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Objectivos

Gerais:

Sobre o conteúdo "Patologias dos Testículos e do Escroto" :

 Definir os termos hérnia inguinal, hidrocelo e varicocelo.1

Especificos:

 Descrever ou especicicar por cada condição acima mencionada a apresentação clínica, o


diagnóstico diferencial, as potenciais complicações, o tratamento e indicações para
referência.

Metodologias:

Para a elaboração deste presente trabalho foram utilizados vários métodos, técnicas com
destaque para consultas de referências bibliográficas, pesquisa na Internet, manuais
electrónicos e físicos.
Introdução

Neste presente trabalho da cadeira de Pediatria 3 abordaremos sobre patologias dos testículos
e do escroto especificamente sobre a hérnia inguinal, hidrocelo e varicocelo vamos definir os
termos de cada doença e descrever ou seja especificar por cada condição mencionada a
apresentação clínica, o diagnóstico diferencial, as potenciais complicações, o tratamento e
indicações para referência.

Entretanto, vale salientar primeiramente que a hérnia é uma protrusão de um órgão ou parte
dele através de um orifício natural ou adquirido. As hérnias são determinadas por um
enfraquecimento da parede da cavidade abdominal, causadas por qualquer razão. Isto
determina a formação de um orifício na parte muscular e aponeurótica da parede, e as
estruturas que estão dentro do abdómen tendem a deslizar para o orifício, criando uma
protrusão visível no paciente.

O orifício é chamado de anel. O seu tamanho é muito importante: caso o anel seja pequeno,
corre-se o risco da alça intestinal entrar e não conseguir sair, impedindo a circulação desta alça
intestinal (estrangulamento).

Hérnias estranguladas constituem uma emergência médica: ao sofrer um estrangulamento a


alça intestinal não recebe sangue e oxigénio, levando a isquemia e necroso a parte afectada se
rompe e ocorre a perfuração do intestino e peritonite.
PATOLOGIAS DOS TESTÍCULOS E DO ESCROTO: HÉRNIA INGUINAL, HIDROCELO, VARICOCELO

2.2 Hérnia inguinal.

2.2.1 Definição

Sob uma hérnia inguinal refere-se à passagem das vísceras abdominais através do canal inguinal
acima do ligamento inguinal. As hérnias inguinais são hérnias que ocorrem na região da virilha
e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais.

2.2.2 Classificação

As hérnias inguinais se distinguem em:

 Indirecta: 99% dos casos, mais comum nos meninos;


 Directa ou adquirida: extremamente rara;
 Femoral: <0,5% dos casos, mais comum nas meninas e durante a adolescência Cerca de
99% dos casos pediátricos as hérnias são indirectas.

2.2.3 Epidemiologia

As hérnias são 8-10 vezes mais frequentes nos meninos que nas meninas e mais de 50% das
hérnias se manifestam dentro do primeiro ano de vida. A incidência é de 3-5% e sobe a 11% nos
prematuros (até 30% nos prematuro com peso <1,000g). Na maioria dos casos ocorrem do lado
direito e em cerca de 10% dos casos são bilaterais.3

Factores de risco

Os factores de risco para o desenvolvimento da hérnia inguinal são:

 Prematuridade;
 Anomalia congénita do aparelho genital;
 Criptorquidismo;
 Ascite;
 Peritonite de mecónio no recém-nascido;
 Patologia congénitos do tecido conjuntivo.

2.2.4 Patogenia
A hérnia indirecta deve se à incompleta formação do canal inguinal, o que resulta na
manutenção da comunicação entre a cavidade abdominal e a região inguinal-femoral. O canal
inguinal é o sítio onde ocorre a descida dos testículos nos meninos que, como já vimos, se
desenvolve inicialmente na cavidade abdominal para depois descer ao nível do escroto. No fim
da migração o canal deve encerrar. Este encerramento ocorre no início do terceiro trimestre da
gravidez nas meninas e no final da gravidez ou logo após o nascimento nos meninos.

4O canal inguinal pode se fechar também durante os primeiros meses de vida, estima-se que
cerca de 20% dos meninos têm um canal ainda aberto, em parte, ao segundo ano de vida. A
presença de um canal aberto permite o desenvolvimento da hérnia mas somente uma parte
das crianças a desenvolve, na maioria dos casos o canal se fecha sem dar problema nenhum.

