60x maior que o da população geral.

♥ Cerca de 50% dos casos de linfoma de


tireoide têm história prévia de Hashimoto,
sendo o único fator de risco conhecido

TIPOS HISTOLÓGICOS - As invaginações da membrana nuclear,


contendo citoplasma é designação de
TUMORES BEM DIFERENCIADOS
pseudoinclusões intranucleares nas secções
Carcinoma papilífero transversais

- Morfologia: podem se manifestar como lesões


solitárias ou multifocais no interior da tireoide. Em
alguns casos, podem ser bem circunscritas e
mesmo encapsuladas. Em outros casos, podem
infiltrar o parênquima adjacente com margens
mal definidas. As lesões podem conter áreas de
fibrose e calcificação, e frequentemente são
císticas.

- As células tendem a dispor-se ao longo de eixos


conjuntivo-vasculares ramificados,
formando papilas. As células costumam ser
cubóides ou colunares baixas, uniformes e bem
diferenciadas. Atualmente, a arquitetura
papilífera não é mais considerada o critério
decisivo para o diagnóstico deste tipo de tumor - As papilas neoplásicas apresentam eixos
fibrovasculares densos, que são estruturas
calcificadas concentricamente denominadas
corpos de psamoma frequentemente estão
presentes no interior das papilas

♥ Têm importância para o diagnóstico de


carcinoma papilífero porque são muito
mais raros em outros tipos de carcinoma
da tiróide como o folicular, medular e
anaplásico.
multicêntricas na tiróide. Alguns tumores são bem
delimitados e até encapsulados. Outros, contudo,
infiltram o parênquima adjacente com margens
mal definidas.

- Existe mais de uma dúzia de variantes do


carcinoma papilífero de tireoide, mas a mais
comum é composta predominante ou
exclusivamente por folículos (variante folicular do
carcinoma da tireoide). A variante folicular mais
- As metástases para linfonodos cervicais têm a
frequentemente é encapsulada e está associada
sua ocorrência estimada em cerca da metade
a incidência mais baixa de metástases para os
dos casos.
linfonodos e de extensão extratireoidiana do que
é típico para os carcinomas papilíferos ♥ Metástases à distância ocorrem somente
convencionais. em 2 a 10% dos casos, sendo o pulmão o
órgão mais afetado (70%), seguido pelo
♥ Os carcinomas papilíferos têm pelo menos
osso (20%) e SNC (10%). As metástases
alguns folículos em meio às papilas. Em
pulmonares podem aparecer como um
alguns, o componente folicular pode
infiltrado nodular bilateral difuso,
predominar muito sobre o papilífero, ou o
assintomático, que pode perdurar por
tumor pode ser exclusivamente folicular.
anos (fazendo diagnóstico diferencial
Neste caso, o diagnóstico de carcinoma
com sarcoidose).
papilífero baseia-se nas características
nucleares. Esses carcinomas papilíferos - O carcinoma papilífero geralmente não é
são chamados de variante folicular e se encapsulado, apresenta crescimento lento e na
comportam biologicamente como os maioria dos casos invade linfonodos regionais.
carcinomas papilíferos habituais, ou seja,
são infiltrativos localmente e, geralmente, ♥ Essa invasão não indica pior prognóstico,
não são encapsulados. Seu prognóstico é e pode ser observada até mesmo em
melhor que o do carcinoma folicular tumores com < 1 cm de diâmetro (os
verdadeiro. chamados microcarcinomas). A
frequência de envolvimento nodal tende
a ser maior em crianças.

Carcinoma folicular:

- As alterações citológicas do carcinoma folicular


(maligno) são virtualmente idênticas às do
adenoma folicular (benigno). Por tal motivo, o
laudo da PAAF se refere apenas a um “tumor
folicular” (inconclusivo)!

♥ Apenas uma análise cuidadosa da peça


cirúrgica (histopatologia) é capaz de
definir se existem ou não indícios de
malignidade, como invasão vascular e/ou
da cápsula tumoral.

- Caráter infiltrativo: Carcinomas papilíferos - Ao exame microscópico, a maior parte dos


podem ocorrer como lesões solitárias ou carcinomas foliculares é composta por células
bem uniformes formando pequenos folículos, que ♥ Células fusiformes com aspecto
lembram a tireoide normal; em outros casos, a sarcomatoso
diferenciação folicular pode ser menos aparente. ♥ Lesões mistas de células fusiformes e
gigantes

- Os focos de diferenciação papilar ou folicular


podem estar presentes em alguns tumores,
sugerindo a origem a partir de um carcinoma bem
diferenciado.

- É comum o achado de células gigantes com


invaginações citoplasmáticas; e mutações do
gene p53 são encontradas em 15% dos casos.

Carcinoma medular

- Os carcinomas medulares podem surgir como


nódulo solitário ou se manifestar como lesões
- O carcinoma folicular ainda pode ser classificado múltiplas envolvendo os dois lobos da tireoide. A
em dois subtipos, de acordo com o multicentricidade é particularmente comum nos
comportamento biológico verificado na casos familiais.
histopatologia:
♥ As lesões maiores frequentemente contêm
♥ minimamente invasivo – invasão áreas de necrose e hemorragia, podendo
microscópica da cápsula; se estender através da cápsula tireoidiana.
♥ altamenteinvasivo ou angioinvasivo –
atravessa a cápsula e penetra nos vasos - Ao exame microscópico, os carcinomas
sanguíneos. medulares são compostos por células poligonais a
fusiformes, que podem formar ninhos, trabéculas
- O folicular se dissemina preferencialmente pela ou mesmo folículos. Os depósitos amiloides,
via hematogênica, enviando metástases ósseas, derivados de moléculas alteradas de calcitonina,
pulmonares e hepáticas de maneira precoce estão presentes no estroma adjacente em muitos
(cerca de 33%). casos e constituem uma característica distintiva.
♥ A via linfática é mais rara, sendo o ♥ Uma das características peculiares dos
acometimento nodal observado numa carcinomas medulares familiais é a
minoria dos casos (< 10%). presença de hiperplasia multicêntrica das
células C no parênquima tireoidiano
Carcinoma de células de Hurthle
circundante, característica que representa
- As células de Hürthle são derivadas do epitélio lesões precursoras a partir das quais o
folicular e têm como característica seu grande carcinoma medular se origine.
tamanho e citoplasma eosinofílico e granular.

♥ O que o define, na prática, é uma


abundância de células oxifílicas, também
chamadas de oncócitos.

TUMORES POUCO DIFERENCIADOS

Carcinoma Anaplásico

- Os carcinomas anaplásicos se manifestam como


massas volumosas que tipicamente crescem
rapidamente além da cápsula tireoidiana para as
estruturas adjacentes do pescoço.

- Ao exame microscópico, essas neoplasias são


compostas por células altamente anaplásicas –
possue desenvolvimento anormal da célula,
podendo assumir diversos padrões histológicos, MANIFESTAÇÕES CLINICAS
incluindo aqueles preenchidos por:
- Devido às características clínicas e biológicas
♥ Grandes células pleomórficas gigantes únicas associadas a cada variante de carcinoma
de tireoide, as manifestações clínicas são calcitonina, um hormônio envolvido no
diferentes. metabolismo do cálcio (a calcitonina diminui a
reabsorção tubular de cálcio e inibe a reabsorção
TUMORES BEM DIFERENCIADOS:
óssea pelos osteoclastos.,
Carcinoma papilífero:
- Os pacientes com CMT- carcinoma medular de
- É o tumor maligno mais comum da tireoide, tireoide- esporádico podem se apresentar com
especialmente em crianças (onde constitui até uma massa palpável. A doença localmente
80% dos casos). Predomina no sexo feminino (2:1), avançada pode levar à rouquidão, disfagia e
com idade média de apresentação entre 20-40 sinais de comprometimento respiratório.
anos (ou 30-50 anos).
♥ A diarreia se encontra presente em cerca
♥ O prognóstico é excelente, e a maioria dos de 30% dos casos, sendo ocasionada por
pacientes não morre da doença uma maior secreção jejunal de água e
eletrólitos induzida pela calcitonina.
- A apresentação varia na dependência do
estágio tumoral. - A hipertensão é encontrada em casos
associados à NEM-neoplasia endócrina múltipla-
♥ Geralmente o indivíduo se encontra devido à presença do feocromocitoma (bilaterais,
eutireoidiano, com uma massa de ocorrendo na segunda e terceira décadas);
crescimento lento, não dolorosa, em
topografia de tireoide. ♥ A hipercalcemia e cálculos renais são
♥ A presença de linfonodo palpável nesse decorrentes do hiperparatireoidismo que
contexto é bastante sugestiva de pode estar presente (NEM 2A).
carcinoma papilífero
Carcinoma anaplásico
♥ Em casos avançados surgem sintomas
compressivos locais como disfagia e - O crescimento tumoral é extremamente rápido,
rouquidão (esta última pelo independente do tratamento, com invasão de
comprometimento do nervo laríngeo linfonodos e estruturas contíguas. A disseminação
recorrente) ocorre por via linfática e hematogênica,
acometendo linfonodos cervicais, cérebro,
Carcinoma folicular;
pulmões e ossos.
- Em geral, temos um nódulo tireoidiano solitário e
♥ O prognostico é ruim, sendo que a maioria
indolor (a multicentricidade é infrequente no Ca
dos pacientes vão a óbito em menos de 1
folicular). Como nesse carcinoma a metástase é
ano, como resultado do crescimento
pela corrente sanguínea, a presença de
agressivo local e do comprometimento
linfonodos regionais palpáveis é rara. Sendo assim,
das estruturas vitais do pescoço.
a metástase atinge pulmões, ossos e fígados,
fazendo com que a manifestação clinica possa LINFOMA DA TIREOIDE
está associada a função desses órgãos. (em casos
- Sintomas associados da tireoide de Hashimoto,
avançados)
ou seja, lembra o hipotireoidismo, como:
Carcinoma de células de Hurthle
♥ Aumento fácil de peso;
- O carcinoma de células de Hürthle é ♥ Cansaço excessivo;
considerado uma variedade menos diferenciada ♥ Pele fria e pálida;
e mais agressiva do carcinoma de células ♥ Prisão de ventre;
foliculares, que afeta uma população mais idosa ♥ Baixa tolerância ao frio;
(o tumor é incomum em crianças). ♥ Dores musculares ou articulares
♥ Dispneia, estridor, disfagia e rouquidão
- Este tumor não capta, é algumas vezes bilateral
são sintomas comuns em pacientes
e múltiplo, e envia metástases com frequência
com linfoma de tireoide; entretanto, o
para linfonodos regionais. (linfonodos palpáveis)
principal sintoma pode ser apenas um
TUMORES POUCO DIFERENCIADOS tumor cervical em crescimento

Carcinoma medular DIAGNÓSTICO

- O CMT representa de 5 a 10% dos tumores Anamnese:


malignos da tireoide, tendo origem a partir de
- Alguns fatores devem ser levados em conta
células parafoliculares ou células C, produtoras de
quando analisamos um nódulo tireoidiano. A
idade é uma consideração importante, uma vez - Exames laboratoriais da função tireoidiana: A
que a malignidade é mais comumente grande maioria dos pacientes com câncer
encontrada em jovens (apesar de pior encontra-se no estado eutireóideo. Entretanto,
prognóstico no idoso). não podemos esquecer a associação de tireoidite
de Hashimoto e linfomas. Devemos solicitar
♥ Embora os nódulos sejam mais frequentes
sempre o TSH, podendo também solicitar o T4 livre
em mulheres, a presença de malignidade
e anticorpo antitireoperoxidase (anti-TPO).
é cerca de duas a três vezes mais comum
em homens. ♥ A presença de hipertireoidismo, mesmo
♥ Raramente a história familiar vai nos que subclínico (TSH baixo) indica uma
influenciar quanto à conduta a ser cintilografia tireoidiana, para avaliar a
tomada. Exceções a esta regra incluem as presença de um adenoma
raras síndromes associadas a câncer de hiperfuncionante.
tireoide – síndrome de Gardner, NEM 2A e o As áreas anormais da tireoide, que
2B, doença de Cowden, etc. captam menos radioatividade do
♥ História de exposição à irradiação na que o tecido normal, são
infância e adolescência (> 50 cGy) é fator denominados nódulos frios –
de risco importante para o surgimento de geralmente malignos, e as áreas
carcinoma papilífero. que captam mais radiação são
chamadas nódulos quentes -
Exame clínico:
causam hipertireoidismo (TSH
- Nódulos tireoidianos são extremamente comuns, baixo), normalmente são benignos.
sendo encontrados em até 5% das mulheres e 1% ♥ A presença de TSH normal ou elevado,
dos homens adultos (prevalência ainda mais alta indica ultrassonografia para avaliação do
em regiões deficientes em iodo). nódulo.
♥ a níveis elevados de calcitonina
♥ Em cerca de 85-95% das vezes praticamente sela o diagnóstico de
representam lesões benignas (adenoma carcinoma medular
folicular, nódulo coloide ou cisto – ver o A dosagem das catecolaminas na
porém, cerca de 15% são neoplasias urina de 24h faz parte da avaliação
malignas (carcinomas, linfomas) ou inicial desses pacientes para
mesmo metástases de tumores à distância. afastar feocromocitoma.
▪ Caso diagnosticado, a
- Sinais e sintomas: A presença de dor e
remoção do
crescimento rápido pode significar tanto
feocromocitoma deve ser
hemorragia no interior de um nódulo quanto
realizada antes da
malignidade. Rouquidão é um sinal de alarme,
tireoidectomia.
pois fala a favor de neoplasia maligna
o O cálcio sérico também deve ser
comprometendo o nervo laríngeo recorrente.
medido de rotina a fim de
♥ Um nódulo móvel à deglutição sugere a pesquisarmos hiperparatireoidismo.
presença de adenoma, enquanto o A pesquisa de mutações do RET
linfonodos cervicais e supraclaviculares deve ser oferecida a todos
aumentados de tamanho, principalmente pacientes e familiares com história
se fixados à traqueia, nos fazem considerar de CMT, hiperplasia de células C e
a possibilidade de tumor maligno da NEM. Atualmente, alguns centros
glândula. de diagnóstico já disponibilizam
métodos de investigação para
OBS: Um nódulo maligno pode apresentar textura mutações no RET.
firme, maior que 4cm irregularidade de contorno,
vascularização intranidular fixação a estruturas
adjacentes e linfonodo cervical ipsilateral
aumentado e palpável.

