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Hérnias na criança
Inguinal
Definição: protrusão de uma víscera (ou parte dela) da cavidade abdominal para a região inguinal, através do
canal inguinal, por meio de um defeito congênito (persistência do conduto peritoneovaginal) ou, muito
raramente, por defeito da parede posterior.
Fatores de risco:
Obesidade
Levantamento de peso
Tonicidade diminuída da musculatura da região inguinal: prematuridade, desnutrição, doenças da parede
abdominal (ex.: síndrome de Prune Belly); doenças musculares e do tecido conjuntivo;
Aumento da pressão abdominal: ascite, massas abdominais;
Diâmetro aumentado da porção proximal do conduto peritoneovaginal;
Anomalias do sistema geniturinário;
História familiar positiva para hérnia inguinal.
Epidemiologia:
+ Meninos do que em meninas (8:1);
+ comum: inguinal indireta à direita ( o testículo direito migra depois).
Hérnia direta (por defeito na parede posterior do canal inguinal) tem prevalência de 0,5%;
Patogênese:
INDIRETA: defeito congênito conduto peritôneovaginal patente saco herniario não fechou sozinho e o
peritônio passa pelo canal. Dentro do canal ingnal interno.
DIRETA: adquirido fraqueza da parede posterior. Sai de dentro do trígono de Hesselbach.
TRIÂNGULO DE HESSELBACH:
1. Ligamento inguinal (Poupart)
2. Borda lateral do m.retoabdominal
3. Vasos epigástricos inferiores
Nervos: ilio-hipogastrio/ ilioinguinal/genitofemoral: se lesados pode ter parestesias, dor drônica pós
cirúrgica.
Quadro clínico:
História de aumento de volume na região inguinal ou inguinoescrotal que surge em circunstâncias de
aumento da pressão abdominal (ex.: esforços, choro, evacuação, tosse);
Costumam ser assintomáticas, podendo causar graus variáveis de desconforto/dor mal definida nos casos de
encarceramento;
Hérnia inguinal estrangulada: dor em região inguinal, inguinoescrotal ou abdominal inferior associada a
choro, irritabilidade, recusa alimentar, constipação e vômitos diante de abaulamento doloroso, endurecido e
com edema e hiperemia da pele suprajacente em região inguinal ou inguinoescrotal.
Diagnóstico:
CLÍNICO: abaulamento da inguinal aos esforços.
Manobra de Valsalva:
Cordão espermático – anel ingnal interno
Ponta do dedo – hérnia indireta
Polpa digital – hérnia direta
Manobra de Landivar: ocluir o anel interno + Valsalva
Abaulamento: Direta
Nada: Indireta
USG de região inguinal
TC de abdome
Classificação: NYHUS
Tipo 1: indireta com anel inguinal normal
Tipo 2: indireta com anel inguinal dilatado
Tipo 3: defeito na parede posterior (A: direta; B: indireta; C: femoral)
Tipo 4: recidivada(A: direta; B: indireta; C: femoral; D: mista)
Tipos:
Hérnia inguinal redutível: O conteúdo do saco herniário pode ser reintroduzido na cavidade abdominal com
facilidade;
Hérnia inguinal encarcerada: Não é possível reintroduzir o conteúdo do saco para a cavidade abdominal ou
somente por meio de manobras específicas;
Hérnia inguinal estrangulada: Hérnia inguinal encarcerada com comprometimento da irrigação sanguínea das
vísceras presentes no saco herniário, podendo levar à necrose destas;
Hérnia de Amyand: apendicite estrangula
Hérnia de Littre: divertículo de Meckel encarcerado
Umbilical
Definição: Protusão do conteúdo abdominal/pré-peritoneal através da cicatriz umbilical devido à um devido
congênito de não fechamento do anel umbilical.
O fechamento espontâneo pode ocorrer até 2-3 anos, podendo ser observado até os 5 anos.
Quadro clínico:
Muitas vezes assintomáticas;
Quando pequenas, podem causar dor, mas as maiores geralmente não são dolorosas;
Dor leve pode aparecer à manobra de Valsalva;
Dor de início repentino que, associada à náuseas, vômitos e sinais inflamatórios locais, pode sinalizar
estrangulamento;
Diagnóstico: Exame físico: Palpação de uma massa no umbigo, podendo ser assimétrica, ligeiramente acima
ou abaixo, para um lado ou outro da cicatriz umbilical, redutível ou não;
Tratamento:
O tratamento é expectante até os 3-4 anos de idade, quando costuma ocorrer o fechamento espontâneo;
Se >1,5 cm: herniorrafia:
Delimitação do saco herniário, redução de seu conteúdo e fechamento do defeito herniário;
Se o defeito for grande, com dificuldade de aproximação das bordas sem tensão, uma tela deve ser
colocada abaixo da fáscia;
Defeitos com > 3 cm sempre devem ser fechados com tela.
Epigástrica
Definição: formada na linha alba: entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide
Enfraquecimento congênito da linha alba/ defeito da aponeurose aumento da pressão intra-abdominal
saída da gordura pré peritoneal.
Quadro clínico:
Geralmente assintomática;
Dor mais associada à manobras de aumento de pressão abdominal ou até alimentação;
Alívio da dor em posição supina;
Difícil diagnóstico, principalmente em obesos;
Realizar manobra de Valsalva com palpação simultânea do local da dor;
Cirurgia: paciente sintomáticos: corte transverso, rafia da aponeurose + tela.
Fimose e Parafimose
Fimose:
Fimose: excesso de pele que recobre o pênis dificultando que a exposição da glande.