O não encerramento do canal permite que os fluidos e os órgãos contidos na cavidade


abdominal desçam. Nas meninas a parte final do canal chega até aos lábios maiores e a hérnia
pode conter um ovário.

Se for o líquido a passar no escroto dá-se a formação do hidrocelo.

2.2.5 Quadro clínico

As crianças apresentam uma tumefacção na região inguinal que se pode estender até ao
escroto ou aos lábios maiores. Pode ser que a massa não seja visível durante a consulta 4e que
os pais relatem que a viram enquanto a criança estava chorando ou fazendo esforço abdominal
(durante a evacuação ou ao tossir). Na avaliação de criança mais velhas pode-se pedir para
fazer a manobra de Valsalva (pressione-a no espaço da barriga ou tossir) que aumentado a
pressão intra-abdominal aumentando a visibilidade da hérnia. Durante a avaliação duma
criança com hérnia é importante palpar e identificar o testículo para não confundir a hérnia
com o testículo móvel de maneira suave e delicada durante a examinação pode se reduzir a
hérnia e perceber o anel inguinal externo. No início a massa se reduz espontaneamente, depois
pode-se tornar maior e constante.4

2.2.6 Exames auxiliares e Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se no quadro clinico. A execução da transiluminação (iluminação do


escroto com uma lâmpada posta perto da pele) permite distinguir se o conteúdo é líquido ou
sólido (fazendo deste modo diagnóstico diferencial com hidrocelo que o seu conteúdo é
líquido).

2.2.7 Diagnóstico diferencial

Todas as condições que determinam tumefacções na região escrotal em crianças e


adolescentes:
 Torsão testicular: dor agudo e intenso, mais comum em meninos > 10 ano.
 Torsão da hidátide de Morgagni: dor moderado, mais comum em meninos < 10 anos.
 Hidrocelo: não doloroso, presente em recém-nascidos.
 Varicocelo: não doloroso, mais comum em meninos > 10 anos.
 Epididimite ou Orquite: muitas vezes associada a infecções das vias urinárias ou
caxumba.
 Trauma: história do trauma.
 Tumor testicular: tumefacção palpável ao nível do testículo, sem dor, mais frequente
em adolescente.

2.2.8 Complicações

A complicação da hérnia é a sua encarceração: o conteúdo (intestino, ovário, omento) é


bloqueado dentro da hérnia que não é mais reduzível. O órgão a porção estrangulada fica com
comprometimento da irrigação sanguínea o que vai provocar a necrose, e se o conteúdo for o
ovário por exemplo, pode determinar a necrose sucessiva e infertilidade.

Crianças com hérnia encarcerada apresentam uma massa palpável ao nível da região inguinal,
dor aguda e intensa, vómito, cólicas abdominais. 5

Nos meninos deve-se diferenciar a hérnia encarcerada com a torsão dos testículos. As hérnias
encarceradas ocorrem em cerca de 70% dos casos nas crianças menores de 2 anos enquanto a
torsão do testículo é mais comum em adolescentes.

2.2.9 Conduta

 Hérnia não complicada: o tratamento é cirúrgico mas sem urgência.


 Hérnias encarcerada: tratamento cirúrgico urgente. Enquanto se transfere a criança:
o Mantê-la em jejum;
o Inicie hidratação intravenosa;
o Coloque sonda nasogástrica;
o Inicie antibiótico: ampicilina (50 mg/kg, EV de 6-6 horas) +Gentamicina (5 mg/kg, EV,
de 12 em 12 horas) + Metronidazol (7,5 mg/kg,EV, de 8/8 horas).

2.2.10 Critérios de referência/transferência

Crianças com hérnia devem ser avaliadas pelo médico, e a presença de hérnia encarcerada (ou
simples suspeita) é indicação para a referência urgente ao cirurgião ou técnico de cirurgia.

2.3 Varicocelo
2.3.1 Definição

Trata-se de uma condição congénita caracterizada por dilatação abnormal do plexo


pampiniforme no escroto devido à insuficiência das válvulas da veia espermática.

2.3.2 Epidemiologia

Estima-se que acerca de 5-15% dos adolescentes desenvolvam o varicocelo sendo raro nas
crianças com menos de 10 anos.