- Quanto ao tamanho: Os nódulos impalpáveis


têm a mesma chance de malignidade do que
nódulos palpáveis do mesmo tamanho. Em geral,
somente nódulos com 1 cm ou mais de diâmetro
devem ser investigados, pois têm maior potencial
de ser uma neoplasia maligna.
♥ Ecogenicidade: A baixa ecogenicidade
(nódulo sólido hipoecoico) é uma
característica relevante, com valor
preditivo positivo para malignidade que
pode variar de 50% a 63%. Os isoecoicos
podem ser malignos em 7% a 25% dos
casos, e a malignidade está presente em
Ultrassonografia apenas 4% dos casos de nódulos
hiperecoicos.
- é capaz de demonstrar lesões a partir de 3 mm,
além de identificar a presença de cápsula, áreas PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF)
císticas e tamanho dos lóbulos. Alem de avaliar os
linfonodos regionais. - É o melhor método para diferenciar nódulos
benignos e malignos. A sensibilidade e a
♥ A USG permite classificar os nódulos em especificidade ultrapassam 90%. Na presença de
sólidos, císticos e mistos (císticos e sólidos). bócio multinodular, indica-se a realização de
PAAF nos quatro maiores nódulos. Idealmente, a
- Juntamente com a USG podemos realizar o
PAAF deve ser sempre guiada por USG, mesmo
Doppler para avaliar a vascularização dos
quando o nódulo é palpável, pois isso aumenta a
nódulos.
acurácia diagnóstica.
♥ Uma vascularização intranodular sugere
- Mas é importante lembrar que a PAAF analisa
nódulo maligno sendo utilizada a
somente a citologia. (isto é, células “soltas” são
classificação de Chammas
visualizadas individualmente).

♥ diferentemente da histopatologia, no qual


é realizada uma biopsia do tecido,
podendo visualizar sua organização
celular)

OBS: A PAAF é utilizada para confirmar diagnostico


de carcinoma papilífero

OBS 2: o diagnóstico de carcinoma folicular não


pode ser confirmado pela citologia! Assim, diante
de um “tumor folicular” é mandatório proceder à
sua remoção cirúrgica, mesmo sabendo que na
maioria das vezes será encontrado um adenoma
folicular (tumor benigno). o diagnóstico de Ca
folicular só pode ser confirmado pela análise
histopatológica convencional.
- O nódulo submetido à PAAF deve ser classificado - Para os microcarcinomas (tumores < 1 cm) sem
conforme o sistema de Bethesda: os fatores acima listados, uma lobectomia com
istmectomia, isto é, uma tireoidectomia parcial,
passa a ser o procedimento de escolha! A
sobrevida desses doentes após 30 anos de
acompanhamento se aproxima a 100%.

Tireidectomia total

- Lesões que possuem diâmetro ≥ 1 cm ou,


independentemente do tamanho, apresentam
extensão extratireoidiana, metástases ou se
associam a exposição prévia à radiação, devem
- Quais são as indicações de PAAF?
ser tratadas com tireoidectomia total.
♥ Nódulos de qualquer tamanho associados
♥ Algumas fontes também afirmam que
à linfadenopatia cervical suspeita;
todos os pacientes com < 15 anos de
♥ Nódulos > 0,5 cm com características
idade devem ser submetidos à
sugestivas de malignidade na USG;
tireoidectomia total!
♥ Nódulos ≥ 1 cm, sólidos ou não sólidos com
o Constata-se um elevado risco
microcalcificações;
multicentricidade nesses casos e,
♥ Nódulos mistos (cístico-sólidos) com ≥ 1,5
por conseguinte, recidiva, caso
cm e características sugestivas de
haja algum tecido tireoidiano
malignidade na USG ou ≥ 2 cm,
remanescente.
independentemente das características
o Além do mais, a ressecção
na USG;
completa do parênquima facilita a
♥ Nódulos espongiformes ≥ 2 cm.
aplicação da radioiodoterapia
- Nódulos sem indicação de PAAF, ou que foram adjuvante (pós-operatória)
submetidos à PAAF e tiveram resultado benigno,
Dissecção linfonodal
devem ser acompanhados com USG a cada 6- 18
meses. Se houver crescimento acelerado (> 50% - A dissecção linfonodal NÃO costuma ser
do volume ou > 20% em pelo menos duas empregada de maneira “profilática” (exceção é
dimensões, com um aumento mínimo de 2 mm do feita aos casos com tumores muito grandes).
nódulo sólido ou componente sólido de um Recomenda-se realizá-la somente na presença de
nódulo misto), uma nova PAAF deve ser realizada adenomegalias palpáveis ao exame físico, ou
imediatamente. detectáveis por métodos de imagem. O
procedimento indicado é a dissecção cervical
TC e RM
radical modificada, em que se ressecam os
- Indicados para complementar a avaliação de linfonodos das cadeias envolvidas preservando o
pacientes com doença extensa (ex.: visualização esternocleidomastóideo e o nervo acessório.
de linfonodos mais profundos; bócio subesternal).
ESTADIAMENTO
Laringoscopia:
- O estadiamento estará completo somente após
- Suspeita de invasão de estruturas contíguas o ato operatório. A cirurgia fornece dados que
permitem refinar a estimativa do prognóstico,
Imuno-histoquímica (biopsia) orientando quanto à necessidade de terapias
adjuvantes (ablação com radioiodoterapia,
- Utilizado no carcinoma folicular e no anaplasico
terapia supressiva com levotiroxina). A partir deste
♥ Anaplasico: reconhecimento de tumores momento, podemos definir o TNM do câncer de
muito indiferenciados e, sobretudo, para tireoide
distingui-los do CMT e do linfoma.

TRATAMENTO CARCINOMA PAPILÍFERO

- O manejo dos tumores bem diferenciados é


fundamentalmente CIRÚRGICO.

Tireoidectomia parcial:
♥ tumores > 4 cm,
♥ doença extratireoidiana
♥ pacientes com outros critérios de “alto
risco”, mesmo que o tumor tenha entre 1-4
cm.

Terapia supressiva com levotiroxina:

- O uso da levotiroxina faz parte do arsenal


terapêutico, não só para repor hormônio
tireoidiano no pós-operatório, mas,
principalmente, para suprimir o TSH, uma vez que
as células tumorais são responsivas a este
hormônio!

♥ Os níveis devem ficar abaixo de 0,1 mU/L


(n= 0,5-5 mU/L).

- Pacientes de baixo risco pode ser mantidos com


TSH entre 0,1 e 0,5 mU/L e, após 5-10 anos sem
indícios de recidiva, pode-se permitir o retorno do
TSH à faixa normal.

PROTOCOLO PÓS-TIREOIDECTOMIA TOTAL:

- Para o sucesso da radioablação é necessário


que o TSH esteja elevado (> 30 mU/L), a fim de
estimular as células tumorais a captar o iodo
radioativo. Isto pode ser obtido de três formas
diferentes:

♥ deixando o paciente sem reposição de


levotiroxina por 3-4 semanas;
♥ iniciando tratamento com T3 isolado
(liotironina), na dose de 50-100 mcg/dia
por quatro semanas, suspendendo a
medicação duas semanas antes (o uso de
T3 isolado faz o T4 desaparecer da
circulação).
o Devido à meia-vida extremamente
curta do T3 (cerca de 24h – a meia-
vida do T4 é de uma semana), logo
após sua suspensão, os níveis
hormonais se depletam e ocorre
um rápido aumento do TSH);
♥ utilizando TSH recombinante (rhTSH), que
parece ser a melhor estratégia para
indivíduos com comorbidades que têm
CONDUTA NOS PORTADORES DE CÂNCER DE grande potencial de piora no estado de
TIREOIDE BEM DIFERENCIADO SUBMETIDOS À hipotireoidismo (ex.: doenças
TIREOIDECTOMIA TOTAL cardiovasculares, IRC, depressão, etc.).
o Se utilizarmos o TSH recombinante,
Radioablação com 131 I:
não haverá necessidade de
- Tem como finalidade destruir o parênquima suspender a reposição de
remanescente. levotiroxina! Tal estratégia também
deve ser aventada nos casos em
- Suas indicações abrangem praticamente TODOS
que o TSH endógeno não se eleva
os casos encontrados na prática:
de forma satisfatória
♥ Metástases à distância, envolvimento
- Em certas situações (ex.: incerteza quanto à
linfonodal,
magnitude do tecido tireoidiano remanescente),
antes da radioablação pode ser necessário - Hipocalcemia: Trata-se da queda dos níveis de
realizar uma cintilografia diagnóstica. Caso haja cálcio no sangue causada pelo mau
muita captação (isto é, sobrou “muita tireoide”) é funcionamento das glândulas paratireoides, que
preferível reoperar antes da radioablação. são responsáveis pela produção do hormônio PTH
que faz a regulação do cálcio.
♥ Ressalte-se que quando tal exame for
indicado, este deverá ser feito com 123 I, - Hipotireoidismo: Trata-se de um distúrbio no qual
uma vez que tal isótopo possui meia-vida há uma quantidade insuficiente de hormônios
inferior. tireoidianos presentes no organismo, ocasionando
♥ Se o exame for realizado com 131 I existe alterações metabólicas dos órgãos e levando a
risco das células tumorais se sintomas clínicos e alterações laboratoriais.
sobrecarregarem, mesmo com a dose de
♥ sonolência, constipação, pele seca,
iodo relativamente baixa do exame, o que
déficits de atenção, raciocínio lento,
as impedirá de absorver a dose ablativa
depressão, unhas e cabelos secos,
subsequente
quebradiços e de crescimento lento,
- Imediatamente antes da ablação, enquanto o fraqueza muscular, intolerância ao frio,
doente apresenta TSH elevado, a tireoglobulina queda de cabelos, dislipidemia (aumento
deve ser dosada (tireoglobulina estimulada). Além do colesterol) e PEQUENO ganho de peso.
de se correlacionar com a presença de ♥ Além dessas complicações, após a
metástases e com o resultado da PCI pós-dose, tal tireoidectomia também podem ocorrer
exame é considerado um fator prognóstico infecções, insuficiência respiratória e
independente. afonia com falta de ar. Entretanto, são
situações incomuns, sendo o efeito
ACOMPANHAMENTO PÓS-OPERATÓRIO:
secundário mais comum a necessidade de
- A ultrassonografia cervical deve ser feita a cada reposição diária do hormônio tireoidiano.
seis meses.
- Uso da medicação continua:
- Se surgirem linfonodos suspeitos (> 5-8 mm), estes
♥ O excesso de hormônios tireoidianos que
deverão ser puncionados para avaliação
pode provocar boa parte dos seguintes
citológica e pesquisa de tireoglobulina.
efeitos adversos: palpitação, taquicardia,
♥ A tireoglobulina sérica também deve ser arritmias, hipertensão, dor no peito,
mensurada a cada seis meses. Ela tem que agitação, ansiedade, dor de cabeça,
permanecer negativa (< 1-2 ng/ml) dada insônia, tremores, irritabilidade, suores,
a ausência da glândula! calor excessivo, perda de peso, alterações
♥ Valores positivos indicam RECIDIVA. menstruais, diarreia, vômitos, aumento do
o Neste contexto, uma nova PCI apetite, cólicas abdominais e queda de
deverá ser realizada, e uma nova cabelo.
radioablação precisará ser feita.
OBJETIVOS: Identificar a epidemiologia e os fatores
Existe um ponto importante: até
de risco do câncer bucal (lábios, palato, língua e
25% dos pacientes apresentam
orofaringe)
anticorpos antitireoglobulina, o que
compromete a dosagem da -Relacionar a infecção pelo HPV e seu mecanismo
tireoglobulina sérica, que poderá de carcinogênese do câncer bucal.
vir falsamente negativa. Por tal
motivo, é obrigatório solicitar a -Descrever as manifestações clinicas, diagnostico
dosagem do anticorpo e os princípios terapêuticos do câncer bucal.
antitireoglobulina juntamente com -Explicar as medidas preventivas do câncer bucal
a tireoglobulina! e a importância do diagnóstico precoce.
IMPACTOS DA TIREIDECTOMIA

- Disfonia: Trata-se de um sintoma relacionado à


presença de distúrbios na voz, podendo se
- A cavidade oral inclui os lábios, mucosa oral, que
manifestar como rouquidão, esforço para emitir a
reveste a parte anterior dos lábios e bochechas,
voz, cansaço ao falar, dificuldade em manter a
dentes, gengivas, dois terços anteriores da língua,
voz, variações na fala, falta de volume e de
assoalho da boca e palato duro. O trígono
projeção, e perda da eficiência vocal.
retromolar corresponde à região posterior dos
dentes do siso, que pode ser incluída como parte comportamento diferente do câncer de cavidade
da cavidade oral, mas muitas vezes é considerada oral.
como parte da orofaringe.
- É uma doença de importante magnitude no
- A orofaringe é a parte da garganta logo atrás da Brasil, com variações regionais significativas, tanto
boca, incluindo a base da língua, o palato mole, na incidência quanto na mortalidade.
as amígdalas (tonsilas) e a parte lateral e posterior
♥ As regiões Sudeste e Sul apresentam as
da garganta.
maiores taxas de incidência e de
mortalidade da doença.
♥ Sem considerar os tumores de pele não
melanoma, o câncer da cavidade oral em
homens é o quinto mais frequente nas
Regiões Sudeste (13,58/100 mil), Centro-
Oeste (8,94/100 mil) e Nordeste (7,65/100
mil). Nas Regiões Sul (13,32/100 mil) e Norte
(3,98/100 mil), ocupa a sexta posição.
♥ Para as mulheres, é o décimo primeiro mais
frequente na Região Nordeste (3,75/100
mil) e o décimo segundo na Região Norte
(1,69/100 mil). Já nas Regiões Sudeste
(4,12/100 mil) e Centro-Oeste (2,90/100 mil),
ocupa a décima terceira posição. Na
Região Sul (4,08/100 mil), ocupa a décima
quarta posição

- A doença é mais frequente em homens, a partir


dos 40 anos, e apresenta melhor prognóstico
quando diagnosticada e tratada em estágios
iniciais.

