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Faculdades Integradas Aparício Carvalho - FIMCA

Cirurgia de Cabeça e Pescoço


Massas Cervicais Congênitas

Profa. Gabrielle Gadelha de Almeida


Cirurgiã de Cabeça e Pescoço – USP-RP

Setembro - 2019
Massas Cervicais Congênitas

Anomalias Congênitas são anormalidades


estruturais presentes ao nascimento, podendo
manifestar-se na idade adulta. Podendo ou não
ser patológica.

Doenças Congênitas são patologias presentes


ao nascimento ou que se desenvolvem dentro
do 1º mês de vida.
Massas Cervicais Congênitas
Epidemiologia
• Anomalias da cabeça e pescoço ocorrem em 4% dos
nascidos vivos;
Massas Cervicais Congênitas
Embriologia da Cabeça e Pescoço
• As estruturas da cabeça e pescoço são derivadas do aparelho
faríngeo ou branquial (3-10ª semana), formado por arcos,
bolsas e fendas (sulcos), compostos de tecido endodérmico,
ectodérmico e mesodérmico.
• Qualquer folheto de formação pode ser fonte de anomalia
Embriologia da Cabeça e Pescoço
• Ectoderma: origem ao
epitélio de revestimento;
pele, cabelos e dentes.
• Mesoderma: Vasos,
nervos, músculos, ossos e
cartilagens.
• Endoderma: Glândulas,
língua, laringe, faringe e
esôfago.
Embriologia da Cabeça e Pescoço
• Os arcos são responsáveis pela formação das estruturas neurais,
osteocartilaginosas, musculares e vasculares da face e pescoço.
• Seu desenvolvimento faz com que as fendas e bolsas sejam
ocluídas ou ocupadas por estruturas sólidas. Exceto a 1ª: CAE

Cavidade
Timpânica

Amígdalas

PTX inferiores

PTX superiores
e Tireóide
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Originados a partir da persistência de estruturas do
aparelho branquial que deveriam ter sido ocluídos
Cistos: Estruturas circundadas por epitélio sem abertura externa

Seio: Trato de fundo cego que se abre externamente para a pele


(1º e 2º) ou internamente para uma cavidade (3º e 4º)

Fístula: Trato que comunica uma cavidade interna à pele


Cistos, Fístula e Seios Branquiais
1º Arco 2º Arco
• Menos de 10% das anomalias • Até 95% das anomalias
• Classificação de Work branquiais
• Tipo I: Duplicação do CAE, • Tipo I: Anteriores ao m. ECM
com formação de cisto ou • Tipo II: Atrás do ECM, ant.
fístula posterior à concha ou post. à carótida
• Tipo II: Cisto ou fístula na • Tipo III: Junto à faringe,
concha, no CAE ou no entre as carótidas
pescoço • Tipo IV: Medial à bainha
carotídea, junto à amigdala

3º e 4º Arco: Ocorrência rara. Podendo estar da região tireoideana e


borda do ECM (orifício externo) ao Seio piriforme na faringe (orifício
interno)
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Quadro clínico
• Presença de abaulamento ou tumoração lisa, indolor* e
móvel, de consistência cística ou fibroelástica, na região
lateral do pescoço ou face, de surgimento rápido.
• As fístulas apresentam orifício externo na pele
(geralmente na borda anterior do ECM)
• Cistos normalmente não são vistos ao nascimento pois
não distendidos por líquido
• Geralmente surgem entre 10-20 anos após episódio
infeccioso da boca ou garganta
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Diagnóstico
• Anamnese + Ex. Físico (otológico e laringoscopia)
• USG, Tomografia, Ressonância, PAAF e Fistulografia
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Tratamento
• Expectante X Risco de infecção x Malignização
• Em vigência de infecção: tratar com ATB e AINE antes
de abordagem. Se necessário, drenar cirurgicamente
antes
• Cirúrgico (definitivo):
– Cuidados com estruturas nervosas e vasculares
relacionadas
– Ressecção completa do cisto e trajeto (interno e externo)
Cistos, Fístula e Seios Branquiais
Anomalias da Tireóide
• A tireóide é a primeira glândula a
se desenvolver no embrião a
partir da 3ª sem.
• Durante sua migração pelo ducto
tireoglosso – do forame cego na
base da língua à base do pescoço
- podem ocorrer falhas com
presença de glândulas ectópicas
Tireóide Ectópica
• 90% são linguais
• 75% são único tec. tireoideano  hipotireoidismo
• Se apresentam cerca dos 40 anos

• Outras localizações: submandibular, intratraqueal,


intratorácica, intracardial e pericardíaca
Tireóide Ectópica
Diagnóstico
• Cintilografia, USG, TC, RNM, PAAF, T4L e TSH