2.3.3 Quadro Clinico

Embora se trate duma anomalia congénita manifesta-se clinicamente na maioria dos casos em
adolescentes ou jovens adultos devido ao aumento do fluxo sanguíneo que ocorre na
puberdade. Geralmente o varicocelo não causa dor mas nos casos com tumefacção importante
pode determinar uma sensação de desconforto ou até dor leve, crónica. A única manifestação
pode ser o inchaço do hemi-escroto esquerdo ou bilateral no 2% dos casos com presença de
um cordão visível (vide figura 3), mais evidente quando a criança fica de pé e que aumenta com
a manobra de Valsalva. Pode se palpar as veias espermáticas tumefeitas. O testículo esquerdo
pode ser de tamanho reduzido. Distinguem-se 3 graus de varicocelo:

 1º grau: varicocelo palpável na criança de pé somente durante a manobra de Valsalva;


 2º grau: varicocelo sempre palpável na criança de pé mas não visível à inspecção;
 3º grau: varicocelo sempre palpável na criança de pé e visível.

2.3.4 Complicações

O varicocelo pode determinar em 15% dos casos a redução da fertilidade devido a alteração da
temperatura (temperatura elevada) e do fluxo sanguíneo do testículo.

2.3.5 Exames auxiliares e diagnóstico

O diagnóstico baseia-se essencialmente no quadro clinico

2.3.6 Diagnóstico diferencial

É o mesmo da hérnia inguinal: todas as condições que determinam tumefações na região


escrotal em crianças e adolescentes. É preciso sublinhar que presença de um varicocelo do lado
direito pode ser devida a tumor abdominal.

2.3.7 Conduta
O tratamento é cirúrgico. Porém o tratamento não é sempre indicado. O tratamento cirúrgico é
indicado quando a criança tiver o grau 3, o testículo ser menor em relação ao outro ou o
varicelo determinar dor ou desconforto importante.

2.3.8 Critérios de referência/transferência

Deve-se referir para o médico todos os casos com indicação ao tratamento cirúrgico.

2.4 Hidrocelo

2.4.1 Definição

Define-se hidrocelo o acúmulo em excesso de líquido na túnica vaginal (uma membrana dupla,
extensão do peritoneu, onde normalmente há uma fina película de líquido). O hidrocelo pode
ser não comunicante ou comunicante. É definido comunicante quando a comunicação entre a
túnica vaginal e a cavidade abdominal é mantida. Neste ultimo caso é possível também o
desenvolvimento duma hérnia inguinal.

2.4.2 Epidemiologia

A forma congénita é a mais frequente e envolve cerca de 1-2% dos Recém-nascidos.

Etiologia

 Congénito;
 Adquirido: pode ser secundário a infecções (epididimite), trauma (hidrocelo não
comunicante) hérnia inguinal (hidrocelo comunicante). 7

2.4.3 Patogenia e fisiopatologia

No feto os testículos são formados no interior da cavidade abdominal. Entre a 32ª e a 36ª
semana de gravidez os testículos descendem em direcção a bolsa escrotal passando através o
canal inguinal. O canal deve encerrar naturalmente. Caso isso não aconteça, os líquidos da
cavidade abdominal migram para o interior do saco escrotal através da abertura existente,
acumulando-se resultando em hidrocele nos bebés.

Em indivíduos saudáveis, um pequeno volume de líquido envolve os testículos e tem como


função lubrificar esse órgão. Entretanto, quando ocorre algum desequilíbrio entre a produção e
a absorção desse líquido, surge a hidrocelo.

2.4.4 Quadro Clinico


O sintoma mais comum é o aumento do volume do escroto, que fica inchado, tenso e
tumefeito.

O hidrocelo usualmente não determina dor, mas, como no caso do varicocelo, pode dar
desconforto ou até dor leve dependendo do volume. Ao exame físico percebe-se que o escroto
está inchado mas sem sinais de inflamação e sem massa palpáveis. A transiluminação permite
evidenciar a presença do líquido dentro do escroto). Em caso de associação hérnia
inguinal/hidrocelo a massa cheia de líquido reduz-se completamente à compressão.8

2.4.5 Exames auxiliares e diagnóstico

O diagnóstico baseia-se no quadro clínico. Também pode ser realizada uma ultra-sonografia,
permitindo a visualização detalhada dos testículos e das estruturas existentes dentro da bolsa
escrotal.8

2.4.6 Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial é o mesmo da hérnia inguinal: todas as condições que determinam


tumefações na região escrotal em crianças e adolescentes, lembrando que o hidrocelo é mais
comum nos recém-nascidos. Particularmente nos adolescentes (quando o hidrocelo é mais
raro) este pode ser devido a presença dum tumor testicular, a palpação dos testículos permite
excluir a presença duma massa.