♥ Estima-se 11.180 casos novos da doença


em homens e 4.010 em mulheres para
cada ano do triênio 2020-2022
♥ Esses valores correspondem a um risco
estimado de 10,70 casos novos a cada 100
mil homens, ocupando a quinta posição.
Para as mulheres, corresponde a 3,71 para
cada 100 mil mulheres, sendo a décima
terceira mais frequente entre todos os
cânceres

- Estimativa de novos casos: 15.190, sendo 11.180


homens e 4.010 mulheres (2020 - INCA)

- Número de mortes: 6.605 sendo 5.120 homens e


1.485 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por
EPIDEMIOLOGIA Câncer - SIM)

- O câncer da boca (também conhecido como - Aproximadamente 94% de todas as


câncer de lábio e cavidade oral) é um tumor malignidades orais são carcinomas de células
maligno que afeta lábios, estruturas da boca, escamosas.
como gengivas, bochechas, palato, língua
- Do mesmo modo que em vários outros
(principalmente as bordas) e a região embaixo da
carcinomas, o risco de câncer intraoral aumenta
língua.
com o aumento da idade, especialmente para os
- A maioria dos casos é diagnosticada em estágios homens. Sendo mais prevalente como causa de
avançados. A parte posterior da língua, as Ca da orofaringe
amígdalas e o palato fibroso fazem parte da
FATORES DE RISCO
região chamada orofaringe e seus tumores têm
- A causa do carcinoma de células escamosas diretamente a mucosa oral e aumento o risco de
oral é multifatorial. Nenhum agente ou fator câncer epidermoide.
(carcinógeno) etiológico único tem sido
♥ Essas mutações frequentemente envolvem
claramente definido ou aceito, porém tanto
TP53 e os genes que regulam a
fatores extrínsecos quanto intrínsecos podem estar
diferenciação de células escamosas,
atuando. É provável que mais do que um único
como p63 e NOTCHI.
fator seja necessário para produzir tal malignidade
(cocarcinogênese). Etilismo
♥ Os fatores extrínsecos incluem agentes - O consumo excessivo de álcool tem sido
externos tais como tabaco com fumaça, associado ao desenvolvimento do câncer oral. É
álcool, sífilis e (somente para cânceres do incerto se o álcool isoladamente pode iniciar a
vermelhão do lábio) luz solar. carcinogênese, embora esteja bem estabelecido
♥ Os fatores intrínsecos incluem estados que o álcool em combinação com o tabaco é um
sistêmicos ou generalizados, tais como fator de risco significativo para o desenvolvimento
desnutrição geral ou anemia por do câncer oral.
deficiência de ferro.
- Estudos de caso-controle têm concluído que o
- A hereditariedade parece não desempenhar um risco é dose-dependente e tempo-dependente e
papel principal na causalidade do carcinoma que a combinação do uso excessivo do álcool e
oral. do tabaco por período prolongado pode
aumentar o risco individual para o câncer oral
- Vários carcinomas de células escamosas orais
para um fator de 15 ou mais (o risco relativo é de
têm sido documentados em associação ou têm
15)
sido precedidos por uma lesão pré-cancerosa,
especialmente a leucoplasia - Evidências mostram que o acetaldeído, o
principal e mais tóxico metabólito do álcool,
- Os produtos de tabaco e álcool são os principais
interrompe a síntese e o reparo do DNA e,
fatores etiológicos e de risco para carcinomas
portanto, pode favorecer a carcinogênese.
escamosos de cabeça e pescoço
♥ Além disso, maior exposição ao etanol
Tabagismo
também induz o estresse oxidativo por
- A proporção de tabagistas entre os pacientes meio do aumento da produção de
com carcinoma oral (80%) é duas a três vezes oxigênio com potencial reativo e
maior do que na população em geral. genotóxico.
♥ Sugere-se, ainda, que o álcool possa
- O risco para um segundo carcinoma primário do
funcionar como um solvente, favorecendo
trato aerodigestivo superior é duas a seis vezes
a penetração celular de carcinogéneos
maior para pacientes tratados do câncer oral que
dietéticos ou ambientais (por exemplo,
continuam a fumar do que para os que
tabaco) ou interferindo nos mecanismos
abandonaram o hábito após o diagnóstico.
de reparo do DNA.
- O risco é de pelo menos cinco para pessoas que o O álcool afeta as enzimas de
fumam 40 cigarros/dia, porém aumenta para 17 destoxificação local e sistêmicas e
para pessoas que fumam 80 ou mais cigarros pode aumentar o potencial
diariamente. O risco, além disso, aumenta de carcinogênico de outros
acordo com o tempo (anos) de duração do vício. carcinógenos ambientais
♥ Pessoas que consomem bebidas
- No fumo invertido, a ponta acesa de um cigarro alcoólicas em altas quantidades também
ou charuto feito à mão é mantida no interior da podem ter dietas carentes de nutrientes
boca. Esse hábito eleva consideravelmente o risco essenciais, como o folato, tornando os
individual para o câncer oral. Nos locais onde o tecidos-alvo mais suscetíveis aos efeitos
fumo invertido é praticado, até 50% de todas as carcinogênicos do álcool.
malignidades orais são encontradas no palato
duro, um sítio geralmente poupado por essa OBS: o consumo de álcool, bem como a
doença. aplicação direta nos enxaguantes bucais está
associado a maiores risco de desenvolvimento de
- Qualquer produto irritante do tabaco aumenta o tumores nessa região
risco de câncer local, mas a nicotina e outros
componentes da folha do tabaco afeta Agentes fenólicos
- Recentemente as evidências têm dado ênfase a sugerido que a vitamina pode exercer um papel
um risco aumentado do câncer para protetor ou preventivo no pré-cancer e no câncer
trabalhadores da indústria de produtos derivados oral
da madeira cronicamente expostos a certos
Sífilis
agentes químicos, tais como os ácidos
fenoxiacéticos. Além disso, há muito tempo tem - Há muito tempo aceita-se que a sífilis (estágio
sido reconhecido que esses trabalhadores terciário) tem uma forte associação com o
apresentam um maior risco para os carcinomas desenvolvimento do carcinoma do dorso da
nasal e nasofaríngeo língua
Radiação ♥ atualmente raras pelo fato de essa
infecção ser tipicamente diagnosticada e
- Os efeitos da radiação ultravioleta (UV) sobre os
tratada antes do início do estágio terciário.
lábios foram discutidos anteriormente (queilose
actínica), porém é bem reconhecido que outra Imunossupressão
forma de radiação, os raios X, diminuei a
reatividade imune e produz anormalidades no - A imunossupressão pode desempenhar um
material cromossômico. papel no desenvolvimento de pelo menos
algumas malignidades do trato aerodigestivo
- Não é surpreendente, portanto, que a superior.
radioterapia direcionada para a área de cabeça
e pescoço aumente o risco do posterior ♥ Sem vigilância e ataque imunológicos
desenvolvimento de uma nova malignidade efetivos, acredita-se que as células
primária oral, um carcinoma ou um sarcoma. malignas recentemente geradas não
possam ser reconhecidas e destruídas em
♥ Esse efeito é dose-dependente, porém até um estágio inicial.
a radioterapia em baixas doses para lesões ♥ Os indivíduos com AIDS e aqueles que
benignas pode aumentar o risco local em estão sendo submetidos à terapia
algum grau imunossupressora para malignidades ou
transplante de órgãos apresentam risco
Deficiência de ferro
aumentado para o carcinoma de células
- A deficiência de ferro, especialmente a grave e escamosas e outras malignidades de
crônica forma conhecida como síndrome de cabeça e pescoço, especialmente
Plummer-Vinson ou Paterson-Kelly, está associada quando o tabaco e o uso do álcool estão
a um elevado risco para o carcinoma de células presentes.
escamosas do esôfago, orofaringe e da região
HPV e carcinogênese bucal
posterior da boca.
- Ocorre que, hoje, a doença também atinge
- As malignidades se desenvolvem em uma idade
jovens (entre 30 e 45 anos) de ambos os sexos que
mais baixa do que nos pacientes sem anemia por
não fumam nem bebem em excesso, mas
deficiência de ferro.
praticam sexo oral desprotegido. Isso porque o
- Os indivíduos que apresentam deficiência de HPV -papilomavírus humano-, que é transmitido
ferro tendem a ter imunidade mediada por células sexualmente, está diretamente ligado a cada vez
prejudicada e o ferro é essencial para o mais casos de câncer de cabeça e pescoço.
funcionamento normal das células epiteliais do
♥ Comum de ocorrer nas criptas tonsilares e
trato digestivo superior.
na base da língua, mas não descarta
♥ Nos estados de deficiência, as células outros locais da cavidade bucal.
epiteliais sofrem uma renovação mais
- O HPV do tipo 16 causa 60% dos cânceres
rápida e produzem uma mucosa atrófica
orofaríngeos, e a faixa etária dos pacientes caiu
ou imatura.
(média de idade 57 anos e picos bimodais aos 30
♥ Essa mudança na arquitetura tecidual,
e 55 anos) à medida que a infecção por HPV
futuramente pode ser fator para a
surgiu como uma etiologia.
proliferação de células cancerosas
♥ O número de parceiros sexuais e a
Deficiência de vitamina A
frequência do sexo oral são fatores
- A deficiência de vitamina A produz uma importantes de risco.
ceratinização excessiva da pele e das ♥ O risco de desenvolver câncer orofaríngeo
membranas mucosas e os pesquisadores têm é 16x maior em pacientes positivos para
HPV. Na Europa e na América do Norte, a ♥ Recentes evidências sugerem que o gene
infecção por HPV é responsável por cerca E5 do HPV-16 pode induzir transformação
de 70 a 80% dos cânceres orofaríngeos. em células epiteliais, aumentando a
transdução de sinal intracelular mediado
- Os subtipos 16, 18, 31 e 33 são as cepas mais
por fatores de crescimento.
relacionadas a displasia e ao carcinoma de
♥ A proteína E6 tem sua atividade
celulas escamosas.
transformadora dependente da ligação
Mecanismo de ação: com a proteína supressora de tumor p53,
que regula a passagem pelas fases G1/S e
- A infecção pelo HPV é iniciada quando uma G2/M.
partícula viral penetra nas células basais o Uma vez estabelecida essa
localizada nas camadas mais baixas do epitélio ligação, a proteína E6 estimula a
estratificado. degradação da p53, levando-a a
níveis muito baixos em muitos
♥ Conforme as células mais profundas do
tumores humanos, o que faz com
epitélio vão se dividindo, elas migram da
que as células desses tumores
camada basal e se tornam
falhem na parada do ciclo celular
gradativamente diferenciadas.
em G1, seguindo então o dano no
♥ Depois de entrar na célula, os genomas
DNA celular.
dos HPV integram-se ao núcleo, e o vírus
o Logo, se outra proteína supressora
começa a replicar e o número de cópias é
de tumor (como a pRb, por
aumentado, fazendo com que essas
exemplo) não compensar a
células infectadas distribuem
reduzida atividade da p53, a
equitativamente o DNA viral entre as
transformação celular pode, de
células-filhas.
fato, ocorrer.
- Uma das células-filhas migra para a camada o A proteína E6, além de reprimir a
basal e inicia o programa de diferenciação. A ação de p53, também tem como
outra célula-filha continua diferenciada na função a atividade de telomerase,
camada basal, sofrendo divisões para oferecer podendo associar-se com
células para a manutenção da camada basal. proteínas ligantes do cálcio, ERC55,
fatores de resposta do interferon,
- Multiplicação extensiva do DNA viral e IRF3, ou, até mesmo, associar-se a
transcrição de todos os genes virais, bem como proteínas de integração viral.
formação de capsídeo, ocorrem apenas nas ♥ A principal função do gene E7 dos HPV de
camadas mais superficiais do epitélio. alto risco é desregular a maquinaria do
♥ Portanto, partículas virais maduras (com ciclo celular da célula infectada,
capsídeos completos) estão ausentes nas principalmente pela indução da
células basais, e a replicação produtiva do transcrição da fase G1/S.
HPV está restrita às células nos estratos o A proteína E7 liga-se às proteínas
espinhoso e granuloso. da família pRb (proteína supressora
de tumor de retinoblastoma); essa
- Os primeiros genes dos HPV a se expressarem são interação ativa os fatores de
E1 e E2, cujos produtos estão envolvidos na transcrição E2F, que são liberados
replicação do genoma viral. da pRb.
o Estes fatores induzem a transcrição
♥ O produto do gene E1, uma fosfoproteína
de genes importantes no controle
nuclear com atividade ATPase e DNA
da divisão celular, por promover a
helicase, liga-se na origem de replicação
progressão do ciclo celular,
do DNA viral, sendo essencial para a
atuando nas fases G1 e S21.
replicação do vírus.
♥ A proteína codificada pelo gene E2 é um - Assim, os genes E5, E6 e E7 do HPV induziriam a
fator que regula a transcrição dos transformação celular e poderiam estar
oncogenes E6 e E7. envolvidos na carcinogênese, sendo os genes E6
♥ A proteína E4 é detectada apenas nas e E7 considerados os genes de maior poder de
camadas mais diferenciadas do epitélio, transformação dos HPV
estando envolvida na maturação e na
liberação das partículas dos HPV. No câncer relacionado com o ambiente:
- o ciclo celular é desregulado pela perda diferenciadas até tumores anaplásicos,
precoce de p16, um inibidor da ciclina D1, ou por alguns vezes sarcomatoides
meio do aumento da taxa de regulação da
ciclina D1; p53 (supressor tumoral, reparador de
DNA e indutor de apoptose) é bloqueado por - Normalmente, o carcinoma de células
diversos mecanismos que evitam a morte celular escamosas oral infiltra localmente antes de
programada; a sinalização mitogênica é metastatizar. Os linfonodos cervicais são os locais
reforçada pelo aumento da regulação da função mais comuns de metástase regional; locais
do receptor do fator de crescimento epidérmico frequentes de metástases a distância incluem
(EGF); ocorre uma superexpressão da ciclo- linfonodos mediastinais, pulmões e fígado
oxigenase-2 (COX-2), inibindo a apoptose e
promovendo a angiogênese; e se desenvolve a
instabilidade cromossômica com aneuploidia
(adição o perda de um ou mais cromossomos).

- Muitas dessas alterações moleculares iniciais e


funcionais ocorrem sem uma mudança óbvia no
aspecto físico da mucosa oral, apesar de ser
possível encontrar leucoplasia.

TIPOS HISTOLÓGICOS

Carcinoma de Células Escamosas:

- Aproximadamente 95% dos cânceres da


cavidade oral são carcinomas de células
escamosas, sendo que os restantes são
compostos em grande parte de
adenocarcinomas de glândulas salivares.