O prepúcio é uma dobra de pele que recobre a glande, tendo como função a proteção desta estrutura e
também do meato uretral. Quando não é possível sua retração manual, com exposição completa da glande,
temos o diagnóstico de fimose.
Etiologia:
Fisiológica/ Congênita: comum desde o nascimento, tende a desaparecer após os 5 anos. Há dificuldade de
exposição da glande em decorrência de aderências fisiológicas entre o prepúcio e a glande
Secundária/Adquirida: resultante de infecções e traumatismos (massagem, balonite de repetição.) - anel
fibrótico que não permite a exposição do prepúcio. Esmega se acumala entre a glande e o prepúcio interno.
Classificação:
Tratamento:
Orientar os pais que evitem trações prepuciais rotineiras e mantenham sempre uma boa higiene local.
Aderência: cicatriz – pomada de corticoide.
Postec – betametasona 0,1% ( pós cirúrgico ou aderência)
Cirúrgico - Postectomia:
Fimose cerrada
ITU de repetição.
Hidronefrose
Balonite de repetição
Fimose feminina:
A maioria resolve com pomada
Deve ser feita separação dos pequenos lábios
Parafimose:
Complicações naturais da fimose: ocorre mais frequentemente quando o prepúcio é retraído até a base
glandar (geralmente durante a higienização) e não é possível sua redução, ocasionando estrangulamento e
edema. Pode ocorrer comprometimento arterial da glande com evolução inclusive para a necrose.
Quadro clínico:
Má perfusão arterial – glande com consistência firma – coloração azul ou preta.
Edema, dor e perda de fluxo da extremidade do pênis.
Tratamento:
Redução manual imediata – recolocação do prepúcio em volta da glande.
Na incapacidade de redução, existe necessidade de intervenção cirúrgica, com pequena incisão do
anelparafimótico (que costuma obter sucesso) e mais raramente postectomia de emergência.
Escroto agudo
Definição: dor súbita + aumento do volume da bolsa escrotal (unilateral) + edema + rubor. Pode estar
associado a febre, náuseas, vômitos.
Fatores de risco: atividade sexual, esforço físico, trauma.
Etiologia: torção testicular, torção de apêndice, epididimite.
Quadro clínico:
Dor de início súbito, de grande intensidade, referida ao longo do corão espermático
ou no baixo abdome.
Em recém-nascidos, o quadro consiste em aumento de volume do testículo, com bom estado geral.
Pode estar acompanhada de náuseas e vômitos, sem relação com traumas e exercícios físico.
A torção pode ser de 90 a 180 °, acreditando-se que, quanto maior o número de torção, pior o prognóstico
O tempo de isquemia e comprometimento testicular é de 80% de viabilidade nas primeiras 5 horas e 20% de
viabilidade após 10 horas.
Diagnóstico:
Epidídimo pode mostrar-se anteriorizado, porém, caso esteja em sua posição normal, não afasta a hipótese
de torção, pois pode estar torcido 360 °.
Elevação do testículo na bolsa (redux testis), em cerca de 1 terço dos pacientes.
Edema, eritema, dor à palpação e endurecimento são achados comuns.
Para diferenciar torção de cordão de orquiepididimite, 2 sinais:
Sinal de Angell (paciente em pé e testículo contralateral horizontalizado)
Sinal de Prehn (piora ou manutenção da dor com a elevação do testículo na torção testicular e melhora
da dor na orquiepididimite – sinal positivo).
USG doppler: avalia a anatomia do cordão e ausência de fluxo sanguíneo.
Apêndices remanescentes que estão sujeitos à torção. Estruturas que ficam acima do testículo.
Quadro clínico: dor, de leve a forte intensidade, de instalação súbita, comumente no polo superior do
testículo, acompanhada ou não de edema e hiperemia da bolsa.
Diagnóstico: USG Doppler (apêndices torcidos sem fluxo e testículo com fluxo)
Tratamento: conservador, com analgésicos e antiinflamatórios. Avaliar necessidade de ATB e cirurgia.
ORQUIEPIDIDIMITE AGUDA:
Anomalias Congênitas
Hipospádia
Definição: deformação congênita exclusiva de meninos .
Mal formação da uretra meato externo se posiciona em qualquer ponte da face uretral.
Fisiopatologia:
Desenvolvimento embrionário incompleto da uretra por etiologia multifatorial Produção inadequada da di-
hidrotestosterona Mal formação da uretra posterior Pênis fica mais encurvado.
Quadro clinico:
O meato uretral pode estar localizado em quase todo o corpo anterior do pênis, incluindo a base próxima ao
escroto. Dessa forma, a urina sairá por locais incomuns e, na maioria das vezes, não ocorrerá o jato urinário
saindo da extremidade da glande, o que pode ser a única queixa se o problema não for detectado
anteriormente.
Pode ser: distal, penina, proximal.
Tratamento:
Correção cirúrgico normalmente é realizado entre 6 meses- 1 ano (opera >2 anos).
Retificação do pênis posicionamento correto do meato uretral (uretroplastia)
Complicações:
Estenose
Fístula
Quadro clínico: pais referem que bolsa escrotal parece estar vazia ou que eles só visualizam um dos testículos.
Diagnóstico:
Realizado entre 6 meses – 2 anos.
Palpação: se não palpável – laparoscopia
Tratamento:
Testículo palpável: Orquidopexia – fixação do testículo em bolsa escrotal.
Testículo não palpável: USG se intrabdominal – videolaparoscopia.