2.4.7 Conduta

O hidrocelo congénito na maioria dos casos resolve se espontaneamente dentro do primeiro


ano de vida. Os que permanecem no segundo ano de vida são na maioria dos casos
comunicantes e por isso pode ser indicada a correcção cirúrgica para evitar o desenvolvimento
da hérnia.

2.4.8 Critérios de referência/transferência

Todos os casos de hidrocelo que permanecem no segundo ano de vida devem ser avaliados
pelo médico.
Conclusão

Ao longo deste presente trabalho concluimos conteúdos relacionados com as patologias dos
desticulos e do escroto nomeadamente da hérnia inguinal, hidrocelo e varicocelo e ao longo do
desenvolvimento do trabalho definimos que a hérnia é uma protrusão de um órgão ou parte
dele através de um orifício natural ou adquirido.As hérnias são determinadas por um
enfraquecimento da parede da cavidade abdominal, causadas por qualquer razão.

Entretanto a hérnia inguinal refere-se à passagem das vísceras abdominais através do canal
inguinal acima do ligamento inguinal. As hérnias inguinais são hérnias que ocorrem na região
da virilha e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais. As hérnias são 8-10 vezes
mais frequentes nos meninos que nas meninas e mais de 50% das hérnias se manifestam
dentro do primeiro ano de vida. A incidência é de 3-5% e sobe a 11% nos prematuros (até 30%
nos prematuro com peso <1,000g). Na maioria dos casos ocorrem do lado direito e em cerca de
10% dos casos são bilaterais.
Enquanto que a varicocelo trata-se de uma condição congénita caracterizada por dilatação
abnormal do plexo pampiniforme no escroto devido à insuficiência das válvulas da veia
espermática. Estima-se que acerca de 5-15% dos adolescentes desenvolvam o varicocelo sendo
raro nas crianças com menos de 10 anos. O tratamento é cirúrgico. Porém o tratamento não é
sempre indicado. O tratamento cirúrgico é indicado quando a criança tiver o grau 3, o testículo
ser menor em relação ao outro ou o varicelo determinar dor ou desconforto importante.

Concluímos que hidrocelo é o acúmulo em excesso de líquido na túnica vaginal (uma


membrana dupla, extensão do peritoneu, onde normalmente há uma fina película de líquido).O
hidrocelo pode ser não comunicante ou comunicante.

O sintoma mais comum da hidrocelo é o aumento do volume do escroto, que fica inchado,
tenso e tumefeito. O hidrocelo usualmente não determina dor, mas, como no caso do
varicocelo, pode dar desconforto ou até dor leve dependendo do volume. Ao exame físico
percebe-se que o escroto está inchado mas sem sinais de inflamação e sem massa palpáveis. A
transiluminação permite evidenciar a presença do líquido dentro do escroto. O hidrocelo
congénito na maioria dos casos resolve se espontaneamente dentro do primeiro ano de vida.
Os que permanecem no segundo ano de vida são na maioria dos casos comunicantes e por isso
pode ser indicada a correcção cirúrgica para evitar o desenvolvimento da hérnia.

Todos os casos de hidrocelo que permanecem no segundo ano de vida devem ser avaliados
pelo médico.

Bibliografias

 Hay, WW Hayward, AR Levin, MJ Sondheimer, JM. Diagnóstico e Tratamento Pediátrica


atual. 16 edição. 2003. Lange-McGraw Hill.
 Guyton e Hall. Tratado de fisiologia Medica. 11ᵃ Edição. Elsevier Editora. 2006.
 Moore D. Anatomia orientada para a clínica. 5ª Edição. Brasil: Guanabara Koogan. 2007.
 Kliegman, RM, et al. Livro Didático de Pediatria de Nelson.19a Edição. 2011.10

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