♥ Esse tumor maligno epitelial agressivo é a


sexta neoplasia mais comum no mundo de
hoje.
♥ Apesar dos inúmeros avanços no
tratamento, a taxa de sobrevida de longo
prazo tem sido inferior a 50% nos últimos 50
anos. Essa perspectiva sombria é
decorrente de vários fatores,
principalmente do fato de que o câncer
bucal é diagnosticado em estágio
avançado

- Nos estágios iniciais, esses tipos de câncer podem MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


aparecer como placas elevadas, firmes,
peroladas, ou como espessamentos da mucosa - Os tumores da boca geralmente se manifestam
irregulares, rugosos ou verrucosos. Qualquer como lesões ulceradas de crescimento
padrão pode ser sobreposto sobre um fundo de progressivo e indolor no início, especialmente na
leucoplasia ou eritroplasia. língua, lábios, assoalho da boca ou palato. Sendo
que há a presença de dor na forma tardia quando
♥ À medida que essas lesões aumentam, há invasão da musculatura e de nervos.
elas tipicamente formam massas
ulceradas e salientes que têm bordas - Nos cânceres relacionados com o meio
irregulares e endurecidas ou enroladas. ambiente, lesões precoces de alto risco podem ser
identificadas em algumas situações como
- A análise histopatológica mostrou que o leucoplasia e eritroplasia. (não produziram um
carcinoma de células escamosas se desenvolve a aumento de volume ou ulceração)
partir de lesões precursoras displásicas, como
leucoplasias ou eritroplasia. ♥ A leucoplasia é diagnosticada
clinicamente como mancha branca no
♥ Os padrões histológicos variam de tecido da mucosa oral ou laringe. Pode
neoplasias queratinizantes bem evoluir de forma imprevisível para câncer
ao longo de um período de vários anos em verruciforme e sua cor poderá variar da coloração
cerca de 30% dos pacientes. normal ao vermelho ou branco, dependendo da
quantidade de ceratina e vascularização. A
superfície é frequentemente ulcerada e o tumor
mostra-se duro à palpação.

- O padrão de crescimento endofítico tem uma


área central deprimida, de formato irregular,
ulcerada, com uma borda “em rolete” de mucosa
normal, vermelha ou branca.

♥ A borda em rolete resulta da invasão do


tumor para o interior do tecido e para as
laterais abaixo do epitélio adjacente.
♥ Essa aparência não é única do carcinoma
♥ A eritroplasia, que é uma alteração
oral, uma vez que lesões granulomatosas,
vermelha hiperceratótica na mucosa, é
tais como infecções fúngicas profundas,
uma lesão pré-maligna avançada com
tuberculose, sífilis terciária, lesões orais da
uma taxa de cerca de 60% de progressão
granulomatose de Wegener ou da
para um câncer oral.
doença de Crohn e úlceras traumáticas
crônicas podem ter aparência similar

- Poderá haver discreto sangramento, ou apenas


uma área superficial friável, sangrante ao toque e
hiperemiada, às vezes com manchas brancas
entremeadas.

- A fala pode ser afetada tardiamente quando o


tumor causar restrição da mobilidade da língua ou
uma disfunção do XII par de nervos cranianos.
- Uma lesão exofítica tipicamente apresenta
superfície irregular, vegetante, papilar ou
- Além disso, os tumores da gengiva podem ♥ A partir dessa fase, o paciente apresenta
amolecer os dentes e invadir a mandíbula dor, metástases cervicais e
juntamente com o alvéolo dentário comprometimento do estado geral por
anemia, emagrecimento e
♥ A destruição do osso subjacente pode ser
hipoproteinemia.
dolorosa ou completamente indolor e
aparecerá nas radiografias como uma OBS: Como norma geral, todo paciente com lesão
radiolucidez “em roído de traça” com ulcerada de cavidade oral com duração superior
margens mal definidas ou bordas a 15 dias deve ser considerado suspeito para
irregulares neoplasia.

TIPOS DE CARCINOMAS

Carcinoma do vermelhão do lábio

- Pessoas de pele clara com exposição


prolongada aos raios UV.

- Associada a queilite actínica e podem surgir no


local em que o paciente mantém um cigarro,
charuto ou cachimbo.

- Quase 90% das lesões estão localizadas no lábio


inferior.

- É uma ulceração endurecida, indolor, crostosa e


exsudativa; crescimento lento e metástase tardia.
- Os tumores nas tonsilas ou na base da língua
podem vir acompanhados de dor local ou dor
referida no ouvido, porém os tumores nessas
regiões costumam ser assintomáticos e podem
crescer bastante antes de se tornarem evidentes
devido a mudanças na fala (“voz de batata
quente”), uma sensação de globo, trismo ou
restrição do movimento da língua.

♥ Além disso, a manifestação de nódulo


cervical indolor tem se tornado comum
com o aumento da incidência de HPVCO.
♥ Os tumores das tonsilas e base da língua
podem perder seu componente mucoso, Carcinoma Intraoral
não serem visualizados nem percebidos
pela inspeção direta e se apresentar como - Mais comum na língua (superfície lateral,
uma massa cervical sólida ou cística. posterior e ventral) e assoalho bucal.
o Uma massa, especialmente cística,
- Outros sítios de envolvimento (em ordem
no pescoço de um adulto é câncer
decrescente de frequência) são o palato mole,
e especificamente HPVCO, até que
gengiva, mucosa jugal, mucosa labial e palato
se prove o contrário, e nesses casos
duro.
deve ser feita avaliação do ouvido,
nariz e garganta, além de ♥ Língua: 2/3 são tumores ou úlceras
realização de tomografia por indolores endurecidas na borda
emissão de pósitron (PET-TC), lateral. Sendo comum em jovens
aspiração por agulha fina e exame ♥ As lesões do assoalho bucal são mais
sob anestesia antes da biópsia. prováveis de surgir a partir de uma
leucoplasia ou eritroplasia preexistente.
- Com a evolução da enfermidade, a úlcera
♥ Gengival: indolores, na mucosa
neoplásica cresce em lateralidade e
queratinizada na região posterior da
profundidade podendo fixar-se por infiltração aos
mandíbula. Menos associadas ao fumo,
tecidos adjacentes, determinando imobilidade da
mais comuns em mulheres.
língua, dislalia, trismo, cacosmia e afrouxamento
de dentes.
Metástases

- A disseminação metastática do carcinoma de


células escamosas oral ocorre principalmente
através dos vasos linfáticos para os linfonodos
cervicais ipsilaterais.

- Os carcinomas de lábio inferior e assoalho de


boca tendem a se disseminar para os linfonodos
submentonianos;

- Os tumores localizados nas porções posteriores


da boca, para os linfonodos jugulares superiores e
digástricos.

- A drenagem linfática da orofaringe leva à


cadeia de linfonodos jugulodigástrica ou para
linfonodos retrofaríngeos.

Carcinoma Orofaríngeo

- Carcinoma da mucosa do palato mole e


orofaringe com a mesma clínica dos anteriores,
exceto que, na localização posterior, o paciente
não se encontra ciente da sua presença e o
diagnóstico é tardio.

- Por isso, o tamanho e a proporção das


metástases serão maiores.

- Três em cada quatro carcinomas orofaríngeos


originam-se da área amigdaliana ou do palato
mole; a maioria dos outros origina-se na base da
língua.

- Sintomas iniciais: dor (podendo ser relatada


como proveniente do ouvido) e disfagia.

- Quanto mais posterior for o tumor, maior é a lesão


e maior a chance de disseminação linfática.

DIAGNÓSTICO

Exame físico

- Os pacientes que apresentam sintomas


localizados ou um sinal como uma úlcera ou
pequena massa precisam ser submetidos a um
exame completo, com inspeção e palpação das
estruturas visíveis da base da língua, tonsilas e
pescoço.

Exames clínico
- O diagnóstico do CECP se faz pelo exame clínico ♥ A PET ajuda na identificação de lesões
com nasoscopia e laringoscopia e biópsia ocultas, principalmente quando o
tumoral. paciente tem um tumor primário
desconhecido, antes da biópsia, para
- Na ausência de tumor primário visível, indica-se
guiar a avaliação e reduzir o risco de
punção aspirativa por agulha fina ou biópsia de
procedimentos diagnósticos e
quaisquer massas cervicais, seguido de novo
terapêuticos desnecessários e/ou
exame locorregional sob anestesia e biópsias
inadequados
adicionais, se necessário.

♥ Na suspeita ou não de câncer, biópsias


excisionais não são indicadas porque as
margens do tumor frequentemente são
violadas, provocando “espalhamento” do
material e consequentemente
aumentando os riscos de metástase. A
♥ biópsia em saca-bocado é suficiente para
o diagnóstico, principalmente na região
oral da língua, de onde os tumores se
disseminam por via linfática
♥ A aspiração por agulha fina, para teste de
HPV e EBER, deve ser realizada para
tumores de células escamosas.
o Atualmente, o HPV e EBV são os
únicos marcadores moleculares
conhecidos para separar os
tumores de cabeça e pescoço dos RM
tumores epidermoides da pele e
glândula salivar. - A RM auxilia na avaliação do acometimento de
o A positividade sérica para o EBV tecido mole, principalmente da base da língua e
sugere tumor de nasofaringe, dos espaços parafaríngeos
enquanto a positividade para HPV
RASTREAMENTO
sugere tumor de orofaringe.
o Vale pontuar que, ainda a imuno- - Não há recomendação para o rastreamento do
histoquímica p16 seja comumente câncer de boca, pois as evidências científicas
utilizada como substituto para o atuais não são suficientes para avaliar os riscos e
ensaio de HPV, esta não é os benefícios do rastreamento em pessoas
adequada para decisão assintomáticas.
terapêutica, estando positiva em
- As revisões sistemáticas publicadas pela
20% dos cânceres não HPV.
Cochrane (2013) (BROCKLEHURST, 2013) e pela
- Pacientes com neoplasia maligna confirmada Força Tarefa Americana (USTaskForce, 2014)
devem ser submetidos à avaliação da extensão encontraram apenas um ensaio clínico, realizado
da doença por meio de tomografia na Índia, com alto risco de viés, no qual o
computadorizada (TC) ou ressonância magnética rastreamento não foi capaz de reduzir
(RM) de pescoço, com uso de contraste, e significativamente a mortalidade por câncer de
radiografia de tórax, antes da intervenção boca na população em geral.
cirúrgica.
- No entanto, a análise de um subgrupo de
PET TC: tomografia computadorizada por emissão pacientes de alto risco que utilizavam tabaco,
de pósitrons e TC: álcool ou os dois combinados mostrou redução
relativa de 43% da mortalidade nesse grupo.
- é indicada a realização de PET-TC do corpo e
uma TC de alta resolução, a partir da base do - Em 2021, uma nova análise evidenciou que a
crânio até a clavícula, de preferência com a utilização de critérios de risco aumenta
técnica em espiral para avaliação da substancialmente a eficiência de programas de
propagação nodal no pescoço e identificação de rastreamento (CHEUNG et al, 2021). Portanto, é
extensão nodal extracapsular e invasão óssea, necessário acompanhar novas evidências e
que são informações importantes para o ensaios clínicos, já que a estratégia de
prognóstico.
rastreamento em populações de alto risco
mostrou-se efetiva.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

- O diagnóstico precoce do câncer de boca


possibilita melhores resultados no tratamento com
a investigação oportuna de sinais e sintomas
suspeitos no lábio e cavidade oral, como:
CIRURGIA
♥ Lesões cujo diagnóstico clínico não exclui
o câncer - A cirurgia normalmente consiste na retirada de
♥ Lesões que não cicatrizam em até 15 dias uma ou mais área da cavidade oral associada à
retirada dos linfonodos do pescoço (esvaziamento
- Essas alterações suspeitas na cavidade oral cervical) e com algum tipo de reconstrução,
devem ser investigadas por meio de biópsia. quando necessário. Nas cirurgias maiores, pode
ser necessária a ressecção de segmentos ósseos.
♥ Quando o câncer é confirmado, deve-se
encaminhar o paciente para tratamento ♥ Essas ressecções devem ser programadas
oncológico. procurando a melhor reconstrução no
primeiro momento, para obter o melhor
- Profissionais de saúde devem conhecer e estar
resultado funcional. Em alguns casos,
atentos aos principais fatores de risco e aos sinais
porém, podem ser necessários outros
e sintomas do câncer de lábio e cavidade oral, de
procedimentos em um segundo tempo
forma a identificar precocemente alterações e
para restabelecer a função da área
possibilitar o diagnóstico e tratamento em tempo
ressecada.
oportuno.
Carcinoma da região do vermelhão do lábio
TRATAMENTO
- O carcinoma da região do vermelhão do lábio é
ESTADIAMENTO
geralmente tratado pela excisão cirúrgica,
- O tamanho do tumor e a extensão da tipicamente uma ressecção em cunha, com
disseminação metastática do carcinoma de excelentes resultados.
células escamosas oral são os melhores
♥ Somente 8% dos tumores apresentam
indicadores do prognóstico do paciente.
recidiva e as taxas de sobrevida de 5 de
- Esse protocolo de estadiamento depende de três anos são de 95% a 100%
características clínicas básicas:
carcinomas de células escamosas intraorais
♥ T – Tamanho do tumor primário, em
- A localização do tumor pode influenciar o plano
centímetros
de tratamento.
♥ N – Envolvimento de linfonodos locais
♥ M – Metástases a distância - Consiste na excisão cirúrgica ampla (radical),
radioterapia ou na combinação de cirurgia e
radioterapia.

♥ As lesões orofaríngeas geralmente


recebem radioterapia.
♥ Outras indicações para a radioterapia
incluem a presença de margens cirúrgicas
exíguas ou comprometidas, metástase
regional, características histopatológicas
de alto grau e invasão perineural ou
angiolinfática. É utilizada uma variedade
de agentes quimioterápicos como terapia
adjuvante.