Tratamento
• Assintomáticos: expectante
• Oligosintomáticos: Reposição hormonal
• Sintomáticos: Reposição hormonal
e Cirurgia corretiva
* Iodoterapia ablativa
Cisto de Ducto Tireoglosso
- Após migração na 7ª sem. a
tireóide está formada, então o
ducto tireoglosso desaparece na
10ª sem.
- Persistência de uma porção do
ducto, dará origem a um cisto
de ducto tireoglosso e/ou fístula
Cisto de Ducto Tireoglosso
• Massa cervical benigna mais comum, excetuando-se
as adenopatias reacionais
• A grande maioria se apresenta antes dos 5 anos de
idade, mas pode surgir a qualquer momento

Quadro Clínico
Massa cervical cística na linha
média, que se eleva à protusão
da língua e móvel à deglutição
(Sinal de Sistrunk). Pode surgir
após quadro infeccioso.
Cisto de Ducto Tireoglosso
Teratomas Cervicais
• Tumores raros na CP, em 1 a cada 16000 indivíduos
• Lesões formadas por elementos das 3 camadas
germinativas, em qualquer estágio de diferenciação,
podendo existir malignidade com a imaturidade das células.
• Apresenta-se ao nascimento (até 1 mês) como uma massa
no pescoço, muitas vezes obstrutiva, causando dispnéia ou
disfagia importante.
• De conteúdo parcialmente cístico, visto ao USG pré-natal,
normalmente relacionado ao polidrâminio
• A obtenção de uma via aérea segura e o tratamento
cirúrgico é mandatório ao diagnóstico
Teratomas Cervicais
Cistos Dermóides
• “Teratoma cístico benigno”
• Derivados de epitélio retido na linha média
durante o fechamento dos arcos. Formam
cavidades preenchidas por anexos
epidérmicos maduros (gl. Sebáceas,
sudoríparas, pêlos, dentes).
• Podem ser encontrados na órbita,
nasofaringe e cavidade oral. Porém, são
mais frequentes como massa na linha média
do pescoço, em região submentoniana,
indolores e que se movem com a pele, mas
não com a protusão da língua.
• Tratamento: Excisão cirúrgica completa
Costela Cervical
Costela Cervical
Torcicolo Congênito
Definição
Posição viciosa da CP e aparecimento progressivo de assimetria facial e craniana
decorrentes de displasia fibrosa e encurtamento do músculo ECM. Costuma aparecer
até o 3º mês de vida

Etiologia
Posição anormal da cabeça fetal produzindo necrose por pressão do músculo
esternocleidomastóideo e fibrose ao cicatrizar

Epidemiologia
Predomínio à direita (75%); Apresentação pélvica em 20% dos casos; Mais comum no
primogênito e após uso de fórcipe; Distúrbios osteoarticulares em até 20%

Quadro Clínico
A orelha parece tracionada para baixo em direção à clavícula do lado ipsilateral e a face
olha para frente em direção ao outro lado, com limitação do movimento de rotação da
cabeça. Há tumor duro, fusiforme, de 2-3cm palpável no 1/3 médio ou inferior do ECM
Torcicolo Congênito
Torcicolo Congênito
Complicações – Deformidades CMF
• Plagiocefalia – Aplainamento da região frontal do
lado da fibrose e occipital contralateral e
arredondamento das regiões contralaterias.
Irreversível após 1 ano
• Hemi-Hipoplasia facial – Irreversível após 1 ano
• Escoliose compensatória
• Atrofia do Trapézio ipsilateral
Casos Clínicos
Caso 1: Menino de 9 anos, previamente hígido,
apresenta nódulo cervical que surgiu durante
episódio de IVAS. Mãe nega qualquer outra
doença.
EF: Massa móvel, amolecida/cística, de +/-
4x2cm, em nível II à direita, próximo a borda
anterior do m. ECM, sem sinais flogísticos.
Casos Clínicos
Hipóteses???
a) Cisto Branquial
b) Fístula Branquial
c) Metástase cervical
d) Adenomegalia reacional
e) Caxumba/Parotidite
f) Cisto de Ducto
Tireoglosso
Casos Clínicos
Caso 2: Adolescente, 15 anos, previamente hígido, apresenta
nódulo no pescoço, de crescimento lento, após IVAS
EF: Nódulo amolecido, indolor, na linha média do pescoço,
na altura do osso hióide e móvel à deglutição

Diagnóstico???

a) Cisto Branquial
b) Cisto Dermóide
c) Teratoma
d) Cisto Tireoglosso
e) Adenomegalia Reacional

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