OBS: A radioterapia e a quimioterapia são


indicadas quando a cirurgia não é possível ou
quando o tratamento cirúrgico deixaria sequelas
funcionais tão importantes que seriam muito
complicadas para a reabilitação funcional e a pescoço têm se mostrado promissor, porém
qualidade de vida do paciente. permanece sob avaliação para uma utilização
confiável nos pacientes com câncer oral
Quimioterapia
PROGNOSTICO
- A quimioterapia tipicamente é administrada em
conjunto com a radiação, como quimioterapia de - O prognóstico para a sobrevida no câncer oral
indução seguida por quimiorradioterapia depende do estadiamento do tumor.
concomitante ou como terapia paliativa.
♥ A taxa de sobrevida relativa de 5 anos
♥ As substâncias comumente utilizadas para o carcinoma intraoral varia de 53% a
incluem os agentes que contêm platina (p. 68% se o tumor for relativamente pequeno
ex., cisplatina, carboplatina), 5-fluorouracil ( 3 cm e ≤ 6 cm ou um linfonodo > 6 cm
e taxanos (p. ex., paclitaxel, docetaxel). (estágio IV).
♥ Embora alguns pacientes morram de sua
Anticorpos monoclonais
doença em um período mais prolongado,
- Ensaios clínicos avaliando anticorpos como 10 anos após o tratamento inicial, a
monoclonais ou pequenas moléculas inibidoras grande maioria das mortes ocorre dentro
direcionadas contra o EGFR têm-se mostrado dos primeiros 5 anos.
promissores e espera-se que terapias direcionadas
- Os vários marcadores moleculares associados ao
contra moléculas-alvo tornem-se importantes
carcinoma, como a mutação do gene supressor
estratégias de tratamento no futuro. Embora os
de tumor p53, têm apresentado resultados
agentes quimioterapêuticos possam
equívocos como indicadores prognósticos. O
temporariamente reduzir o tamanho de um
relacionamento entre HPV, estágio do tumor e
aumento de volume tumoral, nenhum deles têm
prognóstico é incerto. Alguns estudos têm
melhorado as taxas de sobrevida
sugerido que tumores positivos para o HPV estão
significativamente.
associados a uma melhor resposta ao tratamento
Tratamento: e sobrevida prolongada; contudo, outros estudos
não têm relatado nenhuma diferença significativa
- Para carcinomas intraorais pequenos, uma única na sobrevida entre pacientes com tumores
modalidade de tratamento é geralmente positivos e negativos para o HPV.
escolhida.
REFERENCIAS
- Pacientes com lesões maiores ou com lesões que
apresentem linfonodos clinicamente palpáveis - PATOLOGIA BÁSICA, ROBBINS 9ED
tipicamente requerem terapia combinada.
- Câncer de boca - Versão para Profissionais de
- Além disso, pacientes com carcinomas de língua Saúde INCA
em estágio inicial (clinicamente T1/T2 e
- Câncer de tireoide INCA
fundamente invasivos (espessura do tumor > 3 ou
4 mm), são de risco aumentado para metástase - NETTER ANATOMIA CLINICA 3ED
subclínica para linfonodo e, dessa forma, devem
receber irradiação pós-operatória em pescoço ou - Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer
dissecção de pescoço eletiva. de Cabeça e Pescoço. MS 2015

- Na suspeita de metástase local para linfonodos, - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do


uma dissecção radical ou uma dissecção radical Carcinoma Diferenciado da Tireoide. MS 2014
modificada no pescoço deve ser realizada. - O Papel do Papilomavírus Humano na
♥ A dissecção radical é essencialmente uma Carcinogênese Bucal, Luciana Estevam
remoção em bloco de todos os tecidos Simonato1 , Glauco Issamu Miyahara, 2007
fibroadiposos do trígono lateral do - NEVILLE, Brad. Patologia Oral e Maxilofacial. 4.ed.
pescoço, incluindo os linfonodos jugulares Elsevier. 2016.
superiores, médios e inferiores, o grupo de
linfonodos supraclaviculares e as porções
variadas da musculatura circunvizinha.

- O uso da biópsia de linfonodo-sentinela (biópsia


do primeiro linfonodo da rede linfática a receber
a drenagem do tumor) com o objetivo de
identificar pacientes com metástases ocultas de
- Um tumor da laringe pode afetar a voz, a
deglutição ou a respiração.

OBJETIVOS: -Identificar a epidemiologia e os EPIDEMIOLOGIA:


fatores de risco do câncer da laringe.
- O câncer da laringe, por seus aspectos
-Descrever as apresentações clinicas, anatômicos e embriológicos, é o que proporciona
diagnóstico, fatores prognósticos e princípios os maiores índices de cura dentre as neoplasias da
terapêuticos do câncer da laringe. via aerodigestiva superior.

-Discutir o impacto do tratamento cirúrgico sobre - O câncer de laringe tem distribuição universal,
a vida social do paciente e descrever as formas ocorre na sétima década de vida e é mais
de reabilitação. prevalente em homens em uma proporção de 6:1,
embora haja uma incidência crescente entre as
mulheres devido ao hábito do fumo.

- Dentre as neoplasias de cabeça e pescoço, esta


- A laringe (onde estão localizadas as cordas merece destaque por apresentar boas
vocais) é o órgão da voz e fica entre a parte possibilidades de cura quando diagnosticada
posterior da língua e a traqueia. Além da fala, ela precocemente.
é importante para a proteção dos brônquios e
pulmões de partículas de alimentos durante a ♥ Entretanto, 90% dos pacientes não
deglutição. tratados evoluem para óbito em menos
de três anos.
- A laringe é dividida em:
- O tipo histológico mais prevalente, em mais de
♥ Supraglote, que fica acima das cordas 90% dos pacientes, é o carcinoma epidermóide.
vocais e contém a epiglote, responsável
por fechar a laringe durante a deglutição, - Também podem ocorrer outros tipos de câncer,
encaminhando o alimento para o esôfago embora sejam bem mais raros (5%):
e impedindo a passagem de partículas ♥ carcinoma indiferenciado,
para os pulmões. ♥ anaplásico,
♥ Glote, onde estão as cordas vocais; ♥ carcinoma de células basais,
♥ Subglote, localizada abaixo das cordas ♥ linfoepitelioma,
vocais. ♥ carcinoma adenóide cístico e, ainda,
♥ neoplasias do tecido conjuntivo.

- A região glótica, onde estão as pregas vocais, é


a mais frequentemente acometida e, devido aos
sintomas originados por uma pequena alteração
que compromete a fisiologia da prega vocal,
causando a disfonia, permite que o diagnóstico
precoce seja feito.

♥ Caso a disfonia persista por mais de duas


semanas, ela deve ser avaliada.

- De acordo com estimativas do Instituto Nacional


de Câncer (Inca), são esperados 6.470 novos
casos de câncer de laringe em homens e 1.180 em
mulheres para cada ano do triênio 2020-2022.

- O risco estimado para a população brasileira é


de 6,20 casos novos a cada 100 mil homens e de
1,06 casos novos a cada 100 mil mulheres.

- Praticamente todos os cânceres de laringe


originam-se nas células escamosas, que revestem
o interior do órgão e são chamados de
carcinomas de células escamosas ou
espinocelulares.
- Os tumores da laringe não costumam causar - Há relação entre início do uso, duração e
sintomas no início, a não ser quando ocorrem nas quantidade.
cordas vocais.
♥ Alguns autores estimam que o risco
♥ Se for diagnosticado e tratado em fase relativo chega a 8 vezes para aqueles que
inicial, o câncer de laringe pode chegar a fumam e bebem álcool abusivamente.
90% de chance de cura.
- A indústria do fumo voltou-se para aqueles
- Constitui a décima primeira neoplasia maligna menos privilegiados econômica e socialmente.
mais frequente, tendo uma estimativa de Vale notar que, ainda, a maior parte do público
incidência ajustada por idade pela população que está sendo introduzido no hábito e consumo
mundial de 5,7/100 mil de tabaco são cada vez mais jovens.

- Ocorre predominantemente em homens acima ÁLCOOL:


de 40 anos e é um dos mais comuns entre os que
- Em relação ao mecanismo que explica a relação
atingem a região da cabeça e pescoço.
entre álcool e câncer de laringe, as evidências
- Representa cerca de 25% dos tumores malignos mostram que o acetaldeído, principal e mais
que acometem essa área e 2% de todas as tóxico metabólito do álcool, interrompe a síntese
doenças malignas e o reparo do DNA e, portanto, pode favorecer a
carcinogênese.
- A ocorrência pode se dar em uma das três áreas
em que se divide o órgão: ♥ Além disso, a maior exposição ao etanol
induz o estresse oxidativo por meio do
♥ supraglote, glote e subglote.
aumento da produção de oxigênio com
o Aproximadamente 2/3 dos
potencial reativo e genotóxico.
tumores surgem na corda vocal
♥ Sugere-se, ainda, que o álcool possa
verdadeira, localizada na glote, e
funcionar como solvente, favorecendo a
o 1/3 acomete a laringe
penetração celular de carcinógenos
supraglótica (acima das cordas
dietéticos ou ambientais (por exemplo, o
vocais).
tabaco) ou interferindo nos mecanismos
- O câncer de laringe é responsável por de reparo do DNA.
aproximadamente 73.500 mortes por ano no
- Pessoas que consomem altas quantidades de
mundo
bebidas alcoólicas também podem ter dietas
- No Brasil, as neoplasias ocupam o segundo lugar carentes de nutrientes essenciais, como o folato,
dentre as doenças com maior morbimortalidade, tornando os tecidos-alvo mais suscetíveis aos
respondendo pela porcentagem de 14,8% das efeitos carcinogênicos do álcool.
mortes.
DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A e C:
- O Brasil é o segundo país no mundo em
- Pode levar à metaplasia epitelial e assim
incidência de câncer de laringe, atrás somente da
associar-se ao carcinoma.
Espanha
FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS:
FATORES DE RISCO
- Os fatores de risco ocupacionais também são
FUMO:
descritos: exposição ao asbesto, que duplica o
- Todas as publicações mundiais acordam que risco de câncer de laringe, e trabalhadores
esse tipo de câncer está intimamente relacionado industriais dos setores de couro, metais, têxteis e
com a associação de tabaco e álcool, que indústria moveleira expostos a gases poluentes.
sinergicamente elevam o risco de desenvolver a
- A exposição à irradiação cervical também tem
doença em 40 vezes.
potencial oncogênico e pode determinar o
- O tabagismo é o fator de risco mais importante aparecimento de carcinoma de laringe.
para o câncer de cabeça e pescoço, incluindo o
Exposição a óleo de corte, amianto, poeira de
câncer de laringe e hipofaringe.
madeira, de couro, de cimento, de cereais, têxtil,
♥ O tabaco é considerado o principal fator formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes
de risco para o desenvolvimento da orgânicos e agrotóxicos estão associados ao
doença. câncer de laringe.

INFECÇÃO PELO HPV:


- A infecção viral pelo papiloma vírus humano IDADE:
(HPV) vem sendo relacionada com diversos
- O câncer de laringe e hipofaringe geralmente
cânceres do trato aerodigestivo superior, entre
levam muitos anos para se desenvolverem, então,
eles orofaringe, esôfago e laringe.
eles não são comuns em pessoas jovens. Mais da
- Os subtipos do vírus 16, 18 e 33 são os que estão metade dos pacientes com esses tipos de câncer
implicados nos estudos como carcinógenos. têm mais de 65 anos.

EXCESSO DE GORDURA CORPORAL: RAÇA:

- O excesso de gordura corporal é definido pelo O câncer de laringe e hipofaringe é mais


IMC, circunferência de cintura e relação frequente entre pessoas de raça negra do que em
cintura/quadril elevados. brancos, asiáticos e latinos.

- Os mecanismos específicos para descrever sua REFLUXO GASTROESOFÁGICO:


relação com maior risco de câncer de laringe
Quando o ácido estomacal retorna para o
ainda não são esclarecidos.
esôfago é denominado refluxo gastroesofágico.
♥ No entanto, o excesso de gordura Ele pode causar azia e aumentar a chance de
corporal está associado a alterações câncer de esôfago. Estudos recentes mostram que
metabólicas e endócrinas, como também aumenta o risco de câncer de laringe e
hiperinsulinemia e níveis elevados de hipofaringe.
estrogênio.
OUTROS FATORES:
♥ A insulina e o estrogênio estimulam a
multiplicação celular e inibem a - Estresse e mau uso da voz também são fatores de
apoptose, levando à proliferação celular risco para o câncer de laringe.
anormal.
♥ Além disso, a obesidade também estimula Observações: O Câncer de Laringe tem sua
a resposta inflamatória, favorecendo a incidência sendo investigada em um grupo
carcinogênese. específico de profissionais, os professores. Alguns
profissionais possuem uma rotina exaustiva de
NUTRIÇÃO: trabalho, com períodos de 6-8 horas de uso
intenso das cordas vocais. Nesses profissionais, são
- Uma má nutrição pode aumentar o risco das
comuns sinais clínicos como cansaço vocal,
pessoas contraírem câncer de laringe ou
rouquidão, perda da intensidade da voz, calo nas
hipofaringe.
cordas vocais, etc. É preciso que essa classe tenha
♥ Deficiências vitamínicas ocorrem extremo cuidado para qualquer sintoma ou
frequentemente em pessoas que abusam manifestação dolorosa das cordas vocais. Ainda,
do álcool e pode ser parcialmente aqueles que fazem uso de giz, tendem a inalar o
responsável pelo aumento do risco desses pó ao escrever no quadro. São necessárias
cânceres. investigações acerca de qualquer anormalidade,
bem como cuidados diários com a saúde oral:
SÍNDROMES GENÉTICAS:
muita ingestão de água, evitar falar alto, uso de
- Algumas síndromes, como a anemia de Fanconi microfones, etc
e a disceratose congênita, causadas por
ANATOMIA E EMBRIOLOGIA APLICADA AO
mutações hereditárias em determinados genes,
CÂNCER DE LARINGE:
têm um risco elevado de desenvolver o câncer de
boca e garganta. - A laringe é um órgão músculo cartilaginoso
situado entre a 4ª e 6ª vértebra cervical. É dividida
GÊNERO:
didaticamente em três andares: supraglote, glote
- O câncer de laringe e hipofaringe é cerca de e subglote.
cinco vezes mais comum em homens do que em
- A região supraglótica tem origem embriológica
mulheres. Isso pode acontecer devido aos
digestiva, o que caracteriza a maior agressividade
principais fatores de risco, como tabagismo e
dos tumores dessa região em função do maior
alcoolismo serem mais comuns em homens.
potencial metastático decorrente da ampla
Entretanto, como o consumo de álcool e tabaco
drenagem linfática.
se tornaram mais frequentes entre as mulheres, os
riscos para esses tipos de câncer também têm - Por outro lado, a região glótica apresenta origem
aumentado. respiratória, dos V e VI arcos branquiais, pobre em
drenagem linfática, logo com menor potencial - Dor crônica na garganta, disfonia, disfagia leve
metastático. (dificuldade de engolir) ou massa no pescoço
(sinal de metástase regional), hemoptise e
- De modo geral, os tumores malignos de laringe
dispneia.
distribuem-se um terço na laringe supraglótica,
dois terços na glote e, em menor proporção, na ♥ Os tumores supraglóticos mais extensos
subglote (1 %) geralmente por extensão. irão comprometer a mobilidade da
laringe, ocasionando disfonia: isso ocorre
FISIOPATOLOGIA
por comprometimento da articulação
- Clinicamente, uma lesão pode apresentar cricoaritenóidea, extensão do tumor para
característica eritroplásica ou leucoplásica. o espaço paraglótico ou invasão direta da
prega vocal.
♥ A eritroplasia apresenta maior correlação
com a displasia do epitélio, - Provocam desconforto localizado e persistente,
♥ Enquanto a leucoplasia pode ocasionando sensação de corpo estranho na
corresponder desde a uma simples garganta.
hiperplasia até uma displasia grave.
- Comportamento mais indolente do que os
- No aspecto clínico, deve-se dar atenção ao glóticos e se manifestam com odinofagia e
movimento ondulatório de vibração da prega otalgia.
vocal. Há de se observar que, à medida que
♥ Este sintoma é decorrente do
aumenta o grau de displasia, ocorre uma
comprometimento do ramo interno do
extensão da lesão em direção à membrana basal.
nervo laríngeo superior, que se dirige ao
- A infiltração da mucosa ocasiona diminuição do gânglio jugular, estimulando indiretamente
movimento ondulatório da prega vocal, o que vai o nervo auricular. - Geralmente está
acarretar maior disfonia e, ao exame clínico, associado a tumores com extensão à
maior rigidez de mucosa da prega vocal. hipofaringe.

- O epitélio com displasia grave tem - Necrose do tumor e a saliva conferem a esses
características histológicas muito semelhantes às pacientes uma halitose característica. - Esses
do carcinoma in situ, sendo considerada uma sintomas são pouco evidentes no início da
mesma entidade por alguns autores. doença.

- Morfológica e macroscopicamente, o câncer da - O escarro hemático e a aspiração


laringe se apresenta sob três formas: laringotraqueal podem estar presentes nos
tumores supraglóticos.
♥ ulcerativa, infiltrativa e vegetante,
♥ Pode ocorrer a combinação de uma ou
mais, dependendo da localização e do
Tumores na Glote:
tempo de evolução da lesão.
- Apresenta sintomatologia precoce, pois a menor
- Pode ainda existir outra forma, chamada
alteração da mucosa das pregas vocais leva a
fagedênica, em que se encontra destruição das
disfonia progressiva.
partes afetadas pela doença, em decorrência do
seu caráter ulceronecrosante. ♥ Inicialmente com rouquidão (sinal de
comprometimento das cordas vocais) = A
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
infiltração da mucosa ocasiona
- As queixas em geral são inespecíficas e podem diminuição do movimento ondulatório da
ser variadas em função dos vários tipos e locais de prega vocal, o que vai acarretar maior
comprometimento da lesão que interfiram na sua disfonia e, ao exame clínico, maior rigidez
anatomia e função específica. de mucosa da prega vocal.

- Carcinomas de células escamosas da laringe - Tumores maiores podem provocar aspiração,


começam como lesões in situ, que depois disfagia e dispneia.
aparecem como placas rugosas na superfície da
- A glote possui barreiras anatómicas (comissura
mucosa, de cor pérola acinzentada, finalmente
anterior e cone elástico) que oferecem resistência
ulcerada e fungoide.
ao crescimento do tumor primário, restringindo sua
Tumores na Laringe supraglótica: expansão temporariamente.

- Metástases linfonodais são pouco frequentes.


Tumores subglóticos: - Para confirmação diagnóstica, deve-se realizar
biópsia em consultório ou em bloco cirúrgico, sob
- São raros e manifestam-se com paralisia da
anestesia geral, com a laringoscopia direta sob
laringe (geralmente unilateral), estridor ou dor.
visão microscópica e com o auxílio de óticas de
- Dispneia e disfonia(resulta da expansão do tumor diferentes graus.
a região glótica).
- Faz-se a avaliação da extensão da neoplasia, já
- O sist. Linfático da subglote facilita o com vistas ao estadiamento clínico e posterior
comprometimento de linfonodos traqueais, tratamento.
jugulares inferiores, supraclaviculares e
- Essas óticas, acopladas a um sistema de vídeo,
mediastinais.
permitem a magnificação da imagem e
- Prognostico ruim visualização do tumor por diferentes ângulos.

- Áreas como a face inferior da prega vocal,


subglote, comissura anterior, ventrículos e pecíolo
da epiglote são muito bem estudadas dessa
forma e são pouco visualizadas pela laringoscopia
convencional sob microscopia, que dá somente
uma visão linear

Exame Radiológico:

- O exame radiológico é controverso.

- As radiografias simples e as tomografias


computadorizadas (TCs) são de pouca utilidade,
e não são raras as vezes em que artefatos de
técnica são erroneamente interpretados.

DIAGNÓSTICO: - A TC permite observar a invasão tumoral nos


tecidos moles laríngeos e nos espaços paraglótico
Anamnese dirigida e exame físico: e pré-epiglótico.

- Este deve iniciar com a inspeção do pescoço, - A cartilagem não ossificada, tomograficamente,
procurando-se detectar adenopatias ou aumento tem densidade igual a do tumor, e lesões
de volume. neoplásicas menores de 6 mm não são
visualizadas na TC.
- Durante a inspeção, ainda é possível observar
sinais de esforço respiratório e estridor no Ressonância Magnética:
momento da inspiração.
- A ressonância magnética (RM) apresenta maior
- Após, deve-se realizar palpação, em busca de sensibilidade que a TC, porém não diferencia
linfonodo metastático ou aumento de volume alterações inflamatórias de infiltração tumoral,
cervical por extravasamento do tumor para fora podendo levar a falso-positivos. O uso destes
da laringe. exames deve ser sempre complementar à clínica.
- A ausência de crepitação laríngea é um sinal Fatores Prognósticos:
altamente suspeito de neoplasia maligna.
- Recomenda-se registrar as seguintes
Videolaringoscopia: características clínicas de importância
prognóstica no CECP:
- A videolaringoscopia com endoscópio rígido ou
flexível permite um exame dinâmico da laringe, ♥ capacidade funcional e estado nutricional
sendo o melhor método semiológico, permitindo do doente
localizar a lesão, realizar estadiamento e visualizar ♥ acometimento linfonodal
a mobilidade laríngea. ♥ margens cirúrgicas
♥ presença de extravasamento capsular;
- Caso seja visualizada alguma lesão suspeita e
seja possível a biópsia, esta deve ser feita, pois o CLASSIFICAÇÃO E ESTADIAMENTO
diagnóstico precoce contribui para um melhor
resultado oncológico. - O estadiamento dos tumores de laringe é feito
pela classificação TNM da UICC (União
Internacional Contra o Câncer), em que T é tumor
primário, N linfonodo regional e M metástase à
distância.

- Classifica os tumores em supraglótico, glótico e


subglótico e tem a finalidade de avaliar o
prognóstico do paciente e definir a melhor TRATAMENTO
conduta terapêutica.
- O câncer da laringe, por seus aspectos
- Pode-se ainda agrupar esses estádios de forma a anatômicos e embriológicos, é o que proporciona
obter-se um valor prognóstico conforme tabela; os maiores índices de cura dentre as neoplasias da
assim se tem estádio clínico I, II, III e IV. Esse último via aérea superior. Entretanto, 90% dos pacientes
subdivido em A, B, C, segundo a gravidade da
não tratados evoluirão para óbito em menos de
doença. três anos.
♥ O estádio clínico IVA relaciona-se ao tumor - A classificação TNM influencia na determinação
primário (T). do tratamento no que tange a topografia do
♥ O estádio clínico IVB diz respeito à tumor, grau de invasão local, histologia, presença
adenopatia metastática (N). ou não de linfonodos locorregionais, potencial de
♥ O estádio clínico IVC refere-se à doença à
metástases, localização e tamanho de gânglios
distância (M) suspeitos e presença ou não de metástases, órgão
comprometido e potencial de recorrência

- Quando paciente com sinais de obstrução


respiratória, realizar traqueostomia.

Tratamento cirúrgico:

- Pode ser realizado por cirurgia endoscópica ou


por cirurgias abertas (laringectomias). A cirurgia
endoscópica tem como benefícios menor tempo
cirúrgico, recuperação pós-operatória mais
rápida e baixos índices de complicações. As
laringectomias podem ser parciais ou totais e
estão indicadas conforme o tamanho da lesão e
a exposição cirúrgica. A laringectomia total aplica
-se a pacientes nos estadiamentos T3 e T4, sendo
que o esvaziamento cervical dependerá da
topografia do tumor e de seu estadiamento.

Radioterapia:

- Pode ser utilizada de forma exclusiva ou


complementar. Quando exclusiva é indicada
para T1 com comprometimento superficial e
mínima infiltração ou no caso de contraindicação
clínica para tratamento cirúrgico. Quando
complementar, está indicada em pós -operatório
de laringectomia total T4N0, em paciente com
traqueostomia prévia, Nl com comprometimento
capsular, N2 e N3, margens exíguas ou
comprometidas e invasão subminada na forma
multicêntrica

OBJETIVOS: -Identificar a epidemiologia e os


fatores de risco do câncer de pulmão.

-Caracterizar as orientações de prevenção


primária e os métodos para cessação do
tabagismo.

-Descrever as apresentações clinicas,


diagnóstico, tipos, fatores prognósticos e
princípios terapêuticos (cirurgia, quimioterapia e lobo superior, o que faz com ele seja mais estreito
radioterapia, quimioterapia isolada, drogas alvo e linguiforme, essa porção é chamada de língula.
direcionadas, imunoterapia) do câncer pulmonar
- Os pulmões estão fixados ao mediastino pelas
-Caracterizar as síndromes paraneoplásicas raízes dos pulmões, que são: brônquios, artérias
relacionadas com o câncer pulmonar. pulmonares, veias pulmonares inferior e superior,
plexos pulmonares de nervos e vasos linfáticos.

- O ligamento pulmonar é formado por uma


camada dupla de pleura e uma pequena parte
- Por câncer de pulmão (ou carcinoma de tecido conjuntivo, ele se estende entre o
broncogênico) nos referimos às neoplasias mediastino e o pulmão, anteriormente ao
malignas com origem no epitélio do trato esofago.
respiratório inferior.

- Cerca de 90% das neoplasias malignas


pulmonares são classificadas como câncer de
pulmão, e podem ser subdividas em dois grandes
grupos:

♥ pequenas células e
♥ não pequenas células (carcinoma
epidermóide, adenocarcinoma e
carcinoma de grandes células
anaplásico).

ANATOMIA

- Os pulmões são órgãos leves, macios e


esponjosos que ocupam grande parte da EPIDEMIOLOGIA
cavidade torácica. São elásticos e retraem-se - O câncer de pulmão é a doença maligna mais
aproximadamente um terço do tamanho original comum em todo o mundo; de todos os novos
quando a cavidade torácica é aberta.
casos de câncer, 13% são de câncer de pulmão.
- Vias aéreas inferiores: traqueia, arvore bronquial,
- É também a principal causa de mortalidade por
pulmões e pleuras.
câncer — mais de 1,7-1,8 milhões de mortes por
- Possuem um ápice, localizado na extremidade ano e, de todos os tipos de câncer, o que
superior arredondada que se estende da primeira apresenta a maior taxa de mortalidade
costela até a raiz do pescoço. A base é a padronizada pela idade (26,6 mortes por 100.000
superfície inferior côncava que está localizada na habitantes).
região oposta ao ápice. Existem os lobos do
- No Brasil, o INCA estimou em 596.000 o número
pulmão, no esquerdo são dois (superior e inferior)
de novos casos de câncer em 2016, 28.220 (4.7%)
e no direito três (+ o médio). Têm três faces, a
dos quais foram casos de neoplasia maligna
costal, mediastinal e diafragmática e três margens
primária de pulmão.
a anterior, inferior e posterior.
- O câncer de pulmão é o segundo tipo de câncer
- Pulmão direito: presença de fissuras oblíqua de maior incidência em homens e o quarto tipo de
direita (médio/ inferior) e horizontal (lobo
câncer de maior incidência em mulheres no país
médio/superior) que dividem o órgão em três
lobos, superior, médio e esquerdo. Ele é o maior e - O câncer de pulmão é a principal causa de
o mais pesado, porem o mais curto já que nesse mortalidade por câncer no Brasil.
lado o diafragma é mais alto. A margem anterior
- É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto
desse pulmão é praticamente reta.
em incidência quanto em mortalidade.
- Pulmão esquerdo: possui apenas uma fissura, a
- A taxa de sobrevida em 5 anos padronizada pela
obliqua esquerda, que divide o órgão em dois
idade no país é de 18%, semelhante às taxas
lobos, o superior e o inferior. A sua margem anterior
globais, que variam de 10% a 20%.
tem uma incisura cardíaca profunda, que é
resultado da impressão do ápice do coração pro - As taxas de mortalidade (tanto as brutas como
lado esquerdo. Essa impressão molda as ajustadas pela idade) em homens e mulheres
principalmente a parte mais inferior e anterior do diferiram em magnitude em todos os períodos
(1980-2007), com um aumento relativo mais
significativo nas mulheres que nos homens (78,4%
vs. 8,2%), provavelmente em virtude de diferenças
na prevalência do tabagismo.

- Além disso, as taxas de mortalidade por idade


aumentaram em homens com idade igual ou
superior a 65 anos e em mulheres de todas as
idades.

FATORES DE RISCO

TABAGISMO

- A principal causa de câncer de pulmão é o


tabagismo, particularmente o hábito de fumar
cigarros.

♥ A combustão do tabaco libera diversas


substâncias carcinogênicas, como
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
nitrosaminas tabaco-específicas (TSNA) e
aldeídos voláteis. Na verdade, mais de
- Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o
4.000 substâncias comprovadamente
câncer de pulmão está associado ao consumo de
maléficas são liberadas... A nicotina,
derivados de tabaco.
responsável pela dependência química,
- A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para também está implicada na gênese do
câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e câncer, pois seus derivados se mostraram
21% para mulheres). capazes de inibir a apoptose de células
neoplásicas. Todas essas substâncias se
- Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados distribuem entre a fase gasosa e a fase
em estágio inicial (câncer localizado), para o qual particulada – ou alcatrão – da “fumaça”
a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%. aspirada
- Estimativas de novos casos: 30.200, sendo 17.760 - A carga tabágica é um importante parâmetro
homens e 12.440 mulheres - INCA diretamente relacionado ao risco, e por isso
- Número de mortes: 29.354, sendo 16.733 homens sempre deve ser quantificada.
e 12.621 mulheres ♥ É definida com o produto entre o número
de maços consumidos por dia e a duração
do hábito em anos (um maço contém 20
cigarros).
♥ Sua unidade é o “maços/ano”, e
considera-se como ALTO RISCO um valor >
20 maços/ano.
♥ Em média, fumantes têm risco 20x maior
que não fumantes de desenvolver Ca de
pulmão no futuro.
- O tabagismo passivo também eleva o risco de - Assim como ocorre em outros tipos de tumor, a
câncer de pulmão (em cerca de 1,3x), carcinogênese do Ca de pulmão é um processo
justificando diversos casos em filhos ou cônjuges demorado, que requer acúmulo de sucessivas
não fumantes de pais ou companheiros fumantes. mutações genéticas para o surgimento do clone
neoplásico.
♥ A cessação do tabagismo reduz o risco
com o tempo (efeito que, em geral, só se ♥ As pesquisas mais recentes incriminam, em
torna significativo passados 15-20 anos). particular, genes relacionados ao reparo
Apesar de o risco realmente ser reduzido, é do DNA e ao metabolismo/ativação de
importante ter em mente que ele continua carcinogênios (além daqueles implicados
sendo maior em ex-fumantes do que em na dependência à nicotina). Portadores
pessoas que nunca fumaram, e mantém de mutações herdadas nesses genes
relação direta com a magnitude do estariam mais propensos ao
tabagismo prévio desenvolvimento de Ca de pulmão
quando expostos ao cigarro e outros
fatores de risco

DIETA E A POPULAÇÃO

- A dieta e a poluição atmosférica possuem papel


no risco de Ca de pulmão
OUTRAS ETIOLOGIAS
♥ Um elevado consumo de frutas e vegetais
- Outras etiologias conhecidas do Ca de pulmão
parece ser protetor
são a doença pulmonar obstrutiva crônica (fator
♥ O motivo seriam os altos níveis de
de risco independente), as pneumopatias
antioxidantes, que reduzem a chance de
fibrosantes e a exposição a outros agentes transformação neoplásica celular (pois
ambientais (naturais ou ocupacionais).
reduzem a chance de lesões no DNA).
AGENTES EXOGENOS ♥ No entanto, apesar do potencial
entusiasmo com esta ideia, NÃO há
- Os principais agentes exógenos (excluído o evidências de que a quimioprevenção
tabaco) são o radônio e o asbesto, mas também contra o câncer de pulmão seja eficaz
existem outros (ex.: arsênico, haloéter, cromo, (através da suplementação da dieta com
níquel, gás mostarda, cloreto de vinila). vitaminas e antioxidantes industrializados)
♥ O radônio é um gás que emana do solo, POLUIÇÃO DO AR
oriundo do decaimento radioativo do
urânio. - A poluição do ar nas grandes cidades também
♥ Há regiões da crosta terrestre que são ricas aumenta o risco (principalmente pela queima de
em urânio, o que explicaria maiores taxas combustíveis fósseis, que libera hidrocarbonetos
de Ca broncogênico em não fumantes aromáticos policíclicos e metais como arsênio,
naquelas áreas. A exposição ao radônio níquel e cromo)
também justifica um maior risco da
♥ Em média, um ser humano normal respira
doença em mineiros.
cerca de 10.000 L de ar por dia, e mesmo
♥ O asbesto por si só aumenta o risco, mas tal
que a concentração de poluentes no ar
efeito é potencializado na coexistência de
seja baixa, em termos de exposição total
tabagismo (aumento de > 50x – há
ela acaba sendo importante... Contudo, é
sinergismo entre os dois fatores) importante salientar que a influência de
GENÉTICA todos esses fatores é bastante inferior ao
grande papel exercido pela FUMAÇA DO
- Existe predisposição genética ao câncer de CIGARRO na gênese do câncer de
pulmão. pulmão.
- Uma história familiar positiva aumenta o risco em ORIENTAÇÕES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA DO
parentes de primeiro grau. TABAGISMO
- Sabemos que a maioria dos portadores de Ca - A prevenção do câncer engloba ações
broncogênico é tabagista, porém, apenas uma realizadas para reduzir os riscos de ter a doença.
MINORIA dos tabagistas desenvolve a doença
(cerca de 10%). - O objetivo da prevenção primária é impedir que
o câncer se desenvolva.
♥ Isso inclui evitar a exposição aos fatores de
risco de câncer e a adoção de um modo
de vida saudável.

- A prevenção primária são ações voltadas para


evitar a exposição a fatores de risco.

♥ Neste caso, as instituições de saúde


podem promover campanhas de
conscientização para disseminar
informações e esclarecer dúvidas da
população, além da promoção de
campanhas de vacinação (dependendo
dos fatores contaminantes).

Tabaco: Alimentação saudável:

- É notório que o consumo de tabaco configura o - Ter uma ingestão rica em alimentos de origem
fator de risco principal para o desenvolvimento do vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais
câncer de pulmão. Nesse sentido, cessar o uso integrais, feijões e outras leguminosas, e evitar os
desse produto é uma forma de proteção. alimentos ultraprocessados, como aqueles
prontos para consumo ou prontos para aquecer,
- Essa é a regra mais importante para prevenir o
bebidas adoçadas, entre outros, pode prevenir o
câncer, principalmente os de pulmão, cavidade
câncer.
oral, laringe, faringe e esôfago.
Manter o peso corporal adequado:
- Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de
7.000 compostos e substâncias químicas que são - Uma alimentação saudável, além de fornecer
inaladas por fumantes e não fumantes. nutrientes que protegem contra o câncer,
favorece a manutenção do peso saudável.
♥ A nicotina é o principal componente
causador de dependência. - A recomendação é evitar alimentos
♥ Cerca de 80% dos fumantes fumam na ultraprocessados e fazer dos alimentos vegetais
primeira hora do dia e depois a cada hora como as frutas, legumes, verduras, feijões e outros
para manter o nível plasmático de grãos, sementes, castanhas a base da
nicotina. alimentação.
♥ É por isso que 90% dos fumantes
consomem pelo menos 14 cigarros por - A atividade física também contribui para a
dia. manutenção do peso corporal saudável. Para a
prática de atividade física, não há necessidade
- Se parar de fumar antes de desenvolver um de serem aquelas modalidades que demandam
câncer, o tecido pulmonar danificado a contratação de serviços como academias;
gradualmente se repara. Independente de sua atividades como caminhar tanto no tempo livre,
idade ou do tempo em que fumou, parar pode quanto no deslocamento, pedalar, dançar, etc
reduzir o risco da doença. são boas opções.

Evite a exposição a agentes cancerígenos:

- Benefícios ao parar de fumar: - Agentes químicos, físicos e biológicos ou suas


combinações são causas bem conhecidas de
câncer relacionado ao trabalho, e evitar ou
diminuir a exposição a estes agentes seria o ideal
e desejável.

- Também é fundamental a implementação de


leis que obriguem e fiscalizem a substituição dos
agentes causadores de câncer no trabalho por
outros mais saudáveis, quando já houver esta
alternativa.

Evitar a exposição ao radônio:


- O radônio é uma importante causa do câncer consumi-la) por agir nas vias dopaminérgicas do
de pulmão. sistema mesolímbico, diminuindo a atividade do
tálamo.
- Você pode diminuir e melhor, evitar a exposição
ao radônio verificando a sua presença em sua - Assim como outras drogas psicoativas, ela libera
casa. dopamina no nucleus accumbens, localizado no
mesencéfalo, estimulando a sensação de prazer e
MÉTODOS DE CESSAR O TABAGISMO:
"recompensa".
- A nicotina do tabaco curado para cachimbos e
- Vencido o desconforto provocado pelas
charutos é alcalina, sendo absorvida com maior
primeiras tragadas do tabaco (mal-estar, tontura,
facilidade pela boca.
náuseas), o fumante passa a experimentar uma
- Já a nicotina dos cigarros é ácida, e por isso sensação prazerosa pelo uso da nicotina.
praticamente não absorvida pela mucosa bucal,
Aconselhamento do paciente e sua família:
necessitando ser tragada para que ocorra
absorção nos pulmões. - O diálogo com o paciente é o primeiro passo
para o abandono do fumo. Deve-se avaliar se o
- A nicotina é rapidamente absorvida pelos
doente é dependente ou não da nicotina, quanto
alvéolos pulmonares e atinge o cérebro em cerca
fuma, se está disposto a parar de fumar, se tem
de 10 segundos.
doenças associadas e quais são as formas de
♥ Sua meia-vida é de, aproximadamente, 2 tratamentos mais acessíveis a ele
horas, e a maior parte da metabolização é
- Há várias maneiras de avaliar a dependência da
hepática, através do citocromo P450. A
nicotina: através da Classificação Internacional
principal enzima envolvida nesse
de Doenças (CID-10), do Manual de Diagnóstico e
metabolismo é a CYP2A6.
Estatística da Associação Americana de
♥ O metabólito mais importante da nicotina
Psiquiatria (DSM-IV) e outras. A escala de
é a cotinina, que pode ser detectada na
Fagerström para avaliação da tolerância e da
urina, saliva e sangue. Apenas 5% da
dependência de nicotina
nicotina são excretados sob forma
inalterada pelos rins. - A pontuação total oscila de zero a 11, e
♥ As ações sistêmicas da nicotina são considera-se que há dependência baixa (leve) da
mediadas por receptores nicotínicos, nicotina quando a somatória é inferior a três.
encontrados no sistema nervoso central Pontuação maior ou igual a sete indica
(SNC), nos gânglios autonômicos dependência alta (grave) da nicotina
periféricos, na glândula supra-renal, em
- É importante que em todas as consultas o
nervos sensitivos e na musculatura estriada
médico reforce a motivação do paciente para
esquelética
parar de fumar. Os demais tabagistas do núcleo
- Os principais efeitos agudos da nicotina sobre o familiar também devem ser orientados a não
sistema cardiovascular são: fumar

♥ vasoconstrição periférica,
♥ aumento da pressão arterial e
♥ da frequência cardíaca.

- A nicotina também interfere no sistema


endócrino, favorecendo a liberação de hormônio
antidiurético e retenção de água.

- No sistema gastrointestinal ela tem ação


parassimpática, estimulando o aumento do tônus
e da atividade motora do intestino.

- Nas terminações nervosas a nicotina estimula a


liberação dos neurotransmissores acetilcolina,
dopamina (DA), glutamato, serotonina e ácido
gama-aminobutírico (GABA).
Farmacoterapia:
- A nicotina induz tolerância (necessidade de
doses progressivamente maiores para obter o
mesmo efeito) e dependência (desejo de
- Divide-se em: fármacos de primeira linha ♥ O paciente não deve ingerir nenhum tipo
(bupropiona e terapia de reposição da nicotina) de líquido enquanto estiver mascando a
e de segunda linha (clonidina e nortriptilina). goma
♥ O paciente deve parar de fumar assim que
Farmacoterapia de primeira linha:
iniciar a TRN.
- Bupropiona: ♥ Os efeitos sistêmicos mais comuns da
reposição da nicotina são: náuseas,
♥ antidepressivo não-tricíclico que inibe a soluços e cefaléia.
recaptação pré-sináptica de dopamina e ♥ O principal efeito adverso das gomas de
noradrenalina. nicotina é a irritação da mucosa bucal.
♥ Acredita-se que sua ação nas vias
dopaminérgicas centrais seja o Farmacoterapia de segunda linha:
mecanismo responsável pela diminuição
- A clonidina:
da fissura pelo cigarro nos pacientes em
abstinência da nicotina ♥ pode ser usada na dose de 0,1 a 0,75
♥ A terapia com bupropiona deve ser mg/dia para alívio dos sintomas da
iniciada 7 a 10 dias antes de o paciente síndrome de abstinência da nicotina. Seus
parar de fumar, pois esse é o intervalo principais efeitos colaterais são sedação e
necessário para que os níveis terapêuticos hipotensão ortostática. A suspensão
do medicamento atinjam o estado de abrupta da clonidina pode desencadear
equilíbrio crise hipertensiva
♥ Os sintomas mais comuns são: insônia,
- A nortriptilina
agitação e xerostomia
♥ A bupropiona é droga da categoria B ♥ inibe a recaptação de noradrenalina e
segundo a Food and Drug Administration, dopamina no SNC, tendo efeitos
ou seja, não há estudos suficientes sobre antidepressivo e ansiolítico. Em curto prazo,
segurança do uso desse medicamento na sua eficácia no abandono do fumo
gestação. parece ser similar à da bupropiona.
- Terapia de Reposição da Nicotina: Terapia cognitivo-comportamental e grupos de
ajuda:
♥ O uso combinado de TRN e bupropiona
praticamente dobra a taxa de sucesso no - Os grupos de auto-ajuda e a psicoterapia -
abandono do fumo individual ou em grupo - com sessões de
♥ No Brasil estão disponíveis os adesivos e aconselhamento são coadjuvantes eficazes no
gomas de mascar de nicotina. Nos EUA tratamento da dependência de nicotina.
existem também o spray nasal e o colutório
de nicotina - Isso é especialmente significativo quando a
dependência é acompanhada de outras
- Os adesivos: afecções como a depressão e a ansiedade.
♥ Eles mantêm os níveis sangüíneos de - O aconselhamento ajuda a identificar as
nicotina por 16 a 24 horas, portanto devem situações em que o tabagista busca o cigarro por
ser trocados diariamente. um comportamento (após as refeições, ao tomar
♥ Seu efeito pleno é observado em dois a um café, em reuniões com amigos) ou
três dias de uso. circunstâncias emocionais (ansiedade,
♥ O período médio de tratamento é de oito aborrecimentos).
semanas.
- Com base nisso o fumante aprende estratégias
- As gomas para quebrar o vínculo entre esses fatores e o ato
automático de fumar
♥ devem ser mastigadas com força até surgir
sensação de formigamento da mucosa TIPOS HISTOLÓGICOS
bucal ou o sabor do tabaco.
♥ Então o paciente deve parar de mastigar - Pode haver misturas de padrões histológicos,
e manter a goma entre a bochecha e a inclusive no mesmo tumor.
gengiva até desaparecer o formigamento,
Adenocarcinoma (38%):
voltando a repetir a operação por 30
minutos, quando se deve jogar fora a
goma.
- O Tumor epitelial maligno invasivo com - Os carcinomas de células escamosas
diferenciação glandular ou produção de mucina frequentemente são precedidos por metaplasia
pelas células tumorais. escamosa ou displasia do epitélio brônquico, que
então se transforma em um carcinoma in situ, uma
- Os adenocarcinomas crescem em vários
fase que pode durar vários anos. Finalmente,
padrões, incluindo acinar, lepídico, papilar,
aparece um carcinoma de células escamosas
micropapilar, e sólido com produção de mucina.
invasivo.
- Em comparação com os carcinomas de células
♥ O tumor pode, então, seguir uma
escamosas, as lesões em geral estão localizadas
variedade de caminhos.
mais perifericamente e tendem a ser menores.
o Ele pode crescer de forma
- Variam histologicamente de tumores bem exofítica dentro da luz brônquica,
diferenciados com elementos glandulares óbvios produzindo uma massa
a lesões papilares que lembram outros carcinomas intraluminal. Com o aumento
papilares e até massas sólidas com glândulas e subsequente, o brônquio fica
células produtoras de mucina apenas ocasionais. obstruído, causando atelectasia
distal e infecções.
- A maioria expressa o fator de transcrição da o O tumor também pode penetrar
tireoide-1, identificado primeiramente na tireoide, nas paredes dos brônquios e
esse fator é necessário para o desenvolvimento infiltrar o tecido peribrônquico,
normal do pulmão. atingindo a carina ou o
mediastino.
- Adernocarcinomas microinvasivos: tumores (≤3
♥ Em outros casos, o tumor cresce ao longo
cm) com um componente invasivo pequeno (≤5
de uma frente ampla para produzir massa
mm) associado com cicatrizes e padrões de
intraparenquimatosa em forma de couve-
crescimento lepídico periférico. Eles apresentam
flor, que empurra a substância pulmonar à
prognósticos muito melhores do que carcinomas
sua frente.
invasivos do mesmo tamanho.
- Em quase todos os casos, o tecido neoplásico é
- Adernocarcinomas mucinosos: tendem a se
brancoacinzentado e firme a endurecido.
espalhar pelos espaços aéreos, formando tumores
Especialmente quando os tumores são volumosos,
satélites. Estes podem apresentar-se como
as áreas focais de hemorragia ou necrose podem
nódulos solitários ou múltiplos, ou um lobo inteiro
parecer produzir um pontilhado vermelho ou
pode estar consolidado pelo tumor, lembrando
amareloesbranquiçado.
uma pneumonia lobar, e, portanto, com menor
probabilidade de cura por cirurgia. - Histologia: caracterizado pela presença de
queratinização e/ou pontes intercelulares. A
queratinização pode assumir a forma de pérolas
córneas ou células individuais com citoplasma
denso e acentuadamente eosinófilo. A atividade
mitótica é maior nos tumores pouco
diferenciados.

-Metaplasia escamosa, displasia epitelial e focos


de carcinoma in situ franco podem ser vistos no
epitélio brônquico adjacente à massa tumoral.

Carcinoma de pequenas células (14%):

- São tumores altamente malignos com uma forte


relação com o tabagismo; apenas cerca de 1%
ocorre em não fumantes.

- Podem surgir nos brônquios principais ou na


periferia do pulmão.
Carcinoma de células escamosas (20%):
- Não há fases pré-invasivas conhecidas.
- Mais comumente em homens e é fortemente
- Esses são os tumores pulmonares mais agressivos,
associado ao tabagismo.
amplamente metastáticos, e virtualmente sempre
provam ser fatais.
- Composto por células relativamente pequenas mas é composto por células tumorais de maior
com citoplasma escasso, bordas celulares pouco tamanho.
definidas, cromatina nuclear finamente granular
METÁSTASES:
(padrão de sal e pimenta) e nucléolos ausentes ou
pouco evidentes. - Qualquer tipo de carcinoma pulmonar pode se
estender à superfície pleural e, então, para o
- As células são redondas, ovais ou fusiformes. A
interior da cavidade pleural ou pericárdio. As
contagem mitótica é alta. As células crescem em
metástases para os linfonodos traqueais,
grupamentos que não exibem nem organização
brônquicos e mediastinais podem ser encontradas
glandular nem diferenciação escamosa. o
na maioria dos casos. A frequência de
Necrose é comum e frequentemente extensa.
envolvimento nodal varia discretamente com o
- A coloração basofílica das paredes vasculares, padrão histológico, mas em média é maior do que
em virtude da incrustação de DNA das células 50%.
tumorais necróticas (efeito de Azzopardi),
- A disseminação a distância do carcinoma
frequentemente está presente.
pulmonar ocorre pelas vias linfáticas e
- Todos os carcinomas de pequenas células são hematogênica. Esses tumores muitas vezes se
de alto grau. disseminam precocemente por todo o corpo, com
exceção do carcinoma de células escamosas,
- O carcinoma de pequenas células combinado é
que metastatiza para fora do tórax tardiamente.
uma variante em que o carcinoma de pequenas
células típico é misturado com outros tipos ♥ A metástase pode ser a primeira
histológicos não pequenas células, como manifestação de uma lesão pulmonar
carcinoma neuroendócrino de grandes células e oculta subjacente. As adrenais estão
até tumores de células fusiformes que remetem a envolvidas em mais da metade dos casos.
sarcomas. O fígado (30% a 50%), o cérebro (20%) e os
ossos (20%) são, adicionamente, locais
- A ocorrência de grânulos neurossecretores, a
preferenciais de metástases
expressão de marcadores neuroendócrinos como
a cromogranina, sinaptofisina e CD57, e a MANIFESTAÇÕES CLINICAS
habilidade de alguns desses tumores de
- Os sintomas geralmente não ocorrem até que o
secretarem hormônios (p. ex., proteína
câncer esteja avançado, mas algumas pessoas
relacionada ao paratormônio, uma causa da
com câncer de pulmão em estágio inicial
hipercalcemia paraneoplásica) sugerem que esse
apresentam sintomas. Os mais comuns são:
tumor se origina de células progenitoras
neuroendócrinas, que estão presentes no ♥ Tosse persistente: envolvimento das vias
revestimento do epitélio brônquico. aéreas centrais.
♥ Hemoptise: hemorragia do tumor nas vias
- A imuno-histoquímica demonstra altos níveis da
aéreas.
proteína antiapoptótica BCL2 em 90% dos tumores.
♥ Dor torácica: extensão do tumor no
Carcinoma de grandes células (3%): mediastino, pleura ou parede torácica.
♥ Rouquidão devido a invasão do nervo
- Tumor epitelial maligno indiferenciado sem as
laríngeo recorrente.
características citológicas ou outras formas de
♥ Dispneia
câncer de pulmão.
♥ Perda de peso e de apetite
- As células tipicamente apresentam núcleos ♥ Derrame pleural em virtude da
grandes, nucléolos proeminentes e quantidade disseminação do tumor na pleura.
moderada de citoplasma. ♥ Pneumonia recorrente ou bronquite:
obstrução das vias aéreas pelo tumor.
- O carcinoma de grandes células é um ♥ Astenia.
diagnóstico de exclusão, já que não expressa os
marcadores associados com o adenocarcinoma - Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é
(TTF-1, napsina A) e o carcinoma de células alterado e aparecem crises em horários incomuns
escamosas (p63, p40).
- Os sintomas das metástases dependem do local,
- Uma variante histológica é o carcinoma por exemplo, dores nas costas em metástases
neuroendócrino de grandes células, que tem ósseas, dores de cabeça, hemiparesia, lesão do
características moleculares similares àquelas que nervo craniano e convulsões em metástases
caracterizam o carcinoma de pequenas células, cerebrais.
DIAGNÓSTICO doença avançada ou metastática como
quimioterapia paliativa.
- Não raramente, o tumor é descoberto pela sua
disseminação secundária, durante a investigação ♥ O esquema terapêutico padrão envolve a
de uma neoplasia suspeita primária ou associação de derivado da platina
metastática em outra localização. (cisplatina ou carboplatina) e o etoposido.
♥ Outros esquemas que produzem resultados
Raio-X do tórax
similares e toxicidade variável incluem:
- Complementado por tomografia ciclofosfamida, doxorrubicina e vincristina
computadorizada são os exames iniciais para (CAV); ciclofosfamida, doxorrubicina e
investigar uma suspeita de câncer de pulmão. etoposido; ciclofosfamida, etoposido e
vincristina; cisplatina e topotecano;
Broncoscopia cisplatina e irinotecano; ifosfamida,
cisplatina e etoposido; carboplatina e
- A broncoscopia (endoscopia respiratória) deve
paclitaxel; carboplatina e gemcitabina.
ser feita para avaliar a árvore traquebrônquica e,
eventualmente, permitir a biópsia (retirada de Carcinoma de não pequenas células – CPCPN
pedacinhos do tumor com uma agulha para (adenocarcinoma, escamosa e grandes células):
exame).
- Cirurgia: medida terapêutica com maior
Exame histopatológico ou citologico potencial curativo. Realizada por toracotomia ou
toracospia vídeo assistida. Na cirurgia, o médico
- O diagnóstico definitivo é firmado pelo exame
optará, dependendo da extensão real do tumor e
histopatológico ou citológico de espécime
da necessidade de se preservar a função
tumoral obtido por broncoscopia,
pulmonar, pela ressecção em cunha,
mediastinoscopia, biópsia pleural ou biópsia
segmentectomia, lobectomia ou mesmo
pleuropulmonar.
pneumectomia com ressecção das cadeias
- Uma vez obtida a confirmação da doença, é linfáticas regionais.
feito o estadiamento, que avalia o estágio de
- Radioterapia: irradiação cefálica profilática não
evolução, ou seja, verifica se a doença está
é indicada. A radioterapia externa tem indicação
restrita ao pulmão.
em qualquer estágio tumoral, com finalidade
♥ O estadiamento é feito por meio de vários curativa ou paliativa e em uso associado ou
exames, como biópsia pulmonar guiada combinado com a cirurgia ou a quimioterapia.
por tomografia, biópsia por broncoscopia,
♥ Sintomas de progressão locorregional ou
tomografia de tórax, ressonância nuclear,
de acometimento metastático ósseo ou
PET-CT (não pequenas células),
do sistema nervoso podem ser paliados
cintilografia óssea (queixa óssea ou câncer
com a teleterapia; a braquiterapia
de pequenas células), mediastinoscopia,
endoluminal pode ser empregada na
ecobroncoscopia, entre outros.
paliação de sintomas respiratórios, mas
TRATAMENTO não parece conferir vantagem adicional à
radioterapia externa
- Cirurgia: não é recomendado, já que tem
propensão precoce para originar metástases à - Quimioterapia: cisplatina + etodoposido. Em
distância. estágios avançados pode ser utilizada como
tratamento paliativo. Nos estágios II e IIIA é
- Radioterapia: a torácica é frequentemente empregado a quimioterapia adjuvante (pós-
indicada e está relacionada aumento da cirurgia).
sobrevida. A
Tratamento por estágio clínico (CPCPN)
♥ A irradiação craniana com finalidade
profilática (25 Gy em 10 frações de 250 - Estágio 0:
cGy) previne a recorrência da doença no
♥ Ressecção cirúrgica conservadora:
sistema nervoso central, sendo indicada
segmentectomia ou ressecção em cunha.
para doentes que obtiveram controle da
doença torácica - Estágio I:
- Quimioterapia: indicada em associação à ♥ Ressecção cirúrgica conservadora:
radioterapia para doentes com doença lobectomia, segmentectomia ou
localizada e isoladamente para doentes com ressecção em cunha;
♥ Radioterapia torácica radical, para identificadas podem levar a um diagnóstico
doentes com contraindicação médica precoce da lesão.
para cirurgia.
- O carcinoma de pequenas células é o subtipo
- Estágio II: mais frequentemente responsável .

♥ Ressecção cirúrgica: pneumectomia, Hipercalcemia


lobectomia ou ressecção segmentar
- É uma das síndromes mais comuns no câncer de
pulmonar;
pulmão
♥ Radioterapia torácica radical, para
doentes com contraindicação médica - Comumente associada ao carcinoma
para cirurgia; epidermóide.
♥ Quimioterapia adjuvante, após a cirurgia;
♥ Radioterapia torácica associada ou não à - Tem como causa a produção tumoral de PTH-rp
quimioterapia, seguida ou não por (peptídeo relacionado ao paratormônio),
ressecção cirúrgica (tumor do ápice substância que tem o mesmo efeito do PTH = induz
pulmonar – tumor de Pancoast - ou invasão atividade osteoclástica (+ cálcio no sg.) e inibe a
de parede torácica). excreção renal de cálcio.

- Estágio IIIA: - O quadro clínico laboratorial é parecido com o


hiperparatireoidismo primário (hipercalcemia,
♥ Ressecção cirúrgica (T3N1M0): hipofosfatemia, acidose metabólica
pneumectomia, lobectomia ou ressecção hiperclorêmica e aumento do AMP cíclico urinário,
segmentar pulmonar; porém, os níveis de PTH sérico encontram-se
♥ Radioterapia torácica radical associada à suprimidos.
quimioterapia, para doentes com invasão
linfática N2 ou contraindicação médica - Tratar com expansão volêmica porque o quadro
para cirurgia; é de desidratação, diuréticos de alça para
♥ Radioterapia torácica radical, para excreção do cálcio e infusão de calcitonina e
doentes com contra-indicação médica bisfosfonados (inibem atividade osteoclástica).
para quimiorradioterapia;
SIADH (síndrome da antidiurese inapropriada)
♥ Quimioterapia adjuvante, após cirurgia;
♥ Radioterapia torácica associada ou não à - Associada ao carcinoma de pequenas células.
quimioterapia, seguida ou não por
- Retenção renal de água, hiponatremia e
ressecção cirúrgica (tumor de Pancoast ou
comprometimento de consciência.
invasão de parede torácica).
Síndrome de Cushing
- Estágio IIIB, IV e doença recidivada:

♥ Radioterapia torácica associada ou não à - É ocasionada pela produção tumoral de ACTH


quimioterapia; ou CRH.
♥ Quimioterapia paliativa; - Costuma se relacionar ao carcinoma de
♥ Ressecção cirúrgica de metástase pequenas células.
cerebral isolada, seguida ou não por
radioterapia craniana; - O paciente costuma apresentar hipertensão
♥ Radioterapia externa, associada ou não à arterial, hiperglicemia e alcalose metabólica
radioterapia intersticial, para lesões hipocalêmica, sendo menos frequente o aspecto
endobrônquicas sintomáticas; cushingóide (fácies de lua cheia, giba, obesidade
♥ Radioterapia paliativa, com finalidade etc).
antiálgica ou hemostática
- Uma TC de tórax é mandatória, uma vez que o
SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS RELACIONADAS tumor de pulmão é a causa mais comum da
COM O CÂNCER PULMONAR síndrome.

- As síndromes paraneoplásicas são distúrbios - O prognóstico é péssimo.


sistêmicos provocadas pela existência de um
tumor.

- Se manifestam frequentemente meses ou anos


antes do câncer ser detectado clinicamente e
laboratorialmente , e se corretamente
- Fraqueza muscular, hiporreflexia.

Degeneração cerebelar subaguda

-Carcinoma de pequenas células


Osteoartropatia Pulmonar Hipertrófica (OPH)
-Vertigem, nistagmo, ataxia de evolução lenta
- Apresenta-se com baqueteamento digital por
(ocorre em consequência da degeneração das
aumento dos tecidos moles nas extremidades
células de Purkinje no córtex do cerebelo) ,
(periostite de ossos longos – tíbia, fíbula, rádio e
disartria.
ulna, metacarpos, metatarsos) e sinovite de
grandes articulações periféricas (punhos, REFERENCIAS
cotovelos, tornozelos, joelhos).
Revista Brasileira de Otorrinolaringologia
- Adenocarcinoma é o subtipo mais comum,
apesar do escamoso também estar presente. Anatomia orientada à clínica – Moore – 6edição

- Tratamento com ressecção completa do tumor. Site do INCA


Se for inoperável, usa-se AINEs ou bisfosfonatos.
Robbin e Cotran – bases da patologia

Protocolo Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em


Oncologia – MS

Rotinas em otorrino

Síndrome miastênica de Eaton-Lambert

- Carcinoma de pequenas células

- Produção de autoanticorpos contra os canais de


cálcio nos neurônios pré-sinápticos da placa
motora (inibe entrada de cálcio e a subsequente
liberação de Ach na fenda).

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